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FACULDADE DE GEOCIÊNCIAS

CURSO DE LICENCIATURA EM GEOLOGIA


Estudantes:
Abel Arlindo Lavuleque TEMA: GEOQUÍMICA DOS PROCESSOS MAGMÁTICOS
Afonso Baltazar Salésio
Ana Telma João Artur
Augusto Martins
Délio Humberto Vasco Lopes
Euclides Eugénio Tomás
Felismina Artur Docente:
Gabriela Camacho MSc. Rui Ilídio Mário
José Chitambe
Maria Domingos Luís
Reinata Mariano Robath
NAMPULA, 2022
II. Geoquímica dos Processos Magmáticos

2.1.1. Magma

São complexas fusões naturais de rochas no interior da terra, de consistência viscosa, com temperaturas
que variam entre 1.500°C e 700°C. Quando solidificados formam as rochas magmáticas.

2.2.Fases dos Magmas

2.2.1. Fase líquida

A fase líquida dos magmas é formada por silicatos fundidos com proporções variadas de catiões (Si, O,
Mg, Fe, Ca, Na, K, Ti entre outros) junto com iões metálicos (Fe2+, Fe3+, Mg2+, Na+ entre outros).
2.2.2.Fase sólida
fase sólida pode ser constituída por cristais que formam-se inicialmente a partir do próprio líquido ou serem
incorporados no magma (xenocristais), junto com fragmentos de rochas (xenólitos) incorporados durante a
ascensão em direção as porções superiores da Terra.
2.2.3. Fase gasosa
A fase gasosa inclui vapor de água, dióxido de carbono, dióxido de enxofre e muitos outros.
2.3. Tipos de Magmas
2.3.1. Magma primário: magma cuja composição não sofreu modificações desde a sua geração (magmas
basálticos).
2.3.2. Magma secundário: magma resultante de diversos processos que modificaram a sua composição
química original (magma granítico).
2.3.Composição química dos magmas

A composição química de um magma é convencionalmente expressa em termos de elementos maiores, menores


e traços. Os elementos maiores e menores são expressos como óxidos:SiO2, Al2O3, FeO, Fe2O3, CaO, MgO e
Na2O (elementos maiores); K2O, TiO2, MnO e P2O5 (elementos menores).

➢ Elementos maiores: são aqueles com abundâncias acima de 1% em massa (>1,0peso%);

➢ Elementos menores: são aqueles com abundâncias entre 0,1 e 1% da massa (0,1 – 1,0 peso%);

➢ Elementos traço: com abundâncias menores que 0.1% (< 0,1peso%).

2.3.1.Importância dos Elementos maiores e menores

Os elementos maiores podem ser usados para classificar as rochas ígneas e no estudo do controle químico das
propriedades físicas do sistema fusão-cristal. Eles também são usados para estudar a evolução química da fusão
(e minerais) durante o processo de cristalização e fusão.

A concentração e distribuição dos elementos traço podem ser usados para estudar a evolução do magma.
2.5. Geração Dos Magmas
A geração de magmas e o movimento e a cristalização desses líquidos magmáticos são os mecanismos primários
por meio do qual o planeta Terra diferenciou-se em núcleo, manto e crosta oceânica e continental.
O processo de geração de magmas raramente é uma fusão completa, sendo o que normalmente ocorre é uma
fusão parcial das rochas do manto na astenosfera, ou do manto superior ou crusta inferior na litosfera, onde se
vai produzindo de forma progressiva a fusão dos componentes minerais menos refratários entre os que compõe a
rocha que está sendo fundida.
2.5.1. Controles Tectónicos sobre a Geração dos Magmas

