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APONTAMENTOS DE DEMOGRAFIA
Benguela, 2023
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(Simão Muhepe, MSc)
UNIDADE I: A DEMOGRAFIA COMO CIÊNCIA DA POPULAÇÃO
Na pré-história, a população era tanto mais escassa quanto mais remota. Pequenas hordas de
seis a trinta membros vagueavam por áreas imensas à cata de alimentos. Pode-se dizer que, há
cerca de vinte mil anos, o total da população mundial caberia numa cidade moderna de tamanho
médio. Com a agricultura, no período neolítico, deu-se a primeira expansão demográfica (sétimo
milénio a.C.), materializada no aumento da densidade populacional e multiplicação das aldeias
em todos os países do planeta terra.
A história regista que os primeiros escritos onde foram encontrados alguns rudimentos daquilo
que hoje se chama "pensamento demográfico" remontam à antiguidade, e revelam a existência
de uma certa preocupação com crescimento da população, tal como se atesta nas evidências que
a seguir se apresentam:
As ideias de Aristóteles (384-322 a.C) estão muito próximas do seu mestre Platão. Aristóteles é
mais realista ao pensar que a preocupação fundamental é a de encontrar um número estável de
habitantes. Porém este filósofo acreditava que a procura desta estabilidade não implica a
existência de um número fixo de habitantes, como acontecia com o pensamento de Platão. Pelo
contrário, ao aperceber-se que a mortalidade e a natalidade fazem variar o volume da população,
defende o princípio da "justa dimensão" a fim de evitar que uma população numerosa seja fonte
de pobreza, crimes, violência e agitação social. Tal com Platão, defende o recurso ao aborto, ao
infanticídio, ao abandono e à exposição de crianças como forma de controlar os nascimentos e
de assegurar a qualidade dos cidadãos.
Portanto, tanto Platão como Aristóteles defendiam uma população com um crescimento próximo
de zero, de forma a tornar possível a existência de um equilíbrio social, político e económico. O
pensamento destes filósofos cingia-se apenas às cidades gregas, o que pressupõe que não
estamos perante uma atitude nem científica nem explícita em relação à população.
Já muito próximo do fim da civilização grega, o historiador Políbio (200-120 a.C), contemporâneo
de um período de declínio da população, constata que o país está em decadência. Atribui essa
decadência à deterioração dos costumes (vaidade, amor pelos bens materiais, recusa do
casamento, indiferença pela criança). Demonstra possuir uma excelente capacidade de
observação ao afirmar que quando existem dois filhos por agregado familiar basta que a guerra
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mate um e que a doença mate outro para que os lares fiquem vazios. Ao seu tempo e em relação
à Grécia, este historiador constatou que as pessoas gostavam do fausto, do dinheiro e da
preguiça a um nível tal que não querem casar, ou quando se casam não querem família; no
máximo têm dois filhos a fim de os deixar ricos e de os educar no luxo (Chaunu, 1990).
No império romano, não se destacaram filósofos como na Grécia, mas sim militares e juristas na
preocupação com os problemas da população. São os militares e juristas que analisam os
problemas populacionais numa óptica prática, ao sabor dos acontecimentos. O poder militar de
Roma, a extensão do seu império exigem uma atitude populacionista. Na prática os legisladores
romanos limitaram-se à elaboração de leis que procuravam esse objectivo (distribuição gratuita de
terras às famílias com mais de três filhos, punição do adultério, limitações em matéria de herança
para os celibatários). Apesar desta abundante legislação os resultados positivos alcançados
foram bastante magros, porque nem sempre ao rigor formal das leis corresponde um rigor nos
costumes.
É nessa linha de pensamento que é preciso situar as atitudes de Santo Agostinho (345-430) e de
São Gregório (540-604) ao defenderem que o casamento une marido e mulher para gerar filhos.
Apoiando-se no princípio cristão da igualdade fundamental das pessoas, recusam a visão grega
de uma civilização qualitativa(eugenismo - entendido como "movimento dos que defendem ou
aplicam métodos conducentes ao aperfeiçoamento da raça humana através de técnicas de
selecção artificial, de controlo reprodutivo ou da eliminação de determinados grupos humanos").
O respeito pela vida humana, conjugado pela recusa de uma civilização qualitativa, leva-os a
defender o carácter sagrado do casamento, a encorajar a sua função procriadora, a condenar o
infanticídio, o aborto, bem como qualquer acção tendente a limitar os casamentos. Assiste-se
assim, a retoma da atitude populacionista dos primeiros tempos, havendo a preocupação de
afastar as motivações de ordem económica. A fome, a guerra, ou qualquer outro cataclismo que
se abata sobre a humanidade é considerado um acidente que não pode pôr em causa a confiança
na providência divina.
No fim da Idade Média, uma mudança intelectual começa a operar-se. São Tomás de Aquino
(1235-1274), defende a submissão da actividade humana à moral, reforça a condenação do
infanticídio e do aborto, reconhece o valor do celibato religioso. O pensamento de São Tomás é
retomado e desenvolvido pelos escolásticos que procuram subordinar a própria vida económica e
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social à doutrina cristã. Cada indivíduo tem direitos e deveres, é preciso dar ao trabalho a sua
dignidade, o crescimento da população é um favor divino, o casamento é sagrado e o celibato
(excepto o celibato religioso) é condenável.
O grande mérito de São Tomás de Aquino e dos escolásticos reside no facto de terem rompido
com a indiferença relativa às questões económicas e sociais que tinham adoptado os teólogos da
Alta Idade Média. Porém, a existência de um compromisso entre a doutrina cristã e a ordem
material irá ser posto em causa com o Renascimento.
Assim, numa primeira fase, a doutrina cristã é bastante indiferente às questões relacionadas com
a população - o "crescei e multiplicai-vos" é entendido como "ide e ensinai todas as nações".
Numa segunda fase, com a defesa explícita do valor do casamento, desde que tenha como
finalidade a procriação, podemos admitir a existência de uma atitude implícita em relação à
população, a qual pode ser considerada como moderadamente populacionista.
Com o início dos tempos modernos, as ideias respeitantes à população emancipam-se das
concepções morais e religiosas e passam progressivamente a depender de preocupações
políticas e económicas, procurando descobrir-se a forma mais adequada de organizar as
sociedades e de viver melhor a vida na terra.
É nesta linha de ideias que se deve interpretar o culto do ideal mercantilista pela riqueza,
associado à valorização do Estado. Por um lado, a fortuna dos negociantes , ao depender do
volume de exportações, implica a necessidade de um estado forte para defender a economia. Por
outro lado, a existência de um estado forte, implica a existência de um exército numeroso.
Consequentemente, um exército numeroso só é possível quando a população é abundante.
Neste âmbito, destacam-se, por países , as reflexões dos mercantilistas que se seguem:
a) Mercantilistas da Itália
Maquiavel, apesar de o seu pensamento ser globalmente como mercantilista, não aceita todas as
ideias que caracterizam esta corrente de pensamento, nomeadamente no que diz respeito ao
princípio de que o Estado é forte quando favorece o enriquecimento dos cidadãos. Contudo, ao
defender o ponto de vista de que uma população numerosa reforça o poder do príncipe, , adopta
uma atitude claramente populacionista.
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Campanela elabora os fundamentos filosóficos de um comunismo utópico, desenvolvendo ideias
eugénicas muito próximas das de Platão. Em certa medida, retoma a discussão dos aspectos
qualitativos da população, ao afirmar que as relações sexuais consistem em reunir mulheres
belas com homens robustos. Lastima igualmente que se tenha tido tanto cuidado na melhoria das
espécies canina e cavalar e tanta negligência no desenvolvimento da espécie humana.
Para Botero, uma população numerosa deve ser a primeira preocupação do Estado. Para que tal
seja possível, defende o desenvolvimento da agricultura, da indústria e a diversificação dos
ofícios. Mostra-se contrário às ideias que defendem a necessidade da exportação de matérias
primas, porque com elas partem os artífices. Defende um populacionismo moderado, advogando,
com Maquiavel, o recurso à colonização para evitar o excesso de população em relação aos
recursos alimentares.
b) Mercantilistas da França
Bodin (1530-1596) - Desenvolveu uma tese que se resume no seguinte postulado: "Não existe
maior riqueza do que os homens." Com esta tese, pretende enfatizar que uma população
numerosa permite a valorização de um país e que numa terra bem explorada não existe perigo de
fome. Defendia que a emigração de cidadãos de um país enfraquece este país;
O mercantilismo de Bodin e Montcherestien foi materializado por Colbert, ministro das finanças de
Luís XIV, no período 1661 a 1683. Este político defendeu o aumento da população com o
argumento de que é favorável à balança de pagamentos , favorecendo as famílias numerosas e a
imigração.
Para estimular a imigração, facilita as naturalizações, dá privilégios aos imigrantes e torna difícil a
emigração. No que diz respeito ao estímulo das famílias numerosas, publica leis importantes, tais
como: os contribuintes que se casam antes dos 20 anos são isentos de impostos até aos 25 anos,
os que se casam aos 21 anos são isentos de imposto até aos 24 anos, os pais de 12 filhos vivos
legítimos ficam isentos para sempre de todo o tipo de imposto, os membros da nobreza que
tenham mais de 10 filhos têm direito a uma pensão.
Para além destes dois, destaca-se ainda o Vauban (1633-1707), ao defender que a falta de
população é a maior desgraça que pode acontecer ao reino. Vauban ficou conhecido na história
do pensamento demográfico não só pelas estimativas que elaborou (estima em 25 mil o número
máximo de habitantes que a França pode ter), como por ser o inventor dos recenseamentos, ao
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chamar a atenção para a sua importância e grande utilidade para a administração: não é possível
gerir uma nação sem se saber o número exacto de habitantes, a sua profissão, religião e
condições de vida;
c) Mercantilistas da Inglaterra
Na primeira corrente não encontramos um populacionismo intransigente, mas sim autores que
defendem a existência de um equilíbrio entre a população e os recursos (Thomas More, Francis
Bacon, Thomas Hobbes).
Thomas More (1478-1535), ao estudar a causa da miséria do seu país, pensa que esta é devida
a três factores fundamentais: o luxo da nobreza, a existência de muitos domésticos improdutivos
e a extensão das pastagens em prejuízo das terras cultivadas.
Porém, se estes três filósofos ingleses estão fundamentalmente preocupados com o equilíbrio
entre o crescimento da população e os recursos, no século XVII, algo de novo ocorre na
Inglaterra: a Demografia começa a dar os seus primeiros passos como ciência.
Ainda neste quesito, na Inglaterra aparecem de forma destacada, nomes como William Petty, john
Graunt, e Edmund Halley, que começam a considerar que os primeiros problemas da população
devem ser analisados e medidos independentemente das questões doutrinais e das relações que
possam ter com quaisquer outros problemas económicos, políticos e sociais. Estes autores serão
analisados mais adiante.
d) Mercantilistas da Alemanha
Os primeiros anos do século XVIII são caracterizados por uma diminuição da população na maior
parte dos países europeus. Este declínio teve como efeito o incentivo da atitude populacionista.
Na segunda metade deste século, as condições de existência melhoram e o número de
habitantes aumenta em quase todos os países europeus. Segundo Montesquieu, as causas
fundamentais que levavam à diminuição da população no Império Romano são várias,
destacando as seguintes: epidemias, guerras, celibato eclesiástico, divórcio, causas políticas e
sociais decorrentes de um mau governo. Este filósofo considerava que o celibato matava mais
homens do que as pestes e guerras mais sangrentas.
Com o economista de origem irlandesa Richard Cantilon (1680-1734), esta tese vai ser
consideravelmente alargada ao defender o ponto de vista de que "os homens se multiplicam
como ratos desde que tenham meios de subsistência". Porém, o que torna este autor original é o
facto de tomar em consideração factores a que hoje chamamos de sociológicos. É verdade que a
população é condicionada pela produção de meios de subsistência, mas também é preciso ter em
conta o modo de vida e os hábitos sociais: os homens de alimentação frugal podem multiplicar-se
mais rapidamente do que os homens que exigem uma alimentação abundante e variada. O
progresso do bem-estar e a civilização têm tendência a reduzir a fecundidade. Cantilon condena o
luxo, visto ser necessário tanto trabalho para produzir um bem de luxo como para produzir
grandes quantidades de alimentação.
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é torná-los ricos." Mirabeau também julga que a Europa do seu tempo se estava a despovoar e
que a causa fundamental é a decadência da agricultura, o luxo e o consumo demasiado de um
pequeno nº de habitantes. Só o progresso da agricultura permitirá valorizar as terras e aumentar a
população. Esta visão verdadeiramente optimista da relação entre população e a subsistência,
subjacente ao pensamento de Mirabeau, como aliás de outros fisiocratas como Quesnay (1694-
1774) e Necker (1732-1804), resume-se na seguinte frase: O maior bem são os homens e , em
seguida, a terra".
Finalmente, queremos aqui assinalar o valioso contributo prestado por um conjunto de autores
que durante o século XVIII, ao explicitarem a ideia da progressão aritmética, da progressão
geométrica, do equilíbrio entre população e recursos, como é o caso de "Jean Jacques
Rousseau (1712-1778), William Godwin (1756-1836), Adam Smith (1732-1790), Benjamim
Franklin (1706-1790) Stwart (1712-1780), Young (1741-1820)", anunciam o aparecimento de
Malthus e da Demografia como ciência.
Porém, muito antes deste curioso acontecimento já a ciência da população tinha dado os seus
primeiros passos que consistiram em considerar os temas populacionais como interessantes em
si, sendo por isso passíveis de tratamento científico. Deste modo, o acento tónico deixa de ser
posto na discussão das vantagens e desvantagens do crescimento da população, no equilíbrio
entre a população e os recursos, ou ainda na discussão das consequências de certos aspectos
qualitativos e quantitativos de uma população. O que passou a ser importante foi a procura de
uma medição daquilo que hoje chamamos de movimento e estado de uma população. Começa a
fase dos aritméticos políticos:
William Petty (1623-1687) - foi o primeiro a inventar o termo, cujo conteúdo procura explicitar
lodo no prefácio da sua obra intitulada "Aritmética Política: <<O método que emprego ainda não é
muito vulgar... consiste em exprimir em termos numéricos, pesos e medidas, em servir-me
unicamente dos argumentos dados pelos sentidos, em considerar exclusivamente as causas que
têm bases visíveis na natureza...>> (Dupâquier, 1977).
Jon Graunt (1620-1674) - foi quem verdadeiramente escreveu o primeiro livro de Aritmética
Política intitulado "Observações naturais e políticas feitas através Óbitos (Viquin, 1977). Elaborou
uma autêntica metodologia científica do ponto de vista demográfico: constrói tábuas de
mortalidade com base nos arrolamentos publicados semanalmente, a partir do século XVI,
arquitecta diversos índices interessantes como, por exemplo, a relação entre os nascimentos e
os óbitos. Procura investigar as causas dos óbitos e estima o volume da população de Londres
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em cerca de 384 mil habitantes, enquanto a maior parte dos seus contemporâneos pensa que
esta cidade teria uma população de vários milhões de habitantes.
Edmund Halley (1656-1742) - foi astrónomo e matemático, tendo sido igualmente um dos
primeiros cientistas da população. Constrói tábuas de mortalidade a partir dos arrolamentos das
paróquias de Breslau. Os seus trabalhos são bastante interessantes devido à análise que faz da
qualidade dos dados existentes nos arrolamentos utilizados.
Esta visão do mundo e das coisas iniciada por William Petty, John Graunt e Edmund Halley, aos
quais podemos juntar outros nomes, como Mathew Hale (1609-1676), Gregory King (1648-1712),
Charles Davenant (1656-1714), John Arbuthnot (16671735), William Kersseboon (1691-1771), vai
desenvolver-se muito rapidamente durante o século XVIII. No entanto, os trabalhos realizados por
Buffon, Sussmilch, Bernnoulli, Simon e Moheau consolidam de uma forma decisiva o trabalho
pioneiro de W. Petty, J. Graunt e de E. Halley.
