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FACULDADE DE CIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE FÍSICA
METEOROLOGIA
INTERAÇÃO ATMOSFERA OCEANO
TRABALHO DE INVESTIGAÇÃO

Efeito De Fenómeno La-Ninã Na Região Continental

Discentes:

 Atija Issa
 Vânia Langa
 Osvaldo Quissico

Docente:

 Alberto Mavume

Maputo, Maio de 2023


a

Índice
Índice................................................................................................................................................a

1. Introdução ............................................................................................................................... 1

1.1. Objectivos......................................................................................................................... 2

1.1.1. Objectivo geral .......................................................................................................... 2

1.1.2. Objectivos específicos .............................................................................................. 2

2. Revisão Bibliogáfica ............................................................................................................... 3

2.1. El-Niño e La-Niña- Oscilação Sul (ENOS) .................................................................... 3

2.2. Causas do ENOS .............................................................................................................. 4

2.2.1. Formação do ENOS .................................................................................................. 4

2.2.2. Condição Normal ou Neutralidade ........................................................................... 5

2.2.3. Condição de El Niño ................................................................................................. 7

2.2.4. Condição La NINÃ ................................................................................................... 8

2.3. Ocorrência e intensidade do ENOS ................................................................................ 10

3. Metodologia .......................................................................................................................... 12

4. Resultados e Discussão ......................................................................................................... 13

4.1. Efeitos da La NiNã na Região Continental .................................................................... 13

4.1.1. Para África em 2020 ............................................................................................... 13

4.1.2. Alterações climáticas observadas na África Austral ............................................... 13

4.1.3. Alterações Climáticas para a região continental especificamente da SADC .......... 14

4.1.4. Impactos das alterações climáticas sobre a sociedade (saúde e a segurança humana)
15

4.1.5. Impactos do fenômeno La Niña sobre a circulação atmosférica ............................ 16

4.2. Regiões continentais mais afectadas pela La-Niña ........................................................ 17


b

4.3. Importância do estudo de La Niña e seus benefícios ..................................................... 18

5. Conclusão.............................................................................................................................. 19

6. Bibliografia ........................................................................................................................... 21
1

1. Introdução
O fenómeno La-Niña, ou episódio frio do Oceano Pacífico, é o resfriamento anómalo das águas
superficiais no Oceano Pacífico Equatorial Central e Oriental. De modo geral, pode-se dizer
que La-Niña é o oposto do El Niño, pois as temperaturas habituais da água do mar à superfície
nesta região situam-se em torno de 25º C, ao passo que, durante o episódio La-Niña, tais
temperaturas diminuem para cerca de 22º a 23º C. As águas mais frias estendem-se por uma
estreita faixa, com largura de cerca de 10 graus de latitude ao longo do equador, desde a costa
Peruana, até aproximadamente 180 graus de longitude no Pacífico Central. Assim como o El
Niño, La-Niña também pode variar em intensidade.
Os eventos históricos de La-Niña desde 1950 são divididos em tipo Pacífico Oriental (EP) e
Pacífico Central (CP), e as características de desenvolvimento da SSTA, bem como as
diferentes respostas da atmosfera tropical, são posteriormente analisadas usando vários
conjuntos de dados.
A classificação de diferentes tipos La-Niña é baseada nos índices Niño3 e Niño4 normalizados
e no padrão de distribuição SSTA durante a fase madura. La-Niña está localizado sobre o
Pacífico central equatorial perto da linha de data, mais a oeste do que o de EP La-Niña.
A resposta diferente da circulação atmosférica tropical entre EP e CP La-Niña é mais
significativa na alta troposfera do que na baixa troposfera. No entanto, os padrões de
precipitação tropical durante a fase madura.
Durante os episódios de La-Niña, os ventos alísios ficam mais intensos que a média
climatológica. O Índice de Oscilação Sul (o indicador atmosférico que mede a diferença de
pressão atmosférica à superfície, entre o Pacífico Ocidental e o Pacífico Oriental) apresenta
valores positivos, os quais indicam a intensificação da pressão no Pacífico Central e Oriental,
em relação à pressão no Pacífico Ocidental.
2

