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Engenharia Florestal

Tectônica de Placas e Rochas

Rochas Ígneas
Rochas Ígneas
As rochas ígneas ou magmáticas são formadas pelo resfriamento e solidificação do magma,
e correspondem à classe de rochas predominantes na crosta terrestre, perfazendo mais de
70% do seu volume.
O magma pode ser entendido como qualquer material rochoso fundido, de consistência
pastosa, que apresenta uma mobilidade potencial e que, ao consolidar, constitui as rochas
ígneas.

O magma que extravasa à superfície, formando os derrames vulcânicos, é denominado


“lava”, pois, durante o processo vulcânico sofre algumas importantes modificações, que o
diferenciam do magma retido e cristalizado em profundidade.

A consistência física de um magma, que implica na maior ou menor facilidade de fluir, é


definida como viscosidade.

A viscosidade de um magma depende de diversos parâmetros, tais como, composição


química, grau de cristalinidade (em que proporção o magma contém material já
cristalizado) teor de voláteis dissolvidos e temperatura.

Nesse sentido, magmas poucos viscosos, logo mais fluidos, como os basálticos,
extravasam com facilidade, e formam corridas de lavas, como as do Havaí, que podem
estender-se por dezenas de quilômetros. Já, os magmas mais viscosos, como os riolíticos,
têm dificuldades até mesmo para extravasar.
Composição dos magmas

A composição de um magma depende da vários fatores, conforme destacado a


seguir:

•Constituição da rocha geradora. O magma tem, majoritariamente, composição


silicática, em consonância com a composição predominante da crosta e do manto
terrestre, porém, magmas carbonáticos e sulfetados também são conhecidos.

Os principais componentes dos magmas silicáticos na terra são, além de O e Si,


o Al, Ca, Fe, Mg, Na, K, Mn, Li e P.

A variação na composição dos magmas, assim como das rochas ígneas, é


descrita principalmente pelo seu teor de sílica, SiO2, a partir do qual, se destacam
pela sua abundância na crosta terrestre, dois tipos de magma: magma granítico
(ácido)– teores de sílica superiores a 66%, e o magma basáltico (básico), com
teores de sílica entre 45 e 52%. Há também um terceiro tipo de magma, o
Andesítico, (intermediário) com teor de sílica entre 52 e 66%.
As características físicas de um magma, como temperatura e viscosidade, estão
relacionadas a sua composição.

A viscosidade de um magma silicático aumenta com o aumento do teor de sílica, a redução


da temperatura e a diminuição do conteúdo de voláteis.

Magmas basálticos apresentam maiores temperaturas na ordem de 1000 a 1200ºC, e


viscosidade menor, enquanto magmas graníticos são mais viscosos e apresentam
temperaturas da ordem de 700 a 800ºC .

A profundidade em que ocorre a fusão também influencia na composição dos magmas


produzidos.

Magmas basálticos são gerados em grandes volumes pela fusão dos peridotitos mantélicos,
principalmente nas regiões abaixo das dorsais meso-oceânicas, mas, eventualmente,
também, abaixo da crosta continental, no manto superior.
Formação e origem dos magmas

O magma é formado a partir da fusão das rochas, a qual é condicionada pela temperatura,
pressão e presença de água.

Assim, o aumento da temperatura no interior da terra pode gerar magmas, decorrente da


fusão parcial de rochas do manto, na astenosfera, ou do manto superior ou crosta inferior,
na litosfera, ou seja, os magmas se formam nos locais do manto e da crosta onde as
temperaturas e pressões são suficientemente altas para produzir, pelo menos, a fusão
parcial das rochas contendo água.

A fusão pode ser provocada pelo aumento de temperatura, por alívio de pressão
confinante a que estão submetidas estas rochas, por variações no teor de fluidos ou, como
ocorre, mais comumente, por uma combinação desses fatores.

Os sítios de formação de magmas, concentrados em locais específicos na astenosfera ou


litosfera, devido aos mecanismos tectônicos responsáveis pelas variações nos parâmetros
físicos que controlam o processo de fusão das rochas.
Figura C.3: Seção esquemática crosta/manto, indicando a localização dos sítios formadores de
magmas no modelo de tectônica de placas.
Fonte: TEIXEIRA; TOLEDO; FAIRCHILD; TAIOLI. (2000).
a) nas dorsais meso-oceânicas, as correntes de convecção conduzem o manto
mais quente para regiões mais rasas, produzindo o grande volume de magma
basáltico que alimenta o vulcanismo das dorsais meso-oceânicas e que dá
origem à crosta oceânica;

b) nos arcos de ilha e nas cadeias de montanhas das margens continentais


convergentes, os magmas andesíticos são produzidos pela fusão da crosta
oceânica conduzida, pelo processo de subducção, para o manto;

c) nas grandes cadeias de montanhas, a parte inferior da crosta continental pode


atingir profundidades de até 50 km, com o conseqüente aumento de
temperatura, que pode ultrapassar a temperatura de início de fusão das rochas
constituintes da base da crosta, de modo a gerar os magmas de composição
granítica; e, por fim,

d) sítios anomalamente aquecidos, denominados plumas mantélicas, podem


desenvolver-se no manto, gerando tipos característicos de magmas basálticos.
Solidificação dos magmas

