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COMPORTAMENTO SEDENTÁRIO E SEDENTARISMO:

PERCEPÇÃO DE ALUNOS CONCLUINTES DO CURSO DE


EDUCAÇÃO FÍSICA DE UMA FACULDADE PARTICULAR DA
CIDADE DE MACEIÓ-AL

Matheus Correia da Silva-ESTÁCIO-FAL1


Adriane de Deus -ESTÁCIO-FAL2

Grupo de Trabalho: Educação e Saúde


Agência Financiadora: não contou com financiamento

Resumo

O presente estudo teve por objetivo identificar qual a visão de alunos do último período dos
cursos de Educação Física licenciatura e bacharelado sobre sedentarismo e comportamento
sedentário. A pesquisa qualitativa, de cunho exploratório-descritivo foi o referencial
metodológico do estudo. Para a coleta dos dados foram utilizadas entrevistas semiestruturadas,
dirigidas a nove alunos de uma instituição de ensino superior privada da cidade de Maceió, com
as seguintes questões de partida: O que é comportamento sedentário para você? O que você
compreende por sedentarismo? A análise de conteúdo na perspectiva de Guerra (2006) orientou
a análise dos dados, que foram organizados a partir das palavras centrais das perguntas:
comportamento sedentário, sedentarismo e trabalho com os temas na escola, esta última, que
surgiu durante as entrevistas a partir de uma questão voltada aos alunos de licenciatura. Na fala
dos alunos foi notória certa confusão quanto aos conceitos de comportamento sedentário e
sedentarismo e notou-se uma mistura no entendimento de ambos, em alguns casos, esclarecidos
com exemplos de situações que ocorrem no cotidiano. Exemplificar é uma forma de concretizar
as aprendizagens. Exercício físico e atividade física também foram conceitos que apareceram
nas falas e são termos usados, muitas vezes, como sinônimos. Os alunos que apresentaram
possíveis propostas de trabalho com os temas na escola mostraram segurança quando
apontaram tais ideias para serem trabalhadas nas aulas de Educação Física. Portanto, entende-
se que o profissional de Educação Física é o responsável pela disseminação de informações e
atitudes de cunho preventivo no universo em que atua, seja na escola ou na academia.

Palavras-chave: Comportamento sedentário. Sedentarismo. Saúde

1
Discente do curso de bacharelado em Educação Física da Faculdade Estácio de Alagoas. E-mail:
matheus152009@hotmail.com
2
Mestre em Educação pela UFAL. Professora de Educação Física. Professora da Faculdade Estácio de Alagoas
dos cursos de Educação Física e Pedagogia. E -mail: drikadeus@hotmail.com

ISSN 2176-1396
8772

Introdução

As questões ligadas à saúde e comportamentos positivos com relação aos cuidados com
o corpo estão sendo disseminadas por meio de diferentes meios na sociedade. Diante desse fato,
o papel do professor de Educação Física, seja na escola ou na academia, é de orientar os valores
que estão por trás das diferentes práticas as quais as pessoas se submetem e “filtrar” aquelas
informações que não oferecem segurança à busca pelos cuidados a saúde e ao corpo pelo
indivíduo. Além de instruir as práticas, o profissional também incentiva, ajuda na prevenção de
comportamentos que podem ser prejudiciais a saúde.
Durante a graduação tem-se contato com diferentes disciplinas, teórico e práticas, bem
como com conceitos que ajudarão aos futuros profissionais a atuarem no mercado de trabalho.
Ressaltando que a formação continuada faz-se necessária, tendo em vista que a possibilidade
de novos aprendizados constitui a identidade do ser professor. O docente precisa se ajustar às
novas exigências da sociedade, do conhecimento, dos meios de comunicação e informação, dos
alunos e dos diversos universos culturais. Uma vez que as mudanças ocorridas no mundo do
trabalho e na educação forçam mudanças na sua formação. No decorrer de sua ação o professor
de Educação Física, seja licenciado ou bacharel, precisa estar atento às mudanças acerca dos
discursos sobre educação, corpo, saúde, que vão surgindo no contexto social, com o intuito de
não só dinamizar suas aulas, como também de manter-se informado acerca das discussões em
torno de sua prática.
Diante desse cenário, o presente estudo tem por objetivo identificar qual a visão de
alunos do último período do curso de Educação Física de licenciatura e bacharelado sobre
sedentarismo e comportamento sedentário.
A ideia para realizá-lo, surgiu a partir de diferentes definições dadas por alunos,
professores nas aulas e de estudos relacionados ao sedentarismo e comportamento sedentário.
A partir de então, surgiu o interesse em saber se alunos concluintes do curso de educação física
tinham uma definição baseada cientificamente ou aprovada por organizações da saúde. Ou
mesmo, se tinham seu próprio entendimento do que seriam tais conceitos. Além disso, outros
questionamentos surgiram: será que o profissional de educação física, sendo um profissional da
saúde, sabe o que realmente significa sedentarismo ou comportamento sedentário? Como
orientar sem saber? Como orientar sem praticar? Será que é importante saber? De que forma as
pessoas poderiam deixar de ser sedentárias sem uma orientação devidamente correta vinda de
um profissional da saúde? E na escola, como abordar o tema?
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É válido ressaltar que a tendência ao sedentarismo vem aumentando no mundo e já é