1.1. Objectivos
1.1.1. Objectivo geral
 Estudar o efeito de fenómeno La-Ninã na região continental

1.1.2. Objectivos específicos


 Descrever o fenómeno La-Niña;
 Fazer uma abordagem sobre as causas do fenómeno La-Niña;
 Identificar as regiões mais afectadas pelo La-Niña;
 Falar dos impactos nas regiões afectadas;
 Analisar a progressão dos efeitos causados pelo fenómeno La-Niña e indicar seus
desafios futuros;
 Identificar a importância do seu estudo.
3

2. Revisão Bibliogáfica
2.1. El-Niño e La-Niña- Oscilação Sul (ENOS)
O fenómeno chamado de El Niño Oscilação Sul (ENOS) é caracterizado como um fenômeno
de grande escala e que ocorre no Oceano Pacífico tropical. Ele é uma combinação de dois
mecanismos que, de forma muito marcante, demonstram o vínculo existente entre a atmosfera
e o oceano. A Oscilação Sul (OS) representa o componente atmosférico, enquanto o El Niño
(EN) representa o componente oceânico deste fenómeno (Toyama, 2014). Ele é uma
combinação de dois mecanismos que, de forma muito marcante, demonstram o vínculo
existente entre a atmosfera e o oceano. A Oscilação Sul (OS) representa o componente
atmosférico, enquanto o El Niño (EN) representa o componente oceânico deste fenômeno
(Toyama, 2014).
O fenómeno ENOS apresenta duas fases, na figura 1 estão representadas a fase quente e fria,
respectivamente.

Figura 1: Atuação do El-nino e La-nina


Os fenômenos El Niño e La Niña- Oscilação Sul (ENOS) ocorrem em função da mudança de
temperatura no Oceano Pacífico Equatorial, o que provoca mudanças na circulação atmosférica
no subcontinente Sul-americano e Região da Indonésia.
Em condições de El Niño há um aumento na temperatura do oceano Pacífico de
aproximadamente 3 a 5 °C próximo à costa da América do Sul. Já em condições de La Niña as
4

águas do oceano passam de 25 °C (condição normal) para cerca de 22 °C . Esses fenômenos


influenciam de modo muito consistente o clima da América do Sul, o que os classifica como o
principal fator de variabilidade interanual das condições meteorológicas em várias partes da
Terra. (Toyama, 2014)

2.2. Causas do ENOS


Os fenómenos El Niño e La-Niña- Oscilação Sul (ENOS) ocorrem em função da mudança de
temperatura no Oceano Pacífico Equatorial, o que provoca mudanças na circulação atmosférica no
subcontinente Sul-americano e Região da Indonésia.
Os ENOS são causados por oscilações de temperatura no Pacífico Sul (anomalias positivas, El
Niño e negativas, La-Niña), e ocasionam fenómenos de secas e enchentes. Eles são estudados por
distintas áreas do conhecimento com o intuito de entender sua dinâmica e os impactos sobre o
clima regional e global. (Miro & de Souza, 2019).

2.2.1. Formação do ENOS


A ocorrência dos fenómenos El Niño e La-Niña tem uma característica de se alternarem a cada 3
a 7 anos, entretanto, de um evento a outro o intervalo pode variar entre 1 a 10 anos. Sendo que
entre a ocorrência de um fenômeno e outro é comum existir uma condição chamada de normal ou
neutra (CPTEC/ INPE, 2012).
Em eventos fortes de El Niño, o aumento na Temperatura da Superfície do Mar (TSM) pode ser
da ordem de 2°C a 5°C acima das condições normais. E em anos em que o fenômeno La-Niña
ocorre de forma intensa, as temperaturas da superfície do mar podem cair de 1°C a 4°C abaixo do
normal (Toyama, 2014)
5