A cristalização ou solidificação do magma corresponde à transformação do material


magmático em sólido, através da formação dos minerais constituintes das rochas ígneas
plutônicas e vulcânicas.

Nos estágios iniciais da cristalização magmática, as diferentes fases minerais não


cristalizam concomitantemente: algumas formam-se primeiro, e, somente depois que a
composição do magma remanescente tiver sido modificada pela extração destas primeiras
fases, e sua temperatura tiver diminuído ainda mais, é que as demais fases minerais irão se
juntar às que já se encontram em processo de cristalização, ou mesmo irão substituí-las
neste processo.

A seqüência de cristalização resultante é definida por parâmetros termodinâmicos,


dependendo fundamentalmente da composição do magma inicial (TEIXEIRA; TOLEDO;
FAIRCHILD; TAIOLI, 2000).

Bowen propôs uma seqüência ideal de cristalização dos minerais, conforme pode ser
observado na Figura C.4.
Figura C.4: As séries de reações de Bowen.
Fonte: TEIXEIRA; TOLEDO; FAIRCHILD; TAIOLI. (2000).
As séries de Bowen demonstram as diferentes cristalizações dos principais minerais
formadores de rochas. As reações de cristalização estão correlacionadas aos tipos de
magma (basálticos andesiticos e graníticos) e com as diferentes temperaturas de
cristalização.

Essa série inicia-se com a cristalização da olivina, que apresenta SiO 2 inferior a 52% e
crsitalização superior a 1000ºC. À medida que esta concentração de Sílica torna-se maior,
e a temperatura de formação fica mais baixa, os minerais formados, serão os Piroxênios,
anfibólios (maficos), Plagioclásios e feldspatos (félsicos). Por fim, quando a concentração
de sílica for superior a 66% e cristalizada em temperatura inferior a 600ºC, formar-se-à
Quartzo.

Ressalta-se que os minerais mais instáveis são os que se formam primeiro, e a medida que
a temperatura diminui e a concentração de sílica aumenta, os minerais tornam-se cada vez
mais estáveis, até chegar ao quartzo.

O ambiente de consolidação de uma rocha ígnea pode ser no interior da crosta, formando
as rochas plutônicas ou intrusivas, ou em superfície, formando as rochas vulcânicas ou
extrusivas, conforme veremos a seguir.
Formas de Ocorrência das rochas ígneas
As principais formas de ocorrência das rochas ígneas na crosta terrestre, encontram-se
esquematizadas na Figura C5 e são descritas a seguir.

Figura C.5: Formas de ocorrência de rochas magmáticas.


Fonte: PRESS; SIEVER; GROTZINGER; JORDAN. (2004).
Corpos Intrusivos:
Plútons: designa grandes corpos intrusivos, formados em profundidade na crosta terrestre,
incluindo os batólitos e os stocks. Os batólitos, maiores corpos plutônicos, são enormes massas
irregulares de rochas ígneas de granulação grossa, que por definição, cobrem áreas, superiores a
100km2, como por exemplo o Batólito de Pelotas, no Rio Grande do Sul. Os demais corpos
plutônicos similares, mas de menor tamanho, são chamados de stocks. Tanto os batólitos quanto
os stocks são intrusões discordantes, isto é, cortam as camadas das rochas encaixantes que
intrudem.

Soleiras e Diques: são semelhantes aos corpos plutônicos em muitos aspectos, mas são menores e
têm uma relação diferente com as rochas adjacentes intrudidas .
As soleiras, também denominadas sill, são corpos tabulares, com forma de folha, formados pela
injeção de magma entre as camadas paralelas da rocha acamadada preexistente. As soleiras são
intrusões concordantes, ou seja, seus limites são paralelos às camadas, sejam elas horizontais ou
não.
Os diques correspondem a principal rota de transporte de magmas através da crosta. São similares
às soleiras por serem também corpos ígneos tabulares, entretanto cortam o acamamento das rochas
encaixantes e, portanto, seccionam-nas, representando, intrusões discordantes.

