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Nome: Evelyn Alves / Enfermeira/ Bonito

Tema: APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA

Para contextualização inicial da temática nada melhor que a definição do próprio


criador: Ausubel (1982), psiquiatra norte-americano, que dedicou vinte e cinco anos à
psicologia educacional, afirmou que a aprendizagem ocorre quando uma nova
informação ancora-se em conceitos já presentes nas experiências de aprendizado
anteriores e, por isso, o fator mais importante que influencia na aprendizagem consiste
no que o aluno já sabe.

Os métodos da educação começaram a ser aplicados na saúde, a partir do momento que


os profissionais reconheceram que a medicina puramente curativa não era o suficiente
para dar resolutividade à complexidade das questões de saúde. Nesse contexto, surge a
aplicação da Aprendizagem Significativa na Educação em/na saúde.

Antes, porém, predominavam-se métodos educacionais verticais que tratava o usuário


como um ser passivo, mero receptor de informações. Aos poucos essas práticas foram
transformadas e nessa perspectiva surgem novas formas de educar, seguindo a linha de
Ausubel: como a Educação Popular.

Para compreender bem essas diferenciações, Ausuel (1982) compara a aprendizagem


significativa e a aprendizagem mecânica da pedagogia tradicional: a aprendizagem é
muito mais significativa à medida que o novo conteúdo é incorporado às estruturas de
conhecimento de um aluno e adquire significado para ele a partir da relação com seu
conhecimento prévio. Ao contrário, ela se torna mecânica ou repetitiva, uma vez que o
novo conteúdo passa a ser armazenado isoladamente ou por meio de associações
arbitrárias na estrutura cognitiva.

Para tanto, a atuação do educador deve levar em conta que o aluno é o sujeito do
conhecimento e não mero receptor de informações. Mas na saúde, qual a realidade atual
das ações de Educação em Saúde?

Os profissionais de saúde têm muito que evoluir na arte do educar e pensando na


situação problema da narrativa em que Ana sente a necessidade de alguém para dizer-
lhe o que fazer na residência; percebemos que é preciso resignificar as práticas de
apredizagem em um contexto de reprodução mecânica de padrões acadêmicos do Saber.

Para justificar os possíveis motivos da insegurança de Ana na narrativa recorremos à


contribuição de Santos (2008, p. 33): “A aprendizagem somente ocorre se quatro
condições básicas forem atendidas: a motivação, o interesse, a habilidade de
compartilhar experiências e a habilidade de interagir com os diferentes contextos”.

Todas as hipóteses para nortear a discussão sobre a problemática rodeiam sobre essas
condições básicas.
Antes de citá-las (hipóteses) é preciso lembrar-se de certas definições: A educação em
saúde inclui várias dimensões. Uma delas é a educação na saúde que aborda a formação
de profissionais de saúde, outra abordagem é a educação permanente destes
profissionais, realizada a partir da problematização do cotidiano na prática profissional e
também temos a educação em saúde voltada à população.

A pedagogia tradicional se faz presente tanto na formação dos profissionais de saúde,


como na educação permanente e na educação em saúde voltada para a população. Sendo
uma pedagogia baseada na transmissão de informações e o aluno um ser passivo, esta
abordagem favorece a manipulação e manutenção do poder. Nesse sentido, a educação
representa também um caminho de propagação de crenças e valores ao longo das
gerações.

A educação pode ser tanto livre quanto imposta, na primeira como um saber comum a
todos coletivamente, na segunda a partir do saber controlado e perpetuador das relações
de poder. A aprendizagem quando acontece de forma mecânica e sem reflexão, no nível
individual é feita por memorização, formando um sujeito passivo, distanciando-o da
problematização da realidade. No nível social contribui para o conformismo e
manutenção das desigualdades sociais (LIBÂNEO, 2007).

Assim, entende-se que dependendo do momento histórico e das dimensões políticas,


econômicas, sociais e culturais e das concepções de saúde e doença temos práticas de
educação em saúde diversas. A educação em saúde se relaciona diretamente com o
conceito de saúde vigente no momento.

Durante muito tempo, a educação em saúde no Brasil foi denominada educação


sanitária, e o objetivo principal eram as orientações sobre normas de higiene para
prevenir doenças infecciosas e parasitárias e controlar epidemias, nessa época a
manutenção da saúde era de responsabilidade individual. Do modelo sanitarista emerge
a base que ainda sustenta a maioria das práticas educativas nos tempos atuais, centrada
da responsabilidade única do indivíduo, no controle do saber, na imposição de
normas/padrões e foco no conhecimento científico.

