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TEMA 1 – PORQUÊ ESTUDAR A

DEMOGRAFIA?

1.1. CONTEÚDO DA DEMOGRAFIA


Se quisermos apreender o espírito do processo demográfico reivindicado
pelos demógrafos há século e meio, impõe-se um retorno às origens. O
termo “Demografia” foi inventado pelo francês Achille Guillard, nascido
um ano após a publicação do ensaio de Malthus, em 1799. Guilard, que
se tornou no pai de uma prole de demógrafos de renome, era um
estaticista ansioso por aplicar a estatística ao estudo das populações
humanas. Daí a invenção, instalada pelo seu editor, de um termo
específico para designar esta nova disciplina a que Guillard dedicou uma
obra publicada em 1855, sob o título:” Eléments de statistique
humaine ou démographie compareé” (Elementos de estatística
humana ou demografia comparada).
A palavra demografia apareceu nos meados do século XIX. Foi usada
pela primeira vez o termo demografia para designar a Ciência que trata
das condições, movimentos e progresso das populações. Assim, a
demografia torna-se ciência ensinada na universidade em 1875, na
faculdade de medicina.
A demografia é composta de duas palavras gregas:
 GRAFIA que significa descrever;
 DEMOS designam povo ou população.
A Demografia utiliza o método essencialmente quantitativo associado
com os diferentes aspectos de estudo como os das populações
humanas.
Segundo o dicionário da Demografia multilíngue das Nações Unidas, a
demografia é definida hoje como: «Uma ciência que tem por objecto o
estudo das populações humanas, e trata da sua dimensão, sua
estrutura, sua evolução e suas características gerais, encarado de
ponto de vista quantitativo».
Desde antiguidade, os homens têm sempre mostrado vivo interesse
sobre as questões da população. Este interesse é principalmente
colocado sobre o número das pessoas presentes num dado conjunto da
população.
A Demografia é uma área da ciência geográfica que estuda a dinâmica
populacional humana.
O seu objecto de estudo incide sobre dimensões, estatísticas, estrutura
variando em virtude da natalidade, mortalidade, migrações e
envelhecimento. A análise demográfica centra-se também nas
características de toda uma sociedade ou de um grupo específico,

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definido por critérios como educação, a nacionalidade, a religião, a
pertença étnica.
Actualmente, a demografia é uma ciência desenvolvida e rigorosa que se
apoia em grande parte na Informática.
Embora os censos, uma das principais formas de estudar a população,
se efectuem desde a Antiguidade, a Demografia como ciência só surgiu
em meados do século XIX, quanto ao crescimento urbano e as
migrações tornaram necessário o estudo sistemático do comportamento
dos habitantes do planeta.

1.2. DEMOGRAFIA E ECONOMIA


A produção designa uma parte de actividades humanas que se traduz
na criação de bens e serviços próprios para a satisfação das
necessidades individuais ou colectivas. Os bens são múltiplos como
máquinas, roupas, alimentos, etc.
No mundo moderno as pessoas gastam mais nos serviços tais como
transporte, cabeleireiro, advogado, etc.
A Economia «pode ser definida como a ciência que estuda a produção e
a distribuição de bens e serviços económicos».
Portanto, a economia designa todas actividades humanas que têm por
objecto transformar a natureza do consumo do indivíduo.

1.2.1 A POPULAÇÃO ACTIVA


Nota-se que os alunos já no Liceu trabalham, as mulheres donas de casa
trabalham e os aposentados fazem serviços no jardim familiar, no
entanto, não são considerados como população economicamente activa,
mas sim classificados como população inactiva. Porquê?
Segundo a convenção adoptada ao recenseamento de 1954, define-se a
população activa como aquela pessoa que exerce ou procura a exercer
actividade profissionalmente remunerada. A população activa é a
população que é directamente engajada na vida económica (produção,
troca e serviços). Pessoas que se sustentam elas próprias como também
as inactivas.
Desta forma, apenas as crianças, os estudantes, os reformados, os
domésticos, os incapacitados e todos aqueles que simplesmente não
querem trabalhar, são considerados como não integrantes na população
activa.

1.3. CATEGORIAS SOCIOPROFISSIONAIS


A categoria é determinada através de critérios objectivos como a
profissão, a actividade económica, o estatuto, a hierarquia de

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enquadramento, etc. Assim podemos classificar a população activa e
inactiva em dez categorias:
1. Os agricultores (proprietários);
2. Os assalariados agrícolas;
3. Os empresários da indústria e de comércio;
4. As profissões liberais e os quadros superiores;
5. Os quadros médios;
6. Os empregados;
7. Os operários;
8. Os pessoais de serviço;
9. Outra categoria (Artistas, cleros, soldados, etc);
10. População inactiva (crianças, aposentados e aqueles que não
querem trabalhar).

1.4. A INTERLIGAÇÃO DA DEMOGRAFIA COM OUTRAS CIÊNCIAS


O estudo da população do ponto de vista numérico denomina-se
Demografia. Sabemos, no entanto, que não é possível traçar fronteiras
entre as diversas ciências sociais, tendo-as todas, o homem, como
objecto de estudo. Nesta óptica a Demografia não difere das outras
ciências sociais. O seu objecto de estudo também é o comportamento do
Homem em sociedade e também necessita das informações das outras
ciências. Numa primeira análise, a Demografia aparece-nos como uma
resposta científica a um conjunto de questões relacionadas com a
descrição da população humana. Para além disso, a Demografia estuda
aspectos relacionados com o ordenamento espacial da população, a
alteração de estruturas familiares, as consequências do envelhecimento
demográfico no futuro da segurança social, a composição da população
activa, as necessidades e a localização de equipamentos sociais. A
Demografia contribui também para a resolução de algumas questões
importantes noutras áreas científicas. Temos, por exemplo, o
planeamento dos recursos humanos, a questão ambiental, a saúde
pública e as projecções demográficas.
Assim, existe uma profunda interligação entre a Demografia e as
restantes ciências sociais, embora aquela se distinga das restantes em
termos dos métodos de análise quantitativa. A procura de um grande
rigor na medição dos fenómenos demográfico desenvolveu um vasto
número de métodos e técnicas de análise, próprios da ciência
demográfica, o que veio reforçar ainda mais a construção do objecto de
estudo da Demografia. Como qualquer fenómeno social estudo da
Demografia é de grande complexidade estando associado a múltiplos
fenómenos que vão desde a saúde, a política, à cultura, aos aspectos

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económicos, à educação, etc. A demografia enquanto ciência que tem
por objecto de estudo a populaça humana assume assim, naturalmente,
um papel fundamental nas ciências sociais.
Deste modo pode-se entender que a demografia é uma ciência
pluridisciplinar. Todavia, o que a distinga das outras ciências é a
especificidade de seus métodos de análise quantitativa que ultrapassa o
campo da demografia, por exemplo:
Demografia económica: estuda as relações da população com os
fenómenos económicos subdividindo-se por sua vez em dois subíramos:
A microeconomia da população, estuda os factores económicos que
influenciam o comportamento demográfico das famílias por exemplo, a
decisão de ter ou não ter mais filhos.
A macroeconomia da população, estuda as inter-relações entre as
tendências demográficas e o crescimento da economia ao nível do
agregado familiar.
Demografia Social: estuda as relações da população com os fenómenos
sociais, por exemplo, a explicação sociológica no comportamento
reprodutivo entre grupos etno-sociológicos.
Demografia Histórica: consiste em analisar a evolução da população
dentro do seu contexto histórico, por exemplo a história de povoamento
da cidade de Luanda.
Ecologia Humana: é uma especialidade dentro da sociologia, da
geografia ou da antropologia, que estuda a distribuição territorial e a
organização das populações em relação ao meio em que vive.
Geografia da População: é uma especialidade dentro da geografia, que
estuda a distribuição territorial das populações e sua relação com o meio
físico, por exemplo recursos naturais, e organizações económicas.
Epistemologia: é o ramo da saúde pública que estuda a relação entre as
doenças e os meios humanos dentro do qual existem e transmitem, por
exemplo o comportamento tradicional do homem africano de ter muitas
mulheres e o desenvolvimento da endemia de VIH/SIDA.
Genética da População: estuda a distribuição de caracteres hereditários
no seio das populações. No entanto, a genética humana estuda a
transmissão de caracteres hereditários na espécie humana.

1.5. POPULAÇÃO E SEU CRESCIMENTO:


1.5.1. CONTROVÉRSIAS ENTRE A POPULAÇÃO E O CRESCIMENTO
A população mundial, no seu conjunto, regista actualmente um
crescimento elevado. Contudo, ao compararmos diferentes países e
regiões do mundo, descobrimos contrastes acentuados.

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Embora a História Demográfica de muitas regiões não seja conhecida no
mundo, sabe-se que o crescimento nem sempre foi gradual e uniforme.
Estima-se que em 1650 África contava aproximadamente com 100
milhões de habitantes, ou seja, uns 20% da população mundial,
enquanto a China tinha 113 milhões. A população da Europa, da China e
de outras regiões aumentou consideravelmente nos seguintes dois
séculos. A população africana diminuiu ligeiramente, sendo estimada em
95 milhões em 1850. Contudo, no dia 12 de Outubro de 1999, a
população mundial atingiu os seis mil milhões de habitantes. Este
fenómeno deveu-se ao ritmo de crescimento muito rápido desde 1950,
ou seja, no período de expansão do pós-guerra mundial. De acordo com
as actuais previsões, em 2050 esse número deverá atingir os 9 mil
milhões.
Fazem-se as perguntas seguintes:
 Como evolui o efectivo e a composição da população?
 Quais são os eventos demográficos que influem sobre o efectivo
de uma população?
A população mundial, desde os tempos mais remotos tem sofrido
evoluções positivas nos continentes, embora esta seja de uma forma
lenta. Para que se compreenda melhor é necessário que se fale das
características da evolução mundial.
De 1650 a 2000, verifica-se uma evolução da população mundial,
atingindo proporções elevadas em alguns continentes.
Podemos concluir que a população mundial tem vindo a aumentar,
embora com ritmos variáveis. Assim, podemos distinguir três (3) fases
importantes:
1ª Fase – Regime demográfico primitivo – Até meados do século
XVIII. Caracterizou-se por um ritmo de crescimento populacional lento.
Durante esta fase, tanto as taxas de natalidade como as de mortalidade
apresentavam valores muito elevados em todo mundo, pelo que,
consequentemente as taxas de crescimento natural eram muito baixas.
2ª Fase – Revolução demográfica – de meados do século XVIII até
1950. Caracterizou-se por um rápido crescimento da população mundial,
já que as taxas de natalidade revelaram valores elevados em todo
mundo e as taxas de mortalidade dos países mais desenvolvidos
diminuíram acentuadamente. Logo, o ritmo de crescimento da população
mundial aumentou
3ª Fase – Explosão demográfica – iniciou-se em meados do século
XX. Fase em que se regista o maior crescimento da população mundial,
sobretudo devido a existência de elevadas taxas de natalidade nos
países menos desenvolvidos e a descida da taxa de mortalidade em todo
o mundo. Consequentemente, a população aumentou a um ritmo muito
alto ou explosivo. O demográfico Alfredo Sauvy defende, porém, que

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este termo não é o mais adequado já que não se tratou de um fenómeno
brusco e instantâneo, foi antes progressivamente crescente.

A explicação da evolução da população tem muito a ver com as


circunstâncias de cada época. Desde a antiguidade a evolução da
população foi sofrendo muitas consequências o que contribui bastante na
desestabilidade da população; por exemplo:
 As calamidades, da chamada peste Negra, que dizimou muita
gente da Europa e da Ásia;
 Actualmente regista-se também a grande peste do século o
SIDA;
 O superpovoamento, desemprego, pobreza, fome, degradação
das condições de vida, (provocam mortalidade e emigração) e
(natalidade e imigrantes).
Durante a idade média, a Europa conheceu um período de expansão
demográfica entre 1150 e 1350, levou à superpopulação de partes do
continente no início do século XIV. O período mais conhecido de
contracção começou em 1347, com o alastramento da peste negra na
Europa ocidental, que durante o século conseguiu matar pelo menos 25
à 50% da população do continente. Iniciou-se depois uma nova fase de
expansão demográfica que durou até ao século XVII. Neste perdido
verificam-se novamente sinais de superpopulação. Foram estes os
precedentes históricos que mais tarde levaram Malthus a conceber o
crescimento populacional como um fenómeno que inevitavelmente leva à
superpopulação, a que se seguem as consequentes crises de guerra,
epidemias ou fome.

 Densidade Populacional Ou População Relativa


Densidade populacional ou população relativa – é a relação entre a
superfície real de um continente, país ou região e o número dos seus
habitantes.
A densidade populacional de um continente, país ou qualquer região
acha-se dividindo o número dos seus habitantes pelo número de
quilómetros quadrados que esse continente, país ou região ocupa à
superfície terrestre.
𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 ℎ𝑎𝑏𝑖𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒𝑠
𝐷𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 =
superfície (km2 )
O conhecimento sobre a densidade populacional tem grande importância
porque nos permite conhecer se um país é muito ou pouco povoado, isto
é, conhecer quantos habitantes por quilómetros quadrados (hab/km²)
.

 Distribuição espacial da população

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A superfície da Terra é de 510.000.000 Km². Cerca de 70% são mares e
somente 30% é de Terra firme. E sabe-se que o homem apareceu
aproximadamente há 250.000 anos na Terra. Assim, torna-se ambíguo
falar da Demografia, sem termos em conta a geografia da população que
tem como objecto estudar a distribuição da população territorial e sua
relação com o meio físico como, por exemplo recursos naturais e
organização económica.
Falar da demografia da população é evidente que procuremos
pormenorizadamente saber:
 Quantos somos?
 Como nos distribuímos?
 Quais são as causas desta distribuição?
 Como evoluímos?
 Porque essa evolução?
 Que problemas?
 Que futuro?
A superfície da Terra está muito desigualmente ocupada pelos homens.
A descontinuidade do povoamento e as diferenças de densidade são
fenómenos que se encontram em todas as escalas. Os continentes são
mais ou menos povoados, os contrastes na distribuição humana
diferenciam os Estados do planeta e permitiu limitar as disparidades
regionais dentro do mesmo Estado. Isto chama-nos atenção para alguns
aspectos fundamentais da repartição do homem na Terra.
Existem áreas desabitadas, chamadas de anecúmenas, em oposição a
outras, onde o homem vive temporariamente, a subecúmenas e também
aquela onde o homem vive permanentemente, a chamada ecúmena.
Mais verifica-se que as zonas com maiores vazios (zonas com menor
concentração populacional), são as regiões polares e subpolares; as
grandes altitudes ou cordilheiras montanhosas, os grandes desertos
quentes, e as florestas densas, por serem meios hostis ou repulsivos.
As grandes concentrações humanas (zonas com maior concentração
populacional) estão localizadas principalmente no Hemisfério Norte em
volta do oceano Atlântico (Europa, América do Norte), Ásia meridional e
oriental (Ásia de monções) por serem regiões atractivas. As maiores
densidades populacionais registam-se entre os 20º e os 60º de Latitude
Norte.

FACTORES DE DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO


Porquê da desigual distribuição populacional?
Para poder compreende-la torna-se necessário considerar a actuação
conjunta de vários factores de ordem natural e humana, assim temos:
 Factores naturais (Relevo, clima e vegetação);

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 Factores humanos e económicos (Agricultura, indústria e as vias
de comunicação);
 Factores histórico-culturais e religiosos.

DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO POR ÁREAS


As grandes densidades não se formaram de repente, e parecem resultar
principalmente da manutenção de condições favoráveis, de ordem física
e humana, num lapso de tempo mais ou menos prolongado, mesmo nos
países novos e de mais poderoso apetrechamento técnico. Por outro
lado, os formigueiros humanos da Europa e do Oriente são o produto de
velhas civilizações desenvolvidas no seu solo originário, mais ao que
parece, insusceptíveis de serem transpostas e unidos são
essencialmente constituídas à custa da população das suas enormes
cidades.

 Distribuição espacial da população em África


A África é um continente subdesenvolvido, daí que se torna difícil
falarmos da sua demografia no sentido mais exacto. Porém
encontraremos como é que sua população se encontra distribuída.
Na África as regiões mais populosas são:
 As planícies do litoral Noroeste (Magreb).
 O vale e principalmente o delta do rio Nilo.
 A região compreendida entre o golfo da Guiné e o deserto do
Saara.
 Os planaltos orientais.
 O litoral Sul, principalmente a costa do Índico.
As regiões menos populosas ou mesmo despovoadas são:
 As florestas densas.
 Os desertos.
 As estepes semi-áridas.

 Distribuição espacial da população na Europa


Apesar da sua pequena superfície, a Europa ocupa o segundo lugar
quanto a população absoluta. No entanto as irregularidades da
distribuição da população são evidentes e condicionadas por factores de
ordem física e humana.
A Europa é o continente de maior densidade populacional e aquele em
que a população tem uma distribuição mais regular.
As densidades máximas registam-se nos países localizados em volta do
mar do Norte. As regiões mais setentrionais, muito frias e as regiões
montanhosas apresentam densidades baixas e inferiores a 20 hab/Km².

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 Distribuição espacial da população na Ásia
Tem-se dito que a Ásia é o continente dos contrastes. Em nenhum outro
a oposição entre as densidades populacionais é tão evidente:
 Na Ásia oriental situa-se a maior concentração, formada pela
China, Japão e Filipinas.
 Na Ásia meridional situa-se a 2ª maior concentração, formada pela
União Indiana, Paquistão, Bangladesh, Sri-Lanka.
 No litoral do mar Mediterrâneo (Israel, Líbano).
 No litoral do mar Negro (Turquia).
 Em certos Oásis volta dos rios e lagos
 Nalgumas regiões mineiras.

 Distribuição espacial da população nas Américas


Os europeus dão ao continente americano a designação de «novo
continente» porque só depois dos descobrimentos se divulgou o
conhecimento da sua existência. No entanto, julga-se que os «Índios» o
terão ocupado desde os tempos muito recuados, penetrando nele
através do Estreito de Bering.
Inicialmente os portugueses instalaram-se no litoral do Brasil e os
Espanhóis na América Central e nos Andes. Só mais tarde, a partir do
século XIX, se iniciara a imigração em larga escala de outros europeus.
Na América Anglo-Saxónica boa extensão era ocupada por brancos
Anglo-Saxónicos, outra por negros e outra mais a norte por Índios; A
América Latina tinha sido ocupada por brancos latinos, mestiços negros
e índios.
 O maior foco populacional situa-se junto ao atlântico, no Nordeste
(Megalópolis).
 O segundo foco populacional localiza-se na costa do pacífico (São
Francisco, Los Angeles).
 O terceiro foco corresponde à região em volta do golfo do México.
 Entre as montanhas Rochosas e a Cadeia da Costa, a densidade
populacional é baixa. O mesmo verifica-se na parte mais
Setentrional do continente.

 Distribuição espacial da população na Oceânia


A Oceânia é um imenso conjunto de ilhas situadas no oceano Pacífico, a
maior das quais, a Austrália, totaliza 90% das terras oceânicas.
Conhecida já no séc. XVI, depois da América, a Austrália só foi explorada
no séc. XVIII após a viagem do navegador inglês Cook.
Os aborígenes é que habitavam nesta região embora menos numerosos,
e quase desapareceram com as perseguições de que foram alvo e a falta
de imunidades as doenças levadas pelos imigrantes.

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Tal como acontece no continente africano, a parte oeste é ocupada por
um grande deserto, o litoral Norte e Este regista climas tropicais e o Sul
regista climas temperados. Assim a existência de uma cadeia
montanhosa, próxima da costa oriental, impede a monção de levar a
humidade para o interior. Todas estas circunstâncias explicam a
distribuição da população.
 ¾ da população encontra-se no litoral.
 No Sudeste, onde simultaneamente se encontram situadas as
maiores cidades (8 em cada 10 pessoas vivem nas cidades).
A densidade populacional é apenas de 3 hab/Km².

