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INTRODUÇÃO

A obra cinematográfica “Elysium”, direcionada por Neill Blomkamp e lançada em 16 de


agosto de 2013, apesar de retratar um cenário fictício catastrófico retrata causas relacionáveis
ao momento atual da realidade global. Partindo de uma perspectiva crítica e atenta a
respeito dos aspectos implícitos e explícitos no filme, foi possível identificar uma série de
características, cujas reflexões implicam no questionamento sobre a acessibilidade clínica e
médica, além da desigualdade social, do autoritarismo e do abuso de poder, do uso de
forças e armas, da concentração de renda, das negligências políticas e sociais, entre outras.

Com foque no debate médico, a tese a respeito do acesso irregular a uma saúde básica, de
garantia ao bem-estar físico e mental, fortalece uma das críticas principais construídas ao
longo das cenas do filme. Em “Elysium”, um sistema de plataforma, estritamente, planejado
e construído para abrigar cidadãos de elite, pairado na estratosfera, cujo significado em
grego é “paraíso”, existem dispositivos de tecnologia avançada e altamente elaborada,
“máquinas de cura”, tais equipamentos colaboravam para manter o padrão e a qualidade de
vida dos mesmos; enquanto no planeta Terra, o contexto é criado de forma oposta: doenças,
moradias irregulares, falta de acessibilidade médica, baixa qualidade de vida, pobreza,
miséria, fome, devastação ambiental, escassez de desenvolvimento. Todos esses pontos, em
conjunto, resultaram na busca e tentativa incessante dos habitantes da Terra pela fuga do
território, ilegalmente, para o “paraíso” em busca, simplesmente, de uma cura para suas
enfermidades e de condições de vida melhores.

(imagem retirada de uma cena de Elysium) (imagem representando o planeta Terra)

Ao longo dessa busca dificultosa e rígida, diversas pessoas faleceram, ao tentarem


atravessar a atmosfera terráquea com naves e equipamentos preparados indevidamente ou,
até mesmo, ao serem impedidos (assassinados) por ordens do governo elysiano, quando
estavam próximos de atracar em Elysium, afinal, os elysianos privilegiavam sua
comunidade seleta de habitantes e não hesitavam em manter o padrão de vida, mesmo que
isso significasse perder milhares de vidas inocentes. Tal princípio era defendido,
principalmente, por Rhodes, a Secretária do “paraíso”, a qual decidiu, em dado momento da
história, aplicar um golpe de estado no sistema, para aderir ao cargo máximo de poder, a fim
de estreitar e enrijecer ainda mais o sistema seletivo e autoritário da organização territorial e
espacial, Elysium.

O protagonista, Max, ao longo da história participa de uma dessas buscas incessantes


para chegar a Elysium, seu sonho desde muito novo. E no decorrer dessa trajetória, os
aspectos alarmantes e contrastantes mencionados no primeiro parágrafo aparecem com
evidência, destacando a procura pela cura e pela vida, repleta de dificuldades.
A temática mostrada na obra existe, para além das telas, na realidade, a ótica visualizada
no filme faz parte do cenário cotidiano de milhares de pessoas pelo mundo. Como
mencionado, “Elysium” abre espaço para a ramificação de diversas concepções conflituosas
e críticas a serem debatidas. Entretanto, notadamente, a irregularidade da distribuição de
saúde pública é um dos destaques da obra e, infelizmente, da realidade.

Atualmente, é nítida a falta de políticas públicas que garantam a chegada de tecnologias


eficazes para converter o estado de doenças crônicas, isto é, quando há o incentivo estatal,
do governo, para a área da saúde, muitas vezes, elas não são acessíveis às condições da
grande maioria de pessoas, gerando centros, muito ou pouco, polarizados pela saúde,
retratando a disseminação irregular da mesma. Bem como representado no filme, cuja
humanidade se mostrou capaz de desenvolver uma tecnologia, estritamente, poderosa e
efetiva, em termos de cura. Porém, a mesma se mostrou desigual e injusta, ao centralizar tais
benefícios a um determinado grupo.

A tuberculose, por exemplo, ainda é uma das doenças infecciosas mais mortais do
mundo e a cada ano cerca de 1,5 milhão de pessoas morrem em decorrência dessa doença.
Num mundo da nanotecnologia e da medicina robótica, uma bactéria vence. E a maior parte
em países pobres. Alarmantemente, essa configuração desregular e desigual é justificada
pela ineficácia de um uso preventivo e curativo, ou seja, efetivo, dessas tecnologias, cujos
resultados deveriam ser a proteção da saúde. Além da banalização de medicamentos e os
ambientes hospitalares e os sociais indevidos, os quais facilitam a propagação de doenças,
principalmente as infecciosas, como as bacterianas.

Na obra “Elysium”, o sistema de saúde da Terra foi demonstrado como precário e


decadente, sugerindo, por exemplo, a possibilidade de doenças infecciosas, como a real
Tuberculose. E em relação a propagação dessas doenças em regiões irregulares e propícias,
como reflexo da desigualdade social, trata-se da realidade mundial em que as doenças
infecciosas se espalham mais em países em desenvolvimento, do que em países
desenvolvidos, retratando a influência das características econômicas na desenvoltura da
saúde humana. Pesquisas mostram, por exemplo, que o risco de morrer antes dos 85 anos é
46% maior entre os mais pobres.

Desigualdades em nossa sociedade, como moradia e educação, são presentes e


frequentes, mas a desigualdade na área da saúde é a mais emblemática, pois afeta
diretamente na qualidade, padrão e expectativa de vida da sociedade, trata-se de um direito
extremo, que não deveria estar no controle de mãos alheias.

Ademais, ao aproximarmos, ainda mais o panorama geral da Terra futurística no filme, é


alarmante, notar as semelhanças do contexto aos aspectos vividos hoje em dia.
As primeiras imagens são retratos da atualidade, inclusive fazem parte do cenário
brasileiro. A terceira e a quarta imagem, entretanto, são fotos de cenas do filme Elsyium, nas
quais o planeta é retratado em um cenário destruído e caótico. A grande reflexão a ser feita a
partir da análise dessas imagens, é a semelhança entre os cenários, o real e o fictício. Ambas
elaboradas com uma atmosfera catastrófica e preocupante.

