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o Monte Rainier, no horizonte da cidade de Tacoma, Estado de Washington (EUA), é o vulcão

mais perigoso dos Estados Unidos! [John McAnulty/Corbis]


"ºu~ livro um capelão a serviço do diabo poderia escrever sobre
a§ g"osseiras, devastadoras, descuidadas, equivocadas, vis e
ter'rivelmente cruéis obras da natureza."
CHARLES DARWIN

Os vulcões como geossistemas 144


de uma área com o tamanho de Nova York, que soter-
Os depósitos vulcânicos 144 Imagine uma erupção
re uma região vulcânica
maior que que de
o Estado
1

c~~se o colapso
sob
Vermont2
Os estilos de erupção e as formas cinza quente, acabando com todas as formas de vida, e
de relevo vulcânico 148 que cubra os campos por distâncias de até 2 mil km com
uma camada de 20 cm de cinza, tornando-os inférteis.
O padrão global do vulcanismo 158 Imagine que a poeira vulcânica lançada até a alta estratos-
O vulcanismo e a atividade humana 163 fera enfraqueça a luz do Sol durante um ou dois anos e
que, por isso, não ocorram verões. Isso seria inacreditá-
vel? Entretanto, já aconteceu, pelo menos em duas oca-
siões, no território onde hoje se localizam os Estados Uni-
dos: em Yellowstone, Estado de Wyoming, há 600 mil anos, e na região do Vale Com-
prido,3 Estado da Califórnia, há 760 mil anos. Isso ocorreu bem antes da chegada do
homem à América do Norte, há 30 mil anos, mas não faz muito tempo, se considerar-
mos os 4,5 bilhões de anos da escala do tempo geológico. Sabe-se da existência des es
eventos por meio da identificação e datação de rochas formadas por eles.
Uma grande porção da crosta oceânica e continental é constituída de rochas vulcâni-
cas, que se originam de magmas formados em grandes profundidades, tornando- e co-
mo que '~anelas" através das quais pode-se "perceber" vagamente o interior do planeta.
Neste capítulo, examinaremos o vulcanismo, processo pelo qual os magmas do
interior da Terra ascendem até a crosta, emergem na superfície como laya e res-
friam-se para formar rochas vulcânicas duras. Discutiremos os principais tipos de
lavas, os estilos de erupção, as formas de relevo resultantes e os transtornos am-
bientais que os vulcões podem causar. Veremos de que forma a tectônica de placas
e a convecção mantélica podem explicar o grande número de vulcões em limites de
placas e as poucas ocorrências de vulcões em "pontos quentes" de regiões intrapla-
caso Serão apresentados exemplos de como os vulcões interagem com os outros
componentes do sistema Terra, particularmente com a atmosfera. com os oceanos
e com a biosfera. Por fim, serão analisadas as alternatiyas de mitigação do poten-
cial destrutivo dos vulcões, bem como as possibilidades de aprowitamento das
suas riquezas em substâncias químicas e da energia térmica que liberam.
Os filósofos antigos ficaram impressionado com o \lII õe- e com suas temíveis
empções de rocha fundida. Na tentativa de expli á-Io . difundiram mitos sobre um
mundo subterrâneo quente e infernal. Basicamente. e ta\-am ertos. Os pesquisadores
modernos, utilizando a ciência, em vez da mitologia. também obtêm dos vulcões as evi-
dências de que existem altas temperaturas no interior da Terra.
c:ra Entender a Terra

D um geossistema vulcânico há a Chaminé central


interação da litosfera, da astenosfera
e do influxo de gases na atmosfera
(vulcões terrestres) ou na hidrosfera ... que se acumulam na super-
(vulcões subaquáticos). fície para formar um vulcão.

1
O SISTEMA TERRA Há erupção de lavas por
meio de uma chaminé e de
condutos laterais ....

... ascende por um "sistema de


encanamentos" à litosfera para
formar uma câmara magmática.

O magma, que se origina


na astenosfera parcialmente
sólida •...

1
Figura 6.1 Representação simplificada de um geossistema vulcãnico.

'1\
Ywu Icoes
- como geosslstemas
. Os vulcões são geossistemas importantes por três razões:
(1) o vulcanismo é um processo tectônico fundamental para a
formação da crosta terrestre; (2) as erupções vulcânicas consti-
As medições de temperatura nas rochas provenientes das sonda-
tuem enormes riscos naturais para as sociedades humanas; (3)
gens mais profundas já feitas (cerca de 10 km) mostraram que a
as lavas dos vulcões fornecem aos cientistas amostras a partir
Terra de fato toma-se mais quente com o aumento da profundida-
das quais podem ser feitas inferências sobre as propriedades do
de. Atualmente, os geólogos acreditam que, na astenosfera, as
interior da Terra. A complexidade dos geossistemas vulcânico
temperaturas cheguem no mínimo a 1.300°C, o que é suficiente-
reflete-se na forma como essas amostras são quimicamente mo-
mente quente para que as rochas comecem a fundir-se. Por essa ra-
dificadas, à medida que são geradas e transportadas para a su-
zão, a astenosfera é considerada como uma das principais fontes
perfície. Como foi visto no Capítulo 5, inicialmente só uma pe-
de magma, a mesma rocha fundida que ocorre abaixo da superfí-
cie terrestre e que chamamos de lava depois que irrompe na super- quena parte da astenosfera sofre fusão. Na sua ascensão pela li-
fície. As secções da litosfera sólida que se localizam acima da as- tosfera, o magma adquire componentes químicos, à medida que
tenosfera podem também fundir-se para formar magmas. provoca a fusão de outras rochas, e perde outros componentes,
Como os magmas são líquidos, têm menor densidade que as pela deposição de cristais em câmaras magmáticas e pelo esca-
rochas que os produziram. Portanto, à medida que o magma se pe de seus constituintes gasosos para a atmosfera ou para o
acumula, começa a ascender à litosfera por diferença de densida- oceano, quando há erupção. Levando em conta essas modifica-
de. Em alguns locais, a fusão pode fraturar a litosfera em zonas ções, os geólogos podem extrair das lavas importantes informa-
de fraqueza, forçando sua ascensão. Em outros, o magma ascen- ções, que constituem indícios da composição e do estado físico
dente abre seu caminho fundindo as rochas existentes. Por fim, do manto superior. A partir de rochas vulcânicas antigas, pode-
parte do magma chega à superfície e entra em erupção como la- se, também, aprender muita coisa a respeito das erupções que
ocorreram há milhões ou mesmo bilhões de anos.
va. Um vulcão é uma elevação ou uma montanha construída pe-
la acumulação de lavas e de outros materiais eruptivos.
As rochas, os magmas e as interações necessárias para des-
rever toda a seqüência de eventos desde a fusão até a erupção (I,. "
onstltuem um geossistema vulcânico, mostrado de forma ~, Hepósitos vulcânicos
simplificada na Figura 6.1. \
Os magmas que ascendem à litosfera acumulam-se numa As composições química e mineralógica das lavas têm muito a
âmara magmática, situada, geralmente, em locais pouco pro- ver com a maneira pela qual ocorre a erupção e com a forma do
fundos da crosta. Esse reservatório periodicamente é esvaziado relevo que é gerada quando elas se solidificam. Os principais ti-
para a uperfície através de uma chaminé, que é um conduto em pos de lavas e as rochas que formam dependem dos magmas a
forma de ano, em ciclos repetidos de erupções. A lava pode partir dos quais elas se originaram. No Capítulo 5, vimos que as
também irromper a partir de fendas verticais e outros condutos rochas ígneas e seus magmas precursores podem" Ser divididos
localiza o nos flancos dos vulcões. em três grupos principais - félsicos, intermediários e máficos -,
CAPíTULO 6 • Vulcanismo 1145

,- base na sua composição química (ver Quadro 5.2). As ro-


- ígneas são ainda classificadas como intrusivas (que se res-
- !:IDIllentamente abaixo da superfície e, como resultado, têm
ação grossa) ou extrusivas (que se resfriaram rapidamen-
uperfície e têm granulação fina). As principais rochas íg-
- - intrusivas são os granitos (félsicos), os dioritos (interme-
-ios) e os gabros (máficos). Os principais equivalentes extru-
- são o riolito (félsico), o andesito (intermediário) e o basal-
áfico). Essas classificações estão resumidas na Figura 5.4.
o em mente esse quadro, vamos examinar os principais ti-
: de lavas e o modo como elas fluem e se solidificam.

os de lavas
_~ -.-ários tipos de lavas originam diversas formas de relevo:
tanhas vulcânicas com formatos variáveis e derrames de la-
_ solidificados com diferentes características. Essas variações
. resultantes de diferenças na composição química, no teor
= gases e na temperatura das lavas. Quanto maior o teor de sí-
_ e quanto mais baixa a temperatura, por exemplo, mais vis-
.: (resistente ao fluxo) será a lava e mais lentamente ela se
- ·erá. Quanto mais gás uma lava contiver, maior será a pro- 400 km

- - ilidade de uma erupção violenta.

as basálticas A temperatura da lava basáltica, de cor escu-


_ 6 de 1.000 a 1.200°C - próxima à temperatura do manto su-
-or. Devido a sua alta temperatura e a seu baixo teor de síli-
_ a lava basáltica é extremamente fluida e pode escorrer rapi-
ente, por grandes distâncias. Foram observadas correntes
= lava com velocidade de até 100 kmJh, embora velocidades
-- poucos quilômetros por hora sejam mais comuns. Em 1938,
- corajosos vulcanólogos russos mediram temperaturas e co-
~ am amostras de gases navegando em uma jangada de lava
~ .:olidificada e com temperatura mais baixa que flutuava num
- de lava basáltica. A temperatura na superfície da jangada era
:e 300°C e a do rio de lava era de 870°C. Em tempos históri-
_ -. foram observadas correntes de lava fluindo por distâncias
mais de 50 km, a partir de sua fonte.
Os derrames de lavas basálticas variam de acordo com as
dições em que irrompem. Exemplos importantes são:
Basaltos de planaltos continentais A lava basáltica altamente
: 'da que inompe em um terreno plano pode se espalhar sob for-
de lençóis delgados, formando um derrame de lava. Freqüen-
-=.mente,os denames sucessivos de lava basáltica empilham-se,
crido chamados de basaltos de platô, e formam imensos planal-
- -. como o Planalto Colúmbia, nos estados de Oregon e Wa-
.- gton (EUA) (Figura 6.2).4
Figura 6.2 Vista do Planalto Colúmbia, Washington (EU ).
Pahoehoe e aa A lava basáltica, ao fluir, pode ser classificada
Sucessivos derrames de basaltos empilharam-se para formar esse
=rn duas categorias, de acordo com a forma que sua superfície
imenso planalto, o qual ocupa uma grande área dos estados de
uire: pahoehoe (pronuncia-se [pa-hói-hói], com o h tendo o
Washington e Oregon (EUA). [Dave Schiefelbein)
- m aspirado) ou aa (pronuncia-se [ah-ah]). A Figura 6.3 mos-
=<! exemplos dos dois tipos.

A lava pahoehoe (que significa "em forma de corda",


em havaiano) forma-se quando um magma muito fluido es- "Aa" é a exclamação que os desaYi ado fazem ao aventu-
palha-se como um lençol e uma fina película vítrea e elásti- rar-se caminhando de pés descalços ne: e tipo de lava, que tem
ca endurece, na sua superfície, durante o resfriamento. À aparência de torrões de terra úmida recém-arada. A lava aa é
medida que a lava líquida continua a fluir, por baixo da su- mais viscosa que a pahoehoe. por ter perdido seus gases. As-
perfície, a película é arrastada, curvada e torcida, formando sim, ela se move mais lentamente, permitindo que uma espes-
dobras justapostas retorcidas que lembram cordas. sa capa endurecida se forme na superfície. À medida que o
46 Para Entender a Terra

Lava Aa temperaturas de 800 a 1.000°C. É muito mais viscoso que o ~


salto, por causa de sua temperatura baixa e teor de sílica
A lava riolítica move-se 10 vezes mais lentamente que o bas....
to, ou em velocidade ainda mais baixa, e, como é resistente
fluxo, tende a acumular-se, formando depósitos espessos
aparência de bulbos.

Lavas andesíticas Os andesitos, que têm teor de sílica ~


mediário, têm propriedades que se situam entre aquelas do ~_
saltos e as dos riolitos.

Texturas das lavas


As lavas têm outras feições que refletem as temperatura
pressões em que se formaram. Podem ter uma textura ví -
como a da obsidiana, ou granulação fina, se se resfriarem fê?'
damente. As texturas grossas, como aquelas dos tufos vul .
cos, podem se formar no caso de haver resfriamento lento _
subsuperfície. As lavas podem ter, também, pequenas bolt.::....
criadas quando a pressão cai repentinamente, à medida q ;
lava ascende e resfria-se. As lavas são geralmente carregadas
Lava pahoehoe
gases, como o refrigerante em uma garrafa fechada. Quando
-1 m cendem, a pressão que atua sobre elas diminui, assim com
pressão no refrigerante cai quando a tampa é retirada. Da m=
Figura 6.3 Dois tipos de lava, pahoehoe com aspecto de corda ma forma que o dióxido de carbono cria bolhas no refrige
(em baixo) e blocos angulosos de aa (em cima). Vulcão Mauna quando é liberado, o vapor d' água e outros gases dissolvi
Loa, Havaí. [Kim Heacox/DRK] ao escaparem da lava, criam cavidades gasosas, ou vesíc
(Figura 6.4). Assim, a textura vesicular, de aparência espon_ -
sa, numa lava solidificada, pode fornecer aos geólogos det :..
derrame continua a fluir, essa nata se quebra em muitos blocos das origens vulcânicas da mesma. Uma rocha que tenha ~
angulosos, que são transportados pela lava viscosa do interior grande quantidade de vesículas, geralmente de composição
do derrame, empilhando-se como uma frente íngreme de blo- lítica, é denominada de pedra-pomes.6 Algumas pedras-po
cos angulares que avança como uma esteira de trator. É muito têm tantos espaços vazios que se tornam extremamente ley - _
perigoso caminhar em cima da lava aa. Um bom par de botas, ponto de flutuar na água.
usado em um terreno desse tipo, pode ser gasto em uma sema-
na, e o viajante ou geólogo que se aventure a andar nessa lava Depósitos piroclásticos
pode se preparar para cortes nos cotovelos e nos joelhos.
O mesmo derrame basáltico, ao movimentar-se pela su-
perfície, comumente tem as características de pahoehoe
A água e os gases nos magmas podem provocar efeitos aiL.:...
mais dramáticos no estilo das erupções. Antes de um m r
entrar em erupção, a pressão confinante devida às rochas 50 ::-
próximo à sua fonte, onde a lava está ainda fluida e quente,
adquirindo as características de aa na porção frontal do der-
rame, onde mostra uma camada superficial mais espessa,
por ter ficado mais tempo exposta ao ar frio.

