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HISTÓRIA DA POPULAÇÃO
AULA 3

Profª Flora Araujo


CONVERSA INICIAL

Na primeira aula da nossa disciplina aprendemos um pouco sobre a Demografia. Nela,

abordamos algumas questões iniciais sobre esta ciência que se aproximou da História no Século XX.
Aprendemos sobre seus conceitos, métodos e a importância do Censo para o estudo das

populações.

Assim, algumas questões importantes para a Demografia são:

Quais são as características da população:

Pessoas / local / tempo;

Crianças? Jovens? Adultos? Idosos?


Sexo feminino / masculino?
Quantas são economicamente ativas?

Quais fatores que afetam a população:

Nascimentos;
Falecimentos;

Migrações / emigrações.

Agora, nesta aula iremos mais afundo em algumas destas questões. Nela, apresentaremos
técnicas da análise demográfica, que é, segundo Adelito Torres, “uma aplicação da estatística à

população humana” (Torres, 1995, p. 40).

A organização desta aula será:


Tema 1: Análise demográfica e as dinâmicas populacionais;

Tema 2: Estrutura Idade e Sexo;


Tema 3: Pirâmide etária;

Tema 4: Migração: processos migratórios;


Tema 5: Migração: elementos para análise;

Na prática;
Finalizando.

TEMA 1 – ANÁLISE DEMOGRÁFICA E AS DINÂMICAS POPULACIONAIS

Segundo Adelino Torres, a Demografia pode ser dividia em análise demográfica e demografia
geral. Entre suas diferenças estão que, enquanto “a primeira é um exercício técnico, uma aplicação

da estatística às populações humanas”, assim:

[...] a segunda, interessa-se pelas causas que produziram os fenômenos estudados e pelas
consequências possíveis, analisando igualmente as estruturas biológicas, sócio-econômicas,
culturais e étnicas das populações, procedendo ao estudo da repartição por sexo, idade, profissão,
habiat, nível de escolaridade, de instrução, nacionalidade, etnia etc” (Torres, 1995, 41).

Mas como podemos fazer alguns cálculos para análise demográfica? Como analisamos, por

exemplo, o crescimento populacional, informação tão cara à demografia?

Para conhecer o crescimento populacional (Pt) de determinada população no período de um

ano, precisamos conhecer o número de habitantes daquela mesma população (Pt0). Aí soma-se a
ela o número de nascimentos (N) do ano corrente e de imigrantes (I); bem como diminui-se o número

óbitos (O) e emigrantes (E) do ano analisado.

Importante frisarmos que o saldo de nascimentos subtraídos os óbitos (N – D) na demografia é


denominado movimento natural ou crescimento vegetativo. Já as imigrações subtraídas a

emigrações (I – E) denomina-se saldo migratório, ou imigração líquida.

Algumas fórmulas para cálculos demográficos são:

Equação básica da Demografia Pt = Pt0 + N – O + I – E

C. vegetativo ou Movimento Natural N-O


Saldo Migratório ou Migração Líquida I-E

Crescimento populacional Pt  - Pt0

Taxa de crescimento populacional

x 100

TEMA 2 – ESTRUTURA IDADE E SEXO

As análises demográficas, como já citado, buscam ponderar sobre uma população de acordo

com suas características. Assim, os demógrafos criam subdivisões, que reúnem determinadas
categorias demográficas a fim de compreender tais grupos, suas características e dinâmicas. Estes

grupos, denominados subpopulações podem ser estabelecidos por idade, estado civil, nacionalidade,

escolaridade, atividade econômica, sexo, entre outros. Contudo, entre estes grupos, estre estas

estruturas demográficas, há duas que iremos destacar por sua relevância e frequência nas análises
demográficas, a de idade e sexo.

Mas por que as estruturas de idade e sexo merecem destaque nas análises demográficas?

Porque as migrações e os óbitos para ficarem em apenas duas categorias não ocorrem igualmente
em qualquer idade e sexo. Há certas padronizações que podem e devem ser observadas. Por

exemplo, as migrações são mais frequentes entre os mais jovens, assim como óbitos são mais

frequentes em idosos e também recém-nascidos (Matuda, 2009).

Um outro exemplo de como a variável sexo influencia a dinâmica populacional, pode ser um

conflito armado que reduz drasticamente a quantidade de homens de uma população. O que tem

reflexos significativos na nupcialidade, natalidade e também no mercado de trabalho, por exemplo.

