Você está na página 1de 7

INTRODUÇÃO A SOLOS

A mecânica dos solos estuda as características físicas dos solos e as suas


propriedades mecânicas (equilíbrio e deformação) quando submetido a acréscimos ou alívio
de tensões.
Os solos são altamente heterogêneos, isto é, suas características e propriedades
podem variar amplamente, de ponto para ponto, dentro de uma formação. Muitas das teorias
disponíveis para a análise do comportamento mecânico dos materiais admitem que os
materiais são homogêneos, isótropos e obedecem a leis lineares de tensão-deformação.
Materiais comuns tais como o concreto e o aço não se desviam significativamente desse
ideal e, portanto, pode-se usar teorias simples lineares para se prever respostas aos
carregamentos de engenharia
Conceito de solo:
Solo é a denominação que se dá a todo material de construção ou mineração da crosta
terrestre escavável por meio de pá, picareta, escavadouras, etc, sem necessidade de
explosivos.

OBJETIVOS

EMPREGO DO SOLO NA ENGENHARIA CIVIL


Solo como material de construção: Aterros, Barragens de Terra, Base e Sub-base
de Pavimentos, etc.
Solo como suporte de fundação: Valas, Sapatas, Blocos, Estacas, Subleito de
estradas, etc.

ORIGEM E EVOLUÇÃO DA MECÂNICA DOS SOLOS - CURIOSIDADES HISTÓRICAS

Os primeiros trabalhos sobre o comportamento dos solos datam do século XVII.


COULOMB, 1773, RANKINE, 1856 e DARCY 1856 publicaram importantes trabalhos sobre
o comportamento dos solos. O acumular de insucessos em obras de Engenharia observados
no início do século XX como:
O escorregamento de solo durante a construção do canal do Panamá, 1913;
Rompimento de grandes Barragens de Terra e Recalque em Grandes edifícios, 1913;
Escorregamento de Muro de Cais na Suécia, 1914. O Levou em 1922 a publicação
pelos suecos de uma nova teoria para o cálculo e Estabilidade de taludes;
Deslocamento do Muro de cais e escorregamento de solo na construção do canal
de Kiev na Alemanha,1915.
Em 1925 o professor Karl Terzaghi publicou seu primeiro livro de Mecânica dos solos,
baseado em estudos realizados em vários países, depois do início dos grandes acidentes.
A mecânica dos solos nasceu em 1925 e foi batizada em 1936 durante a realização
do primeiro Congresso Internacional de Mecânica dos Solos.

ORIGEM E FORMAÇÃO DOS SOLOS


Os solos são formados pela deterioração das rochas através do intemperismo. É todo
material orgânico e inorgânico que recobre uma camada de rocha e não oferece resistência
intransponível à escavação mecânica.
Na litosfera ocorrem os fenômenos geológicos relacionados à dinâmica interna tais
como movimentos tectônicos, sísmicos, magmáticos, metamórficos, etc. Compõe-se,
essencialmente, de rochas que na definição dos geólogos são agregados naturais formados
por um ou mais minerais, inclusive vidro vulcânico e matéria orgânica.
Nas regiões continentais a litosfera é formada de duas zonas; a superior,
denominada Sial (Sílica e Alumínio), onde predominam as rochas ricas em silício e alumínio
e a zona inferior, na qual se supõe haver predominância de silicatos de magnésio e ferro,
daí o nome de Sima (Sílica e Magnésio).
No substrato da crosta consolidada ocorre a zona do magma, variando sua
profundidade conforme a região, admitindo-se entretanto, que seja da ordem de 30 km nas
regiões de grande antiguidade e, consequente estabilidade tectônica. Nas regiões
vulcânicas a zona magmática localiza-se em profundidades bem menores.
O magma é uma mistura heterogênea e complexa de substâncias minerais no
estado de fusão, contendo ainda gases de diversas naturezas e substâncias voláteis que
escapam sob a forma de vapores. As substâncias que constituem o magma são em geral
pouco voláteis e com elevado ponto de fusão, na maioria dos casos.
Quanto a composição química, predominam largamente os silicatos, seguidos dos
óxidos, mais os compostos voláteis, dos quais a água é o mais importante. Potencialmente,
estão presentes todas as substâncias químicas que se associarão para formar os diversos
minerais das rochas às quais poderá dar origem.
O resfriamento e endurecimento do magma inicia um ciclo de formação, destruição
e transformação das rochas, pela ação de diversos agentes, conforme descrito na Figura 1.
Sob condições especiais de profundidade, temperatura e pressão, qualquer tipo de rocha
pode voltar a um estado de fusão, fechando o ciclo.
Os diferentes tipos de rocha são grupados em três classes principais - ígneas ou
magmáticas, sedimentares e metamórficas, em função do seu processo de formação.