O quadro que se segue apresenta Distribuição por continentes da


população mundial (meados de 2021)
População Percentagem Área
Continentes
(Habitantes) No mundo (Km²)
América Latina e Caribe 659.744.000 8,4% 22.709.188
Estados Unidos e
371.108.000 4,7% 19.343.224
Canadá
Europa 747 747 000 9,5% 10.499.516
África 1.373.486.000 17,4% 30.297.712
Ásia 4.679.661.000 59,4% 44.329.852
Oceânia 43.220.000 0,5% 7.613.896
Mundo 7.874.966.000 100,0%

1.6. M ALTHUSIANISMO, NEOMALTHUSIANISMO E A TEORIA REFORMISTA


Malthusianismo
As ideias de Thomas Robert Malthus (1766-1834) encontram-se na sua
obra: «Essay on the Principle of population» a crença, publicada em 1798
mas foi reeditada em 1803 porque a edição original era essencialmente
teórica e escrita sob forma de panfletos.
A situação demográfica da Inglaterra no fim do século XVIII, não
justificou a crença no mecanismo regulador automática para evitar o
perigo da explosão da população. Na história deste país foi observada o
alto crescimento da população que se acompanhou com a deterioração
da situação alimentaria. Era importante enquadrar este facto num
contexto especial de Malthus que ele considerou e que correspondia ao
regime de assistência pública para a população pobre. Assim sendo, a
argumentação de Malthus tem o seu ponto inicial quando observa a
disparidade existente entre os meios de subsistência e o crescimento da
população.
Assim, em 1798, Malthus publicou uma teoria demográfica que apresenta
basicamente dois postulados:

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1. A população, se não ocorrem guerras, epidemias, desastres
naturais, etc, tenderia a duplicar a cada 25 anos. Ela cresceria em
progressão geométrica, por exemplo, 2;4;8;16;32;… crescendo
sem parar;
2. O crescimento da produção de alimentos ocorreria apenas em
progressão aritmética por exemplo: 1;2;3;… e possuiria um limite
de produção, por depender de um factor fixo: o próprio limite
territorial dos continentes.
Ao considerar estes postulados, Malthus concluiu que o ritmo de
crescimento populacional (PG) seria mais acelerado do que o ritmo da
produção alimentar (PA). Previa assim que um dia estariam esgotadas as
possibilidades de aumento da área cultivada, pois todos os continentes
estariam plenamente ocupados pela agro-pecuária e a população do
planeta continuaria a crescer. A consequência seria a fome e a falta de
alimentos para abastecer as necessidades de consumo do planeta.
Como resposta a este flagelo, Malthus (Pastor da Igreja Anglicana),
opôs-se aos métodos anticoncepcionais artificiais, defendendo antes os
métodos de controlo natural, propondo a sujeição moral, ou seja, que as
pessoas só tivessem filhos se possuíssem terras cultiváveis para poder
alimentá-los. Esta visão pessimista permitiu a Malthus de propor
mecanismos de regulação natural do crescimento da população como
por exemplo, as guerras, fome, o celibato prolongado e a castidade.
Essas ideias levantadas para Malthus são objecto de debate sobre o
malthusianismo.
Sabe-se hoje que as previsões de Malthus não se concretizaram, pois, a
população do planeta não duplicou a cada 25 anos e a produção de
alimentos cresceu ao mesmo ritmo do desenvolvimento tecnológico,
embora essa teoria, quando foi elaborada parecesse muito consistente.
Os erros de previsão de Malthus estão ligados principalmente às
limitações da época na recolha de dados, já que o mesmo tirou suas
conclusões a partir da observação do comportamento demográfico em
regiões limitadas com populações predominantemente rurais,
considerando-as válidas para todo o planeta. A sua teoria não previa os
efeitos de corrente da urbanização na evolução demográfica e, por
exemplo, o progresso tecnológico aplicado a agricultura.

O Neomalthusianismo
Com o fim da 2ª Guerra Mundial foi realizada uma conferência de paz em
1945, em São Francisco, que deu origem à Organização das Nações
Unidas (ONU). Na ocasião foram discutidas estratégias de
desenvolvimento, visando evitar a eclosão de um novo conflito militar à
escala Mundial. Havia apenas um ponto de consenso entre os
participantes: «a paz depende da harmonia entre os povos e, portanto,
da diminuição das desigualdades económicas no planeta».

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Neste contexto histórico, foi criada a Teoria Demográfica de
Neomalthusianismo, uma tentativa de explicar a ocorrência da fome dos
países subdesenvolvidos. Ela é defendida pelos países desenvolvidos e
pelas elites dos países subdesenvolvidos.
Segundo essa teoria, uma população jovem numerosa resultante das
elevadas taxas de natalidade verificadas em quase todos os países
subdesenvolvidos necessita de grandes investimentos sociais em
educação e saúde. Para tal, diminuem-se os investimentos produtivos
nos sectores agrícolas e industrial, o que impede o pleno
desenvolvimento das actividades económicas e, portanto, da melhoria
das condições da vida das populações.
Ainda segundo os Neomalthusianos, quanto maior é o número de
habitante de um país, menor é a renda per cápita e a disponibilidade de
capital a ser distribuído pelos agentes económicos.
Os discípulos e os defensores destas ideias aprofundarem a teoria de
Malthus sobre as inconveniências da alta fecundidade e das vantagens
de uma limitação dos nascimentos. Entretanto, eles rejeitam os meios
preconizados para Malthus. Mas, eles defendem a ideia de limitar a
dimensão das famílias a não ultrapassar o número de crianças desejadas
e assegurar o intervalo entre nascimentos. Assim, eles pretendem uma
regulação assistida dos nascimentos, quer dizer, o uso de métodos
contraceptivos modernos, ou seja, a planificação familiar.

Teoria Reformista
As ideias básicas desta teoria são todas contrárias as de Malthus. A sua
principal afirmação nega o princípio malthusianista segundo o qual a
superpopulação é a causa da pobreza. Para os reformistas, é a pobreza
que gera a superpopulação.
De acordo com a teoria reformista, se não houvesse pobreza, as
pessoas teriam acesso a educação, saúde, higiene, etc. O que regularia,
naturalmente, o crescimento populacional, portanto, é exactamente a
falta dessas condições, o que acarreta o crescimento desenfreado da
população.
Neste caso, é necessário explicar a origem da pobreza, os reformistas
atribuem sua origem a má divisão de renda na sociedade ocasionada,
sobretudo, pela exploração a que os países desenvolvidos submetem os
países subdesenvolvidos. Assim a má distribuição de renda geraria a
pobreza e esta por sua vez, geraria a superpopulação.
Outra crítica dos estudiosos reformistas ao malthusianismo diz respeito
ao crescimento da produção. Como vemos, para Malthus esta crescia em
ritmo inferior ao da população. Para os reformistas, contudo, isto também
não é verdade, pois, com o início da revolução industrial e a consequente
revolução tecnológica, tanto a agricultura quanto a indústria aumentaram

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sua capacidade produtiva, resolvendo, dessa fora, o problema da
produção.
Os reformistas defendem que os governos deveriam implantar uma
política de reformas sócias – na tecnologia, para aumentar a produção e
resolver definitivamente o problema da sobrevivência humana e na
distribuição da renda, visando o acesso da maioria as riquezas
produzidas só assim o problema da pobreza se resolveria, e, resolvendo
o problema da pobreza, se resolveria também o problema da
superpopulação, ou seja, não haveria mais desequilíbrio entre uma e
outra.

 SITUAÇÃO DEMOGRÁFICA ACTUAL


Características:
- Equilíbrio demográfico nos países desenvolvidos.
- Explosão demográfica nos países subdesenvolvidos.
Problemas da explosão demográfica nos países subdesenvolvidos
A explosão demográfica nos países subdesenvolvidos traz consigo alguns
problemas como:
Superpovoamento
Desemprego
Pobreza Fome
Degradação das condições de vida…
O Superpovoamento – é uma distorção entre o homem e o seu meio.
Daí que todo habitante de um país tem necessidades que importa
satisfaze-las, tais como: tecto, alimentação, vestuário, emprego, etc.
Pode, portanto, falar-se de superpovoamento quando o país não está em
condições de assegurar as necessidades de todos os seus habitantes.
Que futuro sobre a evolução da população?
Prever o futuro é algo mais arriscado, tanto mais tratando-se da evolução
demográfica, tema que envolve e se interliga com muitos outros (sociais,
morais, económicos, políticos, etc…), e assim, surgem questões:
 Quando diminuirá a natalidade nos países onde ainda é elevada?
 Que ritmo de descida terá; lento ou rápido?
 Que acontecerá aos países com população envelhecida, se se
mantiverem as baixas taxas de natalidade

 Nível Individual
Os inventos demográficos atingem a todos os seres humanos mas a
demografia tem-se preocupado essencialmente com indivíduos e com os
grupos apesar de que todos nós morremos. É como todos nós que em
um dia não podemos formar uma união conjugal, nem ter filhos, nem

Celestino Sapuca, Ildefonso Catito, Ermindo Dinis/PUNIV-Kapango-2023/2024 13


mudar de residência. No entanto, a demografia se interessa com o
homem, com a sua sobrevivência, com o grupo de indivíduos, com a
relação existente entre indivíduos e entre as gerações.

 Nível Colectivo
No nível colectivo, o crescimento da população mundial tem implicações
económicas e sociais nos países em desenvolvimentos e desenvolvidos.

 Países em Desenvolvimento
Os países em desenvolvimento viram sua população crescer
rapidamente nas décadas de 1970 – 1980 e se duplicou no espaço de 20
anos. Esse crescimento obrigou os países a fazerem grandes esforços
para adaptar-se as infra-estruturas escolares e de saúde. Fazem-se as
seguintes perguntas:
 Que influência o crescimento demográfico rápido tem sobre o
desenvolvimento económico e social?
 Será que o crescimento rápido do número de habitantes de alguns
estados representa um obstáculo ao desenvolvimento económico e
social?
 É necessário regular os nascimentos quer dizer reduzir o número
das crianças (mulheres) e diminuir o crescimento demográfico para
permitir o desenvolvimento?

 Países Desenvolvidos
Nesses países fala-se de redução da natalidade, homens e mulheres têm
menos filhos. A redução da natalidade do modo geral, provoca o
envelhecimento da população e modifica as relações entre gerações. Por
exemplo, uma das consequências da decadência do Império Romano foi
ligada a queda de natalidade e de envelhecimento da sua população.

Rejuvenescimento da população
A baixa mortalidade infantil ou de menores de 5 anos de idade, possibilita
a sobrevivência das crianças e de jovens. A baixa mortalidade da
população jovem provoca um aumento proporcional destes grupos de
idade.
Também, um número importante de nascimentos provoca um
rejuvenescimento por que a proporção das crianças aumenta.
A imigração pode contribuir ao rejuvenescimento por dois sentidos, dum
lado para um efeito direito da contribuição de jovens adultos e do outro
lado para um efeito indirecto que é o aumento da fecundidade em razão
de aumento do número das pessoas particularmente das mulheres
fecundas.

Celestino Sapuca, Ildefonso Catito, Ermindo Dinis/PUNIV-Kapango-2023/2024 14


Envelhecimento da população
Um número de nascimentos como também o aumento da esperança de
vida ao nascer, pode aumentar o número de pessoas até a idade
avançada. O fenómeno de emigração de jovens adultos, pode também
provocar a queda da fecundidade e consequentemente o envelhecimento
da população.
Como a população não escapa no dilema de: «Crescer» ou
«Envelhecer», ou seja, ter uma fecundidade alta e uma população jovem,
o resultado é um crescimento natural importante.
Pelo contrário, uma fecundidade baixa corresponde ao fraco crescimento
natural com o resultado uma população velha.
No entanto, o envelhecimento se produza numa época de desintegração
da estrutura familiar tradicional, quando as de cuidarem das pessoas
com idade avançada aumentam e exigem um enquadramento direito de
toda a comunidade através dos mecanismos existentes quer dizer as
pensões de reforma.

1.7. O RECENSEAMENTO DA POPULAÇÃO


1.7.1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS CENSOS
O censo demográfico é uma pesquisa sobre a população que possibilita
recolher várias informações, tais como o número de habitantes, o número
de homens, mulheres, crianças e idosos, onde e como vivem as pessoas
e o trabalho que realizam, etc. Este estudo é realizado, normalmente a
cada dez anos.
No passado, para saber o número das pessoas de um território era
necessário proceder a uma operação simples de contabilidade de
indivíduos ou de agregados familiares que forma o território. O objectivo
era de natureza fiscal, militar e administrativo para saber o estado das
forças militares, das pessoas que devem pagar o imposto. O
recenseamento era um instrumento de controlo da população e
administrativo do estado.
Muito antes da Era cristã os impérios do Egipto, da Babilónia, da China,
da Palestina do Império Romano, já executavam contagens periódicas
das suas populações, para estabelecer as suas bases físicas, e de
trabalhadores ou de soldados.
O mais antigo censo de que se tem conhecimento é o da China, que teria
ocorrido em 2238 a.C., quando o imperador Yao mandou realizar um
censo da população e das lavouras cultivadas. Há ainda registos de um
censo realizado na época pouco anterior às de Moisés, cerca de 1700
a.C., e de que os egípcios faziam recenseamentos anualmente, no
século XVI a.C.

Celestino Sapuca, Ildefonso Catito, Ermindo Dinis/PUNIV-Kapango-2023/2024 15


Em Roma, era o censor que mantinha a moral pública e levava ao
governo central as informações sobre o estado geral da população.
Portanto, o recenseamento mais célebre é o que foi realizado pelo
Imperador Augusto César na altura do nascimento de Jesus Cristo. É
assim, que alguns estados do mundo adaptaram mais cedo os princípios
de recenseamentos regulares, é o caso da China que no século 10, de
Song entre 960 e 1280, de Ming à 1368-1644, de Mand Chu a partir de
1644 que produziu série impressionante de recenseamento.
Na Europa, o mundo ocidental, o verdadeiro censo só foi realizado
durante o século XVIII mas, foram os países Escandinavos os primeiros
a realizarem censos regularmente. Após os USA cuja constituição prevê
uma (1) vez de todos os 10 anos (1790 a 1990) o recenseamento da
população. No entanto, os países da Europa começarem a realizar o
recenseamento regular meio século mas tarde. Depois da Segunda
Guerra Mundial praticamente todos os países do mundo pelo menos
realizarem uma vez o recenseamento.
Em diversos países africanos que participaram no programa africano de
censos entre 1965 e 1974, realizou-se o primeiro censo fiável da sua
história.
Em Angola, como nas demais ex-colónias portuguesa, houve
recenseamentos integrais em 1940, 1950, 1960, 1970, além dos censos
parciais realizados antes de 1940. O principal mérito destes censos é o
de constituir a série ininterrupta mais longa de censos em África, apesar
da sua qualidade geralmente precária.
Em Angola, porém, esta regularidade perdeu-se depois da
independência, muito por conta do longo período de conflito armado que
o país viveu, e houve um recenseamento parcial em 1983 – 1987.
Porém, o censo mais recente em Angola, censo geral da população
e habitação, foi realizado entre 16 e 31 de Maio de 2014, com os
seguintes resultados definitivos divulgados:
 A população total de Angola = 25.789.024 habitantes.
 Destacou-se a subida da esperança média de vida em Angola, que
ficou fixada, oficialmente, em 60,29 anos (57,59 anos nos homens
e 63 anos nas mulheres), contra os últimos indicadores
conhecidos, que apontavam para 52 anos;
 As mulheres continuaram a ser maioria da população em Angola,
com 13.289.983, contra 12.499.041 homens. 65% da população
total com idade até 24 anos;
 A densidade demográfica em Angola ficou cifrada em 20,6
pessoas por quilómetro quadrado, mas que na província de
Luanda sobe para 368,9;

Celestino Sapuca, Ildefonso Catito, Ermindo Dinis/PUNIV-Kapango-2023/2024 16


 Luanda contabilizou 6.945.386 habitantes. A província do Bengo
foi considerada como a menos populosa de Angola, com pouco
mais de 356.000 habitantes;
 Da população total, 586.480 corresponderam a cidadãos
estrangeiros, equivalente a 2,3% do total, concentrados sobretudo
em Luanda;
 Cada mulher angolana com média de 5,7 filhos;
 Angola apresentou uma taxa de crescimento natural positiva de
2,7‰ e conta com 5.544.834 agregados familiares.
De salientar que, até ao preciso momento, não houve um outro censo
oficial que refutasse os dados apresentados, mas, pesquisas paralelas e
oficiosas, apontam o facto de, actualmente Angola poder ter, fruto,
também, da própria dinâmica demográfica, presumivelmente, 33 000 000
de habitantes aproximadamente, pelo que, se espera a realização de
um outro censo geral da população em 2024.
Segundo a definição das Nações Unidas (1980), censo é o «processo
total de recolha, processamento, avaliação, análise e divulgação de
dados demográficos, económicos e sociais referentes a todas as
pessoas dentro do país ou de uma parte bem definida de um país num
momento específico».

 Características do recenseamento
Os censos modernos têm características essenciais que são:
 A Territorialidade – o Território em análise deve ser definido;
 A Universalidade – que deve ser exaustivo e abranger todos
habitantes de um determinado território;
 A Simultaneidade – o recenseamento deve ser executado ao
mesmo tempo no território considerado;
 A Periodicidade – o censo deve ser repetido com intervalos
regulares, preferencialmente de cinco em cinco anos ou de dez em
dez anos;
 A Contagem Individual – que se recolha as informações sobre
cada indivíduo;
 A Disponibilidade dos resultados – o censo deverá ser
efectuado dentro dos prazos compatíveis com as aplicações
previstas;
 Direcção oficial – é obrigatória a especificação do espaço, dos
fins, do orçamento, da administração, da obrigatoriedade de
fornecimento de informação pela população, inclusive, das
penalidades de não cumprimento dessas obrigações.

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As Nações Unidas recomendam que os recenseamentos sejam
realizados com intervalos de 10 anos, e sejam feitos em datas
aproximadas entre países para facilitar as comparações e de preferência
nos anos cujo milénio acaba com 0 ou 1.

 Objectivos do Recenseamento
 Fornecer o efectivo total da população e a distribuição segundo
suas principais características (Estrutura por idade, sexo, estado
civil, económico…) atendendo uma determinada data;
 Dar a repartição da população ao nível geográfico até a comuna
mais pequena com precisão;
 Fornecer uma base de sondagem para os inquéritos ulteriores.
 O recenseamento deve ser objecto de uma lei que é uma
obrigação legal para responder e dar informações exactas. Essas
informações são protegidas por uma lei sobre segredo estatístico
(confidencial).

1.7.2. C ARACTERÍSTICAS DA POPULAÇÃO


Ao realizar-se um censo em cada alojamento deve ser recenseado o
agregado que aí reside, sendo que o agregado é um «conjunto de
pessoas, independente dos laços que as unem, ocupam um mesmo
alojamento considerado como residência principal».
Existem dois critérios de residência:
 A população de facto – é aquela que está presente no território
no momento do recenseamento;
 A população de direito – é aquela que reside no território
habitualmente.
O recenseamento toma em consideração esta definição por exemplo,
não pode recensear os angolanos residentes no estrangeiro nem tão
pouco os estrangeiros de passagem no país.
No entanto, recenseia-se a população que viva fora do agregado
ordinário que na verdade é uma população contada a par como os
militares, os internados, os hospitalizados a longa duração como também
as pessoas detidas nas penitenciárias.
É importante saber que os agregados ordinários são recenseados
separadamente antes do próprio recenseamento.
A partir do cadastro, a comuna é dividida em bairros que são confiados a
um agente recenseador que deve ser formado.
O recenseamento se apresenta em forma de questionário. Existem três
tipos de formulário que são necessários para o recenseamento:

Celestino Sapuca, Ildefonso Catito, Ermindo Dinis/PUNIV-Kapango-2023/2024 18


 Um impresso que é preenchido pelo agente recenseador tem listas
de alojamento de casas ou de prédios;
 Uma folha sobre o alojamento;
 Um boletim individual depositado em cada alojamento e é
preenchido directamente para os membros do agregado. Mas é
aconselhado que o boletim seja preenchido pelo agente
recenseador ou inquiridor.
O recenseamento levanta muitos problemas como de a organização e de
a qualidade da informação de:
 Cidades em expansão rápida sem cadastro;
 Certos locais não acessíveis (Bairros e aldeias);
 Problemas de estradas inacessíveis etc…

 Falhas e Críticas
 A periodicidade deve ser de 5 a 10 anos. Estes anos são muito
longos para observar as mudanças;
 O prazo para publicação de resultados é muito longo;
 O custo é muito elevado;
 O conteúdo deve ser limitado com perguntas simples, rápida, e
excluir temas sobre renda, religião, história genética, etc.
 O problema de cobertura e da qualidade de dados;
 Muitas perguntas não são respondidas com medo dos dados
poderem ser utilizados para outros fins.

1.8. AS VARIÁVEIS DEMOGRÁFICAS: TENDÊNCIAS E


REALIDADES
A evolução da população e as desigualdades no crescimento
demográfico mundial são resultado da diferença entre dois indicadores
demográficos:
 A natalidade, ou seja, o número de nados - vivos ocorridos
durante um ano em terminado território (N).
 A mortalidade, isto é, o número de óbitos registados durante um
ano em dado território (M).
Da diferença entre a natalidade e a mortalidade resulta o crescendo
natural (CN) que influencia o ritmo de crescimento demográfico.
Assim, chama-se «Crescimento Natural» (CN), à diferença entre o
número de nascimentos (N) e o número de óbitos (M) verificados numa
população durante um ano. Logo: CN= N-M.
Assim, se a N > M – há um crescimento natural positivo; a população
aumenta;
N = M – há um crescimento natural nulo; a população mantém-se;
N < M – há um crescimento natural negativo; a população diminui.

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Para compararmos estes valores em épocas ou países e regiões
diferentes não utilizamos a natalidade, a mortalidade e o crescimento,
mais antes as respectivas taxas. As mesmas estabelecem a relação
entre esses indicadores e a população total. Assim temos:
Número de nados − vivos
𝑇𝑁 = x 1000
População absoluta

Número de mortos
𝑇𝑀 = x 1000
População absoluta

TCN = TN-TM.