responsável pelo quarto maior fator de risco de mortalidade, segundo a Organização Mundial
da Saúde (OMS, 2010).
A partir dessas discussões, a questão de partida designada para a pesquisa foi: qual a
visão de alunos do último período dos cursos de Educação Física de licenciatura e bacharelado
sobre sedentarismo e comportamento sedentário?

Compreendendo os conceitos de comportamento sedentário e sedentarismo

Nas diversas culturas e sociedades existentes, a noção de corpo atravessa diversos


conceitos e pontos de vista. Desse modo, o corpo pode ser visto e tido apenas como um
acessório, passível e sujeito às mudanças em sua existência terrena, assim como elemento que
precisa ser conservado e tratado para se manter bem na trajetória de vida. Além de ser pelos
sentidos que se passa a experiência de ser corpo, este serve para marcar a presença, a
individualidade. Somos representados por ele.
Ao se discorrer sobre corpo pensa-se naquilo que o indivíduo é, a sua marca, o que
constitui sua presença no meio social. Nos diferentes discursos, o corpo pode ser tido como
aquilo que é modelado, um instrumento, que será mostrado ao outro, o que aparece e marca a
presença no ambiente. Nesse âmbito, ele é concebido a partir da ideia de objeto de uma
construção sociocultural (LE BRETON, 2007), pautada em valores apontados pelo externo, por
aquilo que é fundado pelos sujeitos que constroem esses referenciais. Há diferentes visões para
o corpo: o corpo da criança, do adolescente, do adulto, do trabalhador, da dona de casa, o corpo
do professor, dentre outros. E essas variadas formas e representações assumidas pelo corpo
ajudam a distinguir a construção sociocultural que lhe é atribuída. E nesse corpo imprimem-se
os cuidados com a saúde.
Segundo a OMS (2010) para que o indivíduo seja considerado suficientemente ativo e
submeter-se aos benefícios à saúde e qualidade de vida é recomendado que realize 150 minutos
por semana de atividades aeróbia com intensidades de moderada a vigorosa como: andar,
pedalar, nadar e correr. Assim desconsiderando os hábitos sedentários que estejam relacionados
a diversos fatores de risco.
O sedentarismo não está associado, apenas, ao indivíduo que não pratica atividade física
regular. Pode ser entendido como um comportamento diário caracterizado pela quantidade de
tempo destinado a um conjunto de atividades que não aumentam significativamente o gasto
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energético em relação aos níveis de repouso ou atividades com baixo dispêndio energético
(OWEN et al., 2010; PATE et al., 2008).
Por outro lado, o comportamento sedentário pode ser definido como atividades que não
aumentam consideravelmente o gasto energético e que se caracterizam por hábitos como assistir
televisão, utilização de computador (notebook, tablet, smartphone, etc.), ou o tempo que se
passa sentado no trabalho ou durante o deslocamento em carro ou ônibus’. (RAVAGNANI et
al., 2013; MIELKE, 2012) citado por Torres (2015).
Segundo Ravagnani et al (2013), MET é uma medida de intensidade de esforço
representando um gasto energético. Tal medida aponta que houve um gasto de energia
indicando o número de vezes no qual o metabolismo de repouso foi multiplicado durante a
realização de um determinado esforço. Atividades que tenham um gasto energético entre 1,6 e
2,9 METs, incluem atividades como caminhar devagar, lavar louça ou ficar em pé. Exemplo,
um MET encena o gasto energético de uma pessoa em repouso absoluto. Segundo a
especificidade de intensidade com relação às atividades físicas remete-se à quantidade
equivalente em METs para cada tipo de atividade exercida pelo sujeito, tendo como exemplo a
corrida que é equivalente a (6,0 METs), já o caminhar com o cachorro (3,0 METs), cuidar do
jardim (2,5 METs) e ficar sentado corresponde a (1 MET).
O comportamento sedentário não pode ser visto simplesmente como a falta de atividade
física, na verdade ele pode ser entendido como uma classe de comportamentos que pode
coexistir e também competir com a atividade física. A prática de atividade física, mesmo que
cumpra os requisitos mínimos, não afasta os riscos a saúde quando o indivíduo apresenta grande
parte do seu dia destinado ao comportamento sedentário.