Figura 1 – Ciclo de formação e desagregação das rochas

ROCHA

Agregado de um ou mais minerais, que é impossível de escavar manualmente, que


necessite de explosivo para o seu desmonte. É aquele material cuja resistência ao desmonte
é permanente só podendo ser vencida por meio de explosivos, exceto quando em processo
geológico de decomposição.

Todo solo tem sua origem, imediata ou remota, na decomposição das rochas pela ação
das intempéries; logo, suas propriedades estarão ligadas à natureza das rochas que lhe
deram origem e ao seu processo de formação. Portanto, a perfeita compreensão dos
componentes dos solos, que ditam seu comportamento, está ligada ao conhecimento da
origem das rochas e sua classificação.
INTEMPERISMO
É o conjunto de processos físicos, químicos e biológicos que ocasionam a
desintegração e decomposição das rochas e dos minerais, formando os solos.
O material rochoso próximo à superfície da crosta terrestre sofre, continuamente, um
processo de decomposição e transporte durante o qual experimenta profundas
transformações.
Intemperismo é o termo usado para descrever o processo de decomposição por
agentes atmosféricos e biológicos, segundo as mais variadas formas de ação; erosão é a
remoção das rochas alteradas pela chuva, rios, vento e gelo para outros locais - terrenos
baixos ou oceanos.
O caráter e a amplitude da alteração dependem, de um lado, da natureza da rocha,
isto é de sua composição química, estrutura e textura, e do outro, do clima da região, ou seja
das alternâncias de chuvas e temperatura. Mas em última análise, todos os mecanismos de
ataque às rochas podem ser classificados em dois grandes grupos: intemperismo mecânico
ou físico e intemperismo químico.

INTEMPERISMO FÍSICO
Ou mecânico é o processo de decomposição da rocha sem alteração química dos seus
componentes. Os principais agentes são:
- Variação de temperatura;
- Repuxo coloidal;
- Congelamento da água;
- Alívio de pressões.
INTEMPERISMO QUÍMICO
Processo de decomposição da rocha onde os vários processos químicos alteram e
depositam os minerais das rochas transformando-a em solo, ou seja, ocorre a alteração
química dos seus componentes. Neste caso há modificação na constituição mineralógica da
rocha, originando solos com características próprias. Este tipo é mais frequente em climas
quentes e úmidos.
Os tipos mais comuns são: Hidrólise; Hidratação; Oxidação e Carbonatação.
HIDRÓLISE - é importante, pois leva a destruição dos silicatos.
HIDRATAÇÃO - penetração da água nos minerais, através de fissuras. A hidratação ocasiona
nos Granitos e Gnaisses a transformação de feldspato em argila.
CARBONATAÇÃO - o carbonato de cálcio em contato com a água carregada de ácido
carbônico se transforma em bicarbonato de cálcio.
OXIDAÇÃO - mudança que sofre um mineral em decorrência da penetração de oxigênio na
rocha.
INTEMPERISMO BIOLÓGICO
Processo no qual a decomposição da rocha se dá graças a esforços mecânicos
produzidos por vegetais através de raízes, escavação de roedores, etc.

Deve-se destacar a importância do fator clima, pois a mesma rocha poderá formar solos
completamente diferentes se decomposta em diferentes climas. Exemplos:
O granito e uma rocha constituída pelos minerais quartzo, feldspato e mica. Em
clima tropical, sofre o processo de decomposição seguinte: depois de trazida à superfície da
crosta, a rocha é fraturada pela alternância de calor e chuva. Quando suficientemente
fraturada, começa o ataque químico pela água acidulada, geralmente com gás carbônico
agressivo, proveniente da decomposição dos vegetais. Esta acidulação é crescente com a
temperatura e, portanto, mais efetiva nos países tropicais. Os feldspatos são atacados, a
rocha desmancha-se e os grãos de quartzo, embora não sejam alterados, soltam-se,
formando os grãos de areia e pedregulhos. Os feldspatos vão dar o mineral denominado
argila e sais solúveis que são carreados. Algumas espécies de mica (biotita mica ) sofrem
processo de alteração semelhante ao dos feldspatos, formando também argilas.
A decomposição do basalto se dá, principalmente, nos locais de clima tropical, de
invernos secos e verões úmidos, pelo ataque das águas aciduladas, sobre os feldspatos
plagioclásicos. No resultado predominam as argilas, sem a presença de areia, pois os
basaltos não contém quartzo. No centro-sul do Brasil a decomposição do basalto forma
um solo típico conhecido como “ terra-roxa ”.
O micaxisto é uma rocha de origem metamórfica, constituída essencialmente de
micas, quartzo, alguns feldspatos e vários minerais secundários. A decomposição do
micaxisto dá aparecimento a um material argiloso, com predominância de palhetas de mica,
daí a denominação de solo micáceo.
CLASSES DE SOLO QUANTO À FORMAÇÃO

