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:t~mperismo, erosão e ciclo das rochas
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Depois que os processos tectônicos e vulcânicos formaram as montanhas, a decomposi-
ção química e a fragmentação física, juntamente com a chuva, o vento, o gelo e a neve,
1 721 Para Entender a Terra
desgastam essas regiões elevadas. A erosão é o conjunto de pro- ção e a decomposição das rochas são as propriedades da roch20
cessos que desagregam e transportam solo e rochas morro abai- matriz, o clima, a presença ou a ausência de solo e o tempo
xo ou na direção do vento. Esses processos transportam o mate- exposição das rochas à atmosfera. Esses quatro fatores estã
rial alterado da superfície da Terra de um local e depositam-no sumarizados no Quadro 7.l.
em outro lugar. Como a erosão move o material sólido alterado,
novas porções de rocha fresca e inalterada vão sendo expostas ao
As propriedades da rocha-matriz
intemperismo.
O intemperismo e a erosão são processos geológicos impor- A natureza da rocha-matriz controla o intemperismo porque c:
tantes no ciclo das rochas e nos sistemas da Terra, como descri- os minerais alteram-se com taxas diferentes e (2) a estrutuL
to no Capítulo 4. Juntamente com a tectônica e o vulcanismo das rochas influencia sua suscetibilidade de fraturar-se e frag-
mentar-se. Inscrições em lápides antigas oferecem boas evidêr:-
(outros dois elementos do ciclo das rochas), o intemperismo e a
cias da variação das taxas em que as rochas se alteram. As 1--
erosão modelam a superfície terrestre e alteram os materiais ro-
tras recém-esculpidas numa lápide apresentam-se bem níti
chosos, convertendo rochas ígneas, bem como as demais, em
em relação à superfície polida de inscrição. Entretanto, apó
sedimentos e formando solos. De certa forma, o intemperismo
centenas de anos de exposição num clima de chuvas mode _
e a erosão são inseparáveis. Quando rochas como o calcário pu-
das, a superfície polida da lápide de calcário estará fosca e
ro ou as rochas evaporíticas são alteradas pela chuva, por exem-
plo, todo o material é completamente dissol vido e levado pela letras inscritas terão quase se dissolvido, da mesma forma q -
água como íons em solução. O material do intemperismo quí- o nome inscrito numa barra de sabão desaparece logo depois -
pouco uso (Figura 7.1). Por outro lado, o granito mostrará -
mico constitui-se no principal aporte de matéria dissolvida nos
oceanos. mente algumas poucas mudanças. As diferenças entre a altere-
ção do granito e a do calcário resultam das distintas compo
As seções iniciais deste capítulo enfatizarão o intemperismo
ções mineralógicas dessas rochas. Entretanto, depois de u
químico porque ele é, de alguma maneira, o fator controlador de
certo tempo, mesmo uma rocha com mais resistência inevi
todo o processo. Os efeitos do intemperismo físico, embora sem- velmente decompor-se-á. Após centenas de anos, o monumeI:-
pre importantes, dependem largamente da decomposição quími-
to de granito também será consideravelmente alterado e apre-
ca. Antes de aprofundar ainda mais o assunto, porém, examina- sentará uma superfície opaca e letras esmaecidas. Se utilizás ~-
remos os fatores controladores do intemperismo.
mos uma lupa para observar mais de perto a alteração do graffi-
to, veríamos diferentes padrões de alteração dos seus grãos !lI'
nerais constituintes. Os cristais de feldspato mostrariam sina:.
de corrosão e suas superfícies estariam opacas e cobertas co-
.'~quealgumas rochas uma película fina e amolecida de argila. A composição quím:.-
eteorizam-se mais rapidamente ca das porções externas dos grãos de feldspato teria muda
originando-se novos minerais. Os cristais de quartzo aparec.:-
que outras? riam frescos - claros e sem alteração.
A estrutura da rocha também afeta o intemperismo físic
Todas as rochas alteram-se, mas a maneira e a taxa em que isso Monumentos de granito podem permanecer inteiros e sem fé-
ocorre é variável. Os quatro fatores que controlam a desintegra- chaduras mesmo depois de séculos de exposição, embora p05-
r'."" ::r ~
Taxa de alteração
Lenta •. Rápida
-------- &. - ~~
CAPíTULO 7 • Intemperismo e Erosão I 1 73
• resentar evidências de certo intemperismo químico. Ro- De outro modo, climas que mjnimizam o intemperismo quí-
'gneas intrusivas, incluindo muitos granitos, podem ser mico podem acentuar o intemperismo mecânico. Por exemplo,
,. - isto é, grandes massas que não exibem mudança do a água congelada pode atuar como uma cunha, abrindo fissuras
-.e rocha ou estrutura. Rochas maciças não têm planos de e rochas.
-Ó'zaque contribuem para o fraturamento ou fragmentação.
=lltemente, um folhelho - rocha sedimentar que se rompe
Presença ou ausência de solo
ente ao longo dos planos de acamamento - quebra-se em
;O pequenos tão rapidamente que os taludes de uma estra-
O solo, um dos nossos mais importantes recursos naturais, é
ém-aberta em terrenos dessa rocha ficam cobertos de pe- composto por fragmentos de rocha, argilominerais formados
= os em apenas poucos anos. pela alteração química dos minerais da rocha-matriz e pela ma-
téria orgânica produzida por organismos que nele vivem. Em-
bora o solo seja ele próprio um produto do intemperismo, sua
a: chuva e temperatura presença ou ausência pode afetar o intemperismo químico e fí-
visita às lápides expostas no continente norte-americano, sico dos materiais. Um prego antigo que foi enterrado no solo.