1.8.1. EVOLUÇÃO DA TAXA DE CRESCIMENTO NATURAL


A análise comparativa da evolução das taxas de natalidade e mortalidade
permite-nos concluir sobre a evolução da taxa de crescimento natural e
da sua relação com o aumento populacional ao longo dos tempos.
Assim, nos países desenvolvidos a evolução das taxas de natalidade e
mortalidade manifestam uma grande diferença em relação a evolução
das taxas de natalidade e mortalidade dos países subdesenvolvidos;
note que:
 Até ao século XVIII, as taxas de natalidade e mortalidade
mantiveram-se elevadas, levando assim, a um crescimento muito
lento da população;
 Com a revolução industrial, o panorama modifica-se, registando-se
um aumento da taxa de crescimento natural nos países
desenvolvidos, o que, provocou um aumento da taxa de
crescimento natural mundial durante o século XIX;
 No século XX, e principalmente a partir da 2ª Guerra Mundial, a
situação demográfica nos países subdesenvolvidos altera-se
profundamente passando estes a registarem elevadíssimas taxas
de crescimento natural; como são em maioria (em número e em
efectivo, provocaram a tão falada «explosão demográfica»).
Se quisermos fazer uma análise da evolução da população em áreas
mais restritas (exemplo países), temos de considerar ainda os
movimentos migratórios.
As migrações provocam uma diminuição da população nas áreas de
partida e um aumento nas áreas de chegada, onde:
Crescimento Efectivo (CE) – resulta da soma do crescimento natural (N -
M) com o saldo migratório (I – E).
CE = (N – M) + (I – E)
CE – Crescimento Efectivo

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N – Natalidade
M – Mortalidade
I – Imigração
E – Emigração

Vamos proceder à alguns cálculos por exemplo: Tomamos duas datas


diferentes tempo zero (t0) e tempo um (t1) e entre estas duas datas, o
efectivo da população evolui. O efectivo da população ao tempo 1 é igual
ao efectivo da população no tempo 0, aumentando apenas as entradas
(natalidade), e as chegadas (imigrantes) e diminuindo as saídas
(emigrantes e mortalidades) desta população durante o período
considerado.
P1 = P0 (N – M) + (I – E)

Por conseguinte, analisaremos o conjunto destes eventos demográficos


ao qual deve ser acrescentado os seguintes fenómenos:
 A natalidade ou a fecundidade estuda os nascimentos;
 A mortalidade estuda os óbitos;
 As migrações estudam a imigração e a emigração;
 A nupcialidade estuda a união/casamento e ruptura de
união/divórcio.
São fenómenos que explicam a evolução do efectivo, mais também
incluindo da estrutura da população. A demografia como ciência social
procura a interpretação colectiva de comportamentos de indivíduos. Ela
não se propõe só a descrever os fenómenos mas tenta explicar as
causas e as consequências.

1.8.2. N ATALIDADE E FECUNDIDADE


O estudo dos nascimentos de uma população, é complexo e o da
mortalidade. O facto é que cada pessoa morre e morre uma só vez. A
mortalidade é um fenómeno universal e não é renovável ao contrário da
fecundidade que não tem um carácter universal, certas pessoas têm
filhos e outras têm mais filhos, no entanto, o fenómeno é renovável.
Como para a mortalidade, pode-se estudar o calendário deste fenómeno,
segundo a repartição dos eventos em grupo de idade das mulheres. Ao
estudar a mortalidade, usa-se o indicador sintético tal como a esperança
de vida, para considerar os sobreviventes de óbitos ou os quocientes da
mortalidade deve se mostrar o risco de morrer a cada idade. Por
exemplo, podemos nos interessar a uma geração ou a um ano dado
segundo a idade de indivíduos.
No caso da fecundidade, pode se estudar a intensidade de fecundidade
quer seja a frequência da sua aparição no seio da corte de eventos de

Celestino Sapuca, Ildefonso Catito, Ermindo Dinis/PUNIV-Kapango-2023/2024 21


nascimentos. Por exemplo, estudar o número de filhos que as mulheres
de uma geração deram luz durante um ano.
É necessário estudar os eventos ligados ao nascimento por canal da
natalidade e da fecundidade.

 Medida da Natalidade e da Fecundidade


 A Taxa Bruta de Natalidade
O estudo da natalidade se realiza através da taxa bruta de natalidade.
Para calcular a taxa, temos que ter os nascimentos vivos de um ano da
população presente durante o ano. Para obter a população presente
durante o ano em consideração, emitimos a hipótese de repartição
homogénea das entradas e das saídas dos indivíduos da população ao
longo do ano. Portanto, estima-se a população presente tomando o
efectivo da população no meio do ano e fazendo a média entre os
efectivos que iniciam no 1º dia de Janeiro. Esta taxa se exprima para
1000 habitantes.
Nascimentos vivos
𝑇𝐵𝑁 = × 1000
População média

Exemplo: A população de uma determinada região, no dia 1 de Janeiro de


2010 correspondia a 58492000 habitantes, e no dia 1 de Janeiro de 2011
correspondia a 58727000 habitantes. Neste período verificaram-se 726000
nascimentos vivos. Calcule a Taxa Bruta de Natalidade de 2010.

População 01/01/2010 = 58492000 habitantes


População 01/01/2011= 58727000 habitantes
Nascimentos vivos = 726000
Taxa Bruta de Natalidade =?
726000
𝑇𝐵𝑁 = × 1000
(58492000 + 58727000)/2
726000000
𝑇𝐵𝑁 =
117219000/2
726000000
𝑇𝐵𝑁 =
58609500
𝑇𝐵𝑁 = 12,38‰

Vantagens:
 Taxa fácil a calcular;
 Pode fazer-se comparação com outros países.

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Desvantagens:
 Não permite relatar os nascimentos das pessoas responsáveis
destes eventos quer dizer das mulheres na idade de procriação;
 Como a taxa da mortalidade, a taxa bruta de natalidade não
elimina os efeitos da estrutura. A proporção das mulheres de 15 à
49 anos de idade é estável de uma população a outra.
Taxa geral da fecundidade
Quando queremos saber o comportamento de uma população, é sempre
importante analisar a sua fecundidade. Assim, a taxa geral da
fecundidade corresponde ao número médio de nascimentos para
mulheres em idade fecunda de uma população dada.
Nascimentos vivos
𝑇𝐺𝐹 = × 1000
Efectivos de mulheres com idade entre 15 − 49 anos de idade

Esta taxa é dita geral porque se refere ao conjunto de nascimentos e ao


conjunto de mulheres independentemente do seu estatuto matrimonial.
Ela toma em conta os nascimentos legítimos quer dizer dentro do
casamento e os nascimentos fora do casamento.
POPULAÇÃO FEMENINA
GRUPO ETÁRIO
MULHERES NASCIMENTOS TAXAS
15 – 19 2810.8 351 0.125
20 – 24 2864.7 747 0.261
25 – 29 2658.7 743 0.279
30 – 34 1912.9 473 0.247
35 – 39 1490.2 287 0.193
40 – 44 1056.2 124 0.117
45 – 49 730.1 44 0.060
TOTAL 13523.6 2769 1.282
Tabela 3. – Estimativas médias das taxas de fecundidade das mulheres com a idade compreendida
entre 15 – 49 anos. Fonte: inquérito demográfico e de saúde (EDS), Ghana, 1988.
Exemplo: Com base a tabela acima descrita, calcule a Taxa Geral de
Fecundidade, sabendo que foram registados 2769 nascimentos vivos, num total
de 13523,6 mulheres entre os 15 aos 49 anos.
Nascimentos vivos = 2769
Efectivo ou total de mulheres dos 15 aos 49 anos = 13523,6
Taxa Geral de Fecundidade = ?
2769
𝑇𝐺𝐹 = × 1000
13523,6
2769000
𝑇𝐺𝐹 =
13523,6
𝑇𝐺𝐹 = 204,7 ‰

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 As Taxas Específicas de Fecundidade por Idade
Actualmente, os demógrafos consideram que para se estudar com rigor
uma população não podemos utilizar apenas a taxa de natalidade, a qual
se limita a relacionar os nascimentos com a população. A maior parte da
população, em virtude da sua faixa etária, não está em fase de
procriação. Assim, é preferível utilizar a taxa de fecundidade em que
apenas se consideram as mulheres com idade compreendida entre os 15
e os 49 anos, ou seja, em idade de procriar. Para além da taxa de
natalidade e da taxa de fecundidade utilizamos ainda o índice sintético de
fecundidade.
Para estudar a fecundidade de um ano dado, deve se calcular a taxa por
idade deste ano em consideração. Portanto, existe uma série de 35 taxas
de fecundidades por idades.
Nascimentos vivos das mulheres do grupo etário x
𝑇𝐸𝐹 = × 1000
População média das mulheres do grupo etário x

Exemplo: Um determinado país registou 743 nascimentos vivos, num total de


2658,7 mulheres entre os 25 a 29 anos de idade. Tendo em conta a tabela nº 3,
calcule a Taxa Específica de Fecundidade.
Nascimentos vivos = 743
População média de mulheres (25-29 anos) = 2658,7
TEF (25-29 anos) = ?
743
𝑇𝐸𝐹 = 2658,7 × 1000

743000
𝑇𝐸𝐹 = 2658,7

𝑇𝐸𝐹 = 279,45 ‰

Taxa de Fecundidade Total


A partir de diferentes taxas específicas por idade, que podemos calcular
um indicador sintético de fecundidade que é a taxa de fecundidade total
(TFT).
Taxa de Fecundidade Total = ∑fx
Este indicador tem 3 nomes:
 Indício sintético de fecundidade: sintetiza uma informação;
 Indício conjuntural de fecundidade: é um indicador transversal, um
indicador do momento, que reflecte a conjuntura;
 Taxas de fecundidade total: faz-se referência ao modo de cálculo.
Fazer a soma das taxas quer dizer o número de nascimentos

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calculados por 1000 mulheres de cada grupo etário. Reduzindo a
estrutura à 1000 mulheres de cada idade.
∑fx
Deste modo teremos a seguinte fórmula: 𝑇𝐹𝑇 = × 10
2
Exemplo: Tendo em conta as taxas da tabela nº 3, calcule a Taxa de
Fecundidade Total.
(0.125 + 0.261 + 0.279 + 0.247 + 0.193 + 0.117 + 0.060)
𝑇𝐹𝑇 = × 10
2
1.282
𝑇𝐹𝑇 = × 10
2
12.82
𝑇𝐹𝑇 =
2
𝑇𝐹𝑇 = 6,41 filhos por mulher

Para as crianças, faz-se a soma média de crianças que uma mulher der
luz durante toda a sua fecundidade em função de um ano em
consideração.
Para as crianças, faz-se a soma média de crianças que uma mulher der
luz durante toda a sua fecundidade em função de um ano em
consideração.

 Os Determinantes da Fecundidade
Para explicar os níveis da fecundidade e as diferenças existentes entre
população e entre épocas, não é uma tarefa fácil, pois, aos
comportamentos concernentes a fecundidade, estão ligados os factores
biológicos, sociais e económicos como também na mentalidade, na
religião e no grupo onde pertence o indivíduo. Sendo assim teremos:
 Factores Biológicos: os anos do casamento e a idade do primeiro
filho. O aleitamento prolongado até em média 3 anos.
 Factores Sociais E Culturais: a religião pode proibir as relações
sexuais durante o período de jejum. O calendário agrícola no
campo determina o calendário da concepção.
 Factores Económicos: a fecundidade pode ter ligação com a
economia familiar. A presença dos filhos é apercebida como uma
segurança social para os pais durante os dias calamitosos como
os da idade avançada, impossibilitando de trabalhar. No contexto
da alta taxa de mortalidade, a tendência natural é de ter muitos
filhos para prever no caso que só uma metade atinge a idade
adulta. Outro aspecto é a transmissão do nome de entes queridos
falecidos e de problemas da herança (património).

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Para investigar os determinantes da fecundidade é preciso pesquisar os
diferentes variáveis que intercedem sobre a fecundidade e que o afasta
da fecundidade natural.
Ter filhos responde a uma necessidade económica para o indivíduo e
também social, porque o indivíduo é um ser social que obedece a
normas morais ou religiosas de constituir o matrimónio e ter a
descendência.

1.9. MORTALIDADE E SUAS VARIAÇÕES


 A Mortalidade
Desde o princípio da humanidade quer dizer da permanência do homem
na terra, existe sempre desigualdade. Por exemplo, uma pessoa nascida
em Angola tem a esperança de vida de 52 anos, é uma média reduzida
por causa de enorme mortalidade infantil de crianças menores de um ano
de idade.
A desigualdade existente também entre pessoas nascidas da mesma
época e segundo o lugar do nascimento da pessoa em França ou em
Bangladesh. A probabilidade de sobrevivência é diferente segundo a
idade de pessoa por exemplo, a esperança de vida na França para os
homens é de 74,9 anos de idade e para as mulheres é de 82,4 anos de
idade enquanto que, em Bangladesh, a esperança de vida para os
homens é de 59 anos de idade e 58 anos de idade para as mulheres, isto
é até os anos de 1998. No Japão a situação é diferente e favorável, a
esperança de vida para os homens é de 77 anos de idade e 84 para as
mulheres. Notamos que a situação é mais desfavorecida em Angola
onde a esperança de vida é de aproximadamente 52 anos actualmente.
Essa desigualdade se nota também diante da morte, no seio do mesmo
país como entre países e sexo. Isso pode ser explicado no contexto do
ambiente sanitário e cultural como também segundo os grupos sociais ou
classes sociais.
Para estudar a demografia e compreender a medida da mortalidade, sua
evolução é necessário considerar alguns indicadores.

 Os Indicadores:
 O número de óbitos
Para estudar a mortalidade duma população é preciso considerar o
número de óbitos desta população durante um período determinado.
Este número que é importante e prática para apreciar o movimento da
população da saída para a morte.
Mas este número absoluto não tem importância para fazer comparação
porque, o número absoluto de óbitos depende do tamanho da população
e do seu efectivo. Por exemplo um país (A) conta 100 vezes mais

Celestino Sapuca, Ildefonso Catito, Ermindo Dinis/PUNIV-Kapango-2023/2024 26


habitantes que o país (B), excepto as circunstâncias extraordinárias, o
número de óbitos do país (A), será mais importante. Ao fazer
comparações de dois países não ajudam a compreender as condições
sanitárias destes países.
Por exemplo, dois países com dados seguintes: país A 4000 óbitos para
a população de 2.000.000 de habitantes e país B 4.000 óbitos com a
população de 2.000.000 habitantes, não ajuda a estabelecer uma
comparação.
Para poder comparar a mortalidade do número de óbitos entre duas
diferentes populações, é preciso usar um outro indicador.

 Taxa Bruta de Mortalidade


Serve para eliminar o efeito do tamanho que se deve calcular da taxa e
faz parte de instrumentos mais utilizados em análise de demografia. A
taxa bruta de mortalidade é um indicador global que facilita a
quantificação da frequência de óbitos da população de um território
durante um período de um ano geralmente civil. A taxa de mortalidade se
refere aos óbitos sucedidos ao longo de um ano a população presente
durante este mesmo ano. Para avaliar a população presente ao longo do
ano, faz-se a média entre o efectivo da população no início do ano e o
efectivo da população no fim do ano. Assim pode ter a certeza que as
entradas e saídas da população dividem-se de maneira homogénea ao
longo do ano. Assim teremos:
Óbito do ano (n)
𝑇𝐵𝑀 = x 1000
População média do ano (n)

EXEMPLO: No dia 1 de Janeiro de 2012, a população de uma determinada


localidade era de 58258000 habitantes. Completando 1 ano, isto, no dia 1 de
Janeiro de 2013 o total de habitantes era de 58492000. Durante o ano de 2012,
registaram-se 537000 óbitos. Calcule a Taxa Bruta de Mortalidade.
População (01/01/2012) = 58258000 habitantes;
População (01/01/2013) = 58492000 habitantes;
Óbitos = 537000
Taxa Bruta de Mortalidade =?

537000
𝑇𝐵𝑀 = × 1000
(58258000 + 58492000)/2
537000000
𝑇𝐵𝑀 =
116750000/2

Celestino Sapuca, Ildefonso Catito, Ermindo Dinis/PUNIV-Kapango-2023/2024 27


537000000
𝑇𝐵𝑀 =
58375000
𝑇𝐵𝑀 = 9,19‰

Houve 9,19 óbitos em cada 1000 habitantes em 1996. Portanto, a taxa


bruta de mortalidade é sensível a estrutura da população, quer dizer a
composição em particular por idade.

 As Taxas Específicas de Mortalidade por Idade


Pode ser calculada a taxa para cada idade. Assim teremos:
Óbito de pessoas de idade
𝑇𝐸𝑀 = x 1000
1/2 (P1 + P2)
Exemplo: Um determinado país registou os seguintes dados demográficos: os
óbitos registados de pessoas de 4 anos em 2004 foram de 83400, a população
com 4 anos em 31 de Dezembro de 2003 era de 934600 crianças e a
população com 4 anos em 31 de Dezembro de 2004 era de 1263000 crianças.
Calcule a Taxa Específica de Mortalidade da respectiva idade.
Óbitos = 83400
P1 = 934600
P2 = 1263000
Taxa específica de mortalidade =?
83400
𝑇𝐸𝑀 = × 1000
1
2 (934600 + 1263000)
83400000
𝑇𝐸𝑀 =
0,5 (934600 + 1263000)
83400000
𝑇𝐸𝑀 =
467300 + 631500
83400000
𝑇𝐸𝑀 =
1098800
𝑇𝐸𝑀 = 75,9‰

Quando se utiliza a taxa por idade para fazer a comparação entre duas
populações é necessário ter toda a série de taxa por idade.
É importante estabelecer a tabela da mortalidade para poder facilitar o
cálculo de indicador da esperança de vida que permite saber o risco ou a
probabilidade da morte a cada idade.

Celestino Sapuca, Ildefonso Catito, Ermindo Dinis/PUNIV-Kapango-2023/2024 28


 Evolução da Mortalidade
 A Mortalidade Infantil
A mortalidade infantil ou ordinária é aquela que afecta as crianças
menores de um ano de idade. A metade de crianças morre antes de
atingir seu primeiro ano de aniversário, muitas vezes os dias e as
semanas que seguem o nascimento. A taxa de mortalidade infantil ou o
número de óbitos das crianças em cada mil nascimentos nado vivos varia
segundo as regiões e oscila entre 120 até 340 por mil.
Óbitos de crianças menores de um ano de idade
𝑇𝑀𝐼 = x 1000
Nascimentos ocorridos

A taxa da mortalidade infantil é considerada como uma probabilidade de


morte e não uma taxa central. No entanto, para efeito de comparação ao
nível internacional, utiliza-se a (Tmi) convencional baseada numa
aproximada probabilidade de morte. Essa aproximação pode ser pelo
uso de factor de separação quer dizer nascimentos ocorridos no ano em
curso, mais nascimentos do ano anterior, ponderando pelo factor F em
(1-f).
Óbitos de crianças menores de um ano de idade
𝑇𝑀𝐼 = x 1000
f × nascimentos do ano corrente + (1 − f) × nascimentos do ano anterior
Números convencionais
Tmi F (1-f)
200 0.60 0.40
150 0.67 0.33
100 0.75 0.25
50 0.80 0.20
25 0.85 0.15
15 0.95 0.05

TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL


A taxa de mortalidade é estimada à 0.058 por mil, os nascimentos ocorridos e
registados no ano de 2012 são de 2127200, e de 2824400 em 2013, a Tmi se
encontra por volta de 50 por mil, o que sugere factores de separação de 0.80
para o ano em curso e 0.20 para o ano anterior. Qual é o valor da Taxa de
Mortalidade Infantil.
Taxa de Mortalidade Estimada = 0,058‰
Nascimentos (2012) = 2127200
Nascimentos (2013) = 2824400
Factores de separação:
Ano anterior/2012 = 0.20
Ano em curso/2013 =0.80

Celestino Sapuca, Ildefonso Catito, Ermindo Dinis/PUNIV-Kapango-2023/2024 29


0,058 × 2824400
𝑇𝑀𝐼 = × 1000
(0.80 × 2824400) + (0.20 × 2127200)
163815,2
𝑇𝑀𝐼 = × 1000
2259520 + 425440
163815200
𝑇𝑀𝐼 =
2684960
𝑇𝑀𝐼 = 61,01‰

 As Causas da Mortalidade Infantil


As causas são várias e dependem de condições de vida da mãe e da
família. Notamos que muitas crianças nascem prematuras ou com fraco
peso, nesta situação o organismo de crianças não resista num ambiente
menos favorável. A mortalidade é causa quer por constituição genética
das crianças (malformação ou fragilidade), quer por mortalidade
endógena. As causas endógenas são mais importantes para explicar à
mortalidade das crianças menores de um ano de idade.
Existem também as causas exógenas como doenças que afectam as
crianças menores de um ano de idade que são mais ligadas a
perturbações digestivas tais como a diarreia, infecções respiratórias e
provocam a taxa de mortalidade mais alta. Esta mortalidade atinge 154
por mil. Após os primeiros anos da vida, as crianças são sempre
ameaçadas porque a mortalidade juvenil de crianças de 1 aos 5 anos de
idade é mais alta e representa 260 por mil somente por ano.
As causas de mortalidade endógena são ligadas a constituição genética
do indivíduo por exemplo, à má formação congénita. No entanto, as
causas de mortalidade exógena são também ligadas as causas
exteriores como as doenças infecciosas e o meio ambiente onde cresce
a criança (factores sócio – económicos, etc.).