• Lavas almofadadas Qualquer geólogo, ao se deparar com la-


vas almofadadas5 - pilhas de blocos elipsoidais de basalto, em
forma de almofadas, com cerca de um metro de largura -, sabe
que elas se formaram numa erupção submarina (ver Figura 5.13),
mesmo que hoje estejam em terra firme. As lavas em almofada
são um importante indicador de que uma região já esteve um dia
sob a água. Geólogos-mergulhadores, inclusive, já observaram a
formação de lavas em almofada no fundo oceânico próximo ao
Havaí. As línguas de lava basáltica, ao entrarem em contato com
a água fria do oceano, desenvolvem um envoltório resistente,
plástico. Como a lava no interior desse envoltório resfria-se mais
lentamente, o interior da almofada desenvolve uma textura clis-
talina, ao passo que o envoltório, que se resfriou rapidamente, so-
lidifica-se como um vidro sem cristais.
-0,25 m

La,as riolíticas O riolito, a lava mais félsica, tem cor clara. Figura 6.4 Amostra de basalto vesicular. [Glenn Oliver/Visua -
eu ponto de fusão é mais baixo que o do basalto e irrompe em Unlimited]
CAPíTULO 6 • Vulcanismo \1 47

Figura 6.6 A vulcanóloga Katia Krafft examina uma bomba


vulcãnica ejetada do vulcão Asama, no Japão. [Science
Source/Photo Researchers]

já solidificadas. Já se observou, durante erupções vulcânicas, o


lançamento de ejetólitos do tamanho de uma casa por distâncias
de mais de 10 kIn. A cinza vulcânica suficientemente fina para se
manter em suspensão na atmosfera pode ser carregada por gran-
de distância. Duas semanas após a erupção de 1991 do Monte Pi-
natubo, nas Filipinas, a poeira vulcânica era detectada em volta
de toda a Terra por satélites orbitais.
Cedo ou tarde os piroclastos caem na Terra, geralmente for-
mando depósitos perto de sua fonte. À medida que resfriam, os
fragmentos quentes e não totalmente solidificados, por isso pe-
gajosos, soldam-se uns aos outros (litificam-se). As rochas cria-
das a partir dos fragmentos menores são denominadas de tufos,
enquanto aquelas constituídas de fragmentos maiores são as
brechas vulcânicas (Figura 6.7).

Fluxos piroclásticos Um tipo particularmente espetacular e


devastador de erupção ocorre quando a cinza quente e a poeira
são ejetadas como uma nuvem ardente7 que se projeta monta-
nha abaixo com velocidades de até 200 km/h. Como as partícu-
.5 Erupção piroclástica do Vulcão Arenal, Costa Rica.
Dimijian/Photo Researchers J

-- :lão permite que esses voláteis escapem. Quando o


:b.ega próximo à superfície e a pressão cai, os voláteis
:5" liberados explosivamente, estraçalhando a lava e
rocha sólida que estiver acima em fragmentos de vá-
os, formas e texturas (Figura 6.5). Existe uma gran-
--="ilidade de que as lavas riolíticas e andesíticas visco-
- em gases originem erupções explosivas.

rulcânicos As rochas vulcânicas fragmentárias eje-


são chamadas de piroclastos. Essas rochas, mine-
são classificados de acordo com seu tamanho. Os
-=o menores, com menos de 2 mm de diâmetro, são
de cinzas vulcânicas.
_ entos maiores são chamados de bombas vulcânicas
6) e podem formar-se a partir de respingos de lava, que
-0,3 m
- ~ ~ondados e se resfriam no ar, ou podem também ser
: a partir de fragmentos arrancados de rochas vulcânicas Figura 6.7 Brecha vulcânica. [Doug Sokell/Visuals UnlimitedJ
tender a Terra

Ias sólidas permanecem em suspensão nos gases quentes, o atri-


to é muito baixo, nessas nuvens incandescentes (Figura 6.8).
Em 1902, uma nuvem ardente com uma temperatura inter-
na de 800°C explodiu sem muitos sinais prévios, no flanco do
Monte Pelado,8 na ilha da Martinica, no Caribe. A avalancha de
gás asfixiante e de cinza vulcânica incandescente derramou-se
pelas encostas a uma velocidade de 160 kmJh, semelhante à de
um furacão. Em 1 minuto, e praticamente em silêncio, a emul-
são fervente de gás, cinza e poeira envolveu a cidade de Saim
Pierre, matando 29 mil pessoas. Seria sensato, para os cientis-
tas que dão conselhos a terceiros, relembrar a declaração de um
certo Professor Landes, feita um dia antes do cataclismo: "O
Monte Pelado representa tanto perigo para os habitantes de St
Pierre quanto o Vesúvio para os moradores de Nápoles". O Pro-
fessor Landes pereceu com os demais. Em 1991, os vulcanólo-
gos franceses Maurice e Katia Krafft (Maurice tirou a fotogra-
fia de Katia na Figura 6.15) foram mortos por um derrame pi-
roclástico, no Monte Unzen, no Japão.

~stilos de erupção e as formas


e relevo vulcânico
Agora que já analisamos os vários tipos de materiais vulcânico
trazidos do interior da Terra por derrames ou por irrupções ex-
plosivas, podemos examinar com mais detalhe os estilos de
erupções e as formações características que elas constroem (Fi-
gura 6.9). Nem sempre as erupções criam cones simétricos e
majestosos: as formas de relevo vulcânicas têm formas varia-
das, a depender das propriedades da lava e das condições em
que ocorrem os extravasamentos.

Erupções com conduto central


As erupções com condutos centrais geram a mais conhecida de
todas as feições vulcânicas - uma montanha vulcânica em for-
ma de cone. Tais erupções descarregam lava ou material piro-
clástico por uma chaminé ou conduto central, que é uma aber-
tura no topo de um canal alimentador cilíndrico que se conecta
com a câmara magmática e por onde o material ascende para ir-
romper à superfície da Terra.

Vulcões-escudo Um cone do tipo vulcão-escudo é construÍdo


por sucessivos derrames de lava, que se espalham a partir de
uma chaminé. Essas formas são comumente geradas por lava

Figura 6.9 Estilos de erupção e formas de relevo


vulcanogênico. (a) Um vulcão-escudo: Mauna Loa, Havaí. [U.S.
Geological Survey] (b) Um domo vulcânico: o Monte Santa
Helena após a erupção de 1980. [LynnTopinka/USGS Cascades
Volcano Observatory] (c) Um cone de cinzas: Cerro Negro,
Nicarágua, em 1968. [Mark Hurd Aerial Surveys] (d) Um vulcão
figura 6.8 Um fluxo piroclástico projetando-se pelas encostas composto: Fujiyama,Japão. [Corbis] (e) Uma cratera: Monte Etna.
co onte Unzen, no Japão, em junho de 1991. Observe, no Sicnia. [FabrizioVilla/AP/Wide World Photos] (f) Uma caldeira:
Dri eiro plano, o bombeiro e o caminhão, tentando fugir da Lago da Cratera, Oregon (EUA),onde, como expresso no próprio
_ em de cinza quente prestes a atingi-Ios. Três cientistas que nome, um lago preenche uma caldeira com 8 km de diâmetro.
':::"--:2:am
es udando esse vulcão morreram ao serem engolfados [Greg Vaughn/Tom Stack & Associates]
derrame semelhante. [AP/Wide World Photos]
9

_ LOS DE ERUPÇÃO E FORMAS DE RELEVO VULCANOGÊNICO


Chaminé Erupção

~ Vulcão-escudo
_-~- -'Ihares
Icão-escudo
de derrames
é construído
basálticospordelgados
...E se espalham em lençóis de baixa
acumulação ~
~ -
~" .
y
__, \ ,
- 03~- "_
de flanco

. ~,
dade. Cada camada do ""---';1
- ma representa centenas de
mes delgados. O magma pode
per nos flancos do vulcão ou
~ ~ir da chaminé.

Domo vulcânico

___ omos vulcãnicos são massas de lava félsica


formas bulbosas, que, por serem muito
s::osas, acumulam-se em cima da
=---né, ao invés de se derramar.
- -_lO mostra o crescimento de
omo dentro da cratera do Monte
Helena, após a erupção de 1980.

Cone de cinza

.- vulcão do tipo cone de cinza, o material ejetado


~ ::.evositado como camadas que mergulham a partir
::c::::atera, no cume. A chaminé abaixo da cratera
_ 2enchida com material fragmentado. A foto
. -- erupção de 1968 do Cerro Negro, um
-= de cinzas formado em um terreno
. uído de derrames mais antigos.
: ::erro Negro entrou em erupção,
o, em 1995 e em 1999.

Chaminé preenchida por


erupções precedentes

:: Vulcão composto

Icão composto é formado de


a5 alternadas de material
-stico com derrames de lava.
- = ~ que se solidificou em fissuras
....a diques que atuam como vigas
_-_'"Ç3ndo a sustentação do cone.

= Cratera
(f) Caldeira
- haver crateras
-;;:;;>oda maioria dos Uma erupção violenta pode es-
..c5es. Após uma erupção. vaziar a câmara magmática de
~ ÍTeqüentemente um vulcão, que, então, não pode
"' de volta na chaminé mais sustentar a rocha sobreja-
ca-se, sendo even- cente. Então, ele entra em
te explodida em colapso, deixando uma grande
- 3Upção piroclástica bacia com paredes íngremes,
xs=nor. chamada de caldeira.
5 O rara Entender a Terra

. - ti as, que têm facilidade de fluir, espalhando-se por gran- Caldeiras Após uma erupção violenta, quando grandes vaI -
"es áreas. Se os derrames forem copiosos e freqüentes, criarão mes de magma são descarregados de uma câmara magmátic:.
um amplo vulcão em forma de escudo, com dezenas de quilô- localizada a alguns quilômetros abaixo de uma chaminé vul -
metros de circunferência e com mais de 2 km de altura, com ver- nica, ela pode não mais ser capaz de sustentar seu teto. Em tais
tentes geralmente suaves. O Mauna Loa, no Havaí, Estados Uni- casos, a estrutura vulcânica sobrejacente pode entrar em cola~
dos. é o exemplo clássico de um vulcão-escudo (ver Figura so de maneira catastrófica, formando uma caldeira, isto é, u~
6.9a). Embora esteja a somente 4 km acima do nível do mar, ele grande depressão em forma de bacia, com paredes íngreme_
é efetivamente a estrutura mais alta da Terra: medido a partir do sendo muito maior que a cratera (ver Figura 6.9f). As caldeir~
fundo oceânico, o Mauna Loa tem 10 km de altura. Seu diâme- são feições impressionantes, cujos diâmetros variam de poucos
tro, na base, é de 120 km - uma área equivalente a três vezes o até 50 km ou mais, equivalendo, grosso modo, à área metropo-
tamanho de Rhode Island.9 Esse vulcão cresceu até essas enor- litana de Nova York. A evolução de uma caldeira típica é mo -
mes dimensões devido à superposição de milhares de derrames trada na Figura 6.10.
de lavas, cada um com poucos metros de espessura, num perío- Após um período de centenas ou milhares de anos, novos
do de cerca de 1 milhão de anos. Na verdade, a ilha do Havaí na- magmas, ao reentrarem numa câmara magmática colapsada, po-
da mais é do que o topo de uma série de vulcões-escudo ativos dem inflá-Ia novamente e, com isso, forçar o assoalho da caldei-
superpostos, que emergem acima do nível do mar. ra a formar um novo domo, gerando assim uma caldeira reSSUT-
gente. O ciclo de erupção, colapso e ressurgência pode ser repe-
Domos vulcânicos Em contraste com as lavas basálticas, as la-
tido durante o tempo geológico. O colapso de uma grande caldei-
vas félsicas são tão viscosas que mal conseguem fluir. Elas, ge- ra ressurgente é um dos fenômenos naturais mais destrutivos da
ralmente, produzem domos vulcânicos, que são massas arredon- Terra. A Caldeira de Yellowstone, em Wyoming (EUA), da qui.
dadas de rochas, em geral com vertentes abruptas. A forma dos ainda sobrevive uma relíquia, o gêiser Old Faithful,13 ejetou, du-
domas proporciona a impressão de que a lava foi espremida para rante seus estágios eruptivos há cerca de 600 mil anos, aproxima-
fora da chaminé sem se espalhar lateralmente, como se fosse pas- damente 1.000 km3 de fragmentos piroclásticos, o que corre -
ta de dente. Freqüentemente, os domas obstruem as chaminés,
ponde a mais de mil vezes a quantidade de material ejetado do
aprisionando os gases. Então, a pressão aumenta até que uma ex- Monte Santa Helena em 1980. Os depósitos de cinza caíram em
plosão ocorra, fragmentando o domo. Isso aconteceu com o grande parte do atual território dos Estados Unidos. Outros
Monte Santa Helena (EUA), em 1980 (ver Figura 6.9b). exemplos de caldeiras ressurgentes são a de Rabaul, em Papua-
Cones de cinzaslO Quando as chaminés vulcânicas descalTe- Nova Guiné, e, nos Estados Unidos, as de Valles, no Novo Méxi-
gam piroclastos, os fragmentos sólidos acumulam-se e formam co, a do Vale Comprido, situada 300 km a leste de San Francisco.
um cone de cinza. O perfil de um cone vulcânico é determina- na Califórnia, a do Kilauea (Havaí) e a caldeira inativa do Lago
do pelo maior ânguloll capaz de permitir que os detritos per- da Cratera, 14 no Estado de Oregon.
maneçam estáveis, ao invés de deslizar encosta abaixo. Os frag- Hoje em dia, o monitoramento das turbulências nas caldei-
mentos maiores, que caem perto do cume, formam taludes mui- ras é muito importante, devido ao seu alto potencial destrutivo.
to inclinados, que, entretanto, são estáveis. As partículas mais Felizmente, não há registros na História da ocorrência de colap-
finas são carregadas para posições mais afastadas da chaminé e sos catastróficos de conseqüências globais, mas os geólogos es-
formam taludes de baixo declive na base do cone. Assim se ori- tão desconfiados do aumento da freqüência de pequenos terre-
ginaram os cones vulcânicos de formas clássicas, com verten- motos nas caldeiras de Yellowstone e do Vale Comprido e de
tes côncavas e uma chaminé no cume (ver Figura 6.9c). outras indicações de atividade nas câmaras magmáticas na
crosta abaixo delas. Por exemplo, a infiltração de dióxido de
Vulcões compostos Quando um vulcão emite lava e piroclastos, carbono no solo, a partir do magma existente em porções mai
formam-se derrames alternados desses materiais que dão origem profundas da crosta, vem matando árvores desde 1992 no Mon-
a um vulcão composto com formas côncavas, ou estrato vulcão. te Mamooth, um vulcão na borda da caldeira do Vale Compri-
Exemplos de grandes vulcões compostos são o Fujiyama, no Ja- do. Um guarda florestal quase foi asfixiado por dióxido de car-
pão (ver Figura 6.9d), os montes Vesúvio e Etna, na Itália, e o bono vulcânico que se infiltrou numa cabina localizada no
Monte Rainier, no Estado de Washington, nos Estados Unidos. flancos do Monte Mamooth. Outras indicações de ressurgência
da Caldeira do Vale Comprido são o soerguimento de mais de 1
Crateras Uma depressão em forma de tigela, a cratera, é en- metro, no centro da caldeira, nos últimos 20 anos, e a ocorrên-
contrada no cume de muitos vulcões, sendo centrada na chami-
cia de pequenos terremotos quase contínuos. Mais de mil ocor-
né. Durante uma erupção, a lava ascendente transborda da crate- reram em um único dia em 1997.
ra. Quando cessa a erupção, a lava remanescente na cratera es-
corre para dentro da chaminé e solidifica-se. Quando da ocolTên- Explosões freáticas Quando o magma quente e carregado de
ia da próxima erupção, o material é literalmente estraçalhado gases encontra a água subtelTânea ou a água do mar, as vasta
para fora da cratera numa explosão piroclástica. Mais tarde, a quantidades de vapor superaquecido geralmente causam explo-
ratera é parcialmente preenchida pelos detritos que caem de vol- sõesfreáticas, ou de gás (Figura 6.11). Uma das mais destruti-
ta. Como as paredes de uma cratera têm alta declividade, com o vas erupções vulcânicas da história, a do Krakatoa, na Indoné-
pas ar do tempo podem desabar ou ser erodidas. Desse modo, o sia, foi uma erupção freática.
diâmetro de uma cratera pode crescer até tomar-se muitas vezes
maior que o da chaminé, e a profundidade pode chegar a cente- Diatremas Quando o material quente do interior da Terra es-
nas de metros. A cratera do Monte Etna, na Itália, atualmente tem capa de forma explosiva, a chaminé e o canal alimentador abai-
mais de 300 m de diâmetro (ver Figura 6.ge), o que equivale ao xo dela freqüentemente são preenchidos por uma brecha, à me-
omprirnemo de um campo de futebol. 12 dida que a erupção entra em declínio. A estrutura resultante é
CAPíTULO 6 • Vulcanismo ~