Veios: são depósitos de minerais que se localizam em uma fratura e que não tem a mesma origem
da crosta encaixante.

Necks vulcânicos: são corpos intrusivos discordantes formados pela consolidação de magma
dentro de chaminés vulcânicas, os condutos por onde o magma chega a superfície através dos
vulcões.
Derrame de lava:
As atividades vulcânicas podem se dar de duas formas, conforme a Figura C.6.

Figura C.6: Atividades vulcânicas. A) Esquema de erupção fissural;


Ascenção de magmas muito fluídos por fissuras profundas na crosta; B)
Esquema de vulcanismo de erupção central.
Fonte: PRESS; SIEVER (1986).
Erupção Central: na superfície do vulcão, forma-se um cone ligado ao conduto
vulcânico, por onde são ejetados lava, gases e materiais piroclásticos (os materiais
piroclásticos são os fragmentos expelidos para o ar, através da erupção de um vulcão).

Fissural: a lava extravasa ao longo de uma rede de fraturas na superfície terrestre,


recobrindo grandes áreas, derivando de um magma muito fluido.

As erupções fissurais não formam cone vulcânico.

A superposição dos sucessivos derrames de lava resulta na formação de um planalto


vulcânico, como por exemplo, o Planalto Sul Rio-riograndense.

Textura e estrutura
As rochas ígneas são as únicas rochas que não se formam a partir de outras rochas
preexistentes, sendo constituídas unicamente por minerais. Em decorrência do seu
processo genético, esse grupo de rochas exibe algumas características:
•São rochas compactas de alta dureza;
•Total ausência de fósseis;
•Ausência de estratificação, típica de outras rochas;
•Matéria vítrea pode fazer parte de sua composição, ocorrendo apenas nas rochas
extrusivas e chegando, em alguns casos, a constituir toda a rocha, como na obsidiana;
•Apresentam estruturas típicas, como a vesicular, fluidal, amigdalóide, etc.
Para classificar as rochas ígneas é preciso reconhecer sua textura, estrutura e
composição mineralógica.

A textura é o modo que os grãos minerais se arranjam entre si.

O lugar onde as rochas ígneas se formam reflete no tamanho dos minerais presentes:
rochas plutônicas apresentam minerais maiores e melhor cristalizados do que as rochas
vulcânicas devido ao resfriamento lento do magma em profundidade.

O tamanho do mineral depende da velocidade de cristalização, que por sua vez depende da
velocidade de resfriamento e viscosidade do magma.

Avaliando a relação de tamanho ENTRE os minerais que compõem a rocha, podemos ter
dois tipos de texturas:
Equigranular  todos os minerais possuem aproximadamente o mesmo tamanho;
Inequigranular  os minerais apresentam tamanhos diferentes, sendo uns maiores que os
outros. Os minerais maiores são conhecidos como pórfiros ou fenocristais.
 
OBS: Pórfiro ou fenocristais são cristais de tamanho avantajado, presentes numa rocha
ígnea.
 
Com relação ao tamanho dos minerais (grau de cristalinidade), as texturas podem ser:

Afanítica: os cristais dessas rochas são pequenos demais para serem vistos a olho nu,
decorrente do resfriamento rápido da lava ou material vulcânico na superfície terrestre. Essa
textura caracteriza as rochas ígneas extrusivas ou vulcânicas.

Fanerítica: os minerais individuais são facilmente visíveis a olho nu, indicando que a
solidificação do magma ocorreu em subsuperfície, pois o resfriamento lento do magma no
interior da terra proporciona o tempo adequado para o crescimento de cristais maiores
encaixados entre si, que caracterizam as rochas ígneas intrusivas ou plutônicas.

Porfirítica: Grãos maiores (fenocristais ou pórfiros) que se sobressaem em relação à uma


matriz um pouco mais fina (Matriz fanerítica).

Pórfira: Da mesma forma que a porfirítica, porém a matriz é afanítica.


O esquema na Figura C.7 irá auxiliá-lo a descrever as texturas das rochas ígneas permitindo
sua classificação em vulcânicas ou plutônicas.
Figura C.7: Esquema para identificação das textura das rochas ígneas .
Já a estrutura diz respeito ao arranjo espacial dos minerais constituintes de uma rocha,
bem como do tamanho e forma dos minerais. Comumente as rochas ígneas apresentam
as seguintes estruturas:

Maciça: rochas cujos minerais não exibem orientações preferencial segundo


determinadas direções. Tem o aspecto de uma massa rochosa compacta;

Fluidal: rochas que apresentam minerais isorientados, expressando movimento


direcional do magma quando da sua colocação e antes de seu resfriamento total;

Vesicular: rocha vulcânica que pode conter cavidades de forma circular, elíptica ou
irregular, resultantes da expansão dos gases presentes na lava, durante seu
resfriamento. Quando as vesículas ocorrem preenchidas por minerais são denominadas
amígdalas.

