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Isaías Valzim Pascoal

Influência do El Niño na Variabilidade Climática de Moçambique


Faculdade de Geociências e Ambiente
Curso de Licenciatura em GADEC

Universidade Púnguè
Tete
2022
II

Isaías Valzim Pascoal

Influência do El Niño na Variabilidade Climática de Moçambique

Faculdade de Geociências e Ambiente

Curso de Licenciatura em GADEC

Trabalho de pesquisa apresentado na


cadeira de Climatologia, curso de
Licenciatura em Gestão Ambiental e
Desenvolvimento Comunitário, como
requisito parcial de avaliação.

Dr. Inácio Guirione

Universidade Púnguè
Tete
2022
III

Índice

1. Introdução, Metodologia e Objectivos ............................................................................... 4

1.1. Introdução ........................................................................................................................ 4

1.2. Metodologia ..................................................................................................................... 4

1.3. Objectivos do Trabalho ................................................................................................... 5

2. Revisão Bibliográfica ......................................................................................................... 6

2.1. Influência do El Niño na Variabilidade Climática de Moçambique ............................... 6

Fenómeno El Niño ...................................................................................................................... 6

2.2. Mudanças Climáticas ................................................................................................... 7

2.3. Variabilidade Climática no Distrito de Nicoadala ....................................................... 7

2.4. Pluviosidade ................................................................................................................. 8

2.5. Média Anual da Temperatura ...................................................................................... 8

2.6. Ciclones e Tempestades ............................................................................................... 9

3. Conclusão e Referências Bibliográficas ........................................................................... 10

3.1. Conclusão ...................................................................................................................... 10

3.2. Referências Bibliográficas ............................................................................................. 11


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1. Introdução, Metodologia e Objectivos

1.1.Introdução

Nos últimos anos o nosso País tem enfrentado problemas relacionados com mudanças
climáticas, começando por ciclones, inundações e enchentes provocados pela maré alta que
muita das vezes afecta a vida das comunidades. Por outro lado, as suas causas são apontadas
como naturais e ou antropogénicas. De forma geral, o sistema de águas superficiais apresenta
variabilidade interanular e interdecadal perceptível, relacionada aos padrões de precipitação e
aa variabilidade mais recente relacionada á mudanças na cobertura da terra. Este trabalho
apresenta uma revisão dos efeitos da variabilidade do clima no território moçambicano,
influenciado pelo fenómeno El Niño que se caracteriza em chuvas irregulares. O trabalho
pretende abordar a variabilidade climática que se regista em Moçambique como parte dos
efeitos do fenómeno El Niño.

No que tange a estrutura, o presente trabalho apresenta uma introdução, objectivos do trabalho,
metodologia usada, desenvolvimento da pesquisa e por fim a conclusão e as referências
bibliográficas.

1.2.Metodologia
Para a realização do presente trabalho, foi desenvolvido método de pesquisa bibliográfica que
consistiu na consulta de artigos, teses e obras literárias que abordam sobre o fenómeno El Niño
e seu impacto na variabilidade climática de do nosso país, pela raridade das fontes o seu teor
teve que ser adaptado numa questão geral especificada com exemplos concretos, estes que nos
levaram ao campo para questão de observação dos efeitos como técnica de colecta de dados, o
seu enfoque foi abordagem qualitativa.
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1.3.Objectivos do Trabalho
1.3.1. Objectivo Geral

➢ Avaliar a Influência do El Niño na Variabilidade Climática de Moçambique.

1.3.2. Objectivos Específicos

Tendo em vista alcançar o objectivo acima mencionado, são necessários definir as seguintes
linhas de actuação:

➢ Definir o fenómeno El Niño;


➢ Caracterizar o fenómeno El Niño;
➢ Impacto do fenómeno El Niño na Variabilidade Climática de Moçambique no contexto
mais concreto.
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2. Revisão Bibliográfica
2.1.Influência do El Niño na Variabilidade Climática de Moçambique

Fenómeno El Niño

O El Niño é um fenômeno climático natural descrito como o aquecimento anormal das águas
do Oceano Pacífico na sua porção equatorial. Ele ocorre de tempos em tempos, iniciando-se
por volta do mês de Dezembro, e causa transformações na circulação atmosférica, interferindo
no regime pluviométrico e nas temperaturas em várias regiões do planeta.

Com a modificação do padrão de circulação atmosférica sobre o Pacífico, o El Niño é


responsável por alterar a distribuição de humidade e as temperaturas em várias áreas do planeta.
O El Niño é uma anomalia que acontece no Oceano Pacifico Equatorial junto com o
enfraquecimento dos ventos alísios (que são ventos de leste para oeste em baixos níveis) na
região equatorial. Com essas mudanças, altera o padrão de circulação atmosférica, causando
em todo planeta, fenómenos como enchentes, secas e outros problemas sócio-ambientais e
económicos.