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 Desigualdades sociais, violência e atualidades


Elysium é uma ficção científica produzida a fim de alarmar e problematizar uma
sociedade portadora de uma exacerbada desigualdade social, provocando revolta em quem
assiste ao filme. Contudo, o mais revoltante nesse caso é saber que tal narrativa poderia ser
facilmente equiparada à atual realidade, inclusive, à brasileira.

O intenso contraste apresentado pelos locais de vivência, sendo, para um dos lados, uma
estação espacial paradisíaca e arborizada repleta da fartura de alimentos, de tecnologia, de
roupas ricas em joias e detalhes, e muitas mansões, e invertendo tal cenário para a maioria
da população, apresentando ao público uma metrópole na Terra em decadência e pobreza
extremas, com moradias em pedaços e perigosas, onde a exploração total da natureza levou
a uma drástica queda da saúde pública, acometida também pela falta de infraestrutura e de
saneamento básico, de uma alimentação adequada e de medicamentos e hospitais (podendo
ser relacionada às versões destoantes entre hospitais públicos e privados da realidade),
compondo a prova das opostas circunstâncias de vida levadas pela população de classe
baixa e pela alta, exibindo, inclusive, a ideia de uma bolha impenetrável ser criada ao redor
de Elysium, isolando-a e tornando-a praticamente hermética, sinalizando a dificuldade de
ascensão social proporcionada por um governo o qual negligencia a própria população.

Do ponto de vista educacional, é exibido, logo ao início (minuto 2:45 do filme), a


personagem Frey tendo que ler um livro infantil para Max, pois o garoto não sabia ler,
denunciando, implicitamente, o analfabetismo marcante na população da Terra. Essa
conjuntura torna-se ainda mais preocupando quando passa a interferir no eixo da saúde,
agravando a fonte de desinformação sem o acesso a livros didáticos e a pesquisas,
sobrecarregando o trabalho de médicos e hospitais, os quais já enfrentavam a escassez de
trabalhadores, de remédios e de equipamentos, além de representar a inibição da
possibilidade de uma saúde preventiva, isto é, a falta de conhecimento e condições básicas
para repelir ou erradicar doenças.

Para exemplificar, se a camada mais pobre dessa distopia enfrentasse uma pandemia
como a do cenário real, será que lidariam adequadamente com a situação? Ou, caso não,
Elysium tomaria medidas para auxiliá-la? Muito provavelmente não, uma vez que eles,
como possuem a “cápsula de cura” a qual impede qualquer dano ao seu bem-estar, não
teriam seu interesse voltado para manter essas vidas da Terra, muito menos investiriam seu
dinheiro em pesquisas e tratamentos, fortificando e ampliando, ainda mais, o espaço que
separa essas opostas realidades. No caso do Brasil, tal negligência pôde ser percebida, por
exemplo, quando o presidente da República, Jair Bolsonaro, atrasou em 234 dias a compra
de vacinas, algo que significou a inação do governo no enfrentamento da crise do
coronavírus, acarretando na morte de milhares de pessoas que poderiam ter sido poupadas.

Outro dado atual remetente ao contexto é que, conforme o relatório do Banco Mundial e
da Unesco, a pandemia levou mais de 65% dos países pobres a cortarem orçamentos que
seriam direcionados à educação, sendo um dos principais obstáculos para o Ensino de
Ciências a inadequação do ambiente escolar aliado às expectativas sociais e culturais dos
alunos, atraindo demasiados prejuízos que vão além da crescente desigualdade social, do
aumento no número de desempregados e da intensa crise econômica que o mundo
enfrentou e continua a enfrentar. Dessa forma, ainda sob uma perspectiva hipotética, se para
nós, uma sociedade globalizada a qual apresenta um considerável desenvolvimento
tecnológico e científico, a pandemia do COVID-19 já causou um incontável estrago,
seguindo as circunstâncias apresentadas pelo filme, caracterizadas pela precária
infraestrutura e pela superpopulação presente, a situação tornaria-se imensuravelmente
mais catastrófica.

Tal cenário resultaria, em uma tentativa de afastar e proibir a entrada de imigrantes ilegais
em Elysium, no aumento extremo da violência policial utilizada para com os cidadãos,
presente desde o início do filme. Realizada a partir de “robôs policiais”, sentinelas
empreendidas à distância pelos ricos, que guardam a população e evitam motins e revoltas,
implicando medo e utilizando a morte como um aviso e a violência como um caminho para
a “paz”, simbolizando, mais uma vez, a despreocupação com as vidas da Terra.
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 Cidadania e o acesso a saúde


De fato, todos sabemos o quanto pessoas são invalidadas e esquecidas por diversos fatores
que não cabem apenas a essas pessoas, mas de uma melhora estrutural no geral no modo de
governo para a melhoria do bem-estar da população. Pessoas sem identificação de
documento chegam aos hospitais todos os dias na esperança de serem atendidos,
acontecimento que nem muitas vezes é concebido pelo simples fato da falta de documento,
ou até mesmo nos casos mais graves, são atendidos, mas profissionais não sabem ao menos
o nome do paciente.

No filme, esse aspecto é abordado, por exemplo, no território Elysiano, no qual os cidadãos
de elite, elysianos, recebiam uma espécie de “identificação” na região dos braços, pela qual o
acesso às “máquinas de cura” era dado, isto é, apenas as pessoas que possuíam essa
identificação poderiam utilizar os benefícios técnicos e clínicos (por isso, nas cenas anteriores
havia uma espécie de “falsificação” dessa identificação). Atualmente, uma identificação
mínima também é necessária para acessar a saúde que é disponibilizada, tanto no modelo
privado quanto no modelo público, entretanto, é relativamente considerável o número de
indivíduos sem registro, no Brasil, por exemplo, além dos refugiados e grupos que vivem
isolados. Contribuindo, ainda mais, para as disparidades relacionadas ao acesso à saúde.

Por exemplo, essa realidade atinge a Santa Casa de São Paulo constantemente, sendo
relatados que no mínimo chegam ao local pessoas em busca de ajuda, mas não são
considerados cidadãos, ao mês 50 pacientes. Em 2017 foram registrados mais de 670 casos de
pessoas com ausência de documento entre homens e mulheres de 14 a 65 anos. Profissionais
de diversas áreas, como as assistentes sociais, tentam levar identidade para essa
porcentagem de pessoas, alegando que isso é um bem de todos e um direto da humanidade
ter a garantia de um atendimento de qualidade e ao menos ser chamado pelo nome, sem
restrição de raça, etnia, classe social ou condições físicas ou psicológicas.