 As Causas da Mortalidade dos Adultos


Essa mortalidade é ligada a vários factores como:
 Mau estado sanitário da população, ligado as carências
alimentares, a falta de higiene, a insalubridade que favorece o
surgimento de epidemias.
 As condições de trabalho, podem ser péssimas e perigosas;
 Impotência da medicina para salvar a vida;
 Abuso de álcool (cirrose de fígado, hepatite, câncer, etc.);
 Abuso de tabaco (pode causar doenças respiratórias, acidente
cardiovasculares, etc.);
 Os acidentes de aviação.
Pode-se reduzir muitas causas de mortalidade num só ponto: a evolução
de comportamento. Como para as crianças, observamos as diversas

Celestino Sapuca, Ildefonso Catito, Ermindo Dinis/PUNIV-Kapango-2023/2024 30


causas como o caso de epidemias, de guerras, de má colheita, de
degradação ambiental e outros factores conjugados.
Portanto, as causas da mortalidade têm sido evoluídas com o tempo,
porque as doenças infecciosas tornaram-se raras e aparecem outras
doenças ainda ao estado de degenerescência ligada a idade. Essa recua
se explica por causa do progresso científico e do desenvolvimento de
antibióticos e de melhores condições da vida. No entanto, nos meados
dos anos 80, apareceu uma nova epidemia, a HIV/SIDA e a
recrudescência da doença de tuberculose como de outras doenças
infecciosa que afectam mais a classes sociais desfavorecidas.

1.10. AS MIGRAÇÕES, PROBLEMAS E SOLUÇÕES


As migrações são deslocações de pessoas ou grupos humanos que,
abandonando os seus lugares de origem, procuram, por razões várias,
instalar-se noutros territórios. As migrações são típicas de deslocações
de um país para outro.
Migrante é aquele que muda de região ou de país. A migração designa o
deslocamento de indivíduos de um território considerado como ponto da
partida para um outro território considerado da chegada por uma
duração superior ou igual a 6 meses. Sendo assim os territórios de onde
sai a população designam-se por países de partida ou de origem e
aqueles que recebem essas deslocações de população têm o nome de
países de chegada, de recepção, ou de acolhimento.
A diferença com outros fenómenos demográficos, é na sua
especificidade que se caracteriza em relação ao espaço de referência
(território de partida – território de chegada) e a duração da estadia que
pode ser no mínimo, 1 ano, etc.
As migrações tomam o nome de emigrações relativamente aos países
de partida e de imigrações do ponto de vista dos países de acolhimento.
Emigração é a saída da população de seu país de origem para um outro
ou para uma outra região.
Imigração é a entrada da população em um determinado país ou numa
região.
Sendo assim, os indivíduos envolvidos nos movimentos migratórios são,
em primeiro lugar o emigrante, para os países de origem, ou seja,
emigrante é aquela pessoa que abandona seu país de origem (país de
partida) e se estabelece num país estrangeiro.
Em segundo lugar temos o imigrante, para os países de recepção, ou
seja, um imigrante é uma pessoa estrangeira que abandona seu país de
origem para residir no país estrangeiro. Os dois indivíduos podem
efectuar uma migração de retorno. O resultado: saída e entrada de
nacionais juntamente a saída e entrada de estrangeiros formam um fluxo
quadrangular designado de migração bruta.

Celestino Sapuca, Ildefonso Catito, Ermindo Dinis/PUNIV-Kapango-2023/2024 31


Migração internacional refere-se ao facto dos territórios de partida e de
chegadas serem dois países diferentes.
O saldo migratório é a diferença entre a emigração e a imigração.
B = (Ie – Ee) + (In – En).
I = Imigração
E = Emigração
e = Estrangeiro
n = nacional

 As Diferentes Formas De Migração:


1. Migrações forçadas – são aquelas feitas contra a vontade própria.
Estas migrações são ligadas as perseguições religiosas, políticas e
raciais. Quando o meio natural se torna repulsivo, isso pode provocar a
migração forçada. Nem sempre as migrações acontecem por livre
iniciativa dos migrantes. Muitas vezes, a população vê-se obrigada a sair
da sua terra devido a conflitos armados, a catástrofes naturais e a
perseguições políticas, étnicas ou religiosas.
Em Angola, a guerra provocou que milhares de angolanos
abandonassem as suas terras e as suas casas, atravessando fronteiras
para se estabelecerem em países como Zâmbia, a Namíbia ou Congo
Democrático na condição de refugiados e abandonando o seu país
devido às condições de extrema adversidade, à pobreza externa. Foi o
drama dos deslocados de guerra, ainda não totalmente sanado
actualmente.
O mais importante desta migração foi caracterizado para o tratado de
escravos conhecido sob nome de migração transatlântica que vitimaram
milhões de negros africanos deportados para as duas Américas (América
do norte e América Latina) no quadro do comércio triangular desde 1517
– 1850.
Outras migrações são ligadas as perseguições religiosas, políticas e
raciais. O exemplo mais relevante é o caso dos HUTTERITES, seita
religiosa protestante Ana Baptista cuja origem data do século XVI em
Suíça e Bohema. As vítimas de perseguição refugiaram-se na Rússia
depois, na Dakota nos Estados Unidos de América.
Quando o meio natural se torna repulsivo, isso pode provocar a migração
forçada como foi o caso de certa população do Sahel cuja migração é
originada pela desertificação.
2. Migrações espontâneas ou voluntárias – são as realizadas por
vontade própria. As causas são muitas vezes económicas. Emigrar no
país que tem atracção por causa da prosperidade económica. Como é o
caso de muitos países da Europa e de África (Angola, Costa de Marfim e
África do Sul).

Celestino Sapuca, Ildefonso Catito, Ermindo Dinis/PUNIV-Kapango-2023/2024 32


As causas são muitas vezes económicas. Emigrar no país que tem
atracção por causa da prosperidade económica. Como é o caso de
muitos países da Europa e de África (Angola, Costa de Marfim e África
do Sul). As causas de emigração da população podem ser também uma
resposta a degradação grave das condições de vida num país.
Nas áreas urbanos milhares de pessoas deslocam-se diariamente de
casa para o emprego e vice-versa, em movimentos pendulares. A
modernização dos transportes permite que estas se façam a distâncias
cada vez maiores, dando-se um crescimento e complexificação massivos
das áreas suburbanas e não raramente a sua degradação.
As pessoas também se deslocam por motivos de lazer, realizando
movimentos turísticos, sobretudo ao fim-de-semana e nas férias. A
população dos países desenvolvidos, porque têm um melhor nível de
vida, é a que mais pratica este tipo de migrações.
Existem outras formas de classificação das migrações onde
podemos destacar:
1. Tipos de migrações quanto ao espaço e a sua motivação:

Migrações

Internas Externas

Migrações Turismo Migrações laborais Turismo


laborais

Movimentos Migrações
Movimentos Migrações pendulares sazonais
pendulares sazonais

la
As migrações dizem-se internas se se realizam de uma região para
outras dentro do mesmo país, e externas ou internacionais se as
deslocações se fazem de um país para o outro. As migrações
internacionais podem ainda ser intra-continentais se os movimentos se
realizam no interior do mesmo continente e intercontinentais quando se
realizar de um continente para outro.
Migrações laborais são aquelas em que as deslocações são feitas por
motivos de trabalho e geralmente em determinadas épocas do ano.
Deslocações turísticas são as deslocações ligadas a actividades de
lazer.
Movimentos pendulares são os movimentos oscilatórios ou as saídas e
entradas constantes, geralmente por motivo de trabalho.
Migrações Sazonais são aquelas feitas em determinadas épocas do
ano.

Celestino Sapuca, Ildefonso Catito, Ermindo Dinis/PUNIV-Kapango-2023/2024 33


2. Quanto a duração:
Migrações

Temporais Definitivas

Migrações Turismo Êxodo Rural


laborais

As migrações temporais são aquelas em que a mudança de domicílio é


apenas por algum tempo.
As migrações definitivas são aquelas em que as pessoas se
la
estabelecem para sempre nas áreas de destino.
O Êxodo rural é a saída de populações das zonas rurais para se fixarem
nas grandes cidades. É o mais importante tipo de migração interna.

 AS POPULAÇÕES DESLOCADAS E REFUGIADAS.


 População deslocada
O deslocamento da população é provocado pelos cataclismos naturais
tais como a degradação do meio ambiente por causa do clima, os
flagelos sociais como a guerra que provoca a deslocação maciça da
população duma região para outra dentro do mesmo país.
Deslocação – é o movimento da população dentro do mesmo território.

 Os refugiados
As histórias dos refugiados se confundem com a história da violência dos
estados, da perseguição das minorias étnicas ou religiosas.
Segundo a Convenção de Genebra de 1951, «é considerada refugiada
toda pessoa que por várias razões teme de ser perseguida por sua raça,
por sua religião, da sua nacionalidade, da sua pertença a um grupo
social ou suas opiniões políticas e se encontra fora do país cuja ela tem
nacionalidade e que de facto deste modo não tem protecção do seu país,
no qual tem sua residência habitual por causa dos eventos não pode
regressar».

1.11. AS POLÍTICAS DEMOGRÁFICAS


1.11.1. AS POLÍTICAS NATALISTAS
As políticas natalistas têm como finalidade, a manutenção de uma forte
fecundidade para permitir a renovação da população, a substituição de
uma geração para uma outra. Uma geração pode assegurar sua
substituição quando 100 mulheres derem luz às 100 raparigas antes de
atingir a sua vida fecunda. Mas têm de darem a luz a 205 crianças para

Celestino Sapuca, Ildefonso Catito, Ermindo Dinis/PUNIV-Kapango-2023/2024 34


nascerem 105 rapazes e 100 raparigas. Esta corrente de ideia impede
todo método contraceptivo de limitação de nascimentos, por razões
morais ou éticas.
Para garantir esta política, é necessário elaborar uma política favorável a
procriação com medidas legislativas ligadas a licença de maternidade e
as indemnizações durante o período de suspensão do trabalho. Também
é preciso uma ajuda a família numerosa como incentivo para manter uma
taxa de fecundidade alta. Neste contexto, a adopção de código da família
e outras medidas ligadas a redução fiscal de imposto será imprescindível
para estimular a natalidade e a fecundidade. A ideia geral desta política é
de valorizar o casamento.
As políticas natalistas estão longe de atingir os seus objectivos,
permitindo apenas alguns países, assegurar a renovação de geração,
dado que a maioria dos casais continuam a ter apenas um a dois filhos,
não havendo grande reversão desta tendência.
Já nos países em desenvolvimento a proporção de jovens é muito
grande comparativamente com os idosos, sendo muitos os países em os
jovens representam quase metade da população total.

1.12. AS POLÍTICAS ANTI-NATALISTAS


As políticas anti-natalistas surgem em função das observâncias do
crescimento demográfico que se registam nos países em
desenvolvimento onde existem uma série de problemas, tais como:
 Subnutrição devido à crescente necessidade de alimentos.
 Difícil acesso aos cuidados de saúde, em especial por parte
das classes etárias mais baixas.
 Difícil acesso à educação por falta de escolas de
professores suficientes para tão grande número de jovens.
Muitos países em desenvolvimento para fazer face a estes problemas
têm vindo adoptar políticas anti-natalistas com vista a incentivar os
casais a ter menos filhos, tais como:
 A divulgação do planeamento familiar e o uso dos diferentes
métodos contraceptivos, muitas vezes com a distribuição gratuita
de preservativos e pílulas;
 A realização de campanhas de informação que promovam a ideia
de que uma família com apenas um ou dois filhos pode ser mais
feliz;
 A legalização da interrupção voluntária da gravidez (aborto);
 A promoção social da mulher através da sua instrução da sua
instrução e formação profissional.
Os defensores destas tendências são de opinião que para criar
correctamente os filhos, têm de garantir-lhes melhores condições de vida
querem condições materiais, afectivas e oportunidade de ascensão

Celestino Sapuca, Ildefonso Catito, Ermindo Dinis/PUNIV-Kapango-2023/2024 35


social, por isso convém ter menos filhos. Para a criança ocupar seu
devido lugar na família, é preciso um investimento:
 Económico;
 Educativo;
 Afectivo…
Mas, a corrente Neo-Malthusiano e os economistas liberais defendem o
desenvolvimento de uma sociedade capitalista. Segundo os defensores
destas ideias, a redução de número de filhos e da fecundidade é
indispensável para a redução da miséria. Eles consideram as teses de
Malthus que preconizam a redução da fecundidade no meio da camada
popular para reduzir à miséria. Surgem certas perguntas como:
 É preciso reduzir a fecundidade para reduzir a miséria?
 Qual é o melhor número de filhos que uma família pode ter?
 Que factores são mais determinantes para controlar o crescimento
demográfico?
Este caso, muitos especialistas apontam para o papel da educação e do
estatuto da mulher na sociedade e as variáveis intermediárias como de a
urbanização, etc.

Celestino Sapuca, Ildefonso Catito, Ermindo Dinis/PUNIV-Kapango-2023/2024 36


TEMA 2 – A AGRICULTURA NA
BASE DO DESENVOLVIMENTO

Introdução

Feita a análise da distribuição especial da população mundial e da sua


evolução, impõe-se reflectir sobre as implicações dessa população na
produção dos espaços.
O estudo da organização do espaço terrestre é algo muito complexo,
pois resulta da interligação de componentes distintas:
- A Natural;
- A Humana.
A componente humana faz com que o espaço seja produzido e vivido
pois resulta sempre da acção das sociedades humanas dos objectivos
que os grupos humanos pretendam atingir, o espaço primeiramente
criado pelo homem foi o espaço agrário resultante da prática, da
agricultura em diversas áreas da superfície terrestre.

HISTÓRIA DO SURGIMENTO DA AGRICULTURA


Cerca de 12 mil anos atrás, durante a Pré-história, no período do
neolítico ou período da pedra polida, alguns indivíduos de povos
caçadores-coletores notaram que alguns grãos que eram colectados da
natureza para a sua alimentação poderiam ser enterrados, isto é,
"semeados" a fim de produzir novas plantas iguais às que os originaram.
Essa prática permitiu o aumento da oferta de alimento dessas pessoas,
as plantas começaram a ser cultivadas muito próximas umas das outras.
Isso porque elas podiam produzir frutos, que eram facilmente colhidos
quando maturassem, o que permitia uma maior produtividade das plantas
cultivadas em relação ao seu habitat.
Como é anterior à história escrita, os primórdios da agricultura são
obscuros, mas admite-se que ela tenha surgido independentemente em
diferentes lugares do mundo, provavelmente nos vales e várzeas fluviais
habitados por antigas civilizações.
Durante o período neolítico, as principais áreas agrícolas estavam
localizadas nos vales dos rios Nilo (Egipto), Tigre e Eufrates
(Mesopotâmia, actualmente conhecida como Iraque) e rios Amarelo e
Azul (China).
Há registos de cultivos em pelo menos três regiões diferentes do mundo
em épocas distintas: Mesopotâmia (possivelmente pela cultura
Natufiana), América Central (pelas culturas pré-colombianas) e nas
bacias hidrográficas da China e da Índia.

Celestino Sapuca, Ildefonso Catito, Ermindo Dinis/PUNIV-Kapango-2023/2024 37


Mudanças no clima ou desenvolvimentos da tecnologia humana podem
ter sido as razões iniciais que levaram à descoberta da agricultura.
CONCEITOS:
 O que é a Agricultura?
1. Conjunto de técnicas utilizadas para cultivar plantas com o
objectivo de obter alimentos, fibras, energia, matéria-prima para
roupas, construções, medicamentos, ferramentas, ou apenas para
contemplação estética.
2. Actividade que tem como objectivo a exploração de recursos do
solo a fim de satisfazer as necessidades essenciais do homem
(nutrição e vestuário) e seu habitat.
3. Segundo René Dumont «é a artificialização pelo homem do meio
natural, com o fim de o tornar mais apto ao desenvolvimento de
espécies vegetais e animais, elas próprias melhoradas»
4. Segundo E. Caldas, «a agricultura é a actividade económica
orientada no sentido de produção de bens destinados à
alimentação e às indústrias obtidas a partir de plantas e animais
por intermédio da transformação biológica e tecnológica».
A quem trabalha na agricultura chama-se agricultor. O termo fazendeiro
se aplica ao proprietário de terras rurais onde, normalmente, é praticada
a agricultura, a pecuária ou ambos.
O prefixo agro tem origem no verbete latino agru que significa "terra
cultivada ou cultivável".
A ciência que estuda as características das plantas e dos solos para
melhorar as técnicas agrícolas é a agronomia.
A agricultura foi uma das maiores conquistas da Humanidade. Graças a
esta actividade o ser humano tornou-se produtor dos seus próprios
alimentos, deixando assim de estar apenas dependente dos produtos
que a Natureza lhe proporcionava espontaneamente. De um sistema de
exclusiva relação passou a sobreviver com base não só da recolha no
meio natural, como pondo também em prática um sistema de produção,
tornando-se sedentário.
A agricultura constitui assim uma das actividades mais importantes do
mundo, pois ocupa mais de 70% da população activa mundial,
constituindo a fonte de produção alimentar e sendo ainda parte do
suporte da existência humana.
A população ocupada na agricultura varia de país para país, dependendo
do tipo de economia e do seu grau de desenvolvimento.
O regime de apropriação do solo varia de região para região, visto que
em algumas regiões a maioria dos agricultores são proprietários das

Celestino Sapuca, Ildefonso Catito, Ermindo Dinis/PUNIV-Kapango-2023/2024 38


terras que exploram; noutras as terras são arredondadas ou exploradas
em regime de parceria.
O tipo de agricultura também varia, desenvolvendo-se em algumas
regiões a agricultura de subsistência e noutras a agricultura de mercado.
Ainda, em alguns casos, a terá é explorada individualmente, noutros sob
forma de cooperativas e há casos ainda em que a terra é explorada
directamente pelo Estado.
A agricultura constitui, assim, uma actividade que se realiza no meio
natural, explorando o solo a fim de o tornar mais útil ao desenvolvimento
de determinadas espécies vegetais e animais.
No âmbito da actividade agrícola, podemos distinguir diferentes espaços:
 O espaço agrário;
 O espaço rural;
 O espaço agrícola.
 Espaço agrário é a área ocupada com a produção agrícola
(vegetal, pastagens e florestas), habitações dos agricultores e
ainda infra-estruturas e equipamentos que se relacionam com a
actividade agrícola: culturas, pastagens habitações, armazéns para
recolha de instrumentos agrícolas, estábulos, celeiros, canais de
irrigação, barragens, etc.
 O Espaço Rural constitui o domínio das actividades agrícolas,
pastorícias e florestais, englobando também actividades como
artesanato, as indústrias, o comércio e os serviços, incluindo ainda
todo o espaço não urbano;
 O Espaço Agrícola apenas compreende o espaço ocupado pela
prática da agricultura, ou seja, o espaço onde se cultiva a terra
pela introdução de espécies vegetais (culturas).
A diversidade do espaço agrícola depende não só do resultado das
diferentes condições naturais, mas fundamentalmente da acção do ser
humano sobre todo o meio. Essa acção difere de região para região de
acordo com os meios económicos e técnicos, assim como com a forma
de interacção das populações com o meio.

IMPORTÂNCIA DA AGRICULTURA
A agricultura permite a existência de aglomerados humanos com muito
maior densidade populacional, em detrimento dos que podem ser
suportados pela caça e colecta. Houve uma transição gradual na qual a
economia de caça e colecta coexistiu com a economia agrícola: algumas
culturas eram deliberadamente plantadas e outros alimentos eram
obtidos da natureza.

Celestino Sapuca, Ildefonso Catito, Ermindo Dinis/PUNIV-Kapango-2023/2024 39


A importância da prática da agricultura na história do homem é tanto
elogiada como criticada: enquanto alguns consideram que foi o passo
decisivo para o desenvolvimento humano, críticos afirmam que foi o
maior erro na história da raça humana.
Por um lado, o grupo que se fixou na terra tinha mais tempo dedicado a
actividades com objectivos diferentes de produzir alimentos, que
resultaram em novas tecnologias e a acumulação de bens de capital, daí
o aculturamento e o aparente melhoramento do padrão de vida. Por
outro, os grupos que continuaram utilizando-se de alimentos nativos de
sua região, mantiveram um equilíbrio ecológico com o ambiente, ao
contrário da nova sociedade agrícola que se formou, desmatando a
vegetação nativa para implantar a monocultura, na procura de maior
quantidade com menor variedade, posteriormente passando a utilizar
pesticidas e outros elementos químicos, causando um grande impacto no
solo, na água, na fauna e na flora da região.
Além de alimentos para uso dos seres humanos e de seus animais de
estimação, a agricultura produz mercadorias tão diferentes como flores e
plantas ornamentais, fertilizantes orgânicos, produtos químicos
industriais (látex e etanol), fibras (algodão, linho e cânhamo),
combustíveis (madeira para lenha, etanol, metanol, biodiesel).
A electricidade pode ser gerada de gás metano a partir de resíduos
vegetais processados em biodigestor ou da queima de madeira
especialmente produzida para produção de biomassa (através do cultivo
de árvores que crescem rapidamente, como por exemplo, algumas
espécies de eucaliptos).
Para o mundo de hoje, não importa as datas do surgimento da
agricultura, nem tão pouco o local. Mais importante que as datas é, de
certo, as modificações que ela trouxe para a humanidade. Antes da
descoberta da agricultura, todos os componentes da sociedade humana
eram absorvidos pela procura de alimentos indispensáveis a
sobrevivências (frutas, raízes), primeiras invenções – o arco, a flecha e o
arpão – permitiram-lhes tornar-se caçadores e pescadores: é a fase
colectora, o esgotamento de todos recursos num determinado território
obrigava-os a abandona-lo e a procurar outro, ao ritmo das estações e de
acordo com o deslocamento das suas presas. A prática da agricultura é
pois uma autentica revolução pois:
 Dá origem à Sedentarização;
 Produz excedentes (é preciso guardar semente para lançar á terra
e animais para a reprodução);
 Exclui alguns elementos do agregado familiar da procura contínua
de alimentos;
 Fomenta novas invenções (Objectos de barro, varado, charrua
carro de rodas);

Celestino Sapuca, Ildefonso Catito, Ermindo Dinis/PUNIV-Kapango-2023/2024 40


 Diferencia actividades (Agricultura, caçadores, pescadores
pastores, etc.)
 Reduz a ocorrência de crises de fome;
 Permite o aumento populacional.
É natural que as regiões de povoamento mais antigo correspondam as
principais áreas de domesticação de animais e plantas.
Do ponto de vista técnico e científico, a evolução da agricultura é dividido
em três etapas principais: Antiga, Moderna e Contemporânea.