- os Estados Unidos até o Canadá e o Alasca, revelaria que por exemplo, toma-se tão enferrujado que você pode quebrá-Ia
de intemperismo, tanto químico como físico, variam como se fosse um palito de fósforo. Já um prego arrancado da
nas devido às propriedades da rocha, mas também por madeira de uma casa centenária poderá estar ainda bem re i -
do clima - a quantidade de chuva e a temperatura. Altas tente, embora coberto por uma fina película de ferrugem. Da
eraturas e chuvas intensas aumentam a taxa de crescimen- mesma forma, um níÍneral de um solo espesso nas terras baixas
...ê organismos e, assim, promovem o intemperismo químico. de um vale pode estar intensamente alterado e orroído. en-
- e a aridez, por seu turno, impedem esse processo. Lápi- quanto o mesmo mineral exposto na rocha de um penh o pró-
~tigas em clima quente e úmido, como o da Plórida ximo estará muito menos alterado. Embora o penhas o também
_-_;').sofrem intensa alteração química, mas aquelas de mes- esteja exposto a chuvas ocasionais, a rocha de sua parede geral-
e.ade em clima quente e seco do Sudoeste Norte-America- mente seca e o intemperismo atua de forma muiro lema. Ne-
- dificilmente afetadas. Por sua vez, lápides em regiões nhum solo se forma em penhascos porque a chuya rapidamen-
- - ~ ecas do Ártico mostram bem menos alteração química te carrega as partículas soltas para as áreas mais baixas. onde se
__e aquelas do Sudoeste Norte-Americano. Em climas frios, acumulam.
~:m não pode dissolver os minerais porque está congelada. A produção do solo é um processo de retroalimentação posi-
- _ a vez, em climas áridos, ela está relativamente ausente. tiva - isto é, o produto do processo impul iona o próprio proces-
::mbos os casos, as populações de organismos são muito so. Uma vez iniciada a formação do 010. ele funciona como um
e o intemperismo químico atua lentamente. agente geológico que acelera a alteração da rocha. O solo retém a
1 74 Para Entender a Terra
água da chuva e hospeda diversos vegetais, bactérias e outros or- quanto ele. Este mineral é apenas um dos muitos silicatos que ;
ganismos. Essas formas de vida geram um ambiente ácido, que, alteram por reações químicas para formar outras espécies q~
juntamente com a umidade, promove o intemperismo químico, o contêm água, conhecidas como argilominerais. O comportameG-
qual altera e dissolve os minerais. Raízes de plantas e cavidades to do feldspato durante o intemperismo ajuda-nos a entender ík
feitas por organismos no solo promovem o intemperismo físico, maneira geral o processo de alteração, por duas razões:
pois ajudam a criar fraturas na rocha. O intemperismo químico e
1. Há uma grande abundância de iriinerais silicosos na Terra.
físico, por sua vez, leva à formação de mais solo.
2. Os processos de dissolução e decomposição química que pro-
Tempo de exposição vocam a alteração do feldspato são os mesmos que causam a al-
teração de outros tipos de minerais.
Quanto maior o tempo de alteração de uma rocha, maior sua
decomposição química, mais forte sua dissolução e mais inten- No início deste capítulo, quando descrevemos a mudan,_
sa sua desagregação física. As rochas que têm sido expostas na que os minerais sofreram numa lápide de granito alterado, ob-
superfície terrestre por alguns milhares de anos formam um servamos que os cristais de feldspato encontravam-se corroídos
manto de intemperismo - uma capa externa de material altera- e alterados. Porém, o exemplo extremo de alteração do feldspa-
do com espessura variando desde alguns milímetros até muitos to pode ser observado em matacões de granito nos solos de re-
centímetros - que envolve a rocha sã e inalterada. Em climas giões tropicais úmidas. Aí, muitos dos fatores que promovem c
secos, alguns mantos desenvolvem-se lentamente, com taxas de intemperismo - chuva intensa, temperatura alta e a presença de
0,006 mm por mil anos. solo e abundante atividade orgânica - estão presentes. Mata-
Derrames e depósitos de cinza vulcânicos recentes, portan- cões de granito em regiões tropicais encontram-se tão fragiliza-
to com um período curto de exposição na superfície terrestre, dos que podem ser facilmente quebrados com um pontapé 0_
encontram-se, ainda, relativamente pouco alterados. Como co- esmigalhados num monte de grãos minerais soltos. A maiori_
nhecemos as datas das erupções mais recentes, podemos medir dos grãos de feldspato desses matacões foi alterada para argila..
o tempo necessário para que sejam alcançados os diversos está- Quando observado num microscópio eletrônico sob grande au-
gios do intemperismo. Nos anos anteriores à erupção do vulcão mento, qualquer grão de feldspato remanescente mostraria si-
Santa Helena (EUA), em 1980, por exemplo, os depósitos de nais de corrosão e estaria revestido por uma capa de argila (Fi-
cinza vulcânica encontravam-se intensamente meteorizados e gura 7.2). Os cristais de quartzo, ao invés disso, estariam rela-
os minerais originais estavam alterados em outras espécies. tivamente intactos e inalterados.
Contudo, os derrames de lava solidificada formados no mesmo Em uma amostra de granito são, a rocha é dura e sólida por-
período de tempo dos depósitos de cinza encontravam-se rela- que uma rede de ligação intergranular mantém os cristais de
tivamente frescos. A diferença do grau de alteração deveu-se,
principalmente, ao fato de que a cinza é constituída por partícu-
las muito pequenas, as quais se alteram bem mais rápido que as
rochas vulcânicas, que são muito mais maciças.
Abordaremos a seguir, com mais detalhes, os dois tipos de
intemperismo: o químico e o físico ou mecânico.
~~l~ • , •
• ::1:
~ ;empensmo qUlmlco
As rochas alteram-se quimicamente quando seus constituintes
minerais reagem com o ar e a água. Nessas reações químicas,
alguns minerais dissolvem-se. Outros, combinam-se com a
água e alguns componentes da atmosfera, como o oxigênio e o
gás carbônico, formando minerais novos. Algumas dessas rea-
ções químicas podem ser deduzi das a partir de observações de
campo. Quando conseguimos combinar tais observações com
experimentos de laboratório que simulam os processos natu-
rais, melhoramos nossa visão sobre os mecanismos do intem-
perismo químico. Iniciaremos nossa investigação pelo exame
da alteração química do feldspato, o mineral mais abundante da
rosta da Terra.