Johann Peter Sussmilch (1707-1767) - a partir dos registos paroquiais de Brandeboutg, elabora
estimativas de população para a Prússia, constrói uma tábua de mortalidade, calcula várias
relações entre nascimentos, casamentos e óbitos. Elabora várias observaçõe
s interessantes como, por exemplo, o facto de os óbitos passarem por um mínimo cerca de 15
anos. Porém, o seu objectivo é claramente teológico, ao afirmar que o povoamento da terra está
sempre conforme a vontade do criador e que a "Ordem Divina" se manifesta de várias formas,
nomeadamente através da relação entre nascimentos e óbitos;
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Daniel Bernoulli (1700-1782) - foi médico e matemático e é o autor do teorema sobre a lei dos
pequenos números. No caso específico da emergente ciência da população dá uma importante
contribuição ao estudar os efeitos da vacina da varíola na mortalidade e nos efectivos
sobreviventes;
Pierre Simon, marquês de Laplace (1749-1827) - foi matemático e astrónomo, tendo estudado
a relação existente entre a estrutura por idades e a mortalidade, tendo construído uma tábua de
mortalidade semelhante a de Buffon;
Porém, em finais do século XVIII, na sequência de todo este conjunto de ideias e métodos, que
surgiram em torno da problemática populacional, um acontecimento particularmente importante
vai marcar o desenvolvimento da Demografia como ciência da população - Thomas-Robert
Malthus publica a sua obra com o título "Ensaio sobre o Princípio da População".
Em 1798, publica um livro que não tem nome do seu autor e que, a posterior passou a ser
chamado "Ensaio sobre o Princípio da População". Em 1803 aparece uma segunda versão já
assinada com o nome do autor, na qual algumas conclusões da primeira edição são
abandonadas. Pelo interesse por esta obra na altura, muitas edições foram surgindo. A 3ª edição
surge em 1806, a 4ª em 1807, a 5ª em 1817, tendo sido última a última do autor. Em 1805 é
nomeado professor de história de História e de Economia Politica no Colégio das Índias
Ocidentais . Durante o resto da sua vida continuou a trabalhar nas sucessivas edições do seu
ensaio e publicou outras obras, destacando-se "Os Princípios de Economia Política. Malthus
morreu em 18034 com uma crise cardíaca.
Tal como dissemos anteriormente, em 1798, Malthus publica, sem mencionar o seu nome como
autor, um livro intitulado "Ensaios sobre a População - como afecta o futuro progresso da
Humanidade, com notas sobre especulações do senhor Godwin, do senhor Condorcet e de
outros escritores. Trata-se de um livro polémico baseado em documentação muito sumária e
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teórica e que provoca um autêntico escândalo. O livro faz escândalo devido a uma das suas
teses: A assistência aos pobres não serve senão para os multiplicar sem os consolar.
Também escandaliza-se devido como a tese é apresentada. Um simples parágrafo desencadeia
uma grande indignação num período onde emergiam os ideais da igualdade, do socialismo e da
solidariedade entre as classes oprimidas: Malthus considerava que <<um homem que nasce num
mundo ocupado, se não lhe é possível obter dos seus pais os meios de subsistência... e se a
sociedade não tem necessidade do seu trabalho, não tem direito a reclamar a mínima parte da
alimentação e está a mais. No grande banquete da natureza, não existe talher disponível para ele,
a natureza diz para ele ir embora e não tardará para executar esta ordem salvo se recorrer a
compaixão de alguns convivas do banquete. Se estes convivas se apertam para dar lugar, outros
intrusos se apresentarão reclamando os mesmos favores. A notícia de que existem alimentos
para todos enche a sala de numerosas pessoas. A ordem e a harmonia da festa são perturbadas,
a abundância que reinava anteriormente transforma-se em fome, a alegria dos convivas é
aniquilada pelo espectáculo da miséria e da penúria que reinarão em todas as partes da sala e
pelos clamores inoportunos daqueles que estão furiosos por não encontrarem os alimentos que
lhes tinham prometido.>> (Vilquin, 1980).
Em síntese, antes de Malthus já se pensava que uma população, submetida à influência única do
instinto de reprodução, duplica cada 25, 20, ou 15anos, que a terra era incapaz de produzir uma
quantidade de alimentos suficiente para acompanhar este crescimento populacional, que existem
obstáculos que podem ajustaras populações ao nível de recursos disponíveis. Malthus,
aproveitando todas essas ideias dispersas, é original pela ligação que estabelece entre todas
elas, pela força e precisão com que trata estes temas, pelas análises detalhadas que elabora dos
diversos tipos de obstáculos e por ter explicado as consequências do princípio da população.
A tese de Malthus introduziu uma nova perspectiva. Segundo ele, o equilíbrio entre crescimento
demográfico e os recursos alimentares depende principalmente de comportamentos individuais,
que assegurem o auto-controlo da descendência, através da castidade e do casamento tardio.
Assim e neste contexto, é justo reconhecer a importância de Malthus, não só em ter chamado a
atenção para a importância da população no funcionamento da sociedade, como por ter dado um
contributo decisivo à consolidação de uma ciência da população.
Neste sentido, é mister afirmar que a Demografia surgiu e foi ganhando consistência a partir dos
estudos de Thomas Robert Malthus, que denunciou o aumento constante da população muito
acima da produção de alimentos. Hoje em dia, o pensamento de Malthus continua rico, variado e
polémico, mas que existe explicitamente uma clara atitude científica em relação à população,
constituindo um mérito que todos temos de lhe reconhecer, concordemos ou não com as suas
ideias.
Em 1798 Thomas Robert Malthus, pelo impacto da sua obra " Ensaios sobre a População" foi
considerado "pai da Demografia moderna" pelo facto de, entre outras coisas, advertir
oportunamente a tendência constante do crescimento da população humana superior ao da
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produção de alimentos, e de informar, naquela altura, sobre os distintos factores que influíam
sobre este crescimento. Suas predições alarmistas deram-lhe e dão-lhe ainda fama e
reconhecimento nos dias que passam, não obstante ao facto da história considerar o historiador,
sociólogo, demógrafo e humanista Ibn Jaldún (1332-1406) - o pai da Demografia clássica, por
ter sido, na época em que viveu, o primeiro a utilizar os dados estatísticos nos seus estudos para
representá-los e obter dados mais representativos.
É de realçar que apesar da existência de estudos sobre a população, muitos centrados em países
europeus, é apenas na segunda metade do século XX que a Demografia passou a ocupar espaço
na mídia e se tornou uma preocupação mundial com a criação de organismos internacionais no
seio da Organização das Nações Unidas, como a Divisão de População e o Fundo de População
das Nações Unidas FNUAP.
A palavra demografia, etimologicamente, tem a sua origem nas palavras gregas DHOMOV (Povo)
e GRAFEIN (Descrever) e significa “ ciência da População. Portanto refere-se à descrição de
populações concretas, ou seja, é o estudo da população humana.
Landry, em 1945, na sua obra "Tratado de Demografia", considera dois tipos de Demografia: a
Demografia quantitativa - que estuda os movimentos que se produzem numa população,
acompanhado dos resultados desses movimentos; a Demografia qualitativa - que se ocupa das
qualidades dos seres humanos, esforçando-se, no entanto, por submetê-los à medida.
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1 - Em 1959, Hauser e Duncan apresentaram no texto “Demografia como Ciência” a seguinte
definição: “Demografia é o estudo do tamanho, da distribuição territorial e da composição da
população, das mudanças e dos componentes de tais mudanças; estes últimos podem ser
identificados como natalidade, mortalidade, movimentos territoriais e mobilidade social”.
Para os autores a composição populacional vai além da simples relação entre as variáveis
puramente Demográficas e incorporaram variáveis que aproximam da ideia de qualidade de vida
como saúde e nível de qualificação, por exemplo;
3 - Na óptica de Sauvy, existem igualmente duas definições de demografia: "a Demografia Pura
ou Análise Demográfica, que é uma contabilidade de homens e a Demografia alargada, que
estuda os homens nas suas atitudes, comportamentos e que se preocupa com as causas e as
consequências dos fenómenos. Entende que a Demografia Pura pertence ao grupo de ciências
exactas enquanto que a Demografia Alargada pertence ao grupo das ciências sociais (Sauvy,
1976);
6 - Louis Henry, em seu livro Demografia Análise e Modelos, diz que, tendo em conta a definição
das Nações Unidas, não pode existir Demografia sem números. Sob este ponto de vista, estudos
envolvendo componentes da dinâmica Demográfica mas tratando-os sem a utilização de números
não poderiam ser considerados do campo da Demografia. Desta forma podemos separar a
Demografia, ou análise Demográfica, dos estudos populacionais. Este último irá incorporar, às
variáveis Demográficas, as dimensões externas “para dar conta das análises dos chamados
determinantes e consequências das tendências populacionais” (Patarra-1980);
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que diz respeito à sua dimensão, estrutura, evolução e características gerais, analisadas
principalmente do ponto de vista quantitativo" (Henry, 1981);
11 - Segundo o Dicionário Multilingue das Nações Unidas, “A Demografia é uma ciência cujo
fim é o estudo da população humana e que se ocupa da sua dimensão, estrutura, evolução e
características gerais, consideradas principalmente desde o ponto de vista quantitativo”. Por esta
definição, a Demografia teria um campo de investigação quase ilimitado, mas com forte carácter
quantitativo;
12 - Vinuesa, retoma a linha de definições exaustivas ao afirmar que a demografia tem como
objecto o estudo da população, entendendo por população "um conjunto de indivíduos que têm
uma dimensão temporal e que ocupam um determinado espaço; a dimensão temporal implica
uma dinâmica própria que resulta da capacidade que o homem tem de sobreviver, de se
reproduzir e de agrupar; a dimensão espacial é um elemento fundamental para compreender a
evolução das estruturas sociais, económicas, urbanas" (Vinuesa, 1994);
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14 - Lassonde, formula o objecto de estudo da Demografia em termos completamente originais:
"A problemática da Demografia tem de ser completamente reformulada; já não se trata de
precisar com exactidão o impacto da evolução da população nos recursos, mas de reflectir sobre
as consequências éticas de um mundo povoado com quase dez milhares de milhão de
habitantes" (Lassonde, 1996);
Em face do exposto, verificamos sem dificuldades que, neste conjunto de definições, com uma
maior ou menor variação formal, existem muitos elementos convergentes, Numa óptica restrita é
inequívoca a sua área de trabalho: a Demografia tem por objecto de estudo o estudo científico da
população. Mas como clarificar com objectividade o que se entende por um "estudo científico da
população"? Em nosso entender, uma definição aprofundada de Demografia comporta cinco
elementos fundamentais:
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modifica estruturalmente a população ou em que medida uma mudança estrutural da
população se reflecte na modificação da evolução da natalidade;
V. finalmente, em quinto lugar, a Demografia também se preocupa com questões
relacionadas com as determinantes dos comportamentos demográficos e com as suas
consequências da evolução do estado da população.
Em resumo, a Demografia pode ser entendida não como uma ciência autónoma, mas como um
campo de estudo onde os determinantes da dinâmica Demográfica são observados sob diversos
aspectos e onde são analisadas as suas interacções e relações com outras áreas de estudos e
campos científicos.
Enfatizando a definição dada pelo CELADE, distingue-se três tipos de Demografia: a Demografia
quantitativa, Demografia qualitativa e a Demografia compreensiva.
Por exemplo: Aqui a Demografia procura saber elementos como o nível da qualidade de vida da
população, o IDH, as causas das variáveis Demográficas, o nível educacional da população, etc.
Demografia compreensiva – é a que intervém quer a montante quer a jusante da investigação
Demográfica, seja através de abordagens exploratórias ou seja enquanto complemento dos
resultados quantitativos e principalmente como contributo ao mesmo tempo reflexivo e
interpretativo. Ao mesmo tempo, esta Demografia aprofunda e prolonga a Demografia quantitativa
tradicional, introduzindo novos temas e novas questões, como sejam, as relações de género e a
sexualidade.
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Por exemplo: A Demografia procura compreender mais a fundo sobre os fenómenos
Demográficos.
Como se pode ver, estas definições assinalam claramente a área temática da Demografia e a
distinguem de outras ciências sociais, cujo objecto de estudo é também a população humana.
Nestas definições, vê-se que a Demografia procura estabelecer as relações intrínsecas existentes
entre os componentes da dinâmica da população, nomeadamente a Fecundidade, a Mortalidade e
a Migração e encontrar os factores que as determinam e as consequências sociais, culturais,
biológicas, económicas e outras que resultam do comportamento destas mesmas variáveis.
Porém, a Demografia possui quatro abordagens diferentes que variam de acordo com o foco de
estudo:
1) A abordagem histórica que tem por objectivo estudar a evolução dos acontecimentos
Demográficos ao longo do tempo, pesquisando suas causas e tentando prever as
consequências;
2) A abordagem doutrinária que se ocupa da análise da teoria através dos estudos das
ideias e obras de filósofos, pensadores e pregadores no tocante à população;
3) A abordagem analítica, que por sua precisão matemática é a mais importante
tecnicamente, pelo facto de fornecer dados indispensáveis sobre determinados
acontecimentos; e, por fim,
4) A abordagem política, que apoiada em todas as outras abordagens, tenta formular
políticas Demográficas adequadas ao bem-estar da sociedade.
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movimentos migratórios, todos estes influenciados por diversos factores como educação,
saneamento, e etc.
A população é o elemento político essencial, uma vez que não pode existir um Estado
despovoado;
A população dá cunho específico a configuração de uma sociedade, conforme seja:
Mais jovem ou mais idosa;
Crescente ou decrescente;
Predominantemente rural ou urbana;
Mais rica ou mais pobre;
Formada por uma ou mais etnias;
Formada por uma ou várias línguas;
Formada por uma ou várias religiões
Consequentemente, todas as questões pertinentes a seus múltiplos aspectos (número,
flutuações, composição segundo vários critérios, distribuição territorial, movimentos
migratórios etc.) tanto actuais quanto futuros, são fundamentais para a perfeita compreensão
de um país e como base do planeamento económico, político, social ou cultural.
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Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
diplomatas que estão temporariamente ausentes, são habitantes do país de origem ou do país
onde estão em serviço? Estudantes que se mudam para a cidade onde fazem o curso, mas que
voltam para casa nos finais de semana e férias, são habitantes de que cidade? De acordo com a
condição da pessoa no domicílio, há duas formas de definir população.
População presente: inclui todas as pessoas que estão, de facto, presentes no domicílio de uma
certa unidade geográfica. Todas as pessoas presentes, na data de referência do levantamento de
dados, são consideradas, independentemente de ser morador ou não no domicílio, incluindo
visitantes e turistas.
População residente: inclui todas as pessoas que pertencem a uma certa unidade geográfica,
por cidadania ou por outro motivo que lhes dá o direito de serem moradores do domicílio.
Considera todos os residentes, estando presentes ou não no domicílio, na data de referência do
levantamento de dados.
- Emigração e Imigração;
- Mortalidade e Natalidade;
- Distribuição da população por idade e sexo e por outros critérios (estado civil, pertença étnica,
religião, educação, nacionalidade, emprego e desemprego etc.).
As variáveis demográficas não são estranhas à determinação das normas (...). É bem evidente
(...) que as necessidades de uma colectividade dependem da sua composição por idade bem
como do nível de fecundidade e mortalidade. Também os bens e serviços consumidos pelas
famílias dependem das características demográficas dessas famílias (dimensão e composição).
Enfim, certas necessidades individuais de nutrição estão igualmente ligadas à fecundidade e à
mortalidade. Mas, sobretudo, cada categoria média a partir da qual o especialista determina uma
norma de consumo é, na maior parte das vezes, definida em função de características
demográficas: crianças, adultos, pessoas idosas, trabalhadores, mulheres grávidas, jovens
casais, doentes, estrangeiros, famílias, aldeias, etc. Daí uma colaboração evidente e necessária
entre os diversos cientistas e os demógrafos, sendo estes últimos os únicos em condições de
quantificar as unidades em cada categoria e de permitir assim passar das necessidades
individuais médias às necessidades de conjunto, quer dizer à produção global indispensável à
satisfação de necessidades.