2.1. FACTORES CONDICIONANTES DE ACTIVIDADE AGRÍCOLA


A organização do espaço agrícola origina uma grande diversidade de
paisagens agrárias.
Apesar dos enormes progressos científicos e tecnológicos, a agricultura
continua ainda muito dependente do meio natural onde se insere.
Assim sendo a agricultura depende dos seguintes factores: factores
físicos: (Clima, Solos e relevo), e Factores humanos: o crescimento da
população, o desenvolvimento tecnológico e científico e os conflitos
armados.
A – FACTORES NATURAIS OU FÍSICOS
 Clima;
 Solo;
 Relevo.
Quer o clima, quer o relevo influenciam na temperatura, na maior ou
menor abundância de precipitações e na qualidade dos solos. Na medida
em que cada espécie vegetal tem necessidades específicas em termos
de humidade, temperatura e nutrientes, estes factores naturais
condicionam consequentemente as espécies que podem ser cultivadas
nas diferentes regiões do mundo.

 CLIMA
Para muitos, o clima constitui o mais importante factor natural na prática
da actividade agrícola visto que o mesmo condiciona:
 A distribuição geográfica das espécies e variedades de plantas
cultivadas;
 O volume de produção;
 As características e qualidade dos solos.
As tentativas do ser humano modificar as condições climáticas, desviar o
curso de alguns rios em direcção às regiões áridas, assim como a
tentativa de produção de chuvas artificias têm ainda uma incidência

Celestino Sapuca, Ildefonso Catito, Ermindo Dinis/PUNIV-Kapango-2023/2024 41


muito limitada, pois tal acarreta tecnologias modernas muito
dispendiosas. Assim, apesar dos grandes avanços tecnológicos em
termos agrícolas, há aspectos da natureza a que o ser humano se tem
de sujeitar. Por isso, o agricultor tem de procurar conhecer as variações
climáticas e adaptar às mesmas as suas culturas.
Nas regiões vizinhas do equador cultiva-se o cacau, o café a cana-de-
açúcar, a banana, etc.
O clima condiciona a distribuição das diferentes espécies. Assim, o café,
o cacau e muitos produtos tropicais não podem ser cultivados, pelo
menos em quantidades significativas, fora da zona quente, do mesmo
modo que a vinha só se desenvolve com facilidade nas regiões
temperadas.
As várias espécies precisam, para se desenvolverem, de determinadas
quantidades de calor e de humidade bem distribuídas ao longo do ano.
A Temperatura regula a vida das formações vegetais. Cada espécie
necessita da temperatura que é mais favorável ao seu desenvolvimento –
temperatura óptima, embora se possa desenvolver entre certos limites
térmicos, designados por limites de tolerância para espécie.
Assim, acima ou abaixo dos limites de tolerância, ocorre a morte,
designando-se esse valor por temperatura letal para espécie.
A temperatura tem também influência sobre o momento da germinação
das sementes, o desenvolvimento das flores e a reprodução das plantas.
As temperaturas poderão ser óptimas para o desenvolvimento de uma
dada espécie, mas se a quantidade de água no solo for mínima, nula ou
excessiva, a vida da planta poderá estar comprometida.
Com efeito, a humidade do solo é fundamental para a vida das plantas e
constitui um importante fertilizador do solo.
Á semelhança da temperatura, cada espécie tem a sua exigência em
água que, por sua vez varia com a fase do ciclo vegetativo. Assim, uma
grande seca no verão ou excessiva humidade em certas épocas do ano
podem provocar a destruição de uma formação vegetal.
Como já o dissemos, para muitos, o clima é o factor natural mais
importante, condicionando poderosamente as possibilidades agrícolas
em cada região. Porém, o Homem pode atenuar os efeitos climáticos,
criando variedades mais resistentes, construindo estufas, procedendo à
irrigação, plantando sebes e árvores para protecção do vento, etc.
Ainda dentro do clima encontramos alguns elementos climático que
exercem maior influência na distribuição e desenvolvimento das espécies
vegetais que são: a luz solar, a temperatura e a precipitação.
A luz solar constitui a fonte de energia indispensável a realização da
fotossíntese. Sem luz, naturalmente, as plantas não se desenvolvem. Por
isso a luz solar exerce uma acção essencial sobre as plantas.

Celestino Sapuca, Ildefonso Catito, Ermindo Dinis/PUNIV-Kapango-2023/2024 42


A precipitação, particularmente, tem um papel relevante, na medida em
que a água, como é sabido, é vital e que dela depende a vida. A água
constitui, pois, o elemento fundamental para o desenvolvimento das
plantas. A maior ou menor abundância de água depende directa ou
indirectamente da quantidade de precipitação, que constitui assim um
factor condicionante da produção agrícola, pois a água: intervém na
fotossíntese das plantas; facilita o desenvolvimento e multiplicação de
alguns micros organismos indispensáveis às plantas.

 Constituição do Solo
Uma observação superficial dos solos permite-nos constatar que, de uns
lugares para outros, se verificam grandes variações no aspecto e na cor
dos mesmos.
A que se devem estas diferenças de cor nos solos?
A resposta a esta questão só foi possível depois de analisar os solos e
de investigar a sua composição e estrutura.
Cortes verticais efectuadas em solos de lugares diferentes revelaram-nos
a existência de camadas de cor variável consoante a natureza e a
estrutura das partículas que os constituem.
Às camadas que constituem os solos dá-se o nome de horizontes,
recebendo o conjunto dos vários horizontes, desde a superfície até a
rocha-mãe, a designação de um perfil de um solo.
O solo constitui um elemento fundamental para a agricultura. Sem ele é
quase impossível a actividade agrícola. Sempre que analisam os solos,
procura-se investigar as suas composições e estruturas, o que torna
necessário que se façam cortes vertical. Estes quando são feitos em
lugares diferentes, apresentam geralmente perfis diferentes, porque são
constituídos por camadas de cores diversas e porque as partículas que
os constituem podem apresentar tamanhos também diferentes.
Como já foi referido, os solos podem apresentar características
diferentes de lugar a lugar. Estas características ou propriedades
determinam a fertilidade dos solos, razão pela qual o seu estudo se
reveste de grande importância.
Os solos devem ser analisados sob o ponto de vista da sua capacidade
de retenção de água e da sua permeabilidade, uma vez que cada uma
destas propriedades influencia o desenvolvimento vegetal.
Quanto maior é a capacidade de retenção de água de um solo, menor é
a sua permeabilidade.
Assim um solo arenoso, muito poroso, retém pouca água, pelo que
apresenta uma elevada permeabilidade. No entanto, um solo argiloso,
pouco poroso, já retém mais água, pelo que praticamente não apresenta

Celestino Sapuca, Ildefonso Catito, Ermindo Dinis/PUNIV-Kapango-2023/2024 43


permeabilidade, o mesmo acontece com o solo humífero que ainda é
menos permeável e é argiloso.
É precisamente esta característica de retenção de água que ainda é o
solo humífero o melhor dos três para um maior desenvolvimento dos
vegetais (melhor no sentido de conservar humidade o que facilita a
vegetação).

Relacionando estas características com as anteriormente estudadas


facilmente compreenderás que a fertilidade do solo depende da
percentagem adequada dos seus componentes: substâncias minerais,
orgânicas, água e ar.
O solo arável contém quantidades variáveis de partículas minerais e de
restos orgânicos (húmus). Em função das quantidades destes elementos,
surgem diversos tipos de solos – observa o quadro que se segue:
Percentagem de
Tipos Natureza Resistência aos
elementos que
de solo física Instrumentos Culturas
compõem o solo
70% a 80% De Não retêm Permeáveis; Batata, Centeio
ARENOSOS
areias Sem argila Agua Fáceis de trabalhar Trigo
+ de 30% de
A secura Permeáveis;
Carbonato de CALCÁRIOS
Prejudica-os Difíceis de trabalhar Trigo
Cálcio
Duros no
Prados
+ de 30% de ARGILOSOS verão Permeáveis;
Pastagens
Argila Colantes no Difíceis de trabalhar
Vinhas
Inverno

Celestino Sapuca, Ildefonso Catito, Ermindo Dinis/PUNIV-Kapango-2023/2024 44


+ de 30% de Enchem-se de Impróprios para a
HUMÍFEROS
Húmus água cultura
80% de areias
5% de cálcio Conservam a Todas as
Fáceis de trabalhar
10% de argila FRANCOS Humidade Culturas
5% de húmus
Tabela dos tipos de solo

PROCESSOS PARA TORNAR


OS SOLOS FÉRTIL

MAIS PRODUTIVOS

Controlar a Drenar o Aumentar a Evitar o Facilitar a


disponibilidade excesso de fertilidade com empobrecimento circulação da
da água água substâncias em nutriente água, ar e
nutrientes produtos
nutrientes
Rega Ou Drenagem Correcção Eliminação Cavar
Irrigação
De ervas Lavrar

Daninhas Sachar
Adubação

(Adubos/

/Fertilizantes)

Naturais Químicos

 RELEVO
Qual é a influência que o relevo exerce na agricultura?
O relevo pode afectar a agricultura através da inclinação das vertentes e
da sua orientação aos raios solares, da altitude e da drenagem.
Qualquer um destes factores poderá tornar a agricultura impossível ou,
então, inviável economicamente.
A inclinação está associada à velocidade crescente do deslizamento dos
terrenos e, consequentemente, à erosão do solo.
Para evitar esse perigo e para proporcionar uma superfície mais fácil de
cultivar, a solução adoptada tem sido a construção de socalcos.
A disposição das vertentes aos raios solares define, normalmente, uma
vertente soalheira e uma umbria. No hemisfério Norte, as vertentes

Celestino Sapuca, Ildefonso Catito, Ermindo Dinis/PUNIV-Kapango-2023/2024 45


viradas a norte são áreas menos favoráveis à prática agrícola;
contrariamente, as vertentes viradas a Sul, por estarem mais expostas à
radiação solar, são superfícies privilegiadas para o uso agrícola.
Por outro lado, o relevo é um factor que exerce consideravelmente
influência na modificação das condições climáticas, 0,6°C. Assim, nas
regiões de grande altitude, as baixas temperaturas impedem que maior
parte das plantas possa completar o seu ciclo vegetativo, pelo que as
montanhas são, em geral, áreas pouco propícias à agricultura.
Os factores físicos que acabamos de referir limitam a produção agrícola
de uma grande parte da superfície da Terra. Todavia, mesmo em áreas
em que o clima, o relevo e o solo favorecem a agricultura, poderão existir
outras barreiras ao aumento da produção.
Essas barreiras poderão estar ligadas a factores de ordem social.
Económica e política, como por exemplo:
 A ignorância ou falta de preparação técnica dos agricultores;
 A estrutura da propriedade;
 A falta de capital e de organização da produção.

B – FACTORES HUMANOS
 Crescimento da população;
 Desenvolvimento tecnológico, científico e económico;
 Os conflitos armados.
O crescimento da população é um factor importante na alteração das
paisagens agrárias, visto que a população obriga a alargar o espaço de
cultivo, destruindo florestas, assim como recuperando terras inundadas,
etc.
Quanto ao desenvolvimento tecnológico e científico, salienta-se que,
graças ao mesmo, permite-se:
 A utilização de técnicas agrícolas modernas;
 O aumento da produção;
 A redução da quantidade de mão-de-obra necessária para o cultivo
e para as colheitas;
 A não dependência de condicionalismos naturais, tais como seca,
pragas, etc.
As sucessivas transformações tecnológicas introduzidas na agricultura
desde a revolução industrial vieram permitir o aumento dos níveis de
produção agrícola. No entanto podemos destacar profundas
desigualdades na produção e consumo de alimentos ao nível mundial.

Celestino Sapuca, Ildefonso Catito, Ermindo Dinis/PUNIV-Kapango-2023/2024 46


Deste modo, os países desenvolvidos, apesar de terem menor
crescimento demográfico, produzem cerca de 60% dos produtos
alimentares, ao passo que nos países em via de desenvolvimento, que
têm um elevado crescimento demográfico, os níveis de produção são
muito inferiores as suas necessidades. Portanto, as desigualdades na
produção dos recursos alimentares permitem distinguir diferentes níveis
de desenvolvimento tecnológico entre os países.
Quanto aos conflitos armados nota-se que a guerra condiciona
largamente a agricultura, bem como as restantes actividades
económicas, visto que obriga a população a se deslocar, abandonando
os campos de cultivo, diminuindo a produção e aumentando o êxodo
rural.
O mundo vive grande instabilidade económica, política e social. Embora
se assista a uma diminuição dos conflitos armados no mundo desde
1990, os países em desenvolvimento, sobretudo os da África Subsariana,
do médio Oriente e da Ásia Meridional continuam a ser muito afectados.
Estes conflitos afectam principalmente os países da África Central, em
que a região dos Grandes Lagos (Burundi, Ruanda, Uganda, etc.)
constitui uma das zonas de maior instabilidade a nível mundial. Portanto,
os conflitos nestas regiões manifestam-se no desenvolvimento das
actividades económicas, principalmente na produção dos recursos
alimentares, visto que a maior parte da população vive da agricultura.
A agricultura permite a existência de aglomerados humanos com muito
maior densidade populacional que os que podem ser suportados pela
caça e colecta. Houve uma transição gradual na qual a economia de
caça e colecta coexistiu com a economia agrícola: algumas culturas eram
deliberadamente plantadas e outros alimentos eram obtidos da natureza.

 Política agrícola
A Política agrícola, foca as metas e os métodos de produção da
agricultura. A este nível, estas metas incluem, entre outros assuntos:
Higiene alimentar é a busca de uma produção de alimentos livres de
contaminação de qualquer natureza.
Segurança alimentar visa a quantidade de alimento produzida de
acordo com as necessidades da população.
Qualidade alimentar é a produção de alimentos dentro de padrões
mínimos necessários à nutrição.
O patenteamento de sementes, a poluição das águas superficiais com
resíduos de fertilizantes e pesticidas (herbicidas, insecticidas e
fungicidas), a alteração genética de plantas e animais, a destruição de
habitats (com a consequente extinção de espécies animais, vegetais e de
microrganismos), têm criado um movimento ecológico que prega a

Celestino Sapuca, Ildefonso Catito, Ermindo Dinis/PUNIV-Kapango-2023/2024 47


necessidade de métodos alternativos de produção (como a agricultura
orgânica e a permacultura).

 Sistemas Agrícolas
Existem dois tipos, os intensivos e os extensivos. O intensivo utiliza
máquinas e fertilizantes, tem uma tecnologia de ponta, acarretando em
altos índices de produtividade.
O extensivo é o contrário, tem técnicas como queimada, utiliza a mão-
de-obra, acarretando em um baixo índice de produtividade.

 Métodos usados na agricultura


 Adubação;
 Agricultura extensiva;
 Agricultura natural;
 Agricultura orgânica; (agricultura biológica)
 Agricultura itinerante;
 Aração;
 Capina;
 Cercas;
 Conservação de solo;
 Irrigação;
 Plantio Directo;
 Roças ou "Queimadas";
 Rotação de culturas;
 Selecção genética;
 Pesticidas.

2.2. CONTRASTES NAS TECNOLOGIAS ÁGRICOLAS


A prática da agricultura criou espaços muito diversos, consoante os
factores naturais e humanos presentes nas diferentes áreas do globo.
Mais do que isso consiste em plenos finais dos séculos XX, forma de
agricultura muito diferentes: Agricultura Tradicional e Agricultura
Moderna.
Estes contrastes entre as duas formas de agricultura, revelam a
diferença uma aplicação da sua técnica nesse processo sendo um mais

Celestino Sapuca, Ildefonso Catito, Ermindo Dinis/PUNIV-Kapango-2023/2024 48


eficaz e evoluído e outra menos evoluída e com mais desgaste e pouco
rendimento.
 Agricultura tradicional, aquela que a sua produção se destina ao
auto-consumo, isto é, à satisfação das necessidades alimentares e
do agricultor e da sua família e ao mercado local ou nacional. Dá
origem a baixas produções.
 Agricultura moderna, cuja produção se destina tanto ao mercado
nacional, como internacional. Traduz-se em elevadas produções.

2.2.1. A AGRICULTURA TRADICIONAL E MODERNA


Ao longo do desenvolvimento vamos falar sobre a importância, evolução
e objectivos da agricultura tradicional e da agricultura moderna, falando
do quanto esta é importante para a vida do Homem e para a evolução da
humanidade, tendo em consideração que é necessário cuidar dela de
forma correcta e vendo ainda como a agricultura é importante no mundo.

A. AGRICULTURA TRADICIONAL ( OU DE SUBSISTÊNCIA)


Agricultura tradicional é o tipo de agricultura de técnicas pouco
desenvolvidas, as quais são transmitidas, as quais são transmitidas,
quase sempre, de geração a geração com lentos e imperceptíveis
progressos.
Agricultura de subsistência é o tipo de agricultura na qual o agricultor
tem como principal objectivo assegurar a sobrevivência do agregado
familiar produzindo para o consumo próprio e vendendo o excedente; o
sistema de cultura utilizado é a policultura, com técnicas rudimentares e
em pequenas parcelas de terreno.
A agricultura tradicional de subsistência é predominante nos países em
desenvolvimento, estendendo-se pela zona intertropical, abrangendo
toda a África Negra, América Latina, Sul e Sudeste da Ásia.
O seu principal objectivo é o de satisfazer as necessidades básicas
do agregado familiar. Trata-se de uma agricultura que visa, portanto, o
autoconsumo.

Características da agricultura tradicional


 Utilização de técnicas agrícolas rudimentares e artesanais como as
queimadas, etc;
 A produção para a auto-suficiência, pois estes não exportam as
suas plantações para os mercados ou se por vezes exportarem, é
em quantidades reduzidas;
 Organizações de tipo familiar ou tribal das explorações, com as
tarefas sendo feitas pelos vários elementos desta;

Celestino Sapuca, Ildefonso Catito, Ermindo Dinis/PUNIV-Kapango-2023/2024 49


 Fraca mecanização e utilização de instrumentos artesanais
(enxada, o arado, etc.) e de animais, sendo a mão-de-obra, nos
países que a praticam (menos desenvolvidos) numerosa,
(ultrapassando os 70%);
 Baixa produção e produtividade;
 Não existe selecção de sementes, utilizando-se sementes
provenientes da colheita anterior, por vezes mal conservadas;
 Uso de fertilizantes naturais, como excrementos de animais e
restos de plantas.
 Fraca protecção das plantas contra pragas e doenças, embora se
utilizem alguns produtos químicos;
 As culturas dependem principalmente das condições naturais, pois
a rega é feita pelas águas das chuvas e dos cursos de água;
 Estudo dos solos e o melhoramento das sementes quase não
existe, contribuindo para o baixo rendimento;
 Policultura, para possibilitarem a produção de vários e diversos
tipos de produtos anuais e assim respondendo às necessidades da
família ou do grupo, ou monocultura em regime intensivo, nas
áreas de grande densidade populacional como no Sul e Sudeste
Asiático.
 Agricultura extensiva, ou seja, o elevado número de terras incultas,
já que a ocupação do espaço é apenas a necessária para a auto-
suficiência do grupo.

Principais sistemas de cultivo da agricultura tradicional


 Agricultura itinerante;
 Agricultura sedentária de sequeiro;
 Rizicultura intensiva tradicional.
A agricultura itinerante é sem dúvida, a forma mais elementar de
ocupação do solo e, apesar disso, é praticada, ainda actualmente em
grandes extensões do mundo intertropical, sobretudo na África central
América Latina, e nas montanhas da Ásia de Sudeste.
Nas florestas densas equatoriais e tropicais, a preparação do campo
começa pelo corte das árvores a cerca de um metro do solo.
No fim da estação seca é lançado fogo aos ramos e hostes.
As árvores úteis como a palmeira de azeite e a Karité são respeitadas
pois além dos produtos que fornecem reduzem a erosão e ajudam a
reconstituição da floresta durante o pousio.