Milhões de brasileiros não são registrados ao nascerem, e sem esses documentos elas
literalmente não existem como cidadãos e assim a falta de acessibilidade a princípios básicos
e necessários do ser humano, incluindo a saúde ou programas de assistência do governo.
Para isso a Secretaria Estadual da Saúde criou um site que mantem um banco de dados
básicos sobre esses pacientes não identificados, incluindo foto do cidadão; ou quando o
paciente está lucido, o nome que a pessoa é atendida. Elas são identificadas por números.

A identificação de documentos é de fato muito importante para a saúde pública, mas não
apenas para isso. Conscientizações precisam ser feitas para mostrar a todos da importância
do direito de ter uma identidade, e direitos públicos também são essenciais para
conseguimos construir uma sociedade mais igualitária, com direitos sem discriminações e a
um atendimento médico humanizado e justo.

Não apenas pessoas sem identificação, mas refugiados também é uma classe da
humanidade que também é afetada pela desigualdade na área da saúde nos atendimentos.
Pessoas que se encontram em um país de conflitos e guerras tendem a sair de seu local natal
e ir para outro na esperança de proteção, segurança e melhoria de vida. O Brasil é um lugar
de escolha para esse acolhimento nessa nova jornada, mas quando o caso é um bom
atendimento nas redes de saúde é decepcionante ao se deparar com tamanho despreparo
com essas situações.
A falta de preparação não é culpa dos profissionais da área, mas do Estado que não
implanta ações para capacitar esses funcionários para um atendimento adequado e de
qualidade para todos.

É de direito que refugiados devam receber assistência para abrigo, alimento, cuidados de
saúde e saneamento básico. Nossa legislação afirma que o SUS (Sistema Único de Saúde) é
gratuito e universal e de forma igualitárias todos os cidadãos que estão em solo brasileiro
podem usufruir. Mas com isso vem a desinformação que muitos estrangeiros refugiados
podem ter, e ficando com seu direito apagado por simplesmente não saberem que tem esse
direito.

Problemas como esses devem ser melhorados para alegar a todos uma saúde justa e sem
restrições de atendimento ou tratamento no momento de exigirem seus direitos para ter uma
vida, bem-estar e saúde de qualidade.

Além da má distribuição e oferta de uma saúde justa e eficaz para aqueles sem registro
civil, há também a ausência de um sistema que garanta atendimentos médicos para os
membros da população que vivem “isolados” desses centros distribuídos de maneira não
uniforme.

Por exemplo, o grupo de pessoas, ao redor do mundo, que vivem em áreas afastadas e
precisam percorrer um deslocamento imenso para “talvez” conseguirem um atendimento de
qualidade.

No filme, os cidadãos enfermos, da Terra, posicionados em um conflito de “vida ou


morte”, colocavam-se a bordo de naves espaciais ilegais para tentarem chegar ao “paraíso” e
encontrar suas respectivas curas. Na contemporaneidade, o mesmo ocorre, mas em
proporções menores (afinal, o deslocamento ocorre dentro dos limites terráqueos).

Tal aspecto está totalmente relacionado às características da desigualdade social, já


mencionada anteriormente, afinal, as localidades afastadas e de difícil acesso aos centros
hospitalares atinge, principalmente, as camadas mais pobres.

Essa charge denuncia, exatamente, a dificuldade existente na vida de milhares de pessoas


cujas localizações são afastadas dos hospitais e centros de atendimento, geralmente
centralizados nas cidades mais populosas e desenvolvidas (economicamente). Como visto
no filme, os cidadãos da Terra almejavam chegar a Elysium para conseguirem a cura de suas
enfermidades. Por fora da ficção, uma realidade assombrosa atinge a sociedade. Diversas
pessoas precisam de tratamento médico, mas esse não se encontra disponível e próximo do
local onde essas pessoas vivem, exigindo que as mesmas percorram distâncias enormes, ou
até mesmo, fronteiras, em busca de um tratamento. Geralmente a centralização de uma
saúde de qualidade se deve a facilidade de algumas localidades mais ricas investirem em
tecnologia e desenvolverem o ramo científico e médico, tornando-o mais digno e suficiente.
Enquanto outras regiões apresentam dificuldade e menor desempenho na área.

A charge ironiza através de uma crítica relevante ao enfatizar a atendente médica


sugerindo que o paciente, claramente em um estado grave de saúde, a “correr até o
aeroporto, ainda dá tempo”. Isto é; a defasagem na distribuição de um sistema de saúde
uniforme é tão grande que pacientes precisam trilhar percursos longínquos, contra o tempo
e as dificuldades, para tentar garantir a vida.

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 Medicina para os favorecidos e a saúde seletiva


Não é segredo que acontece uma discriminação quando tratamos do sistema de saúde,
que por mais que seja prometido uma rede de saúde igualitária, todos sabemos que a classe
econômica mais desenvolvida é privilegiada em diversos aspectos, inclusive esse. Assim
como retratado no filme, é uma realidade para a sociedade onde uma medicina avançada é
entregado para a elite e o povo com uma pequena parcela desses desenvolvimentos.

Um dos setores de organização de sistema de saúde brasileira é o SUS, que de fato é um


grande diferencial em comparação com outros países (a melhor comparação seria com os
Estados Unidos da América) que é gratuito e público, e oferece o básico de saúde para a
sociedade, mas necessita do abastecimento de um financiamento federal, estadual e
municipal; ele é muito utilizado para pessoas com baixa renda ou com renda média-inferior.
Já um segundo setor é a rede privada de saúde, que é controlado e regulamentado pelo
governo federal e depende do poder aquisitivo do paciente para funcionar, atraindo a
sociedade com renda média-alta e alta.

Entretanto, nosso sistema de saúde pública enfrenta alguns problemas como gargalos no
atendimento ou no agendamento de consultas que desgastam o paciente, fazendo-o esperar
por um longo período de tempo até ser atendido; isso é preocupante tendo em vista que
muitas doenças podem se agravar. Outro grande problema é a falta de leitos, sendo assim,
uma estadia indigna para seus pacientes pela falta de equipamento; que com uma boa gestão
estratégica e melhoras em recursos podem mudar esse cenário.