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Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
Ao referir-se à demografia, Alain Girard observava igualmente que "a demografia, como qualquer
outra ciência, não se propõe apenas descrever os fenómenos. A estatística é um instrumento de
que se serve para tentar explicá-los, quer dizer determinar as causas e apreciar as
consequências". E logo a seguir acrescentava: "Os fenómenos demográficos não são
independentes do meio no qual se produzem. Desde logo, o demógrafo é obrigado a investigar as
relações que podem existir entre as suas variações e os diversos factores susceptíveis de exercer
uma influência sobre elas, factores de ordem médica, intelectual, moral, religiosas, política,
económica (...). A demografia quantitativa interessa-se pela distribuição de certas características
no seio das populações (...) etc. Do mesmo modo, a situação demográfica de um país tem
repercussões profundas nos mais diversos domínios. O poder político ou militar, a atmosfera
moral, o dinamismo de um povo e, em primeiríssimo lugar, o bem-estar dos habitantes e o
desenvolvimento económico, não são independentes do número de homens, do crescimento mais
ou menos rápido da população.
A Demografia é hoje uma ciência com estatuto próprio. A sua utilização nas outras Ciências
Sociais, especialmente a Economia pelos economistas da população, é cada vez mais frequente
e de grande importância, tanto mais que os países industrializados já dispõem de dados
abundantes e de qualidade que permitem elaborar perspectivas de longo prazo. É da qualidade
dos registos de estado civil que depende a exactidão das taxas calculadas em Demografia. Na
maioria dos estados europeus a quase totalidade dos nascimentos, casamentos e falecimentos
começou a ser registados no início do século XIX. A situação é porém diferente no "Terceiro
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Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
Mundo" onde se assiste mesmo, por vezes, a uma deterioração dos registos já existentes. As
comparações internacionais são prejudicadas pela pouca fiabilidade das estatísticas referentes a
muitos dos países menos desenvolvidos da América Latina, da Ásia e da África.
Em quase toda a parte os acontecimentos de estado civil são muito melhor declarados nas
cidades, onde a população compreende as vantagens que deles pode tirar (escolas, hospitais).
Seria excessivo, no entanto, pretender que os melhoramentos nesse capítulo vão a par com o
progresso da instrução e da modernização. No fim do século passado o grau de desenvolvimento
da Suécia rural era fraco e, todavia, todos os factos de estado civil eram aí consignados.
No longo prazo (digamos 50 anos por exemplo), trabalha-se em geral mais com
projecções do que com previsões. As primeiras, ainda que muito úteis, não têm o rigor das
segundas. Relembram-se as indicações de Léon Tabah nessa matéria: o termo previsão deve
ser reservado para os cálculos sobre o futuro pouco aleatório; a expressão projecção
demográfica diz respeito aos cálculos de tipo condicional sobre um futuro incerto; finalmente o
termo perspectiva demográfica cobre o conjunto.
O sistema oficial de informação mais corrente, observa Jean-Claude Chesnais, repousa sobre a
combinação de dados do recenseamento e do estado civil, aos quais se acrescentam os
inquéritos demográficos por sondagens e os registos da população.
Para além do campo de estudo da população, propriamente dito, há diversas áreas do saber que
compartilham as preocupações da ciência demográfica, podendo-se citar as seguintes:
1. Ecologia humana;
2. Geografia da população;
3. Estudos actuariais;
4. Epidemiologia;
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Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
5. Biometria;
6. Genética da população.
A demografia continuará a ser uma disciplina devido a sua abordagem; a sua exigência de que as
conclusões serão de acordo com dados observáveis e verificáveis no mundo real, que estes
dados sejam utilizados com maior astúcia possível para obter o seu significado real e que o
estudo deve ser representativo de populações (de tamanho) consideráveis ou significativas e
definíveis.
Podemos distinguir duas dimensões da demografia: a "demografia pura" (ou mais precisamente a
análise demográfica) e a demografia geral. A primeira é, antes de mais, um exercício técnico,
uma aplicação da estatística às populações humanas. A segunda interessa-se pelas causas que
produziram os fenómenos estudados e pelas suas consequências possíveis, analisando
igualmente as estruturas biológicas, socio-económicas, culturais e étnicas das populações,
procedendo ao estudo da repartição por sexos, idade, profissão, habitat, nível de instrução,
nacionalidade, etnia, etc.
A Demografia é das ciências sociais que mais explora a informação disponível. Para que os
demógrafos possam com propriedade descrever e analisar o comportamento das principais
variáveis demográficas: fecundidade, mortalidade e migração, bem como a estruturara e a
dinâmica da população de uma determinada região ou país, foram desenvolvidas técnicas e
artifícios de diversa natureza e foi feito um esforço muito grande no sentido de se mobilizar
recursos tendentes à melhoria dos sistemas de recolha de informações sócio - demográficas em
quase todos os países do mundo.
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Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
As principais fontes de dados demográficos são: os Censos Nacionais, o Registo Civil e as
Pesquisas de âmbito nacional (Inquéritos Demográficos), que proporcionam material de base para
investigar as causas e as consequências da alteração dos índices da população. A variação vem
determinada pelo número de nascimentos, falecimentos, imigrantes e emigrantes registados ao
longo de um determinado período de tempo. Estes factores de mudança são representados como
percentagens da população total para calcular por comparação o índice de natalidade, de
mortalidade, de imigração e de crescimento da população.
Devido à multiplicidade de critérios na definição de um censo, não é fácil afirmar com certeza,
quando o 1º censo foi realizado. Confúcio menciona em censo executado na China, durante o
reinado do rei Yaó, no ano de 2238 a.C.
Há também os censos da Bíblia. Estão relatados censos do povo de Israel realizados por Moisés
em Números (dois censos) e por Davi em II Samuel. Em Lucas, é mencionado um decreto do
imperador romano convocando toda a população do império para recensear-se, cada um em sua
própria cidade. Por isso José saiu de Nazaré com Maria, sua esposa, que estava grávida e foi
para Belém onde Jesus nasceu.
Desde 1980, não existe um país que nunca realizou um censo, embora alguns como o
Afeganistão e a Etiópia tivessem, somente uma experiência deste tipo; e em outros países como
Angola, Butão, Camboja e Coreia do Norte, a informação estava bastante desactualizada
(Hakkert,1996).
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Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
Muito antes da era cristã, os impérios do Egipto, da Babilónia, da China e Romano já executavam
contagens periódicas das suas populações, com finalidades militares e fiscais. Nestes censos
antigos, só eram enumerados os chefes de famílias, proprietários de terras ou homens sujeitos ao
alistamento militar. O censo romano, por exemplo, foi realizado de cinco em cinco anos, durante
quase oito séculos.
Censos Administrativos: que consistem no agrupamento das pessoas de cada bairro ou aldeia
por família e seu registo num livro próprio actualizável periodicamente para se conhecer a
população que não cumpre com as formalidades legais por ex. o pagamento de impostos ou
outras contribuições;
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Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
Censos Eleitorais: destinados à inscrição da população em idade de votar na altura da
realização de pleitos eleitorais.
Um Censo pode ser designado de Facto, quando tem em conta o local onde se encontra o
individuo na altura da realização do Censo e de Direito quando considera o local onde o
individuo reside habitualmente. Existem países que combinam os dois critérios.
- Consulta a todos os sectores da actividade económica e social do país para a determinação das
suas necessidades,
- Preparação dos recenseadores (um recenseador deverá apenas por regra inquirir 300-400
habitantes).
A base da análise que é feita sobre estes fenómenos, radica, sem dúvidas, nos dados produzidos
pelos sistemáticos registos destas ocorrências. Deste modo, um registo pode ser entendido
como um ininterrupto e sistemático apontamento ou medição dos mais variados fenómenos,
processos e factos que marcam o desenvolvimento social, em que cada elemento ou unidade
deve ser necessariamente registado porque se pressupõe que possui característica quantitativa.
Em suma, um registo administrativo não é mais do que um processo de recolha de dados que um
organismo ou empresa organiza para si próprio. Esta informação para ser utilizada para fins
estatísticos tem que ser tratada adequadamente.
Registo Civil ( ⃰ );
Registo de Contribuintes;
Registo de consumidores privados de energia eléctrica;
Registo de consumidores privados de água;
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(Simão Muhepe, MSc)
Registo de consumidores privados de telefonia;
Registo predial;
Registo de automóveis;
Matrículas escolares,
Registo de Serviços de Emigração e Fronteiras;
Registos de dos efectivos militares desmobilizados;
Registo de doentes por tipos de enfermidades;
Registo de velhos da 3ª idade;
Registo de empresas etc. etc.
( ⃰ ) Os mais relevantes para fins demográficos são os Registos Civis, também chamados de
Sistema de Estatísticas Vitais.
É o termo jurídico que designa o assentamento dos factos da vida de um indivíduo (factos vitais),
tais como o seu nascimento, casamento, divórcio ou morte (óbito). Também são passíveis de
registo civil as interdições, as tutelas, as adopções, os pactos pré-nupciais, o exercício do poder
familiar, a opção de nacionalidade, os testamentos entre outros factos que afectam directamente
a relação jurídica entre diferentes cidadãos.
A primeira vez que se institui o registo universal dos baptismos e das mortes (sepulturas) foi em
1539 com a Ordenança de Villers-Cotterêts no Reino da França. Somente com o fim do Concílio
de Trento, em 1563, é que a obrigatoriedade do registo de baptismos, matrimónios e mortes de
todos os indivíduos é estendida à totalidade do mundo católico.
Finalmente, no início do século XIX o Registo civil como é conhecido hoje, ou seja, universal e
laico foi criado com o advento do Código Napoleónico de 1804.Todos os territórios sob o jugo de
Napoleão Bonaparte foram obrigados a adoptar o novo código, o que afectou sensivelmente o
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Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
poder da Igreja Católica. Pode-se considerar que o Código Napoleónico tenha sido o maior legado
de Napoleão à Humanidade, pois directa ou indirectamente e mesmo no Oriente todos os países
do mundo sofreram a sua influência em maior ou menor grau, o que se evidencia nos seus
sistemas legais.
Em suma, os registos civis, são registos oficiais sobre os principais acontecimentos vitais que
ocorrem numa determinada população, tais como:
Nascimentos,
Mortes,
Matrimónios
Divórcios
Adopções etc.
Antigamente, tal como já se fez referência, estes factos ou acontecimentos, eram certificados
pelos organismos eclesiásticos. Hoje em dia, estes factos são registados por organismos
governamentais, normalmente chamados Registos Civis.
Um Registo Civil consiste na inscrição legal e compulsiva, com carácter contínuo e permanente,
dos acontecimentos vitais. Tem carácter compulsivo pelo facto de, aqueles que dele se furtarem
serem passíveis de sanção legal, porque não serão contabilizados e, como consequência não
poderão ter acesso aos serviços básicos. Neste sentido, o registo civil tem duas finalidades:
A finalidade estatística foi incorporada ao registo civil, apenas no século. XX, para:
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Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
Segundo as Nações Unidas, o Sistema de Estatísticas Vitais, ou Registo Civil, deve compreender:
O registo civil on-line veio tornar a vida das pessoas mais simples. Através da utilização deste site
vai passar a ser mais simples praticar actos de registo civil. É eliminada a necessidade de
deslocações às conservatórias e permite-se que as pessoas possam praticar actos de registo civil
de forma mais cómoda, mais simples e mais rápida. O primeiro serviço disponível no registo civil
on-line é a possibilidade de dar início ao processo de casamento (civil, católico e religioso) a partir
de casa ou de qualquer outro local com acesso à Internet, sem necessidade de se deslocar à
conservatória.
Por exemplo: Um estudo feito em Angola para fazer o levantamento de pessoas infectadas por
alguma epidemia.
O inquérito em geral se aplica apenas a uma parte da população, designada Amostra. Hoje em
dia, os inquéritos estão a ganhar terreno como forma mais rápida e eficiente para a obtenção de
dados necessários para uma investigação concreta.
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Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
pode incidir sobre opiniões ou informação factual, dependendo do seu objectivo, mas todos os
inquéritos envolvem a ministração de perguntas a indivíduos.
Quando as questões são administradas pelo respondente, o inquérito é referido por questionário
ou um inquérito auto-administrado.
Métodos de inquérito:
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Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
Para se estudar a população utilizam-se indicadores ou variáveis como, taxa de natalidade, a taxa
de fecundidade, o índice sintético de fecundidade e a taxa de mortalidade. Neste sentido, para os
demógrafos consideram, que para se analisar com rigor uma população não podemos utilizar
apenas a taxa de natalidade, a qual se limita a relacionar os nascimentos com a população.
1.5.1 - Natalidade: A maior parte da população, em virtude da sua faixa etária não está em fase
de procriação. Porém, é preferível usar a taxa de fecundidade em que apenas se consideram as
femininas com idade entre os 15-49 anos, ou seja em idade de procriar. Para além da taxa de
natalidade e da taxa de fecundidade usa-se também o índice sintético de fecundidade.
O estudo da natalidade assenta no cálculo de várias taxas que permite exprimir certos aspectos
essenciais do fenómeno. Essas taxas tornam possível mostrar diferenças regionais e apreciar a
evolução com o tempo. Geralmente só se consideram Nados-vivos, pois apenas em situações
específicas é que se entra em linha de conta com os Nados-mortos.
Claro que, a natalidade é número de crianças que nascem ou de Nados-vivos ocorridos num
determinado período, geralmente em um ano, numa dada região ou País. A análise da natalidade
efectua-se através da taxa bruta da natalidade. Esta é o número de Nados-vivos ocorridos
durante um ano, por cada 1000 habitantes de um dado território.
As taxas de natalidade mais elevadas, superior a 28% dizem respeito a muitos países de África,
Ásia, América central, Paraguai, América do sul, Papua-Nova Guiné (Oceânia). Ao passo que as
taxas mais baixas, inferiores as 12% registam-se na Europa, Rússia, Japão e Canadá.
Numa população com estrutura normal a taxa de natalidade não pode ultrapassar um certo limite
superior, que corresponde ao máximo fisiológico para a espécie humana. Este limite é difícil de
determinar, mas admite-se que se situa a volta de 55%. Neste caso, cada mulher terá uma
descendência média de 5 a 8 filhos.
A natalidade depende de numerosos factores, na maior parte relacionados entre si e por isso
difíceis de destrinçar. De uma maneira podem-se sistematizar da seguinte forma: factores
demográficos, sociais e económicos, religiosos e doutrinais, factores políticos.
A nupcialidade se refere o matrimónio como um fenómeno da população, incluindo sua
quantificação, as características das pessoas unidas em matrimónio e a dissolução dessa união,
mediante o divórcio, a separação, a viuvez. A nupcialidade é também importante. O número de
casamentos que condiciona a natalidade na medida em que a ilegitimidade das uniões tende a
restringir o número de filhos nascidos dela. Por outro lado, a idade com que a mulher casa é
decisiva, pois quanto mais nova, maior será a probabilidade de ter muitos filhos.
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Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
Todos esses factores se conjugam para que as taxas de natalidade sejam diferentes nos vários
países ou território.
1.5.2 - Mortalidade: O estudo da mortalidade faz-se identicamente com base em várias taxas que
permite pôr em evidencias certos aspectos do fenómeno. Essas taxas tornam possível
estabelecer diferenças regionais e apreciar a evolução com o tempo.
Mortalidade infantil é o número de mortos de crianças menores de um ano de idade numa
determinada área geográfica. A taxa de mortalidade infantil é o número de óbitos de crianças com
idade inferior a um ano, por cada mil Nados-vivos, num certo período de tempo geralmente um
ano, em dado território.
A taxa de mortalidade exprime o número de óbitos por 1000 habitantes durante um ano isto
Muitas crianças morrem antes de atingir o seu primeiro ano de vida, frequentemente nos dias e
semanas que se seguem ao seu nascimento. De um modo geral, a taxa de mortalidade infantil
tem decrescido em todo o mundo, logo, registam-se valores muitos elevados em determinadas
regiões do mundo. As mais altas, superiores a 16% encontram-se em muitas regiões africanas e
em algumas da Ásia, que se denominam a expressão, regiões em via de desenvolvimento. As
taxas de mortalidade infantil mais baixas, inferiores a 10% registam-se nos países desenvolvidos.