A Figura C.8 ilustra a relação da textura e estrutura das rochas ígneas.


Figura C.8. Relação textura e estrutura das
rochas vulcânicas.
Classificação das rochas ígneas
A textura e a estrutura, apresentadas pelas diversas rochas ígneas, fornecem informações
sobre o ambiente e a história de consolidação de cada rocha, permitindo uma classificação
petrográfica completa. Para a nomenclatura e classificação petrográfica dessas rochas a
composição mineralógica é quesito fundamental, relacionando diretamente cada rocha
ígnea com a composição do magma a partir do qual se consolidou.

Assim, a classificação das rochas ígneas é função da textura – ambiente de cristalização,


e da mineralogia – índice de coloração, relativo a % dos minerais escuros, e da presença e
freqüência de sílica.

As rochas ígneas são subdivididas em vulcânicas quando apresentam textura afanítica ou


vítrea, e intrusivas ou plutônicas quando a textura for fanerítica de qualquer granulação.
Assim, observa-se que as rochas ígneas podem ser divididas em duas classes texturais
amplas: as intrusivas ou plutônicas e as extrusivas ou vulcânicas.

Dentro de cada uma dessas categorias amplas, as rochas ainda são classificadas de acordo
com suas proporções relativas de minerais silicosos, que compreendem o quartzo,
feldspato (tanto o ortaclásio como o plagioclásio), micas, anfibólios, piroxênios e as
olivinas.
Os minerais ricos em sílica são de cores claras conhecidos como félsicos (a partir de
feldspatos e sílica), e os pobres em sílica são de cor escura denominados máficos (a partir
do magnésio e ferro).

Os minerais máficos cristalizam-se primeiro que os minerais félsicos em temperaturas mais


altas, isto é, nas primeiras fases de resfriamento do magma.

Rochas Ígneas Ácidas: constituem as rochas pobres em ferro, porém ricas em minerais com
altos teores de sílica, como o quartzo, o feldspato potássico e o plagioclásio. Possuem
conteúdos de sílica acima de 66%. O granito e o seu correspondente vulcânico, o riolito, são
exemplos desse grupo de rochas.

Rochas Ígneas Intermediárias: são constituídas principalmente por feldspato, podendo ou


não conter quartzo. Possuem conteúdo de sílica entre 66% e 52%. Como exemplo pode-se
citar o sienito.

Rochas Ígneas Básicas: São ricas em piroxênios e olivinas. Esses minerais são
relativamente pobres em sílica, mas ricos em magnésio e ferro, elementos que lhes
conferem cor escura. Os teores de sílica destas rochas variam entre 45% e 52%.

Cita-se nesse grupo de rochas o gabro e o basalto. Rochas Ígneas Ultrabásicas:


compreendem as rochas compostas fundamentalmente por minerais escuros como olivina e
piroxênio, contendo menos de 10% de feldspato. Como exemplo tem-se o peridotitos.
A Figura C.9 ilustra as relações entre teor de sílica, composição mineralógica e ambiente de
consolidação para as rochas ígneas mais comuns.

Figura C.9. As relações entre Índice de cor, teor de sílica, composição mineralógica
e ambiente de cristalização para as rochas ígneas mais comuns.
Fonte: TEIXEIRA; TOLEDO; FAIRCHILD; TAIOLI. (2000).
A partir do conhecimento da composição mineralógica e química das rochas ígneas, ficou
claro que, algumas rochas intrusivas e extrusivas apresentam composição mineralógica
idênticas, diferindo apenas na textura. O Quadro C.1 apresenta um resumo das principais
rochas ígneas, com mineralogia idêntica, diferindo apenas na textura (ígneas plutônicas
ou ígneas vulcânicas)
Rocha plutônica Correspondente rocha
(Matriz fanerítica) vulcânica (Matriz afanítica)

COM QUARTZO Granito Riolito


Feldspato Potássico >
Plagioclásio (Biotita mais
comum)
Granodiorito Dacito
Plagioclásio > Feldspato
Potássico (Biotita mais
comum)

SEM QUARTZO Diorito Andesito


Plagioclásio (Anfibólio)
Gabro Basalto
Plagioclásio (Piroxênio)
Sienito
Feldspato Potássico
(Anfibólio)

Quadro C.1: Relação entre ambiente de consolidação da rocha e composição química.


Figura C.10: Principais
rochas ígneas.

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