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UNIDADE CURRICULAR: Demografia

CÓDIGO: 41018

TRABALHO / RESOLUÇÃO:

Para se compreender melhor a história e a originalidade da Demografia e da Ecologia


Humana, importa perceber bem as particularidades e a evolução destas duas ciências.
No que concerne à Demografia e apesar da sua preocupação com os problemas da
população remontar à antiguidade, a Demografia como ciência apenas aparece na
segunda metade do seculo XVIII, com a revolução industrial e a deslocação das pessoas
do campo para as cidades altura em que se intensificou o estudo da mesma.
Um dos grandes impulsionadores da Demografia foi sem dúvida, Malthus, com a sua
obra “Ensaio sobre o Princípio da População”. De acordo com este autor, as populações
têm tendência a crescer mais rapidamente do que os meios de subsistência o que cria um
problema para a economia dos países.
No entanto, foi o francês Achille Guillard (1799-1876), com a obra “Elementos de
Estatística Humana ou Demografia Comparada” (1855), que usou o termo
“demografia” pela primeira vez e fixou o seu conteúdo fundamental, apresentando a sua
própria definição de demografia: “Em sentido amplo abrange a história natural e social
da espécie humana; em sentido restrito, abrange o conhecimento matemático das
populações, dos seus movimentos gerais, do seu estado físico, intelectual e moral”.

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Só no seculo XX, se começa a delinear um percurso conciso sobre a problemática que
implicava o tratamento desta ciência de forma autónoma. Começaram a intensificar-se
as técnicas e métodos de análise quer da mortalidade, quer da natalidade, dois grandes
eixos onde insidia o estudo da Demografia.
Além disso, havia ainda a ligação às outras ciências sociais (geografia, biologia,
antropologia, sociologia, história, etc.) que acentuavam cada vez mais esta problemática
A demografia, como núcleo de base, tornou-se uma área do conhecimento
extremamente importante, na medida em que é responsável pelo estudo das populações
humanas.
Esse estudo abrange a formação e a evolução dos grupos populacionais nos seus
variados aspetos, que são eles: tamanho da população, distribuição espacial e
composição da população (por idade, sexo, cor ou raça etc.), aspetos que são analisados
dentro de um intervalo de tempo.
O estudo efetuado das populações no âmbito da demografia centra-se na produção e
interpretação de informações diversas sobre a população em geral, principalmente em
dados quantitativos (ou seja, dados estatísticos), recolhidos de tempos em tempos para o
acompanhamento da evolução de uma determinada população. Consequentemente a
Demografia é o conjunto de todos os procedimentos de investigação muito próprios, de
todas as técnicas que lhe são específicas para caraterizar determinadas populações e
compreender-se a sua evolução temporal, a demografia usa um conjunto de conceitos e
indicadores demográficos, os quais são correntes de opinião que tentam explicar ou
prever a evolução dos fenómenos demográficos, as interações entre estes e os
fenómenos económicos, sociais psicológicos, do ambiente e outros, tentando prever as
consequências que possam levar à elaboração de uma politica demográfica.
A demografia, apesar de ser uma ciência social e muito do seu trabalho ser de carácter
estatístico, tem uma origem biológica, já que os dois principais indicadores
demográficos, a natalidade e a mortalidade, são, processos biológicos. Daí que faça
sentido criar um ramo dentro da ecologia geral, que estuda as relações dos organismos (
incluindo o homem ) com o meio, a que se chamou Ecologia Humana.

O termo ecologia aparece pela primeira vez, em relação ao termo demografia, cerca de
20 anos mais tarde e foi utilizado por Ernest Haekel, na obra “Histoire de la création des
êtres organisés d’après les lois naturelles” (1874).