África subsariana é assim a região do mundo onde a taxa de mortalidade infantil é a mais
elevada.
A taxa de mortalidade varia com sexo: Porém, a mortalidade masculina é quase sempre maior do
que a mortalidade feminina, tanto no total da população, como por grupos etários. Este facto
resulta de vários factores. Um deles é a menor resistência dos homens a certas doenças. Outro é
a vida mais activa e portanto de maior desgaste. O alcoolismo, o fumo e outros vícios contribuem
para abreviar a vida dos homens. A pesar de nascerem normalmente mais rapazes que raparigas,
em médias 100 para 105, a mortalidade mais elevada dos primeiros tem por consequência um
predomínio das segundas, que vai aumentando com a idade. Esta diferença da mortalidade com o
sexo já se verifica mesmo que no ventre da mãe, pois nos Nados-mortos predominam os do sexo
masculino.
A taxa Bruta de Mortalidade expressa a intensidade com a qual a mortalidade actua sobre uma
determinada população. A taxa bruta de mortalidade é influenciada pela estrutura da população
quanto à idade e ao sexo, Taxas elevadas podem estar associadas as baixas condições
socioeconómicas ou reflectir elevada proporção de pessoas idosas na população total.
Elas permitem a comparação temporal e entre regiões.
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Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
1.5.3 - Migrações: São caracterizadas como processos de entrada e saída de uma população
numa determinada região ou país, durante um certo período de tempo, normalmente um ano. Há
que afirmar que as migrações classificam-se em Imigrações que são movimentos de entrada
para uma determinada região (destino) e Emigrações que são movimentos de saída nas
localidades de origem (origem).
a) - Raça
Do ponto de vista antropológico, a palavra “raça” indica uma categoria de indivíduos que
apresentam características somáticas comuns, presumidas hereditárias.
Devido à mistura de raças que se vem verificando na sociedade humana (aparição de raças
mistas), a tipificação somática foi perdendo o seu significado real, perante a tipificação
socioeconómica e cultural. Deste modo, a definição de raça passou a ser a “ auto-qualificação”
feita pelos entrevistados, tal como acontece nos censos dos Estados Unidos da América.
O conceito de raças humanas foi usado pelos regimes coloniais e pelo apartheid (na África do
Sul), para perpetuar a submissão dos colonizados; actualmente, só nos Estados Unidos se usa
uma classificação da sua população em raças, alegadamente para proteger os direitos das
minorias.
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Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
A definição de raças humanas é principalmente uma classificação de ordem social, onde a cor da
pele e origem social ganham, graças a uma cultura racista, sentidos, valores e significados
distintos. As diferenças mais comuns referem-se à cor de pele, tipo de cabelo, conformação facial
e craniana, ancestralidade e, em algumas culturas, genética. O conceito de raça humana não se
confunde com o de subespécie e com o de variedade, aplicados a outros seres vivos que não o
homem.
Pelo seu carácter controverso (seu impacto na identidade social e política), o conceito de raça é
questionado por alguns estudiosos como fonte de conflitos sociais; entre os biólogos, é um
conceito com certo descrédito por não se conformar a normas taxonómicas aceitáveis.
Algumas vezes utiliza-se o termo raça para identificar um grupo cultural ou etnolinguístico, sem
quaisquer relações com um padrão biológico. Nesse caso pode-se preferir o uso de termos como
população, etnia, ou mesmo cultura.
A primeira classificação dos homens em raças foi a “Nouvelle division de la terre par les différents
espèces ou races qui l'habitent” ("Nova divisão da terra pelas diferentes espécies ou raças que a
habitam") de François Bernier, publicada em 1684. No século XIX, vários naturalistas publicaram
estudos sobre as “raças humanas”, como Georges Cuvier, James Cowles Pritchard, Louis
Agassiz, Charles Pickering e Johann Friedrich Blumenbach. Nessa época, as “raças humanas”
distinguiam-se pela cor da pele, tipo facial (principalmente a forma dos lábios, olhos e nariz), perfil
craniano e textura e cor do cabelo, mas considerava-se também que essas diferenças reflectiam
diferenças no conceito de moral e na inteligência, pois uma caixa cranial maior e/ou mais alta
representava um cérebro maior, mais alto e por consequência maior quantidade de células
cerebrais).
A necessidade de descrever os “outros” advém do contacto social entre indivíduos e entre grupos
diferentes. No entanto, a classificação de grupos traz sempre consequências negativas,
principalmente pelo facto dos termos empregues poderem ser considerados pejorativos pelos
grupos visados (ver, por exemplo ameríndio e hotentote). Tradicionalmente, os seres humanos
foram divididos em três ou cinco grandes grupos de linhagem (dependendo de interpretação),
mas a denominação de cada um – pelo motivo indicado – tem variado ao longo do tempo:
Australóide: sul da Índia (drávidas), negritos das Ilhas Andaman (Oceano Índico), negritos
das Filipinas, aborígenes de Papua-Nova Guiné, aborígenes da Austrália e povos melanésios
da Oceania.
Capóide: tribos Khoisan (extremo sul do continente africano).
Obs. Apesar de poderem ser considerados como dois grupos distintos de linhagem humana,
australóides e capóides também podem ser considerados como negróides, de acordo com essa
mesma classificação tradicional.
Como qualquer classificação, esta é imperfeita e, por isso, ao longo do tempo, foram sendo
usados outros termos, principalmente para grupos cujas características não se ajustavam aos
grupos “definidos”, como é o caso dos pardos para indicar os indígenas do sub-continente
indiano, entre outros. De notar que, a par desta classificação baseada em características físicas,
houve sempre outras, mais relacionadas com a cultura, principalmente a religião dos “outros”,
como os mouros ou “infiéis”, como os europeus denominavam os muçulmanos, ou os judeus.
Análises genéticas recentes permitem que a evolução e migrações humanas sejam representadas
duma forma cladística. Estes estudos indicam que, como pensam os que defendem a teoria da
origem única, a África foi o berço da humanidade, outros defendem a teoria da origem
multiregional. Verificou-se que os aborígenes australianos foram originados num grupo que se
isolou dos restantes há muito tempo e que todos os outros grupos, incluindo “europeus”,
“asiáticos” e “nativos americanos” perfazem um único grupo monofilético resultante das migrações
para fora do continente africano e que poderia dividir-se no equivalente aos oeste e leste “euro-
asiáticos”, reconhecendo sempre haver muitos grupos intermédios.
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Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
restrito, baseiam-se em traços visíveis, tais como cor da pele, conformação do crânio e do rosto e
tipo de cabelo, bem como a auto-identificação.
Em meados dos anos 1950, a UNESCO recomendou que o conceito de "raça humana", não-
científico e que levava à confusão, fosse substituído por grupos étnicos, o qual insiste fortemente
nas dimensões culturais dentro da população humana (língua, religião, costumes, hábitos etc.).
Todavia, as tentativas racistas persistem, como bem o demonstram os recentes debates sobre a
publicação de "The Bell Curve" (1994), de Richard Herrnstein e Charles Murray, que afirmam ter
estabelecido uma correlação científica entre "raça" (no caso, negros e brancos) e inteligência.
A palavra "raça" não deve ser utilizada para dizer que existe diversidade humana. A palavra
"raça" não tem base científica. Ela foi usada para exagerar os efeitos das diferenças aparentes,
ou seja, físicas. Não se pode basear nas diferenças físicas: a cor da pele, o tamanho, os traços do
rosto para dividir a humanidade de maneira hierárquica, ou seja, considerando que existem
homens superiores em relação a outros homens, que seriam postos em uma classe inferior.
b) Grupo étnico
i) Conceito: Etnia ou grupo étnico, traduz ou indica um agrupamento natural de indivíduos com
certas afinidades somáticas, linguísticas e culturais.
Uma etnia ou um grupo étnico é, no sentido mais amplo, uma comunidade humana definida por
afinidades linguísticas e culturais e semelhanças genéticas. Estas comunidades geralmente
reivindicam para si uma estrutura social, política e um território.
A palavra etnia é usada muitas vezes erroneamente como um eufemismo para raça, ou como um
sinónimo para grupo minoritário.
Embora não possam ser considerados como iguais, o conceito de raça é associado ao de etnia. A
diferença reside no facto de que etnia também compreende os factores culturais, como a
nacionalidade, a afiliação tribal, a Religião, a língua e as tradições, enquanto raça compreende
apenas os factores morfológicos, como cor de pele, constituição física, estatura, traço facial, etc.
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Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
Etimologicamente, a palavra "etnia" é derivada do grego ethnos, significando "povo". Esse termo
era tipicamente utilizado para se referir a povos não-gregos, então também tinha conotação de
"estrangeiro". No posterior uso Católico - Romano, havia a conotação adicional de "gentio".
Um grupo étnico é um grupo de pessoas que se identificam umas com as outras, ou são
identificadas como tal por terceiros, com base em semelhanças culturais ou biológicas, ou ambas,
reais ou presumidas.
Os grupos étnicos às vezes são sujeitos às atitudes e às acções preconceituosas por parte do
Estado ou por seus membros. No século XX, os povos começaram a discutir que conflitos entre
grupos étnicos ou entre membros de um grupo étnico e o estado podem e devem ser resolvidos
de duas maneiras. Alguns, como Jürgen Habermas e Bruce Barry, discutiram que a legitimidade
de estados modernos deve ser baseada em uma noção de direitos políticos para sujeitos
individuais autónomos. De acordo com este ponto de vista o estado não pode reconhecer a
identidade étnica, nacional ou racial e deve preferivelmente reforçar a igualdade política e legal de
todos os indivíduos. Outros, como Charles Taylor e William Kymlicka argumentam que a noção do
indivíduo autónomo é ela própria um construto cultural, e que não é nem possível nem correcto
tratar povos como indivíduos autónomos. De acordo com esta opinião, os estados devem
reconhecer a identidade étnica e desenvolver processos nos quais as necessidades particulares
de grupos étnicos possam ser levadas em conta no contexto de um Estado-nação.
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Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
ii) Factores de Classificação dos grupos étnicos
I. Língua: Tem sido muitas vezes utilizada como factor primário de classificação dos grupos
étnicos, embora sem dúvida não isenta de manipulação política ou erro. É preciso destacar
também que existe grande número de línguas multiétnicas e determinadas etnias são
multilingues.
II. Cultura: A delimitação cultural de um grupo étnico, com respeito aos grupos culturais de
fronteira, se faz dificultosa para o etnólogo, em especial no tocante a grupos humanos
altamente comunicados com seus grupos vizinhos. Elie Kedourie é talvez o autor que mais
tenha aprofundado a análise das diferenças entre etnias e culturas.
Geralmente se percebe que os grupos étnicos compartilham uma origem comum, e exibem uma
continuidade no tempo, apresentam uma noção de história em comum e projectam um futuro
como povo. Isto se alcança através da transmissão de geração em geração de uma linguagem
comum, de valores, tradições e, em vários casos, instituições.
III. Genética: É importante considerar a genética dos grupos étnicos se devemos distingui-los
de um grupo de indivíduos que compartilham unicamente características culturais.
As etnias geralmente se remetem a mitos de fundação que revelam uma noção de parentesco
mais ou menos remoto entre seus membros. A genética actual tende a verificar a existência dessa
relação genética, porém as provas estão sujeitas à discussão.
c) Tribo
O termo tribo tem um alcance mais restrito, que indica, dentro de uma etnia, um grupo
organizado mínimo (comunidade ou aldeia) liderado por um chefe local. Visto historicamente ou
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Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
em evolução, uma tribo consiste de uma formação social antes do desenvolvimento de, ou fora
de, Estados. Muitas pessoas usam o termo para referir-se a sociedades indígenas não ocidentais.
Alguns cientistas usam o termo para referir a sociedades organizadas largamente baseadas em
corporações de grupos de descendentes. Em alguns países, tal como a Índia ou o Brasil, as tribos
têm estatutos legais reconhecidos e uma autonomia limitada pelo estado.
d) Clã
Um clã constitui-se num grupo de pessoas unidas por parentesco e linhagem e que é definido
pela descendência de um ancestral comum. Mesmo se os reais padrões de consanguinidade
forem desconhecidos, não obstante os membros do clã reconhecem um membro fundador ou
ancestral maior.
Como o parentesco baseado em laços pode ser de natureza meramente simbólica, alguns clãs
compartilham um ancestral comum "estipulado", o qual é um símbolo da unidade do clã. Quando
este ancestral não é humano, é referenciado como um totem animal (qualquer objecto, animal
ou planta que seja cultuado como deus ou equivalente por uma sociedade organizada em
torno de um símbolo ou por uma religião, a qual é denominada totemismo. Por definição
religiosa podemos afirmar que é uma etiqueta colectiva tribal, que tem um carácter
religioso. É em relação a ele que as coisas são classificadas em sagradas ou profanas). Em
geral, o parentesco difere da relação biológica, visto que esta também envolve adopção,
casamento e supostos laços genealógicos. Os clãs podem ser descritos mais facilmente como
sub-grupos de tribos e geralmente constituem grupos de 7000 a 10 000 pessoas.
i) Etimologia: Clã é a forma em língua portuguesa da palavra gaélica clann, que significa
"crianças". An Chlann Aoidh, o nome em gaélico escocês para o Clã Mackay, significa
literalmente "As Crianças do Fogo". Do qual Clannad é uma forma estendida da palavra
clann, e que pode ser traduzida por "família".
ii) Classificação: Alguns clãs são patrilineares, significando que seus membros são vinculados
à linhagem masculina; por exemplo, os clãs da Arménia. Outros são patrilineares, seus membros
são vinculados à linhagem feminina. Ainda existem clãs "bilaterais", consistindo de todos os
descendentes do ancestral maior, tanto da linhagem masculina quanto feminina; os clãs da
Escócia são um exemplo. Se um clã é patrilinear, patrilinear ou bilateral, depende das regras e
normas de parentesco que regem a sociedade onde ele se insere.
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Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
Em diferentes culturas e situações, um clã pode significar a mesma coisa que outros grupos
baseados em parentesco, tais como tribos e bandos. Frequentemente, o factor distintivo é que o
clã se constitui na parte menor de uma sociedade maior, tais como uma tribo ou um Estado.
Exemplos incluem clãs irlandeses, escoceses, chineses e japoneses, os quais existem como
grupos de parentesco dentro de suas respectivas nações. Observe-se, todavia, que tribos e
bandos podem também ser componentes de sociedades maiores.
e) Linhagem
Entende-se por linhagem a descendência varonil de uma família nobre, usando o mesmo nome e
armas. Temos, assim, por exemplo, a linhagem dos Vasconcelos, dos Távora, dos Albuquerque,
etc. A cada linhagem corresponde um símbolo Linhagem em genética refere-se ao tipo de raça
que uma espécie originou.
f) Povo
O termo povo, indica geralmente um conjunto de indivíduos unidos por um passado histórico
comum, falando frequentemente a mesma língua.
Do ponto de vista do Direito Constitucional moderno (a partir do século XVIII), o povo é o conjunto
dos cidadãos de um país, ou seja, as pessoas que estão vinculadas a um determinado regime
jurídico, a um Estado. Um povo está normalmente associado a uma nação e pode ser constituído
por diferentes etnias.
Na linguagem vulgar, a palavra povo pode referir-se à população de uma cidade ou região, a uma
comunidade ou a uma família; também é utilizada para designar uma povoação, geralmente
pequena.
i) História: Do ponto de vista histórico, o termo "povo" (do latim "populu", do etrusco "pupluna")
teve acepções bem diferentes. Para os gregos e romanos, o povo, que tinha a capacidade de
decidir sobre os assuntos do Estado, era composto apenas pelos cidadãos com disponibilidade
para isso.
Na Bíblia, o "povo de Deus" referia-se aos Judeus e, a partir do Concílio Ecuménico Vaticano II
passou a referir-se aos crentes da Igreja Cristã.
