Você está na página 1de 36

Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software

http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

XIX - QUÍMICA DOS SOLOS SALINOS E


SÓDICOS

Mateus Rosas Ribeiro1/, Maria de Fatima Cavalvanti Barros1/ & Maria Betânia Galvão
dos Santos Freire1/

1/
Departamento de Agronomia da Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE.
52171-900 , Recife.
mrosas@depa.ufrpe.br; fatima@depa.ufrpe.br; betania@depa.ufrpe.br

Conteúdo

INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................................................... xxx

FORMAÇÃO DOS SOLOS HALOMÓRFICOS ............................................................................................................ xxx

CLASSIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DOS SOLOS QUANTO À SALINIDADE ................................ xxx

TIPOS DE SAIS E FORMAS NO SOLO .......................................................................................................................... xxx


Fatores que Afetam a Solubilidade .............................................................................................................................. xxx
Força Iônica .......................................................................................................................................................................... xxx
Formação de Pares Iônicos .............................................................................................................................................. xxx

FISICO-QUÍMICA DE SOLOS SALINOS, SALINO-SÓDICOS E SÓDICOS ................................................... xxx


Dupla Camada Iônica ...................................................................................................................................................... xxx
Força de van der Waals-London .................................................................................................................................... xxx
Efeito do Magnésio Trocável ........................................................................................................................................... xxx
Outros Fatores que Influem na Dispersão e Floculação dos Colóides .............................................................. xxx

TROCA IÔNICA .................................................................................................................................................................... xxx


Equação das Reações de Troca ...................................................................................................................................... xxx
Relação de Adsorção de Sódio (RAS) .......................................................................................................................... xxx
Relação de Sódio Trocável (RST) e Relação de Adsorção de Sódio (RAS) ....................................................... xxx

RECUPERAÇÃO DE SOLOS SALINOS, SALINO-SÓDICOS E SÓDICOS ...................................................... xxx


Recuperação de Solos Salinos ......................................................................................................................................... xxx
Cálculo da Necessidade de Lixiviação ........................................................................................................................ xxx
Recuperação de Solos Salino-Sódicos e Sódicos ....................................................................................................... xxx
Necessidade de Gesso (NG) ............................................................................................................................................ xxx
Método de Schoonover Modificado (Schoonover M-1) ........................................................................................... xxx

LITERATURA CITADA ...................................................................................................................................................... xxx

SBCS, Viçosa, 2008. Química e Mineralogia do Solo, xxxxp. (eds. xxxxxxxxxxxxx; xxxxxx xxxx xxxxx
xxxxxxx; xxxxx xxx x x x x x x xxxxxxxx; xxxxxxxxx.).
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

2 MATEUS R OSAS R IBEIRO ET AL

INTRODUÇÃO

Os solos salinos e sódicos, também conhecidos por solos halomórficos, são


caracterizados por conterem elevados teores de sais solúveis, Na trocável ou ambos em
horizontes ou camadas próximas à superfície. Estão relacionados com condições
imperfeitas de drenagem, em regiões áridas ou semi-áridas, onde a baixa precipitação
pluvial, a presença de camadas impermeáveis e a elevada evapotranspiração contribuem
para o aumento da concentração de sais solúveis na solução do solo (salinidade) e, ou,
aumento da percentagem de Na trocável (sodicidade), interferindo no crescimento e
desenvolvimento normal das plantas.
O aumento da concentração de sais solúveis no solo altera o crescimento das plantas
em virtude do aumento da tensão osmótica da solução, que reduz a absorção de água
pelas plantas, da acumulação de quantidades elevadas (tóxicas) de vários íons e de
distúrbios no balanço de íons (Chhabra, 1996; Henry & Johnson, 1977). Por outro lado, a
saturação do complexo de troca pelo Na+ resulta em condições físicas altamente
desfavoráveis à planta, além de provocar distúrbios nutricionais (USSL Staff, 1954;
Oliveira, 2001).
Conforme estimativas de Gupta & Abrol (1990), com base no Mapa de Solos
do Mundo, da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação -
FAO/UNESCO, os solos halomórficos ocupam uma superfície estimada de 9 500
000 km 2, distribuídos, principalmente, na Austrália, Ásia, América do Sul e África.
O aumento da população mundial e a pressão econômica têm resultado numa
expansão alarmante da área de solos degradados por salinidade e sodicidade, em
conseqüência do uso de terras marginais e do manejo inadequado de irrigação
(Ribeiro et al., 2003).
No Brasil, solos salinos e sódicos ocorrem no Rio Grande do Sul, no Pantanal Mato-
grossense e, predominantemente, na região semi-árida do Nordeste. Estimativas feitas
por Pereira et al. (1982) relacionam uma área de 91 000 km2 de solos afetados por sais no
Nordeste do Brasil. Segundo Ribeiro et al. (2003), com base no Mapa de Solos do Brasil,
os solos salinos, solódicos e sódicos ocupam cerca de 160.000 km2 ou @ 2 % do território
nacional.
Na região Nordeste, a expansão dos perímetros irrigados, particularmente nas
áreas aluv iais, tem provoc ad o agr av amento d a d egr ad aç ão dos solos por
salinização, em decorrência do manejo inadequado da água e do solo e da ausência
de drenagem. Segundo Magalhães (1995), nessa região, 20% da área total dos
perímetros irrigados estabelecidos pelo Departamento Nacional de Obras Contra
as Secas (DNOCS) está salinizada ou sodificada, acarretando grandes prejuízos
para a economia regional.
A adoção de práticas de manejo, visando à sustentabilidade dos perímetros irrigados
e ao sucesso das técnicas de recuperação, uso e manejo dos solos salinos e sódicos,
encontra-se na dependência do conhecimento da química dos solos salinos e sódicos,
principal objetivo deste trabalho.

Q UÍ MI C A E M I N ERA LO G I A DO S OL O
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

XIX - QUÍMICA DOS SOLOS SALINOS E SÓDICOS 3

FORMAÇÃO DOS SOLOS HALOMÓRFICOS

Salinização, solonização e solodização são processos pedogenéticos relacionados


com a formação, evolução e degradação dos solos salinos e sódicos. O processo de
salinização envolve a concentração de sais solúveis na solução do solo e resulta na
formação dos solos salinos. O processo de solonização promove a formação de solos
sódicos e é constituído por dois subprocessos: sodificação e dessalinização. A sodificação,
primeira etapa, é o processo de passagem do íon Na+ da solução do solo para o complexo
de troca, formando os solos denominados salino-sódicos. A dessalinização, etapa final,
promove a lavagem dos sais solúveis, resultando na formação de solos unicamente
sódicos. Segundo a seqüência clássica de evolução dos solos halomórficos, com o
prolongamento da lixiviação, os solos sódicos podem ser levados a um processo de
degradação, denominado solodização, que promove a lavagem do Na e sua substituição
pelo H, formando, no final do processo, solos não-salinos e não-sódicos, razão pela qual
não serão abordados neste item (Quadro 1).

Quadro 1. Esquema da seqüência clássica dos processos e etapas da formação dos solos
halomórficos

Processo Classificação Química Grupo genético

Salinização Salino Solonchak


Solonização Dessalinização Salino-sódico Solonchak Solonétzico
Solodização Sódico Solonetz
Sodificação Degradação Sódico (em subsuperfície) Solonetz Solodizado
Não-salino e não-sódico Solodi
Fonte: Adaptado de Carvalho (1966).

Tais processos sempre foram considerados como seqüenciais, na concepção


clássica de formação e evolução dos solos salinos e sódicos, creditada ao russo
K.K. Gedroiz, em 1928, e melhorada por cientistas americanos na década de 1930
(Fanning & Fanning, 1989). Embora o desenvolvimento da sodicidade possa,
também, ocorrer independentemente de um estádio prévio de salinização, pelo
intemperismo de minerais ricos em Na em condições de drenagem deficiente
(Wilding et al., 1963), a pedogênese dos solos salinos e sódicos será abordada
com base nos conceitos clássicos, de importância fundamental para a compreensão
da evolução destes solos.
Os solos salinos são resultantes do processo de salinização, que consiste na
concentração de sais mais solúveis que o gesso (CaSO4.2H2O), cuja solubilidade é de 2,41
g L -1, nos horizontes do perfil de solo. Os principais sais solúveis encontrados nos solos
salinos são cloretos, sulfatos e bicarbonatos de Na, Ca e Mg e em menor quantidade,
nitratos e carbonatos de K + , NH4 + , NO 3+ e CO32+ . As fontes de sais solúveis são,
primordialmente, os minerais primários formadores das rochas, por intemperismo
químico (veja capítulo IV), sendo a água o principal agente carreador.

Q UÍ MI C A E M I N ERA LO G I A DO S OL O
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

4 MATEUS R OSAS R IBEIRO ET AL

Os solos salinos geralmente localizam-se em áreas baixas, para onde convergem


os sais das áreas circunvizinhas, estando a salinização relacionada com climas áridos
e semi-áridos, e condições de restrição de drenagem, envolvendo lençol freático alto ou
baixa permeabilidade. Pode ser um processo natural ou artificialmente induzido nas
áreas irrigadas (USSL Staff, 1954; Sommerfeldt & Rapp, 1978; Fanning & Fanning,
1989).
O processo de salinização natural ou salinização primária pode ser desencadeado
por várias causas, podendo ser destacadas como mais importantes (Carvalho, 1966;
Ribeiro et al., 2003): i) invasão da água salgada que deposita seus sais nos terrenos
atingidos (esse processo é característico das regiões costeiras e é o único que pode ocorrer
em regiões úmidas); ii) acumulação de sais provenientes de áreas circunvizinhas, por
escoamento superficial, nos horizontes superiores, graças à presença de estratos
impermeáveis em pequena profundidade; iii) ascensão por capilaridade dos sais
existentes no próprio terreno e acumulados em camadas não-superficiais; iv) acumulação
dos sais em áreas baixas, sopés de encosta ou zonas de surgente, em conseqüência da
drenagem subsuperficial lateral das posições mais altas.
O processo de salinização induzido ou antrópico ocorre em conseqüência da
deposição dos sais pela água de rega que contém sais em solução e da elevação dos sais
à superfície por ascensão do lençol freático, em virtude do manejo inadequado da irrigação
(ausência de drenagem e, ou, superirrigação).
Em todos os casos, o processo de salinização envolve o excesso de água e,
geralmente, evapotranspiração elevada. Quando a concentração de sais de Na aumenta,
em solulção, o Na2+ começa a ser adsorvido e a predominar no complexo de troca,
iniciando-se o processo de sodificação, primeira etapa do processo de solonização. A
passagem do Na+ para o complexo de troca começa a ser importante quando este cátion
constitui a metade ou mais dos cátions solúveis da solução do solo (USSL Staff, 1954).
Nestas condições, Ca2+ e Mg2+ , por serem menos solúveis, precipitam à medida que a
solução do solo concentra-se em conseqüência da evapotranspiração, deixando o Na+,
praticamente, como único cátion da solução. Desta forma, o Na+ , apesar de ter menor
poder de troca, consegue deslocar outros cátions por ação de massa (Ribeiro et al.,
2003), pela seguinte reação:

Ca - X + 2 Na+ → Na - X - Na + Ca2+

sendo X o complexo de troca do solo.


Se houver um processo de drenagem natural ou artificial, pode ocorrer
dessalinização, última etapa do processo de solonização. Com a lixiviação dos sais
solúveis, a salinidade é removida e o complexo de troca fica saturado predominantemente
por Na. Por hidrólise, ocorre sua substituição do complexo de troca pelo H, acarretando
incremento do pH, de acordo com a seguinte reação (Fanning & Fanning, 1989):

Na – X + H2O → H – X + Na+ + OH- (1)

sendo X o complexo de troca do solo.

Q UÍ MI C A E M I N ERA LO G I A DO S OL O
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

XIX - QUÍMICA DOS SOLOS SALINOS E SÓDICOS 5

CLASSIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DOS SOLOS


QUANTO À SALINIDADE

Os solos halomórficos, formados pelos processos de salinização e solonização, são


classificados com base no conteúdo total de sais solúveis e na percentagem de Na trocável.
Como íons em solução conduzem corrente elétrica, a condutividade elétrica do extrato
da pasta saturada, mais conhecida como condutividade elétrica do extrato de saturação
(CEes), é o mais rápido e simples método para se estimar o teor total de sais solúveis do
solo, tendo em vista que a condução da corrente é diretamente proporcional à concentração
de íons em solução (Donahue et al., 1977).
A percentagem de Na trocável (PST), que representa a percentagem de Na+ em relação
à capacidade de troca de cátions (CTC) total, é calculada pela expressão:

PST = 100 x Na+ / CTC Total (2)

Três grupos de solos halomórficos são definidos segundo critérios estabelecidos


pelo USSL Staff (1954), mais conhecidos, a partir de 1963, como solos salinos, salino-
sódicos e sódicos (Quadro 1). Os solos são considerados salinos quando a condutividade
elétrica do extrato de saturação (CEes) é > 4 dS m-1 e a percentagem de Na trocável (PST)
é < 15 %. Normalmente, o pH destes solos é menor que 8,5. Solos com altos níveis de
salinidade apresentam, na época seca, a superfície coberta por eflorescências salinas
que formam uma crosta esbranquiçada (Figura 1). Por esta razão, foram chamados por
E.W. Hilgard, em 1906, de álcali brancos (USSL Staff, 1954).

Figura 1. Aspecto da superfície de um solo salino (CEes = 47 d Sm -1), no perímetro de Moxotó,


município de Ibimirim, Pernambuco (8°32' S e 37°41' W), mostrando a crosta salina
esbranquiçada e a ausência de vegetação. A única planta presente é um Atriplex, espécie
altamente tolerante à salinidade.
Fonte: Foto disponibilizada pelo Centro de Referência e Informação de Solos do Estado de Pernambuco - CRISEP/UFRPE.

