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Universidade Púnguè
Tete
2022
II
Universidade Púnguè
Tete
2022
III
Índice
1.1.Introdução
Nos últimos anos o nosso País tem enfrentado problemas relacionados com mudanças
climáticas, começando por ciclones, inundações e enchentes provocados pela maré alta que
muita das vezes afecta a vida das comunidades. Por outro lado, as suas causas são apontadas
como naturais e ou antropogénicas. De forma geral, o sistema de águas superficiais apresenta
variabilidade interanular e interdecadal perceptível, relacionada aos padrões de precipitação e
aa variabilidade mais recente relacionada á mudanças na cobertura da terra. Este trabalho
apresenta uma revisão dos efeitos da variabilidade do clima no território moçambicano,
influenciado pelo fenómeno El Niño que se caracteriza em chuvas irregulares. O trabalho
pretende abordar a variabilidade climática que se regista em Moçambique como parte dos
efeitos do fenómeno El Niño.
No que tange a estrutura, o presente trabalho apresenta uma introdução, objectivos do trabalho,
metodologia usada, desenvolvimento da pesquisa e por fim a conclusão e as referências
bibliográficas.
1.2.Metodologia
Para a realização do presente trabalho, foi desenvolvido método de pesquisa bibliográfica que
consistiu na consulta de artigos, teses e obras literárias que abordam sobre o fenómeno El Niño
e seu impacto na variabilidade climática de do nosso país, pela raridade das fontes o seu teor
teve que ser adaptado numa questão geral especificada com exemplos concretos, estes que nos
levaram ao campo para questão de observação dos efeitos como técnica de colecta de dados, o
seu enfoque foi abordagem qualitativa.
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1.3.Objectivos do Trabalho
1.3.1. Objectivo Geral
Tendo em vista alcançar o objectivo acima mencionado, são necessários definir as seguintes
linhas de actuação:
2. Revisão Bibliográfica
2.1.Influência do El Niño na Variabilidade Climática de Moçambique
Fenómeno El Niño
O El Niño é um fenômeno climático natural descrito como o aquecimento anormal das águas
do Oceano Pacífico na sua porção equatorial. Ele ocorre de tempos em tempos, iniciando-se
por volta do mês de Dezembro, e causa transformações na circulação atmosférica, interferindo
no regime pluviométrico e nas temperaturas em várias regiões do planeta.
Esse fenómeno não tem um ciclo bem definido, ocorrendo entre 2 a 7 anos (OLIVEIRA, 1999).
Na maior parte desses trabalhos, a conclusão é óbvia: a associação entre a precipitação da região
pluviométrica de verão sobre a África Austral é o ENSO, é tal que durante a fase alta (eventos
frios) esta região regista valores abaixo do normal (ROCHA, 1992).
São decorrentes dessa transformação no padrão de circulação dos ventos, em diversas regiões
do planeta, as modificações:
➢ No regime de chuvas;
➢ Na disponibilidade de humidade;
➢ Na temperatura.
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Imagem 1. Ilustra Esquema simplificado do comportamento dos ventos e sua influência sobre
a temperatura das águas do Pacífico em anos normais e em anos de El Niño.
2.2.Mudanças Climáticas
As secas são frequentes nas regiões Centro e Sul de Moçambique, ocorrendo também alguns
focos nas províncias do Norte. A seca resulta da escassez de chuvas e está associada ao
fenómeno El Niño ou ENSO (El Niño Southern Oscilation) (MICOA, 2007). Em Moçambique,
a seca e desertificação resultam da combinação dos baixos índices de precipitação que resultam
na falta de água para manutenção da cobertura vegetal e o uso excessivo e inadequado dos solos
para agricultura e pecuária.
Concretamente na região da Zambézia nos últimos anos apesar de não registar-se secas severas,
ocorrem estiagem e a estacão seca é prolongada. O distrito de Nicoadala, por exemplo, tem
enfrentado problemas de água em zonas historicamente sem problemas de água, como a
localidade de Licuar.
Segundo Lobo, (1999) a influência de anomalias das SSTs na Atmosfera durante o ENSO
depende das interacções entre oceano e a atmosfera que são muito importantes. Por isso para
entender esse fenómeno é necessário entender a resposta do oceano á alterações atmosféricas e
a resposta da atmosfera a alterações das SSTs (Temperaturas da Superfície do Mar).