Figura-2: Mapas da anomalia da temperatura da superfície do mar no Oceano Pacífico durante um forte La Niña (topo,
dezembro de 1988) e El Niño (embaixo, dezembro de 1997). (NOAA Climate.gov staff, 2016)

2.2.2. Condição Normal ou Neutralidade


Na condição normal ou neutra os ventos alísios (ventos superficiais que sopram de leste para oeste)
na região do equador carregam a água quente superficial para o lado oeste, fazendo com que o
nível do mar se torne maior neste lado (cerca de 60 cm), e ocasionando uma grande diferença de
temperatura entre as águas do Oceano Pacífico leste e oeste. Na parte leste deste oceano, próximo
à América do Sul, a temperatura é da ordem de 22°C (águas frias); e na parte oeste, La-Niña, é um
termo de origem espanhola, que significa “a menina”, porque este fenómeno caracteriza se por ser
o oposto do El Niño.
O fenômeno La-Niña é também denominado “anti-El Niño”, seus efeitos também são o contrário
daqueles causados pelo El Niño. Ele corresponde ao resfriamento anómalo das águas superficiais
do oceano Pacífico equatorial central e oriental, formando uma “piscina de águas frias” nesse
oceano à semelhança do El Niño, porém apresentando uma maior variabilidade. (Calderon &
Borsato, 2017)
6

E segundo, a World Meteorological Organization (WMO), La-Niña refere-se ao arrefecimento em


grande escala das temperaturas da superfície do oceano no Oceano Pacífico equatorial central e
oriental, associado a alterações na circulação atmosférica tropical, nomeadamente ventos, pressão
precipitação. Geralmente apresenta impactos opostos sobre o tempo e o clima como o El Niño,
que é a fase quente do chamado El Niño Oscilação Sul (ENOS).

Longitude Longitude

Figura 3: Circulação observada no oceano e na atmosfera na região do Pacífico Equatorial em anos neutros para o
ENOS. Fonte: (NOAA Climate.gov staff, 2016)

Na Figura 3 observa-se a termoclina, que nada mais é do que a fronteira entre a água
quente superficial e a água fria do fundo do oceano. Em condição normal, ela apresenta
uma inclinação para o oeste, ou seja, aproxima-se da superfície a leste, na costa da América
do Sul, e é mais profunda a oeste, na Indonésia. Nessa região do globo as águas superficiais
do oceano Pacífico são quentes, e por consequência o ar é bastante quente e húmido, o
que se deve à grande evaporação local, caracterizando esta região como sendo de baixa
pressão, o que cria condições para intensa ocorrência de chuvas. E esse ar que ascende na
região tropical, no Oceano Pacífico oeste, tende a circular na atmosfera e a descer sobre
as águas frias do Oceano Pacífico leste (região de alta pressão), definindo a Célula de
Circulação de Walker. Porém, na região leste o que ocorre é o inverso, ou seja, a ausência
de nebulosidade e de chuvas significativas (NOAA Climate.gov staff, 2016)
7

2.2.3. Condição de El Niño

Nas condições de El Niño, os ventos alísios são enfraquecidos e podem até mesmo ter o
seu sentido invertido, passando a soprar de oeste para leste no Pacífico Equatorial, fazendo
com que a ressurgência das águas frias e profundas no Oceano Pacífico leste e a presença
das águas quentes a oeste diminuam. Uma das explicações para a redução e até mesmo
inversão no sentido dos ventos alísios é a de que como a diferença de temperatura entre o
Oceano Pacífico leste e oeste diminui, a diferença de pressão atmosférica entre esses dois
locais também diminui, reduzindo, assim, a intensidade e a presença dos ventos alísios.
Com isso, o nível da superfície do mar a oeste se reduz e sobe cerca de 25 cm no lado leste
do Oceano Pacífico (Toyama, 2014)
Nas condições descrita anteriormente a termoclina tem sua inclinação reduzida (Figura 3),
apresentando profundidade maior do que em condições normais no Pacífico leste (costa
oeste da América do Sul), e sendo mais rasa que o normal no Pacífico oeste (Indonésia).
A termoclina pode ainda assumir, em condições muito intensas de El Niño, a forma de
uma superfície plana ao longo de todo o Pacífico tropical. (Calderon & Borsato, 2017)