Portanto:

span >Nascimentos, migrações, óbitos - fatores que influenciam o crescimento populacional –

estão diretamente ligados à estrutura de idade e sexo da população.

Estrutura idade e sexo é influenciada pela ocorrência de nascimentos, óbitos e migrações do


passado.

Desta forma, a análise das estruturas idade e sexo permitem refletir sobre uma população em

seus diversos aspectos. Permitindo, inclusive, fazer projeções sobre o futuro, como também elaborar
digressões sobre o passado. Ou seja, apesar de ser incluída entre os aspectos estáticos da
população, a composição da população por idade e sexo é reflexo da dinâmica populacional; bem

como será definidor da população futura.

Um exemplo da análise demográfica feita com base na estrutura sexo:

Conforme aponta o gráfico anterior, segundo dados do PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra

de Domicílios Contínua) de 2018, 48,3% da população brasileira é composta por homens e 51.7% por

mulheres (IBGE, 2018). Mas qual a importância de dados como este?

Sobre isto, o site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) assenta: “os dados

sobre gênero servem para mapear as diferenças entre homens e mulheres e fornecer informações

que embasem políticas públicas para reduzir as disparidades no acesso à justiça e bem-estar que
existem entre os gêneros” (IBGE, 2018).

Saiba mais

Assista ao vídeo abaixo produzido pelo IBGE “homem e mulher: quem ganha mais e outros
dados por gênero • IBGE explica” sobre a questão. Disponível em: <://www.youtube.com/watch?

v=xmiimni6igu>. Acesso em: 27 abr. 2020.

Agora, responda:

1.   Como você considera que a estrutura sexo afeta as dinâmicas populacionais?
2.    Como e por que as dinâmicas populacionais podem ser objetivos da reflexão

historiográfica?

TEMA 3 – PIRÂMIDE ETÁRIA

A pirâmide etária é uma representação gráfica que permite a visualização da repartição da

população por idade e sexo. As pirâmides etárias assumem diferentes formas de acordo com a

estrutura populacional. Por exemplo, em uma população com grandes taxas de natalidade, a base é

mais larga; já com expectativa de vida longa, o topo é bastante alongado (Matuda, 2009).

Muito cara às análises demográficas, estes histogramas seguem algumas padronizações que

facilitam a interpretação e análise dos seus dados:

A idade é geralmente indicada verticalmente no centro, mas também pode ser indicada do lado

esquerdo ou no direito;

A população masculina sempre é representada do lado esquerdo e a feminina do lado direito;

Os anos devem ser representados em intervalos iguais (normalmente é de 5 em 5 ou de 1 em 1

anos, mas pode ainda ser de 10 em 10 anos);

Qualquer outra característica que varia além de sexo e idade pode ser adicionada à pirâmide;
As pirâmides podem ser elaboradas sobre uma base de números absolutos ou porcentagens.
Há vários tipos de pirâmides etárias. Elas variam de acordo com as taxas de natalidade,

mortalidade e a distribuição etária da população. E consequentemente, elas podem ter há vários

formatos:

As pirâmides etárias anteriores foram produzidas pelo IBGE com base nas pesquisas

demográficas no Brasil nos anos de 1980 e 2017, respectivamente.

Analise cada uma das pirâmides tendo em mente a dinâmica populacional, e as levando em

consideração, elabore um texto sobre as transformações na estrutura Idade e Sexo no Brasil entre os

anos 1980 e 2017.

TEMA 4 – MIGRAÇÃO: PROCESSOS MIGRATÓRIOS

Embora a migração seja um fenômeno da contemporaneidade e esteja relacionada às

demandas geradas por um capitalismo globalizado, ao abordar este tema, precisamos ter em mente

que fluxos e deslocamentos humanos por meio da superfície terrestre sempre acompanharam os

contextos históricos da humanidade. Foram deslocamentos os responsáveis pela saída dos homo

sapiens do continente africano, como também pela conjunto de transformações social cultural e
política na Europa com as invasões de povos germânicos que marcaram o final da Idade Antiga.

Assim também são os migrantes na contemporaneidade, que:


Lutam pela hegemonia de novos territórios, fogem de perseguições étnicas e repressões múltiplas,
vislumbram a possibilidade de terras e mercados de trabalho promissores, ou simplesmente
perambulam em busca de tarefas que lhes assegurem a mera subsistência. Becker ressalta
também a questão dos refugiados que são empurrados pelos confrontos tribais, ditatoriais e
nacionalistas (Ferreira, 2007, p. 09).