Biotita
ra 7.3 Vistas microscópicas diagramáticas dos estágios de desintegração do granito. [Chip Clark]
Proporcionalmente à sua ... do que blocos menores, Na superfície terrestre, o ácido natural mais comum - e res-
massa, os grandes blocos de de modo que, quanto ponsável pelo aumento das taxas de intemperismo - é o ácicb
rocha têm menos área menores os blocos, mais rá- carbônico (H2Ca3). Esse ácido fraco forma-se quando o g'-
superficial exposta ao pido se dá o intemperismo. dióxido de carbono (Ca2) contido na atmosfera dissolve-se n:.
intemperismo químico... água da chuva:
COZ-HC03-·
Calcita
(calcá rio)
-~mpo. Podemos, a partir disso, escrever a reação química da tros minerais das rochas na subsuperfície. A respiração das bac-
[era>ão do feldspato com a água: térias no solo pode aumentar a concentração de dióxido de car-
bono nele contido até muito mais de cem vezes aquela da --
feldspato + ácido carbônico + água ~ mosfera!
2KAISips 2H2C03 Hp As rochas alteram-se mais rapidamente em climas tropicai:
íons de
úmidos do que em climas temperados ou frios, principalmen ~
íons de
caulinita + sílica + + bicarbonato
porque as plantas e as bactérias crescem de maneira acelerada
potássio
dissolvida dissolvida dissolvidos dissolvidos em climas quentes e úmidos, contribuindo com o ácido caroo-
AI2Sips(OH\ 4Si02 2K+ 2HC03-
nico e outros ácidos que promovem a alteração. Além disso. _
maioria das reações químicas, inclusive do intemperismo, ace-
Essa simples reação do intemperismo ilustra os três princi- lera-se com o aumento de temperatura.
pais efeitos químicos da decomposição dos silicatos. Ela lixi-
via, ou leva em solução, cátions e sílica. Além disso, hidrata
(ou adiciona água) os minerais e toma as soluções menos áci-
o rápido intemperismo dos carbonatos
das. Especificamente, o ácido carbônico na água da chuva au- Mesmo a olivina, o mineral silicoso que mais rapidamente s=
xilia no intemperismo do feldspato da seguinte maneira (Figu- altera, dissolve-se de maneira relativamente lenta quando com-
ra 7.6b): parada com alguns outros minerais fOlwadores de rochas não-
silicosos. O calcário, constituído de minerais carbonáticos di:
• Uma pequena proporção de moléculas de ácido carbônico io- calcita (cálcio) e doI omita (cálcio e magnésio), altera-se muir
niza-se, formando íons de hidrogênio (H+) e de bicarbonato
rapidamente em regiões úmidas. Antigas construções de calc'-
(HC03 -) e, assim, toma as gotas da água da chuva levemente
mais ácidas. rio mostram os efeitos da dissolução do mesmo pela chuva (Fi-
gura 7.7). A água subterrânea dissolve grandes quantidades de
• A água levemente mais ácida dissolve os íons de potássio e sí- minerais carbonáticos, escavando cavernas em formações cal-
lica do feldspato, deixando um resíduo de caulinita, que é uma cárias. Agricultores e jardineiros utilizam calcário moído p~
argila sólida. Os íons de hidrogênio do ácido combinam-se com contrabalançar a acidez do solo devido à propriedade que e
os átomos de oxigênio do feldspato para formar a água na estru- rocha tem de dissolver-se rapidamente nas épocas de plantio.
tura da caulinita. Esse novo mineral toma-se parte do solo ou é Quando o calcário se dissolve, nenhum argilomineral é form -
transportado como sedimento. do. Os sólidos dissolvem-se completamente e seus componen-
tes são levados na solução.
• A solução toma-se menos ácida à medida que a reação pro-
O ácido carbônico contribui para a alteração do calcárie
gride.
justamente como faz com os silicatos (ver Figura panorâmic
• Sílica, íons de potássio e bicarbonato dissolvidos são levados 7.6b). A reação geral pela qual a calcita, o principal minera:
pela água da chuva e dos rios, sendo, por fim, transportados até o
oceano.
ilidade A solubilidade de um mineral específico é medi- Diferentes silicatos formam diferentes argilas
_ ~la quantidade deste dissolvida na água quando a solução Os argilominerais são os principais componentes dos solos e
-;i saturada. A saturação é o ponto no qual a água não pode dos sedimentos que cobrem a superfície terrestre. Alguém po-
- -- conter a substância dissolvida. Quanto maior a solubilida- deria esperar que isso fosse mesmo ocorrer, pois os silicatos
jo mineral, menor a sua estabilidade no intemperismo. Ro- formadores de rocha constituem uma grande fração da crosta
- - evaporíticas, por exemplo, são instáveis ao intemperismo. terrestre e o intemperismo na superfície é bastante extenso. De-
~ têm alta solubilidade na água (cerca de 350 g/L) e são lixi- pósitos de argila suficientemente pura para ser utilizada como
s do solo mesmo por pequenas quantidades deste líquido. matéria-prima na produção de objetos de cerâmica, como por-
_ ~artzo, pelo contrário, é estável em condições de intempe- celanas e artefatos industriais, são encontrados em alguns solos
o. Sua solubilidade na água é muito pequena (cerca de e rochas sedimentares incomuns. Já tijolos, telhas e outras ce-
~ 8 g/L) e ele não é facilmente lixiviado do solo. râmicas de construção requerem materiais menos puros.