Longitude Longitude

Figura 4: Circulação observada no oceano e na atmosfera na região do Pacífico em anos de ENOS


fase positiva (El Niño). Fonte: CPTEC/ INPE (2012)
8

Em condições de El Niño, a célula de circulação equatorial de Walker se enfraquece e em eventos


extremos ela pode até mesmo desaparecer, em consequência das mudanças na TSM que ocorrem
devido a grande extensão do Oceano Pacífico, modificando a circulação atmosférica tropical,
fazendo com que o ar que subia no Pacífico oeste e descia no Pacífico leste, em condições normais,
agora passe a subir no Pacífico Central e a descer no Pacífico oeste e no norte da América do Sul,
reduzindo drasticamente as chuvas nessas regiões (NOAA Climate.gov staff, 2016)

2.2.4. Condição La NINÃ


O fenômeno La Niña é também denominado “anti-El Niño”, seus efeitos também são o contrário
daqueles causados pelo El Niño. Ele corresponde ao resfriamento anómalo das águas superficiais
do oceano Pacífico equatorial central e oriental, formando uma “piscina de águas frias” nesse
oceano à semelhança do El Niño, porém apresentando uma maior variabilidade. (Calderon &
Borsato, 2017)
E segundo, a World Meteorological Organization (WMO), La-Niña refere-se ao arrefecimento em
grande escala das temperaturas da superfície do oceano no Oceano Pacífico equatorial central e
oriental, associado a alterações na circulação atmosférica tropical, nomeadamente ventos, pressão
precipitação. Geralmente apresenta impactos opostos sobre o tempo e o clima como o El Niño,
que é a fase quente do chamado El Niño Oscilação Sul (ENOS). (NOAA Climate.gov staff, 2016)

2.2.4.1. Processo de formação


Ao aumentar a intensidade dos ventos alísios, o fenómeno de ressurgência das águas do Pacifico
tende a se intensificar, dai que ocorre a diminuição da temperatura da superfície oceânica. A
corrente atmosférica tende a empurrar as águas mais quentes com maior força, fazendo com que
ela se acumule mais a oeste do que normalmente ocorreria.
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Figura 5: Circulação observada no oceano e na atmosfera na região do Pacífico Equatorial em anos de


ENOS fase negativa (La-Niña). Fonte: CPTEC/ INPE (2012)

Os efeitos causados pelo fenómeno La Niña, não se diferem dos efeitos causados pelo El Niño,
pois, a maior concentração de águas quentes a oeste do Pacífico gera uma área onde a evaporação
também é maior, o processo da célula de circulação de Walker se intensifica fazendo com que o
ar quente suba na região de águas mais quentes, e ao mesmo tempo o ar mais frio desça na região
oposta, tornando se um ciclo. (Calderon & Borsato, 2017)
Em anos de La Nña, verifica se também anomalias de temperatura da superficie do mar (TSM),
comparando ao El Niño, os desvios são relativamente menores, enquanto observam se anomalias
até 4,5ºC acima da média em anos de El Niño, em anos de La Niña as maiores anomalias
observadas não chegam a 4ºabaixo da média. (SALINI, 2011)