Metodologia

Para este estudo utilizou-se a pesquisa de campo, de abordagem qualitativa, cujo


enfoque está na realidade do fenômeno social que é a mente, em que esta realidade é construída
pelo indivíduo, que dá significado aos fenômenos que a envolvem (SAMPIERI, 2006).
A pesquisa caracteriza-se também como exploratório-descritivo, pois pretendeu
conhecer as características de um determinado grupo, por meio de suas ideias a cerca de
determinado assunto, assim como analisar e interpretar as visões advindas de cada resposta
coletada nas entrevistas.
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Para a coleta de dados foram utilizadas a entrevistas semiestruturadas, gravadas e


posteriormente transcritas, com as seguintes questões de partida: O que é comportamento
sedentário para você? O que você compreende por sedentarismo?
O grupo pesquisado foi constituído por 9alunos dos cursos de Educação Física
licenciatura e bacharelado, sendo 4 do primeiro grupo e 5 do segundo, de uma faculdade
particular da cidade de Maceió. O critério de inclusão para a participação na pesquisa era estar
matriculado na disciplina de projeto de pesquisa, que é o encaminhamento para o TCC. Os
alunos que participarão do estudo foram escolhidos aleatoriamente nos intervalos das aulas. E
apenas os 9 aceitaram participar.
Utilizou-se enquanto método para a interpretação dos dados a Análise de Conteúdo que
de acordo com Guerra (2006, p. 69) “[...] pretende interpretar o que foi dito”. A partir da análise
das mensagens transmitidas pelos participantes as categorias advindas das falas foram:
comportamento sedentário, sedentarismo e trabalho com os temas na escola, esta, originada
durante a entrevista. A seguir, segue a discussão das categorias.

Resultados e discussões

Comportamento sedentário

A primeira categoria está relacionada ao comportamento sedentário e as falas dos


entrevistados elucidam que esse comportamento está associado à falta de exercícios físicos e
atividades físicas. E as ideias apontadas estão voltadas a inatividade física.
De acordo com Caspersen, Powell, Christenson (1985) citados por Mielke (2013, p.16)
o exercício físico pode ser considerado como uma atividade física com vistas a manter ou
melhorar a aptidão física. Já a atividade física é conceituada como “qualquer movimento
corporal produzido pela musculatura esquelética que resulte em gasto energético acima dos
níveis de repouso”. Dessa forma, para não se enquadrar no comportamento sedentário o
indivíduo precisa ter comportamentos ativos para obter resultados significantes para a saúde e
qualidade de vida.

Alunos licenciatura

[...] comportamento sedentário na minha cabeça vem meio que as duas coisas juntas.
Uma pessoa que tem o comportamento sedentário, ela passa a não fazer as atividades físicas ou
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exercício físico. Atividade física. É isso, comportamento é você não fazer ou então é fazer o m
mínimo, já que é comportamento, fazer o mínimo de atividade física, seja ela qual for. Seja ela
diária, você andar uma escada, descer e subir uma escada, já e uma atividade. Às vezes tem
gente que prefere pegar o elevador, que é só apertar o botão, tá ótimo, já desceu. Eu acho que
o comportamento mais é esse, das suas práticas, do que você faz pra burlar a atividade física.
(Entrevistado1)
O comportamento sedentário, pra mim, é o ato de a gente não se movimentar a ponto de
tirar o nosso corpo do nível de repouso [...] mas é ponto de a gente evitar ao máximo se esforçar.
Tipo: tem uma escada e eu vou pelo elevador, isso pra mim é o comportamento sedentário.
(Entrevistado2).
[...] comportamento sedentário é o comportamento daquelas pessoas que nem procuram
fazer algum tipo de atividade física, que entra no caso aí a questão da preguiça, de sempre tá
colocando a falta de tempo como obstáculo pra não fazer. Até a questão da alimentação
também, você ter uma alimentação totalmente desregrada [...]. (Entrevistado 3).
[...] uma pessoa que tem um comportamento sedentário são pessoas que não gostam de
fazer nada. [...] São pessoas que não gostam de fazer nada em casa, pessoas que não gostam
nem de andar, não gostam de subir escada, pessoas preguiçosas. [...] pra mim, uma pessoa que
não gosta de fazer nada é uma pessoa que tem o comportamento sedentário. (Entrevistado 4)