180 I Para Entender a Terra
As argilas formam-se por meio do intemperismo de vários mente encontrado em meteoritos, os átomos de ferro não têrr;
tipos de minerais de silicato, não apenas do feldspato. ° anfi- carga: eles não ganharam nem perderam elétrons pela reação
bólio, a mica e outros silicatos do granito alteram-se para for- com qualquer outro elemento. No ferro ferroso (Fez+), encon-
mar argilas de forma muito semelhante à da alteração do felds- trado em silicatos como o piroxênio, o átomo de ferro perde
pato. À medida que os minerais sofrem intemperismo, absor- dois elétrons que possuía na forma metálica e, assim, tomou- e
vem água e sílica e perdem íons como os de sódio, potássio,
cálcio e magnésio para a solução. A formação de diferentes ti-
um íon. ° ferro presente no mais abundante óxido de feno dz
superfície tenestre, a hematita (FeZ03), é o ferro férrico
pos de argila, a partir desse processo, depende de dois fatores: (Fe3+); os átomos do feno, nesse caso, perderam três elétron __
1. Composição dos silicatos parentais Os íons de ferro fenoso oxidam-se pela perda adicional de um
elétron, mudando de 2+ (fenoso) para 3+ (férrico). Todos os óxi-
2. Clima dos de ferro formados na superfície da Terra têm valência 3+. Os
elétrons perdidos pelo feno são ganhos pelos átomos de oxige-
Por exemplo, a montmorillonita, um argilomineral que se nio, que se tomam íons de oxigênio (Oz-). Assim, os átomos de
expande quando absorve grande quantidade de água, forma-se
oxigênio da atmosfera oxidam o íon ferroso, que então se con-
tipicamente a partir do intemperismo de cinzas vulcânicas. Ela verte no íon fénico.
é, também, um produto comum da alteração de outros silicatos,
especialmente em ambientes semi-áridos, como os dos planal- Quando o piroxênio - e outros minerais ricos em feno - e
tos do Sudoeste Norte-Americano. Como resultam de uma exposto à água, sua estrutura de silicato dissolve-se, liberando
grande variedade de silicatos parentais, climas e, mesmo, de ar- sílica e feno fenoso para a solução, onde o íon Fe2+ é oxidado
gilominerais, predizer o caminho do intemperismo dos silicatos para Fe3+ (Figura 7.8). A força da ligação química entre o íon
até a formação de um argilomineral específico é uma tarefa pa- férrico e o oxigênio resulta na insolubilidade do ferro fénico nê
ra geólogos especializados e cientistas dos solos.
Nem todos os silicatos se alteram para formar argilomine-
rais. Aqueles que se alteram rapidamente, como alguns piroxê-
nios e olivinas, podem se dissolver completamente em climas Do piroxênio de ferro
úmidos, não deixando nenhuma argila como resíduo. ° quart-
zo, que apresenta uma das menores taxas de alteração dentre os
dissolve-se e libera, na
solução, snica e ferro
inúmeros silicatos, também se dissolve sem formar qualquer ar- ferroso.
gilomineral. Piroxênio (FeSi03)
A alteração dos silicatos pode formar outros materiais que
não sejam apenas os argilominerais. Um outro produto, por
exemplo, é a bauxita, um minério composto de hidróxido de
alumínio, que é a principal fonte de alumínio. A bauxita forma- r@
se quando os argilominerais derivados do intemperismo dos si-
licatos continuam a se alterar até que tenham perdido toda a sua
sílica e outros íons que não os de alumínio. A bauxita é encon-
trada em regiões tropicais, onde a chuva e o intemperismo são
Si02
Sílica
0
Ferro
ferroso
intensos.
o O ferro ferroso é oxidado
pelas moléculas de oxigênio
para formar ferro férrico.
o papel do oxigênio no intemperismo: dos
silicatos de ferro aos óxidos de ferro
° ferro é um dos oito elementos mais abundantes da crosta ter-
restre, mas o ferro metálico, ou seja, o elemento químico na Ferro férrico
sua forma pura, é raramente encontrado na natureza. Ele está
11O ferro férrico combina-se
com a água para se
presente somente em certos tipos de meteoritos que caem na precipitar, a partir da
Terra vindos de outros lugares do sistema solar. A maior parte soluçãO, como um óxido de
do minério de ferro utilizada para produzir ferro e aço é forma- ferro sólido.
da pelo intemperismo. Esses minérios são compostos de óxi-
dos de feno originalmente produzidos durante o intemperismo
de silicatos ricos em feno, como o piroxênio e a olivina. °fer-
ro liberado pela dissolução desses minerais combina-se com o
oxigênio da atmosfera para formar óxidos de feno. Essa rea-
,ão química é chamada de oxidação, porque é a combinação Óxido de ferro (hematita)
de um elemento com o oxigênio. Assim como a hidrólise, a Fez03
oxidação é um dos mais importantes processos do intemperis-
mo químico. Figura 7.8 O percurso genérico das reações químicas pelas
° feno pode estar presente nos minerais em três formas: fer-
ro m°táli o. feno fenoso ou feno férrico. No feno metálico, so-
quais um mineral rico em ferro, como o piroxênio, altera-se na
presença de oxigênio e água.
CAPíTULO 7 • Intemperismo e Erosão ~
Figura 7.9 Óxidos de ferro vermelhos e marrons colorem as rochas alteradas no Vale dos
Monumentos (Monumenf Vafley), no Arizona (EUA). [Betly Crowell]
Figura 7.10 Padrões de juntas alargadas e alteradas, Figura 7.11 Organismos, como estas três raízes de árvores,
desenvolvidas em duas direções, nas rochas da Reserva Estadual penetram nas fraturas das rochas, alargando-as e promovendo
de Ponto Lobos (Point Lobos 5tate Reserve), Califórnia (EUA). Ueff ainda mais as alterações químicas e físicas. [Peter Kresan]
Foott/DRK]
:ragmentar-se como resultado de um ciclo diário de dias chedos das quedas-d'água e corredeiras. As ações de abrasão e
e noites frias num deserto, onde as temperaturas no cre- remoção feitas por geleiras também podem desintegrar massas
o podem variar de 43 a 15°C, em um intervalo de uma rochosas, como veremos no Capítulo 16. No Capítulo 18, abor-
.\5 rochas podem fragilizar-se com sua expansão no calor daremos como ondas com uma força igual a centenas de tone-
ção no frio. A queima de campos e florestas tem mos- ladas por metro quadrado, ao se chocarem contra as falésias,
que o fogo alastrado sobre uma rocha pode rachar a su- fraturam o substrato rochoso exposto.