Além desses diversos gargalos, também é enfrentado problemas com o deslocamento


para a chegada em hospitais e redes de saúde. Uma pesquisa feita pela Ipea (Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada) é apontado que 1,6 milhão de pessoas com uma renda baixa
moram mais de 5km de distância de uma unidade do SUS. Além de um levantamento feito
nas 20 maiores cidades do Brasil que simplesmente 230 mil cidadãos demoram mais de 30
min para chegar em hospitais, e pensando em casos pandêmicos, demorar todo esse tempo
para encontrar uma unidade de saúde é letal.

Segundo o técnico de planejamento e pesquisador da Diretoria de Estudos e Políticas


Regionais, Urbanas e Ambientais (Dirur) do Ipea, Rafael Pereira, que coordenou o estudo,
pessoas com baixa renda são aquelas dependentes do SUS, que dificilmente pode usufruir
do sistema de saúde privado, essas pessoas normalmente moram em regiões mais afastadas,
logo obtendo menos ofertas de saúde e transporte.

A periferia é a mais afetada com a desigualdade no atendimento de saúde já que


hospitais ficam afastados, menor saneamento básico, maior dependência do SUS e mais
vulneráveis para contagio de doenças. Isso não exclui São Paulo, a cidade mais desenvolvida
economicamente no nosso país não sofra problemas hospitalares, já que a população mais
pobre da cidade passa por carência de médicos e dificuldades com a locomoção.

No filme, as pessoas que moravam em Elysium tinham uma tecnologia avançada,


fazendo com que tivessem máquinas as quais podiam curar pessoas, no entanto, na Terra,
havia indivíduos com sérios problemas de saúde, na beira da morte, que precisavam muito
mais dessa tecnologia para a saúde, já que, como mostrado no filme, o hospital era um local
com inúmeras pessoas amontoadas e poucos de recursos para atendê-los.

Por trás dessa situação fantasiosa, uma crítica embutida é feita ao enfatizar a saúde
restrita ao grupo elysiano, os mais ricos. Esses possuíam prioridade e retinham todo e
qualquer avanço científico e médico.

Tal análise conclui que a saúde, em Elysium e na atualidade, é mais seletiva do que
coletiva; partindo do pressuposto que saúde engloba tudo aquilo pertencente ao bem-estar
físico e mental e a prevenção contra doenças e obstáculos para uma vida saudável, entende-
se que essa mesma saúde e seus tópicos não atendem a grande maioria da sociedade, mas
sim, aqueles que possuem condições dignas de construir um contexto imerso nessas mesmas
qualidades construtoras da “saúde”.

Porém, é nítido, também, que muitas pessoas não possuem condições de vida, suficientes,
que as permitam de obter tais recursos. Retomando, portanto, a visão de uma saúde para
poucos.

Esse gráfico de 2013 mostra a concentração das classificações sobre a saúde nos estados
brasileiros. A variável “probabilidade de saúde não boa” revela como a saúde é vista no
interior e na capital de cada estado do país, compactuando com a tese apresentada acima
acerca da ausência de uma distribuição eficaz e uniforme de saúde pelo mundo. Nota-se
que no interior das Unidades da Federação, o sistema desgastado de saúde possui menor
qualidade, visto que se encontra no patamar mais alto do eixo da variável. Enquanto as
capitais apresentam o nível mais baixo, sugerindo uma saúde de maior qualidade nessas
áreas.

Essa outra tabela destaca a tese de que os países mais desenvolvidos concentram
participação e investimentos mais efetivos nas áreas científicas e, portanto, clínicas e da
saúde, do que as nações menos desenvolvidas, assim como Elysium detinha toda a eficácia
clínica e tecnológica.

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 Diferenças entre hospitais públicos e privados

Atualmente, 70% dos atendimentos hospitalares são realizados no Sistema Único de


Saúde (SUS), em vista da incapacidade da maioria dos brasileiros de pagarem pelos
atendimentos privados ou planos de saúde, mesmo que um desejo destas pessoas. Apesar
disso, ainda existe um faturamento extensivo sob as necessidades médicas da população,
cujo lucro se aproxima em R$83,7 bilhões. O Brasil conta com 5530 hospitais públicos, sendo
a maioria dos mesmos concentrado na região Nordeste. Apesar do crescimento no setor e a
disponibilização de 161.952 leitos, os hospitais públicos ainda sofrem, pois abastassem 70%
da população e a organização mundial da saúde (OMS) recomenda que, a cada 1000
habitantes haja 3,2 leitos, e a média brasileira é de apenas 0,86.
O SUS é um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo, sendo o único a
garantir assistência integral e completamente gratuita. Em 2014, foram realizados 4,1 bilhões
de procedimentos ambulatoriais e 1,4 bilhão de consultas médicas através do sistema. Desde
os anos 70, diversos grupos engajaram no movimento sanitário, com objetivo em
proporcionar saúde e solucionar problemas encontrados durante o período final da ditadura
militar. Apesar disso, ele só foi oficialmente criado em 1988, pela constituição federal
brasileira, que determinava a responsabilidade ao estado de garantir saúde a toda população
brasileira. Atualmente, ele é administrado em conjunto pelos recursos dos Estados, dos
Municípios e do Distrito Federal, esses responsabilizados pela qualidade e a implantação
correta do sistema único de saúde. Entre os principais motivos para se orgulhar do SUS, está
a sua assistência integral e gratuita para a população de portadores de HIV, renais crônicos,
pacientes com câncer, tuberculose e pelo seu reconhecimento internacional como maior
sistema público de transplantes de órgãos do mundo.

Entretanto, o SUS apresenta diversos problemas, a maioria ocasionada pelo


subfinanciamento, evidenciado em dados os quais demonstram a taxa de apenas 4% do PIB
do país destinado a área de saúde. Além disso, o sistema sofre de problemas em sua gestão,
como desvio de verbas, falta de leitos, longas filas de espera e má distribuição de médicos,
possuindo apenas 17,6 médicos para cada 10 mil habitantes, enquanto países europeus tem
taxas ultrapassando os 33, além do fato de sua maioria estar concentrada na região Sudeste.

No Brasil, apenas 16,2% dos hospitais públicos possuem a certificação da


Organização Nacional de Acreditação, enquanto 83,08% dos hospitais privados possuem a
certificação, evidenciando alguns problemas nos serviços de saúde públicos. O Hospital
Estadual de Sumaré em São Paulo, por exemplo, está entre essas porcentagens. Além disso, a
distribuição destes hospitais públicos de excelência é desigual, concentrando-se na região
Sudeste, com 29 dos 43 hospitais, e 24 desses em São Paulo.

