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XVII - QUÍMICA DOS SOLOS ÁCIDOS

Antônio Carlos Vargas Motta1/ & Vander de Freitas Melo1/

1/
Departamento de Solos e Engenharia Agrícola, Universidade Federal do Paraná. Rua dos
Funcionários, 1.540, 80035-050, Curitiba (PR).
mottaacv@ufpr.br; vanderfm@ufpr.br

Conteúdo

INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................................................... 31 3

COMPONENTES DA ACIDEZ (H e Al 3+) ..................................................................................................................... 31 5


Sistemas Puros .................................................................................................................................................................... 31 6
Sistemas Mistos: Variações Conforme o Intemperismo e a Profundidade do Solo ....................................... 32 8

DETERMINAÇÃO DA ACIDEZ DO SOLO ................................................................................................................. 32 9


Acidez Ativa ........................................................................................................................................................................ 32 9
Acidez Potencial ou Poder-Tampão do Solo ............................................................................................................. 33 0

RELAÇÃO ENTRE INTEMPERISMO, MINERALOGIA E ACIDEZ DO SOLO ............................................... 35 7

AGRADECIMENTOS ........................................................................................................................................................... 37 1
LITERATURA CITADA ...................................................................................................................................................... 37 1

INTRODUÇÃO

Por estar situado na região tropical e subtropical, o Brasil possui extensa área de
solos ácidos, não adequados para o estabelecimento de culturas comerciais. Os vários
tipos de vegetação naturais, como campos nativos, cerrados e florestas tropicais e
subtropicais, sofreram longo processo de adaptação, ocasião em que o acúmulo de
resíduos orgânicos e as ciclagens de nutrientes permitiram o crescimento das plantas em
ritmo compatível com a acidez elevada dos solos. O cultivo itinerante nesses ambientes
pelos indígenas brasileiros, com produtividade limitada, ocorreu graças à queimada da
vegetação nativa e plantio por curto período utilizando nutrientes disponibilizados nas
cinzas, com seu efeito alcalinizante, e a reserva acumulada no solo durante o período de
pousio. Nestes dois contextos, a acidez do solo tem papel secundário.
A introdução de plantas exóticas, muitas das quais sensíveis à acidez, ou mesmo o
cultivo de espécies nativas por longo período na mesma área, vem ocorrendo desde o início

SBCS, Viç osa , 20 09. Quími ca e Mineral ogia do Solo, xxxxp. (eds. Vander de Freitas Mel o e Luís
Reynaldo Ferracciú Alleoni).
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da colonização brasileira, potencializando a influência negativa da acidez no crescimento