:ie dela. Várias simulações da fragmentação natural causa-
_ • temperaturas extremas feitas em laboratório não têm
. rado essa hipótese. Entretanto, os apoiadores dessa
o intemperismo físico e a erosão
gumentam que o tempo de experimento em laboratório Como já foi enfatizado, o intemperismo e a erosão são pro-
:- 'uficientemente equivalente aos milhares de anos neces- cessos interativos e muito relacionados. O intemperismo físi-
co e a erosão estão estreitamente vinculados no modo como
- : para que o processo de expansão, no calor, e contração,
=u. fragilize uma rocha, tomando possível seu fraturamen- o vento, a água e o gelo trabalham para transportar o material
alterado.
- questão ainda não foi resolvida.
FATORESDO INTEMPERISMO
Há menos intemperismo, erosão e Há mais intemperismo, erosão e formação
1 . Duração do intemperismo formação de solo quanto mais curto for de solo quanto mais longos forem os
o período de tempo períodos de tempo
2. Tipo de substrato rochoso Mais minerais estáveis (p. ex., quartzo) Menos minerais estáveis (p. ex., feldspato)
resultam em intemperismo menos intenso resultam em intemperismo mais intenso
Quantidade Pouca chuva (menos dissolução de Muita chuva (mais dissolução de minerais,
de chuva minerais, intemperismo físico, produção de argilominerais, produção de
fragmentação e erosão) partículas de pequeno tamanho e erosão)
Acidez da chuva Baixa acidez (menos dissolução de Alta acidez (mais dissolução de minerais e
minerais e intemperismo físico) produção de argilominerais)
4. Relevo Encosta íngreme Menos intemperismo químico Mais intemperismo físico, mais erosão
Encosta suave Menos intemperismo físico, menos Mais intemperismo químico
erosão
~ _-tão detalhados nos Capítulos 12 a 16, contribuem para quenas tiras, lentes e crostas. ,-\cam da inf rior. o horizonte C.
:mação de diferentes tipos de paisagem (Capítulo 17). é o substrato rochoso lewmeme alre o, - _ ~n do e de-
composto, misturado com a argila do i.a ~illpe;is;no quími o. A
transição de um horizonte para outro gera!m~n ~ indistinta
.'>
Horizonte A
Clima temperado
Clima seco
PEDALFER
Húmus e solo PEDOCAL
LATERITO
lixiviado (quartzo
e argilominerais Camada de húmus Húmus e
presentes) solo lixiviado
delgada ou ausente
Figura 7.16 Perfis de solos. A espessura do perfil de solo mais ocasionalmente, o quartzo. Todos os materiais solúveis,
depende do clima, do tempo de formação do solo e da inclusive a snica, que é relativamente insolúvel, são lixiviados;
composição da rocha-matriz. A transição de um horizonte para assim, todo o perfil de solo pode ser considerado como um
outro é geralmente gradativa. (a) Perfil de solo pedalfer horizonte A sobrepondo-se diretamente num horizonte C. (c)
desenvolvido em um granito numa região de chuva intensa. Os Perfil de solo pedocal desenvolvido em substrato sedimentar
únicos materiais da camada superior do perfil do solo são os numa região de pouca chuva. O horizonte A é lixiviado; o
óxidos de ferro e de alumínio e silicatos, como o quartzo e horizonte B é enriquecido em carbonato de cálcio precipitado
argilominerais, todos bastante insolúveis. (b) Perfil de solo laterito pela evaporação da água do solo. [Foto cortesia do
desenvolvido em rocha ígnea máfica numa região de clima Departamento de Indústrias Primárias (Department of Primary
tropical. Na camada superior, somente os precipitados mais Industries), Victoria, Austrália]
insolúveis, como os óxidos de ferro e de alumínio, permanecem e,
CAPíTULO 7 • Intemperismo e Erosão 11 87
:. ?Odem diminuir ou mesmo desaparecer. Ambos podem Áreas com chuvas moderadas a alta . como no Le te dos
~yolver os mesmos argilominerais, dependendo da exata Estados Unidos, parte do Canadá e grande parte da Europa, são
_za do clima, e terão perdido todos os minerais solúveis o lugar ideal do grupo de solos pedaIfer (\"er Figura 7.16a). Es-
=mIJadas superiores. Assim, solos jovens são afetados pe- se nome deriva da palavra grega pedon, que significa "chão" ou
posição da rocha-matriz, mas solos antigos, principal- "solo", e dos símbolos dos elementos químicos alumínio (AI) e
~ pelo clima. ferro (Fe). As camadas superior e intermediária do pedalfer
contêm abundantes minerais insolúveis, como o quartzo, argi-
:>ara Entender a Terra
.ominerai e produtos da alteração do ferro. Carbonatos e ou- tender o clima antigo e, mesmo, para quantificar a concen _
uo minerais mais solúveis estão ausentes. O grupo pedalfer ção de dióxido de carbono e oxigênio na atmosfera de épo
reúne bons solos para a agricultura. passadas. A mineralogia de paleossolos de bilhões de anos atrE
fornece evidências de que não houve oxidação dos solos n
Climas úmidos: grupo dos lateritos Em climas quentes e primeiros estágios da história da Terra e de que, portanto, o o.