um diatrema. O Monte Shipro k.1· que lembra uma torre iso-


lada na planície circundante. no :\0\-0 ~Iéxi o (EUA), é um
diatrema exposto pela erosão da rochas edimemare que um
dia ele atravessou. Para os passageiro de a\-ião que cruzam a
região, o Monte Shiprock parece um gigante co arranha-céu
negro no meio do deserto vermelho (Figura 6.11 .
O mecanismo de erupção que produz o diarrema foi recons-
tituído a partir do registro geológico. Os tipo de minerai e de
3TÁGIO 1 rochas encontrados em alguns diatremas somente poderiam ter
magma novo preenche sido formados em grandes profundidades - 100 km. mai ou
.ID1acâmara magmática.:.' ". menos, no manto superior. Os magmas carregado de gase for-
e desencadeia uma .
çam seu caminho até a superfície, fraturando a litosfera e explo-
ffupçâo vulcânica de
- vas e de colunas de dindo na atmosfera, onde ejetam gases e fragmentos sólido da
anza incandescente. crosta e do manto, às vezes em velocidade supersôni a. Tal
erupção provavelmente se pareceria com os jatos exaustores de
um gigantesco foguete colocado de cabeça para baixo no terre-
no, expelindo gases e rochas para o ar.
Talvez os diatremas mais exóticos sejam as chaminésl6 kim-
berlíticas, cujo nome provém das fabulosas minas de diamante
de Kimberley, na África do Sul. O kimberlito é um tipo de pe-
ridotito vulcânico - uma rocha formada principalmente de oli-
=.5TÁGIO 2 vina. As chaminés kimberlíticas também contêm uma grande
erupçâo de lava e os derrames variedade de fragmentos mantélicos, incluindo diamantes, que
:JiroC\ásticos continuam e a
são empurrados para dentro dos magmas quando estes explo-
câmara magmática fica
areialmente esvaziada. dem em direção à superfície. As pressões extremamente altas,
necessárias para transformar o carbono no mineral diamante,
somente podem ser encontradas em profundidades maiores que
150 km. A partir de estudos detalhados de diamantes e de ou-
tros fragmentos mantélicos encontrados em chaminés kimber-
liticas, os geólogos conseguiram reconstruir secções do manto,
como se tivessem retirado um testemunho de sondagem de uma
profundidade de mais de 200 km. Esses estudos fornecem for-
ESTÁGIO 3 tes evidências para a teoria de que o manto superior é constituí-
Uma caldeira forma-se quando o do basicamente de peridotito.
cume da montanha entra em
colapso, caindo na câmara
vazia. Grandes derrames
piroc\ásticos acompanham
o colapso, cobrindo a
caldeira e as áreas
adjacentes por
até centenas de
quilômetros
quadrados.

ESTÁGIO 4
Um lago forma-se na caldeira.
À medida que o magma residual da
câmara magmática resfria-se,
continua uma atividade
eruptiva reduzida, sob
forma de fontes
quentes e emissôes
gasosas. Um
pequeno cone
vulcânico
forma-se na
caldeira.

Figura 6.11 Explosão freática do Nisino-Sima, um novo vulcão que


emergiu do mar em 1973, depois de uma erupção submarina no
Oceano Pacífico, a cerca de 900 km ao sul de Tóquio, Japão.
Igura 6.10 Estágios da evolução da caldeira do Lago da Cratera. [Departamento Hidrográfico, Agência de Segurança Marítima, Japão]
1 521 Para Entender a Terra

Os magmas carregados de gases O magma em rápida ascensão quebra Após a erupção, o canal vulcãnico
provenientes do manto forçam sua e carrega fragmentos da crosta e do forma um diatrema, composto de
ascensão, fraturando a litosfera. manto, à medida que explode em magmas solidificados e fragmentos
velocidade supersônica. de rochas, chamados de brechas.

Os sedimentos menos resistentes do cone

- .. ~.- e da superfície da crosta são erodidos,


deixando expostos o núcleo do diatrema
e os diques radiados que hoje vemos.
Antigo
cone vulcânico

o km

Figura 6.12 A formação de um


diatrema. O Monte Shiprock, com 515 m
acima das planuras sedimentares do
entorno, no Novo México, EUA, é um
diatrema, ou uma chaminé vulcânica, que
foi exposto por causa da erosão das
rochas sedimentares menos resistentes
que antigamente o circundavam. Note o
dique vertical, um dos seis que se
irradiam a partir da chaminé vulcânica
central. [Jim Wark, Index Stock Imagery]

Erupções fissurais Derrames basálticos (planaltos basálticos) O registro geoló-


gico dos tempos pré-históricos contém muitas evidências de
Imagine a lava ba áltica fluindo para fora de uma fratura com
erupções basálticas a partir de grandes fissuras. Quando os ba-
dezenas de quilômetro de omprimento e denamando-se so- saltos inompem nas fissuras, as lavas constituem uma planície
bre vastas áreas da superfície tenestre. Tais erupções fissurais ou acumulam-se como um planalto, em vez de se empilharem
oconeram inúmeras vezes. nos últimos 4 bilhões de anos (Fi-
sob a fOlma de uma montanha vulcânica, como acontece quan-
gura 6.13), sendo exemplos geologicamente importantes do extravasam de uma chaminé. Os denames basálticos que
desses processos as erupçõe fissurais que ocorrem nas dor- construíram o Planalto Colúmbia, nos Estados Unidos (ver Fi-
sais mesoceânicas. Na História da humanidade, tais erupções gura 6.2), sotenaram uma área de 200.000 km2 da superfície do
foram testemunhadas apenas uma vez, em 1783, na Islândia, teneno preexistente. Certos derrames individuais tinham mai
onde se encontra um segmento exposto da Dorsal Mesoatlân- de 100 m de espessura e alguns eram tão fluidos que se espa-
tica. Um quinto da população da Islândia morreu de fome, lharam por distâncias de mais de 60 km a partir de sua fonte.
como resultado dessa erupção. Uma fissura de 32 km de Desde então, uma paisagem inteiramente diferente, com novo
comprimento abriu-se e derramou cerca de 12 km3 de basal- vales fluviais, vem se desenvolvendo no topo da lava que soter-
to (ver Figura 6.13), uma quantidade suficiente para cobrir rou a antiga superfície. Encontram-se planaltos basálticos em
toda a Ilha de Manhattan, em Nova York, até a metade da al- todos os continentes. 18
tura do famoso Edifício Empire State.17 As erupções vulcâni-
cas continuam na Islândia, embora em menor escala que a ca- Depósitos de fluxos de cinza Erupções fissurais de materiai
tástrofe de 1783. piroclásticos produziram extensas camadas de tufos vulcânico
CAprTULO 6 • Vulcanismo
'---
1 53

- arra 6.13 Numa erupção fissural de basalto muito fluido, a lava vulcânicos na fissura de laki (Islândia), que se abriu em 1783, tendo
_'damente se derrama, afastando-se das fissuras e formando despejado o maior derrame terrestre de lava registrado na História.
_ adas extensas, em vez de acumular-se e formar uma montanha [Tony Waltham]
cânica. [Fonte: R. S. Fiske, U. S. Geological Survey] Cones

urecidos denominados defluxos de cinza (Figura 6.14). Até cadeados pelo derretimento do gelo glacial perto do cimo pro-
e se sabe, a humanidade nunca presenciou nenhum desses jetaram-se encosta abaixo e soterraram a cidade de Armero, a
::ntos espetaculares. Os depósitos de cinza da Grande Ba- 50 km de distância, matando mais de 25 mil pessoas.
19 em Nevada e outros estados adjacentes, nos Estados Uni-

-. que se formaram desse modo, cobrem uma área de Colapso de flancos Um vulcão é construído de milhares de
_ .000 km2 e sua espessura chega a 2.500 m em alguns locais. depósitos de lava, de cinza ou de ambos, formando estruturas
Parque Nacional de Yellowstone, no Estado de Wyoming, foi
- rto por alguns derrames de cinza, que soterraram uma su-
---ão de florestas.

utros fenômenos vulcânicos


ar Um dos mais perigosos fenômenos vulcânicos é o flu-
rorrencial de lama e detritos chamado de lahar.2o Esses flu-
:: podem ocorrer quando um derrame piroclástico encontra
~ rio ou um banco de neve; ou quando a parede de um lago de
::lera se quebra, liberando a água de repente; ou quando um
-c7ame de lava derrete o gelo glacial; ou, ainda, quando fortes
vas transformam depósitos de cinza recentes em lama. Uma
ada extensa de detritos vulcânicos na Serra Nevada da Ca-
.-:órnia (EUA) contém 8.000 km3 de material depositado por
, o que seria suficiente para cobrir o Estado de Delaware21
:dI um depósito com mais de 1 km de espessura. Verificou-se
_--= os lahares são capazes de carregar grandes matacões por
...Ezenasde quilômetros. Quando houve a erupção do Nevado Figura 6.14 Tufo soldado de um depósito de derrame de cinza
...c~Ruiz, nos Andes colombianos, em 1985, os lahares desen- na Grande Bacia do norte de Nevada, EUA. [John Grotzinger]
54 raR Entender a Terra