e desenvolvimento das culturas. Mais recentemente, os cultivares tradicionais foram
trocados por outros selecionados geneticamente para atender à demanda de produtividade
e qualidade. Por diversas razões, a opção mais comum no plantio comercial foi selecionar
plantas de crescimento rápido e alta produtividade em condições adequadas de fertilidade
e de baixa acidez com a aplicação de adubos e corretivos.
Todavia, algumas culturas mantiveram resistência à acidez, mesmo após a seleção
para os fins desejados, destacando-se a cana-de-açúcar (Rossetto et al., 2004), alguns
cultivares de pastagem (Luz et al., 2000), mandioca e erva-mate (Reissmann et al., 1997;
Reissmann & Carneiro, 2004). Mesmo sob condição de elevada acidez, tais culturas,
geralmente, não respondem ao uso de corretivo ou exigem pequenas doses, principalmente
quando existem quantidades mínimas de nutrientes para o crescimento das plantas
(Macedo et al., 1979; Gatiboni et al., 2000).
A importância dos estudos da acidez não se limita apenas aos solos naturalmente
ácidos, mas também àqueles acidificados por ação antrópica. Como exemplo, tem-se o
efeito da poluição atmosférica causando chuva ácida em áreas de floresta na Europa
(Alewell, 2003). A acidificação de solos neutros ou próximos à neutralidade com o cultivo
é amplamente discutida por Edmeades & Ridley (2003), Bolan & Hedley (2003) e Tang &
Rengel (2003). A intensificação de uso de adubos nitrogenados na forma de amônio ou
amida acelera o processo de acidificação (Price et al., 1941).
Sanchez & Logan (1992) indicaram que 1/3 dos solos tropicais apresentavam
problemas com acidez, com elevada saturação por Al3+ (m > 50 %). Do total de 518
amostras representativas das áreas de Cerrado do Brasil, Lopes (1984) observou que
48,3 % apresentaram acidez elevada (pH < 5). A partir da avaliação de 90 % das áreas
do território brasileiro nos manuais de levantamento de solos da EMBRAPA, Cobra
Netto (1983) constatou que cerca de 70 % das áreas eram ácidas, havendo necessidade
de correção da acidez para elevar a saturação por bases acima de 60 % para cultivos
agrícolas. A acidez deve ser considerada no uso do solo, pois, juntamente com a pobreza
em nutrientes, retardou a inclusão de grandes áreas de Cerrado do Brasil Central ao
processo produtivo. Somente com práticas de calagem e adubação foi possível o
estabelecimento da agricultura comercial nesse importante bioma brasileiro. Mais
recentemente, verificou-se o acúmulo de grandes áreas degradadas, principalmente
sob condição de pastagem, dada a não completa correção da acidez e aplicação de
fertilizantes.
A acidez não deve ser apenas associada à camada superficial do solo (primeiros 20
cm), mas, sim, ao longo do perfil, pois boa parte dos horizontes dos solos apresenta
características distintas quanto aos aspectos químicos, físicos, mineralógicos e biológicos.
A correção da acidez apenas na camada superficial em perfil ácido pode limitar o
crescimento das plantas, principalmente em condição de déficit hídrico, como ocorreu
em 2008 na região dos Campos Gerais, PR.
A composição do solo (mineral e orgânica), em diferentes horizontes, é ferramenta
importante nos estudos da acidez e seu tamponamento e nos seus reflexos no crescimento
e desenvolvimento das plantas. Este capítulo tem como objetivo relacionar a fração húmica
e as características mineralógicas e o intemperismo com a acidez dos solos, sem se ater às

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XVII - Química dos Solos Ácidos 315

grandes generalizações normalmente empregadas a solos tropicais, do tipo: “os solos


altamente intemperizados são muito ácidos”, “elevação da saturação por bases a um
valor preestabelecido sem considerar a mineralogia da argila”, etc.

COMPONENTES DA ACIDEZ (H e Al3+)

O primeiro passo é entender a contribuição dos componentes do solo que atuam na


acidez do solo: silicatos cristalinos e amorfos, óxidos cristalinos e amorfos e matéria
orgânica. Dada a natureza multifásica do solo, é necessário estudar a ação simultânea
de dois ou mais desses componentes; nos horizontes subsuperficiais, a interação mais
significativa é dos componentes minerais, enquanto, no horizonte A, a matéria orgânica
é de primordial importância.
Para detalhamento das características estruturais, físico-químicas e da ocorrência
dos principais componentes da fração coloidal dos solos, recomenda-se a leitura de
capítulos específicos deste livro: minerais silicatados 2:1 - veja capítulo VI; minerais
silicatados 1:1 - veja capítulo VII; óxidos de Fe - veja capítulo VIII; óxidos de Al - veja
capítulo IX; matéria orgânica - veja capítulo XI.
A utilização de diferentes métodos na determinação de propriedades da acidez
dificulta a interpretação e a comparação dos resultados entre trabalhos científicos.
Contudo, levantamentos de solos realizados nas mais diversas regiões brasileiras
foram iniciados na década de 70 e perduraram por mais d e duas déc adas,
acumulando grande volume de informações sobre propriedades químicas, físicas e
mineralógicas dos solos. As análises de solos foram realizadas de modo centralizado,
no laboratório do Serviço Nacional de Levantamento e Classificação de Solos da
Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa), no Rio de Janeiro, com
método único, o qual tem sido empregado até hoje na maioria dos trabalhos
científicos da área de pedologia. Foram avaliados propriedades da acidez, bases
trocáveis, teor de matéria orgânica e granulometria, além dos índices Ki (1,7 x SiO 2/
Al 2O3) e Kr [1,7 x SiO 2/Al 2O 3 + (0,64 x Fe 2O3)], associados ao grau de intemperismo
do solo.
Três componentes da acidez são apresentados nos manuais de levantamento de
solos da EMBRAPA: pH em H 2O, Al3+ e (H + Al 3+ ). O pH em H 2O (relação solo/água
1:2,5) representa a atividade de H+ em solução em equilíbrio com a fase sólida do solo;
o Al3+ adsorvido é deslocado do complexo sortivo com K + (solução extratora KCl 1 mol
L -1) e determinado pela hidrólise do Al3+ quando da elevação do pH da solução por
titulação com solução de NaOH; o (H + Al3+) é obtido pela soma da quantidade de H+
na solução mais aquele dissociado dos grupos -OH da superfície de minerais e da
fração húmica e pela hidrólise do Al 3+ pela elevação do pH até 7,0, em solução
tamponada de acetato de Ca 0,5 mol L -1 (Vettori, 1969).
Esse banco de dados dos levantamentos de solos de vários Estados do Brasil foi a
base para estabelecer as relações entre os componentes da acidez, o grau de intemperismo
e a mineralogia da fração argila, como se verifica a seguir.