Mas, afinal, o que é migrar? Quem é o migrante? Sobre esta definição as Nações Unidas

colocam:

Uma definição legal uniforme para o termo “migrante” não existe em nível internacional. [1] Alguns
formuladores de políticas, organizações internacionais e meios de comunicação compreendem e
utilizam o termo “migrante” como um termo generalista que abarca migrantes e refugiados. Por
exemplo, estatísticas globais em migrações internacionais normalmente utilizam uma definição de
“migração internacional” que inclui os movimentos de solicitantes de refúgio e de refugiados.
Em discussões públicas, no entanto, essa prática pode facilmente gerar confusão e pode também
ter sérias consequências para a vida e segurança de refugiados.
“Migração” é comumente compreendida implicando um processo voluntário; por exemplo, alguém
que cruza uma fronteira em busca de melhores oportunidades econômicas. Este não é o caso de
refugiados, que não podem retornar às suas casas em segurança e, consequentemente, têm direito
a proteções específicas no escopo do direito internacional.
Desfocar os termos “refugiados” e “migrantes” tira atenção da proteção legal específica que os
refugiados necessitam, como proteção contra o  refoulement  e contra ser penalizado por cruzar
fronteiras para buscar segurança sem autorização. Não há nada ilegal em procurar refúgio – pelo
contrário, é um direito humano universal.
Portanto, misturar os conceitos de “refugiados” e “migrantes” pode enfraquecer o apoio a
refugiados e ao refúgio institucionalizado em um momento em que mais refugiados precisam de
tal proteção.
Nós precisamos tratar todos os seres humanos com respeito e dignidade. Nós precisamos garantir
que os direitos humanos dos migrantes sejam respeitados. Ao mesmo tempo, nós também
precisamos fornecer uma resposta legal e operacional apropriada aos refugiados, por conta de sua
situação difícil e para evitar que se diluam as responsabilidades estatais direcionadas a eles.
Por essa razão, o ACNUR sempre se refere a “refugiados” e “migrantes” separadamente, para
manter clareza acerca das causas e características dos movimentos de refúgio e para não perder
de vista as obrigações específicas voltadas aos refugiados nos termos do direito internacional
(Nações Unidas Brasil, 2019).

Embora existam alguns padrões e tipologias das migrações, ao longo da História os

deslocamentos populacionais aconteceram em contextos variados, por motivações específicas. E

esta, por exemplo, é uma das questões que cabe ao historiador pesquisar. Analisar determinados

processos pensados em suas particularidades e refletindo, por exemplo, para as transformações


culturais e sociais propiciadas na sociedade de destino, os conflitos culturais ou mesmo as heranças

deixadas por determinados grupos em uma região.

Dantas, Morais e Fernandes afirmam que as migrações são “fenômenos que ocorrem vinculados

às condições socioeconômicas, culturais, políticas e ambientais em escala mundial e regional/local”

(Dantas; Morais; Fernandes, 2011, p. 103). Logo, conforme aponta a literatura sobre o tema, podem
estar sendo impulsionadas por fatores que repulsão ou atração, que por sua vez, variam nas razões,

sejam elas econômicas, políticas culturais ou naturais:

Econômico: fator vinculado principalmente à busca de oportunidade de trabalhos e melhoria

nas condições de vida do imigrante e de sua família. É a principal motivação dos


deslocamentos;

Político: Fator migratório geralmente relacionado às disputas de território, guerras e demais

conflitos bélicos (que podem ser internos como guerras civis ou externos, como conflito com

outras nações), perseguições políticas e transformações políticas (como aberturas políticas).

No caso das migrações por motivos políticos são muito comuns os exílios. Situação política, em

que o exilado se vê obrigado (direta ou indiretamente) a sair de sua terra de origem e é impedido de

voltar.

Natural: Migrações deste tipo ocorrem quando desastres naturais atingem determinadas

regiões ou por conta de situações ambientais/naturais que se tornam extremas. Alguns

exemplos destes casos são: tsunamis, terremotos, secas, enchentes, entre outros;

Você conhece migrações por conta de cada um destes motivos? Faça uma pesquisa sobre

migrações e elabore um estudo de caso para cada fator de atração ou repulsão citados

anteriormente. Para isto, cite exemplos práticos levantando dados e apresentando informações

sobre cada uma das migrações citadas.