Alunos bacharelado

[...] Comportamento sedentário são aquelas pessoas que criam hábitos alimentares e
físicos que não são adequados para o corpo no qual passa maioria de seu tempo sem se alimentar
bem ou mal e nem praticando atividade física ou exercício físico [...]. (Entrevistado1).
Eu acho que comportamento sedentário são pessoas que não praticam um esporte tendo
um exemplo muito claro quando ele vai trabalhar e vai de carro, vai comprar pães de carro, não
tem atividades diárias que trabalhe com o corpo ou que mexa com o corpo [...]. (Entrevistado
2).
Comportamento sedentário seria [...] é a continuidade do não fazer a prática do exercício
se mantendo sem fazer nada [...]. (Entrevistado 3).
[...] Basicamente a mesma coisa, comportamento sedentário são pessoas que não tem
nenhum tipo de atividade física e nem exercício físico, é uma pessoa sedentária que não que
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saber de nada no mundo, que viver dentro de casa, não tem opiniões próprias, porque para mim
pessoas que não praticam nenhum exercício não têm opinião própria [...]. (Entrevistado 4).
Comportamento sedentário [...] é tipo se você exercita três vezes na semana ou todos os
dias na semana, uma hora por dia e o restante de seu dia permanece sentado, assistindo TV [...].
(Entrevistado5).

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2010) a inatividade física vem se


tornando uns dos principais fatores de risco de mortalidade a nível mundial, assim, um em cada
quatro adultos não tem condições físicas ou comportamentais para ser considerado
suficientemente ativo, considerando que em 2010, em todo o mundo, cerca de 23% dos adultos
com 18 anos e mais velhos não foram mantidos suficientemente ativos (20% dos homens e 27%
das mulheres). No caso dos envolvidos no estudo, futuros profissionais da saúde, tais dados
podem se tornar de seu conhecimento para que seu papel de mediador possa causar
interferências positivas no comportamento de seus alunos. Mas para que isso se efetive, faz-se
necessário que estes futuros profissionais tenham em mente como aplicar tais conceitos não só
na teoria, como também na prática.
Os dados apresentados enunciam uma associação entre comportamento sedentário e
inatividade, o não praticar atividade ou exercício físico, conforme citado nas falas. E os
exemplos que os entrevistados apontam ajudam a sustentar a ideia que os mesmos têm do
conceito e como ele se aplica na prática. A conclusão da graduação não significa o fim da busca
por informações, mas na verdade as mudanças no mercado de trabalho e advindas com as
pesquisas forçam mudanças na atuação desse profissional. Pode-se analisar que se faz
necessário aos alunos que estão perto de começar a atuar no mercado de trabalho, saber quão
importante é buscar ampliar os horizontes para seus conhecimentos, para então poder orientar
seus clientes, alunos ou pacientes em sua futura atuação profissional.
Acerca disso, percebe-se que é crescente a quantidade de pessoas que procuram
informações a respeito de meios para conseguirem hábitos saudáveis, seja na alimentação, no
combate ao estresse e, principalmente, a prática de atividade física. Diversos aspectos
favorecem essa busca, como, por exemplo, o progresso nos estudos científicos e tratamentos,
bem como no crescimento do gasto com os seguros de saúde. Além disso, deve-se considerar
que as pessoas estão mais bem informadas sobre a promoção da própria saúde e na maioria das
vezes, procuram profissionais que possam esclarecer melhor essas informações. (TORRES,
2015).
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Sedentarismo

A segunda categoria está relacionada ao sedentarismo e os entrevistados o associaram a


não prática de exercício e atividade física, ligando aquelas pessoas que não executam nenhum
tipo de movimento como sedentária, ideia que ganha força com o conceito apresentado na
categoria anterior sobre atividade física e exercício físico. A partir do entendimento de cada um
sobre o conceito de sedentarismo foi possível perceber que os estudantes conhecem o conceito
e como será apresentado na última categoria, com a questão dirigida aos alunos de licenciatura,
percebe-se que estes sabem como trabalhar com estes conceitos na escola. Durante as
entrevistas foi notória uma insegurança dos alunos no tocante à necessidade de responder
corretamente às questões a eles dirigidas e ter uma possível aprovação dos entrevistadores
acerca dos conceitos ora questionados.