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Sistemas Puros
Silicatos
As argilas silicatadas cristalinas podem ser divididas em minerais de baixa e alta
atividade [limite estabelecido pela CTC da argila a pH 7,0 (sem correção de carbono
orgânico) > 270 mmolc kg-1 - Embrapa, 2006], de acordo com a capacidade de troca de
cátions (CTC). Em geral, o somatório de três a cinco tipos de argilas mais abundantes
no solo representam mais de 90 % da massa total dessa fração (Peixoto, 1995), tendo
como mineral mais abundante, nas mais diversas condições, os de baixa atividade,
geralmente caulinita (Curi & Franzmeier, 1984; Juo, 1985; Singh & Gilkes, 1992; Melo et
al., 2001a).
A ocorrência de argilas silicatadas de alta atividade em solos ácidos é limitada
pela baixa estabilidade desses minerais. Porém, muito mais comum é a coexistência de
minerais 2:1 com hidróxi-Al entrecamadas (2:1 HE) com caulinita e gibbsita (veja
capítulo VI).
A baixa estabilidade das argilas de alta atividade em ambiente ácido foi amplamente
discutida por Thomas & Hargrove (1984). Os minerais 2:1, quando incubados em
ambiente muito ácido, com os pontos de troca artificialmente saturados com H+, sofrem
rápida solubilização parcial e liberação de Al3+ das lâminas octaédricas, o que, além de
saturar o complexo sortivo com o elemento, pode dar origem aos 2:1 HE (Thomas &
Hargrove, 1984).
Turner & Brydon (1967) indicaram que a bentonita (material sedimentar rico em
montmorilonita, formado a partir do acúmulo e alteração de materiais vulcânicos)
apresentou alta capacidade de adsorção de Al3+ e que a formação da gibbsita ocorreu
quando o teor deste elemento atingiu níveis superiores a CTC dos minerais 2:1. Porém,
menores teores de Al3+ são necessários para a formação de gibbsita em sistemas com ilita
e caulinita (Turner & Brydon, 1967). Colemam et al. (1964) constataram grande decréscimo
na CTC efetiva de minerais 2:1, determinada por sorção de MgCl2 e deslocamento por
KNO3, mediante a adição de Al e Fe à bentonita, especialmente em baixo pH. Contudo,
após titulação com base, os valores de CTC foram restabelecidos, graças ao tamponamento
e dissolução das ilhas de hidróxi entrecamadas. Maior força de adsorção de Al3+ pela
vermiculita em relação à montmorilonita foi demonstrada por Juo & Kamprath (1979), o
que pode favorecer a formação do 2:1 HE.
Dessa forma, minerais silicatados de alta atividade podem liberar quantidade
elevadas de Al ao solo em ambientes ácidos pelo intemperismo, bem como tamponar
esse elemento por processos de adsorção e, ou, formação de hidróxi-Al entrecamadas.
Teores de Al3+ trocável superiores a 500 mmolc kg-1 de mineral 2:1 puro foram obtidos
em condição de laboratório, mediante acidificação do meio (McLean et al., 1958; Lin &
Coleman, 1960; Frink & Peech, 1963; Turner & Brydon, 1966, 1967; Juo & Kamprat,
1979).
Os componentes da acidez dos minerais 2:1 estão relacionados com as cargas
permanentes e dependentes de pH. As dependentes de pH ocorrem em menor número,
representando cerca de 5 a 10 % do total das cargas, formadas pelos radicais silanol