Outra questão importante para o estudo da imigração e que para nós historiadores é bastante

relevante é a respeito de como ocorre esta migração. Se ela acontece isoladamente – se é um

indivíduo ou uma família que decide migrar – ou se ocorre dentro de um processo social – quando a

transferência de grupos populacionais de um lugar para outro ultrapassa esta esfera individual ou

familiar. Neste caso, temos o que denominamos processo migratório ou movimento migratório. E

sobre este processo:


É necessário compreender as razões desse fenômeno, procurando identificar as variáveis que
estão na base de sua organização. Assim, os processos migratórios têm variáveis que são
estruturais e conjunturais. Ou seja, os movimentos migratórios, quando atrelados aos fatores
econômicos, são responsáveis pelos processos de acomodação das populações migrantes, cujas
repercussões vão revelar a dinâmica estrutural e conjuntural da realidade socioespacial que
envolve a nação, a região, o campo e a cidade. Assim, pode-se entender as interferências
estruturais da economia e a capacidade que ela apresenta para direcionar as condições de
desenvolvimento. A dinâmica estrutural ligada à dinâmica migratória está relacionada à capacidade
da sociedade em termos de tecnologia, produção de conhecimento, meios de transportes e
comunicação, qualificação da força de trabalho, geração de emprego e renda, uso dos recursos
naturais. Esses elementos são estruturantes do processo de desenvolvimento espacial, sendo
considerados as raízes que sustentam e dão dinamismo a um país e definem os distintos níveis de
integração espacial em âmbito global e local (Dantas; Morais; Fernandes, 2011, p. 103-104).

Os processos migratórios distinguem-se dos outros tipos de migrações por serem um fenômeno

social e ter efeitos massivos na população de destino. Já que influenciam as taxas de crescimento

populacional, fecundidade e mortalidade, bem como alteram os espaços em que chegam,

contribuindo para transformações nas dinâmicas sociais no local de chegada, bem como para trocas

culturais. 

Na história do nosso país, por exemplo, podemos citar algumas ondas de processo migratório,

entre elas:

Vinda dos africanos escravizados por meio do Tráfico Atlântico entre os Séc. XVI e o XIX;

 Vinda dos Europeus no Séc. XIX e início do Séc. XX.

Você consegue identificar alguns destes grupos que vieram para cá? Faça uma pesquisa sobre a

formação da sua região ou município atentando:

1. Como foram as dinâmicas das migrações na sua região?

2. Quais foram os grupos, quando e por que deixaram suas regiões de origem?

3. Quais heranças culturais destes grupos nos dias atuais?

4. Há marcos patrimoniais ou espaços reservados à preservação da história da migração e

dos grupos migrantes na sua região?

TEMA 5 – MIGRAÇÃO: ELEMENTOS PARA ANÁLISE


A migração é importante elemento para o crescimento da população, assim, é fundamental

levarmos em conta esse elemento nas análises demográficas. Ademais, este se constitui um

interessante objeto de reflexão para a História da População.

Segundo Dantas, Morais e Fernandes, entre as direções que as migrações podem ocorrer, são:

Cidade x Campo: promovendo êxodo urbano (movimento da saída das cidades em direção ao
campo) ou êxodo rural (movimento da saída do campo em direção aos centros urbanos);

Internas: Deslocamento entre cidades ou regiões de um mesmo país;

Externas: Movimentação de pessoas entre países.

Importante apontamento sobre as migrações internacionais é que elas devem obedecer às

normas de migração de cada país. Assim, os indivíduos que desejam migrar para fora do seu país de

origem devem obter vistos de estadia ou moradia no país que pretende fixar residência. Caso

contrário, o indivíduo será considerado um imigrante legal.

Já no que diz respeito ao tempo de duração, as migrações podem ocorrer, são:

Definitivas: Imigração em que o indivíduo se estabelece de forma permanente. Por exemplo:

Imigrante das diversas nacionalidade (como, por exemplo, italianos, alemães, ucranianos e
portugueses) que vieram para o Brasil afim de fixar residência no Brasil no Séc. XIX;

Circulares: Ocorre com pessoas de alta qualificação profissional que possuem flexibilidade de
deslocamento. São os imigrantes atraídos por avanços científicos de determinadas áreas. Não
há enraizamento, o migrante tende a procurar outros locais para se deslocar após algum

tempo;
Temporárias: Imigrante fica no local de deslocamento apenas por certo tempo. Elas podem ser

diárias ou sazonais.