Q UÍ MI C A E M I N ERA LO G I A DO S OL O
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

6 MATEUS R OSAS R IBEIRO ET AL

Os solos salinos correspondem aos solos classificados como Solonchak nos antigos
sistemas de classificação taxonômica, inclusive no Brasil. No atual Sistema Brasileiro
de Classificação de Solos (SiBCS), a salinidade é considerada no caráter sálico (CEes >
7 dS m -1, a 25 ºC) e no caráter salino (4 < CE < 7 dSm-1, a 25 ºC). O caráter sálico separa
classes nos níveis de subordem e grande grupo (ex.: Gleissolo Sálico e Neossolo Flúvico
sálico), e o caráter salino, no nível de subgrupo (ex.: Planossolo Háplico órtico salino)
(Embrapa, 2006).
Os solos são classificados como salino-sódicos quando a PST atinge valores
superiores ou iguais a 15 % e os níveis de salinidade permanecem altos, com uma CEes
> 4 dS m-1. Em razão do excesso de sais, os solos salino-sódicos apresentam pH,
geralmente, < 8,5 e parte dos colóides permanece floculada (Figura 2). Estes solos foram
classificados como Solonchak-Solonétzico nos antigos sistemas de classificação
taxonômica (Camargo et al., 1987).

Figura 2.Aspecto morfológico de um Neossolo Flúvico sálico sódico (Solonchak solonétzico),


no perímetro irrigado de Moxotó, PE, mostrando a superfície esbranquiçada e a ausência
de estrutura colunar, em conseqüência da salinidade, apesar da alta saturação por sódio.
A alta salinidade mantém as argilas parcialmente floculadas.
Fonte: Foto disponibilizada pelo CRISEP/UFRPE.

Q UÍ MI C A E M I N ERA LO G I A DO S OL O
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

XIX - QUÍMICA DOS SOLOS SALINOS E SÓDICOS 7

Os solos sódicos, chamados de Solonetz (Camargo et al., 1987) nos antigos sistemas
de classificação taxonômica, podem evoluir de um solo salino-sódico, por meio da
drenagem natural ou artificial que promova a lixiviação dos sais, ficando o solo apenas
com Na no complexo de troca.
Os solos sódicos caracterizam-se por apresentar PST > 15 % e CE < 4 dS m-1, com um
pH, geralmente, entre 8,5 e 10, resultante da hidrólise do Na do complexo de troca,
conforme reação mostrada na equação 1. O alto pH resultante dispersa a matéria orgânica
podendo dar cor escura ao solo (álcali negro), fazendo com que a argila migre no perfil
formando um horizonte Btn, com alto teor de Na, estrutura colunar ou prismática e
condições físicas altamente desfavoráveis à penetração da água e das raízes. O solonetz
pode evoluir para o Solonetz Solodizado, ainda considerado como sódico (Quadro 1),
por meio de lavagem superficial do Na e entrada do H (solodização parcial), tornando o
solo menos alcalino e formando horizontes A e E sobre um Btn mais profundo e sódico
(Fanning & Fanning, 1989) (Figura 3).

Figura 2.Aspecto da estrutura colunar do horizonte Btn de um solo sódico, classificado como
Planossolo Nátrico (Solonetz Solodizado), no município de Jataúba, PE (7°59' S e 36°29
W), com características físicas extremamente desfavoráveis à penetração da água e das
raízes.
Fonte: Foto disponibilizada pelo CRISEP/UFRPE.

Embora com larga aceitação, o nível de 15 % de PST, como limite de separação de


solos sódicos e não-sódicos a partir do qual as propriedades físicas do solo seriam
gravemente alteradas, está longe de ser unanimidade. O efeito negativo da PST nas
propriedades físicas do solo depende, além dos níveis de PST, de outros fatores, dentre
eles: presença de sais na solução do solo, textura, tipo de argila e CE da água usada na

Q UÍ MI C A E M I N ERA LO G I A DO S OL O
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

8 MATEUS R OSAS R IBEIRO ET AL

irrigação ou na determinação da condutividade hidráulica (Sumner, 1995). Segundo


Sumner (1995), as diferenças entre os limites de sodicidade estabelecidos pela USSL Staff
(1954), de 15 %, e o valor adotado na Austrália por Northcote & Skene (1972), de 6 %,
foram conseqüência do uso de águas com diferentes concentrações de eletrólitos nas
determinações de condutividade hidráulica em laboratório, mais alta no laboratório da
Califórnia e requerendo, portanto, PST maior para que as condições físicas fossem
alteradas. Considerando tais diferenças, o SiBCS (Embrapa, 2006) considera dois níveis
de sodicidade para a separação de classes: o caráter sódico (PST > 15 %), usado,
geralmente, no segundo e no terceiro nível (subordem e grande grupo) (ex.: Planossolo
Nátrico e Neossolo Flúvico sódico), e o caráter solódico (6 % < PST < 15 %), usado no
quarto nível (subgrupo) (ex.: Planossolo Háplico eutrófico solódico).

TIPOS DE SAIS E FORMAS NO SOLO

Solos submetidos à passagem de grandes volumes de água, em que os elementos


solúveis são lixiviados intensivamente, apresentam solução do solo bastante diluída. O
inverso ocorre em solos salinos, onde as reduzidas lâminas de água que percolam o solo
não são suficientes para retirar os sais solubilizados das rochas durante o intemperismo
químico, elevando a concentração salina da solução do solo.
Os sais mais comuns são os que predominam nos minerais das rochas que contribuíram
para a formação do material de origem dos solos de determinada área. Na composição das
rochas da Litosfera predominam O, Si, Al, Fe, Ca, Na, K e Mg, que constituem 98 % do total em
massa (Leinz & Amaral, 2001). Destes, os metais alcalinos e alcalino-terrosos são os de maior
solubilidade, permanecendo em solução como cátions Na+, K+, Ca2+ e Mg2+.
Os silicatos são os minerais que predominam nas rochas da Litosfera, estando entre
eles os feldspatos (58 %), piroxênios e anfibólios (13 %), quartzo (11 %), micas, cloritas e
argilominerais (10 %) (Teixeira et al., 2001). Assim, rochas com predomínio de feldspatos
como albita (NaAlSi3O8) podem ser fontes potenciais de Na ao sistema durante o
intemperismo; anortita (CaAl2Si2O8) é fonte de Ca, e microclina e ortoclásio (KAlSi3O8)
são fontes de K, dentre outros exemplos. Solos formados a partir de rochas sedimentares
com presença de calcita ou dolomita podem liberar, além dos cátions constituintes,
carbonatos (CO32-) e bicarbonatos (HCO3-); a partir de gipsita, os sulfatos (SO42-), etc.
Estudando solos aluviais eutróficos do Vale do Pajeú, em Serra Talhada (PE), Sousa
(1995) encontrou plagioclásio sódico na mineralogia das frações areia e silte, em
particular na areia fina, que pode facilitar a sodificação pelo suprimento de Na ao sistema
na região. O autor concluiu que, embora os teores de Na apresentem-se relativamente
baixos, principalmente na superfície, há tendência de acúmulo de sais em razão da
presença de plagioclásio no material de origem.
Em ambiente de déficit hídrico, há tendência de acúmulo dos sais liberados destes
minerais, predominantemente, os cátions Ca2+ , Mg2+, Na+ e K+ e os ânions Cl-, SO42-, HCO3-
e CO32-. Oliveira et al. (2002) descreveram as propriedades químicas de três Neossolos
Flúvicos do Perímetro Irrigado de Custódia, no Sertão de Pernambuco (Quadro 2). Nos

Q UÍ MI C A E M I N ERA LO G I A DO S OL O
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

XIX - QUÍMICA DOS SOLOS SALINOS E SÓDICOS 9

horizontes dos perfis estudados, o pH variou de 6,4 a 9,6, com predomínio de valores
superiores a 7,0, comum em solos afetados por sais, mas contrário à maioria dos solos
brasileiros. O complexo de troca destes solos apresentou altos teores de cátions de reação
básica (Ca2+, Mg2+, K+ e Na+), bem como valores nulos de acidez trocável e potencial, além
da soma de bases e CTC, em geral elevadas, demonstrando a reserva elevada de elementos
essenciais e de Na nestes solos. Contudo, o Na encontrado em elevadas concentrações
pode prejudicar a capacidade produtiva dos solos, promovendo dispersão de argila,
obstrução de poros e dificultando a infiltração de água e ar nos solos, além dos efeitos
tóxicos do Na nas plantas. O quadro 3 apresenta resultados da composição do extrato de
saturação de solos do Semi-Árido do Brasil, confirmando os principais cátions e ânions
nessas condições.

Quadro 2. Caracterização química de solos aluviais do Perímetro Irrigado de Custódia, Sertão


de Pernambuco (coordenadas de 8°05' S e 37°38' W)

pH Complexo Sortivo
Horizonte
KCl
Água Ca2+ Mg2+ K+ Na+ SB Al3+ H+Al CTC
1mol L-1

cmolc kg-1

Neossolo Flúvico Ta eutrófico solódico


Apn 8,2 7,0 12,5 5,4 1,63 3,02 22,6 0,0 0,0 22,6
Cn1 8,1 6,7 13,1 5,2 1,15 3,01 22,5 0,0 0,0 22,5
Cn2 7,8 6,3 13,3 3,3 0,69 2,31 19,6 0,0 0,0 19,6
2Cn3 8,1 6,2 5,8 1,4 0,41 0,80 8,4 0,0 0,0 8,4
3Cn4 8,0 6,0 7,7 1,8 0,48 0,98 11,0 0,0 0,0 11,0
4Cn5 8,2 6,2 1,8 0,3 0,20 0,62 2,9 0,0 0,0 2,9
Neossolo Flúvico Sódico salino
Apn 7,5 6,7 8,1 3,7 2,23 1,83 15,9 0,0 0,0 15,9
Cnz1 8,8 7,5 7,6 3,2 0,48 6,56 17,8 0,0 0,0 17,8
Cnz2 8,2 6,9 8,1 3,7 0,34 6,87 19,0 0,0 0,0 19,0
2Cn1 7,6 6,4 3,2 1,4 0,28 1,40 6,3 0,0 0,0 6,3
3Cn2 8,1 6,3 3,9 0,5 0,36 1,45 6,2 0,0 0,0 6,2
4Cn3 8,2 6,4 1,2 0,2 0,20 0,56 2,2 0,0 0,0 2,2
Neossolo Flúvico Sódico típico
Ap 6,4 5,7 5,6 3,0 1,34 0,59 10,5 0,0 1,4 11,9
Cn1 7,7 5,7 5,2 2,0 0,39 1,08 8,6 0,0 0,0 8,6
2Cn2 8,4 6,0 2,8 0,8 0,26 0,95 4,8 0,0 0,0 4,8
3Cn3 8,4 6,1 5,3 3,8 0,47 3,97 13,5 0,0 0,0 13,5
4Cn4 9,3 6,2 3,6 2,2 0,42 4,05 10,2 0,0 0,0 10,2
5Cn5 9,6 7,5 2,3 1,9 0,61 16,40 21,2 0,0 0,0 21,2
Fonte: Oliveira et al. (2002).

Q UÍ MI C A E M I N ERA LO G I A DO S OL O
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

10 MATEUS R OSAS R IBEIRO ET AL

Quadro 3. Composição do extrato da pasta saturada de solos alterados por sais no semi-árido
brasileiro

Município Ca2+ Mg2+ Na+ K+ Cl- SO42- CO32- HCO3- Fonte

_mmolc L-1

Custódia/PE (1) 3,6 2,5 55,6 0,6 60,1 1,0 0,0 0,8 Barros et al. (2004)
Custódia/PE 5,4 4,3 74,9 0,8 84,1 1,3 0,0 1,0 Barros et al. (2004)
Custódia/PE 12,1 11,1 35,2 0,1 48,0 2,4 0,0 3,0 Silveira (2000)
Custódia/PE 4,4 2,9 44,5 0,4 46,4 1,8 0,0 0,9 Ramos et al (2005)
Custódia/PE 50,3 18,2 148,5 0,6 192,2 25,8 0,0 1,8 Melo (2005)
Custódia/PE 3,3 2,7 50,1 0,5 53,5 0,8 0,0 0,3 Barros et al. (2004)
Custódia/PE 2,4 1,6 221,6 0,5 207,2 13,5 0,0 4,5 Coelho (2004)
Gorutuba/MG(2) 16,9 23,6 73,2 0,7 26,2 80,7 0,0 0,1 Moura et al. (2003)
Sumé/PB (3) 113,5 127,6 25,0 1,6 275,0 7,6 0,0 1,0 Gheyi et al (1995)
Pentecoste/CE (4) 3,6 4,2 14,1 0,2 14,5 1,0 0,0 0,9 Ferreyra & Coelho(1984)

Localização dos perímetros: (1) Custódia, PE (8°05' S e 37°38' W); (2) Gorutuba, MG (15°48' S e 43°18' W) ; (3) Sumé,
PB ( 7°39' S e 36°36' W); (4) Pentecoste, CE (3° 40' S e 39°10' W)

Os íons da solução do solo tendem a entrar em equilíbrio com os íons adsorvidos no


complexo de troca; por isso, a solução do solo nestas condições está, em geral, com altas
concentrações de sais. Por outro lado, quando os teores de Na na água de irrigação
atingem valores elevados em relação aos de Ca e Mg, a solução pode promover um processo
de sodificação do solo, degradando suas características físicas.
As águas utilizadas no Estado de Pernambuco podem conter de 40 a 1.000 mg L -1 de
sais solúveis (Magalhães, 1995), constituindo importante fonte de sais para o solo onde
a evapotranspiração potencial ultrapassa a precipitação, e a drenagem nem sempre é
favorável à retirada dos sais do sistema. Há grande variação de um local para outro, de
épocas do ano, além da origem das águas, que podem ser de rios perenes ou temporários,
açudes, poços amazonas (poços pouco profundos construídos manualmente, por vezes,
revestidos com tijolos ou tubos de concreto) e lagoas. No Agropolo de fruticultura irrigada
Assu/Mossoró, no Rio Grande do Norte, encontram-se águas que superam a classe C4,
classificada como de “alto risco de salinização” pelo USSL Staff (1954).
Associados aos cátions, encontram-se os ânions Cl-, SO4 2-, CO32- e HCO3- , em
proporções variáveis conforme os minerais presentes em cada local. Destaca-se a
predominância de sulfatos nas águas provenientes das áreas do Pólo Gesseiro do Araripe,
grande reserva de gipsita localizada no sertão, entre os Estados de Pernambuco e Ceará;
cloretos no embasamento cristalino, influenciando a salinidade total pela maior
solubilidade dos sais de Cl-, como na maioria dos municípios do sertão de Pernambuco
(Nunes Filho et al., 2000); e de HCO3- e CO32- em solos provenientes de rochas carbonáticas,
com elevados valores de pH (Maia et al., 1997, 1998).
Avaliando a qualidade da água usada para irrigação em duas regiões do Estado do
Rio Grande do Norte (Chapada do Apodi e Baixo Assu), Maia et al. (1997) e Maia et al.