2.2.4.1.1. Circulação de Grande Escala Durante o Fenômeno La-Niña


A Circulação de Grande Escala (ou Circulação Geral da Atmosfera) é responsável por todo o clima
na Terra. É esta Circulação que transporta calor e humidade de uma região para outra, ou seja,
retira a humidade de uma região como os oceanos e florestas e provoca chuvas. Com a ocorrência
do fenômeno La-Niña a Circulação de Grande Escala é modificada, provocando mudanças no
clima em diferentes regiões do Planeta. (Inema, 2001) A Figura 6 mostra uma esquematização
desta Circulação no sentido zonal (Célula de Walker) modificado em associação ao episódio La-
Niña sobre o Oceano Pacífico. Com esta condição, observa-se um ramo ascendente da célula de
Walker (que favorece a formação de nuvens) sobre o Pacífico oeste e Austrália. Nessas regiões as
águas superficiais do Pacífico Equatorial são mais quentes e a pressão atmosférica é mais baixa.
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Por outro lado, sobre a região do Pacífico leste, próximo ao Peru e Equador, verifica-se a presença
de águas mais frias e pressão atmosférica mais elevada. Nessa região também se manifesta um
ramo subsidente da Célula de Walker (que inibe a formação de nuvens). (Inema, 2001)

Figura 6: Ilustração esquemática da circulação atmosférica de grande escala no sentido zonal (Célula de Walker)
modificado em associação ao episódio La Niña sobre o Oceano Pacífico Fonte: (Inema, 2001)

2.3. Ocorrência e intensidade do ENOS


O Gráfico 1 apresenta a ocorrência e a intensidade dos fenómenos ENOS, onde se observa que nos
anos 1982-1983, 1997-1998 e 2015-2016 os eventos El Niño (grifados em vermelho) tiveram
intensidade muito forte. Já nos anos 1973-1974, 1975-1976, 1988-1989, 1998-1999, 1999-2000,
2007-2008 e 2010-2011 os eventos de La Niña (grifados em azul) foram considerados fortes
(KLAUS, n.d.)

Gráfico 1 – Índice Multivariado de ENOS – 1950 a 2017 Fonte: Wolter, 2019


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Esses eventos estão relacionados com a célula de Walker (Figura 1) ou célula do Pacífico que, por
sua vez, está relacionada à variação da pressão atmosférica entre as porções leste e oeste do Oceano
Pacífico, o que promove uma circulação celular zonal na região Equatorial. As circulações do tipo
Walker são marcadas pelas zonas de ascendência acima dos continentes, na porção oeste dos
oceanos (fonte quente) e pelas zonas de subsidência acima das partes orientais dos oceanos (fonte
fria). As variações do campo de pressão atmosférica da célula de Walker sobre o Pacífico, em
associação com a variação térmica da superfície oceânica, originam os fenômenos El Niño, La
Niña e Oscilação Sul, também conhecidos como ENOS (MENDONÇA; DANNI-OLIVEIRA,
2007).
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3. Metodologia
Salientar que o trabalho corrente consiste de uma revisão bibliográfica que visa estudar o
impacto da La Ninã nas região continental, para a elaboração do mesmo, fez-se o uso de
material já elaborado, tal como livros, artigos científicos e websites que serão citados ao longo
do trabalho.
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4. Resultados e Discussão

4.1. Efeitos da La NiNã na Região Continental


4.1.1. Para África em 2020
Segundo a WMO (2020), o evento La Niña coincidiu com uma importante estação de chuvas e
plantio em grande parte da África Oriental, que supostamente tinha condições abaixo do normal.
Isso, somado aos impactos que existiam da invasão de gafanhotos do deserto, era mais um
desenvolvimento preocupante que podia aumentar os desafios de segurança alimentar na região.
O La Niña podia levar ao aumento das chuvas na África Austral e isso era indicado por alguns
modelos de previsão sazonal recentes. No entanto, existiam algumas variações, portanto, as
previsões atualizadas devem ser monitoradas ao longo dos próximos meses. La Niña também podia
afectar a temporada de ciclones tropicais do sudoeste do Oceano Índico, reduzindo a intensidade.