Já os Hospitais privados podem possuir, ou não, fins lucrativos, precisando realizar o


pagamento direito ou ter um plano de saúde caso tenha fins lucrativos ou ser atendido em
instituições privadas contratadas para prestar atendimento ao SUS. O atendimento rápido e
conforto provido por estas instituições envolve uma série de fatores sociais, como o número
de pacientes menor e melhores gestões e administração. Apesar da menor concentração
destas instituições privadas em outras regiões no Brasil além de São Paulo, tais instituições
comportam bem seus beneficiários, cuja porcentagem dos mesmos é menos que a de
hospitais oferecidos, enquanto no Sudeste, que comporta 61,3% dos beneficiários dos
convênios, oferta apenas 41,4% dos hospitais privados. Ademais, distinguindo-se das
médias dos hospitais públicos, os hospitais privados possuem, em média, 2,28 leitos para
cada 1000 habitantes, totalizando 264.009 leitos por todo país.

Portanto, os dados revelam a desigualdade e má distribuição do acesso à saúde no


Brasil, assim como o filme, cuja saúde é reservada a uma seleta classe social. Entretanto, a
solução para evitarmos maiores disparidades é buscar por gestões mais eficientes e contar
com o apoio da tecnologia, de modo a ampliar o acesso aos atendimentos médicos para as
populações carentes.

(modelo de máquina
de cura, presente no ”paraíso”, arquitetado no filme). A imagem destaca a disparidade
existente: o sistema decadente e o sistema privado; apesar de ser declarada em um cenário
fictício, a mesma lógica se encaixa no cenário vivido por milhares de vidas.

A imagem da esquerda retrata um hospital público da cidade de São Paulo, no Brasil, por
outro lado, a imagem da direita mostra um hospital privado de Santa Catarina, também no
Brasil. Por mais que pareça uma realidade fictícia, como em Elysium, a diferença, paralela à
desigualdade social, é gritante e constante entre os hospitais públicos e privados,
demonstrando assim, mais um dos reflexos da inacessibilidade hospitalar e da saúde, de
modo geral.
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 Personificação de doenças
A personificação das doenças é um grande problema enfrentado, principalmente que
vivemos durante a pandemia, já que em 2020 o Covid-19 se espalhou para o mundo de
forma veloz por causa da globalização que está acontecendo. Até agora acredita-se que
começou a doença na China, e não faltou desrespeito, desinformação e xenofobia diante essa
informação, e criação de teorias conspiratórias e boatos extravagantes sobre isso, com
comentários como: “Doença de amarelo”, “Chineses criaram a doença para dominação
mundial”, e entre outras diversas frases xenofóbicas.

Essa visão distorcida que a sociedade tem de outras etnias ou raça é racismo, uma luta não
apenas dos negros, mas é todo povo não branco. Esse preconceito, como visto, também
influencia muito na medicina e na visão da sociedade sobre ela, por exemplo: Quantos
médicos negros já te atenderam? Quantas pessoas negras fazem faculdade de medicina? São
todas questões a serem discutidas, já que em ambas as perguntas, a resposta é que são
poucas pessoas sem ser brancas que ocupam esses lugares.

Além das “Doenças de Pobre” que são negligenciadas pelas empresas farmacêuticas
apenas por não gerar lucro para elas. Os investimentos para esse tipo de pesquisa são baixos
ou quase inexistentes assim não havendo medicamento ou vacina para essas doenças
simplesmente pois a população afetada não é a elite, por que se afetasse pessoas com renda
alta o medicamento viria muito mais rápido. Isso acontece principalmente com Doenças
Asiáticas e Africanas.

Esse aspecto pode ser relacionado ao filme, visto que, mesmo, implicitamente, há uma
mensagem de que as camadas mais pobres, são as únicas que “merecem” não possuir os
mesmos equipamentos e avanços clínicos de saúde em comparação aos elysianos. Seguindo
a lógica, o filme implica que as enfermidades atingem mais fortemente o grupo dos mais
pobres, ao remeter esse preceito, a própria comunidade desfavorecida acaba sendo
personificada aos reflexos de uma vida inacessível, em diversos aspectos, (principalmente,
na concepção de saúde pública).

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 Superbactérias e a banalização de medicamentos


Esse aspecto da banalização de medicamentos é retratado, ainda que, implicitamente,
no início do filme, por exemplo, quando o protagonista Max é interrogado por um dos robôs
que representava o grupo social da “Justiça”. Nesse contexto, o mesmo oferece ao
protagonista, com certou grau de persistência, remédios, apesar do protagonista não
demonstrar necessidade deles, entretanto, o robô encarregado pelo julgamento, imagina que
o desconforto de Max deveria ser resolvido com medicamentos, sugerindo uma imagem
subjetiva acerca de uma tentativa de medicar e “acalmar” o indivíduo.
Essa cena retrata duas visões principais: o uso e prescrição inadequados de
medicamentos, os quais, infelizmente, ainda ocorrem em diversos centros de saúde, por uma
incapacitação e por descaso aos pacientes e, por fim, uma espécie de controle abusivo de
autoridades ao escolherem medicar indivíduos como ato de docilização, certamente, uma
atitude ilegal.

Atualmente no Brasil, o percentual correspondente a população vivendo em extrema


pobreza ou na linha da pobreza chega a 25%, fato contrastante com a receita anual de 76,98
bilhões, em 2020, do mercado farmacêutico brasileiro, cuja quantidade de caixas vendidas
foi equivalente a 4,7 bilhões de unidades, segundo a Associação Brasileira de Redes de
Farmácia e Drogarias (Abrafarma), embora estima-se que o acesso da população brasileira
ao uso de medicamentos ainda seja muito restrito, visto que, há duas décadas, cerca de 70
milhões de brasileiros ainda não possuíam acesso aos medicamentos.