Q UÍ MI C A E M I N ERA LO G I A DO S OL O
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

XIX - QUÍMICA DOS SOLOS SALINOS E SÓDICOS 11

(1998) encontraram águas classificadas desde C 1S 1 (baixo risco de salinização e


sodificação de solos) até C4S4 (muito alto risco de salinização e sodificação de solos)
(USSL Staff, 1954), com grande variabilidade. Para a região da Chapada do Apodi, as
águas de maiores concentrações de sais corresponderam às de lagoas, enquanto para o
Baixo Assu, foram as de açudes. Para as duas regiões, as águas de melhor qualidade
foram as de rios e poços amazonas, no geral. Isto demonstra a importância não só da
fonte de fornecimento de água, ma também do terreno em que está localizada, que pode
alterar o fornecimento de sais às águas e destas aos solos.
Audry & Suassuna (1990) estudaram a qualidade da água usada na irrigação no
Trópico Semi-Árido e concluíram que as águas de lençóis aluviais aproveitadas por
meio de poços amazonas são as mais problemáticas, possivelmente pela composição das
rochas da área estudada. Apresentam variações sazonais e atingem níveis de salinidade
elevados, ultrapassando, freqüentemente, 1,5 dS m-1 de condutividade elétrica na época
da estiagem. O fato é agravante, à medida que é nesta época que a disponibilidade de
água é restrita e a demanda evapotranspiratória é maior, requerendo maior aplicação de
água na irrigação.
Para solos de textura arenosa, geralmente com drenagem interna mais favorável, é
mais fácil estabelecer um balanço hídrico capaz de manter os teores de sais em níveis
aceitáveis para as culturas agrícolas, ou seja, aplicar lâminas adicionais para retirar os
sais acrescentados pela irrigação. Todavia, para solos de textura mais fina, ou mesmo de
textura média, mas com argilas de atividade alta (vermiculitas e esmectitas – veja capítulo
V), muito comuns na região, o uso de águas que contenham sais pode acarretar a
salinização em curto período de tempo. Nestes, é preciso cuidado especial com a drenagem
e a qualidade da água usada na irrigação.

Fatores que Afetam a Solubilidade


Com a elevada concentração da solução do solo em condições de salinidade, é comum
a precipitação de sais na superfície ou mesmo em camadas mais inferiores do perfil.
Dependendo das espécies de sais no meio, alguns precipitam preferencialmente em
relação a outros, dependendo de fatores relacionados com a solubilidade e condições
ambientais. Variações da composição salina da solução dos solos alterados por sais são
observadas espacialmente, a pequenas distâncias, da ordem de centímetros, bem como
ao longo da época do ano, relacionada com a precipitação pluvial, temperatura, incidência
de ventos, etc.
Nas soluções químicas, quando substâncias são misturadas, ocorrem reações que
alteram sua composição até que seja alcançado o equilíbrio, quando não mais ocorrem
alterações entre reagentes e produtos das reações (veja capítulo III). Para qualquer reação:

V1
aA + bB cC + dD
V2

A reação para a direita ocorre na velocidade V1 e, para a esquerda, na velocidade V2,


em que:

Q UÍ MI C A E M I N ERA LO G I A DO S OL O
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

12 MATEUS R OSAS R IBEIRO ET AL

V1 = K1(A)a (B)b
V2 = K2(C)c (D)d

Quando as reações estão em equilíbrio termodinâmico, a constante Kº é definida


como a igualdade entre V1 e V2, ou:

K 1 (C )c (D )d
K° = = (3)
K 2 (A )a (B )b

em que A, B, C e D são as espécies químicas presentes no meio, os expoentes a, b, c e d


referem-se aos coeficientes estequiométricos e os parênteses indicam a atividade química
de cada espécie envolvida. Aumentando a concentração da espécie A, a reação tende a
deslocar-se no sentido da diminuição da atividade desta espécie, ou seja, para a direita.
Caso haja diminuição, a reação ocorre no sentido da esquerda, levando sempre ao
equilíbrio.
Em solos alterados por sais, a concentração da solução do solo supera o produto de
solubilidade de muitos sais, acarretando sua precipitação. Assim, os CO32- precipitam
inicialmente, seguidos pelos SO42- e, finalmente, Cl-, quando ocorrem estes três tipos de
ânions. Por outro lado, quando sais de Cl- predominam, a tendência é que a solução do
solo apresente maiores níveis de salinidade, pela maior solubilidade destes sais, refletidas
em maiores valores de CEes. Em solos com elevados teores de CO2-, a precipitação destes
ocorre a valores mais baixos de CEes. A precipitação dos sais menos solúveis, com a
diminuição da umidade do solo, favorece o aumento excessivo da concentração de NaCl
e, portanto, dos íons Na+ e Cl- em solução. Quando em maiores proporções na fase solúvel
em relação ao Ca2+ e Mg2+ , o Na+ promove a saturação dos colóides, caracterizando o
processo de sodificação do solo (Freire et al., 2003). Contudo, isto não depende apenas
da solubilidade dos sais que predominam, mas também de outros fatores, a saber: como
força iônica da solução do solo, presença de diversos tipos de íons, formação de pares
iônicos e íons complexos, bem como das oscilações nos fatores ambientais citados
anteriormente. Em condições de salinidade, a força iônica da solução do solo é elevada,
dependendo das altas concentrações de sais decorrentes de elevadas taxas de
evapotranspiração e baixas de precipitação, com relação direta com os ambientes árido e
semi-árido.

Força Iônica
A força iônica está relacionada com a concentração total de íons na solução do solo
que, em condições de salinidade, atinge geralmente valores bem superiores às condições
reinantes na maioria dos solos desenvolvidos sob lixiviação constante. Dependendo da
presença de certas espécies de cátions e ânions, a força iônica pode ser modificada
substancialmente. Como os solos alterados por sais variam amplamente em composição
e concentração de sais, a força iônica pode ser bastante diferente em cada situação.
Segundo Lindsay (1979), força iônica é definida como:

Q UÍ MI C A E M I N ERA LO G I A DO S OL O
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

XIX - QUÍMICA DOS SOLOS SALINOS E SÓDICOS 13

1
µ=
2
∑ Ci Zi 2 (4)

em que µ é a força iônica, Ci é a concentração do íon i (mol L -1), Zi é a valência do íon


i e Ó indica a soma da concentração vezes a valência elevada ao quadrado de cada
espécie iônica na solução do solo (veja capítulo I).
Sistemas salinos dominados por sais de Ca diferem de outros, onde o Na predomina,
mesmo que as concentrações sejam equivalentes. Por exemplo, uma solução de NaCl
0,1 mol L -1 e outra de CaSO4 0,1 mol L-1 não apresentam a mesma força iônica:

NaCL : µ =
1
2
[ ]
0,1 × 1 2 + 0,1 × (− 1)2 = 0,1mol L− 1

CaSO 4 µ =
1
2
[ ]
0,1 x 2 2 + 0,1 x ( −2 )2 = 0 , 4 mol L−1

Neste caso, a solução de CaSO4 apresenta força iônica quatro vezes superior à de
NaCl, acarretando alterações na atividade dos íons entre as duas situações, destacando-
se, assim, a importância do conhecimento das espécies presentes na solução do solo e em
quais concentrações. Nos solos, encontram-se diversos sais e em diferentes concentrações,
dificultando os cálculos da força iônica da solução do solo.
No caso dos solos salinos, a elevada concentração de sais solúveis eleva sobremaneira
a força iônica da solução do solo, alterando a solubilidade dos solutos e causando muitas
vezes a precipitação dos sais, que chegam a formar crostas superficiais no solo, mesmo
em solos úmidos.
A solubilidade de um composto pode ser elevada pelo aumento da concentração de
um eletrólito, desde que os íons não sejam comuns aos do composto (aumenta a força
iônica da solução e reduz a atividade dos íons em questão). Por outro lado, a solubilidade
deste mesmo composto diminui com aumento da concentração de um eletrólito que tenha
íons comuns. Isto pode acarretar a precipitação de sais a baixas concentrações, pela
presença de outros compostos com íons comuns, ou mesmo a manutenção de diferentes
cátions e ânions em forma solúvel pela elevada força iônica da solução do solo.
Pode-se, também, destacar a importância da composição da solução do solo quanto à
solubilidade dos sais, ao se aplicar algum produto como corretivo de sodicidade. A presença
de CaCO3 no solo diminui a solubilidade do CaSO4 (gesso), dificultando a correção com
gesso em solos com presença de calcita. Por outro lado, a presença de NaCl na solução do
solo pode incrementar a solubilidade do gesso como corretivo, por não conter íons comuns.
Como já destacado anteriormente, nestes solos são encontrados Cl-, CO42-, HCO3- e
2-
CO3 de Ca, Mg, Na e K, em proporções variáveis. Pela dificuldade de cálculo da força
iônica da solução destes solos, considerando inclusive as alterações de concentração
com a estação seca e chuvosa, bem como com as alterações no teor de água na agricultura
irrigada, um método conveniente de estimar a força iônica da solução do solo é a medida
de sua condutividade elétrica (Lindsay, 1979):

µ = 0,013 × CE (5)

Q UÍ MI C A E M I N ERA LO G I A DO S OL O
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

14 MATEUS R OSAS R IBEIRO ET AL

sendo µ a força iônica baseada nas concentrações expressas em mol L -1 e CE a


condutividade elétrica expressa em dS m-1 a 25 oC.
Esta relação empírica é bastante útil quando não se conhece totalmente a composição
da solução do solo ou quando a formação de pares iônicos e íons complexos dificultam
a medida das espécies iônicas na solução. Sendo a CEes também utilizada para classificar
os solos quanto à salinidade, medida esta comumente realizada na caracterização química
de solos alterados por sais, torna-se prático estimar a força iônica da solução do solo por
meio de sua relação com a CEes. Contudo, apenas a força iônica ou a CEes não informam
a relação entre as concentrações de cátions e ânions nestes solos. Uma caracterização
química deve ser feita para determinar as concentrações dos principais cátions e ânions
presentes, possibilitando os cálculos das relações entre eles.
As relações entre os íons na solução dos solos salinos e sódicos, bem como na água de
irrigação, possibilitam planejamento de um manejo adequado dos solos quanto ao cultivo,
irrigação e drenagem, ou correção com maior segurança. Águas de irrigação que contêm
sais de Na devem ser utilizadas com cautela, monitorando-se as proporções desse íon em
relação ao Ca e Mg na fase trocável, pois quanto maior esta relação, maior será a propensão
à dispersão dos colóides, promovendo movimentação destes no perfil do solo, com a
conseqüente obstrução de poros e redução da condutividade hidráulica (Freire et al., 2003).
O uso de águas com sais de Na pode desencadear esse processo de degradação,
principalmente em sistemas onde esse elemento não predomina em condições naturais.

Formação de Pares Iônicos


Um fator que interfere nas reações químicas em solos alterados por sais é a existência
de pares iônicos formados. Assim, quando o gesso é aplicado ao solo, a formação de
CaSO4o reduz a reatividade do Ca, diminuindo sua capacidade de substituir o Na no
complexo de troca do solo. Nesta situação, o teor de Ca total pode ser contabilizado como
o somatório do Ca2+ e do par iônico CaSO4o, da mesma forma que o SO42- total será o ânion
SO42- e o par iônico CaSO4o. Este fenômeno ocorre com maior expressão para o SO42- nas
condições dos solos em geral. Para o HCO3-, isso ocorre apenas quando o pH está na
faixa da alcalinidade. O Cl- não forma pares iônicos, e o NO3- forma com teores
desprezíveis, graças à sua alta solubilidade.
A formação de pares iônicos pode alterar a atividade dos íons Ca2+ e SO42-, de
importância quando se trata da correção de solos com problemas de teores elevados de
Na trocável, pois é necessário que o Ca2+ permaneça com atividade suficiente para
substituir o Na no sistema, corrigindo a sodicidade do solo, assunto a ser tratado
posteriormente (item Recuperação de Solos Salino-Sódicos e Sódicos).