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As raízes das árvores abatidas revolvem o solo e as cinzas resultantes
da queimada e servem de adubo. A sementeira pode assim ser feita a
superfície em buracos pouco profundos e com instrumentos
rudimentares.
As culturas são conforme as regiões bananeira milho mandioca, inhame,
sorgo, feijão, etc. Estes produtos irão sendo recolhidos ao longo do ano
como mostra o calendário agrícola.
É uma agricultura de subsistência «é aquela cuja produção se destina a
alimentação do agricultor e sua família e não à comercialização.
Passados dois a quatro anos, o solo está esgotado e tem de ser
abandonado. A floresta levará 15 a 20 anos a reconstituir-se. Entretanto,
a população abrirá outra clareira e repetirá todo o processo. Este sistema
é como que um nomadismo agrícola.
Pratica-se também em regiões de savana, sendo neste caso a
preparação do campo muito mais fácil
Como muitas vezes a população é obrigada a deslocar-se a aldeia
desloca-se também.
A agricultura itinerante sobre queimada – é a forma de agricultura
mais primitiva, pratica-se em muitas regiões da savana e da floresta do
mundo tropical, nos países em via de desenvolvimento da África, Ásia e
América Latina, nas áreas de florestas e savanas. Existe nomeadamente
nas áreas de fraca densidade populacional. Agricultura itinerante ou
agricultura de queimada é o sistema de cultura caracteriza-se pelo
derrube de árvores, cortando os ramos e espalhando-os pelo terreno
deitando-lhes fogo – a queimada. Com a queimada abre-se uma clareira
que corresponde à superfície a cultivar. As cinzas funcionam como
fertilizante numa terra que não é estrumada nem adubada. O solo
esgota-se, passados poucos anos, pelo que terá de ser abandonado.
Procura-se então outro lugar para uma nova queimada, (onde a
cobertura vegetal deste lugar levará 20-25 anos para voltar a ter a
vegetação que foi derrubada para o cultivo). A organização das terras é
comunitária, as técnicas e os instrumentos são arcaicos e em relação ao
número de culturas é Policultura.

Esta prática apresenta algumas deficiências:


 A agricultura está dissociada da criação de gado;
 A alimentação enquanto pobre sem proteínas animais;
 A extensão de terras cultivadas é muito pequena, em relação aos
pousios;
 A produtividade e rendimento são muito baixos;

Celestino Sapuca, Ildefonso Catito, Ermindo Dinis/PUNIV-Kapango-2023/2024 51


 Requer um enorme esforço humano, sobretudo quando os pousios
são muito longos e os campos cultivados ficam muitos distantes da
aldeia, quando os fosses se tornam mais curtos, conduz a
degradação da floresta e a ruptura do equilíbrio ecológico;
 Não suporta grandes densidades populacionais;
 A população trabalha exclusivamente na agricultura.
A agricultura sedentária de sequeiro – desenvolve-se nas regiões de
maior densidade populacional, no continente africano. A fertilização dos
solos é feita com o recurso a criação de gado, aproveitando adubo
natural (estrume) destes. Desenvolve-se em algumas regiões de clima
tropical seco e mediterrânico, em África e nos planaltos dos Andes.
Rizicultura intensiva tradicional – podemos encontrar este sistema
agrícola em todo o mundo tropical, com a sua máxima expressão na Ásia
das Monções.
A irrigação e a estrumação dos campos constituem o factor principal da
intensificação da agricultura (no solo do arroz) e aumentando os
rendimentos de outras culturas.
A Ásia das Monções é a região mais populosa do mundo. A rizicultura é
a principal actividade da sua população, já que o arroz constitui a base
da sua dieta alimentar.
O clima (de monção), muito pluvioso, e a fertilidade do solo nos vales dos
grandes rios favorece o desenvolvimento da rizicultura. O trabalho
realizado é quase todo manual. Na preparação da terra utiliza-se o boi ou
o búfalo como animais de tracção. Além do arroz, cultiva-se a batata, o
feijão, o trigo, os legumes, etc.
A rizicultura apresenta características semelhantes em toda a zona
intertropical, assim como nos vales dos grandes rios africanos (Níger,
Nilo, Zambeze e outros), na América Latina e na Insulíndia.
A agricultura de oásis – verifica-se no norte de África, nas regiões de
oásis, caracteriza-se pela intensidade de ocupação do solo, no sistema
de Policultura e na extrema divisão da propriedade.

B. AGRICULTURA MODERNA
Agricultura moderna é o tipo de agricultura que se apoia cada vez mais
na investigação cientifica e na indústria para se tornar cada vez menos
dependente dos condicionalismos naturais e para aperfeiçoar as suas
técnicas e métodos de cultura. Está ligada a modernas estações
agrícolas experimentais, apoiadas em sofisticados laboratórios de
investigação agrária, onde se faz a selecção de espécies e variedades
de melhor qualidade e maior rendimento. Conta com um elevado grau de
mecanização. Tem como objectivo produzir para abastecer os mercados
e obter o máximo lucro possível.

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Este tipo de agricultura tem o seu início com a Revolução Industrial do
séc. XVIII e a procura crescente de alimentos. Esta necessidade
provocou profundas alterações nas características desta actividade
levando à sua modernização, nomeadamente mecanizando-a e
orientando-a para o mercado.
É sobre tudo nos países industrializados da Europa, América do Norte,
Japão, Austrália e Nova Zelândia, mas também na Argentina e África do
Sul, que a agricultura conhece um maior desenvolvimento e um carácter
mais inovador, apresentando as seguintes características:
●A população agrícola é pouca numerosa, com elevado nível de
qualificação profissional.
●É uma agricultura de mercado, onde cada agricultor sabe quais as
necessidades deste, de modo a obter o maior lucro possível. Os
agricultores são actualmente empresários bem informados, que
frequentam cursos de formação e de actualização agrária e que
necessitam cada vez mais de articularem com a banca e os seguros.
●Utiliza métodos de cultura aperfeiçoados e dependentes pouco dos
condicionalismos naturais. Trata-se de uma economia agrícola aberta,
tanto a nível do mercado nacional, como internacional.
●É uma agricultura mecanizada, onde todo o processo produtivo, desde
a lavoura à colheita, passando pelo transporte, é feito mecanicamente,
utilizando um conjunto de maquinaria que inclui ceifeiras, tractores e até
vionetas. Este facto é responsável pela diminuição progressiva do
número de activos na agricultura destes países.
●É uma agricultura científica, que utiliza técnicas cada vez mais
sofisticadas, como sejam o uso de fertilizantes, sistemas de irrigação
adequados às necessidades das culturas, estudos dos solos e a
correcção dos mesmos, a utilização de estufas, a selecção de espécies
por cruzamento e hibridação, entre outras.
●É uma agricultura especializada, em que cada região ou exploração
agrícola se especializa em produções adaptadas às características do
clima, relevo e solo, numa perspectiva de mercado, ou seja, produzir o
máximo com o menor custo, registando elevadas produtividades.
●É uma agricultura cada vez mais ligada à indústria, fornecendo a esta
actividade as matérias-primas necessárias para transformação (agro-
industriais), e recebendo da mesma os meios indispensáveis para a sua
constante modernização.
●Utiliza fertilizantes químicos, que permitem obter melhores colheitas e
uma produção abundante e mais rápida.
●Recorre ao uso de herbicidas, insecticidas e pesticidas para o combate
de pragas e doenças que atacam com frequência os produtos agrícolas,
contribuindo para o seu normal desenvolvimento.

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As características da agricultura moderna registam, no entanto, algumas
diferenças de carácter regional. Assim é possível diferenciar alguns tipos
de agricultura de Mercado:
1. Agricultura europeia – Caracteriza-se por ser uma agricultura
muito intensiva, praticada em explorações de pequena e média
dimensão (exceptuando Reino Unido), em sistema de policultura. É
muito mecanizada (registando um número diminuto de activos) e
recorre abundantemente ao uso de fertilizantes químicos.
A agricultura europeia tem sofrido várias transformações, e caminhado
para uma especialização cada vez mais acentuada, tendo em vista
corrigir os excessos de produção em determinados sectores. Esta
tendência acentuou-se com a implementação da P.A.C. (Política Agrícola
Comum), que, através de subsídios, bem como actividades
complementares, como são o artesanato e a caça.
2. Agricultura norte-americana – Caracteriza-se por ser praticada
em extensas propriedades, com recurso a uma elevada
mecanização e em sistema de monocultura, registando-se aqui
uma especialização regional muito acentuada (com cinturas
especializadas, os “belts”). O apoio estatal aos agricultores é muito
elevado, contribuindo para que se verifiquem enormes
produtividades.
A agricultura moderna predomina nos países desenvolvidos, embora haja
áreas agrícolas modernizadas em alguns países em desenvolvimento,
como as da América Latina.

 Principais Sistemas de Cultivo da Agricultura Moderna


 Agricultura extensiva
 Agricultura intensiva
 Agricultura de plantação

 Agricultura extensiva
A agricultura extensiva caracteriza-se pela ocupação incompleta e
descontinua das terras aráveis. Desenvolve-se em áreas e propriedades
de grandes abundâncias de terra e em propriedades de grandes
dimensões. Pratica-se este tipo de agricultura nas planícies cerealíferas
dos EUA, do Canada, da Argentina e da Austrália. A sua tecnologia é
altamente avançada, havendo intensa mecanização e utilização de
pouca mão-de-obra.
O solo é cultivado em regime de rotação, alternando o trigo com outros
cereais ou com plantas forrageiras para a fertilização da terra ou para a
alimentação do gado.

Celestino Sapuca, Ildefonso Catito, Ermindo Dinis/PUNIV-Kapango-2023/2024 54


A agricultura extensiva caracteriza-se ainda pelo baixo custo de
produção, resultante do pouco emprego de mão-de-obra.

 Agricultura intensiva
A agricultura intensiva caracteriza-se pela ocupação integral de todo o
espaço agrícola de forma continua. Pratica-se este tipo de agricultura na
fachada oriental dos EUA, na Europa Ocidental e em volta das grandes
cidades dos países desenvolvidos. Utiliza-se mão-de-obra abundante.
Trata-se de um sistema de utilização abundante de fertilizantes e de
rigorosa selecção de sementes. A variedade de produtos cultivados é
muito grande, ou seja, é um regime de Policultura, fornecendo assim
uma grande variedade de géneros alimentares para abastecimento dos
mercados e das grandes cidades.
Os custos de produção são elevados devido a maiores investimentos, á
maior quantidade de trabalho e à maior diversidade de equipamentos
agrícolas.

 Agricultura de plantação
É o tipo de agricultura que se encontra sobretudo nas regiões tropicais e
subtropicais, que teve a sua origem durante o período colonial, com a
organização, tecnologia e capital europeus, e em alguns casos com o
trabalho dos escravos. Este tipo de agricultura é praticado em parcelas
de grandes dimensões, ocupando os solos mais ricos, tem por objectivo
produzir para o mercado externo uma matéria-prima alimentar ou
industrial, em larga escala, baseada na monocultura. O sistema de
cultura assenta na utilização de técnicas modernas e cientificas e de uma
grande quantidade de mão-de-obra barata. Muitas vezes algumas destas
explorações incluem um primeiro tratamento e/ou transformação dos
produtos em edifícios fabris (por exemplo: extracção do mel da cana-de-
açúcar, descaroçamento do algodão, secagem e maturação de chá...). A
produção e comercialização dos seus produtos é feita sob a
responsabilidade da administração central (governo), de empresas
multinacionais (por ex: United Fruit) ou de sociedades mistas formadas
pelos governos e as multinacionais.

Tendo em conta a diversidade da actividade agrícola encontramos outras


diferentes formas de agricultura:
 Agricultura biológica: tipo de agricultura que exclui a utilização
de fertilizantes químicos e de pesticidas. Tal opção implica um
estudo sobre a constituição e evolução dos solos, as necessidades
vegetais as doenças das plantas e os seus parasitas, assim como
um estudo das espécies animais que se alimentam desses
parasitas. Os grandes objectivos da agricultura biológica são:

Celestino Sapuca, Ildefonso Catito, Ermindo Dinis/PUNIV-Kapango-2023/2024 55


evitar a poluição causada por adubos e pesticidas, preservar os
solos pela sua correcta utilização e fertilização natural, e obtenção
de produtos de alta qualidade, quer em sabor, quer em valor
nutritivo e sem resíduos químicos;
 Agricultura de mercado: tipo de agricultura em que o agricultor
produz para o mercado (nacional ou internacional) tendo como
objectivo lucro; o sistema de cultura utiliza técnicas modernas em
grandes parcelas de terreno e caracteriza-se por grande
produtividade e rendimento.
 Agricultura especulativa: tipo de agricultura onde o primeiro
objectivo é a produção em massa para exportação, pelo que é
preciso produzir muito e a preços concorrenciais. Caracteriza-se
pela grande concentração fundiária, necessária à produção em
massa, utilização agrícola. A ligação da agricultura à indústria
transforma-a numa actividade empresarial.
 Agricultura mista: tipo de agricultura que envolve quer culturas
vegetais quer a pecuária e em que o agricultor tem dois objectivos:
produzir para o consumo do agregado familiar e criar excedentes
que coloca no mercado, geralmente regional.
 Agricultura sem solo: tipo de agricultura cientifica em que as
culturas se desenvolvem sobre um substrato que permite um
arejamento muito fácil (gravilha, areia, substâncias sintéticas...) e
na qual se faz um rigoroso controlo do ambiente: a temperatura do
solo mantém-se constante (20º), a oxigenação das raízes é
garantida pelo substrato poroso e pelas substâncias nutritivas, a
humidade ambiente é controlada e a quantidade de fertilizante
carbónico é cuidadosamente estudada. Este tipo de agricultura
utiliza pouca mão-de-obra e grande parte do seu trabalho pode ser
automatizado (sistema pelo qual as máquinas funcionam por meios
mecânicos, ou seja, sem a intervenção directa do homem), dos
produtos.

2.3. DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DAS PRINCIAPAIS


PRODUÇÕES AGRÍCOLAS
A agricultura é uma actividade muito diversificada na superfície da Terra.
Para este facto assumem particular relevância aspectos de ordem física,
como são o clima, o relevo e as características dos solos e ainda os que
se prendem com factores humanos, como são a estrutura da
propriedade, a qualificação técnica da mão-de-obra e a organização da
actividade produtiva, que passa pela mecanização ou não desta
actividade.
A densidade agrícola mundial permite estabelecer o contraste entre as
agriculturas intensivas da Europa e Ásia das monções e as agriculturas
extensivas praticadas em África e no continente americano.

Celestino Sapuca, Ildefonso Catito, Ermindo Dinis/PUNIV-Kapango-2023/2024 56


As maiores massas de população agrícola são naturalmente as da Ásia:
mais de uma centena de milhões de pessoas na Índia e no Paquistão,
quase o dobro na china, mais de meio bilião para o conjunto do
continente asiático. A África e a América do Sul contribuem, para o total,
com contingentes da ordem de 100 e de 60 milhões de pessoas, sendo
difícil determinar a parcela de trabalho que corresponde as mulheres.
Os Países desenvolvidos, pelo contrário, possuem efectivos limitados: 8
milhões na América do Norte (E.U.A e Canadá), uns 20 milhões na
Europa (não incluindo a ex-URSS).
Torna-se assim evidente que não há qualquer ligação entre a distribuição
da população agrícola activa e a distribuição da produção agrícola já que
menos de 100 milhões de agricultores dos países mais desenvolvidos
produzem 460 milhões de toneladas de cereais enquanto que para
produzir um pouco menos de 420 milhões de toneladas (de arroz) – é
preciso mobilizar mais de 700 milhões de agricultores dos países menos
desenvolvidos.

 A agricultura norte – americana


A agricultura praticada nos Estados Unidos da América e Canadá,
caracteriza-se pelo seu carácter extensivo de alta produtividade.
É extraordinariamente mecanizada, praticada em explorações de
grandes dimensões e recorrendo às técnicas mais modernas que fazem
destes países, em especial do primeiro, uma das maiores potências
agrícolas do mundo. A grande diversidade climática existente neste país
torna possível uma especialização regional adaptando cada tipo de
cultura às condições naturais. Assim, na região litoral junto do Atlântico
predominam os legumes, frutos e as pastagens para a produção leiteira;
na extensa planície central pontificam o trigo (região de pradaria) e o
milho mais a Sul. Na Região meridional, o algodão, o amendoim e o
tabaco são as produções mais importantes enquanto na costa do
Pacifico se localizam as maiores produções hortícolas e frutícolas do
mundo.
A agricultura norte americana é uma das mais desenvolvidas do mundo.
É praticada em regime de monocultura, com elevada mecanização, em
grandes propriedades.

 A agricultura europeia
A agricultura caracteriza-se actualmente pela elevada produtividade e
rendimento agrícola. Estes baseiam no seu carácter científico e
tecnológico, já que a actividade agrícola no continente europeu é
fortemente mecanizada, utilizando sistemas de rega muito modernos,
uma criteriosa selecção de sementes e uso intensivo de fertilizantes
químicos, aspecto que faz desta agricultura uma actividade fortemente
poluente.

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As elevadas produções têm, no entanto, conduzido a situações de sobre
produção, facto que provocou uma tomada de posição da U.E. para
reduzir a produtividade implementando um conjunto de medidas que
designou por Política Agrícola Comum (P.A.C.). Estas consistiram na
definição de quotas de produção para cada Estado membro e na
diminuição produtiva à custa de um menor recurso à utilização de
produtos químicos e a uma maior qualidade dos produtos agrícolas.
Defendeu ainda o recurso à agricultura biológica e à reconversão das
áreas rurais substituindo a actividade agrícola por outras: a silvicultura, a
caça, o artesanato e o turismo rural. Em suma a agricultura europeia tem
elevada produtividade devido à utilização de técnicas sofisticadas.
Os cerais são os produtos agrícolas de maior importância na
alimentação da população, já que constituem a base da sua alimentação.
Entre eles, destacamos o trigo, o milho, o arroz e ainda outros produtos
de menor importância, como a cevada e o centeio.
O trigo constitui o mais importante de todos os cereais na alimentação
da população. A Europa e América do Norte (EUA e Canada) detêm
cerca de 40% da produção mundial. Sendo a china o primeiro produtor
de trigo, seguido da Rússia, da Índia, dos Estados Unidos, da França e
do Canada.
O trigo juntamente com a cevada, é cultivado desde a Pré-História. Hoje
existem mais de 650 variedades, das quais se extrai a farinha de que se
faz o pão, massas e biscoitos. É o cereal mais importante e mais
disseminado entre os 30º e os 60º de latitude Norte e os 27º e os 40º de
latitude Sul. Exige temperaturas médias de 10ºC ou superiores em Maio.
Mas não suporta temperaturas superiores a 20ºC com pluviosidades
superiores a 1200mm.
Quanto ao arroz existem mais de 2500 variedades de arroz, das quais
1000 na índia. Tem alto valor energético, mas pouco valor nutritivo;
apresenta um rendimento por hectares superior a qualquer outro cereal.
É cultivado em regiões quentes com abundância de água: Índia,
Paquistão, Ceilão, China e Japão. A Ásia das Monções com maior
destaque para china, a Índia, a Indonésia, o Bangladesh a Tailândia,
produz mais de 90%da produção total do globo. É o alimento de base
destas populações, acompanhando vegetais e menos frequente carne ou
peixe. São populações com alimentação pobre em proteínas.
O milho é um cereal originário do México, onde os Maias já o cultivavam
em associação com o feijão e a abobara. Foi trazido daí para a Europa,
onde ocupou as áreas mais húmidas, junto ao Atlântico. Difundido na
África tropical, passou a ser o alimento base da população. Exige 23ºC
na estação mais quente e muita humidade.
O milho é utilizado hoje na alimentação da população, especialmente em
África e Amarica Latina. Também é utilizado na alimentação do gado

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bovino, suíno e na avicultura. O maior produtor de milho e os Estados
Unidos, seguidos da China.
A cevada é um cereal utilizado na alimentação animal e no fabrico de
cerveja. O seu maior produtor é a Rússia, assegurando 25% da produção
mundial, seguida da Alemanha, do Canada, dos Estados Unidos, da
França e da Espanha.
 A cana-de-açúcar é característica das regiões tropicais, sendo os
seus maiores produtores mundiais o Brasil e a Índia, que detêm
quase metade da produção total do globo -46% seguidos de Cuba
e da China.
 A beterraba açucareira – é característica das regiões
temperadas. É utilizada na produção de açúcar, assim como na
alimentação animal. Os principais produtores mundiais são a
Rússia, com maior produção mundial, seguida da França, dos
Estados Unidos e da Alemanha.
 A soja, o girassol e a palmeira-do-azeite, qualquer destas
culturas destina-se a produção de óleo alimentar. A soja também é
utilizada na alimentação devido ao seu valor nutritivo. Os principais
produtores de soja são os EUA, que detêm mais de metade da
produção mundial, seguidos da argentina e da china.
Os principais produtores de girassol são a Rússia, a argentina, a
Alemanha, a China e Espanha. Os principais produtores de óleo de
palma são Malásia, seguindo-se a indonésia e a Nigéria.
 Café e o cacau são produtos das regiões tropicais. Os produtores
de café são Brasil, seguido da Colômbia e da indonésia. Os
maiores produtores de cacau são a costa do marfim, seguido do
Brasil e do Ghana. Para além destes produtos agrícolas,
destacam-se outros que desempenham um papel importante na
dieta alimentar da populaça mundial, como sejam a batata-rena, o
vinho, o azeite, o chá, frutos, legumes, etc.
 A vinha e a oliveira cultivam-se principalmente nas regiões de
clima mediterrâneo. A vinha é um dos produtos agrícolas de maior
valor económico. Os principais produtores de vinho são: França,
Itália, Argentina, Estados Unidos, Alemanha África do Sul e
Portugal.

2.4. A AGRO-INDÚSTRIA
A agro-indústria é a actividade industrial que engloba o
acondicionamento, a transformação e comercialização dos produtos
agrícolas podendo mesmo assegurar a produção de alguns deles. As
indústrias agro-alimentares transformam os produtos agrícolas para os
tornar consumíveis e assegurar a sua conservação (ex: indústria das
conservas de frutas e sumos).