úmidos, o intemperismo é rápido e intenso e os solos tomam-se gênio ainda não tinha se tomado em um dos principais eleme;:;-
espessos. Quanto maior a temperatura e a umidade, mais luxu- tos da atmosfera.
riante a vegetação. Umidade, temperaturas altas e abundância
de vegetação aceleram tanto o intemperismo químico, que a ca-
mada superior do solo é lixiviada de todos os minerais solúveis I
e facilmente alteráveis. O resíduo desse rápido intemperismo é ! uma nos como agentes do
o laterito, um solo vermelho profundo no qual o feldspato e
outros silicatos foram completamente alterados, deixando para emperismo
trás, predominantemente, óxidos de ferro e alumínio e hidróxi-
dos (ver Figura 7.16b). Nos lateritos, a sílica e o carbonato de As pessoas têm uma tendência a não se considerarem parte
cálcio foram lixiviados. Embora esses solos possam sustentar paisagem natural, embora o sejam. Os humanos são respon -
uma luxuriante vegetação, como as florestas equatoriais, não veis pela chuva ácida, a qual intensifica o intemperismo quílE-
são muito produtivos para o plantio. A maior parte da matéria co. Este é promovido pelo intemperismo físico, e os human
orgânica é constantemente reposta na superfície pela vegetação, aceleram ambos os processos por meio de suas inumeráveis a -
o que chega a produzir, no máximo, uma delgada camada de vidades de desagregação das rochas, desde a escavação de fur.-
húmus no topo do solo. O desmatamento e o cultivo do solo fa- dações de edifícios e construção de rodovias até as enorm
zem com que essa camada superficial rica em húmus oxide-se operações de mineração. Estima-se que somente a construç"
rapidamente e desapareça, deixando a descoberto o infértil ho- de rodovias mova, por ano, 3 mil trilhões de toneladas de rocL
rizonte sotoposto. e solo. 14
Por essa razão, muitos lateritos só podem ser cultivados in- Os solos podem armazenar a poluição por um longo perío-
tensivamente durante poucos anos, até se tomarem estéreis e do de tempo depois de terem sido contaminados por derrama-
serem abandonados. Grandes regiões da Índia encontram-se, mentos de materiais tóxicos. Os contaminantes infiltram-se \"a-
agora, nessa condição. Quando algumas áreas da floresta da garosamente a partir do solo até as águas subterrâneas e super-
Amazônia, 12 no Brasil, são desmatadas, elas também se tomam ficiais. Os humanos têm, também, dispersado sal no solo, pes--
inférteis em poucos anos. O reflorestamento de solos lateritos ticidas e derivados do petróleo, os quais podem interferir signi-
em condições naturais levaria muitos milhares de anos. 13 ficativamente no crescimento dos vegetais e, assim, acelerar ::.
erosão.
Climas secos: solos do grupo pedocal Escassez de água e au-
sência de vegetação dificultam a ação do intemperismo, de mo-
do que os solos, nas regiões áridas, são delgados. Em áreas frias
e secas, onde o intemperismo químico é muito lento, a influên- .,\ temperismo gera a matéria-
cia da rocha-matriz é preponderante, mesmo quando os solos se íma dos sedimentos
formaram num longo período de tempo. Como resultado, o ho-
rizonte A contém muitos minerais inalterados e fragmentos da
rocha-matriz. Quando a chuva é esparsa demais para dissolver O solo é apenas um dos vários produtos do intemperismo. O:
quantidades significativas de minerais solúveis, os mesmos po- processos que decompõem e desintegram as rochas produzen:
dem permanecer no horizonte A. fragmentos que variam muito em tamanho e forma, desde gran-
Os pedocais são os solos dominantes nas regiões áridas. des matacões de 5 m de diâmetro até pequenas partículas tão fi-
Eles são ricos em cálcio, derivado do carbonato de cálcio e de nas que não podem sequer ser vistas sem um microscópio. Par-
outros minerais solúveis neles contidos, e pobres em matéria tículas maiores que um grão de areia muito grosso (2 mm ck
orgânica. Os pedocais são encontrados no Sudoeste dos Esta- diâmetro) tendem a ser fragmentos contendo grãos minerais d2.
dos Unidos e em climas similares. A maior parte da água do rocha-matriz. As partículas de areia e silte são, em geral, grã05
solo está próxima da superfície e evapora no período entre as cristalinos individuais de qualquer dos vários minerais forma-
chuvas, deixando para trás nódulos e concreções de precipita- dores da rocha (Figura 7.17). As partículas mais pequenas d~
dos de carbonato de cálcio, predominantemente no horizonte material alterado são os grãos finos de argilominerais produzi-
intermediário. A combinação da mineralogia e da aridez é pou- dos pela alteração química de silicatos. Uma certa massa de
co favorável para uma grande população de organismos do so- granito, por exemplo, é desintegrada pelo intemperismo nas se-
lo, tomando os solos desse grupo menos férteis que aqueles do guintes classes de materiais:
grupo pedalfer. • Fragmentos de rocha e mineral que ainda são identificáveis co-
mo pertencentes à rocha-matriz;
Paleossolos: investigando o clima antigo a partir do solo
Arnalmente, tem havido muito interesse nos solos antigos que • Produtos sólidos da alteração química, tais como argilomine-
foram preservados como rochas no registro geológico. Alguns rais e óxidos de ferro;
tem idades de mais de 1 bilhão de anos. Esses paleossolos, co-
mo ão hamados, estão sendo estudados como guias para en- • Íons dissolvidos nas águas da chuva e do solo.
CAPíTULO 7 • Intemperismo e Erosão 1189
- massa de todos esses produtos, exceto a água e o dióxido aos de muitos outros tipos de silicatos. Ele se meteoriza na pre-
- ano oriundos da atmosfera, é igual à massa original do sença de água por hidrólise. Na reação química do ortoclásio
--o que foi alterado. com a água, o potássio (K) e a sílica (Si02) são perdidos na so-
Je sa maneira, uma rocha granítica é transformada em lução aquosa e o feldspato sólido transforma-se no argilomine-
=ria-prima dos sedimentos e nos sais do mar. Os produtos
_-emperismo são, então, transportados do local de altera-
ral caulinita, AI2Sips(OH)4' ° dióxido de carbono (C02) dis-
solvido na água favorece a alteração química, pelo fornecimen-
~Io vento, pela água e pelo gelo. Por fim, são depositados to de ácido, na forma de ácido carbônico (H2C03). A água do
edimentos de vários tipos, tais como areia, silte e argi- solo e das correntes superficiais carrega íons e sílica dissolvi-
~ ontrados nos vales fluviais, e como os calcários e evapo-
: dos oceanos. Enquanto o ciclo das rochas ocorre, esses
dos. ° ferro (Fe), que é encontrado na forma de ferro ferroso
(Fe2+) em muitos silicatos, altera-se pela oxidação, produzindo,
..::::nentossão soterrados por deposições adicionais e lenta- nesse processo, o óxido de ferro férrico (Fe3+). Os carbonatos
~-A se transformam em rochas sedimentares, que consti- alteram-se pela completa dissolução, não deixando resíduos.