Este tipo de migração está muito relacionado à rotina de trabalho. Podem ser aquelas em que o

trabalhador se desloca diariamente para cumprir suas atividades profissionais, mas volta para dormir
em casa, como também aquelas em que o trabalhador se desloca por certo período de tempo para

realizar determinado serviço, e ao seu término, volta para casa.

Um exemplo da migração diária são pessoas que moram em cidades próximas à complexos

industriais e diariamente cruzam as fronteiras do seu município para trabalhar, mas voltam para sua
residência no fim do dia. Já o exemplo da migração sazonal é o de indivíduos que trabalham em
colheitas, como os chamados “bóias-fria” no Brasil. Em geral homens e mulheres advindos das
regiões Norte e Nordeste e que migravam para o Sudeste por alguns meses do ano para trabalhar na

colheita da laranja, do café ou da cana-de-açúcar. Esse movimento foi muito intenso nos anos 70 e
80 no país, mas existe até os dias atuais.

NA PRÁTICA

No fim do ano de 2019, a Organização Internacional para Migrações (OIM) publicou um relatório


sobre as migrações no mundo. Segundo o documento, havia, no ano de 2019, ao menos 272 milhões

de migrantes internacionais no mundo – 3.5% da população mundial. Um aumento de 23% em


comparação à 2010 (Nações Unidas Brasil, 2019). Segundo o relatório.

O relatório mostrou também que o deslocamento forçado tem registrado recordes no mundo, com
o número de pessoas internamente deslocadas atingindo 41 milhões, e o número de refugiados
chegando a aproximadamente 26 milhões.
Lançado durante reunião do Conselho da OIM de 2019 pelo diretor-geral da organização, António
Vitorino, a décima edição do Relatório Mundial sobre Migrações de 2020 tem como objetivo
fornecer informação sobre migrações para pesquisadores e tomadores de decisões.
“Como o relatório mostra, continuamos crescendo e melhorando a captação de informação e de
dados, que podem nos ajudar a entender melhor os recursos básicos da migração em tempos cada
vez mais incertos”, disse Vitorino.
Entre os assuntos abordados no relatório, estão mobilidade humana e mudanças climáticas,
migração perigosa e infantil, migração e saúde, entre outros temas.
O embaixador e representante permanente das Ilhas Marshall da ONU em Genebra, Doreen Debrum,
presente no lançamento, destacou a importância de relacionar mudanças climáticas e migrações.
Segundo ele, seu próprio país está em risco diante das mudanças do clima, o que provavelmente
causará deslocamentos forçados.
O embaixador alemão na ONU, Michael von Ungern-Sternberg, lembrou que a migração se tornou
uma questão intensamente debatida em sociedades em todo mundo.
“Isso é um bom desenvolvimento. Ainda assim, temos que encarar o risco da politização indevida e
a deturpação de fatos”, disse. “O Relatório Mundial sobre Migrações irá contribuir para uma
discussão construtiva sobre essa questão tão sensível e abrirá caminho para a cooperação
internacional” (Nações Unidas Brasil, 2019).

Logo, o relatório aponta as questões contemporâneas acerca da migração, fazendo inerência


também aos refugiados, mas você sabe o que é um refugiado? Sabe a diferença entre refugiado e

migrante?
Segundo as Nações Unidas:

Refugiados são especificamente definidos e protegidos no direito internacional. Refugiados são


pessoas que estão fora de seus países de origem por fundados temores de perseguição, conflito,
violência ou outras circunstâncias que perturbam seriamente a ordem pública e que, como
resultado, necessitam de “proteção internacional”.

As situações enfrentadas são frequentemente tão perigosas e intoleráveis que estas pessoas
decidem cruzar as fronteiras nacionais para buscar segurança em outros países, sendo
internacionalmente reconhecidos como “refugiados” e passando a ter acesso à assistência dos
países, do ACNUR e de outras organizações relevantes.

Eles são assim reconhecidos por ser extremamente perigoso retornar a seus países de origem e,
portanto, precisam de refúgio em outro lugar. Essas são pessoas às quais a recusa de refúgio pode
ter consequências potencialmente fatais para suas vidas (Nações Unidas Brasil, 2019).

Para refletir sobre este tema, veja o vídeo das Nações Unidas “Quem são refugiadas(os)?
Por que usamos este termo?”. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=S5wid6mwO

6o&feature=emb_logo>. Acesso em: 23 abr. 2020.

Em seguida, veja o vídeo “ACNUR: Um mundo em crise”. Disponível em:

<https://www.youtube.com/watch?time_continue=73&v=Ge6PclH_lXg&feature=emb_logo>.