TIPOS DE SAIS E FORMAS NO SOLO

Considerando a natureza complexa dos solos, compostos por partículas de tamanhos


e características físicas e químicas diversas, o comportamento dos elementos químicos
neste meio pode variar amplamente. As cargas elétricas dos materiais constituintes dos

Q UÍ MI C A E M I N ERA LO G I A DO S OL O
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

XIX - QUÍMICA DOS SOLOS SALINOS E SÓDICOS 15

solos são de extrema importância no que diz respeito às forças de atração e repulsão das
partículas. Os colóides do solo, eletricamente carregados, sofrem influência de alguns
fatores que promovem mudanças em seu comportamento quanto aos fenômenos de
dispersão e floculação, de grande importância para o comportamento e manejo dos solos
salinos e sódicos. O equilíbrio de forças de atração e repulsão de partículas dos solos
determina a propensão destes a dispersar ou flocular, dependendo da dimensão das
forças que estiverem atuando. Sobre estas forças existem fatores que contribuem de
maneira diferenciada em solos alterados por sais. Destes, aqui são tratados os mais
importantes.

Dupla Camada Iônica


Entre a superfície das partículas sólidas carregadas negativamente e a solução do
solo com íons de cargas elétricas positivas e negativas podem ocorrer alterações na
dimensão desta camada que envolve cátions e ânions. Próximo à partícula concentram-
se os cátions, diminuindo sua concentração com seu afastamento da superfície. Para os
ânions, o comportamento é o inverso, com baixa concentração na superfície e aumentando
com a distância. Este modelo de distribuição é universalmente conhecido como a dupla
camada difusa (veja detalhes no capítulo X), segundo a teoria de Gouy-Chapman (Sumner,
1995), que se aplica aos solos e rege a propensão destes à floculação e dispersão.
Pelos modelos desenvolvidos para estimar a espessura da dupla camada de íons,
sabe-se que esta é inversamente proporcional à concentração eletrolítica da solução do
solo e ao quadrado da valência do íon envolvido no sistema (veja capítulo XI). Para solos
salinos, onde a concentração de cátions e ânions é mais elevada, há tendência de pressão
com vistas em diminuir a espessura da dupla camada iônica. Assim, solos com excesso
de sais solúveis apresentam maior propensão a flocular, em condições naturais. Por
outro lado, solos saturados com Na em detrimento do Ca apresentam-se naturalmente
propensos à dispersão. O íon Na, monovalente e com raio iônico hidratado amplo, fica
fracamente retido à partícula sólida, não neutralizando totalmente sua carga, causando
o afastamento entre as partículas coloidais carregadas eletricamente.
Quanto menor a força de atração entre as partículas sólidas e os cátions circundantes,
maior a espessura da dupla camada iônica e, conseqüentemente, maior a repulsão entre
partículas coloidais vizinhas. Dentro deste contexto, a dispersão prevalece, provocando
a manutenção dos colóides individualizados na solução do solo, passíveis de ser
conduzidos pela água, migrando ao longo do perfil do solo e causando a obstrução de
poros e conseqüente degradação de suas propriedades físicas. Desta forma, condições
que propiciem elevação na espessura da dupla camada difusa acarretam maior propensão
dos solos à dispersão.
O Na, quando comparado ao Ca, é um elemento de maior raio hidratado e menor
valência, promovendo, portanto, a repulsão entre partículas de argila vizinhas, ou seja,
a dispersão dos colóides do solo. No quadro 4, é feita comparação da espessura das
duplas camadas desenvolvidas na presença de um sal de Na e outro de Ca, a diferentes
concentrações. Nesse exemplo, White (1979) refere-se a um sistema de um único sal, mas,
no solo, há uma mistura deles, dificultando o entendimento do processo. Contudo, a

Q UÍ MI C A E M I N ERA LO G I A DO S OL O
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

16 MATEUS R OSAS R IBEIRO ET AL

predominância ou não da concentração de Na sobre a de Ca é que vai determinar a


dispersão ou a floculação, influindo no desenvolvimento de estrutura colunar ou
prismática nos solos, e condições físicas extremamente desfavoráveis à penetração da
água e das raízes (Figura 3).
Solos com problemas de sais solúveis e Na trocável, classificados como salino-
sódicos, teoricamente não seriam dispersos, pois os sais solúveis manteriam a dupla
camada difusa estreita, condição necessária para a aproximação das partículas e
floculação. Contudo, altas concentrações salinas não têm sido suficientes para manter
as condições físicas favoráveis, principalmente quando o Na trocável encontra-se em
elevadas proporções e predominam argilas de atividade alta (Barros & Magalhães, 1989).
Uma alternativa para o manejo destes solos pode ser o uso de águas de salinidade elevada,
pois os sais na água de irrigação facilitam sua infiltração por manter o estado de
floculação dos colóides do solo, pela compressão da dupla camada difusa (Freire et al.,
2003).

Quadro 4. Espessura da camada difusa para diferentes concentrações de eletrólitos 1:1 e 2:1

Concentração eletrolítica Espessura efetiva da camada difusa, d

Co NaCl CaCl2

cmolc cm-3 nm

0,1 1,94 1,0


0,01 6,2 3,2
0,001 19,4 10,1
Fonte: White (1979).

Força de van der Waals-London


Forças de atração entre átomos de moléculas mantidas a distâncias reduzidas podem
contabilizar valores consideráveis entre partículas coloidais nos solos, por serem
cumulativas. Tais forças são decorrentes do movimento oscilatório de elétrons em torno
do núcleo de cada átomo da matéria, formando um campo elétrico momentâneo que
polariza átomos adjacentes, resultando em atração. Contabilizada átomo a átomo, esta
força não apresenta valores consideráveis; entretanto, como é aditiva, átomos de uma
mesma substância, apresentando pequenas forças de atração aos átomos da substância
vizinha, caracterizam grande força de atração no total. Estas forças têm importante papel
no fenômeno de floculação de partículas coloidais em solos, podendo, inclusive, suplantar
as forças de repulsão promovidas pela grande extensão da dupla camada difusa,
conduzindo à floculação. Contudo, para que isso ocorra, é necessário que as forças de
repulsão não sejam muito intensas, o que não é comum em solos sódicos.
Em sistemas de argila pura, principalmente montmorilonita e vermiculita, sob
condições de dispersão, as partículas colidem naturalmente de acordo com o movimento
browniano ao qual estão submetidas, mas as forças repulsivas, graças à dupla camada

Q UÍ MI C A E M I N ERA LO G I A DO S OL O
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

XIX - QUÍMICA DOS SOLOS SALINOS E SÓDICOS 17

difusa, promovem seu afastamento, caracterizado pela dispersão. Entretanto, quando


a concentração salina é elevada ou a valência dos contra-íons é maior, as forças
repulsivas da dupla camada são reduzidas, permitindo aproximação dos colóides
necessária para atuação das forças atrativas de van der Waals, com floculação do
sistema (Sumner, 1995).
Solos alterados por sais podem apresentar variados níveis de estruturação em
conseqüência deste equilíbrio entre as forças de atração e repulsão, propiciando
diferentes condições de cultivo e mesmo correção, que envolve percolação de água
como condição determinante.

Efeito do Magnésio Trocável


Quando se fala em equilíbrio entre cátions monovalentes e divalentes em solos
propensos à dispersão, trata-se do Ca e do Mg conjuntamente, como cátions que induzem
à floculação, melhorando as propriedades dos solos com elevados teores de Na trocável.
Contudo, em algumas situações, o Mg pode incrementar a dispersão promovida pelo Na,
quando predomina em relação ao Ca.
Apesar da mesma valência que o Ca, o Mg apresenta menor raio iônico e, por
isso, maior raio hidratado, dificultando sua aproximação das partículas coloidais
carregadas negativamente para neutralização de suas cargas elétricas. Isto gera um
remanescente de carga negativa nas partículas dos solos, com conseqüente dispersão
e movimentação de colóides ao longo do perfil do solo, provocando a criação de
camadas mais adensadas que funcionam como impedimento à movimentação de ar e
água em profundidade.
Sumner (1995), revisando os efeitos do Mg trocável, destacou que a relação Mg/Ca
aumenta com a elevação da PST, facilitando a retenção do Mg em detrimento do Ca e
promovendo mais dispersão. Solos também podem apresentar maior preferência por Na
em sistemas Na-Mg do que nos Na-Ca, fazendo com que a adsorção de Na seja
incrementada em presença do Mg, agravando os problemas de sodicidade e suas
conseqüências. Sumner (1995) observou que a presença de maiores proporções de Mg em
solos ou mesmo na água usada na irrigação proporciona aumento no teor de argila
dispersa e conseqüente redução na condutividade hidráulica de solos, principalmente
em valores mais baixos da relação de adsorção de sódio (RAS). Assim, esse autor enfatizou
a necessidade de monitoramento das relações Na/Ca, Na/Mg e Mg/Ca em solos e águas
de irrigação.

Outros Fatores que Influem na Dispersão e Floculação dos Colóides


Os teores de Na trocável, associados ou não aos de Mg trocável, bem como baixas
concentrações de sais na solução do solo, contribuem para aumento da espessura da
dupla camada difusa, dificultando a atuação das forças atrativas de van der Waals .
Por outro lado, o aumento da concentração de sais na solução do solo e, especialmente,
na água de irrigação pode promover supressão da dupla camada difusa, levando à
floculação.

Q UÍ MI C A E M I N ERA LO G I A DO S OL O
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

18 MATEUS R OSAS R IBEIRO ET AL

Também pode ocorrer diferenciação quanto à granulometria dos solos, visto que os
de textura mais grossa são menos propensos aos efeitos do Na trocável em termos de
dispersão do que os solos mais argilosos. A influência da textura foi reconhecida por
Greene et al. (1978), ao considerar o limite de PST para caracterizar solos sódicos como
10 %, para os de textura fina, e 20 %, para os de textura grossa. Por outro lado, a
mineralogia dominante na fração argila dos solos também tem importância fundamental
nos processos de floculação e dispersão. Quando composta apenas por minerais
filossilicatos não-expansíveis 1:1, como a caulinita, com presença de óxidos de Fe e Al, é
de se esperar que a dispersão não seja tão intensa (veja capítulo VII). Se existirem minerais
expansíveis 2:1, como as esmectitas, a dispersão pode ser estimulada pela presença do
Na, mesmo em menores quantidades.
Barros & Magalhães (1989) apresentaram a caracterização química de 12
amostras de solos em dois perímetros irrigados do Departamento Nacional de Obras
Contra a Seca (DNOCS) em Pernambuco. Destas, a menor PST foi de 16,18 %, chegando
até 86,27 %; e a condutividade elétrica do extrato de saturação encontrada variou de
23,32 a 102,00 dS m -1 a 25 oC. Sendo assim, todas as amostras foram classificadas
como salino-sódicas. A combinação entre a concentração de sais solúveis e de Na
trocável e sua influência no estado de agregação do solo, entretanto, ainda não estão
totalmente esclarecidas. Experimentalmente, foram detectados valores desprezíveis
de condutividade hidráulica em meio saturado para todos estes solos, graças,
provavelmente, ao efeito dispersivo dos elevados teores de Na trocável, promovendo
a obstrução de poros e conseqüente redução da permeabilidade dos solos. Por outro
lado, Coelho (1988) verificou a ocorrência de solos sódicos e salino-sódicos em 25 %
da área estudada em um perímetro irrigado do Estado do Ceará, onde apenas 2,3 %
foram mapeados como solos salinos. O comportamento destes solos depende do
equilíbrio entre a concentração salina e a proporção de Na saturando o sistema,
sendo uma informação ainda inexistente em termos dos processos de dispersão e
floculação. Encontram-se, apenas, caracterizações físicas e químicas destes solos,
quantificando a dimensão do problema, sem o detalhamento dos processos físico-
químicos envolvidos.
Ao considerar o mineral exposto a cátions de valências diversas, os expansíveis,
comumente encontrados nos solos de regiões semi-áridas, são os que mais apresentam
comportamento diferenciado conforme o cátion. As esmectitas, por exemplo, sofrem
variação no espaço basal do mineral de 1 até mais de 4 nm de acordo com a espécie de
cátion envolvido, dependendo da força de ligação e da hidratação do mineral. Este
comportamento diferenciado permite a expansão entre camadas do mineral a maiores ou
menores amplitudes (veja capítulo VI).
Os ânions presentes exercem influência no pH dos solos, pois, na presença de CO32-
e HCO 32-, o pH atinge níveis mais elevados. Contudo, se os ânions em maiores
concentrações forem Cl- e SO42-, o pH não é tão alto, ficando em torno da neutralidade
(Chhabra, 1996). Como valores de pH mais altos promovem maior dispersão pela criação
de cargas negativas nos minerais de argila, solos que apresentem mais CO32- e HCO32-,
liberados pelos minerais das rochas formadoras dos solos, serão mais propensos à
dispersão.

Q UÍ MI C A E M I N ERA LO G I A DO S OL O
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

XIX - QUÍMICA DOS SOLOS SALINOS E SÓDICOS 19

TROCA IÔNICA

Troca iônica é o processo reversível, pelo qual íons retidos na superfície de uma fase
sólida são substituídos por quantidades de cargas equivalentes de outros íons em solução.
Os íons envolvidos na troca iônica ligam-se à fase sólida eletrostaticamente ou por
covalência e, em ambos os casos, esse tipo de união é chamado de adsorção iônica (veja
capítulo X). Em solos halomórficos, as reações de troca estão intimamente ligadas aos
processos de sodificação e de recuperação de solos sódicos e salino-sódicos.