?Ou o estáyeis. Suas laterais podem tornar-se inclinadas de-


'- e. então, quebrar-se ou deslizar. Nos últimos anos, os vul-
~anólogo descobriram muitos exemplos pré-históricos de fa-
lh estruturais catastróficas nas quais grandes pedaços de vul-
õe se romperam, talvez por efeito de um terremoto, e desce-
ram encosta abaixo como um deslizamento de terra maciço e
de trutivo. Em escala mundial, tais colapsos de flancos ocor-
rem numa média de cerca de quatro vezes em cada século. Os
maiores prejuízos na erupção de 1980 do Monte Santa Helena
(EUA) foram causados pelo colapso de um flanco (ver fotogI'a-
fia na Reportagem 6.1 do Plano de Ação para a Terra).
Levantamentos realizados no assoalho oceânico do Havaí
revelaram muitos deslizamentos de terra gigantes nos flancos
submarinos da cordilheira havaiana. É provável que, ao ocorre-
rem, esses gigantescos movimentos tenham provocado enor-
mes tsunâmis22 (ondas marinhas). Na verdade, sedimentos ma-
rinhos coralígenos foram encontrados numa das ilhas havaia-
nas, a cerca de 300 m acima do nível do mar. Esses sedimentos
foram provavelmente depositados por tsunâmis gigantes provo-
cados pelo colapso de um flanco, em tempos pré-históricos.
Figura 6.15 A vulcanóloga Katia Krafft com um traje à prova c=
O flanco sul do vulcão Kilauea está avançando em direção calor, examinando um derrame de lava do vulcão Kilauea, no
ao mar a uma velocidade de 250 mm/ano, o que é muito rápido, Havaí. [Maurice KrafftlPhoto Researchers]
em termos geológicos. Esse avanço tornou-se mais preocupan-
te, entretanto, quando foi repentinamente acelerado por um fa-
tor da ordem de várias centenas em 8 de novembro de 2000,
provavelmente desencadeado por fortes chuvas alguns dias an- rossol (uma fina névoa em suspensão no ar) que representa _
tes. Uma rede de sensores de movimentação detectou um au- dezenas de milhares de toneladas de ácido sulfúrico. Esse a~-
mento sinistra da velocidade, que alcançou cerca de 50 rassol bloqueou a radiação solar, impedindo que uma parte d=-
mm/dia, durante 36 horas, tendo, posteriormente, voltado ao Ia chegasse à superfície, e, dessa forma, rebaixou as temper
normal. Algum dia, talvez daqui a milhões de anos, ou mesmo ras globais durante um ou dois anos. A erupção do Monte Pin::-
antes, o flanco provavelmente vá se quebrar e deslizar para o tubo, uma das maiores erupções explosivas do último sécul
oceano. Esse evento catastrófico provocaria um tsunâmi que causou um esfriamento global de pelo menos 0,5°C em 199'='
poderia se tomar desastroso para o Havaí, para a Califómia e As emissões de cloro do Pinatubo também apressaram a pe -
para outras áreas litorâneas da orla do Oceano Pacífico. de ozônio na atmosfera, o escudo que protege a biosfera da ::-
diação ultravioleta do Sol. Os detritos jogados na atmosfera
Gases vulcânicos A natureza e a origem dos gases vulcânicos rante a erupção de 1815 do Monte Tambora, na Indonésia, C3=:-
são de considerável interesse e importância. Pensa-se que, no saram resfriamento ainda maior. No ano seguinte, em 1816,
decorrer do tempo geológico, esses gases tenham formado os Hemisfério Norte passou por um verão muito frio, inclu i =
oceanos e a atmosfera e que possam afetar até mesmo o clima com nevadas. A queda na temperatura e a precipitação de ci.rlzo.
atual. Os gases dos vulcões têm sido coletados por corajosos causaram ampla quebra nas safras. Como resultado, mais de ~
vulcanólogos e analisados para que a sua composição seja de- mil pessoas pereceram naquele "ano sem verão". Esse tem-=
terminada (Figura 6.15). O vapor d'água é o principal consti- ano inspirou o triste poema "Escuridão", de Byran:
tuinte do gás vulcânico (70-95%), seguido pelo dióxido de car-
Eu tive um sonho, que não foi apenas um sonho.
bono, pelo dióxido de enxofre e por traços de nitrogênio, hidro-
gênio, monóxido de carbono, enxofre e cloro. As erupções po- O sol brilhante se extinguiu e as estrelas
dem liberar enormes quantidades desses gases. Uma parte dos Perambulavam escurecidas no espaço eterno,
gases vulcânicos pode ser proveniente de grandes profundida-
des da Terra, chegando à superfície pela primeira vez. Outra Sem raios e sem rumo; e a Terra gelada
parte pode ser água subterrânea e água do mar, gases atmosfé- Orbitava cega e obscurecida no ar sem Lua;
ricos reciclados ou gases que tenham sido aprisionados em ro- As manhãs chegaram e se foram - e chegaram sem traze-
chas geradas em épocas passadas. o dia.

Interações entre os geossistemas: vulcanismo e mudanças E os homens esqueceram suas paixões no pavor
climáticas As relações entre as erupções vulcânicas e as mu- dessa desolação que se Ihes abateu; e todos os corações
danças do tempo e do clima fornecem bons exemplos de intera-
Gelaram numa prece egoísta por luz.23
,ões do sistema Terra. Por exemplo, a erupção de 1982 do El
Chi hón, no Sul do México, e a do Monte Pinatubo injetaram Um exemplo surpreendente da interação dos geossistema e
g e sulfurosos na atmosfera até 10 km acima da superfície. do inter-relacionamento entre o clima e o vulcanismo. Co
Por meio de várias reações químicas, os gases formaram um ae- acabamos de ver, os vulcões podem afetar o clima, mas pare =
CAPíTULO 6 • Vulcanismo 11 55

de anos, aquece-se e retoma para a uperfí ie sob a forma de


fontes quentes ou de gêiseres. Um oéiser é uma fonte de água
quente que jorra de fonna intermitente om _ ande força, fre-
qüentemente acompanhada por um rugido tfQ\'ejante (Figura
6.17). O gêiser mais conhecido dos E lado L'nidos, o Old
Faithful, no Parque Nacional de Yellowstone. irrompe em inter-
valos de aproximadamente 65 minutos. formando um jato de
água quente que se eleva até 60 m de altura a ima da superfí ie.
O vapor e a água quente formados pela atiúdade hidrorer-
mal podem ser canalizados para gerar energia georérrnica. As
atividades hidrotermais são também responsáyei pela depo i-
ção de minerais incomuns, particularmente de metais. forman-
do corpos de minérios com grande valor econômi o (yer Capí-
tulo 22). Como veremos, as interações hidrotermais ão e pe-
cialmente intensas nos centros de expansão das dorsai me
ceânicas, onde enormes volumes de água e de magma entram
em contato.

;ura 6.16 A fuma rola do vulcão Merapi, na Indonésia, forma


=:JÓsitos de incrustação sulfurosos. (Roger Ressmeyer/Corbis] o SISTEMA TERRA

~ o clima também pode afetar os vulcões. Recentemente, fo-


encontradas evidências estatísticas de que fortes chuvas
..;:;:I

;:!emprovocar o colapso de domos vulcânicos, que é um dos


- '- perigosos tipos de erupções vulcânicas, pois pode provo-
-derrames piroclásticos (ver Figura 6.8). Foi relatado que vá-
-~ erupções vulcânicas na ilha de Montserrat ocorreram após
-:e chuvas. Essa amostragem é pouco significativa para sus-
uma hipótese. Entretanto, outros cientistas encontraram
-exões estatísticas entre as estações do ano com fortes chu-
..::e as erupções dos montes Etna e Santa Helena. Um especia-
do U.S. Geological Survey acredita que, se a chuva fosse
_da em consideração, a previsão de algumas erupções pode-
- -er aperfeiçoada. Entretanto, o mecanismo que conecta a
-a às erupções ainda não é claro. Especula-se que a infiltra-
- de chuva nas profundezas, até o magma quente, poderia
-::;nar vapor superaquecido e causar uma explosão, seguida de
- olapso. Ou, talvez, o peso da precipitação sazonal acumu-
~ possa causar um colapso .

. idades hidrotermais A atividade vulcânica não pára


_::2Ildo a lava ou os materiais piroclásticos deixam de fluir. Du-
~te décadas ou, às vezes, por centenas de anos após as gran-
.;:.: erupções, os vulcões continuam a emitir fumaça e vapor
meio de pequenos condutos, chamados defumaralas. Essas
ações contêm materiais dissolvidos que se precipitam nas
_. rfícies adjacentes à medida que o vapor se condensa e eva-
novamente, formando vários tipos de depósitos de incrus-
•-o (tais como os travertinos), inclusive alguns com minerais
'osos (Figura 6.16).
As fumarolas são manifestações superficiais da atividade
otermal, que é a circulação de água através de magmas e
-has vulcânicas quentes. A interação da hidrosfera e da litos-
=:a terrestre é um processo importante em muitos geossiste- Figura 6.17 O gêiser Old Faithful, no Parque acional de
- vulcânicos. A água subterrânea circulante, ao alcançar os Yellowstone (EUA), que irrompe até uma altura de 60 m, a
- _ as profundos, que retêm o calor por centenas ou milhares intervalos de 65 minutos. (Simon Fraser/SPl/Photo Researchers]
'56 -2c t le oera Terra

6.1 Monitorando vulcões terremotos e das mudanças no seu padrão. Em janeiro de


1960, por exemplo, os cientistas da U. S. Geological Survey
detectaram uma série de terremotos nas proximidades da vi-
Kilauea: seguindo o caminho do magma la de Kapoho, no flanco do Kilauea. Como esperado, uma
erupção começou, mas sem causar vítimas, pois a vila tinha
O imenso ovulcão-escudo
menor; Mauna na
Kilauea, localizado Loa,
suaquevertente
tem umoriental,
vulcão sido evacuada. Uma nova paisagem foi criada pela lava que
escorreu para o mar. Muralhas com seis metros de altura fo-
constitui a metade sul da ilha do Havaí. Como a U. S. Geolo-
gical Survey opera um observatório de vulcanologia na borda ram construídas, em uma vã tentativa de desviar a lava e sal-
da caldeira do Kilauea, esse vulcão ativo talvez seja, atualmen- var uma comunidade litorânea. Quando tudo terminou, os
te, o mais bem estudado do mundo. c1inômetros mostraram que o vulcão havia desinflado, signi-
Uma moderna rede de instrumentos e instalações de la- ficando que a câmara magmática abaixo dele havia sido dre-
boratórios é utilizada para seguir os movimentos do magma nada durante a erupção de Kapoho. O ciclo repete-se em
no interior do vulcão e as mudanças químicas das erupções períodos de alguns anos.
de lavas e gases. Os sismógrafos, que medem vibrações den-
tro da Terra, detectam e localizam os pequenos terremotos Monte Santa Helena: perigoso, mas
que geralmente estão relacionados com os movimentos do
magma. Os sismógrafos podem localizar terremotos em pro-
previsível
fundidades de até 55 km abaixo do Kilauea. Tais terremotos Na parte contígua dos Estados Unidos, o Monte Santa Helena
geralmente marcam a entrada de magma em canais que vêm é o vulcão mais ativo e explosivo. Ele tem uma história bem do-
da astenosfera, passam pela litosfera e chegam até a superfí- cumentada de 4.500 anos de eventos destrutivos como der-
cie terrestre. A migração ascendente do magma pode ser se- rames de lavas e rochas piroclásticas quentes, lahares e preci-
guida durante meses, pois as perturbações sísmicas ocorrem pitação de cinza. Após 123 anos de inatividade, a partir de 20
progressivamente mais próximas da superfície à medida que de março de 1980 passou a ocorrer uma série de terremotos
o magma ascende. Os C/inâmetros, que medem a inclinação pequenos e moderados sob o vulcâo, assinalando o começo
do terreno, indicam o momento em que o vulcão começa a de uma nova fase eruptiva. Esses terremotos fizeram com que
inchar; à medida que o magma preenche uma cãmara magmá- a U. S. Geological Survey emitisse formalmente um alerta de
tica não muito abaixo do cume. desastre. Após uma semana, a primeira emissão de cinza e de
O primeiro sinal de que uma emissão de lava está iminen- vapor irrompeu numa cratera recém-aberta bem no cume. Em
te é uma série de milhares de pequenos terremotos, que in- abril, os tremores sísmicos aumentaram, indicando que havia
dicam que o magma está afastando as rochas, para forçar a magma movendo-se abaixo do cume, e foi verificado o apare-
sua ascensão até a superfície. Freqüentemente, os geólogos cimento de uma sinistra inchação da encosta nordeste. A U. S.
sabem onde vai ocorrer a erupção a partir da localização dos Geological Survey emitiu um alerta mais vigoroso e ordenou a

Destruição de uma propriedade


engolfada por um derrame de lava
na erupção de 1990 do vulcão
Kilauea, Havaí, Estados Unidos.
(James Cachero/Corbis 1
CAPITULO 6 • Vulcanismo 11 57

= acuação das redondezas. Em 18 de maio, o clímax da erup-


:ão começou subitamente. Um forte terremoto desencadeou,
~parentemente, o colapso do lado norte da montanha, liberan-
::0 um enorme deslizamento de terra, o maior já registrado no
"";lundo. À medida que o gigantesco fluxo de detritos despen-
::ava montanha abaixo, gás e vapor sob alta pressão eram libe-
-ados em uma grande explosão lateral que acabou com a en-
::osta norte da montanha. O geólogo David A. Johnston, da U.
s. Geological Survey, estava monitorando o vulcão a partir de
seu posto de observação, localizado 8 km ao norte. Ele deve
:er visto a onda explosiva avançando, antes de enviar por rádio
sua última mensagem: "Vancouver, Vancouver, é isso aí!". Um ja-
:0 direcionado para o norte, composto de cinza superaqueci-
da (500°C), gás, cinza e vapor, saiu como um estrondo para
=ora da brecha aberta com a força de um furacão, devastando
Jma zona de 30 km de largura que se estendeu até 20 km de
distância do vulcão. Uma erupção vertical jogou uma pluma de
cinza para o céu até a altitude de 25 km, o dobro da altitude
de vôo dos jatos comerciais. A nuvem de cinza moveu-se para
este e nordeste, seguindo os ventos predominantes, causan-
do escuridão em pleno meio-dia, numa área distante 250 km
::>araleste, e depositou uma camada de cinzas de 10 em de es-
::>essura em grande parte do Estado de Washington, na região
norte de Idaho, e no oeste de Montana. A energia liberada na
explosão foi equivalente a cerca de 25 milhôes de toneladas
de TNT. O topo do vulcão foi destruído, a sua altura foi redu-
zida em 400 m e sua vertente norte desapareceu. De fato, a
montanha foi "cavoucada".
A devastação local foi espetacular. Numa zona interna da
explosão, com raio de 10 km a partir do vulcão, a floresta
densa foi retirada e soterrada por vários metros de detritos
piroclásticos. Para além dessa zona até 20 km de distância,
as árvores tiveram seus galhos arrancados e foram movidas
e quebradas pela ação do vento como se fossem palitos de
fósforo, alinhando-se deitadas sobre o solo radialmente a
partir do vulcão. A uma distância de 26 km, a explosão
quente foi tão intensa que capotou um caminhão e derreteu
suas partes plásticas. Alguns pescadores sofreram queima-
duras graves e só sobreviveram por terem se jogado num rio.
Mais de 60 pessoas morreram por causa da explosão ou de
seus efeitos. Um lahar formou-se quando o deslizamento de
terra e de detritos piroclásticos, fluidizados pela água sub-
terrânea, pela neve derretida e pelo gelo glacial, fluiu por 28 O Monte Santa Helena antes e depois da erupção cataclísmica
km pelo vale do Rio Toutle. O vale foi preenchido por uma de maio de 1980. [Antes: Emil uench/Photo Researchers.
camada de detritos com 60 m de espessura. Além dessa pi- Em erupção: U. S. Geological Survey. Depois: David
lha de detritos, a água carregada de lama fluiu para o Rio Weintraub/Photo Researches]
Columbia, onde os sedimentos obstruíram o canal de nave-
gação e encalharam vários navios em Portland. Esse episó-
dio de erupção do Monte Santa Helena poderá continuar.
devendo prolongar-se por 20 anos ou mais antes de chegar mostraram evidência de recolonização dos vegetais: espé-
a um fim. Embora grande parte da área devastada ainda es- cies nativas de gramíneas, leguminosas e pequenas árvores
teja desolada, após uma década, quase 20'7'0 da superfície começaram a se instalar.
err3