Esse fenómeno não tem um ciclo bem definido, ocorrendo entre 2 a 7 anos (OLIVEIRA, 1999).

Embora haja evidências históricas de que o ENSO é um dos factores determinantes na


variabilidade inter-anual da pluviosidade nas baixas latitudes, a sua influência sobre África,
continua controverso (NICHOLSON e KIM apud LOBO, 1999). Pesquisas recentes mostram a
pluviosidade na maior parte da África Austral varia como resposta das grandes flutuações que
se registam na circulação geral do Hemisfério Sul conhecidas por Oscilação Austral (SO).
(LINDESAY et al, 1986 apud LOBO, 1999).

Na maior parte desses trabalhos, a conclusão é óbvia: a associação entre a precipitação da região
pluviométrica de verão sobre a África Austral é o ENSO, é tal que durante a fase alta (eventos
frios) esta região regista valores abaixo do normal (ROCHA, 1992).

São decorrentes dessa transformação no padrão de circulação dos ventos, em diversas regiões
do planeta, as modificações:

➢ No regime de chuvas;
➢ Na disponibilidade de humidade;
➢ Na temperatura.
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Imagem 1. Ilustra Esquema simplificado do comportamento dos ventos e sua influência sobre
a temperatura das águas do Pacífico em anos normais e em anos de El Niño.

Fonte: Wikipédia (2022)

2.2.Mudanças Climáticas

As secas são frequentes nas regiões Centro e Sul de Moçambique, ocorrendo também alguns
focos nas províncias do Norte. A seca resulta da escassez de chuvas e está associada ao
fenómeno El Niño ou ENSO (El Niño Southern Oscilation) (MICOA, 2007). Em Moçambique,
a seca e desertificação resultam da combinação dos baixos índices de precipitação que resultam
na falta de água para manutenção da cobertura vegetal e o uso excessivo e inadequado dos solos
para agricultura e pecuária.

Concretamente na região da Zambézia nos últimos anos apesar de não registar-se secas severas,
ocorrem estiagem e a estacão seca é prolongada. O distrito de Nicoadala, por exemplo, tem
enfrentado problemas de água em zonas historicamente sem problemas de água, como a
localidade de Licuar.

Para compreender melhor a influência do fenómeno El Niño na variabilidade climática de


Moçambique, torna-se necessário trazer um exemplo concreto de uma das zonas que sofre dos
efeitos desse fenómeno a nível nacional – o distrito de Nicoadala.

2.3.Variabilidade Climática no Distrito de Nicoadala

Segundo Lobo, (1999) a influência de anomalias das SSTs na Atmosfera durante o ENSO
depende das interacções entre oceano e a atmosfera que são muito importantes. Por isso para
entender esse fenómeno é necessário entender a resposta do oceano á alterações atmosféricas e
a resposta da atmosfera a alterações das SSTs (Temperaturas da Superfície do Mar).
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Embora que as projeções de alterações e variabilidade climática geradas pelo Instituto Nacional
de Gestão de Calamidades (INGC) permitam que seja feita uma previsão sobre o risco de
calamidades naturais para Moçambique, ainda não se encontram disponíveis estudos que
permitam prever detalhadamente o que poderá ocorrer na costa Moçambicana, no interior e em
particular no Distrito de Nicoadala. Desta forma, os resultados apresentados de seguida são
gerais e referem-se, maioritariamente á variabilidade para a região central do País ou mesmo
dentro da província. Apenas em alguns casos particulares, onde a informação se encontre
disponível, faz-se referência a questões mais especificas para o distrito, pois também não há
trabalhos detalhados focados nos aspectos de variabilidade climática relacionado ao fenómeno
El Niño em Nicoadala ou mesmo na Zambézia, ou em geral em Moçambique.

Neste trabalho apenas se faz menção á influência das alterações climáticas em factores
climáticos (temperatura, pluviosidade, evaporação), na hidrologia e no risco de ciclones, cheias
e secas na região central (e/ou no distrito), como resultado do fenómeno em estudo não sendo,
portanto, uma abordagem exaustiva. Estas alterações poderão reflectir-se em questões como
disponibilidade de água, perda de colheitas e potenciais alterações no clima dentro distrito.

2.4.Pluviosidade

Relativamente aos factores climáticos, nomeadamente temperatura média, de acordo com o


estudo do INGC (2009), em geral, em todo país ocorre um aumento da mesma, com maiores
subidas no interior e no período entre Setembro a Novembro.

Inclusive, para o período entre os anos 2045 – 2065, estão previstos aumentos das temperaturas
máximas entre 2,5 ºC e 3.0 ºC (estimativa média). A variabilidade sazonal na temperatura
máxima, em geral, aumenta nos períodos compreendidos entre Março e Agosto (INGC, 2009).