2.5.1.1. Cordilheiras meso-oceânicas


Nas cordilheiras meso-oceânicas a produção de magmas é dominada por ascensão passiva são basálticos em
composição e os controles primários sobre a geração do magma são a temperatura da pluma astenosférica e a
composição do manto.
2.5.1.2. Zonas de subducção
Em zonas de subducção, tanto continentais como oceânicas, a geração de magmas é controlada por um
processo que envolve a interação de fluídos (principalmente H2O) liberados pela placa que está sendo
subduzida com o manto sobrejacente.
Os magmas resultantes variam em composição desde basálticos, passando por andesíticos, até riolíticos.
2.5.1.3. Suítes vulcânicas de arco de ilhas
Suítes vulcânicas de arco de ilhas variam de acordo com a espessura e composição da litosfera oceânica
sobrejacente.
A ascensão do magma, particularmente dentro do centro do arco vulcânico, é um processo lento e caprichoso
onde processos de diferenciação magmática começam a atuar, gerando magmas cálcio-alcalinos e mais
intermediários, tais como andesitos.
2.5.1.4. Margens continentais convergentes
Ao longo de margens continentais convergentes a situação é mais complexa ainda, grandemente devido a
passagem dos magmas cálcio-alcalinos através da crosta continental espessa, com a mais notável diferença em
relação aos arcos de ilhas oceânicos sendo a maior abundância de magmas mais ricos em sílica (dacitos e riolitos).
2.5.1.5. Zona de Vulcões intraplaca oceânicos
Vulcões intraplaca oceânicos erupcionam tanto magmas toleíticos como alcalinos.
2.5.1.6. Zona de Vulcanismo em regiões de riftes
➢ Riftes activos vulcanicamente são caracterizados por atividade magmática mais volumosa, ocorrência de
magmas básicos e ácidos.
➢ Riftes passivos possuem pouca actividade vulcânica e são caracterizados por magmas basálticos alcalinos e
também de magmas composicionalmente mais diferenciados.
2.6. Diversificação do Magma

A diversificação envolve separação de fases diferentes de composições contrastantes. Envolve os seguintes


processos:
2.6.1. Fusão Parcial
Como diferentes minerais têm diferentes pontos de fusão, e porque as rochas são associações de minerais, a fusão
ocorre num determinado domínio de temperaturas. Por esta razão este processo é designado por fusão parcial, uma
vez que para uma dada temperatura só parte da rocha funde.
2.6.2. Diferenciação Magmática
É definida como um processo qualquer pelo qual o magma é capaz de diversificar e produzir o magma ou rocha de
diferentes composições. Os principais mecanismos de diferenciação são:
2.6.2.1. Cristalização fracionada
Ou seja, a cristalização fraccionada implica a separação dos cristais que cristalizaram primeiro. À medida que o
magma arrefece, os minerais que cristalizam primeiro são os que têm maior ponto fusão. O líquido remanescente
fica enriquecido em sílica (é mais félsico que o magma parental).
A ordem de cristalização dos minerais é dada pela serie de Bowen (figura abaixo).

Figura 1: Série de Bowen mostrando a ordem de cristalização


2.6.2.2.Imiscibilidade de líquidos

Consiste na separação de um líquido inicialmente homogêneo


em duas fases líquidas distintas composicionalmente.

Ou seja, há casos em que um magma é homogéneo a uma


dada temperatura, mas se separa em dois líquidos imiscíveis a
outra temperatura.

Figura 2: Imiscibilidade liquida


2.6.2.3. Assimilação

Durante a ascensão em direção à superfície, o magma pode fundir porções das rochas encaixantes e
incorporá-las, variando assim a composição do magma original.

2.5.2.4. Mistura de magmas

Contaminação de magmas diferentes, que poderão ser responsáveis pelo aparecimento de rochas de
composição intermédia.

Se as suas composições forem muito distintas (por exemplo basalto e riólito), existem vários factores que
podem inibir o processo de mistura, tais como:

➢ Contraste de temperaturas;

➢ Contrastes de viscosidades;

➢ Contrastes de densidades.
2.7. Séries Magmáticas

É um grupo de rochas que dividem as mesmas


características químicas (e provavelmente a mineralogia) e
apresenta um padrão consistente no diagrama de variação,
sugerindo uma relação genética. Com base nos diagramas
TAS e AFM, é possível também identificar a série ou séries
magmáticas em que se filiam conjuntos de rochas espacial e
temporalmente associadas.