Alunos licenciatura

Sedentarismo, pra mim, seria a falta ou o mínimo, o mínimo não, seria mais a falta
mesmo de atividade física, não de exercício, de atividade física. Acho que isso. É a falta mesmo
de atividade física. (Entrevistado 1).
[...] quando a pessoa não se movimenta, acho que o comportamento sedentário é ao ato
em si da pessoa tá exercendo o sedentarismo, da pessoa não se mover, não fazer nenhuma
atividade física. [...] sedentarismo tá na não prática do exercício físico. O comportamento
sedentário tá nesse dia a dia. (Entrevistado 2).
Sedentarismo [...] o fato em si, de não fazer nada, que diferente do comportamento
sedentário você buscar situações pra não fazer, o sedentarismo já e o não fazer em si, não ter
nenhum tipo de atividade física, não ter nenhum, não praticar nada, não fazer nada, não buscar
nenhum tipo de movimento. [...] o sedentarismo é o fato em si, é não fazer algo, não praticar
algo [...]. (Entrevistado 3).
Sedentarismo é a pessoa que não pratica nenhum exercício físico [...] até atividade física
mesmo. Pessoas que são meia, não gostam muito de andar, praticar o básico, né? que é andar,
lavar um prato, varrer uma casa. (Entrevistado 4).

Alunos bacharelado
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[...] Sedentarismo é a falta de exercício físico que o indivíduo possa não está praticando
e com isso pode acarretar vários fatores para sua saúde, para seu estado físico e outros também
como: mental, psicológico [...]. (Entrevistado 1).
Sedentarismo para mim é no caso pessoas que não praticam nenhum esporte ou não
pratica atividade que trabalhe com o corpo em si’’ [...]. (Entrevistado 2).
Sedentarismo [...] seria a falta de atividade ou de exercício físico na vida de um ser? [...]
(Entrevistado 3).
[...] sedentarismo é a ausência de exercício físico para o individuo que não tem hábitos
saudáveis e que não curte basicamente exercício físico e nem atividade física que tem uma
grande diferença entre esses dois, porque pessoas que não são consideradas sedentárias na
minha visão são pessoas que praticam esportes regulamente [...] e pessoa que praticam de vez
em quando atividades físicas são consideras sedentárias [...]. (Entrevistado 4).
Sedentarismo é um gasto maior calórico que a taxa basal inicial? [...]. (Entrevistado 5).
A Organização Mundial da Saúde (OMS, 2010) preconiza que um adulto acumule pelo
menos 150 minutos semanais de atividades físicas aeróbias, como caminhar, correr, nadar, de
intensidade moderada a vigorosa para ter benefícios à saúde. Para não caracterizar
sedentarismo.
Segundo Torres (2015, p.14) “o sedentarismo e a escassez de atividades físicas estão
vinculados a várias doenças, como hipertensão, diabetes, obesidade, entre outras. Estimular a
realização de atividades físicas é, portanto, uma preocupação internacional de saúde”.
Para ilustrar esses conceitos, Lovisolo (1997) refere-se à norma, ao gosto e a utilidade,
como valores orientadores das condutas do indivíduo. A norma se apresenta como aquelas
atividades regulamentadas por lei, por uma regra, a utilidade e o gosto, por outro lado,
relacionam-se na medida em que um complementa o outro. Nesse caso, procura-se fazer algo
em que se obtenha algum tipo de utilidade, que atenda a algum objetivo. Contudo, antes há a
motivação pelo gosto.
Um exemplo de aplicação desses valores refere-se quando o médico afirma para o
paciente ser necessário fazer caminhada para melhorar a saúde e diminuir as taxas de colesterol.
Este caso está caracterizado pela norma, pois o sujeito sabe da necessidade de cuidar de si, no
entanto precisa de um ultimato para iniciar essa atenção. Este sujeito não tem interesse por
academia, tampouco por caminhada. Quando precisa ir à padaria, o faz de carro.
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No entanto, tem interesse em assistir campeonatos de natação e passa a pensar na


possibilidade da prática da modalidade para cuidar da saúde. A iniciativa para praticar natação
foi conduzida pelo gosto e que, consequentemente, iria trazer uma utilidade: os benefícios para
a saúde. Entende-se, assim, que a motivação que leva um indivíduo, seja pela estética ou pela
saúde, a cuidar de seu corpo passa por essas vertentes.