4.1.2. Alterações climáticas observadas na África Austral


A temperatura e a pluviosidade são dois elementos climáticos principais utilizados na detecção do
aquecimento global e das alterações climáticas. As observações instrumentais efectuadas em
vários países da SADC demonstram um aumento de temperaturas, especialmente das temperaturas
mínimas. No período correspondente entre 1950 e 2000. O aumento de temperaturas deverá
continuar mesmo no caso hipotético de as emissões de GEEs terminarem hoje, enquanto as
temperaturas na região deverão agravar-se entre 1.0 e 3.0ºC até 2080. (Lesolle, 2012)

Gráfico 2- As alterações da temperatura minima de Gaberone, Botswana (a linha vermelha representa os dados reais
referentes à 1910 a 2000 e a protecção baseada em cenários de alterações climáticas IS92a referente ao período que
vai até 2080. Fonte: (Lesolle, 2012)
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Um evento de La Niña é muito provável de resultar em impactos opostos ao El Niño, quando a


região recebesse quantidades significativas de pluviosidade, sendo capaz de registar pluviosidade
acima da média. As alterações da pluviosidade são melhor expressas por meio de alterações de
intensidade, eventos de pluviosidade extrema (tempestades) e alterações da época chuvosa (início,
fim e duração).
Uma outra característica de pluviosidade observável é o aumento do número da actividade
ciclónica na região Sudoeste do Oceano Índico. A época ciclónica tropical para a região da SADC
decorre de Novembro a Abril, esperando-se a maior frequência de ocorrência em Janeiro e
Fevereiro. A presença de ciclones na região dá origem à inundação extensiva, resultando em perdas
económicas e na destruição de infra-estruturas, culturas e meios de sobrevivência nos países a Este
da região da SADC.

Gráfico 3- Pluviosidade futura e actual prevista. Gaberone, Botswana (dados reais referentes à 1910 a 2000 e a
projecção baseada em cenários de alterações climáticas IS92a referente ao período que vai até 2080. Fonte:
Computado pelo autor com base em dados meteorológicos.

4.1.3. Alterações Climáticas para a região continental especificamente da SADC


A região da SADC encontra-se vulnerável à variabilidade climática e às alterações climáticas, a
vulnerabilidade da SADC ás alterações climáticas não é apenas causada pelas alterações
climáticas, mas é uma conjugação de factores sociais, económicos e outros ambientais que
interagem com as alterações climáticas as capacidades de adaptação não são uniformes e, portanto,
torna-se difícil realizar uma avaliação uniformizada dos impactos do clima sobre o sub-continente.
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4.1.4. Impactos das alterações climáticas sobre a sociedade (saúde e a segurança


humana)
O aquecimento global e as alterações climáticas terão impactos sobre os vários sectores,
designadamente a saúde e a segurança humana, nomeadamente:
 Alterações climáticas e a saúde;
 Conflito em torno dos recursos para a segurança humana: As questões de segurança
humana relativas às alterações climáticas incluem a escassez de água, a utilização da terra
e segurança alimentar, os desastres naturais e a migração ambiental. Isto tem dado origem,
ou agravado, a insegurança alimentar e ao aumento insustentável e generalizado dos preços
dos alimentos. A diminuição da terra arável, a escassez generalizada de água, a redução
dos alimentos e dos estoques de pescado, o aumento das inundações e as secas prolongadas
estão a ter lugar;
 Danos económicos e risco para as cidades costeiras e infra-estruturas críticas: O
aumento do nível do mar e o incremento da frequência e da intensidade das catástrofes
naturais, tais como os ciclones, colocam uma grave ameaça para as economias das cidades
costeiras e infra-estruturas. O aumento das catástrofes e das crises humanitárias dará
origem à grande pressão sobre os recursos dos países doadores, incluindo as capacidades
para as operações de alívio de emergência;
 Migração induzida por razões ambientais: Diante de um número crescente de culturas
fracassadas associadas com a reincidência de secas, cada vez mais pessoas, especialmente
os agricultores de subsistência abandonam a sua terra e migram para vilas e cidades à
procura de oportunidades de geração de rendimentos alternativos;
 Economia (agricultura, trocas comerciais, turismo): Na medida que o aquecimento
global e as alterações climáticas forem alterando o ambiente natural e a qualidade das terras
de pastagem natural for-se deteriorando, este fenómeno dará origem à um impacto negativo
sobre a fauna selvagem enquanto recurso básico para o turismo na SADC;
 Trocas comerciais e turismo: Os impactos das alterações climáticas sobre o turismo
baseada na fauna selvagem assemelham-se aos do sector pecuário.
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Figura 7: Relações entre os impactos das alterações climáticas e vulnerabilidades, a segurança alimentar e o turismo
enquanto actividades de desenvolvimento socioeconómico.