Os vários tipos de intemperismo e a intensidade com que atuam no processo de


formação dos solos, dão origem a diferentes tipos de solo.

CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS QUANTO A ORIGEM E FORMAÇÃO


Os solos classificam-se quanto a origem em solos residuais, transportados
(sedimentares) e orgânicos.

SOLOS RESIDUAIS - solos que permanecem no local de decomposição rocha que lhes deu
origem. Para a sua ocorrência é necessário que a velocidade de remoção do solo seja menor
que a velocidade de decomposição da rocha.
A rocha que mantém as características originais, ou seja, a rocha sã é a que ocorre
em profundidade. Quanto mais próximo da superfície do terreno, maior é o efeito do
intemperismo. Sobre a rocha sã encontra-se a rocha alterada, em geral muito fraturada e
permitindo grande fluxo de água através das descontinuidades. A rocha alterada é
sobreposta pelo solo residual jovem, ou saprólito, que é um material arenoso. O material
mais intemperizado ocorre acima do saprólito e é denominado solo residual maduro, que
contém maior percentagem de argila. O Brasil é rico em solos residuais e a Figura 2 ilustra
os processos descritos.
Solo residual O solo perdeu toda a estrutura original da rocha
maduro matriz e tornou-se relativamente homogêneo

Saprolito Mantém a estrutura original da rocha-matriz,


inclusive veios intrusivos, fissuras, xistosidades e
camadas, mas perdeu totalmente sua consistência.

Rocha decomposta Blocos em material alterado. A alteração progrediu


ao longo de fraturas ou zonas de menor resistência,
deixando relativamente intactos grandes blocos da
rocha original, envolvidos por solo de alteração de
rocha.
Rocha sã Rocha inalterada.

Figura 2 – Perfil de solo residual

SOLOS TRANSPORTADOS - são aqueles que foram levados de seu local de origem por algum
agente de transporte e lá depositados. As características dos solos sedimentares do agente
de transporte.
Os agentes de transporte são: Ventos; água (solos aluvionares); água dos oceanos e
mares (solos marinhos); água dos rios (solos fluviais), ver Figura 3; água das chuvas (solos
pluviais); gelo (solos glaciares); gravidade (solos coluvionares).

Figura 3 – Depósito de aluvião

SOLOS ORGÂNICOS – ocorre com a contaminação do solo por sedimentos orgânicos


preexistentes, em geral misturados de restos de animais e vegetais. Cor escura e cheiro
forte (terra preta). As TURFAS, por exemplo, são solos que incorporam florestas soterradas
em estado avançado de decomposição. Como as turfas se originam em águas estagnadas
e pouco arejadas, a decomposição é muito lenta e incompleta, ficando preservada parte dos
vegetais. Forma-se então um solo fibroso, essencialmente de carbono, com baixo peso
específico e combustível, quando seco. Não se aplicam as teorias da mecânica dos solos.
Os solos formados com impregnação de matéria orgânica em sedimentos pré-
existentes são os de maior importância técnica. A matéria orgânica origina-se da
decomposição de restos de plantas ou animais. O produto final é um material escuro que
impregna os grãos do solo, denominado humus, relativamente estável e facilmente carreado
pela água. A impregnação ocorre, principalmente, nas partículas muito finas (argilas e siltes)
e em menor extensão nas areias. Não se formam areias grossas e pedregulhos orgânicos,
pois sendo altamente permeáveis a velocidade desenvolvida é suficientemente grande para
carrear toda a matéria orgânica estável.

Referências:
Caputo, H. P. (2015). Mecânica dos solos e suas aplicações. 7Ed. Livros Técnicos e
Científicos Editora Ltda. Rio de Janeiro.
CHIOSSI, N.J. (1975) Geologia Aplicada à Engenharia, Universidade de São Paulo-Escola
Politécnica.
RODRIGUES, J.C. (1977) Geologia para Engenheiros Civis, Ed. Mc.Graw-Hill do Brasil Ltda.

Você também pode gostar