Equação das Reações de Troca


As equações de troca de cátions para expressar a relação entre os cátions em solução
e os trocáveis em solos de regiões áridas e semi-áridas vêm sendo estudadas desde a
década de 20. As equações que se baseiam na lei da ação de massas, específicas para
troca entre íons monovalente–monovalente e monovalente-divalente, foram estudadas
por Kerr (1928) e expressam as constantes de equilíbrio das reações de troca:

solo-K + Na + solo-Na + K+
solo-Ca + 2K + solo-2K + Ca2+

Calculando as constantes de equilíbrios, obtêm-se, respectivamente:

k1 = [solo-Na] [K+ ] / [solo-K] [Na+ ] e


k2 = [solo-K] 2 [Ca2+] / [solo-Ca] [K+ ]2

em que: [solo-X] representa os cátions ligados ao complexo de troca do solo no equilíbrio


e que são determinados pelo seu deslocamento no sistema. Os termos iônicos da equação
são as concentrações em equilíbrio na solução. Os valores de k1 e k2 são constantes. Estas
constantes são freqüentemente representadas por ks e têm recebido as mais variadas
designações, tais como constante de seletividade, coeficiente de afinidade relativa, número
de seletividade e constante de equilíbrio aparente.
Conforme citado por Bohn et al. (1985), para troca monovalente-monovalente no
sistema solo, a constante de equilíbrio formulada por Kerr (1928) pode ser empregada;
entretanto, o mesmo não ocorre para as trocas monovalente-divalentes. Para atender
satisfatoriamente às trocas monovalente-divalentes, Vanselow (1932) propôs que a
concentração dos íons no substrato fosse proporcional à sua fração molar nesse substrato.
Este equilíbrio pode ser representado pela seguinte reação:

solo-2K + Ca2+ solo-Ca + 2K +

Partindo da reação acima, chega-se às seguintes frações molares:

f1 [solo-K] = [solo-K] / ([(olo-K] + [solo-Ca])


f2 [solo-Ca] = [solo-Ca] / ([solo-K] + [solo-Ca])

Q UÍ MI C A E M I N ERA LO G I A DO S OL O
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

20 MATEUS R OSAS R IBEIRO ET AL

A constante de equilíbrio k na reação é:

k = [K + ]2 f2 [solo-Ca] / [Ca2+] f1 [solo-K]2 (6)

Substituindo as frações molares (solo-K) e (solo-Ca) na equação de equilíbrio,


obtém-se:

k = [K+]2 / [Ca2+] x [solo-Ca] [solo-K + solo-Ca] / [solo-K]2 (7)

A equação 7 funciona muito bem para sistemas que envolvem um único constituinte,
mas para solos onde há mistura de materiais trocadores que mostram constantes de
equilíbrio diferentes, ela não fornece uma constante para o sistema como um todo.
Outra equação baseada na ação das massas para explicar a troca entre cátions
monovalentes e divalentes foi proposta por Gapon (Bohn et al., 1985). A reação é
exemplificada abaixo:

solo-NH4 + 1/2 Ca2+ D NH4+ + [solo-Ca1/2]

Obtém-se a constante de equilíbrio:

k = (NH4+ ) (solo-Ca1/2) / (Ca2+ )1/2 [solo-NH4] (8)

em que: (NH4+ ) e (Ca2+) representam a concentração analítica dos íons em solução e [solo-
Ca1/2] e [solo-NH4] correspondem ao número de mmolc adsorvidos por unidade de peso
do material.
Substituindo NH4+ por Na+ e fazendo pequena modificação algébrica da equação 8,
obtém-se:

[solo-Na] / [solo-Ca1/2]1/2 / 1 (Na+ ) / K (Ca2+) (9)

A constante de equilíbrio k, obtida da maneira proposta por Gapon, tem recebido


críticas por não se aplicar a uma faixa muito ampla das proporções de cátions
monovalentes e divalentes. Tal expressão, porém, é muito utilizada no estudo das reações
de trocas em solos salino-sódicos e sódicos.

Relação de Adsorção de Sódio (RAS)


A reação de um solo saturado com Ca, em equilíbrio com uma solução que contenha
Na, pode ser descrita da seguinte maneira:

XCa + 2 Na+ XNa2 + Ca+2

Ou como proposto por Gapon,

XCa1/2 + Na+ X Na + 1/2 Ca 2+

A intensidade com que a troca de cátions é feita nessa reação pode ser relacionada
pelo coeficiente de seletividade (KG).

Q UÍ MI C A E M I N ERA LO G I A DO S OL O
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

XIX - QUÍMICA DOS SOLOS SALINOS E SÓDICOS 21

Portanto:

K G = [XNa] x [Ca+ ]1/2 / [XCa1/2 ] x [Na+] (10)

O coeficiente de seletividade que relaciona reações de troca entre Ca e Na é


comumente denominado coeficiente de Gapon (KG):
Se KG > 1 o íon Na+ é preferido em relação ao íon Ca2+ pela fase trocável.
Se K G < 1 o íon Ca2+ tem preferência.
O coeficiente KG , entretanto, não pode ser considerado uma constante única para
solos, uma vez que seu valor é baseado em concentrações e não em atividades e por
depender do tipo de material de troca. Além do mais, sistemas naturais contêm cátions
de valências distintas que revelam constantes de seletividade diversas. Apesar disto,
correlações obtidas relacionam a composição do complexo de troca com as concentrações
de cátions do extrato de saturação dos solos.
Portanto, o coeficiente de Gapon pode ter a seguinte apresentação:

[XNa] / [XCa] = K G x [Na+] / [(Ca2+ ) / 2]1/2 (11)

As reações de troca de cátions nos solos alteradas por sais são dominadas por Na,
Ca e Mg e por ser o comportamento químico do Ca e do Mg no solo bastante semelhante,
o Laboratório de Salinidade dos Estados Unidos modificou a equação de Gapon (USSL
Staff, 1954), incluindo o Mg na equação (11), assim

[XNa] / [X (Ca2+ + Mg2+ )] = K G x [(Na+ ) / [(Ca2+ + Mg2+ ) / 2]1/2 (12)

em que KG é a constante modificada de Gapon e o termo (Na+ )/ [(Ca2+ + Mg2+)/2]1/2 é


denominado Relação de Adsorção de Sódio (RAS). A RAS é calculada a partir dos teores
de Na+ , Ca2+ e Mg2+ no extrato de saturação com os valores expressos em (mmolc L -1). O
primeiro termo da equação de acordo com Richards (1980) refere-se à relação de Na
trocável (RST). Este mesmo autor cita que a RST pode ser estimada pela expressão: RST =
K G x RAS.
A relação RST-RAS é importante para os solos e para a água de irrigação porque
avalia os riscos de sodificação. Quando o valor da RAS do extrato de saturação do solo
é superior a 13, o solo é considerado sódico (Mc Neal, 1976). Esta característica é utilizada
para avaliar o efeito do Na sobre as características físicas do solo, pois a maior proporção
de Na em relação a Ca e Mg adsorvidos ao complexo de troca causa dispersão dos colóides,
reduzindo a taxa de infiltração de água no solo e a sua permeabilidade. Além disso, a
RAS do extrato de saturação do solo talvez seja a melhor maneira de verificar os efeitos
da toxidez do íon Na+ sobre o crescimento das plantas.

Relação de Sódio Trocável (RST) e Relação de Adsorção de Sódio (RAS)


O equilíbrio entre a fase sólida (cátions trocáveis) e a fase líquida (cátions solúveis)
do solo permite relacionar os teores de Na solúvel e Na trocável. Esse equilíbrio indica o
estabelecimento de relação linear entre a relação de adsorção de Na (RAS) e a relação de

Q UÍ MI C A E M I N ERA LO G I A DO S OL O
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

22 MATEUS R OSAS R IBEIRO ET AL

Na trocável (RST). A expressão RST = KG x RAS permite avaliar os teores de Na trocável


em relação a outros cátions adsorvidos ao complexo sortivo, expresso pela CTC do solo,
e também estimar a percentagem de Na trocável (PST) de acordo com a relação de adsorção
de Na+ (RAS) no extrato de saturação do solo.
Um dos atributos mais utilizados para caracterização de um solo sódico é a PST,
que pode ser calculada a partir dos valores de Na trocável no complexo sortivo e dos
valores da CTC do solo, pela equação:

PST = 100 x Na+ / CTC Total (13)

Os valores da PST do solo podem ser também estimados pela relação de Na trocável
a partir da equação 14:

RST = [XNa+] / [CTC Total – XNa+] (14)

em que RST = Relação de Na trocável; XNa = Na adsorvido ao complexo de troca (cmolc


dm-3); CTC = Capacidade de troca de cátions a pH 7 (cmolc dm-3)

A relação RAS-RST é aplicada para predizer a PST do solo. A PST do solo pode ser
estimada por meio da correlação entre a RST e a RAS pela expressão RST = K G x RAS
citada anteriormente.
O Laboratório de Salinidade dos EUA (USSL) apresenta uma regressão RST = -
0,0126 + 0,01475 RAS para os solos do Oeste Americano, em que os valores estimados da
RST por meio da RAS do extrato da pasta saturada estão muito próximos do calculado.
Desta forma, pode-se avaliar a influência da água de irrigação, quando adicionada ao
solo, no teor de Na trocável do complexo sortivo (RST). Nesta equação, a declividade é o
coeficiente de Gapon (K G) = 0,01475 e o intercepto é -0,0126.
Partindo da equação de regressão supracitada, a PST pode ser assim estimada:

PST = 100 (-0,0126 + 0,01475 RAS) / 1+ (-0,0126 + 0,01475 RAS)

Não é correto considerar o coeficiente de seletividade (K G) constante para todos os


solos; entretanto, esta equação é amplamente utilizada no mundo inteiro.
Como o KG varia com as características do solo, para cada população de solo (região),
deve-se obter uma regressão em particular. Esta relação foi testada para solos do Egito
por Elseewi et al. (1977), e o coeficiente de correlação obtido (0,93) indica alta relação
positiva entre estas variáveis. A equação obtida por esses autores foi: RST = 0,0273 +
0,01457 RAS.
A relação entre a RST-RAS também foi estudada para solos alterados por sais na
região semi-árida do Brasil. Em trabalho realizado por Pereira et al. (1982) em 27 amostras
do perímetro irrigado de São Gonçalo, no município de Souza-PB (6 °47 ’ S e 38 °15 ’ W),
foi obtida a seguinte relação linear entre essas variáveis: RST = 0,0135 + 0,0212 RAS.
Resultados semelhantes foram encontrados por Coelho & Ferreyra (1986) analisando
525 amostras de solo dos perímetros irrigados de Morada Nova (5 ° 6’ S e 38 ° 22 ’ W) e
Pentecoste (3 ° 40 ’ S e 39 ° 10 ’ W), no Ceará, e por Magalhães et al. (1989), em 47 amostras

Q UÍ MI C A E M I N ERA LO G I A DO S OL O
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

XIX - QUÍMICA DOS SOLOS SALINOS E SÓDICOS 23

da região semi-árida de Pernambuco. As relações obtidas pelos autores foram: RST=


0,0144 + 0,0200 RAS e RST= -0,0354 + 0,0141 RAS, respectivamente.

RECUPERAÇÃO DE SOLOS SALINOS, SALINO-


SÓDICOS E SÓDICOS
A recuperação de solos salinos, salino-sódicos e sódicos tem como objetivo principal
reduzir a concentração dos sais solúveis e, ou, do Na trocável do solo a um nível não prejudicial
ao desenvolvimento das culturas. A diminuição da salinidade envolve a solubilização e
conseqüente remoção pela água de percolação. A diminuição do teor de Na trocável envolve
seu deslocamento do complexo de troca pelo Ca, antes do processo de lixiviação.
Para recomendar as práticas de recuperação que visem aumentar a produção,
prevenir ou controlar os processos secundários de salinização, devem ser seguidas
algumas etapas referentes à avaliação, classificação e monitoramento dos níveis de
salinidade e, ou, sodicidade. Feita a avaliação, o segundo critério é concentrar a ação no
conhecimento detalhado das duas fontes potenciais do problema, que são: o solo e a
água. Se a água é de boa qualidade, a atuação, neste caso, deve-se concentrar em:
1 - Fazer com que o sistema de distribuição de água funcione com o mínimo de perdas por
infiltração Esta atitude melhora a eficiência da irrigação, fator muito importante na
prevenção da salinidade. Esta deve ser a técnica indicada para os perímetros de
Bebedouro e Nilo Coelho, no município de Petrolina (9 ° 23 ’ 35 ” S e 40 ° 30 ’ 27 ” W),
Sertão de Pernambuco, onde os solos são arenosos e com problemas de drenagem
subsuperficial.
2 - Dispor de um sistema de drenagem superficial e subterrânea com capacidade para
retirar em pouco tempo o excesso de água, que dpende das perdas no sistema de
distribuição e do escoamento superficial de áreas adjacentes mais altas. Este deve ser
o manejo indicado para perímetros como os de Moxotó e Custódia, nos municípios de
Ibimirim (8 ° 32 ’ S e 37 ° 41 ’ W) e Custódia (8 ° 05 ’ S e 37 ° 38 ’ W), em Pernambuco,
respectivamente, caracterizados pela presença de Neossolos Flúvicos, de textura
argilosa e argilo-siltosa, com baixa permeabilidade.
3 - Manter um sistema regular de medidas de água, em distintos pontos do sistema de
distribuição e no sistema de drenagem. Esta análise permite conhecer o balanço de
água e sua possível acumulação no perfil do solo.
4 - Manter uma rede de poços de observação do nível freático, com medições regulares de
sua profundidade, para indicar a situação real de risco de salinização.
O aumento das manchas salinas é influenciado, principalmente, pela composição e
quantidade de água empregada, grau de permeabilidade do solo e nível do lençol freático.
As águas utilizadas em irrigação no Estado de Pernambuco contêm de 40 a 1.000 mg L-
1 de sais solúveis. Considerando uma aplicação anual de água entre 900 a 1.800 mm por
ha ano, a quantidade de sais adicionada ao solo irá variar de 360 a 18.000 kg ha-1.
Nestas condições, são necessários boa drenagem interna do solo e controle rigoroso do
balanço de sais na zona das raízes.