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Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
Na Idade Média, o povo era o "Terceiro Estado", ou seja, a plebe, sem direitos de estado, e ficou
com esse "estado" até aos nossos dias, considerado como a massa de cidadãos sem capacidade
psicológica para participar na gestão do Estado.
g) Nação: (do latim, "natio") designa um grupo de indivíduos, ou comunidade humana, que
compartilha tradições culturais comuns (onde se inclui a etnia, língua, religião, mentalidade
predominante, educação); diferenciação geográfica, história, e, essencialmente, um sentimento
generalizado nesse grupo de indivíduos que comungam de uma mesma vontade (ou destino),
apesar das diferenças individuais de cada um (diferenças essas que podem incluir muitos dos
factores acima mencionados), o que os leva a defender o seu direito de autodeterminação.
h) Pátria: (do latím "patris", terra paterna) indica a terra natal ou adoptiva de um ser humano, que
se sente ligado por vínculos afectivos, culturais, valores e história. O primeiro registo histórico da
palavra "Pátria" tem a ver com o conceito de país, do italiano paese, por sua vez originário do
latim pagus, aldeia, donde também vem pagão.
Significa o sítio onde se vive, o local, ambiente ou espaço geográfico onde se insere a nossa vida.
Da mesma raiz, temos também a palavra paisagem.
i) Domicílio e Família
Domicílio
O direito romano já delineava de forma clara e precisa de domicílio. Era simplesmente o lugar
onde a pessoa se estabelecia permanentemente.
Domicílio civil é o lugar onde a pessoa natural estabelece residência com ânimo definitivo,
convertendo-o, em regra, em centro principal de seus negócios jurídicos ou de sua actividade
profissional.
Morada é mera relação de facto sem o ânimo de nela permanecer, é lugar onde a pessoa natural
se estabelece provisoriamente.
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Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
Conceito
"Domicílio é a sede jurídica da pessoa onde ela se presume presente para efeitos de direito e
onde exerce ou pratica, habitualmente, seus actos e negócios jurídicos" (Washington de Barros
Monteiro).
Para Orlando Gomes, "domicílio é o lugar onde a pessoa estabelece a sede principal de seus
negócios, o ponto central das ocupações habituais".
Cumpre ressaltar que domicílio e residência podem ou não coincidir. A residência representa o
lugar no qual alguém habita com intenção de ali permanecer, mesmo que dele se ausente
por algum tempo. Já o domicílio, como define Maria Helena Diniz, "é a sede jurídica da
pessoa, onde ela se presume presente para efeitos de direito e onde exerce ou pratica
habitualmente seus actos e negócios jurídicos". A chamada moradia ou habitação nada mais
é do que o local onde o indivíduo permanece acidentalmente, por determinado lapso de
tempo, sem o intuito de ficar (p. ex., quando alguém aluga uma casa para passar as férias).
-Importância do domicílio
É de interesse do próprio Estado que o indivíduo permaneça em determinado local no qual possa
ser encontrado, para que assim seja possível se estabelecer uma fiscalização quanto a suas
obrigações fiscais, políticas, militares e policiais.
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Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
Domicílio do incapaz: é o do seu representante ou assistente;
Domicílio do servidor público: é o lugar em que exerce permanentemente as suas funções;
Domicílio do militar: é o lugar onde serve, e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede
do comando a que se encontra imediatamente subordinado;
Domicílio do marinheiro: é o lugar onde o navio estiver matriculado;
Domicílio do preso: é o lugar em que cumpre a sentença.
O domicílio necessário poderá ser originário ou legal. Será originário quando adquirido ao nascer,
como ocorre com o recém-nascido que adquire o domicílio dos pais. O domicílio legal é aquele
que decorre, como o próprio nome já acusa, de imposição da lei. É o caso dos menores
incapazes, que têm por domicílio o de seus representantes legais. O domicílio do menor
acompanha o domicílio dos pais, sempre que estes mudarem o seu. Ocorrendo impedimento ou a
falta do pai, o domicílio do menor será o da mãe. Se os pais forem divorciados, o menor terá por
domicílio o daquele que detém o pátrio poder.
Quanto ao militar, se em serviço activo, consiste o domicílio no lugar onde estiver servindo. Caso
esteja prestando serviço à Marinha, terá por domicílio a sede da estação naval ou do emprego em
terra que estiver exercendo. Em se tratando da marinha mercante (encarregada do transporte de
mercadorias e passageiros), seus oficiais e tripulantes terão por domicílio o lugar onde estiver
matriculado o navio.
O preso também está sujeito ao domicílio legal, no local onde cumpre a sentença. Se o preso
ainda não tiver sido condenado seu domicílio será o voluntário.
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Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
O termo domicílio, demograficamente refere-se não à estrutura física de uma moradia, mas sim
a um conjunto de pessoas consanguíneas ou não, que formam uma unidade de consumo. Uma
mesma moradia pode abrigar mais do que um domicílio.
Nas sociedades africanas, devido à prática de poligamia, há situações em que um domicílio ocupa
mais do que uma moradia física (uniões polígamas com um mesmo chefe de família).
As pessoas que vivem num mesmo domicílio, são geralmente classificadas em função da sua
relação com o chefe da família, podendo num domicílio existir: o próprio chefe (que pode ser
mulher), cônjuge, filho, pai ou mãe, outro parente e não parente.
- Família
- Conceito de família
O termo “família” é derivado do latim “famulus”, que significa “escravo doméstico”. Este termo foi
criado na Roma Antiga para designar um novo grupo social que surgiu entre as tribos latinas, ao
serem introduzidas à agricultura e também escravidão legalizada.
A família é unidade básica da sociedade formada por indivíduos com ancestrais em comum ou
ligados por laços afectivos.
A família como unidade social, enfrenta uma série de tarefas de desenvolvimento, diferindo a nível
dos parâmetros culturais, mas possuindo as mesmas raízes universais (MINUCHIN,1990).
- Estruturas familiares
A família assume uma estrutura característica. Por estrutura entende-se, “uma forma de
organização ou disposição de um número de componentes que se inter-relacionam de
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Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
maneira específica e recorrente” (WHALEY e WONG, 1989; p. 21). Deste modo, a estrutura
familiar compõe-se de um conjunto de indivíduos com condições e em posições, socialmente
reconhecidas, e com uma interacção regular e recorrente também ela, socialmente aprovada. A
família pode então, assumir uma estrutura nuclear ou conjugal, que consiste num homem,
numa mulher e nos seus filhos, biológicos ou adoptados, habitando num ambiente familiar
comum. A estrutura nuclear tem uma grande capacidade de adaptação, reformulando a sua
constituição, quando necessário.
Existem também famílias com uma estrutura de pais únicos ou monoparental, tratando-se de
uma variação da estrutura nuclear tradicional devido a fenómenos sociais, como o divórcio, óbito,
abandono de lar, ilegitimidade ou adopção de crianças por uma só pessoa.
A família ampliada (ampla) ou extensa (também dita consanguínea) é uma estrutura mais
ampla, que consiste na família nuclear, mais os parentes directos ou colaterais, existindo uma
extensão das relações entre pais e filhos para avós, pais e netos.
Para além destas estruturas, existem também as denominadas de famílias alternativas, sendo
estas as:
Famílias comunitárias e
Famílias homossexuais.
Quanto ao tipo de relações pessoais que se apresentam numa família, LÉVI-STRAUSS (cit. por
PINHEIRO, 1999), refere três tipos de relações. São elas:
- Papel da família
Assim sendo, e começando pelos adultos na família, os seus papéis variam muito, tendo NYE
(cit. por STANHOPE, 1999) considerado como característicos os seguintes:
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Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
São promotores e receptores, em simultâneo, do processo de socialização na família,
ajudando a estabelecer e manter as normas, promovendo o desenvolvimento da cultura
familiar; e, por isso
“Contribuem para a formação da identidade uns dos outros servindo de defensores e
protectores, interpretando o mundo exterior, ensinando os outros sobre equidade,
formando alianças, discutindo, negociando e ajustando mutuamente os comportamentos
uns dos outros” (Idem; p. 502).
Há a salientar, relativamente aos papéis atribuídos que, será ideal que exista alguma flexibilidade,
assim como, a possibilidade de troca ocasional desses mesmos papéis, quando, por exemplo, um
dos membros não possa desempenhar o seu (SOARES, 2003).
- Funções de família
Tal como os papéis, as funções estão igualmente implícitas nas famílias, como já foi referido. As
famílias como agregações sociais, ao longo dos tempos, assumem ou renunciam funções de
protecção e socialização dos seus membros, como resposta às necessidades da sociedade a que
pertencem. Nesta perspectiva, as funções da família regem-se por dois objectivos:
A família deve então, responder às mudanças externas e internas de modo a atender às novas
circunstâncias sem, no entanto, sem perder a continuidade, proporcionando sempre um esquema
de referência para os seus membros (MINUCHIN, 1990). Existe consequentemente, uma dupla
responsabilidade, isto é, a de dar resposta às necessidades quer dos seus membros, quer da
sociedade (STANHOPE, 1999).
DUVALL e MILLER (cit. por STANHOPE, 1999) identificaram como funções familiares, as
seguintes:
Para além destas funções, STANHOPE (1999) acrescenta ainda uma função relativa à saúde, na
medida, em que:
A família protege a saúde dos seus membros, dando apoio e resposta às necessidades
básicas em situações de doença;
A família, como uma unidade, desenvolve um sistema de valores, crenças e atitudes face à
saúde e doença que são expressas e demonstradas através dos comportamentos de
saúde-doença dos seus membros.
A educação constitui um dos elementos chave do desenvolvimento humano e, pela influência que
exerce aumenta as oportunidades do indivíduo na sociedade.
Nas definições censitárias, o nível de instrução refere-se à instrução formal proporcionada e/ou
controlada pelo Estado e medida em anos lectivos completos.
52
Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
Define-se analfabetismo, a incapacidade de uma pessoa maior de 10 ou 15 anos de ler,
compreendendo o que lê, e de escrever um texto simples na sua língua materna (no seu idioma).
Esta definição não é extensiva a crianças menores de 10 ou 15 anos, nem a estrangeiros que só
sabem compreender e expressar-se na sua língua de origem.
Há a destacar, por outro lado, a existência de analfabetos funcionais – aqueles indivíduos que
foram em determinada ocasião minimamente alfabetizados e que, por falta de novos e
continuados contactos, falta de leitura e prática de escrita, foram perdendo progressivamente os
conhecimentos adquiridos. Este tipo de indivíduos existe também nos países desenvolvidos, onde
o analfabetismo formal foi praticamente erradicado. Porém, nos censos e noutras fontes de
dados demográficos, esta situação é geralmente negligenciada.
Os indicadores do nível de educação atingido pela população, são aqueles que medem os
resultados e impactos advenientes dos estudos feitos por esta população.
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Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
A TGM é a razão entre o nº de alunos matriculados nas escolas de um determinado nível e a
população na faixa etária correspondente a esse ciclo. Esta taxa é geralmente afectada pelos
repetentes e por alunos com idades fora da faixa etária (alunos mais velhos atrasados);
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Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
B) Indicadores do Nível de Educação Atingido pela População.
1. Percentagem de analfabetismo;
2. Percentagem da População de uma determinada idade segundo o Nível de
Instrução Alcançado.
Estes indicadores calculam-se por grupos de idade e sexo e outras características.
Contrariamente aos indicadores de desempenho do Sistema escolar, que são calculados a partir
de informações fornecidas pelas próprias escolas, por via do Ministério da Educação, os
Indicadores do Nível de Educação atingido pela população normalmente não passam por este
canal, são calculados directamente a partir de dados censitários ou de inquéritos por amostragem
(pesquisas de campo) realizados no seio da população em geral.
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Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
Os comportamentos e o significado Sócio-demográfico de cada classe etária que variam
consoante as épocas (efeito de geração);
A história demográfica de uma população pode ser obtida através do estudo da sua pirâmide
etária. A pirâmide etária de uma população é de fundamental importância para:
Planificação em áreas de educação;
Previdência;
Planificação da mão-de-obra.
Dai que qualquer análise demográfica profunda de uma população, exige dos pesquisadores um
conhecimento profundo da estrutura etária desta população. Deste modo, todas as técnicas
usuais de análise, como por exemplo: a construção de tabelas de vida ou fecundidade, as
projecções e análise da nupcialidade e as protecções e analise da força de trabalho, passam
necessariamente pela intermediação da idade.
A idade e o sexo são características básicas da população e a estrutura da população segundo
estas características, tem repercussões sobre os fenómenos demográficos e socioeconómicos,
porque delas dependem todos os factores ou características de desenvolvimento de uma
população.
Em demografia utiliza-se dois conceitos de idade: o conceito de idade em anos exactos (ano,
mês, dia, hora e minuto) e o conceito de idade em anos completos (não incluem o mês, o dia e a
hora).
Nas sociedades tradicionais africanas, da América latina e mesmo da Índia segundo um estudo
demográfico realizado nos anos 50, grande maioria da população não tinha consciência da sua
idade. Por isso, para se determinar a idade das pessoas era necessário fazer-se um aturado
estudo antropológico.
Nos primeiros censos africanos não era possível quantificar as idades das pessoas. Geralmente
elas eram agrupadas em crianças, adultos e velhos ou mais detalhadamente, em meninos que
ainda não andam, crianças que já andam, pessoas casadas ou em idade de casar, pessoas
idosas e mulheres que já não podem ter filhos.
Ainda assim, as idades também eram geralmente determinadas pela simples aparência física das
pessoas pelo entrevistador ou através do uso do chamado Calendário Histórico que consistia num
roteiro dos eventos muito importantes e mais prováveis de serem recordados pela comunidade e
que podem servir para classificar os eventos demográficos relevantes como tendo acontecido
antes ou depois de um determinado de um determinado item no calendário.
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Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
2.3. PIRÂMIDE ETÁRIA: CONCEITO, IMPORTÂNCIA E INTERPRETAÇÃO E TIPOS DE
PIRÂMIDES ETÁRIAS.
Nesse tipo de gráfico, cada uma das metades representa um sexo; a base representa o grupo
jovem (até 19 anos); a área intermediária ou corpo representa o grupo adulto (entre 20 e 59
anos); e o topo ou ápice representa a população idosa (acima de 60 anos).
As pirâmides etárias são usadas, não só para monitorar a estrutura de sexo e idade, mas como
um complemento aos estudos da qualidade de vida, já que podemos visualizar a média do tempo
de vida, a taxa de mortalidade e a regularidade, ou não, da população ao longo do tempo. Quanto
mais alta a pirâmide, maior a expectativa de vida e, consequentemente, melhor as condições de
vida daquela população. É possível perceber que quanto mais desenvolvido economicamente e
socialmente é o país, mais sua pirâmide terá uma forma rectangular.
Uma guerra, por exemplo, provoca distúrbios visíveis numa pirâmide etária: uma queda no
número de jovens e adultos do sexo masculino é o mais comum deles. Normalmente, após uma
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Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
crise como essa, é notável uma reposição populacional estimulada pelo governo, chamada
de baby boom.
Este método ou instrumento de análise da população por idade e sexo foi apresentado pela
primeira vez nos EUA pelo coronel Francis A. Walker, em 1870 enquanto superintendente do
recenseamento que teve lugar neste ano.
A pirâmide etária da população, é um gráfico do tipo histograma que facilita a analise da estrutura
da população segundo a idade e sexo da população num determinado momento. Pode ser feita
por idades simples mas é mais usual ser elaborada por grupos quinquenais de idade. A pirâmide
etária permite verificar os efeitos da fecundidade, imigração, emigração, guerras, epidemias e
permite também comparar ou identificar populações jovens ou envelhecidas.
Neste sentido, uma pirâmide etária é o resultado dos processos de mortalidade, fecundidade e
migração sobre esta população no passado. A configuração final de uma pirâmide etária e o grau
de envelhecimento da população são muito menos afectados pela mortalidade do que pela
fecundidade.
59
Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
de idosos. Este formato de pirâmide caracteriza a estrutura da população da maior parte dos
países subdesenvolvidos.
Por sua vez, os chamados “países velhos” são aqueles, cuja estrutura etária configura uma
pirâmide de base mais estreita, configurando a baixa percentagem de jovens e o cume mais largo,
tendo em vista a grande proporção de idosos.