2.71.Diagrama TAS

O diagrama TAS divide as séries magmáticas em dois Figura 3: Diagrama TAS


grupos a saber:

➢ Série alcalina;

➢ Série subalcalina.
2.7.2. Diagrama AFM

As séries subalcalinas (particularmente as que


incluem rochas máficas) podem ser subdivididas
em dois grupos: as séries toleíticas e as séries
calco- alcalinas.

Figura 4: Diagrama TAS


2.8.Ambientes Geotectónicos das Séries Magmáticas
Existem importantes diferenças entre estas séries em termos da sua relação com os principais ambientes
geotectónicos.
Tabela 1: Séries magmáticas e ambientes geotectónicos

Ambiente de Margens Ambiente Intra-


de Placas placa
Características das Convergent Divergent Oceânic Contineta
Séries es es a l
Alcalina Sim Não Sim sim
Toleítica Sim Sim Sim Sim
Calco-alcalina Sim Sim Não Não
2.9.Classificação e Identificação de Séries Magmáticas

2.9.1.MORB (Basalto das Cristas Médias Oceânicas)

Os basaltos das cristas médias oceânicas são toleítos olivínicos com teores baixos de K2O (< 0.2%) e de TiO2 (< 2.0%),
quando comparados com a maioria dos outros basaltos. Os MORBS são gerados nas cadeias meso-oceânicas, onde as
placas adjacentes divergem.

2.9.2. OIB (Basalto das Ilhas Oceânicas)

Os basaltos das ilhas oceânicas estão normalmente associados a “hot spots” (plumas térmicas) e formam-se em
ambientes intraplaca oceânica.

De acordo com o seu quimismo, podem distinguir-se 2 séries principais de magmas OIB:

➢ Séries toleíticas derivadas de um magma parental basáltico toleítico;

➢ Séries alcalinas derivadas de um magma parental basáltico alcalino.


2.10. Comportamento dos Elementos Traço em Rochas Ígneas
A maioria dos elementos traços não formam os seus próprios minerais, sendo incorporados na estrutura dos minerais
comuns na rocha substituindo os elementos maiores.

➢ Elementos incompatíveis: são aqueles cuja carga ou raio iónico não lhes permite ocupar com facilidade os
lugares vagos na estrutura cristalina dos minerais.

➢ Elementos compatíveis: são os elementos que são facilmente incorporados na estrutura cristalina dos minerais.

O parâmetro que quantifica a tendência de um elemento vestigial em ser incorporado por um mineral é o coeficiente
de distribuição (KD).

KD=CS/Cl

Em que:

Cs: representa a concentração do elemento na fase mineral (sólido);

Cl: corresponde à concentração do elemento no líquido com o qual o mineral está em equilíbrio.
Os elementos incompatíveis numa fase mineral específica apresentam valores de KD <1 enquanto os elementos
compatíveis se caracterizam por valores de KD >1.
A crusta continental torna-se cada vez mais enriquecida em elementos incompatíveis.
O manto fica progressivamente mais empobrecido em elementos incompatíveis.
2.10.1. Características Geoquímicas dos Elementos Traços
2.10.1.1. Metais de transição
Os elementos típicos desta categoria são Sc, Cr, Co e Ni. Os elementos de transição são tipicamente elementos
compatíveis desde as primeiras etapas de diferenciação magmática.
2.10.1.2. LILE (elementos litófilos de grande raio iónico)
Os membros típicos desta categoria são o Rb, o Ba e o Sr. O Rb tende a ser incompatível na grande maioria das
etapas de diferenciação magmática, enquanto que o Ba e o Sr, apesar de também serem incompatíveis na
fraccionação a partir de líquidos basálticos, podem perder essas características em magmas intermédios a
ácidos.
2.10.1.3.Elementos de grande força de campo (HFSE)
Os membros típicos desta categoria são Zr, Hf, Th, U, Nb, Ta e Y. Estes elementos são sistematicamente
incompatíveis em processos envolvendo diferenciação de magmas básicos.
2.10.1.4. Lantanídeos (terras raras)
Os seus raios iónicos contraem-se sistematicamente do La (a mais leve das terras raras) ao Lu (a mais
pesada das terras raras). Como consequência, o seu comportamento varia de fortemente incompatível
(La) a ligeiramente incompatível (Lu).
Obrigado pela Atenção!

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