anos, a erupção de magmas nos centros de expansão foi s --


padrão global do vulcanismo ciente para criar todo o atual fundo oceânico, que cobre ce
de dois terços da superfície terrestre. Essa "fábrica", ond •
.-\ntes do advento da teoria da tectônica de placas, os geólogos
crosta oceânica é criada, tem dimensões da ordem de pou
onstataram a existência de uma concentração de vulcões ao
quilômetros de largura e de profundidade, estendendo-se -
longo da orla do Oceano Pacífico e apelidaram-na de Cinturão
forma intermitente ao longo de milhares de quilômetros da d -
de Fogo. A explicação do Cinturão de Fogo em termos da sub-
sal mesoceânica (Figura 6.19). Os magmas e as rochas vul .::-
ducção de placas foi um dos grandes sucessos da nova teoria. Já
nicas são formados por meio da fusão do manto peridotíti-
examinamos como as composições das lavas variam de acordo
causada por descompressão, conforme discutido no Capítul
com o ambiente tectânico (ver Figura 5.11). Nesta seção, mos-
(ver Figura 5.13).
traremos como a tectônica de placas pode explicar todas as
principais características do padrão global do vulcanismo.
A Figura 6.18 mostra a localização dos vulcões ativos no Atividade hidrotermal nos
mundo, sejam eles terrestres ou marinhos, que se encontram centros de expansão
acima do nível do mar. Cerca de 80% estão em limites conver-
As fissuras distensionais na crista da dorsal mesoceânica pe
gentes de placas, 15% em limites divergentes e os poucos res-
tem que a água do mar circule pela crosta oceânica recém-fi -
tantes, no interior das placas. Entretanto, existem muito mais
mada. O calor das rochas vulcânicas quentes e dos magmas q:-
vulcões ativos que aqueles representados na figura. A maior
estão nas profundezas propulsiona um vigoroso processo c --
parte da lava que irrompe na superfície terrestre é proveniente
vectivo. Ele puxa a água fria do mar para o interior da crosta,
de erupções submarinas, localizadas nos centros de expansão
das dorsais mesoceânicas. de ela se aquece em contato com o magma, e, depois, expele _
água quente para o oceano sobrejacente (ver Figura 5.15).
Considerando que são comuns as ocorrências de fon "'-
Produção de basalto nos centros de expansão quentes e gêiseres em geossistemas vulcânicos terrestres, _
A cada ano, cerca de 3 km3 de lava basáltica irrompem nas dor- evidências de atividade hidrotermal intensa em centros de e -
sais mesoceânicas, no processo de expansão do assoalho oceâ- pansão (que geralmente estão submersos pela água) não de\ó'-
nico, o que é um enorme volume. Para fins de comparação, to- ria causar surpresa. Entretanto, os geólogos ficaram impres i--
dos os vulcões ativos (cerca de 400) nos limites convergentes nados quando descobriram a intensidade da convecção e
de placas geram anualmente um volume de rochas vulcânicas conseqüências químicas e biológicas que ocorrem na Terra
que não chega a 1 km3. Durante os últimos 200 milhões de sua causa. As manifestações mais espetaculares desse proce =

Figura 6.18 Os vulcões ativos cujas chaminés localizam-se em onde as placas se afastam uma da outra e o restante, em pontos
terra ou acima do nível do mar (pontos vermelhos). Cerca de 80')70 quentes intraplacas. Neste mapa não estão representados os
COI u-am-se em limites de placas convergentes, 15% em locais inúmeros vulcões axiais da dorsal mesoceãnica.
CAPÍTULO 6 • Vulcanismo 11 59

-- ites convergentes do tipo oceano-oceano, Os magmas formados em limite con ergente do tipo oceano-
_ -.agmas originados de fusões parciais do manto continente sâo misturas de basaltos do an o. da crosta
Vulcâo ativo
m arcos de ilhas vulcânicos com erupçâo de continental félsica refundida e dos materiais do topo da placa
_ =.S predominantemente basálticas.
acima de em subducção que foram fundidos. Esses agmas formam
ponto quente vulcões que emitem lavas andesíticas.

~..--~--.~.\.
,~~~~~
---.. --
Vulcão extinto
Cinturâo vulcânico continental
~ __ ~A \

----_~~4~ ;

-~
. ~ Dorsal mesoceânica
""i B .~. -~-0<-
~"~. y""~~

~'~--

- separaçâo das placas na dorsal


-30ceânica e a retirada de magmas
== uma ampla regiâo da astenosfera
:3dm vulcanismo basáltico e uma
crosta e Iitosfera oceânicas.

Pluma
A movimentaçâo das placas sobre os do manto Manto
pontos quentes origina as cadeias de litosférico
ilhas vulcânicas basálticas intraplacas. continental

_:Ira 6.19 O padrão global do vulcanismo pode ser explicado pela teetõnica de placas. (A) A separação entre as
:2.5 em uma dorsal mesoceãnica e a retirada de magmas de amplas regiões da astenosfera geram vulcanismo
- Lico e novas crosta e litosfera oceãnicas. (B) Em limites do tipo convergentes oceano-oceano, os magmas
:..' ados da fusão parcial do manto formam arcos de ilhas vulcãnicos com erupção de lavas predominantemente
- ticas. (C) Os magmas formados em convergência do tipo oceano-continente são misturas de basaltos do
--..o, da crosta continental félsica refundida e de materiais do topo da placa em subducção que foram fundidos.
=-6 magmas formam vulcões que extravasam lavas andesíticas. (D) A movimentação das placas sobre os pontos
"c,tes gera cadeias de ilhas vulcânicas basálticas intraplacas. A Islândia (não representada na figura) está sobre um
_-:0 quente localizado numa dorsal mesoceânica.

= primeiramente encontradas no Oceano Pacífico Oriental • A atividade hidrotermallixivia metais e outros elementos da
nova crosta, introduzindo-os nos oceanos. A quantidade desses
1977. Lá, observaram-se plumas de água quente, saturada
- ~lementos químicos, com temperaturas chegando a 350°C, elementos é tão alta que influencia tanto as características quími-
:;::-andocomo "chaminés pretas"24 por condutos hidrotermais cas da água do mar quanto os componentes minerais levados por
. :rista da cadeia mesoceânica, onde o volume de fluido cir- todos os rios do mundo para os oceanos.
;...ante é muito alto. Os geólogos marinhos estimaram que um
• Os minerais metálicos precipitam-se a partir da água do mar
-~e de fluido equivalente a toda a água dos oceanos circule
circulante, formando minério de zinco. cobre e ferro nas partes
- . - fraturas e condutos dos centros de expansão a cada 10 mi- mais rasas da crosta oceânica. O minério forma-se quando a água
-_ de anos.
do mar infiltra-se nas rochas yulcânicas porosas, aquece-se e li-
Os cientistas também perceberam que as interações hidros- xjYia esse elementos das layas, dos diques, dos gabros e, talvez,
.::.-litosfera,em centros de expansão, afetam profundamente a mesmo do magma parcialmente cristalizado que está mais abai-
== logia, a química e a biologia dos oceanos. xo. Quando essa água quente, enriquecida em minerais dissolvi-
dos. ascende e entra de no o no oceano frio, precipitam-se os mi-
_;. riação de nova litosfera responde por quase 60% da energia
nerais que vão formar os minérios (ver Figura 17.7).
_ ~flui do interior da Terra. A água do mar em circulação resfria
~- ya litosfera com muita eficiência e, dessa forma, desempenha A energia hidrotermal e os nutrientes da água do mar circu-
papel importante no processo pelo qual o calor interno da lante alimentam colônias incomuns de estranhos organismos
-:na é transferido para fora. cuja energia vem do interior da Terra e não da luz do Sol. Os
__ "Terra

_~ "j ,temas dos centros de expansão têm micror- as singulares paisagens retratadas em tantas pinturas japon -
_ ~-Jue fornecem o alimento para as conchas gigantes e clássicas e modernas.
;~:: os poli que tas com vários metros de comprimento. Esses ti- Em todos esses casos, as rochas ígneas revelam as pri~~-
;:vs parti ulares de microrganismos também povoam fontes ter- pais forças que modelam a Terra e a interação do sistema do
mais om temperaturas acima do ponto de ebulição da água. A ma com o sistema da tectônica de placas O contexto de c
~orrência de microrganismos tão primitivos, que não reque- placa tectônica produz seu própIio padrão de rochas ígneas:
rem luz do Sol e que podem sobreviver nesses ambientes de al- derrames de lavas e de piroclásticas irrompem dos vulcões:
ta energia e de grande variedade química, levou alguns cientis- batólitos, os diques e as soleiras intrudem-se nas profunde~
ta a acreditar que as raízes da "árvore da vida" na Terra tenham e uma grande variedade de rochas que se originam de ma~
omeçado nos centros de expansão. de distintas composições segue seu próprio caminho de di;::-
renciação.
Vulcanismo em zonas de subducção
Uma das feições mais impressionantes das zonas de subducção Vulcanismo intraplaca: a hipótese da pluma
é a cadeia de vulcões paralela ao limite convergente. Essa ca- mantélica
deia de vulcões posiciona-se sempre na placa que está acima da Como acabamos de discutir, os limites das placas terrestres ~
porção mergulhante da litosfera oceânica, independentemente locais de intenso vulcanismo. Nesses locais, onde as placas -
da sua constituição, que pode ser tanto oceânica como continen- pIimeiro criadas e depois destruídas, são produzidos líquid
tal (ver Figura 6.19). Os arcos das ilhas Aleutas e Marianas são magmáticos em resposta direta às forças e ao calor das pIa
típicas cadeias vulcânicas que se formam por convergência tectônicas, que se originam no interior da Terra. Entretanto,
oceano-oceano. Os vulcões da Cordilheira dos Andes marcam o
mo veremos mais adiante, há ainda um outro tipo de vulcanL'-
limite convergente onde a Placa de Nazca desliza sob a porção mo, que ocorre no interior das placas litosféricas terrestre ._-
continental da Placa Sul-Americana. Mais ao norte, a subduc- Figura 6.18 mostra a distribuição do vulcanismo intraplaca-
ção da pequena Placa de Juan de Fuca no lado oeste da Placa isto é, dos vulcões que estão longe dos limites de placas.
Norte-Americana origina vulcões como o Rainier e o Santa He-
lena, situados na Cordilheira Cascade, que se estende desde o Pontos quentes e plumas do manto A fusão por descompre;,-
norte da Califórnia (EUA) até a Colúmbia Britânica (Canadá). são explica o vulcanismo nos centros de dispersão e a fusão iI:-
Os magmas que alimentam os vulcões de zonas de subduc- duzida por fluidos esclarece o vulcanismo que ocorre acima da.
ção formam-se por meio de fusão induzida por fluidos (ver Ca- zonas de subducção. Mas qual é o mecanismo que produz
pítulo 5) e mostram maior valiedade composicional que os ba- vulcanismo intraplaca? Considere as ilhas havaianas, no me::
saltos formados nas dorsais mesoceânicas. A composição des- da Placa Pacífica (Figura 6.18). Essa cadeia de ilhas com >
sas lavas varia de máfica a félsica - isto é, de basaltos a andesi- com os vulcões ativos da Ilha Grande do Havaí e continua pa:::
tos e a riolitos. Os vulcões localizam-se acima das partes mais noroeste como um cordão de montanhas e de cadeias vulcân:-
profundas da porção mergulhante da placa oceânica, onde a fu- cas submersas, progressivamente mais antigas, extintas e erod:-
são acontece, e ejetam lavas e material piroclástico de compo- das. Em contraste com as dorsais mesoceânicas, que são sism.--
sição basáltica, andesítica e riolítica, formando uma grande va- camente ativas, a cadeia havaiana não é marcada pela freqüê:::-
riedade de rochas vulcânicas. Esses vulcões e as rochas vulcâ- cia de grandes terremotos (exceto próximo ao centro vulcâm-
nicas que eles expelem formam, também, as ilhas dos arcos co), constituindo essencialmente uma cadeia assísmica (isto::
vulcânicos oceânicos, como as Aleutas, no Alasca. sem terremotos). Pontos quentes vulcanicamente ativos no im-
Quando a subducção ocorre num continente, a grande quan- cio de cadeias as sísmicas progressivamente mais antigas
tidade de vulcões e rochas vulcânicas existentes se coalesce dem ser encontrados em outros locais do Pacífico e em ou
para formar um arco de montanhas continental. A subducção de grandes bacias oceânicas. Os vulcões ativos do Taiti, no extre-
uma placa oceânica gerou um arco desse tipo - a Cordilheira mo sudeste das Ilhas Sociedade, e as Ilhas Galápagos, no 1i.n:TI
Cascade, no Norte da Califórnia, e nos estados de Oregon e te norte da cadeia assísmica de Nazca, são dois exemplos.
Washington, nos Estados Unidos, onde podem ser encontrados Quando o padrão geral de movimentos das placas foi de --
vulcões ativos (ver Figura 5.11), como o Monte Santa Helena. nido, os geólogos puderam demonstrar que essas cadeias assÍ5-
Entre o arco de ilhas e a fossa submarina profunda, numa dis- micas pareciam-se com os alinhamentos de vulcões que se fo:--
tância de cerca de 200 km em direção ao oceano, há uma área mam nas placas. Tais alinhamentos originam-se quando as pl
chamada de antearco (ver Figura 5.15). Nessa área, há uma ba- cas se movimentam sobre os pontos quentes que se encontrar:::.
cia de antearco, que é uma zona deprimida, preenchida por se- em posições fixas, como se fossem tochas ancoradas no man-
dimentos derivados do arco, e uma cunha acrescional,25 forma- terrestre (Figura 6.20). Com base nessas evidências, foi form -
da pela pilha de sedimentos e da crosta oceânica que é raspada lada a hipótese de que os pontos quentes eram manifestaçàc.
da porção mergulhante da placa. vulcânicas de material sólido quente, que ascende em jatos e;,-
As ilhas japonesas são um exemplo excelente do complexo treitos e cilíndricos de locais profundos do manto (talvez do .:-
arranjo de rochas intrusivas e extrusivas que se desenvolveu ao mite núcleo-manto), chamados de plumas do manto. Quané
longo de muitos milhões de anos numa zona de subducção. os peIidotitos trazidos em uma pluma do manto chegam a re-
_-e e pequeno país, encontram-se todos os tipos de rochas ex- giões menos profundas, onde as pressões são mais baixas, el _
i\"as de diversas idades, misturadas com intrusivas máficas começam a fundir-se, produzindo magma basáltico. O magm::
e intermediárias, rochas vulcânicas metamorfizadas e rochas penetra na litosfera e pode irromper na superfície. A posiç-
:edimemares formadas a partir da erosão de rochas ígneas. A que a placa está ocupando sobre o ponto quente é marcada pc:
;:'[0:-0 de todo esse conjunto de rochas contribuiu para formar um vulcão ativo, que se torna inativo à medida que a placa ~
CAPíTULO 6 • Vulcanismo ~

A Placa Pacíficamoveu-se para oeste, ... resultando na formação da As idades das montanhas são consistentes com os
sobre o ponto quente do Havaí,... cadeia de ilhas vulcãnicas e movimentos da placa de cerca de 100 mm/ano ...
montes submarinos.
Vulcões mais antigos extintos
Vulcão de ponto
quente 50'

Midway 27,7 - 40'

_ movimento
\ Direcão do
._~ da placa 30'
'Wl:#~ ••••

Nihau s,s"/:;. 20'


KilaueaO/
Ponto quente do Havaí

As caldeiras do alinhamento de Yellowstone


foram datadas em 16 milhões de anos.