A evaporação segue a tendência da temperatura, aumentando em todas as regiões do País.

Esse aumento está tornando-se superior ao da pluviosidade em algumas regiões, durante a


estacão seca (Junho a Novembro), mostrando que esta estacão torna-se cada vez mais seca em
todo o país (INGC, 2009).

2.5.Média Anual da Temperatura

Por sua vez, a média anual de precipitação em todo país mostra uma ligeira subida da mesma
(em cerca de 10 – 25 %) comparada com a média anual dos últimos 40 anos, sendo encontrados
maiores aumentos na pluviosidade em direcção á costa (INGC, 2009). Nas regiões costeiras do
centro onde Nicoadala se situa, ocorre igualmente um aumento da variabilidade sazonal da
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pluviosidade, em particular entre Junho e Agosto. A maior subida de precipitação ocorre no


período compreendido entre Janeiro e Maio, quando o risco de cheias é maior (INGC, 2009).

2.6.Ciclones e Tempestades

Relativamente à ocorrência de ciclones, quer as tendências recentes nas observações, quer os


resultados de modelação a longo prazo apontam que as mudanças climáticas poderão afectar as
características dos mesmos no sudoeste do Oceano Índico (INGC, 2009). As observações
mostram que existe uma indicação de aumento quer na frequência quer na intensidade dos
ciclones, contudo, de acordo com o (INGC, 2009), o número de eventos neste período é
demasiado limitado para servir de base a tendências estatisticamente significativas.

No entanto, o estudo do INGC (2009), previam que ciclones mais severos representariam a
maior ameaça para a costa até cerca de 2030. Posteriormente, o aumento acelerado do nível
médio das águas do mar apresenta o maior perigo, especialmente quando combinado com as
marés-altas e vagas de tempestade.

De acordo com o estudo do INGC (2009), a região central é a mais afectada (comparativamente
as regiões do Sul e Norte) por ciclones mais intensos e pelo aumento do nível médio das águas
do mar. Obviamente é o que se observa nos últimos tempos com os ciclones Gombe, Ana,
Keneth, Idai, Chalane entre outros vendavais que fustigam a região.

Por outro lado, a subida do nível médio do mar poderá ainda agravar o fenómeno de intrusão
salina, quer nos rios quer nos aquíferos.

Relativamente ao agravamento da intrusão salina nos rios, o centro de Moçambique poderá ser
o mais afectado em termos de área sujeita a este fenómeno.

Com relação ao risco de cheias, de um modo geral, esperava-se uma redução ligeira da
frequência das cheias na região central (INGC, 2009) também MICOA (2012), referia-se que
para o distrito de Nicoadala, o risco de cheias é baixo. No entanto, e a título de exemplo neste
distrito, caso ocorra uma cheia com um período de retorno de 9 a 10 anos, a população que
poderá ser afectada por este evento é relativamente elevada. Mas a situação actual mostra o
contrário, nos períodos curtos de chuvas que devido às alterações climáticas, a região de
Nicoadala é a que apresenta maior probabilidade de ter um agravamento no risco de seca e
perdas de colheitas.
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3. Conclusão e Referências Bibliográficas

3.1.Conclusão

O El Niño é um fenômeno climático natural descrito como o aquecimento anormal das águas
do Oceano Pacífico na sua porção equatorial.

Para melhor situar o tema em alusão, fez-se o estudo do caso do distrito de Nicoadala. Desta
feita, conclui-se que a variabilidade climática nessa região é dinâmica apresentando a cada ano
variabilidade de manifestação de efeitos das mudanças climáticas contribuídas pelo fenómeno
El Niño. As chuvas são irregulares com tendências anormais de causar inundações quando
chove apesar de ser um período relativamente curto quando comparado co o verão. Conforme
o estudo do INGC (2009), a região central é a mais afectada em relação as regiões do Sul e uma
parte do Norte.
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3.2.Referências Bibliográficas

Climatogeografia- Manual de Curso de Licenciatura em Ensino de Geografia- 1º Ano.


Universidade Católica de Moçambique.

INGC (2009) – Estudo sobre o Impacto das Alterações climáticas no risco das calamidades em
Moçambique. Relatório Síntese- 2ª Versão. Maio. Maputo, Moçambique.

Lobo, J. J. (1999) - Contribuição para a variabilidade climática em Moçambique: a Influência


do ENSO. (Monografia Científica) UEM. Maputo- Moçambique.

MICOA (2012) - Perfil do Distrito de Nicoadala. Perfil ambiental e mapeamento do uso da terra
nos distritos da zona costeira de Moçambique. Ministério para Coordenação Ambiental.

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