~ o assunto do Capítulo 8. Esses processos operam em várias taxas, dependendo da estabi-
lidade química dos minerais submetidos ao intemperismo.
Quais são os processos do intemperismo físico? ° intempe-
rismo físico desagrega as rochas em fragmentos, seja ao longo
SUMO das bordas dos minerais, seja ao longo das juntas das massas
oomrado em climas temperados; grupo dos lateritos, encontra- ~ 2. No norte de Illinois, você pode encontrar dois solos desen
do nos trópicos úmidos; e grupo pedocal, que se forma em cli- vidos em um mesmo tipo de substrato rochoso: um tem 10 mil an
mas quentes e secos. o outro, 40 mil anos. Que diferenças você esperaria encontrar em _
composições ou perfis?
3. Qual das duas rochas você esperaria que se alterasse mais rápi
Conceitos e termos-chave granito ou o basalto? Que fatores influenciaram sua escolha?
4. Considere que um granito com cristais de cerca de 4 mm de diA
• acunhamento do gelo (p. 182) • horizonte B (p. 185) tro e com um sistema retangular de juntas espaçadas aproximada
• alteração esferoidal • horizonte C (p. 185) te de 0,5 a 1 m esteja se alterando na superfície terrestre. Que tam --
(p. 183) geral você esperaria encontrar para a maior partícula alterada?
• húmus (p. 185)
5. Compare a alteração de duas rochas: (A) um basalto rico em ,i
• bauxita (p. 180) • intemperismo (p. 171) vulcânico, com cristais muito pequenos de piroxênio e feldspato r-
• caulinita (p. 175) em cálcio com cerca de 0,5 mm de diâmetro; e (b) um gabro com
• intemperismo físico (p. 171)
• erosão (p. 171-172) tamente a mesma composição mineral, mas com cristais maiores -
• intemperismo químico (p. 171)
mm de diâmetro. O que você poderia dizer sobre a velocidade de
• esfoliação (p. 183)
• junta (p. 182) ração nessas duas rochas?
• estabilidade química (p. 179)
• laterito (p. 188) 6. Por que você esperaria que uma rodovia localizada em uma re~-
• ferro férrico (p. 180) • oxidação (p. 180) úmida e fria e feita de concreto, que é uma rocha artificial, mos
• ferro ferroso (p. 180) tendência a rachar e desenvolver uma superfície rugosa e desnivel
• pedalfer (p. 187) mesmo não estando sujeita ao tráfego pesado?
• hematita (p. 180) • pedocal (p. 188) 7. A pirita é um mineral no qual o ferro ferroso está combinado
• hidrólise (p. 175) • regolito (p. 185) o íon sulfeto. Qual o principal processo químico de alteração da:
• horizonte A (p. 185) rita?
• solo (p. 173)
üiJ' 8. Ordene as rochas a seguir de acordo com a rapidez com _
elas se alteram num clima úmido e quente: um arenito de puro quz::
zo, um calcário de pura calcita, um granito e um depósito de sal-g
I Exercícios (halita, NaCl).
9. Que diferenças você espera encontrar entre a alteração de uma
Este ícone indica que há uma animação disponível no sítio ele-
vina magnesiana pura (Mg2Si04) e a de uma olivina ferros a (Fe2SiC.
trônico que pode ajudá-Io na resposta.
CONECTARWEB
pura?
1. O que as diversas rochas utilizadas nos monumentos podem nos di- 10. Como se pareceria o mundo se não houvesse o intemperismo
zer sobre o intemperismo? sua superfície?
2. Quais minerais formadores de rocha encontrados em rochas ígneas 11. Vá até um cemitério e descreva, em um texto de uma página. _
alteram-se para argi10minerais? evidências visíveis da alteração de diferentes tipos de rochas utiliz
3. Como a chuva abundante afeta o intemperismo? nas lápides. Se você não encontrar tais evidências, explique por q ~
,!;]lento que rapidamente erodiu os sedimentos moles. Dada a Lepsch, L F. 2002. Formação e consermção dos solos. São Paulo:
""".altitude do planalto, muitos dias de condições de congelamen- Oficina de Textos.
:..-=gelotambém contribuíram para o intemperismo físico. A borda Primavesi, A. 2002. Manejo ecológico do solo: aoricultllra em re·
alto está retrocedendo a uma taxa de 23 a 122 centímetros a ca- giões tropicais. São Paulo: Nobel.
anos, a qual foi baseada em estudos de anéis de crescimento de
_- impactadas pela erosão da borda.
_amo os hoodoos do Canyon Bryce se formaram? Por que os hoo-
~ a maioria das rochas alteradas são tipicamente arredondados? I Notas de tradução
e grau o intemperismo físico contribui com o intemperismo quí-
Explore as repostas dessas questões no texto publicado no se- I Em português, meteorização e também alteração. que têm fle-
- sítio eletrônico da Web: http://www.whfreeman.com/understan- xões em várias formas gramaticais, são sinônimos de imelllperis-
~=ili.15 mo, que não têm a forma verbal. Por isso, é preferí\'el utilizar o
primeiro vocábulo para expressar o processo. Mas, contraditoria·
mente, meteorização tem sido cada vez menos utilizada na lite-
ratura técnica, de sorte que haveria a necessidade de se criar a
gestões de leitura flexões de intemperismo, como o verbo intemperizar, para dar
conta dos vários sentidos do vocábulo. Seguiremos, aqui, utili-
3111tt,H. 1992. Sedimentary Petrology. 2d ed. New York: W. H. zando intemperismo, quando se trata do processo em geral. e al-
teração, quando for necessário expressar a ação do intemperis-
:2rroIl, D. 1970. Rock weathering. New York: Plenum. mo - a chuva altera (ou meteoriza, mas não intemperiza, pois
Colman, S. M., and Dethier, D. P. 1986. Rates ofChemical Weathe- não existe essa forma) a rocha - ou o seu resultado - rocha alte-
J Rocks and Minerais. New York: Academic Press. rada (ou meteorizada).