4.1.5. Impactos do fenômeno La Niña sobre a circulação atmosférica


Assim como o fenômeno El Niño, o La Niña também interfere na circulação geral da atmosfera de
grande escala e, consequentemente, provoca mudanças nas condições climáticas de várias regiões
continentais ao redor do planeta, devido à grande quantidade de energia envolvida neste processo.
Observa-se na Figura8 que uma das regiões com grande quantidade de chuva abrange desde o
nordeste do Oceano Índico (a oeste do Oceano Pacífico) passando pela Indonésia. Entretanto, na
região do Pacífico Equatorial Central e Oriental, há redução no volume de precipitação devido ao
movimento descendente da célula de Walker, que inibe, e muito, a formação de nuvens de chuva
nessa região do Pacífico (será visto com mais detalhes adiante). Em geral, os episódios La Niña
também têm frequência de ocorrência. em torno de 2 a 7 anos e, seus episódios têm periodicidade
de aproximadamente 9 a 12 meses. Alguns poucos episódios persistem por mais que 2 anos. Outro
ponto interessante é que os valores das anomalias de temperatura da superfície do mar (TSM) em
anos de La Niña têm desvios menores que em anos de El Niño, ou seja, enquanto observam-se
anomalias de até 4°C ou 5°C acima da média histórica em alguns anos de El Niño, em anos de La
Niña as maiores anomalias observadas não chegam a 4°C abaixo dessa média. (Inema, 2001)
17

4.2. Regiões continentais mais afectadas pela La-Niña


Visto que La Niña é a fase fria de um fenômeno atmosférico-oceânico, e é caracterizada pelo
esfriamento anormal das águas superficiais do Oceano Pacífico Tropical, a ocorrência deste
fenômeno altera toda circulação de humidade e calor ao redor do globo, alterando ou
potencializando características normais das estações do ano. Como ilustra a figura, África
(Oriental e Austral), Austrália, Indonésia, parte do continente Asiático (China e Japão), Canadá,
Perú, Brasil, Argentina são as regiões mais afectas por este fenómeno.

E
D

C F
G
B

Figura 8: Regiões continentais mais afectadas. Fonte: (afhttps://nordesterural.com.br/sai-el-


nino-e-entra-la-nina-novos-desafios-para-os-produtores/) (A) África (Oriental e Austral), (B)
Austrália, (C) Indonésia, (D) Parte do continente Asiático (China e Japão), (E) Canadá, (F) Perú,
(G) Brasil, (H) Argentina.
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4.3. Importância do estudo de La Niña e seus benefícios


La Niña é usada por governos para mobilizar o planejamento em setores sensíveis ao clima, como
agricultura, saúde, recursos hídricos e gestão de desastres. O sector agricola é o mais destacavel
com beneficios provinientes dos efeitos de La Niña, pois existem culturas favorecidas pelo
fenomeno na estação de inverno. As condições climaticas favorecem também a menor incidência
de pragas reduzindo a utilização de agro-químicos e diminuindo assim, os custos de protecção.
Entretanto, o fenomeno causa problemas nas culturas do verão, trazendo grandes prejuízos ao
contrário do fenomeno El Niño, que agracia plantações desta estação.
A ocorrência da La Niña pode implicar em certas regiões o aumento do volume da preciptação, e
noutras, a diminuição do volume da preciptação.
19