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(-SiOH) e aluminol (-AlOH) nas arestas do mineral. Os radicais -SiOH dissociam


em pH muito baixo, em decorrência do forte caráter ácido; o PCZ está em torno de
2,0 (veja capítulo XII). Logo, o radical silanol tem pouca possibilidade de atuar na
acidez do solo, pois, acima de pH 2,0 (quase totalidade dos solos), a hidroxila desse
grupo já estará dissociada (Bolland et al., 1976). Assim, apenas os radicais -AlOH
das arestas dos minerais silicatados poderiam atuar na acidez do solo (PCZ em
torno de 7 a 8).
Alguns solos brasileiros com ocorrência de minerais 2:1, principalmente na região
sul, apresentam teores elevados de Al3+ (extraído por KCl 1 mol L-1). Almeida et al. (1999)
encontraram teores de Al3+ médios de 42 mmolc kg-1, com variações de 11 a 99 mmolc kg-1,
para 48 amostras da camada superficial de solos com elevado poder tampão da Região
Sul. Como as amostras foram tomadas na camada superficial, não se pode afirmar que
tais teores de Al3+ estejam predominantemente associados aos minerais 2:1, dada a
presença da matéria orgânica.
A seleção de perfis de solos com argila de alta atividade, definida como valor T >
270 mmol c kg-1, do levantamento de solos de diferentes regiões do Brasil e os dados
apresentados por Lima et al. (2006) mostram também valores elevados de Al3+ (máximo
de 213 mmolc kg -1) para os horizontes subsuperficiais, onde a influência da matéria
orgânica é baixa (Quadro 1). Além da atividade da fração argila, o valores elevados de
CTC a pH 7 e de Ki indicam a ocorrência de minerais 2:1. Os teores do Al+3 nas camadas
mais profundas são muito superiores aos teores de H extraído com acetato de Ca pH
7,0 (relação Al3+ /H - Quadro 1). A CTC efetiva encontra-se próxima a CTC pH 7,0 nos
horizontes subsuperficiais, confirmando o pequeno número de cargas dependentes de
pH (entre pH do solo e pH 7,0). Logo, o principal componente da acidez deste tipo de
argila é o Al3+ adsorvido às cargas permanentes ou dependentes de pH, principalmente
aquelas de caráter ácido forte (grupo silanol). Considerando a baixa estabilidade de
argilas de alta atividade, é provável que os elevados teores de Al3+ estejam associados
à liberação do elemento pelo intemperismo parcial das lâminas octaédricas (mineral
2:1 dioctaedral).
Vale lembrar que, mesmos nos solos apresentados no quadro 1, a caulinita é o mineral
predominante, mas a existência de pequena proporção de mineral 2:1 pode garantir sua
maior participação na geração de cargas e na acidez. Isto porque, na maioria dos casos,
a CTC máxima da caulinita situa-se entre 25 e 100 mmolc kg-1, enquanto a dos minerais
2:1 ultrapassa facilmente 800 mmolc kg-1. Lin & Coleman (1960) também constataram
teores elevados de Al3+ extraídos com KCl 1 mol L-1 (maiores que 200 mmolc kg-1), próximos
aos valores da CTC efetiva (Ca2+ + Mg2+ + K + + Al3+ ), em solos com minerais 2:1.
Melo et al. (2009) estudaram a mineralogia da fração argila de dois perfis de solos
formados de argilito na Bacia Sedimentar de Curitiba até à profundidade de 4,5 m e
identificaram 2:1 HE nos horizontes superiores (A, B e C1) e esmectita nos horizontes C2,
C3 e C4. Com testes específicos (saturação com Li), os autores determinaram que a estrutura
básica 2:1 era constituída de montmorilonita e beidelita, ambas esmectitas dioctaedrais.
Os perfis analisados por Melo et al. (2009) pertencem a mesma unidade pedológica, com
mesmo material de origem, do perfil 72 (Quadro 1), reforçando a hipótese da participação
de minerais 2:1 na acidez do solo.