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A Ecologia Humana como uma nova ciência, só na década de 70 do seculo XX
conquistou alguma autonomia científica. Trata-se de uma ciência de base humana,
aberta à transversalidade e à complexidade das problemáticas que estuda.
A Ecologia Geral, apresenta o homem ou outro ser vivo como componente da ecosfera,
mas a sua flexibilidade e diversidade em se ajustar a novos comportamentos e realidades
desenvolve novas culturas, independentemente do meio em que está inserido, o que leva
à diferença entre a Ecologia Geral e Ecologia Humana. O homem, dotado de algumas
particularidades como a mobilidade, a capacidade de comunicar eficazmente, a
capacidade de modificar o ambiente natural e criar um ambiente construído complexo,
justifica esta conceção de Ecologia Humana como nova disciplina
Está área do conhecimento é posta ao serviço da vivencia e da convivência do homem,
de forma a desenvolver a capacidade que lhe é apresentada desde a sua conceção.
O objetivo da Ecologia Humana é, como refere Nazareth ( 2004:65 ) “conhecer a forma
como as sociedades humanas concebem, usam e afetam o ambiente, bem como o tipo de
respostas existentes às mudanças ocorridas no ambiente biológico, social ou cultural”.
Tanto a Demografia como a Ecologia Humana, fizeram um percurso autónomo,
conseguindo auto afirmar-se como ciências que estão ao serviço da população humana.
A Demografia é uma ciência social, com duas vertentes a biológica em que trata de dois
grandes fenómenos a natalidade e a mortalidade, que são nada mais nada menos que
manifestações socio culturais, as quais impõem modificações na sociedade.
A Ecologia Humana refere-se ao estudo das relações entre as populações humanas e o
seu meio ambiente, analisa não só as relações dos seres humanos com outros seres
humanos mas também as relações entre estes e o ambiente.
A Ecologia Humana refere-se ao aspeto ou disciplina onde a interação dos seres
humanos com diferentes disciplinas como a antropologia, arqueologia, história, e outras
são estudadas. A demografia, por outro lado, refere-se ao estudo de estatísticas
populacionais como a migração, mortes e nascimentos. É um campo do conhecimento
que trata da produção e interpretação de informações diversas sobre a população em
geral, a partir de meios como gráficos, tabelas e relatórios diversos.
Para a Ecologia Humana, a noção de população e de organização, estão plenamente
ligados entre si, no entanto do ponto de vista da demografia, a população não é mais do
que a soma do natural com o migratório, causando assim pontos de vista diferentes. A

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ecologia Humana utiliza, porém, outros conceitos, como o «ambiente», em que a
população é afetada pelo ambiente e o ambiente é consequentemente afetado pelas
populações. A demografia, por seu lado, também tem a preocupação com a noção
“ambiente”, quer em termos de causas quer em termos de consequências. As origens do
impacto do ser humano no ambiente são sociais e muitas das suas consequências
também são.
Estas duas ciências apesar de utilizarem metodologias diferentes, entrelaçam-se com
problemáticas idênticas, tendo qualquer uma delas como base a espécie humana. Na
perspetiva da Ecologia Humana, a população é um conjunto de indivíduos num sistema
interdependente de atividades. Os conceitos de população e organização estão ligados.
Para a demografia, a população é apenas o produto do movimento natural (nascimentos
e mortes ) e migratório.

Algumas das ideias fundamentais relacionadas com ambas incluem biótipo, habitat,
ecossistema, comunidade, equilíbrio, e circulação de energia. Tanto a demografia como
a ecologia dependem também principalmente dos movimentos migratórios e naturais da
população, pelo que a interação bio cultural é o aspeto mais importante, reunindo
ambos.

Analisando as diferenças e semelhanças, é justo concluir que as duas se complementam,


numa abordagem que deverá ser globalizante e dinâmica.

Bibliografia :
- Bäckström, Bárbara, DE SOUSA Fátima, DIAS, Helena (2021) Demografia, Lisboa.
Universidade Aberta, e-book ISBN: 9789726749028

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- Nazareth, J. Manuel (1993), Demografia e ecologia humana, pág. 879-885 - Análise
Social, vol. XXVIII (123-124), 1993 (4º - 5º)
-Carvalho, Francisco (2007), Da Ecologia Geral à Ecologia Humana, Fórum
Sociológico
Serie II, 17, CICS.NOVA
- Giddens, Anthony, (2001), Sociologia, 7ª edição, Fundação Calouste Gulbenkian

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