5. Conclusão
Feito o trabalho, e respondo aos objectivos traçados, conclui se que:
 La-Niña é um fenómeno referido ao arrefecimento em grande escala das temperaturas da
superfície do oceano no Oceano Pacífico equatorial central e oriental, associado a
alterações na circulação atmosférica tropical, nomeadamente ventos, pressão precipitação.
Geralmente apresenta impactos opostos sobre o tempo e o clima como o El Niño, que é a
fase quente do chamado El Niño Oscilação Sul (ENOS).
 As regiões mais afectas pelo fenómeno La Niña são: África (Oriental e Austral), Austrália,
Indonésia, parte do continente Asiático (China e Japão), Canadá, Perú, Brasil, Argentina.
 As alterações da pluviosidade são melhor expressas por meio de alterações de intensidade,
eventos de pluviosidade extrema (tempestades) e alterações da época chuvosa (início, fim
e duração), dentre estes impactos, destacam se outra característica de pluviosidade
observável que é o aumento do número da actividade ciclónica na região Sudoeste do
Oceano Índico. A época ciclónica tropical para a região da SADC decorre de Novembro a
Abril, esperando-se a maior frequência de ocorrência em Janeiro e Fevereiro. A presença
de ciclones na região dá origem à inundação extensiva, resultando em perdas económicas
e na destruição de infra-estruturas, culturas e meios de sobrevivência nos países a Este da
região da SADC.
 Sobre os efeitos futuros que se podem manifestar, prevê-se que as alterações climáticas
causadas pelo ENOS venham exacerbar os padrões de migração induzida por razões
ambientais. Falndo especificamente da região da SADC, viu se que um dos desafios para
a zona da África Austral, consiste em identificar opções de políticas adequadas tendentes
a responder ao fenómeno. A SADC precisa de identificar estratégias de resposta à
adaptação às alterações climáticas, devendo estas estratégias abordar e aprimorar a
capacidade de a região responder à pressão adicional das alterações climáticas.
 La Niña tem a sua importancia destacada porque é usada por governos para mobilizar o
planejamento em setores sensíveis ao clima, como agricultura, saúde, recursos hídricos e
gestão de desastres. Na área da agricultura, a ocorrência da La Niña pode implicar em certas
regiões o aumento do volume da preciptação, e noutras, a diminuição do volume da
20

preciptação, favorecendo então a menor incidência de pragas, reduzindo a utilização de


agro-químicos e diminuindo assim, os custos de protecção.
21

6. Bibliografia
2. Calderon, G., & Borsato, V. d. (2017). O fenômeno La Niña e sua influência na
disponibilidade hídrica no município de. Campo Mourão.
3. Inema. (2001). o que é La Nina? Inema , 3.
4. KLAUS, W. (s.d.). Obtido de Disponível em: <https://www.esrl.noaa.gov/psd/enso/mei/>.
5. Lesolle, D. (2012). DOCUMENTO DE POLÍTICA SOBRE AS ALTERAÇÕES
CLIMÁTICAS DA SADC: AVALIAÇÃO DAS OPÇÕES DE POLÍTICAS PARA OS
ESTADOS MEMBROS DA SADC . SADC POLICY ANALYSIS & DIALOGUE
PROGRAMME.
6. Miro, J. M., & de Souza, V. C. (2019). A RELAÇÃO ENTRE OS FENÔMENOS EL NIÑO
E LA NIÑA E O CLIMA DA BAIXADA CAMPISTA, NORTE DO ESTADO DO RIO DE
JANEIRO. Ceará: universidade Federal do Ceará.
7. NOAA Climate.gov staff. (18 de Janeiro de 2016). El Niño and La Niña: Frequently asked
questions. Obtido de CLIMATE.gov: https://climate.gov/news-features/understanding-
climate/el-ni%C3%B1o-and-la-ni%C3%B1a-frequently-asked-questions
8. SALINI, M. F. (2011). A Influência do Fenômeno El Niño Oscilação Sul- ENOS(La Niña
e El Niño) Na Ocorrência De Inundações No Vale Do Taquari-RS. Lajeado.
9. Toyama, l. (2014). Impactos do fenômeno El Niño Oscilação Sul na variabilidade
climática e seus efeitos na produtividade da cultura da cana-de- açúcar em diferentes
regiões brasileiras. Piracicaba: Universidade de São Paulo.

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