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Embora que as projeções de alterações e variabilidade climática geradas pelo Instituto Nacional
de Gestão de Calamidades (INGC) permitam que seja feita uma previsão sobre o risco de
calamidades naturais para Moçambique, ainda não se encontram disponíveis estudos que
permitam prever detalhadamente o que poderá ocorrer na costa Moçambicana, no interior e em
particular no Distrito de Nicoadala. Desta forma, os resultados apresentados de seguida são
gerais e referem-se, maioritariamente á variabilidade para a região central do País ou mesmo
dentro da província. Apenas em alguns casos particulares, onde a informação se encontre
disponível, faz-se referência a questões mais especificas para o distrito, pois também não há
trabalhos detalhados focados nos aspectos de variabilidade climática relacionado ao fenómeno
El Niño em Nicoadala ou mesmo na Zambézia, ou em geral em Moçambique.
Neste trabalho apenas se faz menção á influência das alterações climáticas em factores
climáticos (temperatura, pluviosidade, evaporação), na hidrologia e no risco de ciclones, cheias
e secas na região central (e/ou no distrito), como resultado do fenómeno em estudo não sendo,
portanto, uma abordagem exaustiva. Estas alterações poderão reflectir-se em questões como
disponibilidade de água, perda de colheitas e potenciais alterações no clima dentro distrito.
2.4.Pluviosidade
Inclusive, para o período entre os anos 2045 – 2065, estão previstos aumentos das temperaturas
máximas entre 2,5 ºC e 3.0 ºC (estimativa média). A variabilidade sazonal na temperatura
máxima, em geral, aumenta nos períodos compreendidos entre Março e Agosto (INGC, 2009).
Por sua vez, a média anual de precipitação em todo país mostra uma ligeira subida da mesma
(em cerca de 10 – 25 %) comparada com a média anual dos últimos 40 anos, sendo encontrados
maiores aumentos na pluviosidade em direcção á costa (INGC, 2009). Nas regiões costeiras do
centro onde Nicoadala se situa, ocorre igualmente um aumento da variabilidade sazonal da
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2.6.Ciclones e Tempestades
No entanto, o estudo do INGC (2009), previam que ciclones mais severos representariam a
maior ameaça para a costa até cerca de 2030. Posteriormente, o aumento acelerado do nível
médio das águas do mar apresenta o maior perigo, especialmente quando combinado com as
marés-altas e vagas de tempestade.
De acordo com o estudo do INGC (2009), a região central é a mais afectada (comparativamente
as regiões do Sul e Norte) por ciclones mais intensos e pelo aumento do nível médio das águas
do mar. Obviamente é o que se observa nos últimos tempos com os ciclones Gombe, Ana,
Keneth, Idai, Chalane entre outros vendavais que fustigam a região.
Por outro lado, a subida do nível médio do mar poderá ainda agravar o fenómeno de intrusão
salina, quer nos rios quer nos aquíferos.
Relativamente ao agravamento da intrusão salina nos rios, o centro de Moçambique poderá ser
o mais afectado em termos de área sujeita a este fenómeno.
Com relação ao risco de cheias, de um modo geral, esperava-se uma redução ligeira da
frequência das cheias na região central (INGC, 2009) também MICOA (2012), referia-se que
para o distrito de Nicoadala, o risco de cheias é baixo. No entanto, e a título de exemplo neste
distrito, caso ocorra uma cheia com um período de retorno de 9 a 10 anos, a população que
poderá ser afectada por este evento é relativamente elevada. Mas a situação actual mostra o
contrário, nos períodos curtos de chuvas que devido às alterações climáticas, a região de
Nicoadala é a que apresenta maior probabilidade de ter um agravamento no risco de seca e
perdas de colheitas.
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3.1.Conclusão
O El Niño é um fenômeno climático natural descrito como o aquecimento anormal das águas
do Oceano Pacífico na sua porção equatorial.
Para melhor situar o tema em alusão, fez-se o estudo do caso do distrito de Nicoadala. Desta
feita, conclui-se que a variabilidade climática nessa região é dinâmica apresentando a cada ano
variabilidade de manifestação de efeitos das mudanças climáticas contribuídas pelo fenómeno
El Niño. As chuvas são irregulares com tendências anormais de causar inundações quando
chove apesar de ser um período relativamente curto quando comparado co o verão. Conforme
o estudo do INGC (2009), a região central é a mais afectada em relação as regiões do Sul e uma
parte do Norte.
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3.2.Referências Bibliográficas
INGC (2009) – Estudo sobre o Impacto das Alterações climáticas no risco das calamidades em
Moçambique. Relatório Síntese- 2ª Versão. Maio. Maputo, Moçambique.
MICOA (2012) - Perfil do Distrito de Nicoadala. Perfil ambiental e mapeamento do uso da terra
nos distritos da zona costeira de Moçambique. Ministério para Coordenação Ambiental.