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EDUCAÇÃO E Profa Pammella Carvalho

PROMOÇÃO DA SAÚDE
PARA INICIAR...
 Não existem receitas prontas para a eleição ou uso de estratégias metodológicas.
Elas serão escolhidas a partir do panorama em que estamos inseridos.
 E elas devem contemplar possibilidades de adaptação e adequação, em um diálogo
constante entre os sujeitos, as necessidades e os fatos novos e relevantes que os
encontros interpessoais, potencialmente, trazem.
O QUE É PROMOVER SAÚDE?
Promover a saúde não se resume apenas a ordenar uma série de ações que
gerem bem-estar ou que evitem riscos

É viabilizar e oportunizar condições de escolha e de construção.


A promoção de saúde pressupõe uma concepção que não restrinja a saúde à
ausência de doença, nem à prestação de serviços clínico-assistenciais, mas
que seja capaz de atuar sobre as condições de vida da população, a partir de
ações intersetoriais envolvendo a educação, o saneamento básico, a
habitação, a renda, o trabalho, a alimentação, o meio ambiente, o acesso a
bens e serviços essenciais, o lazer, entre outros determinantes sociais da
saúde.
Duas perspectivas
em Promoção da
saúde
PERSPECTIVA
CONSERVADORA: CONTROLE
DOS RISCOS
 O respectivo controle dos riscos relacionados com o estilo de vida tende a
reduzir a promoção de saúde como algo ligado à esfera privada, da
responsabilidade dos indivíduos, colocada em termos de escolhas
comportamentais;
 Nessa lógica, acredita-se que uma vez que estejam diante de um
conhecimento científico, os atores envolvidos possam – e devam – fazer
escolhas conscientes, pautadas pelo domínio da razão, em uma clara visão
positivista.
O alcance limitado de tal enfoque pode levar à culpabilização dos atores
envolvidos nesse processo, ao considerá-los exclusivos responsáveis pela
saúde  Desse modo, as determinações sociopolíticas e econômicas ficam
desatreladas, mascaradas; os governos e os formuladores de políticas
permanecem isentos enquanto o ônus pela situação de saúde recai sobre os
indivíduos.
ESTRATÉGIAS DE PROMOÇÃO EM
SAÚDE CONCEBIDAS SOB UMA
PERSPECTIVA CONSERVADORA:

 Abordagens de caráter médico-preventivo: uma abordagem educacional dos


comportamentos em saúde com o emprego de modelos instrumentais,
operativos de natureza prescritiva, com vistas a intervenções.
 Estabelecem-se vínculos entre atitudes e comportamentos e situações de
risco ou proteção à saúde, adotando-se uma configuração causal, que tem
como pano de fundo o estabelecimento de modelos de saúde ideais.
PROMOÇÃO DE SAÚDE A
PARTIR DE UMA PERSPECTIVA
LIBERTÁRIA
 A atenção em saúde desloca-se do enfoque biologizante, e as formas de
interpretar as necessidades e implantar as ações configuram-se de modo
contextual, histórico, coletivo, amplo.
 Desistimos da ideia de meramente controlar os fatores de risco e
comportamentos individuais;
 Criação de ambientes propícios, fortalecimento da ação comunitária,
desenvolvimento de habilidades pessoais e reorientação dos serviços
sanitários torna-se, então, uma prerrogativa, mas nem sempre facilmente
alcançável.
PRINCÍPIOS-CHAVE:
EMPODERAMENTO E PARTICIPAÇÃO
SOCIAL
 A participação é compreendida como o envolvimento dos atores diretamente
interessados no processo de eleição de prioridades, tomada de decisões,
implementação e avaliação das iniciativas.
 A participação exige consulta contínua, diálogo e troca de ideias entre indivíduos e
grupos, tanto leigos como profissionais.
 É do âmbito da promoção investir na formação de cidadãos e trabalhar para
instituir espaços verdadeiramente democráticos, em especial no nível local, de modo
a desenvolver políticas que partam dos problemas e necessidades de saúde
identificados e que possam ser continuamente avaliadas e revisadas a partir deles.
Nessa perspectiva, a disseminação da informação e a educação são bases
para a tomada de decisão e componentes importantes da promoção de
saúde, sem se configurarem como estratégias suficientes em si mesmas,
particularmente em relação ao empoderamento 
É preciso que os sujeitos envolvidos migrem de um estado de sensação de
impotência, internalizada pelos indivíduos perante as iniquidades de poder,
em direção ao poder de decisão, definição e ação.
ENCONTROS
INTERSUBJETIVOS E
PROMOÇÃO EM SAÚDE