6.20 O movimento da placa gera um alinhamento de vulcões progressivamente mais antigos. (a) A cadeia
:...Ia
cões das ilhas havaianas e seu prolongamento em direção ao noroeste do Pacífico mostram a tendência de os
:::5es serem progressivamente mais antigos em direção ao noroeste. (b) O alinhamento de vulcões de
::"'IfStonemarca o movimento da Placa Norte-Americana sobre um ponto quente durante os últimos 16 milhões
=-.os. [Universidade Jesuíta de Wheeling26/NASA Sala de aulas do futuro]

:.a do ponto quente. Assim, o movimento da placa origina Americana sobre o ponto quente de Yellowstone ( er Figura
~ alinhamento de vulcões extintos e progressivamente mais 6.20). O membro mais antigo desse alinhamento, que é uma
.=o0s.Como é mostrado na Figura 6.20, as ilhas havaianas área vulcânica no Estado de Oregon, ofreu erupção há cerca de
:.aID-semuito bem a esse padrão, sendo possível determinar 16 milhões de anos. Se o ponto quente de Yellowstone for ver-
~ a velocidade com que a Placa do Pacífico se movimenta so- dadeiramente fixo, um simple cálculo indica que a Placa Nor-
-= a ponto quente do Havaí é de cerca de 100 mm/ano. te-Americana moveu-se sobre ele a uma taxa de cerca de 25
Alguns aspectos do vulcanismo intraplaca nos continentes mm/ano durante os últimos 16 milhões de anos. Levando em
também explicados com a utilização da hipótese das plu- consideração os moümentos relativos das placas Pacífica e
- do manto Yellowstone é um exemplo. Como já descreve- orte-Americana, e sa Yelocidade e essa direção são consisten-
- anteriormente neste capítulo, a Caldeira de Yellowstone, tes com os movimentos das placas inferidos a partir do Havaí.
"2Ordestedo Estado de Wyoming, Estados Unidos, que tem Partindo do princípio de que os pontos quentes são ancora-
~~nte 600 mil anos de idade, ainda está vulcanicamente ati- dos por plumas que ascendem desde regiões profundas do man-
_ 20m gêiseres, fontes de água em ebulição, soerguimento e to, os geólogos podem usar a distribuição mundial dos alinha-
--=motos. Ela é o membro mais jovem de um alinhamento de mentos de rochas vulcânicas para calcular quanto o sistema
~"O eqüência de caldeiras cada vez mais antigas, agora extin- global das placas está se movendo em relação às partes profun-
que supostamente marcam o movimento da Placa Norte- das do manto. Os resultados são algumas vezes chamados de
der a Terra

_:.~" ~tb,olutos das placas tectônicas", para distingui- partir do manto profundo, ainda é controversa. Mais controw:-
, .::~, l\imclltos relativos entre as placas (ver Figura 2.5).
:11 sa ainda é a idéia de que as plumas são responsáveis pelos gra::-
,js T,o\'imcntos absolutos das placas, derivados do estudo das des extravasamentos de derrames de basaltos e por outras gra::-
~.xhas yulcânicas, em alinhamentos devidos a pontos quentes des províncias ígneas.
~udaram os geólogos a entender quais forças estão movendo as
pia as (ver Capítulo 2, páginas 68 e 69). As placas cujos limi- As grandes províncias ígneas A origem das erupções fis _-
I s entram em subducção ao longo de grandes extensões mo- rais de basaltos dos continentes - tais como aqueles que fo~
yem-se rapidamente em relação aos pontos quentes. É o caso ram o Planalto Colúmbia (e também os grandes planaltos --
das placas Pacífica, de Nazca, de Cocos e Indo-Australiana. derrames que existem no Brasil e no Paraguai, na Índia e na 5-
Enquanto isso, placas cuja subducção acontece em áreas restri- béria) - é um grande quebra-cabeça. O registro geológico m =
tra que imensas quantidades de lavas, chegando a milhões
tas, como as placas Euro-Asiática e Africana, movem-se lenta-
mente. Essa observação dá sustentação à hipótese de que o im- quilômetros cúbicos, podem ser liberadas em um curto perí
de I milhão de anos. Durante esses eventos, a quantidade de
pulso gravitacional provocado pelo mergulho das placas densas
va que se derrama em um único local da superfície terrestre
é importante para movimentá-Ias.
de ser equivalente à quantidade de lava em erupção de todo
Se assumirmos que os pontos quentes estejam realmente an- sistema da dorsal mesoceânica!
corados no manto, então os alinhamentos de pontos quentes po- Os basaltos de platô não ocorrem exclusivamente em con -
dem ser usados para reconstruir a história dos movimentos das nentes: eles também formam grandes planaltos oceânicos, co
placas em relação ao manto, da mesma forma que as isócronas o Planalto de Java-Ontong, a norte da ilha da Nova Guiné, e grar.-
magnéticas permitem a reconstrução dos movimentos relativos des partes do Planalto de Kerguelen, no Oceano Índico Ocider.-
das placas. Como vimos, essa idéia funciona razoavelmente bem tal (Figura 6.21). Essas feições constituem exemplos do que
para os movimentos recentes das placas. Quando se trata de pe- geólogos chamam de grandes províncias ígneas. Elas são de -.
ríodos mais longos, entretanto, vários problemas surgem. Por nidas como grandes volumes de rochas máficas, predominante-
exemplo, de acordo com a hipótese de que os pontos quentes são mente extrusivas, e de rochas intrusivas, cujas origens estão li",
fixos, a curvatura abrupta da cadeia assísmica do Havaí (no local das a processos outros que não os da expansão "normal" do as-
em que ela passa a ser chamada de Montes Submarinos do Impe- soalho oceânico. As grandes províncias ígneas são constituí
rador, ver Figura 6.20), há 43 milhões de anos, deveria coincidir de basaltos de planaltos continentais, de basaltos de planaltos .~
com uma mudança abrupta na direção de movimento da Placa bacias oceânicas e de cadeias assísmicas dos pontos quentes. c
Pacífica. Entretanto, nenhum sinal dessa mudança de direção po- mapa-múndi dessas províncias é mostrado na Figura 6.21.
de ser encontrado nas isócronas magnéticas, o que levou alguns O vulcanismo que cobriu grande parte da Sibéria com laL
geólogos a questionar a hipótese de que os pontos quentes são fi- é especialmente interessante porque ocorreu na mesma ép
xos. Outros sugeriram que, no manto em convecção, as plumas em que houve a maior extinção de espécies do registro geoló~-
não permaneceriam em posições fixas entre si, mas poderiam es- co, há cerca de 250 milhões de anos. Alguns geólogos pensar::
tar à deriva em correntes de convecção de direções variáveis. que a erupção causou a extinção, talvez pela poluição da atmos-
Quase todos os geólogos aceitam a idéia de que o vulcanis- fera com gases vulcânicos que desencadearam uma grande fil:·
mo dos pontos quentes é causado por algum tipo de subida de dança climática.
material do manto que está abaixo das placas. Entretanto, a hi- Muitos geólogos acreditam que as grandes províncias mag
pótese das plumas do manto, segundo a qual essas subidas de máticas foram criadas em pontos quentes, por plumas do man
material seriam condutos estreitos de material em ascensão a Entretanto, a quantidade de lava que se forma no Havaí, o pon

Figura 6.21 A distribuição global das grandes províncias hipótese que elas sejam resultantes de grandes eventos de
íg eas continentais e das bacias oceânicas. Essas províncias são fusão causados pela chegada de frentes de plumas na superfíci=
, 2rcadas por grandes derramamentos de magmas basálticos em da Terra. [Fonte: M. Coffin and O. Eldholm, Figure 1, Rev.
fi os quentes e em erupções fissurais. Admite-se como Geophys., 32:1-36,1994]
CAPíTULO 6 • Vulcanismo 1163

Quando a pluma alcança o À medida que a placa se


topo do manto, o magma move sobre os resquícios
basáltico formado pela fusão da pluma, a cauda da plu- o movi en-o co "nuado
induzida por descompressão ma - que agora é um ponto das placas se re o po o
penetra na litosfera e derra- quente - pode formar um quente aia urna C2deia
ma-se como basalto de platô. vulcão de ponto quente. vulcânica de pc o quente.

Basaltos de platô Vulcão de ponto quente

Limite
núcleo-manto
Núcleo externo

rei 6.22 Um modelo especulativo para a formação de pluma quente e turbulenta. Quando a frente de pluma alcança o
~;nes de basalto e outras províncias ígneas grandes. Uma nova topo do manto, ela achata-se, gerando um imenso volume de
-2 ascende do limite núcleo-manto, originando uma frente de magma basáltico, o qual irrompe como derrames de basalto.

mais ativo do mundo na atualidade, é insignificante tos vulcões que já afetaram comunidades pelo mundo afora, um
- "'o comparada aos enormes denamarpentos que oconem deles teve um efeito bastante forte sobre a Civilização Ociden-
te os episódios de extrusão de basaltos de platô. O que ex- tal. As equipes de arqueólogos e geólogos marinhos consegui-
~sses episódios eruptivos atípicos de magma basáltico do ram montar os fragmentos da história do desaparecimento de
- ? Alguns geólogos especulam que eles oconem quando Thira27 (antiga Santorini), uma ilha vulcânica no Mar Egeu. A
nova pluma ascende do limite núcleo-manto. De acordo erupção de Thira, em 1623 a.C., parece ter sido muitas vezes
essa hipótese, um grande bulbo de material quente e turbu- mais violenta que a do Krakatoa. O centro da ilha entrou em co-
- uma "frente de pluma" - abre o caminho. Quando essa lapso, formando uma caldeira cujos eixos medem 7 km por 10
~de pluma chega ao topo do manto, gera uma grande quan- km, hoje visível como uma laguna de, aproximadamente, 500
..;~de magma por um processo de fusão por descompressão, metros de profundidade e com dois pequenos vulcões ativos no
~ entra em erupção como gigantescos denames basálticos centro. A laguna é limitada por duas ilhas em forma de crescen-
_ 6.22). Essa hipótese é contestada por outros pesquisa- te, famosas por suas exportações de vinho e pela beleza natural,
=5. que argumentam que os basaltos de platô parecem geral- e que ainda estão sujeitas a tenemotos destrutivos. Os detritos
-~ estar associados a zonas de fraqueza preexistentes nas vulcânicos e os tsunâmis resultantes dessa catástrofe antiga des-
- ontinentais - sugerindo que os magmas são gerados por truíram dezenas de localidades costeiras de grande parte do Me-
• -50S convectivos localizados no manto superior. Descobrir ditenâneo Oriental. Alguns cientistas atribuíram o misterioso
gens das grandes províncias ígneas é uma das mais empol- desaparecimento da civilização cretense28 a esse cataclismo, que
- áreas de pesquisas conentes em Geologia. pode ser a fonte original do mito do "continente perdido" de
Atlântida. O curso da história foi provavelmente modificado por
esse evento vulcânico específico, que pode acontecer de no\"o.
Sabe-se a data de erupção a partir de uma camada de ci:1Z~
vulcanismo e a atividade humana vulcânica transportada de Thira até a Groenlândia. F" _ _
trada em 1994, em um testemunho de sondagem :.~-
5='ffideserupções vulcânicas não são somente um assunto de partes profundas do manto de gelo da GroenlflnC: __
_--e acadêmico para geólogos: elas são também wn signifi- anuais de deposição de neve podem ser contaj.:,- ~-
desastre natural para a sociedade humana. Entre os mui- munho, da mesma forma que os anéis de cre,_ :~-_
~ :o" 'C entender a Terra