Trabalho com os temas na escola

Além das questões delimitadas para a entrevista, no caso dos alunos de licenciatura,
outra questão surgiu no decorrer da conversa: como esses temas poderiam ser trabalhados
na escola? As possíveis formas de trabalho seguem nas falas a seguir:
Eu acho que primeiro vem a questão da conscientização, do aluno saber o que é. [...].
Porque não adianta você combater o sedentarismo na escola se nem o aluno sabe o que é [...] e
fazer com que eles entendam que não deve ser sedentário, porque vai prejudicar a saúde. E
fazendo com isso eles se exercitarem, praticar alguma atividade física, seja na escola ou em
casa mesmo. [...] mas como a visão da educação física é muito só jogo, você tem além disso,
ter que driblar essas coisas e fazer com que passe disso, não seja só, só isso. Entendeu? Que
vem a questão da conscientização que vem a questão também que entra a recreação, os jogos,
que entra tudo, de todos os conteúdos, dá pra você trabalhar essa questão do sedentarismo.
(Entrevistado 1).
Dá pra montar projetos, acredito. Dá pra fazer questionamentos com as próprias
crianças. Pra ela perguntar se os pais dela fazem alguma atividade física, se elas entendem. Eu
acho que se eu fosse montar uma aula em relação a isso, primeiro um jogaria um problema pras
crianças. Perguntaria como é o dia a dia dos pais delas, dos familiares, o dia a dia delas mesmas
e depois [...] eu perguntaria o que elas entendem por sedentarismo e tentaria montar um trabalho
com isso. Quais são os riscos de uma pessoa que não pratica exercício físico e os benefícios
para as pessoas que praticam. E depois poderia fazer apresentações [...] E esse trabalho o
professor pode pedir para que os alunos falem com outros professores, o professor pode pedir
ajuda de outros professores pra fazer um trabalho multidisciplinar. [...] e pode mobilizar a escola
toda. (Entrevistado 2).
Na escola, eu acho que a gente poderia, primeiramente, uma parte, teorizando sobre as
questões, sobre o que seria cada uma [...] e também utilizando a prática, tentando buscar
alternativas e mostrando para os alunos que você não ser sedentário, você não ter um
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comportamento sedentário, não precisa você ser um atleta. [...] uma simples atividade que você
faça do dia a dia você já tá exercitando seu corpo, você já tá saindo sedentarismo. (Entrevistado
3).
[...] o professor ele deve conversar com os alunos, incentivar os alunos a praticar, tanto
praticar uma atividade física, um exercício físico [...] e daí ele pode trabalhar todos os conteúdos
na educação física. Mas, primeiramente, é incentivar os alunos [...]. (Entrevistado 4).
Nota-se que na fala dos entrevistados há uma preocupação em conscientizar os alunos
acerca da importância e ao mesmo tempo necessidade de se praticar exercício físico ou
atividade física. E essa é uma iniciativa que também pode partir do professor de Educação Física
na escola, tendo em vista seu papel de formador de opinião e estimulador do movimento. Darido
e Souza júnior (2007, p.16) apontam que numa perspectiva atitudinal, nas aulas de Educação
Física, os alunos também podem aprender a “[...] adotar o hábito de praticar atividades físicas
visando à inserção em um estilo de vida ativo”.
Em vista disso, o crescente uso de artefatos tecnológicos e o distanciamento das crianças
e jovens das relações sociais em função do uso excessivo do celular também podem contribuir
para a queda nos níveis de movimento, bem como de interação social. Então, o trabalho
multidisciplinar, conforme citou um dos entrevistados, entra como aliado no combate a esses
fatores, trabalhando a interdisciplinaridade com vistas a proporcionar um novo olhar aos alunos
sobre os cuidados com a saúde e o corpo.
Dentro desse contexto de cuidado com o corpo e com a saúde, a Educação Física, na
qualidade de disciplina presente nas escolas oferece possibilidades de conhecimento acerca das
temáticas ligadas aos jogos, brincadeiras, ginástica, dança, enfim, de atividades voltadas ao
movimento, assim como daquelas de cunho teórico, desenvolvidas na sala de aula e também
nas aulas práticas.
Na escola, essa ênfase na importância do exercício físico no combate ao sedentarismo
dar-se por diferentes estímulos dado pelo professor durante as aulas, por meio das atividades
que serão praticadas e por elementos teóricos que podem ser tratadas em sala e com a
comunidade escolar, como uma forma de alertar aos envolvidos neste espaço sobre as
consequências da não adesão a uma modalidade de exercício. E os alunos acabam se tornando
disseminadores daquilo que aprenderam na escola no contexto no qual atuam, começando em
suas casas.
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Por outro lado, no espaço da academia, nota-se cada vez mais o crescimento da busca
por atividades ofertadas por vários segmentos que se ajustam às necessidades e, principalmente
ao gosto dos clientes. Musculação, artes marciais, dança,step, jump, pilates, são alguns
exemplos de propostas que procuram atender a um público diferenciado.