Q UÍ MI C A E M I N ERA LO G I A DO S OL O
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

24 MATEUS R OSAS R IBEIRO ET AL

No caso do uso de água de poços, rica em sais, como no perímetro de Custódia - PE


(CEes = 1,42 dS m-1), as soluções compreendem os seguintes pontos:
a) Dispor de um sistema de drenagem interna e externa (drenos) eficiente.
b) Usar a cada irrigação um volume de água adicional para lixiviar os sais concentrados
em torno do sistema radicular das plantas, em irrigações anteriores.
c) Utilizar plantas tolerantes à salinidade.
Na recuperação de solos salinos, salino-sódicos e sódicos, podem ser utilizadas
diversas técnicas, dentre as quais se destacam: lixiviação do perfil, aplicação de corretivos
químicos, revolvimento mecânico e incorporação de restos vegetais.
Na recuperação de solos salinos, na região semi-árida do Brasil, devem ser
empregadas, conjuntamente, a lavagem dos sais e as práticas de manejo de solo, da água
e da cultura. As práticas recomendáveis podem ser resumidas em:
a) Aplicação de irrigações freqüentes, de maneira a manter baixa a pressão osmótica dos
solos, para facilitar a absorção de água pelas plantas. Isso não deve, no entanto, ser
excessivo, pois as culturas também podem sofrer pela excessiva quantidade de água,
falta de aeração e perda de nutrientes por lixiviação.
b) Se for utilizada irrigação por sulcos, conseguir boa distribuição de água. Neste
caso, também, deve-se semear longe da zona de maior acumulação de sais, que é a
parte mais alta do camalhão. Assim sendo, deve-se semear na parte lateral dos
camalhões.
c) Considerando a baixa tolerância das plantas ao sal, durante a germinação, é
recomendado fazer a semeadura durante estações úmidas, ou promover pequena
lixiviação do solo (camada superficial) um pouco antes da semeadura e irrigar com
freqüência até que o cultivo esteja estabelecido.
d) Utilizar culturas tolerantes.
Ferreira (2002) divide essas técnicas em práticas de manejo de longo prazo e de
curto prazo. Dentre as de longo prazo, que visam evitar os impactos da acumulação de
sais na zona radicular, estão a drenagem, a lixiviação e a substituição do cultivo de
plantas sensíveis à salinidade por culturas mais tolerantes. As práticas de manejo de
curto prazo mais utilizadas são as irrigações mais freqüentes, o leito de plantio adequado
e a semeadura no local correto no leito de plantio.

Recuperação de Solos Salinos


A lixiviação do solo para remover os sais solúveis é o método mais efetivo conhecido
para a recuperação de solos salinos. A técnica recomenda a aplicação de água em
quantidade suficiente para dissolver e transportar os sais solúveis para o sistema de
drenagem. O escoamento do sal e da água dentro do perfil do solo é alterado por fatores,
tais como: propriedades físicas do solo, condições climáticas, características das culturas
e manejo da irrigação. Para que o processo de lixiviação seja efetivo, a drenagem interna
deve ser adequada para manter o lençol freático a uma profundidade de 1,8 a 2,0 m
(USSL Staff, 1954; Rhodes, 1974; Ribeiro et al, 2003).

Q UÍ MI C A E M I N ERA LO G I A DO S OL O
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

XIX - QUÍMICA DOS SOLOS SALINOS E SÓDICOS 25

A profundidade de recuperação depende do tipo da cultura que se vai explorar


posteriormente. Se for uma cultura de sistema radicular superficial, a profundidade poderá
ser de 60 cm; no entanto, se a cultura a ser explorada apresentar sistema radicular
profundo, o solo deverá ser corrigido até cerca de 1,5 m de profundidade.
A lixiviação pode ser definida como o processo de dissolução e transporte de sais
solúveis pela água de percolação. Como os sais solúveis movem-se com água, a salinidade
do solo depende diretamente do manejo da água, isto é, da irrigação, lixiviação e drenagem.
De acordo com Pizarro (1985), a lixiviação de sais pode ser feita de duas maneiras:
a) Lavagem contínua - a água é adicionada a ponto de cobrir a superfície do solo
com uma lâmina de 10 cm de altura pela adição freqüente de água. Esse método permite
que os sais sejam removidos mais rapidamente e que o cultivo seja feito mais cedo. Este
tipo de lavagem é recomendado para solos de boa permeabilidade.
b) Lavagem intermitente - essa prática é recomendada para solos com reduzida
capacidade de drenagem e limitação da profundidade do lençol freático. Deve ser aplicada
nos períodos de baixa taxa de evaporação.
O volume de água necessário e o tempo requerido para lixiviação dependem de vários
fatores a saber: tipo de sais, qualidade da água de lixiviação, permeabilidade do solo, eficiência
do sistema de drenagem, profundidade a ser lixiviada e tipo de lavagem empregado.
A água adicional empregada para a lixiviação dos sais é chamada segundo o USSL
Staff (1954), de necessidade de lixiviação (NL). Para estimar a NL, é necessário conhecer
tanto a salinidade da água de irrigação quanto o máximo teor de sais permitido na zona
radicular. O teor máximo de sais na zona das raízes depende da tolerância da cultura ao
sal (USSL Staff, 1954). Diferentes necessidades de lixiviação devem ser consideradas
para: a) controle total da salinidade; b) controle de Cl= ; c) controle da sodicidade. A
capacidade de drenagem, entretanto, deve ser estabelecida de acordo com o maior volume
de água requerido.

Cálculo da Necessidade de Lixiviação


Existem várias expressões para determinar a lâmina de água necessária para a
lixiviação. Uma equação comumente utilizada é descrita por USSL Staff (1954):

Pai = CE ad / (CE ad – CE ai) x Puc (15)

em que Pai é a lâmina de irrigação indicada para a lixiviação (mm), CEad é a condutividade
elétrica da água de drenagem (dS m-1), CEai é a condutividade elétrica da água a ser usada
na lixiviação (dS m-1) e Puc é o uso consultivo da cultura (mm).
A lâmina de lixiviação pode também ser calculada por meio da expressão apresentada
por Franklin (1976):

L = á log CE i / CE f (16)

em que L é a lâmina necessária para lixiviar 100 cm de profundidade de solo, CE i é a


condutividade elétrica inicial do extrato da saturação do solo (dS m -1), CE f é a

Q UÍ MI C A E M I N ERA LO G I A DO S OL O
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

26 MATEUS R OSAS R IBEIRO ET AL

condutividade elétrica final desejada (dS m-1), e a é o coeficiente cujo valor depende do
conteúdo de cloretos e da textura do solo (Quadro 5).

Quadro 5. Valores de como variável da textura do solo e do conteúdo de cloretos

Conteúdo de Cloretos, g kg-1


Textura (1)
60-40 40-20 20-10 < 10
Argilosa 122 132 142 178
Média 92 102 112 148
Arenosa 62 72 82 118
(1)
Grupamentos texturais generalizados conforme Embrapa (2006).

Outra equação muito empregada para determinar a lâmina de água necessária para
a lixiviação é a obtida por Reeve (1957):

D L / D = [1 / 5(CE f / CE i)] + 0,15 (17)

na qual D L é a lâmina de água necessária para a lixiviação (mm); D é a profundidade do


solo a ser lixiviada (cm); CEi é a condutividade elétrica inicial do extrato de saturação (dS
m-1) e CE f é a condutividade elétrica final (dS m-1).
Em solos altamente salinos (CEes > 30 dS m-1), é recomendado o cultivo de plantas
tolerantes (halófitas), juntamente com aplicações de lâminas de lixiviação para retirada
dos sais solúveis em excesso, antes do estabelecimento de culturas.
Moura (1989) indicou que a lixiviação com lâmina correspondente a duas vezes o
volume de poros, usando solução eletrolítica de CaCl2 1 mmol L -1, foi eficiente na
recuperação de um solo salino-sódico do norte de Minas Gerais - BR, até 60 cm de
profundidade. Moura (1989) constatou também que a equação de Reeve superestimou as
lâminas de lixiviação, para todos os tratamentos utilizados. Sampaio & Ruiz (1996),
trabalhando em condições idênticas, com solo salino-sódico da Paraíba, concluíram que
a aplicação fracionada de uma lâmina pouco superior ao volume de poros foi suficiente
para eliminar a maior parte dos sais no perfil lixiviado. Entretanto, Barros et al (2005b)
avaliaram a correção da salinidade de duas amostras de solos do perímetro irrigado de
Custódia-PE, uma de textura franco-argilo-arenosa e CEes = 21,16 dS m-1(S1) e outra de
textura franco-argilosa e CEes = 25,58 dS m-1 (S2), e demonstraram que a aplicação de
uma lâmina de lixiviação equivalente a 2,5 o volume de poros foi suficiente para redução
da CE para valores iguais a 3,36 e 3,95 dS m-1 para as amostras S1 e S2, respectivamente.

Recuperação de Solos Salino-Sódicos e Sódicos


A correção dos solos salino-sódicos e sódicos requer que o excesso de Na trocável
seja substituído pelo Ca e que o produto dessa reação seja removido da zona das raízes
por lixiviação. Para que o processo ocorra, é essencial que a área a ser recuperada

Q UÍ MI C A E M I N ERA LO G I A DO S OL O
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

XIX - QUÍMICA DOS SOLOS SALINOS E SÓDICOS 27

disponha de uma rede de drenagem em funcionamento, capaz de receber todo excesso de


água adicionado ao solo.
As práticas fundamentais para a recuperação de solos salino-sódicos e sódicos são:
a) Melhorar a agregação do solo e aumentar a condutividade hidráulica, por métodos
químicos, mecânicos ou biológicos.
b) Drenar o lixiviado e manter o nível da água abaixo da capacidade de ascender por
capilaridade.
c) Aumentar o teor de Ca no solo, em substituição ao Na no complexo de troca, por meio
da adição de corretivos químicos.
A aplicação de corretivos químicos tem como finalidade o fornecimento de Ca ou
sua liberação, quando presente no solo. Na recuperação de solos com excesso de Na
trocável, vários corretivos podem ser usados, como S elementar, Al2(SO4)3, CaCl2, H2SO4 e
gesso mineral (gipsita). Nas últimas décadas, o gesso agrícola ou fosfogesso, subproduto
da indústria de fertilizantes fosfatados, vem sendo empregado em todo o mundo com
bastante êxito (Alcordo & Rechcigl, 1993; Liang et al., 1995). Na seleção do corretivo a ser
utilizado, é necessário considerar as propriedades químicas e físicas do solo, o tempo
previsto para recuperação, a quantidade de água utilizada na lixiviação, a capacidade
de drenagem do solo e os custos envolvidos no uso do corretivo, da água e na aplicação
de ambos.
Os corretivos de sodicidade são classificados em sais solúveis de Ca, ácidos ou
formadores de ácidos e sais de Ca de baixa solubilidade. No solo, estes apresentam as
seguintes reações:

a) Sais solúveis de cálcio

CaSO 4 .2 H 2 O H

2O
→ Ca 2 + + SO 24 −

O Na2SO4 resultante deve ser lixiviado para longe da área de influência das raízes.

b) Ácidos ou formadores de ácidos

Q UÍ MI C A E M I N ERA LO G I A DO S OL O
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

28 MATEUS R OSAS R IBEIRO ET AL

c) Sais pouco solúveis de cálcio

Sais solúveis de Ca, tais como: gesso e cloreto de cálcio, podem ser aplicados em
todo tipo de solo, independentemente de suas características químicas. Os ácidos ou
formadores de ácidos (S e H 2SO4) só devem ser usados se o solo contiver CaCO3. Sais
pouco solúveis de Ca (calcário) só devem ser utilizados em solos com pH < 7,5. Dentre os
corretivos de sodicidade, o CaCl2, pela sua alta solubilidade em água, é o mais eficiente
no deslocamento do Na trocável do complexo de troca; entretanto, seu preço é elevado
tornando-se inviável sua recomendação no campo.
Por apresentar menor custo, fácil manuseio e relativa facilidade de ser encontrado
no mercado, quando comparado a outros corretivos, o gesso é o produto mais utilizado
para correção de solos salino-sódicos e sódicos (Alcordo & Rechcigl, 1993; Qadir et al.,
1996; Holanda et al., 1998; Ramirez et al., 1999; Barros et al., 2005a). Em relação às
reservas de gesso mineral ou de jazida no território brasileiro, os principais depósitos
ocorrem associados às bacias sedimentares, dentre as quais se destaca a Bacia Sedimentar
do Araripe, que abrange áreas dos Estados do Piauí, Ceará e Pernambuco, sendo o pólo
mais produtivo de gesso do País.
O gesso mineral ou de jazidas é um minério que ocorre abundantemente em todo o
mundo, e sua solubilidade é de 2,04 g L -1 a 25ºC. Usualmente, ocorre como a forma di-
hidratada (CaSO4.2H2O), embora a semi-hidratada (CaSO4.½H2O) e a anidra (CaSO4),
sejam, também, encontradas naturalmente. O Estado de Pernambuco ocupa o primeiro
lugar na exploração de gesso de jazida do País, sendo responsável por aproximadamente
90 % da produção nacional.
O gesso agrícola ou fosfogesso é um subproduto da produção industrial do H3PO4,
proveniente do ataque da rocha fosfática pelo processo de acidulação. Este processo
pode ser exemplificado como:

Ca 10 (PO 4 )6 F2 + 10H 2 SO 4 + 20 H 2 O → 10( CaSO 4 .2 H 2 O ) + 6H 3 PO 4 + 2 HF

O H3PO4 resultante é utilizado na fabricação de fertilizantes fosfatados concentrados,


enquanto o subproduto (gesso agrícola) é coletado como resíduo.
Diante do exposto, pode-se inferir que a palavra “gesso” pode ser aplicada a diversos
tipos de CaSO4, tais como:
l Gipso ou gipsita: é o sulfato de cálcio hidratado, CaSO4.2H2O natural, depositado em
conseqüência da evaporação de mares no passado geológico; é um mineral geralmente
branco.
l Anidrita: sulfato de cálcio sem água de cristalização, CaSO4, mais puro que o anterior.
l Gesso agrícola: trata-se de sulfato de cálcio resultante da obtenção do H3PO4, utilizado
na fabricação do superfosfato triplo, fosfato de amônio, monoamônio fosfato (MAP) e
diamônio fosfato (DAP).