Acesso em: 23 abr. 2020.

Mas, de que forma os refugiados são protegidos pelo direito Internacional?

O regime legal específico que protege os direitos dos refugiados é conhecido como “proteção

internacional dos refugiados”. A lógica que sustenta a necessidade deste regime reside no fato de
que os refugiados são pessoas em uma situação específica que exige salvaguardas adicionais.
Solicitantes de refúgio e refugiados carecem da proteção de seus países.

O Artigo 14 da Declaração Universal dos Direitos Humanos afirma o direito de toda e qualquer

pessoa procurar e se beneficiar de refúgio. No entanto, nenhum conteúdo claro foi dado à noção de
refúgio em nível internacional até que a Convenção de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados [a
“Convenção de 1951”] foi adotada, e o ACNUR foi incumbido de supervisar sua implementação.

A Convenção da ONU de 1951 e seu Protocolo de 1967, assim como instrumentos legais

regionais, como a Convenção de 1969 da Organização de Unidade Africana (UOA) que rege os
aspectos específicos dos problemas dos refugiados na África, são os pilares do regime de proteção
de refugiados moderno. Eles estabelecem uma definição universal de refugiado e incorporam os

direitos e deveres básicos dos refugiados.

As disposições da Convenção de 1951 continuam sendo o padrão internacional para o


julgamento de qualquer medida para a proteção e tratamento dos refugiados. Sua disposição mais
importante, o princípio de non-refoulement (que significa ‘não devolução’), contido no Artigo 33, é o

alicerce do regime.

De acordo com este princípio, refugiados não podem ser expulsos ou devolvidos a situações
onde suas vidas ou liberdade possam estar sob ameaça. Os Estados são os primeiros responsáveis
por assegurar essa proteção. O ACNUR trabalha estreitamente com governos, aconselhando-os e os

apoiando conforme suas necessidades a fim de implementar suas responsabilidades (Nações


Unidas Brasil, 2019).

Com base nas reflexões propiciadas pelos materiais anteriores, responda:

1.  Qual a relação entre a política e as possibilidades de vida dos indivíduos e grupos
sociais em sua terra natal?

2.  O que caracteriza um refugiado e qual as responsabilidades éticas das nações para
com estes indivíduos?

3.  Você conhece exemplos de grupos de refugiados no Brasil atual? Pesquise e explique a
situação deles desde o motivo de seu deslocamento até as condições de vida aqui.

Destacando políticas de integração e problemas encontrados neste processo.

FINALIZANDO

Nesta aula abordamos alguns elementos importantes para a reflexão sobre a população.

Apresentamos alguns elementos caros à análise demográfica, como técnicas para a análise e
cálculo do crescimento demográfico. Após isto, apresentamos a importância da estrutura Idade e

Sexo para as análises demográfica e apresentamos sua representação gráfica, a pirâmide etária. Por
fim, analisamos questões referentes à migração. Para isto, em um primeiro momento abordamos
questões referentes às correntes migratórias e, em seguida, apresentamos alguns dos tipos e
migração, de acordo com sua duração e direção. Com isto buscamos oferecer elementos para que o

aluno possa refletir acerca das dinâmicas populacionais. Entender alguns dos elementos que
contribuem para ela, atentando para como cada um deles esteve (e ainda está) presente na história
do nosso país e nas questões sociais e políticas na contemporaneidade.

REFERÊNCIAS

DANTAS, M. E.; MORAIS, I. R.; FERNANDES, M. J. da C. Geografia da População. Natal: Editora da

UFRN, 2011.

FERREIRA, R. H. Migrações internacionais: Brasil ou Japão – O movimento de inserção do

dekassegui no espaço geográfico pelo consumo. 179 f. Tese (Doutorado em Geografia Humana) –
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.

IBGE. Disponível em: <www.educa.ibge.com.br>. Acesso em: 23 abr. 2020.

MATUDA, N. da S. Introdução à Demografia. Notas de Aula, 2009. Disponível em:

<http://wiki.dpi.inpe.br/lib/exe/fetch.php?media=ser457-cst310:aulas-
2014:leituras:matuda_2009.pdf>. Acesso em: 23 abr. 2020.

NAÇÕES Unidas. Disponível em: <www.nacoesunidas.org>. Acesso em: 23 abr. 2020.

TORRES, A. Demografia e Desenvolvimento: Elementos Básicos. Lisboa: Gradiva, 1996.

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