Fonte:
Material de apoio de Demografia
Como acabamos de verificar, a pirâmide das idades é um diagrama que consiste de rectângulos
sobrepostos ao longo de uma escala etária vertical, cuja espessura representa a amplitude da
faixa etária e cuja área indica a população correspondente por sexo e idade.
62
Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
2.3.1. Cálculo e interpretação dos Índices ou Razões.
Para resumir a estrutura por idade e sexo de uma população, são derivados diversos índices
resumo.
Por exemplo, para indicar o tamanho relativo de cada sexo, utiliza-se o percentual de homens ou
mulheres, ou seja a razão de sexo (RS), também chamada Relação de Masculinidade (RM) ou
Índice de Masculinidade (IM).
O índice de masculinidade (IM), exprime o número de homens presentes em cada 100 mulheres e
pode ser referido tanto a toda população, como a uma determinada faixa etária.
1- Índice de Masculinidade:
Pm
IM * 100
Pf
O índice de masculinidade (IM), pode ser alternativamente calculado pelo índice de feminilidade
(IF)((Pf/Pm) x 100). O mais usual e recomendado pelas Nações Unidas, é calcular a razão de
sexo (RS) pelo índice de masculinidade, que informa o número de homens para cada 100
mulheres.
Assim, a interpretação para IM é:
Para além do Índice (IM), também são calculados outros índices resumo, sendo de destacar os
seguintes:
2- Percentagens de Jovens:
P (0 14)
Pj * 100
Pt
Definição: Divide-se a população com menos de 14 anos pela população total e obtém-se um
indicador que mede a importância da juventude na população. É também um indicador de medida
do envelhecimento demográfico, no topo da pirâmide das idades;
3 - Percentagem, da população Potencialmente Activa
P (15 64)
PPPA * 100
Pt
Definição: Divide-se a população "Potencialmente Activa", ou seja, a que se situa entre o fim da
escolaridade obrigatória e o inicio da "reforma" pela população total e obtém-se um indicador do
potencial demográfico de activos;
63
Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
4 - Percentagem de Idosos
P (65e )
Pi * 100
Pt
Definição: Divide-se a população "idosa com mais de 65 anos pela população total e obtém-se
um indicador da importância dos idosos na sociedade. É também um indicador de medida do
envelhecimento na base da pirâmide das idades;
5 - Índice de juventude
P(0 14)
Ij * 100
P(65e)
Definição: Compara a população jovem com a população idosa. Por cada 100 idosos existe x
jovens. É também um indicador utilizado na medida do envelhecimento demográfico;
6 - Índice de Envelhecimento ou Índice de Vitalidade
P(65e)
Ie * 100
P(0 14)
Definição: Tendo a lógica inversa do índice anterior, ou seja, compara directamente a população
idosa com a população jovem. Por cada 100 jovens existe x idosos. É também um indicador
utilizado na medida do envelhecimento demográfico; .
7 - Índice de Longevidade
P(75e)
Il * 100
P(15 64)
Definição: Compara o peso dos idosos mais jovens com o peso dos idosos menos jovens. É·
também um indicador utilizado para a medição do envelhecimento demográfico;
8 - Índice de Dependência dos jovens
P(0 14)
IDj * 100
P(15 64)
Definição: Compara o peso dos jovens com o peso da população potencialmente activa. Por
cada 100 potencialmente activos existe x jovens;
9 - Índice de Dependência dos idosos
P(65e)
IDi * 100
P(15 64)
Definição: Compara o peso dos idosos com o peso da população potencialmente activa. Por
cada 100 potencialmente activos existe x idosos;
10 - Índice de Dependência Total
64
Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
P(0 14) P(65e)
IDt * 100
P(15 64)
Definição: Mede o peso conjunto dos jovens e dos idosos na população potencialmente activa.
Por cada 100 potencialmente activos existem x jovens e idosos. É a soma dos dois índices
anteriores (índice de dependência dos jovens e índice de dependência dos idosos).
11 – Índice de Juventude da População Activa
P(15 39)
IjPPA * 100
P(40 64)
Definição: Mede o grau de envelhecimento da população potencialmente activa. Relaciona a
metade mais jovem da população potencialmente activa com a metade mais velha.
12 - Índice de Renovação da População Potencialmente Activa
P(20 29)
IrPPA * 100
P(55 64)
Definição: Relaciona o volume potencial da população que esta a entrar em actividade com o
volume potencial da população que esta a sair da actividade.
13 - Índice de Maternidade
P(0 4)
IMat *100
Pf (15 49)
Definição: E um indicador que relaciona a população com menos de 5 anos de idade com a
população feminina em período fértil. Funciona como indicador da evolução da fecundidade
quando não dispomos de informações sobre os nascimentos.
14 - Índice de Tendência da Natalidade
P(0 4)
ITN * 100
P(5 9)
Definição: E um indicador de tendência da dinâmica demográfica de uma população. Quando
apresenta valores inferiores a 100 significa que esta em curso um processo de declínio da
natalidade e de envelhecimento.
15 - índice de Potencialidade
Pf (20 34)
IP * 100
Pf (35 49)
Definição: E um indicador que relaciona as duas metades da População feminina no período fértil
onde, em principio, ocorrem mais nascimentos.
65
Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
Os indicadores Demográficos medem a evolução de uma população em termos de nível de vida,
crescimento económico, crescimento populacional. Os mesmos podem ser interpretados numa
pirâmide etária.
Antes de passar para qualquer cálculo de algumas medidas demográficas, convém ressaltar que,
na análise dos fenómenos demográficos, é necessário utilizar diferentes tipos de medidas, dentre
as quais se destacam: Razão: relação entre valores que pertencem a populações diferentes. Por
exemplo, considere a relação entre o total de homens e o total de mulheres de uma população,
geralmente chamada de razão de sexos.
Proporção: relação entre grandezas que provêm de uma mesma população, ou seja, em que o
numerador é parte do denominador. Por exemplo, considere a proporção de homens em uma
população, que corresponde ao quociente entre o número de homens e a população total.
Taxa: de modo geral, a taxa é usada para representar a magnitude de um evento demográfico em
uma determinada população ou parte dela, em um certo período de tempo, como no caso da taxa
de mortalidade. As taxas podem representar ainda outras operações, de diferentes graus de
complexidade, como a taxa de crescimento populacional.
Nas sociedades primitivas onde predomina uma economia de subsistência, a mão-de-obra não se
diferencia facilmente da própria população, devido ao baixo nível da tecnologia que requer a
participação de quase toda população acima de uma determinada idade, na produção de bens e
serviços necessários para a sua subsistência.
66
Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
Na economia de mercado os trabalhadores geralmente obtêm os seus rendimentos monetários
em troca dos seus serviços. Neste processo, os trabalhadores têm a liberdade de escolher um
ofício ou profissão, e para aceitar um emprego ou desempenhar uma actividade lucrativa
independente. Deste modo, a População Economicamente Activa (PEA) pode ser definida como
sendo o “conjunto de pessoas que constituem a oferta de trabalho no mercado”.
A partir de 1986 as Nações Unidas definiram a PEA como “ o conjunto de pessoas de ambos os
sexos que fornecem força de trabalho para produzir bens e serviços económicos definidos
segundo Contas nacionais e Balanças das Nações Unidas, durante um período de referência
especificado.
Estas definições censitárias da PEA, são inspiradas no mercado e, por isso, excluem as donas de
casa e outras pessoas que só realizam trabalhos no lar, estudantes, aposentados e pensionistas,
bem como aqueles que vivem de rendas ou completamente dependentes de outros.
Como os conceitos são até certo ponto, complementares, recomenda-se que os censos levantem
estatísticas sobre a PEA com base em dois critérios: a população habitualmente activa, media em
relação a um período de referência longo, tal como um ano, e a população actualmente activa ou
força de trabalho, medida em relação a um período de referência curto, tal como um dia ou uma
semana.
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Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
O conceito de mão-de-obra distingue três grandes grupos:
a.2 – “Com emprego mas sem trabalhar”- pessoas que tendo trabalhado no seu emprego actual,
não estavam a trabalhar temporariamente durante o período de referência e mantinham um
vínculo forma com o seu emprego.
b.2 – “Com uma Empresa mas sem trabalhar” – pessoas que tendo uma empresa estavam
temporariamente ausentes do trabalho durante o período de referência por qualquer razão
específica.
68
Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
A XIII conferência define pessoas desocupadas ou desempregadas, aquelas pessoas que não
estavam empregadas durante o período de referência e que estavam em busca de emprego ou
trabalho, i.é, que tomaram medidas concretas para encontrar um emprego assalariado ou
independente durante o período de referência.
Pelas considerações feitas até aqui, podemos dividir a força de trabalho em dois contingentes: um
contingente ocupado e outro desocupado. Esta classificação indica o grau de ocupação ou de
subutilização da PEA.
Também existe o conceito de subemprego. Este conceito descreve uma situação na qual o
emprego que uma pessoa possui é inadequado em relação a normas específicas ou emprego
alternativo, tendo em conta as suas qualificações profissionais.
69
Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
Definição: Prevalecem as regras de mercado com um mínimo de interferência governamental.
Pode ser medido pela percentagem de trabalhadores sem contrato assinado.
Os estudos atinentes ao mercado informal datam desde os anos 70. O conceito de mercado
informal foi introduzido na literatura económica em 1972 no relatório da Organização Internacional
do Trabalho (OIT) sobre o emprego no Quénia. O mercado informal assume actualmente, uma
proporção significativa na economia mundial, no que se refere ao emprego da esmagadora
maioria da população, uma vez que, segundo um relatório Women,s World Banking Fórum
(WWBF) de 1995, mais de 500 milhões de pessoas da população activa do mundo desenvolvem
a sua actividade em pequenas e microempresas. Esta importância é ainda reforçada por
Chickering e Salahdine (1991) ao afirmarem que as microempresas “chegam a empregar entre
35% e 65% da força de trabalho dos Países em vias de Desenvolvimento (PVD), e produzem
entre 20% a 40% do seu Produto Interno Bruto”.
No que se refere a definição do seu conceito, foi de facto o relatório da Organização Internacional
do Trabalho (OIT), acima referido, que definiu a Economia Informal (mercado informal) como uma
forma de fazer as coisas, na base das sete características que abaixo se discriminam:
1. Facilidade de entrada;
2. Utilização de recursos locais;
3. Propriedade familiar dos recursos;
4. Actividades de pequena escala;
5. Tecnologias adoptadas à forte intensidade de mão-de-obra;
6. Formação profissional adquirida fora do sistema escolar oficial;
7. Mercado de concorrência sem regulamentação.
Em 1976, foram acrescentadas pelo investigador Sethuraman, novas características tais como:
70
Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
9- Características ambulantes ou semi-permanentes da actividade.
Ao longo dos tempos outras definições e mesmo expressões foram sendo utilizadas para se
referir a este fenómeno. “Deste modo, Rafffael de Grazia (1984), definiu os termos “economia
secundária, informal, oculta, negra, subterrânea ou penumbrosa” como sendo aquele sector da
Economia cuja existência, por razões que podem ser voluntárias ou involuntárias não está
registada nas contas nacionais, do Produto Nacional Bruto ou nas contas oficiais sobre a riqueza
nacional”.
2.5.1 - Urbanização
71
Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
A industrialização do século XIX provocou um rápido crescimento das cidades, com o resultado
de grandes aglomerações de habitações em péssimas condições, problemas de abastecimento,
zonas insalubres e dificuldade de trânsito. O aumento do tráfego e a instalação de indústrias
provocam assim uma contaminação crescente do meio.
O processo de urbanização deu lugar à origem de grandes cidades, que perderam os limites
precisos entre elas. Por exemplo, na região do Ruhr, na Alemanha, onde as cidades se
encontram contíguas sem espaços de separação. Deste modo se esbateram as fronteiras entre a
cidade e o campo.
Em termos de área territorial, no mundo actual, o espaço rural é bem mais amplo do que o espaço
urbano. Isso ocorre porque o primeiro exige um maior espaço para as práticas nele
72
Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
desenvolvidas, como a agropecuária (espaço agrário), o extractivismo mineral e vegetal, além da
delimitação de áreas de preservação ambiental e florestas em geral.
Podemos perceber, com a leitura do gráfico acima, que, pela primeira vez na história, a
humanidade está se tornando maioritariamente urbana. Os dados após 2010 são apenas
estimativas (embora existam muitas desconfianças em termos políticos sobre as projecções
realizadas pela ONU), mas revelam que a tendência desse processo é se intensificar nas décadas
subsequentes. Note também, observando o gráfico, que a velocidade com que a urbanização
acontece é cada vez maior, deixando a curva que representa a população urbana cada vez mais
acentuada.
O processo de formação das cidades ocorre desde os tempos do período neolítico. No entanto,
sob o ponto de vista estrutural, elas sempre estiveram vinculadas ao campo, pois dependiam
deste para sobreviver. O que muda no actual processo de urbanização capitalista, que se
intensificou a partir do século XVIII, é que agora é o campo quem passa a ser dependente da
cidade, pois é nela que as lógicas económico-sociais que estruturam o meio rural são definidas.
73
Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
urbanas a partir da década de 1900, início do século XX, em razão da quantidade de empregos e
condições de moradias oferecidas (embora em um primeiro momento, a maior parte dessas
moradias fosse precária em comparação aos padrões de desenvolvimento actual dessas
cidades).
Os factores repulsivos são aqueles em que a urbanização ocorre não em função das vantagens
produtivas das cidades, mas graças à “expulsão” da população do campo para os centros
urbanos. Esse processo ocorre, em geral, pela modernização do campo que propiciou a
substituição do homem pela máquina e pelo processo de concentração fundiária, que deixou a
maior parte das quantidades de terras nas mãos de poucos latifundiários.
Vale lembrar que o esquema acima é apenas ilustrativo, pois a sequência desses acontecimentos
não é linear, muitas vezes os fenómenos citados acontecem ao mesmo tempo.
Outra ressalva importante é a de que tal sequência não acontece de forma igualitária em todo o
mundo. Nos países pioneiros no processo de urbanização, ela ocorre de forma mais lenta e
gradativa, enquanto nos países de industrialização tardia, tal processo manifesta-se de forma
mais acelerada, o que gera maiores problemas estruturais.
1. Critério Demográfico.
Do ponto de vista deste critério, se considerada urbana a localidade que possui: 1000, 2000,
2,500 ate 100.000 habitantes de acordo a legislação de cada país. Nalguns países desenvolvidos
por exemplo:
Na Dinamarca por exemplo, as localidades - a partir de 200 habitantes são consideradas urbanas;
No Japão é considerada urbana a localidade que possua 30.000 habitantes. Porem os limites
mais comuns são de 2000 – 5000 habitantes.
2. Critério Administrativo.
A partir deste critério, são urbanas as sedes de administração local: municípios e comunas. No
Brasil por exemplo todas as sedes municipais e distritais são urbanas independentemente do seu
tamanho ou infra-estruturas urbanas. (pode-se considerar os dois critérios).
75
Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
É urbana a localidade que possui as seguintes infra-estruturas:
- Ruas pavimentadas;
- Água canalizada nas residências;
- Sistema de esgotos;
- Iluminação pública;
- Serviços sociais públicos; (educação, saúde, polícia, repartição de finanças, administrações e
câmaras municipais)
Pode-se combinar este critério com o primeiro).
4. Critério Económico.
A luz deste critério, a diferença entre a população rural e urbana radica no tipo de actividade
produtiva. Assim, uma localidade é urbana quando nela predominam as actividades industriais e
serviços e é rural quando predomina a actividade agro-silvo-pastoril (combinável com o primeiro
critério).
O grau de urbanização é a percentagem da população de um país que vive em zonas
(localidades) urbanas.
- Urbanização: Processo de concentração da população em localidades urbanas;
- Taxa ou ritmo de urbanização: É a taxa anual de aumento da proporção urbana.
Qual o significado de um alto grau de urbanização?
Não indica necessariamente um elevado índice de industrialização;
Não indica necessariamente um crescimento económico acentuado;
Em muitos países não é senão o reflexo de uma elevada taxa decrescimento da população
combinada com a mecanização agrícola ou estagnação geral da economia rural, factores
que actuam como repulsores da população das zonas rurais.