.:.:- . ~~:'Cldêm ser contados para determinar a sua idade. O tes- riamente a economia da costa noroeste do Pacífico, de acorri
:,,=u . o dê gelo estudado datou 7 mil anos de história e fome- com a Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos.
~~ eyidências de 400 erupções vulcânicas antigas. A boa notícia é que os cientistas que monitoram o Mo ~
.~s erupções vulcânicas podem ser previstas? Sim, até certo Santa Helena (ver Reportagem 6.1) e o Monte Pinatubo COilS."-
ponto. Sinais premonitórios importantes de uma erupção são o guiram emitir alertas da iminência de erupções de grande p .-
oerguimento e a inclinação do terr~no e o aumento da ativida- te. Um aparato governamental foi deslocado ao local para aL-
de sísmica (ver Reportagem 6.1). E importante que aumente- liar os alertas e emitir e reforçar os comandos de evacuação. _-
mos a capacidade de prever erupções, pois há 100 vulcões de caso do Pinatubo, o alerta foi emitido poucos dias antes de
alto risco no mundo e cerca de 50 entram em erupção a cada erupção cataclísmica ocorrida em 15 de junho de 1991. Duze--
ano. Certamente, se entendermos melhor o vulcanismo, pode- tas e cinqüenta mil pessoas foram retiradas da área, inclusive
remos evitar a repetição da terrível história das erupções passa- 16 mil residentes da Base Clark, da Força Aérea Norte-Ame,--
das. Só nos últimos 500 anos, mais de 250 mil pessoas foram cana, localizada nas proximidades (e que, desde então, foi ~-
mortas por erupções vulcânicas. manentemente desativada). Dezenas de milhares de vidas fc-
ram salvas dos lahares que destruíram tudo que estava no ca
nho. As únicas vítimas foram pessoas que desrespeitaram a -
Reduzindo os riscos de vulcões perigosos
dem de evacuação. Em 1994, os 30 mil residentes de Rabae...
Dos cerca de 500 a 600 vulcões ativos da Terra, um entre cada
Papua-Nova Guiné, foram retirados das áreas de risco com ,--
seis já ceifou vidas humanas. Os vulcões podem matar pessoas cesso, por terra e por mar, horas antes da erupção de dois
e danificar propriedades devido a tefras (queda de cinzas), cor- cões localizados nos dois lados da cidade, que foi em gran --
ridas de lama, lavas, gases, derrames de piroclásticas, tsunâmis parte destruída ou danificada. Muitas pessoas devem suas vi~
e outros eventos que podem acompanhar as erupções. A Figu- ao governo, que conduziu simulações de evacuação, e aos cie--
ra 6.23 retrata alguns desses riscos. As estatísticas históricas tistas do observatório vulcânico local, que emitiram um aler.:
dos óbitos e de suas causas são mostradas na Figura 6.24. quando os seus sismógrafos registraram o tremor de terra q ~
O Monte Rainier, devido à sua proximidade com as populo- assinalou a ascensão do magma para a superfície.
sas cidades de Seattle e Tacoma, no Estado de Washington, tal- Em contraste com essas histórias de sucessos, há a tragé c
vez represente o maior risco vulcânico nos Estados Unidos. do Nevado dei Ruiz, na Colômbia, em 1985. Os cientistas
Cerca de 150 mil pessoas vivem em áreas nas quais os registros biam que esse vulcão era perigoso e estavam preparados par-
geológicos mostram evidências de derrames e lahares que se emitir alertas, mas nenhum procedimento de evacuação foi Í1rr
derramaram do vulcão nos últimos 6 mil anos. Uma erupção
imprevista poderia matar milhares de pessoas e prejudicar se-
plantado. Como resultado, 25 mil vidas foram perdidas nos I:
hares, que foram desencadeados por uma erupção de peque

Vento
predominante Nuvem eruptiva

Domo de lava
.""

Z
.' Coluna eruptiva

< Bom'ba~ -

Colapso do domo de lava

elahar
derrame
(fluxopiroclástico
de detritos)
de lama ou\ _~
..
..~~=:::~~~:;::~ (avalancha de detritos)

Chuva ácida

Figura 6.23 Alguns dos riscos vulcânicos capazes de provocar mortes e destruir
propriedades. [B. Meyers et aI., U.S. Geological Survey]
CAPíTULO 6. Vulcanismo I' 65
tenciais a partir dos depósitos formados em erupções anterio-
res. Essas avaliações de risco poderão ser utilizadas como dire-
trizes para o zoneamento e restrição do uso do solo - que é a
medida mais efetiva para reduzir o número de \'ítimas. O moni-
toramento por meio de instrumentos (yer Reponagem 6.1) é ca-
paz de detectar sinais como terremotos, in haço do \"lilcão e
emissões gasosas, que são alertas de erupções iminentes. As
pessoas em situação de risco poderão ser retiradas da área se as
autoridades estiverem organizadas e preparadas para essas si-
tuações. As erupções vulcânicas não podem ser eYitadas, mas
=
seus efeitos catastróficos podem ser significativamente reduzi-
dos se a ciência for aliada às políticas públicas progressi tas.
Com o crescimento do tráfego aéreo, um risco vulcânico
que vem chamando mais atenção é o encontro de cinzas \"lilcâ-
Gás
-- Lava
nicas lançadas por erupções que se situam nas rotas aéreas com
Indireto(fome jatos de passageiros comerciais. De acordo com o U. S. Geo-
piroclástica
epidêmica,etc.)
Tefra
Derrame/ondaTsunãmi
Fluxo
- dedelama(indireto)
Sismicidade
Avalancha detritos
O Raio
Inundação
Fluxode Desconhecida
lama(direto) logical Survey, nos últimos 25 anos, mais de 60 aviões foram
danificados por tais acidentes. Um Boeing 747 perdeu tempo-
rariamente todos os seus quatro motores quando a cinza de um
vulcão em erupção no Alasca foi sugada pelos mesmos, provo-
cando incêndios. Felizmente, o piloto foi capaz de fazer um
pouso de emergência. Atualmente, vários países emitem alertas
quando as erupções vulcânicas lançam cinzas próximo às rotas
de tráfego aéreo.
O trabalho dos vulcanólogos é arriscado - 14 perderam a
vida desde 1991. Em um desses casos, uma equipe de vulcanó-
logos que estava coletando dados na cratera do Vulcão Galeras,
nos Andes colombianos, foi surpreendida por uma erupção pi-
roclástica. Vários membros perderam suas vidas devido às cin-
zas e aos blocos incandescentes que explodiram da cratera. O
professor Stanley Williams, da Universidade do Estado do Ari-
zona, fazia parte da equipe. Atualmente, ele está desenvolven-
do um instrumento que pode analisar os gases vulcânicos da
cratera de um vulcão ativo a uma distância segura e transmitir
as informações para os cientistas. Uma erupção iminente pode-
ria ser prevista a partir dos tipos de gases que são emitidos. A
Associação Internacional de Vulcanologia recomenda que
"00. os cientistas aproximem-se de crateras ativas somente quan-
5 10 15 20 25 30 do isso for absolutamente necessário, que grupos grandes evi-
Percentual tem áreas de risco e que todos usem capacetes e trajes de prote-
ção". Poderiam esses geólogos ter evitado as trágicas perdas de
_ ra 6.24 (a) Dados estatísticos cumulativos desde o ano de vidas seguindo essas recomendações?
::0 d.e. As sete maiores erupções registradas, cada uma com As erupções vulcânicas poderiam ser controladas? Prova-
_ :lil vítimas ou mais, estão indicadas e respondem por mais de velmente não, embora em circunstâncias especiais e em peque-
:: - terços do total de óbitos. (b) Causa das mortes devido a na escala as perdas possam ser reduzidas. Talvez a tentativa
::ôes desde o ano de 1500 d.e. [Fonte: Simkin,1., Siebert, L.e mais bem-sucedida de controlar a atividade \"lilcânica tenha si-
:::;ag,R.Science, 291: 255, 2001] do aquela da ilha de Heimaey, na Islândia, em janeiro de 1973.
Os islandeses espargiram água do mar na Ia a em movimento,
resfriando e diminuindo a velocidade do fluxo, o que evitou
_ e. De forma semelhante, no ano de 2002, uma equipe de que a lava bloqueasse a entrada do porto e impediu a destruição
::ntistas internacionais emitiu alertas da erupção do Monte de algumas casas.
_- agongo, um vulcão no leste do Rifte Africano, perto de 1 o futuro próximo, a melhor política para a proteção da po-
:= :mia, no Congo (Kinshasa). Infelizmente, as instâncias gover- pulação será o estabelecimento de mais sistemas de alerta e de
entais não estavam em funcionamento no local e o alerta evacuação e de restrições mais rigorosas ao povoamento de lo-
- foi considerado. O sofrimento foi grande para os 400 mil cais potencialmente perigosos. Mas mesmo essas precauções
- itantes desse país pobre, que fugiram de seus lares sem podem ser insuficientes. Vulcões inativos ou extintos há muito
r-entação ou preparação. tempo podem voltar repentinamente à atividade - como acon-
Os progressos da vulcanologia permitem-nos identificar os teceu com o Vesúvio e o Monte Santa Helena, após centenas de
--.:ões mais perigosos do mundo e caracterizar seus riscos po- anos de inatividade. (Alguns vulcões potencialmente perigosos
66 ?ara E ender a Terra

Anos desde a última erupção


ALASCA >10.000 >1.000 0-300
Vulcão Redoubt •
- ----e
------ -~• -.
Monte Spurr ----~.
Monte Wrangell -
Monte Edgecumbe _.- -...........•
Vulcão IIliamna
--e
Vulcão Augustine ---
Vulcão Katmai
Vulcões das Aleutas --
~--. -.•
HAVAí
Haleakala -
Hualalai -
Kilauea
Mauna Loa

PORÇÃO
---
----- ---e
--e
.
---e

CONTINENTAL DOS
EUA E CANADÁ
Silverthorne
Rio Bridge
---- quanto ao risco não
Monte Meagher --
Monte Cayley __ - ~- disponíveis para os
vulcões canadenses
.}ClaSSificações
Monte Garibaldi
Monte Baker --
Geleira Peak

Monte Rainier
--------e

~.
Monte Santa Helena
Monte Adams
Monte Hood --
----e
Caldeira de Yellowstone - •
Monte ]efferson ---- •
Três Irmãs •
Vulcão Newberry --- - --- ..•
Cratera do Lago (Monte Mazama) _
Monte McLoughlin --e
Vulcão do Lago Medicine
onte Shasta ---
Pico Lassen ----.---
----- ---


Vulcões do Lago C1ear
Crateras de Mono-Inyo --
Pico São Francisco
Caldeira do Vale Comprido __
\
Esses vulcões têm períodos
Placa Pacífica de erupção curtos, de
Socorro 100 a 200 anos ou menos.
Vulcões Coso ---

o Abaixo desses vulcões há grandes corpos


rasos de magma, capazes de produzir
Esses vulcões parecem
ter periodicidade de
erupções extremamente destrutivas. mil anos ou mais.

Figura 6.25 Localização dos vulcões potencialmente perigosos dos Estados Unidos e do
Canadá. Os vulcões norte-americanos receberam símbolos de cores azuis, verdes e vermelhas,
em ordem decrescente de periculosidade, a qual está sujeita a revisões à medida que os
estudos progredirem. Não há classificações disponíveis para os vulcões canadenses. Note a
relação entre os vulcões que se estendem do norte da Califórnia até a Colúmbia Britânica e o
limite de subducção entre a Placa Norte-Americana e a Placa de Juan de Fuca.
II

CAPíTULO 6. Vulcanismo 1167


II
L
~Lados Unidos e do Canadá são mostrados na Figura madas alternadas de derrame de la\"a e de depó ira piroclásti-
- Um problema de previsão ainda maior é representado cosoA rápida ejeção de magma a partir de uma amara magmá-
- pções como a do Paricutín, que se soergueu a partir de tica poucos quilômetros abaixo da uperfície. eguida de olap-
~uena depressão em um milharal no México, em 1943. so do teto da câmara, resulta, na superfície. em uma grande de-
I
-=~sinteiras foram rapidamente soterradas por cinzas e la- pressão, chamada de caldeira. A caldeiras r - urgente gigan-
_- ida que o novo vulcão crescia por meio de erupções re- tes são alguns dos cataclismos naturai mai desrruúyo .
-"'-. Um desafio que se coloca aos geólogos é o de aprender
Como o vulcanismo está relacionado com a tectônica de pla-
= ionar os movimentos da lava nas profundezas com as
cas? A crosta oceânica forma-se a partir do magma b álrico
-~is erupções em superfície.
que ascende da astenosfera até as fissuras do i tema da dorsal
oceânica-rifte que separa as placas. Todos o tre prin ipai ti-
Qenefícios que os vulcões trazem pos de lavas - basáltica (máfica), andesítica (intermediária) e
os um pouco da beleza dos vulcões e um pouco do seu riolítica (félsica) - podem irromper nas zonas con\"ergente . O
~ destrutivo. Os vulcões contribuem para o nosso bem-es- basaltos derivam da fusão parcial do manto localizado a irna da
- \"árias formas. No Capítulo I, mencionamos que a atmos- placa que sofreu subducção, sendo que esta fornece a água pa-
:: os oceanos podem ter sido originados em episódios vul- ra induzir a fusão. Os basaltos são típicos de ilhas \'til âni as
em um passado distante. Os solos derivados de mate- encontradas em limites convergentes do tipo oceano-o eano.
-ulcânicos são excepcionalmente férteis por causa dos nu- Os andesitos e os riolitos são mais comum ente encontrados no
~ minerais que contêm. As rochas vulcânicas, os gases e cinturões vulcânicos de limites de convergência oceano- onri-
_ r são também fontes de importantes materiais industriais nente. A adição ao magma basáltico de sílica e outros elemen-
.cos, como a pedra-pomes, o ácido bórico, a amônia, o tos derivados da refusão de crosta continental, ou derivado da
- e, o dióxido de carbono e alguns metais. A água do mar fusão de sedimentos de fundo oceânico e do topo da crosta em
_- ula nas fissuras do sistema vulcânico das dorsais oceâ- subducção, pode produzir andesitos e riolitos. No interior das
- é um dos principais fatores na formação de minérios e na placas, o vulcanismo basáltico ocorre acima de pontos quentes,
-enção do balanço químico dos oceanos. A energia térmi- que são manifestações de plumas de material quente que ascen-
- vulcanismo está sendo cada vez mais aproveitada. A dem de partes profundas do manto.
;:;;iadas casas de Reykjavík, Islândia, é aquecida por água Quais são os efeitos benéficos e desastrosos do vulcanismo?
. encanada a partir de fontes quentes. O vapor geotérmi- Na evolução da Terra, as erupções vulcânicas liberaram grande
-ginado da água aquecida em contato com rochas vulcâni- parte dos gases e da água que formaram os oceanos e a atmos-
-: entes abaixo da superfície, é explorado como fonte de fera. O calor geotérrnico obtido de áreas de vulcanismo recen-
_. a para a produção de eletricidade na Itália, na Nova Ze- te vem adquirindo importância como fonte de energia. Um im-
~. nos Estados Unidos, no México, no Japão e nos países portante processo de formação de minérios ocorre quando a
-.::.LigaUnião Soviética. água subterrânea circula em torno de magmas intrudidos nas
profundezas ou quando a água do mar circula pelos riftes do
fundo oceânico. As erupções vulcânicas mataram mais de 250
mil pessoas nos últimos 500 anos. Para obter um resumo do
SUMO modo como isso acontece, veja a Figura 6.24.