~ uri, K. L. 1978. The preservation of stone. Scientific American z O texto do presente livro, por ser introdutório, traz eventualmente
- : 126 algumas simplificações. Nem todas as argilas são geradas por pro·
=-.oughnan,F. C. 1969. Chemical Weathering ofthe Si/icate Mine- cessos do intemperismo: processos geológicos que ocolTem em bai-
_-ew York: Elsevier. xas temperaturas, ligados à colocação de magmas na crosta e a pro-
iartini, L P., and Chesworth, W. (eds.). 1992. Weathering, Soils cessos metamórficos, podem originar argilominerais.
:JaJeosols.NewYork: Elsevier. 3 Entretanto, a moagem do café em um diâmetro fino demais pode ser
_-abon, D. B. 1991. Introduction to the Petrology of Soi/s and Che- menos eficiente para a solubilização da cafeína e de outras substân-
Weathering. NewYork: Wiley. cias. Isso porque a água, ao escoar pelos interstícios granulares, po-
_ ~tallack, G. J. 1990. Soils ofthe Pasto Boston: Unwin Hyman. de abrir canaIículos preferenciais, em vez de infiltrar-se por toda a
rede intergranular. Portanto, há uma granulometria ideal de moagem
do café. Para as máquinas de café expresso, feito sob pressão do va-
por, por exemplo, é utilizado um grão mais grosso que o da filtra-
gestões de leitura em português gem gravitacional.
4 Este é um processo de equilíbrio termodinâmico: se duas soluções
'2lpresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. 1999. Sistema bra- com concentrações diferentes de um mesmo soluto (COz) forem co-
de classificação de solos. Rio de Janeiro: Embrapa. locadas em contato, a tendência é que o soluto distribua-se unifor·
memente nas duas.
aImieri, F. e Larach, J. O. L 1998. Pedologia e geomorfologia. In:
=- A. J. T. e Cunha, S. B. da (eds.). 1998. Geomorfologia e meio
5 Considerada a atividade vulcânica atual.
le. Rio de Janeiro: Bertrand-Brasil. p. 59-122. 6 Como grande parte dos solos vermelhos no Brasil.
o, C. G. 1996. lntemperísmo em regiões tropicais. ln: GueITa, 7 É freqüente, na Europa e na América do Norte, o uso de placas de ar-
-=-. e Cunha, S. B. da (eds.). 1996. Geomorfologia e meio ambien- dósia e mesmo de madeira como cobertura de habitações.
de Janeiro: Bertrand-Brasil. p. 25·58. 8 O mesmo que fraturas das rochas.
- guio, K. 2003. Geologia sedimentar. São Paulo: Edgar Blucher. Em inglês,frost wedging. Para partir um bloco de rocha, o pedreiro
9
~ eITa,A. J. T. 1999. Erosão e conservação dos solos: conceitos, faz um acunhamento ao longo de uma fissura e vai batendo nas cu-
e aplicações. Rio de Janeiro: Bertrand-Brasil. nhas até atingir o objetivo. De forma análoga, a água, ao congelar-
~'Agostini, L. R. 1999. Erosão: o problema mais que o processo. se nas fraturas, forma cunhas de gelo (ice wedge). A expansão gera-
ópolis: Edufsc. da pelo congelamento ocasiona o processo de acunhamento do ge-
-i\,'a, A. M. da. e Schulz, H. E. e Camargo, P. B. de. 2003. Erosão lo, partindo a rocha.
c5sedimentologia em bacias hidrográjicas. São Paulo: Rima. 10 O termo "horizonte" tem sido tradicionalmente utilizado para
3'gareIla, J. J., Becker, R. D. e Santos, G. F. 1994. Estrutura e ori- descrever estruturas ou níveis de rochas e depósitos edimenta-
.;\aspaisagens tropicais e subtropicais: fundamentos geológicos- res. Em rochas ígneas e metamórficas não-acamadas, o termo é
_ - cos, alteração química e física das rochas, relevo cárstico e mais comumente empregado para referir-se apenas às estruturas
êO (v.1). Florianópolis: Editora da UFSC. horizontais ou quase horizontais resultantes de processos do in-
- ledo, M. C., Oliveira, S. B. B. de, e Melfi, A. J. 2000. Intempe- temperismo.
~ formação do solo. In: Teixeira, w., Toledo, M. C. M. de, Fair- I1 "Solo residual" é um conceito utilizado por geólogos mais do que
_ T. R.; e Taioli, F. (orgs.) 2000. Decifrando a Terra. São Paulo: por pedólogos para diferenciar o regolito resultante da alteração da
" de Textos. p. 139·166. rocha subjacente do regolito formado pela deposição de materiais
1 92 Para Entender a Terra
alóctones, movimentados por processos erosivos, sobre um substra- 13 A floresta da Tijuca, na cidade do Rio de Janeiro, foi refloresta<!=.
to rochoso qualquer ("solo transportado"). reinado de D. Pedro II e, hoje, cerca de 150 anos depois, enco-
12 Além de lateritos, também ocorrem de forma expressiva na Amazô- se bem recuperada.Porém, em condições naturais, certamen.;.=
nia os latos solos, que contêm acumulações de caulinita e/ou óxidos tempo de recuperação seria muito maior.
de ferro e alumínio no horizonte B. O laterito costuma ser formado 14 Isso seria suficiente para formar um anel de detritos no equa:.
por crostas altamente endurecidas de óxidos de ferro, com caulinita da Terra com nada menos do que 2 m de altura e 300 km de
ou hidróxidos de alumínio. As crostas lateríticas podem ocorrer tan- gura.
to no horizonte B dos solos como, também, na superfície, a partir da 15 O referido texto encontra-se em inglês e o sítio eletrônico apr=..
erosão de um solo antigo. muitas ilustrações que ajudam a entender o assunto.