Se desejarmos abdicar de um modelo de educação pautado por


uma visão biologizante ou médica da saúde, ou de modelos
meramente pautados pela culpabilização dos atores e pela redução
aos estilos de vida, é necessário pensarmos na questão da
subjetividade e da intersubjetividade.
SUBJETIVIDADES
 Conferem sentidos aos eventos e prestam-se como explicações, justificativas;
 Não há um sistema simbólico unificado e aceito de modo igual pelos
membros de determinada classe, de um gênero específico, de uma faixa etária
ou de qualquer outro grupo.
 As regras podem ser compartilhadas por um grupo, mas cada um as vivencia
de uma maneira diferente.
 Um indivíduo cumpre algumas, rompe com outras, segue normas de outros
grupos, apropria-se de modos de existência de outras categorias sociais, produz
bifurcações, linhas de fuga às práticas instituídas.
INTERSUBJETIVIDADES
 Não estando posto em um vazio social, o homem compartilha esse mundo
com os outros que lhe servem de parâmetro, apoio, contraponto, muitas vezes
de modo convergente, outras de modo conflituoso.

 As representações coletivas, não tendo como substrato as consciências


individuais, são produtos da consciência coletiva e, portanto, mais impessoais
e resistentes à mudança.
 O encontro dos diferentes atores deve permitir aos sujeitos envolvidos
repensarem suas crenças e valores;
 O encontro interpessoal na esfera da educação em saúde a partir dos
princípios da promoção pode permitir que os atores se conheçam mais, por
suas perspectivas, suas necessidades, bem como potencialidades, angústias e
ansiedades.
Estratégias
metodológicas em
saúde
 Eleger estratégias significa escolher instrumentos.
 Mas de nada valem os instrumentos se não tivermos clareza de para onde
desejamos chegar. Muitas vezes, aliás, nem sabemos ao certo onde estamos
exatamente ao lidar com “saúde”.
 Podemos ser traídos por posturas assistencialistas, distanciadas das
necessidades reais do grupo com o qual estamos atuando.
 A hipervalorização dos conhecimentos dos peritos, dos discursos científicos
e do papel dos experts não contribui para atingir os objetivos da promoção de
saúde  Não se trata de abdicar desses saberes, mas sim colocá-los como
instrumentos entre tantos outros.
 É preciso ter em mente que há uma grande quantidade de informações
contraditórias em torno da saúde que sinalizam para sentidos antagonistas.
QUAL O PAPEL DO
PROFISSIONAL?
O profissional que se propõe a trabalhar em educação em saúde sob a égide da
promoção deve pensar em uma mediação: seu papel é o de facilitador,
incentivador e motivador do processo.

Cabe-lhe garantir que os temas eleitos e as questões levantadas sejam discutidos,


relacionados, organizados e manipulados até que façam parte da rede de significados e
se constituam de modo a permitir ações.
Desenvolver a reflexão crítica, identificar os campos de dificuldades e de capacidades,
estimular a identificação de estratégias e recursos é fundamental nessa perspectiva, que
exige uma estratégia metodológica participativa, ativa.
O empoderamento e a
participação só podem ser
estimulados se os sujeitos
 Trabalho em equipe; se sentirem aptos à ação e à
palavra.
 Uso de técnicas que integrem o grupo e incentivem a participação;
 Atitude respeitosa, o interesse e a preocupação em compreender as suas
perspectivas podem contribuir muito para o processo educativo.
 Instrumentos pedagógicos ativos como dramatizações, grupos de oposição e
debates, estudos do meio, grupos formulando e respondendo questões, visitas
a locais de interesse e simulações permitem, mais do que o desenvolvimento
de conteúdos cognitivos, rever atitudes, estimular a capacidade de ação e
intervenção.
UM ALERTA...
 Palestras impessoais, organizadas a partir da perspectiva unilateral do
educador, sem que se permita a interlocução, não cabem em um projeto de
promoção de saúde.
Reiterar estilos de vida proibitórios, individualistas, organizados em
discursos que culpabilizam os sujeitos pouco ou em nada contribuem para
metas emancipadoras.
REFERÊNCIAS
Guazzelli, M.E. & Pereira, I.M.T.B. Considerações teóricas e aproximação às
estratégias metodológicas em educação em saúde com base na Promoção. In:
PELICIONI, M.C.F.; MIALHE, F.L. Educação e Promoção da Saúde - Teoria e
Prática. 2ª edição. Grupo GEN, 2018.

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