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Actualmente, a agricultura não é uma actividade isolada, depende de
outras actividades. Está profundamente dependente das indústrias que
lhe fornecem a maquinaria e os produtos químicos necessários ao seu
desenvolvimento. Esta dependência levou ao surgimento da chamada
agro-indústria.
 Os complexos agro-industriais são estruturas que compreendem
a produção, o acondicionamento, a transformação industrial e a
comercialização de produtos alimentares. Verifica-se, portanto,
uma estreita relação entre a agricultura e a indústria. Os
agricultores gerem as suas explorações agrícolas de forma
semelhante às grandes empresas indústrias. Apoiados numa
avançada tecnologia e mecanização procedem à produção de
produtos agrícolas que serão posteriormente canalizados para as
indústrias transformadoras especializadas no processamento de
produtos alimentares ou de matérias-primas destinadas a outras
indústrias.
Os complexos agro-industriais controlam todo o processo, desde a
produção, ao transporte, distribuição e comercialização de quantidade de
alimentos. Assim, as indústrias agro-alimentares transformam os
produtos para os tornar consumíveis e asseguram a sua conservação.
Actualmente, mais de metade da produção agrícola comercializada
passa pelo circuito industrial. Fabricam-se alimentos em lata ou em
conserva, congelados, secos, pasteurizados, etc.
Os alimentos resultantes deste processo de transformação industrial,
contudo, nem sempre são saudáveis, já que podem conter produtos
químicos, como conservantes e corantes.
Os países industrializados que se destacam ao nível desta indústria
agro-alimentar são os EUA e a Europa Ocidental, dominados por
grandes e modernas cooperativas e empresas multinacionais como a
Unilever (Holanda, Reino Unido), a Nestlé (Suíça) e no sector das
bebidas não alcoólicas, a Coca-Cola (EUA).
É de salientar também que a prática da agricultura moderna levanta uma
série de problemas aos países que a praticam, de entre os quais:
A super-produção, existente por exemplo na União Europeia,
excedentária em produtos como, a manteiga e o leite.
A prática de uma agricultura intensiva associada a práticas poluidoras e
que degradam o ambiente, como o uso abusivo de produtos químicos, o
esgotamento dos solos e a poluição das águas subterrâneas e
superficiais.
O aumento da resistência genética das pragas aos pesticidas, o que
torna necessário utilizar quantidades cada vez maiores, ou recorrer a
novas variedades.

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2.5. OS RECURSOS PECUÁRIOS
 Agro-pecuária – junção numa mesma exploração das actividades
agrícolas e pecuárias.
A criação de gado constitui, desde há muito, uma importante actividade
do homem na maior parte das regiões do mundo.
A pecuária teve o seu início com a domesticação de animais selvagens,
e desde então tem acompanhado o desenvolvimento da agricultura. Em
áreas de extensão, a pecuária é mais ampla do que a actividade
agrícola, uma vez que a criação de gado se pode fazer em regiões áridas
ou de montanha. É muitas vezes a única opção económica, assumindo
deste modo grande importância regional. Hoje desempenha um papel
importante na alimentação humana, satisfazendo assim as necessidades
crescentes de uma população cada vez mais numerosa.
As principais espécies pecuárias são:
 Gado Bovino;
 Gado Ovino;
 Gado Suíno e
 Gado Caprino.
 Gado bovino é globalmente o mais importante, constituindo a
principal fonte de carne e leite e seus derivados (Queijo, Manteiga
Iogurte, etc.), fornece ainda as peles, utilizadas em várias
indústrias, designadamente na do calçado, e constitui, em muitas
regiões de agricultura tradicional, um precioso auxiliar do homem
nos trabalhos agrícolas. Os principais produtores mundiais são: a
Índia que é o maior produtor de gado bovino a nível mundial,
correspondendo a mais de 15% do total do globo. Seguem-se
outros países como a Rússia, os Estados Unidos, a China, a
Argentina e o Brasil. A Suíça, a Holanda e Dinamarca destacam-se
como produtores de espécies seleccionadas na produção de leite.
Em alguns países em desenvolvimento como Argentina e o Brasil
a pecuária tem-se desenvolvido muito sendo a Argentina uma das
principais exportadoras mundiais de carne bovina.
 Gado Suíno é uma espécie pecuária muito rentável, pois exige
poucos cuidados quando comparada com outras. São grandes
nações como a China, a Rússia e os EUA, aquelas que registam
maiores produções.
 Os ovinos e os caprinos fornecem também carne e leite e ainda a
lã (no caso dos ovinos), constituindo a principal fonte de riqueza de
muitas regiões do globo, especialmente dos povos das regiões
áridas e semi-áridas. Os maiores produtores mundiais são a
Rússia, a Austrália a China. Constituem também importantes

Celestino Sapuca, Ildefonso Catito, Ermindo Dinis/PUNIV-Kapango-2023/2024 61


produtores, nomeadamente ao nível da produção de lã, a Nova
Zelândia e o Reino Unido.
 Além destas, vamos destacar a avicultura (criação de aves), que
nos últimos anos tem conhecido um desenvolvimento
extraordinário, colocam nos mercados grandes quantidades não só
de carne como também de ovos.
A importância e desenvolvimento da criação de gado nas diversas
regiões do mundo dependem de muitos factores naturais (especialmente
o clima) e humanos. Nas regiões tropicais, quentes e muito húmidas, os
numerosos parasitas e as doenças que ali grassam dizimam o gado, pelo
que a pecuária tem pouca importância.
Nos climas quentes e secos as condições ambientais são também,
pouco acolhedoras, para os animais. No entanto a criação de gado
sóbrio, ou seja, pouco exigente quanto à alimentação (ovelhas, cabras,
carneiros e camelos), constitui a única actividade de alguns povos
pastores da savana, das estepes e da bordadura dos desertos.
Nas regiões árcticas, muito frias, criam-se renas, que fornecem carne,
leite e peles para as tendas (Esquimós e Lapões).
Nas regiões temperada, a suavidade das temperaturas e a reactiva
abundância de precipitação, que favorece o desenvolvimento das
pastagens, fazem delas as regiões de eleição para a pecuária,
particularmente para o gado bovino, que exige clima ameno e pastagens
sempre frescas.
Certos povos são pastores por tradição, enquanto outros não podem ou
não querem, quase sempre por motivos religiosos tirar partido dos
animais como fonte de alimento.
Os indianos, apesar de possuírem o maior número de cabeças de gado
bovino do mundo, não consomem a sua carne, porque a religião não
permite o abate deste tipo de gado.

 Formas de criação de gado


Já vimos que a pecuária constitui uma importante actividade económica
e que está mais ou menos implantada em virtude de factores naturais e
também de práticas culturais. Esta actividade tanto pode desenvolver-se
através de práticas tradicionais, como de práticas modernas, consoante o
potencial do meio onde se desenvolve e os fins a que se destina.

1. Pecuária tradicional
Consoante o objectivo económico que visa cumprir, a pecuária realiza-se
mais ou menos intensamente, estando sujeita a diferentes práticas.
Nos países em vias de desenvolvimento encontramos duas situações
distintas:

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 A criação extensiva de gado como actividade isolada.
 A criação de gado como actividade complementar de uma
agricultura tradicional em que os animais ajudam nas tarefas
agrícolas e estrumam a terra.
Os povos pastores da savana e das estepes da África, da América
(Central e do Sul) e da Ásia, vivem directa e exclusivamente da
exploração dos seus rebanhos (bois, carneiros, burros, ovelhas, cabras,
etc.) sem qualquer ligação à agricultura. A produção destina-se
essencialmente para comercialização.
Nas pequenas economias agrícolas a criação de gado encontra-se
sempre ligada a agricultura, produzindo pequenas quantidades de
produtos como a carne, o leite e o queijo, destinados essencialmente ao
sustento familiar, sendo que apenas uma pequena parte é
comercializada nos mercados rurais.
Em algumas regiões de clima quente e seco, pratica-se a transumância,
ou seja, a deslocação do gado de umas regiões para outras em busca de
pastagens.
No âmbito da pecuária tradicional, os rendimentos são normalmente
muito baixos devido aos seguintes factores:
 Ausência de uma cuidada selecção das raças.
 Poucos cuidados aos animais, nomeadamente de carácter
sanitário, estando aqueles expostos a numerosas doenças que os
dizimam e dificultam o seu desenvolvimento.

2. Pecuária moderna
A pecuária moderna pode estar, ou não, ligada à agricultura.
Desenvolve-se em grande escala, utilizando métodos modernos que dão
origem a altos rendimentos. Tem como objectivo produzir em grande
quantidade para abastecimento dos grandes mercados internos e
externos.
Nos países desenvolvidos como os da Europa, América do Norte,
Austrália, Nova Zelândia e Japão, a pecuária é uma actividade cada vez
mais industrial e com carácter científico, obedecendo a determinadas
características:
Seleccionam-se as raças de mais rápido desenvolvimento e que
garantem maiores produções.
Recorre-se a estábulos fortemente equipados que se assemelham a
grandes salas climatizadas, onde a distribuição de água e de alimentos é
efectuada através de operações mecanizadas e automatizadas.
Nos aviários, a luz, a temperatura e a humidade são automaticamente
controladas, constituindo verdadeiras fábricas de ovos e de carne.

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Comercializa-se carne, leite e seus derivados através de um sistema
bem desenvolvido de técnicas de refrigeração, congelação e transporte,
o que permite o rápido escoamento dos produtos das áreas produtoras
para as de consumo.
Com vista a uma reprodução fácil e rápida, pratica-se sistematicamente a
inseminação artificial. A eficiência dos serviços veterinários também
contribui para a redução drástica das epidemias. Mesmo nos
matadouros, os animais abatidos são sujeitos a provas de laboratório
com vista à detecção de qualquer doença.

2.6. A SEGURANÇA ALIMENTAR


Segurança alimentar: o paradoxo entre a produção de alimentos e a
fome.
Entre 3 e 5 de Junho de 2008, realizou-se a Conferência de Alto Nível
sobre a Segurança Alimentar Mundial e os Desafios das Mudanças
Climáticas e da Bioenergia, da Organização das Nações Unidas para
Agricultura e Alimentação (FAO). O evento que ocorreu em Roma, na
Itália, reuniu Chefes de Estado e de Governo, com o objectivo de traçar
uma estratégia para a segurança alimentar mundial nos próximos anos.
Uma boa alimentação equilibrada compreende três elementos:
 55% de glícidos (cereais, açucares, batata e outros tubérculos
feculentos);
 30% de lípidos (gorduras);
 15% de prótidos (vegetais e animais).
 A dieta alimentar deve ainda incluir sais minerais e vitaminas.
Não existe um modelo ideal ou universal de dieta alimentar. De uma
maneira geral, toda a sociedade humana satisfaz a sua necessidade de
comer, assim como as suas necessidades nutricionais de formas muito
diferente.
Calcula-se que o organismo humano necessita, para crescer e subsistir,
de cerca de 2500 calorias por dia aproximadamente, dependendo:
 Da idade (os idosos têm menores necessidades alimentares do
que os jovens);
 Do clima (nos climas frios, as necessidades alimentares são
superiores às existentes nos climas quentes);
 Da actividade física (as necessidades são tanto maiores quanto
mais intensas for o esforço físico).

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Uma população bem alimentada é mais produtiva, mais saudável e mais
feliz.
Segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e
Alimentação), a segurança alimentar «é uma situação em que todas as
pessoas podem, a qualquer momento, ter acesso a alimentos sãos e
nutritivos para assim poderem manter uma vida activa e sadia».
No mundo existe um grande desequilíbrio entre a produção alimentar, o
crescimento demográfico e o consumo diário de calorias.
Os países em desenvolvimento, ou seja, mais de dois terços da
população mundial dispõem de menos de 2500 calorias por dia,
apresentando um quadro de subnutrição. Nestes países, os cereais
asseguram metade, por vezes dois terços, das calorias ingeridas, sendo
o regime alimentar pouco variado e com carências de proteínas,
vitaminas e sais minerais. É a chamada mal nutrição, que é causadora
de inúmeras doenças no organismo humano. A fome ou subnutrição
afecta essencialmente mulheres e crianças e tem especial incidência nos
países em desenvolvimento, sobretudo na África Subsariana, área de
grande crescimento demográfico e muito afectada pela pobreza, por
conflitos armados, e/ou por condições climáticas muito adversas e
mesmo por intempéries como furacões, tsunamis, secas e inundações.
Nos países em vias de desenvolvimento, sobretudo nos países do
continente africano, a produção alimentar é inferior as necessidades
crescentes de uma população que aumenta dia-a-dia, sendo o consumo
de calorias muito inferior as necessidades humanas.
A carência alimentar e a má nutrição debilita não só física, mas
intelectualmente as pessoas, condicionando o seu nível de actividade, o
seu rendimento laboral e, no caso das crianças, o seu rendimento
escolar.
Uma população bem alimentada, em quantidade e qualidade, é condição
essencial para o desenvolvimento. A segurança alimentar é assim
fundamental a existência humana.

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Com base nas proporções do impacto das alterações climáticas na
produção de cereais entre 2000 e 2008, conclui-se que as zonas mais
seriamente afectadas em África são:
 Uma larga faixa que atravessa a região do Sahel, abrangendo o
Burkina Faso e as regiões cultivadas do Sul do Mali, Níger, Tchade
e Sudão.
 Os países da África Oriental e austral, desde a Eritreia, Etiópia e
Somália até Angola, Moçambique e África do Sul;
 O Norte de África, com especial incidência em Marrocos.
Na República Democrática do Congo o número de pessoas subnutridas
sextuplicou entre 1969- 1971 e 2001- 2003. Hoje em dia este país possui
a maior percentagem de população subnutrida do mundo (72%).
Os conflitos e a violência decorridos entre 1996 e 2002, já tinha
provocado a morte a mais de 4 milhões de pessoas, e tudo indica que a
tendência é para o agravamento desta situação já calamitosa, em face
do novo quadro de conflito armado em curso no país. Muitas pessoas
perderam a vida em combate, mas o número total de vítimas também
inclui as mortes provocadas pela fome e por doenças, dado que os
conflitos acarretam que milhares de pessoas abandonassem as suas
casas e os seus campos de cultivo.
Importa lembrar o caso de Angola como dos exemplos mais fortes de
inadequada utilização dos recursos naturais. A riqueza das segundas
maiores reservas de petróleo de África e das quartas maiores reservas
de diamantes do mundo, em vez de garantir o desenvolvimento e o bem-
estar da população, financiou uma guerra civil que matou um Milão de
pessoas entre 1975 e 2002 e produziu milhares de mutilados.
Nos países de África, são os mais atrasados na erradicação da pobreza,
embora se tenha encontrado petróleo nos pântanos da Nigéria. Este país
continua muito atrasado. O Banco Mundial considera este país, um
estado frágil, em risco de conflito armado.
As mulheres são as que mais sofrem de fome e de subnutrição, apesar
de ser elas as maiores produtoras de alimentos. São elas que cultivam a
maior parte dos alimentos para o consumo doméstico. Na África
subsaariana e nas Caraíbas as mulheres produzem cerca de 60 a80 %
dos géneros alimentícios básicos. Na Ásia as mulheres executam mais
de 50% de trabalhos no cultivo de arroz.
A fome também é um fenómeno que ocorre nos países de América do
Sul, China e o Sudeste asiático, mas nestas regiões têm sido feitos
progressos na redução da subnutrição, contrariamente à África Central,
sub-região da África Subsariana onde a subnutrição mais aumentou. Até
2015 prevê-se que a subnutrição aumente na África Subsariana e no
Médio Oriente e Norte de África e diminua nas restantes regiões em

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desenvolvimento. Nessa altura, o mundo ainda terá cerca de 582 milhões
de pessoas subnutridas.
Actualmente, o problema da fome agrava-se nos grandes centros
urbanos, em especial dos países em desenvolvimento, onde muitos
milhares de pessoas vivem em absoluta pobreza.
Nos países desenvolvidos, o crescimento demográfico é inferior ao
aumento da produção alimentar. O consumo de calorias por habitantes é
de cerca de 3350, sendo a alimentação muito variada, mas dando origem
a outro problema, o da sobrenutrição e da obesidade, causa também de
doenças muito graves – as chamadas «doenças da civilização», como
sendo a diabetes, doenças cardiovasculares, acidentes vasculares
celebrais, hipertensão e alguns tipos de cancro.
Actualmente há mais pessoas com excesso de peso do que da
subnutrição. Em termos globais, existem mil milhões de pessoas com
excesso de peso, e destas, pelo menos 300 milhões são obesas. É de
salientar ainda, que além destes excessos, no mundo desenvolvido
consomem-se cada vez mais alimentos industrializados, contendo
substâncias químicas (corantes e conservantes), prejudiciais ao
organismo humano.
Em 1974, devido à crise alimentar, realizou-se a conferência Mundial da
alimentação com o objectivo de garantir a segurança alimentar a todos.
Constatou-se que na Ásia, especialmente no Oriente e Sudeste da Ásia,
houve melhorias. Também foram registadas melhorias no próximo
Oriente e na América Latina. Infelizmente, na África Subsariana não
houve grandes avanços, visto que a proporção da população carente de
alimentação aumentou.
Em alguns países em desenvolvimento, a dependência económica da
agricultura é elevada. Assim, o aumento dos recursos agrícolas de forma
sustentada e a promoção do desenvolvimento rural continuam a ser a
forma de melhor contribuir para a redução da pobreza. Tal permite
melhorar a segurança alimentar, pois que a maioria da população
carente depende principalmente da agricultura, que constitui a base do
emprego e do rendimento.
Ajudar os países em desenvolvimento a sair do flagelo da fome e da
pobreza é uma responsabilidade de todos. Está nas mãos dos países
desenvolvidos contribuir para erradicação da pobreza no mundo,
nomeadamente:
 Garantindo o financiamento contínuo da ajuda pública ao
desenvolvimento a longo prazo, incitando os países em
desenvolvimento a implementar mediadas eficazes aplicar essas
ajuda e para melhorar os serviços sociais básicos, como a
educação, saúde, os serviços de água e saneamento básico;

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 Exigindo a implementação de regras comerciais mais justas,
permitindo maior participação dos países em desenvolvimento
mais pobres no comércio internacional e a valorização das suas
exportações;
 Implementando esforços para eliminar os conflitos armados, que
têm vindo a arruinar a vida de centenas de milhões de pessoas e
impedido o desenvolvimento.
Alguns conceitos:
Sobrenutrição – nutrição em excesso.
Subnutrição – nutrição deficiente.
Rocha-mãe – rocha sobre a qual assentam os diferentes níveis do solo e
que normalmente lhe dá origem.

2.7. PROTECÇÃO DOS RECURSOS DA TERRA: O COMBATE


CONTRA A DEGRADAÇÃO DO SOLO E A
DESERTIFICAÇÃO
O ser humano começou a produzir alterações mais significativas sobre o
meio que o rodeia a partir do momento em que deixou de ser
exclusivamente recolector, isto é, enquanto caçava, pescava e recolhia
bagas e sementes. A partir da altura em que passou dedicar-se à
agricultura e a pastorícia, passou a intervir no meio que o rodeia.
No que diz respeito à caça há mesmo povos africanos que utilizam o
fogo para apanhar mais facilmente as suas presas e, como sabe, as
práticas de queimada têm graves consequências no equilíbrio ecológico,
nomeadamente:
 Destroem o manto vegetal e o húmus;
 Destroem a microfauna e a microflora;
 Provocam a infiltração das cinzas pelas chuvas, o que contribui
para o aumento de sais no solo, tornando-o menos produtivo;
Os solos nus, oferecem menos resistências aos agentes erosivos.

Este conjunto de circunstâncias concorre para a degradação do solo,


assim como para a desertificação. Este fenómeno resulta não só das
alterações climáticas, mas também das actividades humanas, como o

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sobrepastoreio, a agricultura intensiva, o derrube de cobertura vegetal e
o consumo de lenha.
A incidência da desertificação varia com a área geográfica, existindo
actualmente zonas onde o risco desta ocorrer é moderado, elevado e
muito elevado.
Actualmente, a desertificação é um dos maiores problemas com que se
debatem muitos países tropicais que com a diminuição do espaço
agrícola e de rendimento de terra, surge a fome e os refugiados
ambientais.
Uma zona do continente africano onde este fenómeno se faz sentir de
forma crescente é no Sahel, região que se estende a sul do deserto do
Sara, atravessando o território de vários países desde o oceano Atlântico
ao mar Vermelho. As alterações climáticas, ocasionando uma diminuição
da precipitação e sucessivos períodos de seca na região, conjuntamente
com as consequências do crescimento demográfico, têm contribuído
para o avanço do Sara sobre o Sahel.
No Sahel, o crescimento da população fez com que fosse necessário
aumentar as áreas cultivadas e a criação de gado, consequentemente
também o consumo de água e de lenha, o abate de árvores e a
destruição da vegetação natural, deixando os solos muito vulneráveis.
Com o avanço da desertificação, a população do Sahel tende a deslocar-
se para sul e aumentar a pressão exercida sobre essas regiões, assim
como o risco de desertificação.
A desertificação é um exemplo extremo da acção do Homem sobre o
meio, mas, de uma forma geral. A construção de estradas, de barragens
e de edifícios passou a pôr em risco muitos ecossistemas terrestres e
aquáticos. De igual modo, o surgimento das grandes aglomerações
urbanas com os seus subprodutos como lixos, esgotos, os desperdícios
das grandes industrias, poluíram o ar, os cursos de água e o solo.
A agricultura é uma actividade com enorme impacto ambiental, apesar de
proporcionar grande parte da alimentação necessária a população
mundial. É, pois causa de uma série de problemas ambientais, dos quais
destacámos:
A degradação dos solos provocada pela utilização de maquinaria
sofisticada e pelo uso de produtos químicos, fertilizantes, pesticidas e
herbicidas.
A poluição dos cursos de água, resultantes das águas residuais da
agricultura e das aguas subterrâneas e pela infiltração de produtos
químicos que atingem as toalhas freáticas.
O aumento da resistência genética das pragas aos pesticidas, que faz
com que sejam necessárias quantidades cada vez maiores ou que se
tenha de recorrer a novas variedades.