Q UÍ MI C A E M I N ERA LO G I A DO S OL O
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

XIX - QUÍMICA DOS SOLOS SALINOS E SÓDICOS 29

O uso do gesso como corretivo de solos salino-sódicos apresenta as seguintes


vantagens (Barros et al., 2005a): i) Ca proveniente do gesso desloca efetivamente o Na
adsorvido no complexo de troca; (ii) a solubilidade do gesso aumenta em presença dos
íons Na+ e Cl-, componentes dos sais solúveis desses solos;

Necessidade de Gesso (NG)


A quantidade de gesso necessária para reduzir a percentagem de Na trocável
dos solos salino-sódicos e sódicos, comumente chamada de Necessidade de Gesso
(NG), pode ser determinada em laboratório, pelo equilíbrio entre o solo e uma solução
saturada de gesso, ou pode ser calculada em função da percentagem de Na trocável
que se deseja substituir, da capacidade de troca de cátions do solo e da profundidade
do solo a ser recuperada por meio de tabelas ou fórmulas. Partindo da equação
sugerida por Pizarro (1985), a necessidade de gesso do solo pode ser calculada pela
expressão:

NG = (PSTi - PST f) CTC. MMe . h . Ds / 100 (18)

em que NG é a necessidade de gesso em t ha-1; PST i é a percentagem de Na trocável


inicial; PSTf é a percentagem de Na trocável final; CTC é a capacidade de troca de cátions
a pH 7 em cmolc kg-1; MMe é o mol da carga do corretivo; h é a profundidade do solo a ser
corrigida em cm e Ds é a densidade solo em kg dm-3.
O método de laboratório para determinação da NG descrito e recomendado como
padrão pela Embrapa (1997) segue o procedimento de Schoonover (1952), que consiste
em agitar 5 g de uma amostra de solo com uma solução saturada de gesso (100 mL). O
decréscimo da concentração de cálcio na solução de equilíbrio, quando calculada para
corresponder à profundidade do solo no campo, indica a necessidade de gesso por aplicar
no solo. Entretanto, os sais solúveis do solo interferem na determinação da necessidade
de gesso, quando é utilizado esse método.
Abrol et al. (1975) demonstraram que o método de Schoonover (1952), para
determinação da necessidade de gesso em solos com altos teores de Na2CO3 solúvel,
tende para uma superestimativa da NG dos solos. Abrol et al. (1975) propuseram que os
carbonatos solúveis reagem com o Ca da solução de gesso para formar CaCO 3
relativamente insolúvel, e este decréscimo de Ca na solução de gesso é somada à
necessidade de gesso do solo. Para evitar esta superestimativa, os autores recomendam
que, antes do procedimento para avaliar a NG de solos com CO32- solúvel, a amostra de
solo seja lavada com etanol a 60 %. Quando isto é feito, os CO32- solúveis são lixiviados,
não reagindo com o Ca da solução de gesso. Procedimento semelhante é adotado pela
equipe do Laboratório de Salinidade do Departamento de Agricultura dos EUA, que
recomenda que o solo seja lavado com etanol-glicol, antes da adição da solução saturada
de gesso (Rhoades & Clark, 1978).
Chauhan & Chauhan (1979) sugeriram que a interferência dos CO32- e HCO3- solúveis
seja eliminada pela sua precipitação como MgCO3, equilibrando a amostra de solo com
uma solução concentrada de Mg, antes da determinação pelo método de Schoonover

Q UÍ MI C A E M I N ERA LO G I A DO S OL O
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

30 MATEUS R OSAS R IBEIRO ET AL

(1952). Os pesquisadores obtiveram correlação positiva (r = 0,99) entre a necessidade de


gesso determinada por este método e o Na trocável do solo.
Para eliminar a interferência de Ca e Mg solúveis na determinação da necessidade
de gesso, utilizando o procedimento de Schoonover (1952), foi desenvolvida uma pesquisa
por Barros & Magalhães (1989) em solos salino-sódicos de Pernambuco. Os autores
sugeriram que esta interferência fosse eliminada, determinando-se a concentração de Ca
e Mg extraídos com água, sendo esse valor subtraído da concentração de Ca + Mg,
determinada pelo método de Schoonover (1952). Esta modificação foi chamda de método
Schoonover M-1. Os autores demonstraram que as quantidades de gesso determinadas
por esse método são as que mais se aproximam dos teores de Na trocável do solo.
O método da determinação da NG, seguindo a modificação sugerida por Barros &
Magalhães (1989), é descrito a seguir:

Método de Schoonover Modificado (Schoonover M-1)


a) Procedimento
Na amostra de solo, determina-se a necessidade de gesso conforme o método de
Schoonover (1952), descrito pela Embrapa (1997). Paralelamente, colocam-se 5 g de
amostra de solo em erlenmeyer de 125 mL, adicionam-se 100 mL de água deionizada,
agitando-se durante 5 min em agitador mecânico e filtra-se em papel de filtração lenta.
No filtrado, determina-se a concentração de Ca2+ + Mg2+ , sendo este valor subtraído da
concentração de Ca2+ + Mg2+, determinada pelo método de Schoonover (1952).
b) Cálculo
NG (cmolc kg-1) = [Concentração de Ca2+ solução saturada de gesso (Schoonover) – A] x 2
em que:
A = [Concentração de Ca2+ + Mg2+ no filtrado (Schoonover) – Concentração de Ca2+ + Mg2+
no filtrado (H2O)]
Em trabalho sobre a recuperação de um solo salino-sódico da Paraíba, Santos et al.
(2001) constataram que a quantidade de gesso aplicada ao solo, determinada pelo método
proposto por Barros & Magalhães (1989), foi eficiente na eliminação do Na trocável.
Depois da aplicação de gesso de jazida (12 g kg-1 de solo), Santos et al. (2001) observaram
redução no valor da PST do solo de 50 % para 6,4 %.
A eficiência do gesso depende de sua dissolução, a qual é influenciada por diversos
fatores, principalmente pela forma de aplicação e pela granulometria do corretivo. Quanto
maior a área superficial das partículas de gesso, maior a área de contato para dissolução.
Este efeito foi constatado por Barros (2001), em colunas de solos, utilizando diferentes
granulometrias de gesso: G1 (2-1 mm), G2 (1-0,5 mm), G3 (0,5-0,3 mm) e G4 (< 0,3 mm). Os
autores observaram que, com a diminuição do tamanho das partículas do gesso, a
condutividade hidráulica aumentou consideravelmente. Os valores obtidos foram de:
1,28; 1,70; 1,94 e 2,54 cm h-1 para as granulometrias G1, G2, G3 e G4, respectivamente.
Trabalhando com amostras de Neossolos Flúvicos, visando a avaliar o uso de gesso
como corretivo da sodicidade, aplicado em superfície e incorporado nos primeiros 5 cm

Q UÍ MI C A E M I N ERA LO G I A DO S OL O
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

XIX - QUÍMICA DOS SOLOS SALINOS E SÓDICOS 31

das colunas de solo, Barros et al. (2005a) verificaram que todas as amostras apresentaram
a mesma tendência de maior diminuição da PST com o aumento da superfície específica
das partículas de gesso, e este efeito foi mais pronunciado nos tratamentos que receberam
o corretivo incorporado nos primeiros 5 cm da coluna de solo. Barros et al. (2005a)
observaram que, independentemente da forma de aplicação do corretivo e das
granulometrias utilizadas, todas as amostras foram corrigidas quanto à sodicidade (PST
< 15 %), tanto para a profundidade de 0-5 cm como para a profundidade de 5-10 cm
(Quadro 6).

Quadro 6. Percentagem de sódio trocável (PST) de gesso (1) nas profundidades de 0-5 cm e 5-
10 cm das amostras de Neossolos Flúvicos salino-sódicos (S1, S2, S3 e S4) do perímetro de
irrigação de Custódia, Sertão de Pernambuco, em relação à, grandometiria (G) e forma da
aplicação (PST) de gesso (1) na superfície ou incorporado

Forma de S1 S2 S3 S4
G
Aplicação 0-5 5-10 0-5 5-10 0-5 5-10 0-5 5-10 cm

G1 5,28 9,19 6,35 10,25 8,49 12,99 4,73 8,45


Superficial G2 3,97 7,56 5,46 7,97 6,95 11,28 3,80 6,98
G3 3,37 5,93 4,24 6,96 5,88 9,42 3,11 5,48
G4 2,63 4,36 3,48 4,87 5,04 7,35 2,08 3,40
G5 4,10 7,86 5,65 8,48 7,00 11,94 3,87 6,98
G6 3,58 5,71 4,73 6,24 6,42 8,92 3,29 4,80
Incorporado
G7 2,74 5,02 3,44 5,57 5,14 7,19 2,47 4,26
G8 2,04 3,52 2,55 3,95 4,19 5,92 1,40 2,58
(1)
G = granulometria do gesso, G1 (2-1 mm), G2 (1-0,5 mm), G3 (0,5-0,3 mm) e G4 (< 0,3 mm). PST inicial: S1 =
35,18; S2 = 39,43; S3 = 84,23; S4 = 31,15 %.

Estudando a dissolução do gesso em água, Hira & Singh (1980) verificaram maior
eficiência das partículas que apresentam diâmetros < 0,1 mm, quando comparadas com
as partículas com diâmetro > 2 mm. Barros et al. (2005a), trabalhando com gesso extraído
de jazida localizada em Araripina-PE, relataram que os melhores resultados na
recuperação de solos salino-sódicos de Custódia-PE foram obtidos com o uso de partículas
de gesso de diâmetro < 0,5 mm. Por apresentarem maior reatividade e maior solubilidade,
as frações mais finas provocaram concentração eletrolítica inicial mais alta e maior troca
do Na, diminuindo o tempo requerido para recuperação.
Barros & Magalhães (1995), utilizaram colunas de solo para avaliar a eficiência da
quantidade de gesso aplicado de acordo com a estimativa de laboratório pelo método de
Abrol et al. (1975), na redução dos níveis da PST dos solos. Os autores verificaram que a
aplicação de gesso seguida de lixiviação contribuiu para a redução da percentagem do
sódio trocável de todas as amostras de solos estudadas (Quadro 7).

Q UÍ MI C A E M I N ERA LO G I A DO S OL O
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

32 MATEUS R OSAS R IBEIRO ET AL

Quadro 7. Sódio trocável e percentual de sódio trocável (PST) de três amostras de Neossolos
Flúvicos salino-sódicos de acordo com a dose de gesso aplicada

Na+ trocável PST Gesso Na+ trocável Na+ trocável


Solo PST Final
Inicial Inicial aplicado Final substituído(1)

%
IB17 5,95 52,94 6,21 1,08 4,86 9,63
12,43 1,00 4,94 8,91
18,64 0,86 5,08 7,66

IB03 6,82 55,72 6,11 0,84 5,98 6,86


12,23 0,68 6,14 5,56
18,34 0,54 6,28 4,41

IB13 3,08 30,20 2,64 1,54 1,54 15,10


5,28 0,84 2,24 8,23
7,92 0,64 2,44 6,27
(1)
Na + trocável substituído = (Na + inicial - Na + final).

LITERATURA CITADA

ABROL, I.P.; DAHIYA, I.S. & BHUMABLA, D.R. On the method of determining gypsum
requirement of soils. Soil Sci., 120:30-6, 1975.

ALCORDO, I.S. & RECHCIGL, J.E. Phosphogypsum in agriculture. A review. Adv. Agron.,
118:49-55, 1993.

AUDRY, P. & SUASSUNA, J. A qualidade da água na irrigação do Trópico Semi-Árido: um


estudo de caso. In: SEMINÁRIO FRANCO-BRASILEIRO DE PEQUENA IRRIGAÇÃO,
PESQUISA E DESENVOLVIMENTO. SUDENE E EMBAIXADA DA FRANÇA, Recife, 1990.
Anais. Recife, SUDENE, 1990. p.147-153.

BARROS, M.F.C. Recuperação de solos salino-sódicos pelo uso de gesso de jazida e calcário.
Viçosa, MG, Universidade Federal de Viçosa, 2001. 123p. (Tese de Doutorado)

BARROS, M.F.C. & MAGALHÃES, A.F. Avaliação de métodos de determinação da necessidade


de gesso em solos salino-sódicos. R. Bras. Ci. Solo, 13:119-123, 1989.

BARROS, M.F.C. & MAGALHÃES, A.F. Recuperação de solos salino-sódicos II. Eficiência do
gesso aplicado. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO, 25., 1995, Viçosa,
MG. Resumo. Viçosa, MG, Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 1995. p.2263-2265.

BARROS, M.F.C.; FONTES, M.P.F.; ALVAREZ V., H.V. & RUIZ, H.A. Recuperação de solos
afetados por sais pela aplicação de gesso de jazida e calcário no Nordeste do Brasil. R.
Bras. Eng. Agric. Amb., 8:59-64, 2004.

Q UÍ MI C A E M I N ERA LO G I A DO S OL O
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

XIX - QUÍMICA DOS SOLOS SALINOS E SÓDICOS 33

BARROS, M.F.C.; FONTES, M.P.F.; ALVAREZ V., H.V. & RUIZ, H.A. Aplicação de gesso e
calcário na recuperação de solos salino-sódicos do Estado de Pernambuco. R. Bras. Eng.
Agric. Amb., 9:320-326, 2005a.

BARROS, M.F.C.; SANTOS, P.M. & SILVA, A.G. Recuperação de solos afetados por sais usando
água de qualidade inferior. R. Bras. Eng. Agric. Amb., 9:310-311, 2005b.

BOHN, H.L.; McNEAL, B.L. & O’CONNOR, G.A. Soil chemistry. New York, John Wiley & Sons,
1985. 340p.