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Quadro 1. Resultados de análises químicas de solos com argila de alta atividade em horizontes subsuperficiais com valor T igual ou superior
a 270 mmolc kg -1: solos ácidos selecionados dos manuais de levantamento de solos do Brasil e dados de trabalho científico(1) 318

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(1)
T (atividade da fração argila) = [CTC pH 7,0 / teor de argila (g kg-1 )] x 1000 (Embrapa, 2006); Ki = 1,7 x SiO 2 (g kg-1 )/Al 2O 3 (g kg-1 ); Kr = 1,7 x SiO 2
(g kg-1 )/[Al 2 O 3 (g kg-1 ) + (0,64 x Fe 2O 3 (g kg-1 )]. Teores de Si, Al e Fe obtidos após extração com ácido sulfúrico concentrado; CO - carbono orgânico.
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XVII - Química dos Solos Ácidos 319

Os elevados teores de Al3+ (Quadro 1) não podem ser diretamente relacionados com
a presença de 2:1 HE. A participação do Al3+ na forma de hidróxi entrecamadas no
tamponamento do solo é uma incerteza, considerando os diferentes graus de solubilidade
e de preenchimento das entrecamadas (Kirkland & Hajek, 1972). Uma estrutura em anel
com seis membros, [Al6(OH)15]3+ tem sido proposta para o material entrecamadas nestes
minerais (Hsu & Rich, 1960). O aumento da liberação de K de minerais 2:1 HE,
determinado por eletroultrafiltragem, após a calagem em solos do sul do Brasil, indica
que pelo menos parte deste Al poderá ser liberada em curto prazo com a elevação do pH
(Nemeth, 1982). Mas, como será visto a seguir, a extração por KCl 1 mol L -1 tem baixo
poder de troca, envolvendo a liberação apenas do Al3+ retido com baixo grau de energia.
A presença de hidróxi-Al pode dar estabilidade aos minerais 2:1, termodinamicamente
instáveis nas condições do meio. Em condições ácidas, a formação desses polímeros
estabiliza minerais 2:1, que estariam instáveis em relação à caulinita (Barnhisel & Bertsch,
1989). Nos sistemas naturais, caulinita, gibbsita e 2:1 HE são encontrados juntos na fração
argila de solos (Harris et al., 1988). A estabilidade do 2:1 HE será maior ou menor que a
caulinita, dependendo do grau de ocupação pelos polímeros de hidróxi-Al.
Diferentemente dos minerais 2:1, a caulinita é virtualmente ausente em cargas
estruturais. As cargas são formadas principalmente nos radicais silanol e aluminol. A
hidratação da superfície da caulinita pode levar à formação de diferentes espécies, tais
como, grupos Al-OH-Al na superfície da lâmina gibbsítica terminal (superfície gibbsítica),
grupos Al-OH (grupos aluminol) nas bordas quebradas das lâminas octaédricas e grupos
Si-OH (grupo silanol) na borda quebrada da lâmina tetraédrica terminal (superfície
siloxana). Shoval et al. (1999) observaram, por técnicas de infravermelho, quatro tipos de
hidroxilas superficiais na caulinita. Graças a baixa acidez do grupo aluminol (PCZ
entre 7 e 8), a OH ligada ao Al na coordenação octaédrica torna-se fonte potencial de H
(acidez potencial não trocável) até valores altos de pH (7 a 8), o que compreende à maioria
dos solos.
Três diferenças básicas podem ser destacadas na estrutura das argilas 1:1 (caulinita)
em relação às argilas 2:1: i) a proporção de cargas formadas por substituição isomórfica
é praticamente nula; ii) a maioria das cargas é formada por desprotonação do H, ou seja,
dependente do pH; iii) o grupo aluminol, por ter menor caráter ácido que o grupo silanol
e proporcionalmente por estar em maior número nos minerais 1:1, atua no tamponamento
da acidez do solo a maiores valores de pH. Assim, diferentemente dos solos com ocorrência
de argila de alta atividade, os valores da CTC efetiva apresentam-se muito inferiores aos
valores da CTC a pH 7,0 para solos cauliníticos e sem a ocorrência de 2:1 (Quadro 2).
Como o teor de Al3+ depende da CTC efetiva, mesmo com m% (m = Al3+ x 100 / CTC
efetiva) igual a 100 %, o teor de Al3+ nas camadas inferiores do solo (menor influência da
matéria orgânica) é, geralmente, inferior ao teor de H não-trocável ou covalente, o que
determina baixa relação Al3+ /H. No horizonte B dos solos do quadro 2, a atividade da
fração argila (valor T) oscila de 32 a 115 mmolc kg-1, compatível com a CTC da caulinita.
Como conclusão, ao contrário dos solos ácidos com argila 2:1, onde Al3+ é o principal
componente da acidez, os solos cauliníticos ácidos têm como componente principal o H
das cargas dependentes de pH.