Culturalmente, a população brasileira estabelece os medicamentos como uma


“mercadoria”, tanto pela ampla divulgação e veiculação de propagandas e anúncios
publicitários nos meios comunicativos e midiáticos quanto por ser um segmento
diretamente relacionado à atual carência de postos de saúde, à infraestrutura sanitária
deficitária e outros aspectos de saúde e higiene não providenciados pelas autoridades
governamentais, tal como a conscientização. No brasil, nota-se a extrema facilidade para a
obtenção de medicamentos de tarja vermelha, como antibióticos e antidepressivos, os quais,
pela lei necessitam de receitas médicas para suas obtenções, mas que na prática, sua
comercialização é muito mais livre e informal. Segundo o Centro de análises toxicológicas de
São Paulo (CEATOX), a automedicação faz dos remédios uma das principais causas de
intoxicação, por isso a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e outros órgãos
defendem veementemente a ampliação do controle sanitário e a obrigatoriedade da
apresentação da receita. Por isso, o consumo desenfreado não condiz com a racionalidade e
pode, muitas vezes, trazer sérias consequências quando utilizados de modo inapropriado,
sendo que a automedicação é um problema ligado à contemporaneidade e a estrutura da
sociedade em seus aspectos econômicos e sociais, pois a forma com que se estrutura as
relações socioeconômicas geram pressão, estresse e problemas psicológicos.

O uso constante e indiscriminado de antibióticos faz de bactérias cada vez mais resistentes
aos medicamentos, sendo uma realidade nos precarizados sistemas de saúde do nosso país e
outras nações. Com este uso generalizado e pouco controlado ou orientado, as bactérias
mais resistentes tornam-se as únicas que darão origem à novas bactérias, condizendo com a
teoria da seleção natural das espécies elaborada pelo cientista e naturalista Charles Darwin
(1809-1882). De acordo com a Anvisa, “Essa resistência pode surgir por uma mutação que dá
ao microrganismo condições de resistir ao medicamento. Também pode acontecer pela troca
de material genético entre microrganismos comuns e microrganismos resistentes”. Em razão
disso, a dosagem e período de utilização corretos, além do cuidado do médico responsável
em prescrever antibióticos de forma consciente, tornam-se fundamentais para evitar o
surgimento de bactérias resistentes, que infelizmente tornam pessoas vulneráveis a doenças
já combatidas anteriormente, como pneumonia e tuberculose.

A OMS, por exemplo, estima que o número de mortes pode chegar a 10 milhões, a
cada ano, em 2050, caso mantenha-se o ritmo do aumento de vítimas por doenças resistentes
a medicamentos antimicrobianos. A pesquisadora e chefe do laboratório de pesquisa em
infecção hospitalar, Ana Paula Assef, do instituto Oswaldo Cruz, revela em entrevista a
seriedade da situação: “Isso é um problema que tem se tornado cada vez mais grave. A
resistência bacteriana hoje em dia é considerada uma das 10 maiores ameaças à saúde
pública global. Infecções para as quais antigamente a gente tinha tratamento, hoje
praticamente não temos mais opções”.

Ademais, um relatório da organização mundial da saúde (OMS) aponta


discrepâncias nas taxas de consumo do medicamento, variando entre países de 4 doses
diárias definidas (DDD) por cada mil habitantes para mais de 64 doses. A provável culpa
das variações seja o inacesso das populações carentes ao medicamento, enquanto outras
estão a usá-lo irresponsavelmente. No Brasil, o consumo é de 22,75, sendo esta a maior taxa
dentre os países americanos analisados. O país norte-americano Canadá, por comparação,
possuí uma taxa de 17,05.

A ameaça a saúde global não está distante de nós, visto que em dezembro de 2021, a
Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital da cidade de Americana, SP, teve de fechar
após o registro de três pacientes com casos da superbactéria do tipo KPC, que provoca
quadros de meningite e pneumonia. “Para evitar que houvesse uma contaminação maior da
bactéria, que é comum em hospitais, foi tomada a iniciativa de fazer o bloqueio da UTI,
impedindo a admissão de novos pacientes no espaço”, conforme a administração municipal
divulgou em uma nota.

Por causa disso, a prevenção a infecções é, atualmente, uma das mais eficientes
formas de combate às superbactérias, por isso, devemos lavar as mãos regularmente,
praticar uma boa higiene e evitar contato com pessoas doentes, além de manter o calendário
de vacinações atualizado. Também deve-se evitar a reutilização de antibióticos de
tratamentos prévios sem a avaliação de profissionais responsáveis.

Enquanto isso, nos setores agrícolas, é necessário garantir que os antibióticos dados
aos animais sejam usados apenas no tratamento de doenças infecciosas e sob a supervisão de
um médico veterinário, além de vaciná-los adequadamente e promover boas práticas, de
modo a incentivar sistemas sustentáveis e com maior higiene.

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 Saúde e o desenvolvimento do meio ambiente

É de conhecimento geral que, nós seres humanos, também estamos suscetíveis às


mudanças do meio ambiente e vulneráveis das próprias ações e do modo de tratamento em
relação a preservação ambiental. No filme assistido, é demonstrado uma forte correlação
entre a preservação das espécies e bem-estar, visto que, em Elysium”, há uma grande
pluralidade de recursos vegetais e demonstra-se a ausência dos mesmos durante os cenários
em solo terrestre. O equilíbrio ambiental é resultado de diversas adaptações genéticas ao
ambiente que permitiram a coexistência e sobrevivência entre elas. Os seres vivos e seus
nichos ecológicos, cadeias alimentares e outras relações entre espécies demonstram um
importantíssimo papel na manutenção do equilíbrio, sejam estas espécies animais ou
vegetais. Entretanto, a interferência humana em meio ambiental tem demonstrado
consequências que inferem ativamente no futuro da espécie humana e na viabilização e
possibilidade de se ter vida no planeta terrestre.

O sustento humano provém da própria natureza, utilizada tanto para a nutrição


quanto para a manutenção do seu estilo de vida. Por isso, desequilíbrio ambiental e falta de
recursos podem causar, dentre outras consequências, a falta de energia, fome em razão da
falta de agentes polinizadores, aumento desenfreado da população de pragas, doenças,
baixa produção de oxigênio e o aumento do número de eventos catastróficos, intensificados
pelo aquecimento global e as mudanças climáticas advindas de sua presença.

Cientistas e pesquisadores afirmaram que as temperaturas globais deviam


permanecer abaixo de 1,5 graus acima dos níveis pré-industriais para evitar as piores
consequências da crise climática. Entretanto, seria necessário cortar 45% das emissões de
carbono até 2030 para alcançar a almejada neutralidade do carbono, mas que, de acordo com
o comprometimento das grandes potências, haverá um aumento de 16% até o mesmo ano
em relação aos níveis de 2010. O verão do ano passado com temperaturas extremas,
incêndios florestais, secas, inundações fatais e furações estão entre as principais
demonstrações da fatalidade da interferência humana na dinâmica climática mundial.