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Também temos a salientar que com a explosão demográfica aumentou o
impacto ambiental da agricultura tradicional no meio, surgindo uma série
de problemas, tais como a desertificação, de que já falamos, e a erosão
do solo provocada pela redução do tempo de pousio dos solos.
O fenómeno de erosão é muito mais acentuado em áreas com grande
declive, onde a floresta foi destruída para agricultura ou para a criação de
gado.
As florestas desempenham, com efeito, um papel importante, visto que
protegem o solo do impacto directo da chuva, favorecem a infiltração e
as raízes das árvores, evitam o escorregamento do solo. As florestas
constituem o maior dos ecossistemas terrestres, cobrindo
aproximadamente 30 milhões de km2 da superfície da Terra. As florestas
desempenham ainda um importante papel na purificação do ar, na
estabilização do clima, na fixação das camadas superficiais do solo e na
sua fertilidade, assim como na retenção das águas. Além disso, são o
habitat da vida selvagem e constituem para o ser humano fonte de
diversão de lazer.
Assim, de uma forma geral, pode considerar-se que a acção do homem
tem contribuído para uma acentuada e crescente degradação dos solos e
de uma forma geral de todo o ambiente. Deparamo-nos hoje com uma
necessidade permanente de protegermos e os restantes recursos da
Terra.
Poderão os países contribuir para atenuar este cenário de degradação
crescente do ambiente, seguindo as seguintes medidas:
Cumprindo os vários protocolos internacionais que visam precisamente a
protecção da natureza e dos seus recursos.
Apostando nas energias renováveis, produzidas a partir das fontes
inesgotáveis, como o sol e o vento, ou a partir de recursos que podem
ser repostos, como a biomassa.
Poupando energia, implementando acções de sensibilização da sua
população parta esta poupança. Desta forma, também se estará a
contribuir para a diminuição da emissão de gases com efeito de estufa.
Muitos gastos de energia podem ser evitados em casa (ligar o que é
necessário e desligar aéreas desocupadas), e nos transportes (deslocar-
se a pé ou de bicicleta ou partilhar o seu automóvel com outras pessoas),
ou através de reciclagem e compostagem de resíduos.
Preservando a agua (nos usos domésticos, na industria e, sobretudo, na
agricultura).
Protegendo a biodiversidade (preservação dos habitats e recuperação
das espécies ameaçadas de extinção). Para tal, é essencial controlar a
desflorestação e apoiar reflorestação; proibir a captura e o comércio de
espécie em risco e criar condições para a sua reprodução; aumentar as
áreas de protecção ambiental.

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Grande relevância mediática tem assumido a importância da ecologia, a
utilização de produtos reciclados, a compra nos circuitos de comércio
justo, a protecção dos recursos naturais da Terra. Hoje já grande parte
da população considera importante fazer-se algo para modificar o trágico
percurso da destruição dos recursos ou o crescente fosso entre ricos e
pobres.
Nós, os consumidores temos a faca, o queijo e o pão na mão, mas o
problema é outro, será que vamos usar esse poder para mostrar que
caminho queremos que seja seguido pelas empresas? E que caminho
será esse? A responsabilidade é nossa e só nossa.
 Desertificação é o fenómeno que corresponde à transformação de
uma área num deserto.
O termo desertificação tem sido muito utilizado para a perda da
capacidade produtiva dos ecossistemas causada pela actividade
humana. Devido às condições ambientais, as actividades económicas
desenvolvidas em uma região podem ultrapassar a capacidade de
suporte e de sustentabilidade. O processo é pouco perceptível a curto
prazo pelas populações locais. Há também erosão genética da fauna e
flora, extinção de espécies e proliferação eventual de espécies exóticas.
Origina-se, no caso de desertos arenosos, a partir do empobrecimento
do solo e conseguinte morte da vegetação, sendo substituída por terreno
arenoso. No caso dos desertos polares, a causa evidente é a
temperatura extremamente baixa daquelas regiões. Conforme a
Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação, a
desertificação foi definida como sendo a degradação da terra nas zonas
áridas, semi-áridas e sub-húmidas secas resultantes de factores diversos
tais como as variações climáticas e as actividades humanas.

 Regiões afectadas pela desertificação


Um terço do planeta será deserto em 2100. A Desertificação vai provocar
migração de 50 milhões, diz relatório do Programa de Combate à
Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca na América do Sul.
Os ecossistemas frágeis são importantes pois apresentam características
e recursos únicos. Quando é dito ecossistema frágil incluímos os
desertos, as terras semi-áridas, as montanhas, as terras húmidas, as
ilhotas e determinadas áreas costeiras.
A desertificação é a degradação do solo em áreas áridas, semi-áridas e
sub-húmidas seca, resultante de diversos factores, inclusive de variações
climáticas e de actividades humanas.
A desertificação actualmente afecta cerca de um quarto da área terrestre
total do mundo, são áreas caracterizadas por baixo potencial de sustento
para homens e animais. A prioridade no combate a desertificação deve
ser a implementação de medidas preventivas para as terras não

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atingidas por degradação ou que estejam levemente degradadas, sem se
descuidar das áreas gravemente degradadas.
A desertificação, pode também ser definida como sendo a perda da
capacidade de renovação biológica das zonas áridas, semiáridas e sub-
húmidas. É um dos perigos que ameaça mais seriamente a humanidade.
A desertificação é um problema mundial e atinge um quinto da população
do planeta, em mais de 100 países. As suas repercussões são imensas.
A pobreza é, em parte, uma causa deste fenómeno que, ao mesmo
tempo e num círculo vicioso trágico, se agrava. Juntamente com outros
problemas, obriga as populações de zonas rurais empobrecidas a
migrarem para as cidades, que, em geral, não têm condições para alojar
e empregar os recém-chegados de uma maneira adequada. Se não
agirmos e as actuais tendências se mantiverem, em 2020, cerca de 60
milhões de pessoas terão partido das zonas da África subsariana para o
Norte da África e Europa e, a nível mundial, 135 milhões de indivíduos
correrão o risco de desenraizamento.
Ao mesmo tempo, é urgente proteger os desertos. Trata-se, de fato, de
ecossistemas vitais, que foram em tempos remotos o berço de algumas
das civilizações mais antigas e culturalmente mais ricas do mundo, que
se estenderam por milhares de quilómetros, desde o lendário Crescente
Fértil da Mesopotâmia até às regiões da Rota da Seda e aos
ecossistemas áridos da América Latina. O tema deste ano, “A beleza dos
desertos – o desafio da desertificação”, é uma homenagem a este legado
único e frágil e chama a atenção para a necessidade da sua protecção.
Esta celebração coincide também com o Ano Internacional dos Desertos
e da Desertificação e com o décimo aniversário da entrada em vigor da
Convenção das Nações Unidas sobre o Combate à Desertificação, que
desempenha um importante papel nos esforços para erradicar a pobreza,
alcançar o desenvolvimento sustentável e realizar os Objectivos de
Desenvolvimento do Milénio (ODM). Neste Dia Mundial, tomemos a
decisão de aplicar rigorosamente as disposições da Convenção e de
desenvolver esforços concertados para resolver a questão da
degradação dos solos e da desertificação.
A desertificação é uma das formas mais alarmantes de degradação do
ambiente. Ameaça a saúde e os meios de subsistência de mais de um
bilhão de pessoas. E estima-se que, todos os anos, a desertificação e a
seca causem uma perda da produção agrícola da ordem dos 42 bilhões
de dólares. A amplitude do problema e a sua urgência levaram a
Assembleia Geral das Nações Unidas a proclamar 2006 Ano
Internacional dos Desertos e da Desertificação.
Em numerosas zonas agrícolas áridas do mundo, incluindo grande parte
da África, são as mulheres que, tradicionalmente, dedicam o seu tempo e
esforços ao trabalho do campo. Nos países em vias de desenvolvimento,
as mulheres representam aproximadamente 70% da mão-de-obra

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agrícola e produzem entre 60 e 80% dos alimentos. São principalmente
as mulheres que preparam, geram e vendem os alimentos para as suas
famílias e sociedades e que trabalham em contacto directo com a
natureza. E têm sido elas, também, que, vivendo de perto a degradação
ambiental e outros problemas, têm adquirido conhecimentos valiosos.
Mas, apesar dos seus esforços e dos conhecimentos que acumularam,
as mulheres que vivem em regiões áridas figuram entre os mais pobres
do planeta, dispondo de poucos meios para conseguirem mudanças de
fundo. A Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação
nos Países Afectados por Seca Grave e/ou Desertificação,
particularmente na África, realça o papel fundamental desempenhado
pelas mulheres na sua aplicação. Contudo, como são
predominantemente os homens que possuem terras e gado, as mulheres
são, muitas vezes, excluídas da participação nos projectos de
conservação e de valorização das terras, das actividades de extensão
agrícola ou do processo de elaboração de políticas gerais.
Há, no entanto, alguns sinais de progresso. Em muitos países, as
mulheres começam a ter acesso à propriedade das terras e a
participarem na tomada de decisões. Cada vez mais, os Estados-
membros reconhecem que a falta de recursos financeiros dificulta os
esforços das mulheres e dos homens no combate à desertificação. Esta
evolução dá às mulheres novas oportunidades de mudarem a sua vida, a
sua sociedade e o meio que as circunda.
A Convenção é o único instrumento internacionalmente reconhecido e
juridicamente vinculativo que trata do problema da degradação dos solos
nas zonas rurais áridas. Com os seus 191 Estados Partes, é
verdadeiramente universal. E, graças ao seu mecanismo de
financiamento, o Fundo para o Desenvolvimento Mundial, pode canalizar
os recursos que tão necessários são para projectos que visam combater
o problema, em especial na África.
A desertificação gera riscos evidentes e graves. Reduz a fertilidade dos
solos, podendo provocar perdas de produtividade da ordem dos 50%, em
algumas regiões. Contribui para a insegurança alimentar, a fome a
pobreza e pode dar origem a tensões sociais, económicas e políticas
que, por sua vez, agravam a pobreza e a degradação dos solos.
Segundo as estimativas actuais, os meios de subsistência de mais de 1
bilhão de pessoas podem estar comprometidos, devido à desertificação,
e, por conseguinte, 135 milhões de pessoas podem estar em perigo de
serem obrigadas a abandonar as suas terras. Os pobres das zonas rurais
são particularmente vulneráveis, sobretudo nos países em
desenvolvimento. Consciente de que é urgente atacar as vastas
ramificações deste problema, a Assembleia Geral declarou 2006 Ano
Internacional dos Desertos e da Desertificação.

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A desertificação e a seca constituem uma ameaça crescente para o
mundo inteiro. Actividades humanas como a exploração excessiva das
terras, o sobre pastoreio, a desflorestação e os métodos de irrigação
inadequados, associados às alterações climáticas, transformam as terras
outrora férteis em terrenos estéreis e improdutivos.
A superfície de terra arável por pessoa está a diminuir, ameaçando a
segurança alimentar, em particular nas zonas rurais mais pobres, e
desencadeando crises económicas e humanitárias.
Todas as regiões do mundo são afectadas. Na Índia, a seca e o
desflorestando transformam, todos os anos, 2,5 milhões de hectares em
terras incultas, enquanto noutros pontos da Ásia, as tempestades de
areia representam, cada vez mais, uma ameaça para a economia e o
ambiente. No México, cerca de 70% do total de terras estão expostos à
desertificação, o que leva entre 700 000 e 900 000 mexicanos a
deixarem as suas casas em busca de uma vida melhor como
trabalhadores migrantes nos Estados Unidos. Mas é na África, ao sul do
Saara que o problema da desertificação é mais grave e onde se prevê
que o número de refugiados ambientais venha a atingir os 25 milhões de
pessoas, durante os próximos 20 anos.
Dado que os pobres cultivam frequentemente terras degradadas que são
cada vez menos capazes de responder às suas necessidades, a
desertificação é, ao mesmo tempo, uma causa e uma consequência da
pobreza. A luta contra a desertificação deve, por isso, ser parte
integrante dos esforços mais vastos que fazemos para eliminar a
pobreza e garantir a segurança alimentar a longo prazo.

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CONCLUSÃO
Concluímos que a agricultura nos vários países, tem características e
hábitos diferentes, mas ambas têm uma importância significativa para
todos nós, vimos que a agricultura é um meio indispensável para a
sobrevivência do ser humano, pois, se esta não existisse não haveriam
alimentos saudáveis como os legumes e os frutos e todos nós
morreríamos.
Damos por concluído o nosso tema relacionado com a agricultura na
base do desenvolvimento, salientando que a agricultura tem
características e factos que nós não damos muita importância, mas ela é
muito importante, pois sem ela não haveria vida na terra.

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BIBLIOGRAFIA

Jorgina Chova, J. Z. (2001). Geografia 12ª Classe. Luanda: Livraria


Mensagem.
Dicionário de Geografia de Ana Guerido
Margarida Camilo Sabino, M. S. (2014). Geografia 10ª Classe. Luanda:
Plural Editores.
Monteiro, J. C. (1962). Ciências Geográfico Naturais. Braga: Livraria
Cruz.
RPA. (1975-1990). Geografia Física 9ª Classe. Luanda: RPA.
Zerqueira, J. (2005). Aprendendo a Ler Coordenadas e Determinando
Diferenças Horárias. Luanda: Livraria Mensagem.
Zerqueira, J. (2009). Geografia 10ª Classe. Luanda: Texto Editores.
Zerqueira, J. (2013). Geografia 7ª Clase. Barcelos-Portugal: Livraria
Mensagem.

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Termos / noções básicas / conceitos
Análise demográfica: são mecanismos que determinam a
composição e a evolução da população.
Clã: grupo que reúne pessoas que reconhecem ter o mesmo
antepassado. Este muitas vezes pode ou não existir ou também pode
ser um antepassado mítico, que pode ou não ser necessariamente um
homem mas uma planta ou um animal identificado como antepassado
totemismo. Em particular, nos clãs totémicos, os descendentes não
podem comer o tóteme e certo alimento de ordem ritual.
Crescimento: é a diferença entre o número de nascimento e da
mortalidade, durante um período determinado.
Demografia: estuda as populações humanas incluindo seu tamanho,
sua distribuição, sua densidade, seu crescimento e outras
características.
Demografia económica: estuda as relações da população com os
fenómenos económicos.
Demografia formal: considera as populações como objecto geral e
abstracto.
Demografia histórica: estuda a evolução e as características
passadas da população e seus comportamentos no passado. Faz-se
análise de dados recolhidos no passado.
Demografia matemática: propor a modelização da evolução da
demografia.
Demografia social: estuda as relações da população com os
fenómenos sociais.
Ecologia humana: ramo especializado dentro da sociologia,
geografia ou antropologia que estuda a distribuição territorial e a
organização das populações em relação ao meio em que vivem.
Economia: é actividade humana que consista a transformar a
natureza e a trocar os produtos assim colhidos para a satisfação das
necessidades humanas.
Epidemiologia: ramo da saúde pública que estuda a relação entre as
doenças e o meio humano dentro ao qual as doenças existem e se
transmitem.
Estatística demográfica: estatística aplicada ao estudo da população
humana.
Estatísticas vitais: são os dados demográficos tirados sobre
nascimentos, mortalidade, casamentos e divórcios.

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Êxodo rural: é a migração de campo para a cidade mas também, se
acompanha ordinariamente de mudança de residência e de actividade
profissional (camponês para operário).
Família: um grupo social que se caracteriza por residência comum,
cooperação económica e reprodução. Isso inclui também adultos de
ambos sexos pelo menos dois dos quais mantêm uma relação
sexualmente aceitável e um com mais filhos próprios ou adoptados.
Fecundidade: se refere a produção de nascidos vivos. Mas ela mede
só a intensidade individual da procriação das mulheres de grupo
etário de 15 – 49 anos.
Fertilidade: indica o potencial biológico de uma mulher, homem ou
casal de conceber.
Genética da população: estuda a distribuição dos caracteres
hereditários no seio das populações.
Genética humana: estuda a transmissão dos caracteres hereditários
na espécie humana.
Geografia da população: estuda a distribuição territorial das
populações e sua relação com o meio físico (recursos naturais,
organização económica, etc…).
Grau de urbanização: que é chamado também de taxa de
urbanização, é à percentagem da população de um país que vive em
localidades urbanas.
Índice sintética da fecundidade: número médio de crianças que
deve ter uma geração ou coorte das mulheres na hipótese onde elas
foram submetidas durante sua vida da procriação as taxas da
fecundidade por idade observada durante o mesmo período dado.
Linhagem: grupo de pessoas que é descendente de um mesmo
antepassado comum conhecido. Em alguns casos, a linhagem é muito
extensa de maneira que pode se expandir até a 8ª,9ª ou 10ª geração
e conhecer numerosas brancas.
Migração: é movimento de pessoas através duma divisão política
para estabelecer uma nova residência permanente. Se divide em
migração internacional (migração entre países) e migração interna
(dentro de um país).
Morte: a cessação de todas as funções vitais. Depois de parar a
respiração, os batimentos cardíacos e a actividade cerebral, a força
de vida gradativamente deixa de funcionar nas células do organismo.
A morte é o oposto da vida.
Nascimento: é definido como a expulsão ou a extracção completa do
corpo da mãe, independentemente da duração da gravidez, dum
produto da concepção que após esta separação, respira ou manifesta
quaisquer outros sinais de vida, tais como o batimento cardíaco.

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Natalidade: se refere a produção efectiva de nascidos vivos pelo
conjunto da população. A natalidade duma população depende da
fecundidade dos seus membros.
Nupcialidade: distingue pessoas de um sexo dado em função do
primeiro casamento (casamento da pessoa solteira) e o novo
casamento (casamento após viuvar ou divorciar-se).
Planeamento Familiar: é a tentativa de controlar o número de filhos e
o tempo que deve decorrer entre o nascimento de cada um. Um casal
pode recorrer a contracepção para evitar a gravidez temporariamente
ou à esterilização, se desejar evita-la de forma permanente.
Pirâmide etária: é um diagrama constituído de rectângulos super
postos ao longo de uma escala etária vertical, cuja espessura
representa a amplitude de faixa etária e cuja área indica a população
correspondente por sexo e idade.
Poliandria: é o casamento de uma mulher com mais com mais de um
homem.
Poligamia: é o casamento com mais de um parceiro.
Poliginia: é o casamento de um homem com mais de uma mulher.
População: Conjunto de indivíduos de uma mesma espécie que
habitam uma determinada área, num espaço de tempo definido.
População urbana: população que reside em localidades que têm
mais de um número determinado de habitantes. O critério varia de um
país para outro.
Povo: é um conjunto de pessoas unidas por um passado histórico
comum, falando geralmente a mesma língua.
Razão de dependência: o peso da população não economicamente
activa) os menores de 20 anos de idade e os maiores de 64 anos de
idade), que a população economicamente activa (15 a 64 anos)
suportam.
Razão de sexo: número de homens em cada 100 mulheres dentro de
uma população.
Reprodutividade: refere-se a todo processo de reposição das
gerações, não a penas no que se diz respeito a produção de
nascimentos, mas também a sobrevivência destas crianças até as
idades nas quais eles, por sua vez, possam se reproduzir.
Saldo migratório: é o número de pessoas que entra no país
(imigrantes) menos o número de pessoas que abandonam o país
(emigrantes).
Sector primário: compreende as seguintes actividades: agricultura,
pesca, floresta, caça, etc.).

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Sector secundário: compreende as seguintes actividades: minas,
construção, industrias, produção de energia eléctrica, etc…
Sector terciário: compreende as seguintes actividades: comercio,
transporte, serviço e outras actividades económicas.
Taxa bruta de mortalidade: expressa o número de óbitos ocorridos
durante um período, geralmente de um ano, dividido pelo número de
anos vividos pelo conjunto da população exposta ao risco de morrer.
Taxa de natalidade: mede a frequência dos nascimentos vivos de
uma população durante o ano.
Taxa de aborto: número estimado de abortos por 1000 mulheres de
15 à 44.
Taxa de fecundidade geral: número de crianças que deveria nascer
uma mulher (por 1000 mulheres) durante seu período reprodutivo de
15 aos 49 anos.
Taxa de mortalidade infantil: número de crianças que morrem para
mil nascimentos vivos.
Transição demográfica: entende-se a passagem de níveis altos de
mortalidade e de natalidade a níveis baixos de ambas.
Tribo: reúne geralmente muitos clãs e se define em parte para o
território sobre qual ela viva. Neste grupo, a descendência da
linhagem paterna ou através da mulher, descendência materna.
Urbanização: aumento da proporção da população que vive nas
cidades.

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