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Quadro 2. Resultados de análises químicas de solos com argila de baixa atividade em horizontes subsuperficiais com valor T menor que 270
mmol c kg -1: solos ácidos selecionados dos manuais de levantamentos de solo do Brasil e dados de trabalhos científicos 320

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XVII - Química dos Solos Ácidos 321

Óxidos
A ocorrência de grandes teores de óxidos de Fe a de Al na fração argila geralmente
está relacionada com ambientes de elevado grau de intemperismo, ou seja, em solos
oxídicos. Além disso, os óxidos de Fe e Al podem recobrir parte das argilas silicatadas,
potencializando o efeito desses óxidos sobre as características dos solos.
Os principais componentes ácidos dos óxidos são os grupos OH das superfícies
dos minerais: M-OH, sendo M um metal, que, em geral, é representado por Al (gibbsita)
ou Fe (hematita e goethita). Parfitt (1978) destaca que os grupos OH dos óxidos podem
apresentar uma (M-OH), duas (M2-OH) e, ou, três (M3-OH) coordenações com o metal. O
mesmo autor indica que a coordenação M-OH é a mais comum e ativa.
Diferentemente das argilas silicatadas, os óxidos não têm grupos OH ligados a
elementos tetravalentes (Si4+); grupos de caráter ácido forte. O comportamento ácido muito
fraco pode ser comprovado pelo alto valor de PCZ dos principais óxidos de Fe e Al dos
solos: gibbsita entre 7 e 8 e goethita e hematita entre 8 e 9. O grupo ferrol (-FeOH) apresenta
menor caráter ácido (veja capítulo XII). Em virtude do elevado PCZ, esses minerais são
importantes na dinâmica da acidez potencial dos solos (H não-trocável), uma vez que,
na faixa normal de pH dos solos brasileiros (3,5 a 6,5), os grupos de superfície estarão,
predominantemente, protonados (pH < PCZ).
Uma seleção de solos com valores de Kr muito baixo, inferiores a 0,75 (solos oxídicos
- Embrapa, 2006), confirmou a baixa CTC efetiva (< 21 mmolc kg-1) dos solos nos horizontes
subsuperficiais (Quadro 3), atribuída aos elevados teores de óxidos de Fe e Al na fração
argila. Nos horizontes mais profundos, com menor interferência da matéria orgânica,
identificou-se o caráter ácrico (CTA > CTC) das amostras, com base nas seguintes
propriedades: CTC efetiva < 15 mmolc kg-1 de argila e pH em KCl 1 mol L -1 > 5,0 ou ∆ pH
(pH em KCl - pH H20) positivo ou nulo. Os elevados valores de PCZ dos óxidos de de Fe
e Al foram responsáveis pelos baixos valores de atividade da fração argila dos horizontes
subsuperficiais (valor T - Quadro 3).
Sanchez & Logan (1992) estimaram que os solos com CTC efetiva muito reduzida
perfazem apenas 5 % dos solos tropicais, representados pelos solos arenosos e grupo
dos solos ácricos. Além do baixo valor de CTC efetiva, as camadas inferiores apresentaram
pH relativamente elevado e ausência de Al3+ (Quadro 3). Os prováveis motivos são
discutidos nas próximas seções. Por isso, os solos altamente intemperizados são, em sua
maioria, distróficos, e as relações Al3+ /H são baixas ou nulas. Assim, o principal
componente da acidez em solos com elevados graus de intemperismo são os grupos
aluminol e ferrol (H não-trocável).
Em suma, a importância do Al3+ em relação ao -OH (liberação de H) na acidez dos
solos decresce com aumento do grau de intemperismo, sendo maior em solo com argila
2:1 (esmectitíticos) do que 1:1 (cauliníticos) e esta, por sua vez, maior que solos com
predomínio de óxidos de Fe e Al (oxídicos e ácricos).
Nos solos oxídicos o principal limitante ao crescimento de raízes no horizonte B
pode não ser o Al3+ , mas, sim, o baixo teor de Ca2+ , normalmente menor que 5 mmolc dm-3,
considerado, por muitos pesquisadores, o limite superior para surgimento de carência
nutricional.