É a razão entre o tamanho da população (P) e a superfície por ela habitada (S ou Área Total)).
Também se chama densidade populacional. É uma medida abstracta.
A cidade com densidade (D) mais alta em 1995: Hong-Kong com 250.000 h/km
Pt
Dp
Superfície
O significado da densidade populacional é muito abstracto, por isso deve ser analisado no
contexto da topografia, da ecologia e principalmente da economia do pais.
76
Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
- Países com densidades mais altas: Bangladesh, Egipto, Índia
- Países com densidades mais baixas: Mongólia, Austrália, Suriname.
É preciso saber que não é correcto pensar-se que países com densidade demográfica tão baixa
não devem se preocupar com o seu futuro demográfico.
Exemplo: Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2000 o
município de Goiânia possuía uma área de 739 km 2, uma população total de 1.093.007
habitantes, sendo 1.085.806 residentes na área urbana e 7.201 residentes na área rural. Com
base nesses dados, a densidade demográfica do município de Goiânia correspondia em 2000.
Logo a densidade populacional será:
1.093.007hab
Dp 2
1.479hab / Km 2
739 Km
Para se minimizar as limitações latentes na densidade demográfica, foram propostos os seguintes
indicadores:
1-Densidade urbana, (Durb) => é a relação entre o contingente populacional urbana e a área
geográfica classificada como tal.
P.urbana
DPurb
Superfície
2 -Densidade rural, (Dr)=> que é a relação entre o volume da população (Pr) e a área
geográfica classificada como tal (Ar).
P.rural
D Pr
Superfície
3 -Densidade agrícola, (DA)=> que é o quociente entre número de trabalhadores agrícolas
(Trab. agric.) e a extensão da terra cultivada (Terra cultivada ou Área cultivada) ou seja, o
número de trabalhadores por unidade de terra cultivada, exprime o potencial produtivo agrícola.
Trab. Agri
DA
Superf .Cultivável
4 - Densidade económica (De) => É o indicador que mede subemprego agrícola, devido a falta
de terra ou de recursos adequados para a sua exploração.
PK
De
SK "
Onde P => População
S => Superfície
K=> Necessidades per capita
K'=>Produção por Km2
77
Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
Hipóteses: se De > 1<=> PK > SK'=> Escassez de alimentos.
Nj
TBN *1000
Pj
Onde:
78
Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
Assim, suponhamos que a população de uma aldeia X é, no dia 1 de Janeiro de 1993 de 300
pessoas e no dia 1 de Janeiro de 1994 de 280 pessoas. Durante o ano de 1993 registaram-se 5
nascimentos. A taxa bruta de natalidade seria:
P1993 = 300
P1994 = 280
Deve notar-se que, embora sendo um indicador muito utilizado, constitui todavia um elemento
grosseiro, pois nessa população média estão incluídos todos aqueles, jovens e velhos, que não
se encontram em idade de procriar.
A TBN não é um bom indicador para comparar diferenciais de fecundidade entre populações, pois
além de depender da intensidade com que as mulheres têm filhos a cada idade, ou grupo etário,
depende da estrutura etária das mulheres no período reprodutivo.
Nj
TGF *1000
49 P15, fem, j
onde:
Nj = total de nascimentos durante o ano j e
Na prática, para evitar os longos cálculos inerentes ao tratamento ano por ano, utilizam-se:
b) o índice sintético geral, compreendendo toda a população feminina (dos 15 aos 49 anos
completos).
Exemplo de a):
f20-24 = N20-24 => Número de Nascimentos de mulheres dos 20 aos 24 anos de idade
Exemplo de b):
80
Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
Oj
TBM *1000
Pj
Onde:
Pj= população no meio do ano j(na ausência desta trabalha-se com a população média).
Esta é importante mas comporta alguns inconvenientes, na medida em que pode induzir em erro
quando comparamos populações com estruturas etárias muito diferentes. Nesses casos, uma
taxa de mortalidade elevada tanto pode traduzir más condições económicas e sanitárias como
resultar de uma pirâmide etária envelhecida, apesar de a população usufruir de boas condições
de vida.
81
Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
1Oo, j
TMI *1000
Nj
Onde:
1O0,j = número de óbitos de menores de 1 ano de idade ocorridos no ano j,
independente do ano de nascimento e
É importante ressaltar que o numerador da TMI pode estar sujeito a subregisto, dependendo da
qualidade do sistema de estatísticas vitais da região em questão, e que correcções podem ser
necessárias para se ter um indicador mais confiável.
Exemplo 1 : A taxa de mortalidade infantil em um país “A” foi de 700 crianças e o número de
nascidos vivos, no mesmo período, foi de 50 mil. Termos então:
700
TMI * 1000 14‰
50000
385
TMI *1000 32,79‰
11751 11730
2
Tendo em vista o facto de a TBM não ser um bom indicador para comparar
duas populações com estruturas etárias diferentes, surge a necessidade de se
buscar uma medida de mortalidade que não seja sujeita ao efeito da composição
etária. Uma alternativa pode estar no uso das TEMs, mas, devido à quantidade
de comparações a serem feitas e à diversidade de estruturas de mortalidade,
considerando diversas populações, a comparação de TEMs apresenta dificuldades
operacionais. Um indicador que tem a característica de ser uma medida resumo,
além de não estar sujeito à influência da composição etária, é a esperança de
vida em determinada idade x, denotada por x. A esperança de vida em
determinada idade pode ser interpretada como o número médio de anos que um
82
Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
indivíduo viverá, a partir daquela idade, considerando o nível e a estrutura da
mortalidade por idade observados naquela população.
Esperança de vida na idade: o número médio de anos que resta para viver
às pessoas que atingiram a idade x.
To
e0
So
Exemplo: Uma geração S0 = 10 000. Aos 90 anos há 260 sobreviventes (S90 = 260). A soma
total das pessoas com mais de 90 anos até ao desaparecimento total dessa geração (admitamos
aos 99 28 anos) é de 520 pessoas. Qual é a esperança de vida aos 90 anos (e90)?
ₑ90 =
Quer dizer, as pessoas com 90 anos podem esperar viver em média dois anos e meio. É claro
que uma viverão menos e outras mais...
Mortalidade é o processo que ocorre em diferentes idades e que determina a extinção real ou
hipotética da geração . o indicador de mortalidade e a esperança de vida são os principais
critérios que caracterizam o nível de saúde pública e, portanto, o nível e qualidade de vida.
83
Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
- Exógeno (relacionado com a influência do meio ambiente externo).
A morte sempre resultado da interacção de factores de ambos estes grupos, mas o papel de cada
um deles pode ser fundamentalmente diferente.
Factores endógenos: incluem os componentes biológicos do ser humano, sexo e idade. Por si
só, pertencem a ambos os sexos e determinam o nível de vitalidade do corpo. Sabemos que é
mais elevado em mulheres do que em homens. A idade também reflecte o grau de resistência do
organismo, ou seja, a sua capacidade de resistência ao desgaste. Todos esses indicadores
possuem uma natureza biológica. No entanto, a influência decisiva sobre os componentes
biológicos depende também de certas condições sociais, o que acaba por determinar o nível e
idade da morte. Mas este nível deve ser dividido em dois períodos:
Primeiro: idade em que ocorre uma diminuição contínua no risco de morte (por exemplo entre os
12 e os 14 anos);
84
Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
Assim, se considerarmos que a degeneração hipotética em função idade determina a mortalidade
de qualquer população, então, qualquer elemento do acaso tem menor influência, sendo a
probabilidade de morte por idade muito maior.
As mudanças radicais do ambiente humano criaram novos factores exógenos com impactos
cumulativos (por exemplo, devido à poluição). A sobrecarga emocional dos dias de hoje tornou-se
um atributo da vida urbana, causando um aumento de doenças psicossomáticas.
O homem, durante a vida, está constantemente exposto a vários factores externos, que melhoram
o desenvolvimento endógeno do processo de envelhecimento mas reduzem a viabilidade do
85
Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
organismo. Gradualmente, vai acumulando factores endógenos que têm resultados letais, em
geral nos grupos etários mais velhos.
86
Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
A migração, dependendo da região ou do país, tem sua própria especificidade. Além disso, o seu
carácter ao longo do tempo pode alterar-se significativamente.
A migração ocorre por diversos motivos e pode ser classificada de acordo com vários critérios tal
como se indica a seguir:
A migração tem lugar quando se atravessa uma fronteira pelas seguintes razões: mudança
do local de residência, procura de trabalho, estudo e também mudança da família, devido a
condições adversas naturais e ambientais, étnicas, religiosas, etc.;
Por motivos territoriais: nestes casos, o migrantes dividem-se em imigrantes, pessoas que
entram no país, e emigrantes, pessoas que deixam o país.
Dentro do território do país há que diferenciar a migração que é feita das áreas rurais para as
áreas urbanas e vice-versa; a duração da mudança de residência; o grau de movimento
«voluntário» dos que deixam (por grau de voluntariedade podem distinguir-se a migração
voluntária, a forçada e compulsiva, separada por grupo de refugiados, pessoas deportadas, etc.);
o número dos que partem (pode distinguir-se por número de indivíduos e migração familiar), etc.
- Por escala, dependendo do objecto a prognosticar (globo, nação, região, cidade, etc.).
Onde:
S – População do território
Mj – Chegados
87
Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
Mi – Número dos que partiram, ou seja, a relação entre a migração líquida para o número da
população do território
Assim, segundo a tradição, os tipos de migração são determinados pela estada dos migrantes no
local de entrada e respectiva natureza específica. Os principais tipos de migração incluem:
Episódica;
Pendular (diária);
Temporária;
Irreversível (sem regresso);
Forçada;
Ilegal.
Existe a migração ocasional (migração episódica relacionada com os negócios ou turística), que
não possui carácter regular. Há ainda a considerar a migração pendular como o deslocamento
diário para outra cidade para o trabalho ou estudo (com viagem de ida e volta), no qual não ocorre
mudança de residência.
Migração episódica: está relacionada com negócios, turismo, lazer, etc., não tendo carácter
temporário regular. A sua importância na transição para uma economia de mercado tem
aumentado significativamente. Pela natureza da sua escala, esse tipo de migração supera todas
as outras, apesar de seu interesse, especialmente demográfico, ser significativamente inferior. No
presente momento, o seu estudo, com excepção das viagens turísticas no estrangeiro, é
relativamente fraco.
Migração pendular: relaciona-se com viagens regulares, diárias ou semanais de uma povoação
para outro local, por exemplo da residência para os locais de trabalho ou escolares e respectivo
regresso. A suas principais direcções são: da vila para a cidade, da pequena para a grande
cidade, entre outras.
88
Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
A migração pendular ocorre sobretudo em áreas suburbanas das grandes cidades, bem como na
área de cidades médias e pequenas ou no interior de áreas urbanizadas. Em geral, essas zonas
suburbanas formam uma área pendular sustentável, directamente relacionada com o
desenvolvimento dos transportes. Este tipo de migração representa uma importante fonte de mão-
de-obra nas áreas urbanas (cerca de 20% das necessidades das grandes cidades em termos de
força de trabalho está coberta por pendulares); melhora a eficiência da utilização dos recursos
dos trabalhadores altamente qualificados, podendo envolver requalificação de mão-de-obra;
estende a influência directa das grandes cidades sobre a população – centros de formação, de
cultura e espirituais, por exemplo -, principalmente às zonas agrárias, tendo em vista o emprego e
estilo de vida urbanos, bem como a mobilidade social; possibilita uma escolha mais ampla da
profissão e emprego, contribuindo para o desenvolvimento de novas formas de assentamentos
que combinem elementos urbanos e rurais.
Principal contra: a diminuição do tempo livre e a duração das viagens de ida e volta («fadiga do
transporte»), podem levar a uma diminuição da produtividade.
Migração irreversível: este tipo de migração é entendido no sentido restrito (como deslocação),
ao contrário do conceito de migração como qualquer deslocamento espacial da população.
Depende de duas condições básicas:
89
Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
2. O movimento é acompanhado por uma mudança de residência permanente e, nos
últimos anos, até de cidadania.
As principais causas da migração forçada são, assim, os vários tipos de conflitos armados; a
violação dos direitos humanos e das liberdades; a desagregação governamental.
Migração ilegal: este tipo relaciona-se com especificidade da migração externa. Os migrantes
ilegais são pessoas que vão em busca de trabalho noutro país de forma ilícita (por exemplo, do
México para os EUA atravessam ilegalmente a fronteira mais de um milhão de pessoas por ano)
ou legal (por convite pessoal, como turistas, etc.) mas que ingressam no mercado de trabalho
ilegalmente.
Os factores e as causas da migração são divididos em: negativo (expulsar) e positivo (atrair). É
difícil identificar quais os que determinam o acto da migração. Na primeira fase, juntamente com
os factores que são formulados para as bases do reassentamento (expulsor), actuam também os
90
Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
factores que determinam exactamente onde, em que país ou região a pessoa será acolhida
(atraído).
Há dois mil anos, estima-se que o número de habitantes na Terra não fosse superior a 250
milhões de pessoas. Em 1650, o número alcançou 500 milhões. Em 1850, o planeta atingiu,
finalmente, a casa de 1 bilhão de pessoas; em 1950, 2,5 bilhões; em 1987, 5 bilhões e, em
2010, quase 7 bilhões de pessoas.
Fazendo uma rápida leitura desses dados é possível perceber que a população mundial levou
mais de 1600 anos para dobrar o seu tamanho e, depois, mais 200 anos para dobrar
novamente. Posteriormente, o planeta continuou um crescimento elevado da sua população,
principalmente quando saltou de 2,5 bilhões para 5 bilhões em apenas 37 anos. Por esse
crescimento populacional extremamente rápido e elevado, foi criada, nos anos 1980, a
expressão “explosão demográfica”.
Com isso, observou-se certo alarmismo por parte de alguns governos, dos analistas e da
população. A principal preocupação se referia à disponibilidade de espaços e recursos para
abrigar toda essa massa de pessoas, bem como os impactos ambientais causados pelo
“excesso de gente” no mundo. Entretanto, esse alarmismo demonstrou-se desnecessário.
Esse alto índice de crescimento da população nos últimos dois séculos deveu-se
principalmente aos processos de Revoluções Industriais. Com isso, a maior parte da
população passou a morar nas cidades, o que colaborou para esse crescimento do número de
pessoas.
91
Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
Contudo, em um primeiro momento, a maior parte das populações das cidades em países
desenvolvidos vivia em condições precárias, o que contribuía para os elevados índices de
taxas de mortalidade. Como a redução dessa mortalidade só veio a ocorrer no século XX,
observou-se então um aumento sem precedentes da população, o que pode ser considerado
como algo momentâneo. Vale lembrar que esse mesmo processo está em ocorrência nos
países subdesenvolvidos, de forma tardia.
Estimativas da ONU (Organização das Nações Unidas) apontam que, em 2050, a população
mundial atingirá 9,2 bilhões de pessoas, um crescimento pouco maior que 30% em relação a
2010. Ou seja, considerando que a população dobrou (cresceu 100%) em 37 anos durante o
século 20, percebe-se que a tendência agora não é mais a mesma.
Mesmo com o crescimento menor da população nos próximos anos, ainda existe certo
alarmismo no que diz respeito à disponibilidade de recursos e condições para a manutenção
desse contingente de pessoas. Entretanto, é preciso observar que os avanços tecnológicos
continuam acontecendo e, principalmente, que o grande problema dos casos de fome e falta
de recursos no mundo não está na quantidade de riqueas disponíveis, e sim na sua má
distribuição.
Na análise demográfica a equação de base toma como unidade de tempo o ano. A população no
dia 1 de Janeiro é notada P1, a qual é igual a P0 (população do dia 1 de Janeiro do ano
precedente), aumentada no número de nascimentos (N) e imigrantes (I) e diminuída do número
de óbitos (O) e emigrantes (E) entre os dois 1 de Janeiro sucessivos.