Alguns outros problemas à saúde humana em decorrência da deterioração da


natureza e seus elementos são:

O aumento do risco de problemas respiratório é evidente, seja esse causado por


alergias, asma, doenças pulmonares e câncer no pulmão, já que as concentrações de dióxido
de carbono, inversão térmica e partículas acumuladas no ar diminuem a qualidade de vida
dos cidadãos. Em um relatório da Organização mundial da saúde, publicado em 2018,
indica que nove em cada dez pessoas respiram ar contaminado no mundo, com
aproximadamente 7 milhões de pessoas morrendo anualmente em decorrência da má
qualidade do ar. As mortes ocorrem em decorrência da inalação das fases e à exposição de
partículas finas que penetram nos pulmões e no sistema cardiovascular. Estima-se que os
efeitos da poluição são mais intensos na população de baixa renda, pois os problemas de
saúde reverberam na economia devido a mortes prematuras e faltas no trabalho, sendo que,
só em São Paulo, o custo econômico decorrente de morbidades geradas pela poluição do ar
foi de US$208 milhões ao ano. Além disso, analisa-se que o setor de transporte está entre as
principais causas da poluição do ar em São Paulo, já que houve uma redução de 50% na
poluição contida no ar durante o sétimo dia da histórica paralisação dos caminhoneiros no
ano de 2018.

A diminuição do ozônio expõe humanos e outros seres à radiação ultravioleta,


levando ao risco de câncer de pele e cataratas.

O aquecimento global pode contribuir com a disseminação de insetos vetores de


doenças, em vista da morte de espécies predadoras em decorrência das mudanças
climáticas, umidade e outros padrões climáticos facilitadores da disseminação.
A imagem acima retirada da obra cinematográfica mostra a aproximação de um ambiente,
aparentemente, em conjunto e harmonia em relação ao meio ambiente, destacando como
essa proximidade causa reflexos em um sistema de condições de vida mais elevadas
(Elsyium). Em contrapartida, a Terra é elaborada, nos cenários do filme, como um lugar
árido, sem vegetação, coberto por poluição e características extremas.

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 Os benefícios da preservação ambiental para os seres humanos


A proximidade com a natureza tem um impacto positivo na saúde humana física e
mental, como mostra a neurociência e seus estudos. A exposição ao ambiente natural, ar
limpo e ambientes abertos, ao sol e temperaturas menos abafadas contribui à percepção de
estímulos sensoriais, sejam eles visuais, auditivos e até olfativos. Esse contato permeia a
atividade do sistema nervoso e afeta positivamente em aspectos fisiológicos e psicológicos.
Em estudos divulgados nas redes midiáticas revela que ao longo de 12 meses, a exposição de
alunos a espaços verdes promoveu a melhora da capacidade de memória e redução da
desatenção, assim como estimula o desenvolvimento da substância branca cerebral,
importante para habilidades cognitivas e linguagem, em crianças ainda em
desenvolvimento.

Além disso, o simples contato com plantas é um simples modo de relaxar e


desestressar, indo contra o estresse do cotidiano de muitos trabalhadores, principalmente
das classes mais baixas, na atual estrutura econômica. Portanto, o bem-estar e o alívio de
sintomas de depressão, ansiedade e estresse demonstra a importância dos espaços verdes
em ambientes os quais se demonstram majoritariamente construídos.

De forma listada, podemos citar os principais benefícios do contato com a natureza,


como:
-A influência da natureza ajuda a recuperar o cérebro da fadiga causada pelas
atividades cotidianas, melhorando o desempenho no trabalho e nos estudos e a satisfação
pessoal;

-Quando incorporada ao design de prédios, a natureza propicia calma, inspira


ambientes e estima o aprendizado e curiosidade;

-Espaços verdes são ideais para atividades físicas, que melhoram o aprendizado, a
memória e as funções cognitivas;

-Atividades ao ar livre podem aliviar sintomas de Alzheimer, demência, estresse e


depressão;

-O contato com a natureza ajuda no desenvolvimento das crianças, encorajando a


imaginação, criatividade e interação social;

-A exposição a ambientes naturais diminui sintomas de DDA (Distúrbio de Déficit de


Atenção) em crianças, podendo diminuir, consequentemente, o uso de remédios.

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 Condições de trabalho e a saúde individual/coletiva


Ao decorrer do filme estudado, um dos aspectos abordados e implícitos à esfera da saúde
foi a problematização das situações trabalhistas viabilizadas por um sistema precário e
ineficaz de leis e práticas, em diversas áreas. Como mencionado o pretexto da desigualdade
imerso na realidade global atual supera as características visíveis e atinge, profundamente, o
cotidiano vivido pela grande maioria de pessoas.

Assim como é retratado na obra mencionada, quando o protagonista do filme aparece


trabalhando na fábrica “Armadyne Corp”, torna-se evidente o ambiente inepto, arriscado e
contingente ao insatisfatório sistema de produção. No qual, o cenário cinematográfico,
infelizmente, arquiteta uma realidade além da fictícia, presente em milhares de galpões,
fábricas e indústrias ao redor do mundo. Tais perspectivas denunciam a falta de uma prática
política que garanta, no mínimo, boas condições aos seus operários.

No filme, o ápice da irregularidade é visto no momento em que um dos líderes de


produção exige que Max, o protagonista, entrasse em uma câmara, altamente perigosa e
radioativa, na qual era feita a queima de materiais resistentes (envolvendo temperaturas
extremas). O homem, sem opções de escolha, acaba adentrando na cabine, onde o mesmo
sofre um acidente crítico, visto que a porta do cubículo se fecha e, acentuadamente, resulta
no, quase, perecimento do protagonista cujos órgãos ficam fracos e irresistentes, levando-o a
ter apenas cinco dias de vida antes da, enfim, morte. Além disso, o único e, ineficaz,
tratamento que o mesmo recebe foi um recipiente com comprimidos. Nesse momento, é
nítida a lacuna deixada por uma falha de valores básicos da vida e de uma empatibilidade
mínima em relação a vida humana. Max, simplesmente, não recebe uma garantia irrisória
em cooperação a sua própria vida.
O fato é que, no cenário fictício, a companhia em que o protagonista operava, assim
como muitas hoje em dia, não se preocupam em garantir uma prática trabalhista enraizada
em um sistema que garanta saúde e segurança para seus funcionários. Galpões sujos,
abafantes, opressivos, facilitadores de mazelas e doenças, suscetíveis a acidentes, precários e
anárquicos, fazem parte das características que promulgam a grande problemática que
relaciona o campo da saúde ao campo trabalhista.

