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Aspectos históricos, conceituais e

práticos da psicologia hospitalar

Profa Pammella Carvalho


Conceituação

A Psicologia Hospitalar corresponde ao

“campo de entendimento e tratamento dos aspectos psicológicos em torno


do adoecimento” (Simonetti, 2004)

• Entende a doença em sua dimensão biopsicossocial

• Tem como foco cuidar da subjetividade humana presente na doença


Qual o objetivo da atuação da psicologia no hospital?

• Tentar minimizar o sofrimento do paciente e de sua família;

• Acompanhar a evolução do paciente quanto aos aspectos emocionais que


 
a doença traz.

O trabalho é focal, centrando-se no sofrimento e nas repercussões que o


paciente sofre com a doença e a hospitalização, associado a outros fatores
como história de vida, a forma como ele assimila a doença e seu perfil de
personalidade (ISMAEL, 2010)
Aspectos
históricos
A primeira notícia que se tem de
psicólogo em ambiente hospitalar é do
Hospital McLean, fundado em 1818, em
Massachussets.

Ainda nesse hospital, foram desenvolvidas


pesquisas pioneiras sobre Psicologia
Hospitalar, no laboratório de Psicologia
fundado em 1904.
• A expansão da Psicologia Hospitalar nos EUA se deu após o fim da 2ª
Guerra Mundial, quando foi identificada a necessidade de assistência
psicológica aos militares que apresentavam um série de reações psíquicas
no período da hospitalização

• Identificar as repercussões psicológicas decorrentes do processo de


adoecimento e consequente hospitalização
Psicologia Hospitalar e Psicologia da Saúde

1978: Oficialização na APA da Divisão 38: Psicologia da Saúde

A terminologia Psicologia
Hospitalar é utilizada apenas no
Brasil – destaca a atuação do
psicólogo no “local” de práticas
de umaaárea
Incluía profissional
atuação do psicólogo nos diversos contextos com foco no
processo saúde e doença
Psicologia Hospitalar no Brasil

• Na década de 1930, foram fundados os primeiros Serviços de Higiene


Mental com participação ativa de psicólogas(os), como propostas
alternativas à internação psiquiátrica.
Psicologia Hospitalar no Brasil

• O primeiro registro de atividade em


hospital geral de psicólogas(os) data
de 1950: no Hospital de Clínicas da
Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo (USP)
• A década de 1970, no Brasil, foi aquela em que houve um crescimento
dos grandes hospitais públicos e, sobretudo, no setor privado.

• O modelo de assistência à saúde, que até então era centrado no hospital


hegemônico, começa a ser questionado a partir da década de 1980 pelo
Movimento Sanitário por não dar mais conta das necessidades de saúde
da população – o que culmina na criação do SUS (Lei 8080/90) e na
instituição da RAS (Rede de Atenção à Saúde)
Marcos históricos para Psicologia Hospitalar

• Primeiro curso de Aperfeiçoamento em Psicologia Hospitalar no país: 1977


na PUCSP

• A Fundação da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar (SBPH) em


1997, em uma assembleia com 45 psicólogas(os) que atuavam em hospitais
por todo o Brasil;

• A Psicologia hospitalar, em 2000, passou a ser reconhecida e regulamentada


pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP) como uma especialidade.
REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE (RAS)

• Objetivo: organizar as ações e serviços de saúde;


• As RAS incluem formas de organização e

comunicação nos diferentes pontos de atenção:


primário, secundário e terciário.
Rede de Atenção Hospitalar ou Terciária

• A Política Nacional de Atenção Hospitalar se propõe a rever o modelo biomédico-


centrado, trazendo para a centralidade da atuação a preocupação com a
humanização, com a atenção qualificada e eficiente .

• A atenção deve ser feita por equipe multiprofissional e o hospital deve concentrar
sua assistência nas atividades altamente especializadas, buscando o processo de
desospitalização e a formação de redes e associações de cuidados, garantindo a
continuidade destes em outros pontos de atenção das RAS.
Rede de Atenção Hospitalar ou Terciária

• O trabalho da(o) psicóloga(o) em hospitais do SUS se insere na chamada


Frequentemente a Psicologia
Atenção Terciária ou Atenção de Alta Complexidade
Hospitalarou alta densidade
se aplica também a
tecnológica. serviços de atenção secundária,
de média densidade
tecnológica, como os
• Inclui ações que requerem tecnologias mais duras.
ambulatórios de
acompanhamento longitudinal.
• A Atenção Hospitalar deverá ser baseada nos pressupostos da clínica
ampliada e na gestão da clínica (BRASIL, 2009).
Aspectos
práticos
Setting, Ética e Postura

• O setting terapêutico na realidade hospitalar é peculiar:

- atendimento no leito, com interrupções de outros profissionais;

- impossibilidade de sigilo;

• Postura: trabalho respeitoso junto a equipe multiprofissional, resistência


à frustração.
Foco

Tríade:
Paciente

Acompanhante

Profissionais de
saúde
• A forma habitual de diagnósticos e de psicoterapia não satisfaz a
exigência para o atendimento do grande número de pacientes: Os
psicólogos precisam definir um modelo de atuação voltado à saúde
mental da coletividade.

• Os grupos educativos dentro do hospital têm sido muito utilizados, pois


facilitam a conscientização do paciente e família no contexto da doença
e das formas de tratamento.
Aspectos práticos: para além do psicologismo

• Conhecer sobre o diagnóstico e prognóstico do paciente, rotina de


tratamento: proporciona maior segurança ao paciente quanto ao
acompanhamento psicológico.

• A prática nos mostra que o processo informativo ajuda o paciente a


aumentar o controle da situação, diminuindo o medo e a ansiedade,
facilitando a recuperação no período hospitalar.
Algumas
especificidades
da prática
Psicólogo no Ambulatório

• Geralmente encaminhado pelo médico;

• Normalmente é requisitado para auxiliar o paciente com doença crônica


a se readaptar ao novo estilo de vida;

• A aceitação da doença muitas vezes também é difícil: a pessoa utiliza-se


de mecanismos de defesa para manter sua integridade. Mais comuns:
negação e regressão.
Psicólogo nas Unidades de Internação

• É o psicólogo que procura o paciente, oferecendo a ele escuta, bem como


para sua família;

• Na hospitalização, o paciente perde sua individualidade, sente uma brusca


ruptura com seu cotidiano, sente-se agredido pela rotina hospitalar e seu
horário rígido, o que caba por leva-o ao conhecido processo de
despersonalização.

• Sentimentos comuns: raiva, humor deprimido, oposição.


Psicólogo na UTI

• São unidades nas quais da família frequentemente não pode ficar, por
isso cabe ao psicólogo ser o elo entre paciente/equipe/família;

• É tarefa do psicólogo, inclusive, identificar qual membro da família tem


condições emocionais de receber e transmitir informações aos demais.
Referências

AZEVEDO, A.V.S.; CREPALDI, M.A. A Psicologia no hospital geral: aspectos históricos, conceituais e práticos. Estudos
Psicológicos, Campinas, v. 33, n. 4, 2016.

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Referências Técnicas para atuação de psicólogas(os) nos serviços
hospitalares do SUS. Brasília: CFP, 2019.

ISMAEL, S.M.C. A inserção do psicólogo no contexto hospitalar. In: ISMAEL, S.M.C. (org) A prática psicológica e sua
interface com as doenças. 2 ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2010.

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