P1 = P0 + N - O + I - E com:
N: número de nascimentos
O: número de óbitos
I: número de imigrantes
E: número de emigrantes
92
Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
O termo N - O (nascimentos menos óbitos) representa o chamado saldo natural ou
balança natural de uma população; o termo I - E (imigrantes menos emigrantes) representa o
saldo migratório, ou ainda imigração líquida.
Chama-se movimento natural da população ao que resulta somente dos nascimentos e dos
óbitos e movimento real o movimento natural acrescido do efeito das migrações. Evidentemente
que numa população fechada, quer dizer sem migrações externas, o movimento natural coíncide
com o movimento real.
Durante esse ano nasceram 807 000 crianças e registaram-se 514 400 óbitos. A taxa de
natalidade seria de 18,8 por mil e a taxa de mortalidade de 12 por mil. Taxa de crescimento
natural: 18,8 - 12 = 6,8 por mil.
Se não dispusermos das taxas brutas de natalidade e de mortalidade, uma maneira rápida de
obter o resultado é aplicar a fórmula:
Pn = P0 (1 + a)n
Onde:
P0 = População em 1970
Pn = População em 1985
93
Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
a = taxa de crescimento
Assim:
1 + a =100,013253
1+a = 1,031
a = 3,1 %
Outra maneira de obter a taxa de crescimento natural é fazer a diferença entre a taxa bruta de
natalidade (TBN) e a taxa bruta de mortalidade (TBM).
Por exemplo, o conjunto dos países do chamado "Terceiro Mundo" registou as seguintes TBN e
TBM, em média anual no período 1975-1980:
TBN - TBM = an 33 por mil - 12,1 por mil = 20,9 por mil ou 2,09 %.
Repare-se que, enquanto as TBN e as TBM são expressas em "por mil", as taxas de crescimento
costumam ser indicadas "em percentagem".
Quando temos, ao longo do tempo, informação variada sobre o volume de uma população
queremos numa primeira análise calcular o ritmo de crescimento. O valor do ritmo de
crescimento deve corresponder a um resultado anual médio para ser possível fazer comparações
em períodos de amplitudes diferentes.
94
Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
Considere uma população em determinado instante de tempo n. Suponha
ainda que, a partir de uma população inicial no passado, não tenha havido
movimentos migratórios na área. A trajectória entre a população inicial e a actual
pode ser explicada pelos nascimentos e mortes havidos no período em questão.O rítmo de
crescimento de uma população pode ser:
i) Contínuo:
Pn= P0ean(1)
Com:
onde:
e = 2,718282 (exponencial)
a = taxa de crescimento.
ln Pn ln Po ln e an
ln Pn ln Po an
Pn
ln an e
Po
Pn
ln
a Po
n
Onde:
ii) Aritmético:
Pn= P0 (1 + an)
ou seja
95
Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
Pn = P0 + P0an
Pn– P0 = P0an
Pn Po
e a
Pon
onde:
iii) Geométrico:
Pn = P0 (1 + a)n
ou seja
Pn
= (1 + a)n
Po
Pn
log n log(1 a )
Po
Pn
log
Po log(1 a )
n
Pn
log
Po
10 n
1 a
Pn
log
Po
a 10 n
1
Onde:
Pn = P0ean
e = 2,718282
P5 = 3276203e0.0025 × 5 = 3317412
Pn = P0 (1 + a) n
2P0 = P0 (1 + a) n
2P0
= (1 + a) n
P0
2 = (1 + a) n
Aplicando logaritmos,
log2 = n log (1 + a)
97
Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
0,30103 = n log (1,0021)
0,30103 0,00091n
0,30103
n
0,00091
n 330,80220
n 331
O aumento brusco da população leva a um aumento também brusco do território ocupado, e tem
alguns efeitos ambientais e económico-sociais catastróficos, daí a comparação com uma
explosão.
- Redução da natalidade;
98
Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
- Crescimento da mortalidade infantil;
P 60
Kc * 100
P
P – População total.
O demógrafo polaco Edward Rosset propôs a seguinte escala para avaliar o processo de
envelhecimento demográfico: Classificação de envelhecimento demográfico de População (Tab.
1).
Kc 12,27%
99
Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
4.4 - Políticas Demográficas.
Para Aristóteles, o ser humano é um animal social (zoon politikon). A política surge
nos Estados organizados (polis) que admitem ser um agregado de muitos membros, e
não uma simples família, tribo, religião, interesse ou tradição. A política surge da
aceitação do facto da existência simultânea de diferentes grupos e, consequentemente,
de diferentes interesses e tradições, dentro de uma unidade territorial que necessita ser
regida por uma lei comum. O bem supremo da política é buscar “a maior unidade
possível de toda a polis” (Crick, 1981).
A política nacional é a actividade por meio da qual os interesses divergentes são conciliados,
dentro de um determinado território, com vistas à obtenção da maior satisfação da colectividade.
101
Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
4.4.1 - Políticas que afectam os três componentes da dinâmica demográfica e a
nupcialidade:
102
Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
famílias, as instituições da sociedade civil e os governos desenvolveram uma série de
políticas públicas nas áreas de saúde, educação, habitação, saneamento, assistência
social, etc. Estas políticas visam avançar com a cidadania, os direitos humanos e o bem-estar da
população.
Elas, geralmente, não são classificadas como políticas populacionais explícitas e intencionais,
mas possuem evidentes resultados demográficos não antecipados. Tomada de forma isolada,
poder-se-ia pensar que as políticas visando a redução da mortalidade seriam uma forma de
propiciar a expansão da população.
Contudo, a norma é não tratar estas políticas como parte de objectivos políticos demográficos,
mas sim como objectivos de direito à vida.
Por outro lado, os países latino americanos, após suas independências, tiveram uma política
populacional de imigração.
Assim, não é de se estranhar que a ocupação dos territórios e a expansão populacional eram
objectivos estabelecidos pelos povos das mais diferentes sociedades. Políticas (explícitas ou
implícitas) de apoio à natalidade sempre fizeram parte da história humana. Políticas (explícitas ou
implícitas) de redução da natalidade são acções recentes na história (especialmente nos últimos
103
Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
200 anos) e só começaram a ser implantadas após a redução das taxas de mortalidade. Este
ponto será abordado em um item separado deste texto, dado à complexidade das questões
envolvidas nas políticas de controlo ou expansão da natalidade.
Com a separação entre Estado e Igreja, passou a existir o casamento civil, mas eram comuns as
proibições ao desquite e ao divórcio.
Em seu conjunto, a América Latina sempre foi subpovoada. Assim, muitos governos adoptaram
políticas expansionistas quer sejam por meio de incentivos à imigração, quer sejam incentivos e
normas para a obtenção de altas taxas de natalidade e nupcialidade.
104
Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
Política populacional neutra (laissez-faire): pelo exposto anteriormente fica
evidente que uma política populacional neutra ou não existe, ou é coisa muito rara.
Políticas populacionais explícitas ou implícitas sempre existiram nas áreas de
mortalidade, migração, natalidade e nupcialidade.
Quanto ao carácter privado: existem países que o sector público não tem actuação,
ou apenas uma actuação muito pequena, enquanto são as entidade privadas que actuam
no âmbito da política populacional. Porém, quando a população mais pobre,
especialmente nos países do Terceiro Mundo, fica a mercê da lógica do mercado (lucro)
o acesso aos métodos contraceptivos se torna mais difícil e pode ter um efeito perverso,
já que os mais necessitados não teriam como verem atendidas as suas demandas.
105
Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
4.4.5 - Políticas populacionais explícitas e implícitas:
Políticas reactivas: as políticas populacionais reactivas são feitas para remediar problemas que
se avolumaram ao longo do tempo. São aquelas que buscam remediar ao invés de prevenir. No
caso da epidemia do SIDA, por exemplo, o custo de combate à doença é muito maior do que o
custo de prevenção. Da mesma maneira, o custo para recuperar áreas ambientais degradadas é
muito maior do que o custo de prevenir danos no meio ambiente e a preservação da fauna, da
flora, da água potável, etc.
107
Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
Existem dúvidas quanto à intencionalidade das políticas social-democratas adoptadas na Suécia,
mas o facto é que o consenso nacional obtido apoiou as reformas sociais, querem seja elas
entendida como políticas populacionais natalistas ou simplesmente como políticas de bem-estar.
A política populacional sueca tinha preocupações de harmonizar os aspectos quantitativos (elevar
as taxas de natalidade) e qualitativos (melhorar as condições de vida dos cidadãos), por esta
razão as reformas adoptadas de forma democrática tenham sido denominadas de “pró-natalismo
de esquerda”, em contraposição ao pró-natalismo autoritário da direita nazi-fascista1.
4.4.8. 2 - O “modelo chinês”: a China já era o país mais populoso do mundo quando o Partido
Comunista tomou o poder em 1949. As medidas sociais e de saúde pública adoptadas logo após
a revolução permitiram uma acentuada queda da mortalidade. Com a permanência de altas taxas
de natalidade (o aborto e a esterilização eram proibidos) houve uma aceleração do crescimento
populacional. Em 1958, o governo lança uma
política desenvolvimentista conhecida como “O Grande Salto para a Frente”, mas que resultou em
grande fracasso. Segundo Mundigo (1987), a grave crise económica do início dos anos 60 faz o
governo chinês apoiar o controlo da natalidade legalizando o aborto e a esterilização e permitindo
o funcionamento de clínicas de planeamento familiar. Contudo, com o início da Revolução Cultural
em 1966, houve uma reviravolta natalista e os casais foram incentivados a terem mais filhos,
resultando em um baby
boom temporário.
1
Apesar de considerar que as reformas sociais implantadas na Suécia respeitaram as liberdades sexuais ereprodutivas, Faria (1997)
faz várias ressalvas como o facto das políticas de família, da metade do séculoXX, realçarem o casamento heterossexual com
finalidade generativa e que o país não ficou totalmenteisento da ideologia eugênica.
108
Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
único. Por tudo isso, a política populacional
autoritária e coercitiva adoptada na China passou a caracterizar o modelo chinês.
No longo prazo a situação demográfica tem sofrido em todo o mundo grandes transformações.
Até ao século XIX existia um equilíbrio entre uma forte mortalidade e uma intensa fecundidade. A
partir sobretudo do século XX esse equilíbrio foi rompido devido essencialmente à melhoria das
condições de vida e de higiene, que provocaram uma diminuição da mortalidade.
A fecundidade começou, por seu turno, a diminuir, encontrando-se hoje a maioria dos países
numa situação de novo equilíbrio mas, desta vez, com baixa mortalidade e baixa fecundidade. A
essa transformação deu-se o nome de transição demográfica.
Resumindo:
1ª etapa - forte taxa de crescimento natural, enquanto a taxa bruta de natalidade se manteve
elevada e a taxa bruta de mortalidade diminuiu fortemente.
2ª etapa - no início a taxa de crescimento natural atingiu o seu máximo quanto a taxa bruta de
mortalidade diminuiu fortemente e a taxa bruta de natalidade só lentamente começou a baixar.
Mas em seguida a taxa bruta de natalidade acentuou também a sua queda. Observou-se então
um fenómeno novo que é o envelhecimento da população, o qual acompanha a forte baixa da
mortalidade e da natalidade. Este fenómeno é particularmente evidente na Europa, onde a queda
da natalidade se manifestou mais cedo e de maneira mais pronunciada do que no resto do
mundo.
É importante notar que o envelhecimento das populações é menos devido ao "excesso" de idosos
do que à insuficiência de nascimentos.
Por outras palavras, não há, proporcionalmente, "demasiados idosos" mas sim um número
insuficiente de jovens. Por essas razão muitos países, como a França desde a 2ª Guerra
Mundial, têm lutado para combater a baixa natalidade aplicando diversas medidas sociais de
incentivo às famílias. No entanto o problema é complexo e os resultados variáveis. Os
movimentos migratórios têm surgido como uma forma de combater as lacunas demográficas, mas
essa solução comporta perigos políticos que se irão acentuar nos próximos anos.
109
Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
O calendário da transição demográfica é diferente segundo as regiões. A África entrou muito mais
tardiamente neste processo. Porém, apesar das ainda muito elevadas taxas de crescimento, os
demógrafos descortinam sinais de a África ter iniciado já a 2ª etapa da transição, embora ainda de
maneira relativamente pouco pronunciada.
A teoria da transição demográfica, tem a sua origem nos estudos iniciados pelo
demógrafo Estado-unidense WarrenThompson no ano 1929 e é hoje mais vigente que nunca.
Thompson observou as mudanças (ou transição) que tinham experimentado nos últimos duzentos
anos as sociedades industrializadas do seu tempo com respeito às taxas de natalidade e de
mortalidade. De acordo com estas observações expôs a teoria da transição demográfica segundo
a qual uma sociedade pré-industrial passa, demograficamente falando, por 4 fases ou estágios
antes de derivar numa sociedade plenamente pós-industrial.
110
Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
Pirâmides etárias de acordo com os 4 estágios de transição demográfica.
Fase 1
Fase 2
Os índices de mortalidade iniciam uma importante descida motivada por diferentes razões: a
melhoria nas condições sanitárias, a evolução da medicina, e a urbanização, aumentando a
expectativa de vida, mas os índices de natalidade não acompanham essa tendência, causando
um rápido crescimento populacional. Em muitos países, essa fase teve início com a revolução
industrial. Hoje em dia, muitos países subdesenvolvidos vivem essa fase
Fase 3
Fase 4
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Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
Esse efeito é muito temido por analistas, e já está iniciado em países como a Alemanha ou Itália,
pois com crescimento populacional negativo, a população terá num futuro próximo mais idosos do
que jovens, o que pode acarretar num rombo para a previdência dos países na quinta fase.
1. Teoria Malthusiana
Elaborada pelo inglês Thomas Malthus (1776-1834). Segundo Malthus, a população mundial
cresceria em um ritmo rápido, comparado por ele a uma progressão geométrica (1, 2, 4, 8, 16...),
e a produção de alimentos cresceria em um ritmo lento, comparado a uma progressão aritmética
(1, 2, 3, 4, 5, 6...). Sendo assim, em um determinado momento, não existiriam alimentos para
todos os habitantes da Terra. As maiores contestações a essa teoria são que, na realidade,
ocorre grande concentração de alimentos nos países ricos e, consequentemente, má distribuição
nos países pobres. Essa teoria previu um crescimento semelhante ao do gráfico abaixo, porém,
em nenhum momento, a população cresceu conforme a previsão de Malthus.
II - Teoria Neomalthusiana
112
Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
Os defensores dessa teoria alertam para os riscos ambientais decorrentes do crescimento
exagerado da população a qual exercerá cada vez mais pressão sobre os recursos naturais,
particularmente nos ecossistemas equatoriais e tropicais. Uma das formas de colocar em prática a
ideia de desenvolvimento sustentável visando a atender às necessidades actuais da humanidade
e preservar o meio ambiente para as gerações futuras seria através do controle da natalidade.
Como ficou comprovado durante a realização da Rio-92, quem mais degrada o meio ambiente e
consome os seus recursos, na actualidade, são os países ricos em virtude de seus padrões de
produção e consumo, cujas populações já pararam de crescer e não as populações dos países
subdesenvolvidos que continuam aumentando constantemente. Os países ricos possuem
pequena população, mas utilizam a maior parte dos recursos naturais disponíveis e são também
os maiores responsáveis pela poluição do planeta.
IV - Teoria Reformista
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Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)
BIBLIOGRAFIA
Bibliografia de Base
Bandeira, M. L. (2004). Demografia, Objecto e Métodos. Lisboa: Escolar.
Nazareth, J. M. (2004). Demografia, a Ciência da População (3ª ed).
Lisboa:Presença.
Nazareth, J. M. (1996). Introdução à Demografia. Lisboa: Presença.
Instituto Nacional de Estatística. (2016). Recenseamento Geral da População e
Habitação: Resultados definitivos. Luanda: INE.
Bibliografia Complementar
Carmo, H. (2001).Problemas sociais contemporâneos.Lisboa.Universidade Aberta.
Hakkert, R. (1996 Capítulo I). Fontes de dados demográficos. Belo Horizonte.
Rodriguez, J. (1997). Demografia: Volume I. México: PROLAP – ILSUMAN.
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Sistematizados por:
(Simão Muhepe, MSc)