A EDUCAÇÃO HIGIENISTA é uma prática diária no âmbito do SUS, mesmo não


tendo o foco no controle epidemiológico, ela exerce um forte controle social. Exemplo
disto é a estratégia Amamenta, Alimenta e as campanhas de prevenção sobre Doenças
Sexualmente Transmissíveis. Nesse contexto surgem duas hipóteses cabíveis:

1) Imposição vertical do conhecimento por relação de poder;


2) Imposição de políticas verticais.

As políticas de saúde são passadas aos profissionais de modo vertical e estes por sua vez
reproduzem as ações propostas aos usuários de maneira mecânica, fortalecendo as
relações de poder e por muitas vezes contribuindo para a manutenção das
desigualdades.
Esse constante ciclo de reprodução do modelo educacional mecanicista inicia-se na
formação básica, onde é ofertado:

1) Caminhos padronizados para a resolução de problemas;


2) Foco em práticas acadêmicas que por vezes são dissociadas da realidade do
território e do sujeito;
3) Manutenção do ego profissional: detentor do conhecimento em saúde;
4) Desvalorização e não reconhecimento científico dos saberes popular.

Para quebrar esse ciclo, o direcionamento dado a educação se dará, dependendo do


ponto de vista, ora como instituição social (transformador), ora como processo de
escolarização (controlador).

Historicamente, a educação dos profissionais da saúde baseia - se no modelo


flexneriano dos cursos médicos, que enfatiza os aspectos biológicos e fragmenta o
saber.

Libâneo (2007) discute sobre as várias concepções de educação: a concepção naturalista


é considerada inatista, baseada no biológico e psicológico, sem transformação; Outra
concepção é a histórico-social, a qual tende mostrar a educação com o foco nas relações
sociais, de forma a desenvolver uma educação mutável, não voltada aos interesses das
relações de poder, crítica e questionadora da atual realidade, considerando a promoção e
desenvolvimento integral do indivíduo.

Portanto, ao reconhecer a complexidade da educação e suas diferentes concepções, é


importante ressaltar que a necessidade dessa educação com compromisso social deve
abranger também a área da saúde, em todas as dimensões; transformando as práticas de
educação em saúde e superando as desigualdades sociais e relações de poder.

Com este objetivo surge a Educação Popular criada por Paulo Freire e perfeitamente
aplicável as práticas de saúde.

A educação popular critica a concepção prevalente por muitos anos na educação em


saúde no Brasil, a concepção positivista, que vê a educação em saúde de forma
reducionista, na qual as práticas são prescritivas de comportamentos ideais e distantes
da realidade dos indivíduos, os quais são considerados passivos das intervenções,
geralmente preconceituosas, coercitivas e punitivas ( ).

Com esse novo conceito, o saber popular sai enfim da margem do saber acadêmico e é
inserida nos espaços educativos da saúde na busca do empoderamento da comunidade,
para que as pessoas e grupos sociais assumam maior controle sobre sua saúde e suas
vidas. Assim supera-se:

5) A Reprodução das relações de poder


6) A Dificuldade de construção da autonomia
7) A Comunicação inadequada entre os profissionais e o usuário que não possibilita
a construção da aprendizagem significativa
Apesar de a proposta Educação Popular ser capaz de superar os problemas de saúde,
pouco se pratica. O que predomina são métodos educacionais conservadores, em que se
expressa à verticalização do saber, a medicina curativa e controladora, o poder centrado
nas mãos do profissional de saúde, formação individualista e competitividade do saber.

Dessa forma, no momento atual faz-se necessário um processo educativo – tanto na


formação base dos profissionais de saúde, como na educação permanente e na educação
em saúde para a população que valorize os saberes populares, respeite a autonomia e
incentive o diálogo.

È preciso democratizar os espaços de apredizagem, seja de formação do profissional de


saúde, seja de diálogo com os usuários.

Nessa ótica, podemos sugerir que a continuidade da concepção tradicional da pedagogia


na formação dos profissionais resulta na reprodução da educação em saúde
controladora. Ou seja, sem formar profissionais críticos e reflexivos, tampouco
conseguiremos modificar as práticas de educação em saúde voltadas para a população.

Referências:

AUSUBEL, D. P. A aprendizagem significativa: a teoria de David Ausubel. São


Paulo: Moraes, 1982.

LIBÂNEO, J. Carlos. Os significados da Educação, modalidades de prática educativa e


a organização do sistema educacional. In: Pedagogia e Pedagogos, para quê? 9. ed.
São Paulo: Cortez, 2007, p. 69-83.

OLIVEIRA, D. K. S. et al. A arte de educar na área da saúde: experiências com


metodologias ativas. Humanidades e Inovação, Palmas, ano 2, n. 1, jan./jul. 2015.

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