ue ocorre o vulcanismo? O vulcanismo ocorre quando a

-enos
-, fundida
densa
deque
dentro
as rochas
da Terra
adjacentes).
ascende até
O motivo
a superfície
básico(por
éo I Conceitos e termos-chave
interno da Terra, vestígio da sua origem.
• atividade hidrotermal (p. 155) • lahar (p. 153)
. são as três principais categorias de lavas? As lavas
sificadas como félsicas (riolitos), intermediárias (ande- • basalto de platô (p. 145) • lava almofadada (p. 146)
ou máficas (basalto), de acordo com seus teores de sílica e • caldeira (p. 150) • lava andesítica (p. 146)
!IDésioe ferro, sendo que a sílica decresce das félsicas pa-
• cratera (p. 150) • lava basáltica (p. 145)
...:.máficas, enquanto o magnésio e o ferro mostram uma re-
-., oposta. • derrame de cinza (p. 153) • lava riolitica (p. 146)
e maneira a estrutura e o terreno onde se localiza um • diatrema (p.151) • piroclasto (p. 14 )
- o estão relacionados com o tipo de lava que ele emite e • domo vulcânico (p. 150) • ponto quente (p. 160)
o estilo de erupção? O basalto pode ser muito fluido. Nos • erupção fissural (p. 152) • pluma do manto (p. 160)
-' entes, pode irromper a partir de fissuras e extravasar-se
delgados derrames para construir um planalto de lava. • estratovulcão (p. 150) • vulcão (p. 144)
lllcão-escudo cresce a partir de erupções repetidas de ba- • geossistema vulcânico • vulcão composto (p. 150)
YÍndas de condutos vulcânicos. O magma silicoso é mais (p. 144) • vulcão do tipo cone de cinza
-o e, quando carregado de gás, tende a entrar em erupção • grande província ígnea (p. 150)
- :GTIllaexplosiva. Os fragmentos piroclásticos resultantes po- (p. 162)
~ mpilhar-se corno um cone de cinza ou cobrir urna área • vulcão-escudo (p. 150)
~ a com derrames de cinza. Um estratovulcão é feito de ca-
6 era Entender a Terra

Decker, R. W., and Decker, B. 1989. Volcanoes. Revised -


Exercícios updated. New York, W. H. Freeman.
Dvorak, J. J., and Dzurisin, D. 1997. Volcano geodesy: The sear
Este ícone indica que há uma animação disponível no sítio ele- for magma reservoirs and the formation of eruptive vents. Reviews
trônico que pode ajudá-Io na resposta. Geophysics 35: 343-384.
Dvorak, J. J, Johnson, c., and Tilling, R. L 1982. Dynamic
1. A astenosfera tem sido identificada como uma das principais Kilauea volcano. Scientific American (August), p. 46-53.
fontes de magma. Por quê? O que força a ascensão do magma para a Edmond, J. M., and Damm, K. L. V.1992. Hydrothermal acti\'i:_
superfície? in the deep sea. Oceanus (Spring), p. 74-81.
2. Qual a diferença entre magma e lava? Dê exemplos de rochas vul- Fisher, R. v., Heiken, G., and Hulen, J. B. 1997. Volcanoes: C,.
cânicas e de seus equivalentes de granulação grossa, intrusivos. cibles of Change. Princeton, N. J. Princeton University Press.
Francis, P. 1983. Giant volcanic calderas. Scientific America::
3. Descreva os principais estilos de erupções e os depósitos e formas
June, p. 60-70.
de relevo que cada um deles produz.
Heiken, G. 1979. Pyroclastic flow deposits. American Scien
4. Qual é a associação entre os limites de placas e o vulcanismo? O 67: 564-571.
estilo eruptivo e a composição dos depósitos vulcânicos podem ser
Humphreys, E. D., et aI., 2000. Beneath Yellowstone: Evaluaf _
correlacionados a limites de placas específicos?
plume and nonplume models using teleseismic images of the upp:::-
5. Em que circunstâncias ocorrem os lahares? E as fontes quentes? E mantle. GSA Today, 10, p. 1-7.
os depósitos de derrames de cinzas? Krakaner, J. 1996. Geologists worry about dangers of "liv~
6. Cite as características mais perigosas dos vulcões. under the volcano". Smithsonian (July), p. 33-125.
7. Quais são os sinais de uma erupção iminente? Mcphee, J. 1990. Cooling the lava. In: The Control of NatulC
New York: Farrar, Straus & Giroux.
MELT Seismic Team. 1998. Imaging the deep seismic structur=
beneath a mid-oceanic ridge: The MELT experiment. Science 2 C
Questões para pensar 1215-1218.
National Research Counci!. 1994. Mount Rainier: Active Casc

Este ícone indica que há uma animação disponível no sítio ele- Volcano. Washington, D. C. National Academy Press.
Sigurdsson, H. (ed.) 2000. The Encyclopedia ofVolcanoes. ~
CONECTlRWEB trônico que pode ajudá-Io na resposta. York, Academic Press.
1. Que iniciativas de políticas públicas poderiam sugerir as erupções Sirnkin, T., Siebert, L., and Blong, R. 200l.Volcano fatalities: Les-
do Monte Santa Helena, do Monte Pinatubo e do Nevado dei Ruiz em sons from the historical recordo Science 291: 255.
termos de zoneamento, uso da ten'a, seguros, sistemas de alerta e edu- TilIing, R. L 1989. Volcanic hazards and their mitigation: Progres."
cação pública? and problems. Reviews ofGeophysics 27 (2): 237-269.
2. Faça uma análise de custo-benefício dos vulcões - isto é, faça uma Vink, G. E., and Morgan, W. J. 1985. The Earth's hot spots. Scierr
tabulação dos seus perigos e de suas contribuições para a espécie hu- tiflc American (April): 50-57.
mana - e decida se você preferiria um planeta Terra com ou sem eles. White, R. S., and Mckenzie, D. P. 1989. Volcanism at rifts. Scier.-

{Il 3. Quais os conhecimentos sobre o interior da Terra adquiridos


tific American (July): 62-72.
WilIiams, S., and Montaigne, F. 2001. Surviving Galeras. BOStOL
por meio dos vulcões?
Houghton Mifflin.
4. A viscosidade de uma lava depende em grande parte de suas carac- Winchester, S. 2003. Krakatoa: The Day the World Explodeé:.
terísticas químicas. Qual é a relação entre a composição química de August 27, 1883. New York, Harper Collins.
uma lava e a morfologia dos vulcões? Wright, T. L., and Pierson, T. C. 1992. Living with volcanoes. C
5. Em uma viagem a campo, você encontra uma formação vulcânica S. Geological Survey Circular 1073. Washington, U. S Governmec
com aparência de um grande campo de sacos de areia unidos. As for- Printing Office.
mas individuais, com morfologia elipsoidal, têm uma textura superfi-
cial externa vítrea, lisa. Que tipo de lava é essa e quais informações ela
pode fornecer sobre sua história?
6. Explique por que alguns dos vulcões presentes nas ilhas havaianas Sugestões de leitura em português
são inativos enquanto outros permanecem ativos. A situação seria di-
ferente se as ilhas estivessem localizadas em uma zona de subducção? Bruce, V. 2002. Perigo oculto. São Paulo: Manole.
Explique sua resposta. Leinz, V. e Amaral, S. E. do. 1995. Geologia geral. São PaulO'
Nacional.
Sial, A. N. e Mcreath, L 1984. Petrologia Ígnea. Volume 1. Sah'
dor: SBG/CNPq/Bureau Gráfica e Editora.
Sugestões de leitura Winchester, S. 2003. Krakatoa: o dia em que o mundo explodilL
São Paulo: Objetiva .
.-\. G. U. Special Report. 1992. Volcanism and climatic change. Teixeira, W. 2000. Vulcanismo, produtos e importância para a ,i-
: -hingron. Arnerican Geophysical Union. da. In: Teixeira, w., Toledo, M. C. M. de, Fairchild. T. R. e Taioli, F
Bm . lctoria 2001. No Apparent Danger: The True Story ofVolca- (orgs.). 2000. Decifrando a Terra. São Paulo: Oficina de Textos. p.
. Disnsier ar Galeras and Nevado dei Ruiz. New York, HarperCollins. 347-380.
II
I

CAPíTULO 6 • Vulcanismo 11 69
--~-Life/Abril Coleções. 1996. Planeta Terra. São Paulo: Abril de derrames vu1canogênicos (incluindo basaltos. riodacitos. rioli-
tos e piroclásticas) com mais de 1.700 m de e pe ura. Esses der-
- .~. S. Van. 1994. Atlas da Terra: as forças que formam e mol- rames são conhecidos como Forma ,ão Serra Geral. da Bacia do
sso planeta. (Ilustrado por Richard Bonson). São Paulo: Mar- Paraná. Essa formação representa um dos mais \"olumosos vu1ca-
:: es. nismos intracontinentais do planeta, com um \'olume estimado de
650.000 km3 e uma área aproximada de 1.-00.000 km- di rribuída
no Sul do Brasil, Paraguai, Argentina, Uruguai e. ainda. uma COll-
traparte na África do Sul, onde é chamada de Grupo Erendeka. Es-
as de tradução ses derrames irromperam entre 133 e 129 Ma. quando a "-\rnérica
do Sul e a África estavam reunidas no supercontineme Gondwana,
.::ea aproximada da cidade de Nova York é de 3.500 km2. e fizeram parte dos eventos que levaram à formação do a soalho
do Oceano Atlântico e à separação dos continentes. :'\0 Planalto
::illldo de Vermont, localizado na costa leste dos Estados Unidos,
Meridional ocorrem paisagens singulares, como a do cânions e
- uma área de 24.887 km2, pouco maior que o Estado de Sergipe,
das famosas Cataratas do Iguaçu, sendo vegetado por uma mata
3rasil (21.994 km2).
mista com araucária. Nele desenvolveu-se a importante ultura
-- inglês, Long ValIey.
dos índios Kaingang.
i-se, também, o Planalto Meridional, no sul do Brasil.
19 Em inglês, Great Basin.
- - 'm grafado como lava em almofada. Às vezes, comparece co-
20 Lahar é uma palavra sem tradução para o português. Originada na
- - illow lava, sem tradução.
região de lava, é grafada da mesma forma em espanhol, inglês. ale-
- -bém chamada de púmice. mão ou francês. Encontra-se dicionarizada em Suguio (1998, Dicio-
. ~pressão "nuvem ardente" foi cunhada por Lacroix (em francês, nário de Geologia Sedimentar) e significa "corrida de lama vulcâni-
e ardente), em 1904, para descrever os pequenos fluxos origina- ca".
dos condutos centrais na erupção do Monte Pelado. Alguns auto- 210 Estado de Delaware tem uma área de 5.328 km2, o que correspon-
~ !Itilizam esse termo para designar emulsões de material sólido e de a um quarto da superfície do Estado de Sergipe, no Brasil.
'do em gás, que se movimentam com muita rapidez e grande tur-
22 Tsunâmi é uma palavra de origem japonesa (tsu = porto e nami =
~"ncia. Dessa forma, as nuvens ardentes diferenciam-se de "fluxos
onda, mar) e encontra-se dicionarizada em Suguio (1998, Dicioná-
derrames) piroclásticos", porque estes seriam mais densos e me-
rio de Geologia Sedimentar), Guerra (1978, Dicionário Geológi-
- rurbulentos e velozes, pois contêm menor volume de gases.
co-Geomorfológico) e no Dicionário Houaiss da Língua Portu-
":C_ francês, Pelée.
guesa; neste, ainda como vocábulo estrangeiro. É grafada da mes-
. _!Jperfície do estado norte-americano de Rhode Island é de 3.140 ma forma em várias línguas, como alemão, inglês, francês e espa-
-.:. o que equivale a cerca de um sétimo da área do estado de Ser- nhol, significando "onda de grande período e pequena amplitude
. no Brasil.
produzida por terremoto, erupção vulcânica, deslizamento de mas-
bém conhecidos como "cones vulcânicos piroclásticos", por sa e queda de meteoritos nos oceanos". Em 27 de dezembro de
_ terem fragmentos de diâmetro maior que o de cinzas. 2004, as zonas litorâneas de vários países na orla do Oceano Índi-
: _ ângulo de repouso, que é o ângulo acima do qual as forças de co foram devastadas por um descomunal tsunâmi originado por
_ ·"0 entre os grãos constituintes da pilha vulcânica são sobrepu- um terremoto de 8,9 graus na escala Richter, com epicentro no as-
~ pela ação da força gravitacional soalho oceânico próximo à costa norte da Indonésia, matando
- Brasil atual, não há vulcões ativos. Sobrevivem, entretanto, tes- mais de 300 mil pessoas.
~unhos de erupções vulcânicas de conduto central, como as estru- 23 J had a dream, which was not ali a dream. !The bright sun was ex-

dômicas de Poços de Caldas (com cerca de 30 km de diâmetro, tinguish 'd, and the stars IDid wander darkling in the eternal spa-
ginada há 90 Ma), em Minas Gerais, e das ilhas de Femando de ce IRayless, and pathless, and the icy earth ISwung blind and
nha (12,3 Ma) e Trindade (3,5-2,5 Ma), entre outras, localiza- blackening in the moonless air IMorn came and went - and came,
-:...:sem quase todos os estados do Brasil. and brought no day. IAnd menforgot their passions in the dread
·M Faithful Geyser significa "velho e fiel gêiser". O nome é uma IOfthis their desolation; and ali hearts lWere chill'd into a selfish
·"0 à regularidade com que o gêiser emite seus vapores. prayer for light.
2 inglês, Crater Lake. 24 Em inglês, black smokers. Eventualmente, em textos na língua por-
'='gnifica literalmente "Pedra do Navio". tuguesa, essa expressão não é traduzida.

bém designada, na literatura geológica, com o vocábulo inglês 25 Também denominada de "prisma acrescional".
. e. que é um corpo em forma de cilindro. 26 Em inglês, Wheeling Jesuit University .

=
~ Edifício Empire State tem 381 m de alrura e a Ilha de Manhattan
cerca de 81,5 km2.
27 Também grafada como Thera, Thíra e Tera, essa ilha está situada no
Mar de Creta, região sul do Mar Egeu, e pertence ao conjunto das il-
has Cíclades.
_-{)Sul do Brasil, o Planalto Meridional é formado por uma suces-
- de camadas de rochas sedimentares encimadas por um pacote 28 Também denominada "Civilização Minóica" ou "Minoana".

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