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TEMA I: INTRODUÇÃO GERAL

I.I Diferentes Tipos de Conhecimento


Senso comum: Basea-se em observações do dia-a-dia. É Assistemático; Acrítico; superficial;
infalível.
Exs:
-saber que a descarga dos raios mata;
-uma certa cultura é inadequada para um certo tipo de solo;
-As plantas precisam ser regadas para desenvolverem melhor,
-O consumo de certos tipos de cogumelos pode levar a morte, etc.

Teológico: É sistemático; Infalível, não verificável


Filosófico: É sistemático; Infalível, não verificável

- O conhecimento científico e o Empírico/Senso comum, levam ambos a verdade, no entanto


chegam a verdade de formas diferntes.

I.II. A Ruptura com o Senso Comum

- O senso comum representa um obstâculo ao conhecimento científico;

- A Ilusão da transparência é um outro obstâculo

Mesmo sendo um obstâculo, o senso comum representa o ponto de partida para a construção
do conhecimento científico, pois este começa nas interrogações e inquietações das constatações
do quotidiano. A atitude científica exige portanto uma Ruptura, para se poder avançar com a
elaboração científica.

I.III. A Pluralidade e Diversidade das Ciências Sociais

As ciências sociais são várias e bastante diversificadas, porém possuem um carácter


interdisciplinar pois cada uma delas necessita dos conhecimentos das outras para poder se
desenvolver, isto é, nenhuma delas pode desenvolver isoladamemente.
I.IV. Definição e Ramos da Antropologia

Antropologia é uma palavra de origem grega, que significa estudo do Homem no sentido
genérico, ou seja, de todos os tempos e em todas as dimensões da sua vida.

ANTROPOLOGIA: ANTHROPOS = Homem + LOGIA = Estudo

Antropologia é a ciência que estuda o Homem.

O Homem como ser, pode ser analisado em três principais dimensões como ilustra o diagrama
abaixo.

Ser Individual

Homem

Ser Cultural Ser Social

Cada uma destas Três dimensões do ser humano, remete a um dos Ramos da Antropologia,
nomeadamente:

 Antropologia Física;

 Antropologia Cultural; e

 Antropologia social
Homem

Ser Individual Ser Cultural Ser Social

Antropologia Antropologia Antropologia


Física Cultural Social

Genética Etnografia História


Ant. Racial Etnologia Política
Paleontologia Economia

I.IV.I. Os Diferentes Ramos da Antropologia

ANTROPOLOGIA HISTÓRICA: Estuda os processos de evolução do Homem; as mudanças


culturais operadas ao longo do tempo

ANTROPOLOGIA FÍSICA: Estuda o Homem como ser biológico, suas origens, evolução e
diferenciação em tipos raciais.

 Estudam-se os fósseis dos macacos, dos chimpazéns e dos seres humanos


(Paleontologia).
PALAIOS - Antigo + ONTO - Coisas ou seres vivos + LOGIA – Estudo = “Estudo de seres
vivos antigos”.

 Estuda-se a Genética humana e a adaptação biológica ao meio.


ARQUEOLOGIA : ARCHAIOS – Antigo + LOGIA – Estudo

A Arqueologia é um ramo de estudo em que se procura compreender as culturas através dos


seus vestígios (esqueletos e artefactos). Visa fornecer provas sólidas da humanidade e do seu
passado.
ANTROPOLOGIA ECONÓMICA: Estuda o Homem como produtor e consumidor de bens e
serviços (processos de produção e troca e formas de consumo).

ANTROPLOGIA PSICANALÍTICA: Estuda a organização e padronização dos


comportamentos dos indivíduos.

ANTROPOLOGIA POLÍTICA: Estuda a organização sócio-político, ou seja, questões do


poder (posse, distribuição, manutenção e exercício do poder).

ANTROPOLOGIA SOCIAL: Estuda as relações sociais; relações que se estabelecem entre os


indivíduos na sociedade.

ANTROPOLOGIA CULTURAL: Estuda as características do comportamento humano no


passado, presente e futuro (ideias, conhecimento, técnicas, habilidades, normas de conduta,
hábitos, etc.); estuda o crescimento e Desenvolvimento das culturas, ou seja, as mudanças e
transformações registadas nas culturas.

Coisas materiais (artefactos): Vestuário, habitações, automóveis, mobiliário, utensílios


domésticos e mais.

Ex: Moda africana, indiana, chinesa.

Coisas espirituais (mentifactos): Regras de etiqueta, respeito, crenças, valores morais, tabús
e mais.

Ex: crença em fantasmas, no poder dos defuntos, crenças religiosas.

Disciplinas afins da Antropologia Cultural

ETNOGRAFIA: ETHNOS = POVOS + GRAPHEIN = DESCRIÇÃO: “Descrição dos povos”

 É a Ciência que descreve os usos e costumes dos povos.


ETNOLOGIA: ETHNOS =POVOS + LOGIA = ESTUDO: “Estudo dos povos”

 É a Ciência que se ocupa da análise comparativa dos povos.


-Em finais do sec. XIX, estas duas disciplinas se tornam duas fases do mesmo estudo, sendo a
Etnografia o estudo descritivo dos povos e a Etnologia o estudo comparativo.

Etnonografia: análise das carracterísticas linguísticas dos povos.


Etnologia: análise das carracterísticas raciais dos povos.

I.V. Relação entre Antropologia e outras Ciências Sociais

I.V.I. Relação Antropologia Cultural vs História

 Estudam o Homem como ser social e cultural


 Estudam o passado para entender melhor o presente e persprctivar o futuro.