CAMARGO, M.N.; KLANT, E. & KAUFFMAN, J.H. Classificação de solos usada em


levantamentos pedológicos no Brasil. B. Inf. SBCS, 12:11-33, 1987.

CARVALHO, L.G.O. Gênese de solos halomórficos. Rio de Janeiro, Divisão de Pedologia e


Fertilidade do Solo, Convênio MA/DPFS-USAID/BRASIL, 1966. 19p. (Não Publicado)

CHAUHAN, R.P.S. & CHAUHAN, C.P.S. A modification to Schoonover’s method of gypsum


requirement determination of soil. Aust. J. Soil Res., 17:367-370, 1979.

CHHABRA, R. Soil salinity and water quality. Rotterdam, A.A. Balkema Publishers, 1996.
283p.

COELHO, M.A. & FERREYRA, H.F.F. Characterization of salt affected soil in the semi-arid
region of Northearstern Brazil. Turrialba, 36:171-178, 1986.

COELHO, M.A. Estudos sobre as propriedades físicas de solos sódicos e salino-sódicos do


estado do Ceará, Brasil. Fortaleza, 1988. (Boletim Técnico Científico CCA, Série Solos,1)

COELHO, J.B.M. Aplicação de doses do polímero hidratassolo sobre a capacidade de retenção


de água de solos e desenvolvimento da beterraba em condições salinas. Recife,
Universidade Federal Rural de Pernambuco, 2004. 70p. (Tese de Mestrado)

DONAHUE, R.L.; MILLER, R.W. & SHICKLUNA, J.C. Soils: An introduction to soils and plant
growth. New Jersey, Prentice-Hall, 1977. 626p.

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA. Centro Nacional de


Pesquisa de Solos. Manual de métodos de análises de solo. 2.ed. Rio de Janeiro, 1997. 211p.

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA. Centro Nacional de


Pesquisa de Solos. Sistema brasileiro de classificação de solos. 2.ed. Rio de Janeiro, Embrapa
Produção de Informação, 2006. 306p.

FANNING, D.S. & FANNING, M.C.B. Soil morphology, genesis and classification. New York,
John Wiley & Sons, 1989. 395p.

FERREIRA, P.A. Manejo de água-planta em solos salinos. Viçosa, MG, Universidade Federal
de Viçosa, 2002. 110p.

FRANKLIN, W.T. Salinity and soil water management. Fort Collins, College of Agricultural
science, Colorado State University, 1976. 292p.

FREIRE, M.B.G.S.; RUIZ, H.A.; RIBEIRO, M.R.; FERREIRA, P.A.; ALVAREZ V., V.H. & FREIRE,
F.J. Condutividade hidráulica de solos de Pernambuco em resposta à condutividade
elétrica e RAS da água de irrigação. R. Bras. Eng. Agric. Amb., 7:45-52, 2003.

Q UÍ MI C A E M I N ERA LO G I A DO S OL O
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

34 MATEUS R OSAS R IBEIRO ET AL

FREITAS, J.A.D.; COELHO, M.A. & FERREYRA, F.F. Efeito de corretivos químicos e materiais
orgânicos no movimento da água e estrutura de solo salino-sódico. R. Bras. Ci. Solo,
8:261-264, 1984.

GREENE, R.S.B.; POSNER, A.M. & QUIRK, J.P. A study of the coagulation of montmorillonite
and illite suspensions using the electron microscope. In: EMERSON, W.W.; BOND, R.D. &
DEXTER, A.R., eds. Modifications of soil structure. New York, John Wiley & Sons, 1978.
p.35-40.

GUPTA, R.K. & ABROL, I.P. Salt affected soils: Their reclamation and management for crop
production. Adv. Soil Sci., 11:224-288, 1990.

HENRY, J.L. & JOHNSON, W.E. The nature and management of salt-affected soils in
Saskatchewan. Saskatoon, University of Saskatchewan, 1977. 26p.

HIRA, G.S. & SINGH, N.T. Irrigation water requirement for dissolution of gypsum in sodic
soil. Soil Sci. Soc. Am. J., 44:930-933, 1980.

HOLANDA, J.S. & AMORIM, J.R.A. Qualidade da água para Irrigação. In: SIMPÓSIO “MANEJO
E CONTROLE DA SALINIDADE NA AGRICULTURA IRRIGADA”. Campina Grande,
Universidade Federal da Paraíba, 1997. p.137-169.

HOLANDA, J.S.; VITTI, G.C. & SALVIANO, A.A.C. Alterações nas propriedades químicas de
um solo aluvial salino-sódico, decorrentes da subsolagem e do uso de condicionadores.
R. Bras. Ci. Solo, 22:387-394, 1998.

KERR, H.W. The nature of base-exchange and soil acidity. J. Am. Soc. Agron., 20:309-335, 1928.

LEINZ, V. & AMARAL, S.E. Geologia geral. São Paulo, Nacional, 2001. 399p.

LIANG, J.; KARAMANOS, R.E. & MOIR, M.E. The influence of brine contamination and
phosphogypsum amendments on soil chemical properties and plant response. Soil Sci.
Plant Anal., 26:1033-1057, 1995.

LINDSAY, W.L. Chemical equilibria in soils. New York, John Wiley & Sons, 1979. 449p.

MAGALHÃES, A.F.; SIQUEIRA, J.M. & BARROS, M.F.C. Relação entre sódio solúvel e trocável
nos solos do semi-árido pernambucano. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO
SOLO, 22., Recife, 1989. Resumos. Recife, Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 1989. p.81.

MAGALHÃES, A.F. Manejo da fertilidade dos solos irrigados: produtividade, degradação e


correção. In: REUNIÃO BRASILEIRA DE FERTILIDADE DO SOLO E NUTRIÇÃO DE
PLANTAS, 21., Petrolina, 1995. Anais. Petrolina, Embrapa-CPATSA/SBCS, 1995. p.273.

MAIA, C.E.; MORAIS, E.R.C. & OLIVEIRA, M. Qualidade da água para fertirrigação por
gotejamento. I. Região da Chapada do Apodi, RN. Eng. Agric., 5:293-307, 1997.

MAIA, C.E.; MORAIS, E.R.C. & OLIVEIRA, M. Qualidade da água para fertirrigação por
gotejamento. II. Região do Baixo Assu, RN. Eng. Agric., 6:12-26, 1998.

MC NEAL, B.L. Managing salt-affected soil. Crops Soils Mag., 12:12-13, 1976.

MELO, F.B.; COELHO, M.A. & FERREIRA, H.F.F. Efeito do gesso e da concentração salina da
água na condutividade hidráulica do solo. R. Bras. Ci. Solo, 12:89-92, 1988.

Q UÍ MI C A E M I N ERA LO G I A DO S OL O
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

XIX - QUÍMICA DOS SOLOS SALINOS E SÓDICOS 35

MELO, R.M. Avaliação da necessidade de gesso em solos salino-sódicos do perímetro irrigado


de Custódia – PE. Recife, Universidade Federal Rural de Pernambuco, 2005. 52p. (Tese de
Mestrado).

MOURA, R.F.; FERREIRA, P.A.; RIBEIRO, A.C.; CECON, P.R.; FONTES, P.C.R. & BARROS,
M.F.C. Efeitos da salinidade da água de irrigação e de lâminas de lixiviação de recuperação
do solo sobre a produtividade da beterraba hortícula (Beta vulgaris L.) In: CONGRESSO
CIENTÍFICO DEL INCA, 13., La Habana, 2002. Memorias. La Habana, Instituto Nacional
de Ciencias Agrícolas, 2002. CD-ROM

MOURA, R.F. Lixiviação em material de solo salinizado do Perímetro Irrigado do Projeto


Gorutuba - MG. Viçosa, MG, Universidade Federal de Viçosa, 1989. 68p. (Tese de Mestrado)

NORTHCOTE, J.H. & SKENE, J.K.M. Australian soils with saline and sodic properties.
Melbourne, CSIRO, 1972. 61p. (Soil Publication, 27)

NUNES FILHO, J.; SOUSA, A.R.; SÁ, V.A.L. & LIMA, B.P. Relações entre a concentração de íons
e a salinidade de águas subterrâneas e superficiais, visando a irrigação no Sertão de
Pernambuco. R. Bras. Eng. Agric. Amb., 4:189-193, 2000.

OLIVEIRA, J.B. Pedologia aplicada. Jaboticabal, FUNEP, 2001. 414p.

OLIVEIRA, L.B.; RIBEIRO, M.R.; FERREIRA, M.G.V.X.; LIMA, J.F.W.F. & MARQUES, F.A.
Inferências pedológicas aplicadas ao perímetro irrigado de Custódia, PE. Pesq. Agropec.
Bras., 37:1477-1486, 2002.

PEREIRA, F.A.M.; MEDINA, B.F.; GHEYI, H.R. & ETCHEVERS, J.D. Solos afetados por sais no
Nordeste. II. Correlação entre sódio solúvel e intercambiável. R. Bras. Ci. Solo, 6:167-170,
1982.

PIZARRO, F. Drenaje agricola y recuperacion de suelos salinos. 2.ed. Madrid, Editorial Agricola
Española, 1985. 521p.

QADIR, M.; QURESHI, R.H. & AHMAD, N. Reclamation of a saline-sodic soil by gypsum and
Leptochloa fusca. Geoderma, 74:207-217, 1996.

RAMIREZ, H.; RODRIGUEZ, O. & SHAINBERG, I. Effect of gypsum on furrow erosion and
intake rate. Soil Sci., 164:351-357, 1999.

REEVE, R.C. Dischanging well methods. In: LUTHIN, J.N. Drainage of agricultural lands.
Madison, American Society of Agronomy, 1957. p.439-445. (Agronomy Series, 7)

RIBEIRO, M.R.; FREIRE. F.J. & MONTENEGRO, A.A. Solos halomórficos no Brasil: Ocorrência,
gênese, classificação, uso e manejo sustentável. In: CURI, N.; MARQUES, J.J.; GUILHERME,
L.R.G.G.; LIMA, J.M.; LOPES, A.S. & ALVAREZ V., V.H., eds. Tópicos em ciência do solo.
Viçosa, MG, Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 2003. v.3. p.165-208.

RICHARD S, L.A. Diagn ostico y reha bilitacion de suelos salino s y sodicos. Mexico,
Departamento de Agricultura de los Estados Unidos de America, Editorial Limusa,
1980. 172p.

RHOADES, D.J. Drainage for salinity control. In: van SCHNFGAARDE, J., ed. Drainage for
agriculture. Madison, American Society of Agronomy, 1974. p.433-460. (Agronomy, 17).

Q UÍ MI C A E M I N ERA LO G I A DO S OL O
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

36 MATEUS R OSAS R IBEIRO ET AL

RHOADES, J.D. & CLARK, M. Sampling procedure and chemical methods in use at the U. S.
Salinity Laboratory for characterizing salt-affected soil and water. Riverside, U. S. Salinity
Laboratory, 1978. 24p. (Não Publicado).

SAMPAIO, R.A. & RUIZ, H.A. Característica das soluções drenadas na recuperação de solos
salino-sódicos com lixiviações parceladas. R. Bras. Ci. Solo, 20:13-20, 1996.

SANTOS, R.V.; MURAOKA, T.; SOUTO, J.S.; RANGEL, A.L. & VITAL, A.F.M. Solo degradado
do nordes te br asilei ro. C orreçã o e a bsorçã o de nutrie ntes por le gumin osas. In:
CONGRESSO LATINO AMERICANO DA CIÊNCIA DO SOLO, 15., Varadero, Cuba, 2001.
Resumos. Varadero, Sociedade Latino-Americana da Ciência do Solo, 2001. CD-ROM.

SILVEIRA, K.R. Influência da aplicação do gesso na água de irrigação sobre a salinidade,


sodicidade e condutividade hidráulica de solos aluviais. Recife, Universidade Federal
Rural de Pernambuco, 2000. 73p. (Tese de Mestrado).

SOMMERFELDT, T.G. & RAPP, E. Management of saline soils. Ottawa, Canada Department of
Agriculture, 1978. 30p. (Public. 1624)

SOUSA, A.R. Solos da planície aluvial do vale do Pajeú em Serra Talhada (PE): ambiente
agrícola e uso da terra. Viçosa, MG, Universidade Federal de Viçosa, 1995. 145p.

SUMNER, M.E. Sodic soils: New perspectives. In: NAIDU, R.; SUMNER, M.E. & RENGASAMY,
P., eds. Australian sodic soils: Distribution, properties and management. NATIONAL
CONFERENCE AND WORKSHOP ON SODIC SOILS, 1., Adelaide, 1995. Anais. Adelaide,
1995. p.1-34.

TAYLOR, S.A. & ASHCROFF, G. Soil structure. In: Physical edaphology. San Francisco, W.H.F.C.,
1972. 531p.

TEIXEIRA, W.; TOLEDO, M.C.M.; FAIRCHILD, T.R. & TAIOLI, F. Decifrando a terra. São Paulo,
Oficina de Textos, 2001. 558p.

UNITED STATES SALINITY LABORATORY – USSL STAFF. Diagnosis and improvement of saline
and alkali soils. Washington, Department of Agriculture, 1954. 160p. (Handbook, 60)

VANSELOW, A.P. Equilibria of the base exchange reactions of bentonites, permuties, soil
colloides and zeolithes. Soil Sci. 33:96-113, 1932.

WHITE, R.E. Introduction to the principles and practice of soil science. New York, John Wiley
& Sons, 1979. 198p.

WILDING, L.P.; ODELL, R.T.; FEHRENBACHER, J.B. & BEAVERS, A.H. Source and distribution
of sodium in solonetzic soils in Illinois. Soil Sci. Soc. Am. Proc., 27:432-438, 1963.

Q UÍ MI C A E M I N ERA LO G I A DO S OL O

Você também pode gostar