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Quadro 3. Análises químicas de solos com argila de baixa atividade em horizontes subsuperficiais com o valor T menor que 270 mmolc kg-1:
solos oxídicos e ácidos selecionados dos manuais de levantamentos de solo do Brasil 322

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XVII - Química dos Solos Ácidos 323

Aluminossilicatos Amorfos (Alofanas e Imogolitas)


Solos com predomínio de silicatos de Al amorfos, principalmente alofana e
imogolita, são raros no Brasil. Todavia, regiões de origem vulcânica recente podem
representar parcelas significativas de Andossolos (do japonês “Ando” = escuro) (FAO,
2006). Esses aluminossilicatos amorfos apresentam morfologia e composição química
muito variável. Normalmente, adota-se a seguinte nomenclatura (Dahlgreen, 1994):
imogolita - morfologia tubular e alta relação molar Al/Si (2:1); Al-alofana - composição
similar a imogolita, mas com morfologia diferente; Si-alofana - material com menor
relação Al/Si (1:1). Simas et al. (2006) obtiveram amplitude maior que os valores
sugeridos por Dahlgreen (1994) na relação molar Al/Si (0,9 a 5,3) em minerais
aluminossilicatos amorfos (alofanas e imogolitas) da fração argila de Criossolos da
Ilha do Rei George, Antártica. Os sítios apresentaram altos teores desses minerais
(máximo de 517 g kg-1 de argila).
Dada a baixa cristalinidade, os aluminossilicatos amorfos apresentam elevada
área superficial específica (ASE), com exposição de grande número de sítios reativos
(Theng et al., 1982; Wada, 1989) e com diferentes níveis de acidez (aluminol e silanol
- Figura 1). De forma similar aos óxidos de Fe e Al, as cargas da alofana e imogolita
são exclusivamente dependentes de pH, o que confere ao horizonte B dos Andossolos
grande diferença entre os valores de CTC efetiva e CTC pH 7,0 (Quadro 4). Contudo,
diferentementemente dos óxidos de Fe e de Al cristalinos, as alofanas e as imogolitas
apresentam elevada CTC, nos mesmos níveis dos minerais 2:1, graças à elevada ASE
e presença de grupos silanol (baixo PCZ) (observar os valores de atividade da fração
argila (T) do quadro 4). Os aluminossilicatos amorfos podem ser eficientes na
manutenção dos dois componentes da acidez do solo: liberação de Al da estrutura,
facilitada pela baixa cristalinidade, e de H (acidez potencial não-trocável) das
hidroxilas de superfície, principalmente ligadas ao Al (grupo aluminol). Em Criossolos
da Antártica, ricos em alofanas e imogolitas, Simas et al. (2007) obtiveram teores
altos de (H + Al 3+ ), com valor máximo de 434 mmol c dm -3 (Al 3+ = 104 mmol c kg -1).
Mesmo com altos teores de Al 3+ , a acidez potencial não trocável dos Andossolos é
mais expressiva (baixa relação Al 3+ /H) (Quadro 4), graças à grande ocorrência de
radicais -AlOH.
Os grupos OH de superfície podem ser deslocados com solução de NaF 0,85 mol L-1 e
determinados por titulação (Perrott et al., 1976), visto que o F- é reconhecidamente retido
com maior energia que os radicais OH-. O uso de tal técnica permitiu que Perrott et al.
(1976) encontrassem teores de OH, na ordem de 12.080 mmolc kg-1, para imogolita, e de
10.750 e 19.000 mmolc kg-1, para duas amostras de alofanas. Estes teores de OH são muito
superiores aos observados para minerais comumente encontrados no solo, como
montmorilonita (220 mmolc kg-1), ilita (170 mmolc kg-1), caulinita (120 mmolc kg-1), gibbsita
(200 mmolc kg-1), goethita (90 mmolc kg-1) e hematita (140 mmolc kg-1). Perrott et al. (1976)
verificaram, ainda, que a quantidade de OH liberada estava diretamente relacionada
com o teor total de Al2O3 dos solos, evidenciando a importância dos radicais -AlOH nas
reações.