I.V.II. Relação Antropologia cultural vs Educação

 A Educação como processo de transmissão de culturas, garante a sua continuidade


geração após geração.
 A Antropologia cultural como ramo que estuda as culturas, fornece conhecimentos
sobre as mesmas para que sejam transmitidos a sociedade pela Edução.

I.V.III. Relação Antropologia cultural vs Psicologia

 Ambas têm como foco de interesse o comportamento do homem;


 A Antropologia cultural trata do comportamento grupal;
 A Psicologia trata do comportamento individual

I.V.IV. RelaçãoAntropologia cultural vs Sociologia

 Estudam o Homem como ser sócio-cultural;


 A Antropologia cultural parte do comportamento cultural para as relações sociais,
enfatizando o conceito de Cultura;
 A Sociologia parte das relações sociais para o comportamento cultural, enfatizando o
conceito de sociedade.

I.VI. Importância da Antropologia Cultural na vida social

 Permite uma profunda compreensão da natureza do Homem;


 Permite a compreensão dos problemas da humanidade e o modo de enfrentá-los para
melhor orientação do futuro;
 Permite definir estratégias para o alcance de mudanças desejáveis nos hábitos e
costumes culturais;
 Os conhecimentos da Antropologia cultural podem ser aplicados em quase todas, senão
todas, as áreas da vida social, tais como: Saúde, Educação, Agricultura, Justiça,
Desenvolvimento comunitário e gestão ambiental.

Exs: Introdução de novas culturas agrícolas, mudança de hábitos alimentares, saneamento,


tamanho da Família, Kutxinga.

I.VII. Método e Princípios do Método da Antropologia Cultural

I.VII.I. Conceito de Método:

“É um conjunto de regras úteis para a investigação; um procedimento cuidadosamente


elaborado, visando provocar respostas na Natureza e na Sociedade e, paulatinamente, descobrir
sua lógica e leis”. (CALDERÓN, 1971)

I.VII.II. Conceito de Técnica:

“Consiste na habilidade em usar um conjunto de normas para o levantamento de dados”.


(CALDERÓN, 1971)

I.VII.III. Método Funcionalista: Analisam-se as culturas sob ponto de vista da função de cada
unidade cultural no contexto cultural global

Ex: Mumificação dos mortos; Ritos de iniciação; Evocação dos espíritos; purificação pós
morte.

I.VII.IV. Método Etnográfico ou Descritivo: Consiste na análise descritiva das sociedades


humanas; compreende o levantamento de todos os dados possíveis e descrição para conhecer
melhor os seus estilos de vida.

I.VII.V.Método Etnológico ou Comparativo: Consiste na comparação de costumes, estilos


e padrões de vida; culturas do passado e presente; cdlturas àgrafas e letradas.

Este Método, permite verificar diferenças e semelhanças apresentadas pelo material colectado.

Ex. Comparação de sociedades matrilineares e patrilineares, período anterior e posterior à


colonização.
I.VII.VI. Método da Observação Participante: É o principal método de pesquisa da
Antropologia cultural em que o pesquisador observa participando na vida do grupo em estudo.

O método da Observação participante tem como princípios básicos os seguintes:

 Permanência no campo por um período de tempo relativamente longo, para perfeita


compreensão da cultura estudada;
 O antropólogo/pesquisador, participa intensamente das conversas, dos rituais e
cerimónias; observa atentamente todas as manifestaçoes materiais e espirituais do
grupo;
 O pesquisador anota num diário de campo, aquilo que observa, podendo usar também
como meios auxiliares de registo, máquinas fotográficas, gravações e filmes; e
 O pesquisador deve ser objectivo e livre de qualquer sentimento etnocêntrico.

Este método apenas se ensina até aos limites destes quatro princípios. depois disso, a sua
aplicação irá depender das circunstâncias e realidade oncreta que o pesquisador irá encontrar
no terreno ou no campo.
Exercícios

1. Explica porquê o senso com é superficial e infalível.

2. Estabelecer a comparação entre a ciência e o senso comum

3. Comentar a seguinte afirmação:

“ O senso comum é um obstáculo à ciência. Porém, representa o ponto de partida para a


elaboração científica”

4. Discuta a noção de interdisciplinaridade entre as ciências sociais

5. Explicar a diferença entre Antroplogia política e ciência política e entre Antropologia


económica e Economia

6. Discuta a seguinte frase:

“ A Antropologia como ciência do biológico e do cultural tem o seu objecto de estudo definido:
O Homem e suas obras”

7. Apresentar os fundamentos do Homem como ser biopsicocultural

8. Apresentar alguns exemplos concretos de mentifactos

9. Discutir apresentando exemplos a importância da Antropologia cultural na vida social e para


o seu curso em particular.

10. Porquê se considera a observação participante como principal método de pesquisa em


Antropologia cultural?
Bibliografia

1. MARCONI, Maria de Andrade e PRESOTTO, Zelia Maria Neves. Antropologia: Uma


introdução. São Paulo, Atlas, 2006, pp.1-20.

2. NUNES, Adérito Sedas. Questões preliminares sobre as Ciências Sociais. Lisboa, Editorial
Presença, 2005, pp.17-41.

3. PINTO, José Madureira e SILVA, Augusto Santos. Uma visão global sobre as Ciências
Sociais. In: PINTO, José Madureira e SILVA, Augusto Santos (orgs.). Metodologia das
Ciências Sociais. Porto, Afrontamento, 1986, pp.11-27.

4. RIVIÈRE, C. Introdução à Antropologia. Lisboa, Edições 70, 2000, pp 11 – 32.

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