Considerações finais

Considerando o cenário desta pesquisa, é importante destacar o quanto os profissionais


de educação física possuem uma importante tarefa de intervir e incentivar a prática regular da
atividade física. Assim, é indispensável o conhecimento no que diz respeito aos componentes
associados à saúde e a qualidade de vida, transmitindo e conscientizando no estilo de vida das
pessoas. O presente trabalho teve como proposta analisar a visão de alunos pré-atuantes no
mercado de trabalho acerca do comportamento sedentário e sedentarismo, que na maioria das
vezes já atuam de forma indireta seja em estágios obrigatórios ou extracurriculares, instruindo
seus alunos, clientes, com informações que venham levar a saúde e o bem-estar.
No tocante à compreensão dos alunos quanto aos conceitos de comportamento
sedentário e sedentarismo notou-se uma mistura no entendimento de ambos, em alguns casos,
esclarecidos com exemplos de situações que ocorrem no cotidiano. Exemplificar é uma forma
de concretizar as aprendizagens. Exercício físico e atividade física também foram conceitos que
apareceram nas falas e que também provocaram certa confusão ao serem enunciados, pois são
termos usados, muitas vezes, como sinônimos. E esse conhecimento ficou claro nas falas de
alguns participantes do estudo. Acredita-se que a participação no estudo propiciará aos
entrevistados a curiosidade pelo estudo das temáticas em questão e aplicação em seus ambientes
de trabalho, haja vista que o profissional de Educação Física é o responsável pela disseminação
de informações e atitudes de cunho preventivo no universo em que atua. Conhecer a teoria é
uma forma de querer aprimorar a prática.
Os alunos que apresentaram possíveis propostas de trabalho com os temas na escola
mostraram segurança quando apontaram tais ideias para serem trabalhadas nas aulas de
Educação Física. Demonstrando que os conceitos quando bem compreendidos podem ser
aplicados na prática e aprimorados no dia a dia dos alunos, bem como de seus familiares. Sendo
uma extensão da escola. Saúde, qualidade de vida, cuidados com o corpo e bem-estar precisam
estar além da norma. A vida pede cuidados que partam do gosto, do prazer, enquanto
motivações principais para tais atitudes.
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Logo, é crescente a quantidade de pessoas e instituições que procuram informações a


respeito de meios de conseguirem hábitos saudáveis, seja na alimentação, no combate ao
estresse e, principalmente, a prática de atividade física. E o profissional de Educação Física é o
mediador desse processo.

REFERÊNCIAS

DARIDO, Suraya Cristina; SOUZA JÚNIOR, Osmar Moreira de. Para ensinar educação
física: possibilidades de intervenção na escola. Campinas, São Paulo. Papirus, 2007.

GUERRA, Isabel Carvalho. Pesquisa qualitativa e análise de conteúdo: sentidos e formas


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LE BRETON, David. A sociologia do corpo. Tradução Sônia M.S. Fuhrmann. 2. ed.


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LOVISOLO, Hugo. Estética, Esporte e Educação Física. Sprint Editora-Rio de janeiro,


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MIELKE, Grégore Iven. Comportamento sedentário em adultos. Dissertação de mestrado.


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TORRES, Álef Renan Ribeiro. Nível de atividade física e comportamento sedentário em


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RAVAGNANI, C. F. C., et al. Estimativa do equivalente metabólico (MET) de um protocolo


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