Nesse contexto, fábricas como essa, além de não garantir condições dignas para um
funcionário exercer suas funções, aumentando o índice de insatisfação pessoal e individual
e, consequentemente, doenças mentais e física, não compreende a um modelo organizado
para atender e socorrer tais operários, quando a necessidade aparecer. Além de não evitar,
potencialmente, “acidentes”. Não obstante, a falta de auxílio e convênio médico, os salários
baixos (insuficientes para uma vida saudável), a carga-horária excedente, constroem outras
perspectivas causadoras do comprometimento efetivo da saúde pública dos trabalhadores
na contemporaneidade.

É importante destacar a pluralidade desenvolvida por empresas corporativas como a do


filme, as quais não afetam apenas a saúde física, mas atinge, também, outros parâmetros
individuais que, ao prejudicar e arriscar a vida de determinada pessoa, funcionam como
artefatos manipuladores de um impacto considerável na vertente da saúde. O débil
tratamento irreverente circulado dentro dessas indústrias, o trabalho incerto, inflexível,
(afinal, em um dado momento do filme, o líder do protagonista questiona e problematiza
sua faixa médica no braço cujo ferimento haveria feito anteriormente, criticando o atraso do
mesmo), constituem as dificuldades existentes no meio de trabalho de várias pessoas.

O efeito demonstrado é um dos pormenores atrelados ao acesso restrito à medicina,


infelizmente, monopolizada aos agrados dos mais ricos. Visto que, uma pequena parcela da
população que possui poder aquisitivo, possui condições mais amplas de garantia de
segurança no trabalho e de atendimento eficaz, além de conduzir seus ofícios em ambientes
mais regulares, na maioria das vezes, afinal, a circunstância em questão abriga uma série de
padrões e convicções a respeito das classes sociais e das suas operações. Vale lembrar que
geralmente, aqueles que compõem a classe mais rica e, assim, mais alta, os quais ocupam a
liderança das referidas fábricas, galpões e empresas, assim como no filme, não cumprem a
função de organizar um local seguro, visando interesses próprios e não os coletivos,
demonstrando mais uma concepção definitiva para a diferença de acessibilidade, devido ao
distanciamento das classes sociais.

Ademais, tanto no filme, quanto na realidade, a atmosfera interna que promove as


péssimas condições de trabalho está atrelada ao meio externo a elas, afinal, o contexto em
que tais se estalam, devem compactuar com o sistema delas. O ambiente e o estado de
operações oferecidos pelas empresas, além de comprometer a saúde dos funcionários e,
assim, de diversas vidas, é um reflexo arraigado da desigualdade social e das disparidades
que afastam e distanciam o acesso à medicina pelas classes mais desfavorecidas.

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 Direito pela vida em mãos alheias
A vida das pessoas da Terras não tinha valor para os habitantes da Elysium, pois eles
eram apenas força motriz para a produção de recursos a serem utilizados pelos indivíduos
de Elysium, podendo ser substituídos a qualquer momento. O que é totalmente contra os
princípios da ética, já que todos, não importa a hierarquia, devem ter o direito à vida,
principalmente a saúde.

O grande problema retratado na obra é a dubitável questão do direito de vidas nas mãos
de uma minoria, despreocupada com o coletivo e focada no interno e, além de tudo, naquilo
que diz respeito a si mesma.

É de direito de cada cidadão possuir uma saúde de qualidade, independentemente de


suas condições econômicas, visto que esse é um aspecto superior aos aspectos materiais e
físicos. O filme debate o momento em que bens e aquisições tangíveis passaram a valer mais
que vidas e comunidades inteiras, chegando ao ponto demonstrado no filme, no qual o
grupo de elysianos foram insensíveis e não empáticos, ao ponto de restringir e limitar o
acesso aos seus equipamentos de cura, para os humanos terráqueos.

Acontece que, ao permitir essa centralização de possibilidades e condições, há uma


transferência de poderes, em que os mais ricos possuem poder de escolha e definição, em
detrimento aos mais pobres. Basicamente esse esquema mostra o cenário, no qual os ricos
possuem mais condições de viver de forma saudável e deter tais condições a si próprios.

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CONCLUSÃO

Vista as análises esclarecidas acima a respeito da qualidade da medicina, as disparidades


acerca da distribuição médica privada e pública, além de quesitos internos e implícitos
responsáveis por essas decorrências, é importante destacar que os mesmos fenômenos
agentes dessa falha da saúde global, irrompe, aliás, outras esferas coletivas da sociedade. A
desigualdade social, por exemplo, não implica apenas no alento do vigor físico e mental, a
saúde, mas reflete na educação, na economia e na política.

Diferentemente dos cidadãos de Elysium não devemos permear um olhar de julgo


depreciativo aos grupos que não possuem acesso a tais direitos; no filme o planeta era
encarado como um conjunto e, portanto, a visão desinteressada dos elysianos, impedia que
os mesmos analisassem a individualidade no meio da coletividade e verificassem que no
interior do planeta, já distantes deles, havia milhões de pessoas, milhões de vidas, milhões
de infâncias esquecidas e comprometidas, vidas essas que compunham a humanidade e
portanto, estavam deixando de lado uma parte de suas próprias histórias, na mesma medida
que impediam os terráqueos de criarem as suas.

Para solucionar o problema trazido na tese dessa análise, precisa-se entender primeiramente,
que não se trata, apenas, da decadência de sistemas de saúde ao redor do mundo, mas sim,
do crime efetivo, direto ou indireto, cometido as pessoas afetadas por eles. O direito a vida e,
portanto, a saúde, garantia da vida, deve ser para todos e não oligárquico e seletivo. Logo, a
vida deve ser prioridade acima de status, lucros, posições e interesses.
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Fontes e referências

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https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2020/05/16/milhoes-de-brasileiros-nao-tem-nenhum-
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https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/saude/rede_hospitalar/index.php?p=249130-
{Essa plataforma possui imagens disponibilizadas pela Prefeitura de São Paulo, Brasil, as quais
mostram pessoas sem documentação e registro civil, portanto, “desconhecidas” pelo Estado,
demonstrando a realidade relacionada o filme e citada ao longo da análise feita acima}.

https://noticias.r7.com/sao-paulo/hospitais-do-estado-tem-108-pacientes-internados-sem-
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