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324 ANTÔNIO C ARLOS VARGAS MOTTA & VANDER DE FREITAS MELO

Figura 1. Estrutura e radicais das alofanas e imogolitas, ricas em Si (a) ou em Al (b). Observar a
grande exposição de grupos OH.
Fonte: adaptada de Okada et al. (1975).

Quadro 4. Análises químicas de solos ácidos com ocorrência de minerais aluminossilicatados amorfos
(alofana e imogolita)

pH Al3+ CTC CTC Argila T Al3+/H CO


Horizontes H2O efetiva pH 7,0

mmolc kg-1 g kg-1 mmolc kg-1 g kg-1

Andossolo (Shoji & Ono, 1978)


A11 4,4 47 92 254 364 0,3 107
A12 4,3 42 58 208 336 0,3 90
A13 4,6 39 50 194 254 0,3 70
IIBb 4,8 68 91 145 336 432 1,3 5
IICb 5,1 32 49 153 238 643 0,3 nd
Andossolo (Shoji & Ono, 1978)
A11 4,9 45 59 214 341 0,3 55
A12 5,2 35 44 214 327 0,2 50
A13 5,3 40 49 231 407 0,2 46
IIB1b 5,5 58 99 165 518 318 0,9 11
IIB3b 5,5 53 107 170 558 305 0,9 8
Andossolo (Shoji & Ono, 1978)
A11 5,0 28 56 221 377 0,2 56
A12 5,1 23 39 192 392 0,2 32
IIB1b 5,5 35 83 170 546 311 0,4 11
IIB3b 5,5 37 86 172 555 309 0,4 6
Andossolo (Igue & Fuentes, 1972)
A1 5,4 37 54 524 370 0,1 90
B2 5,4 9 29 416 570 729 0,0 53
Vitrandept (Igue & Fuentes, 1972)
A1 4,8 63 95 320 740 0,3 126
B12 5,3 51 66 215 342 628 0,3 102

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XVII - Química dos Solos Ácidos 325

A elevada quantidade de grupos OH é utilizada para estabelecer propriedades que


auxiliam na classificação dos Andossolos, como a determinação do pH em NaF, neste
caso, maior que 9,5 (FAO, 2006). Valores médios de pH em NaF 1 mol L -1 de 9,9 e 10 e
valores médios de pH em água de 5,8 e 6,2, para os horizontes A e B, respectivamente,
foram observados para 12 solos de origem vulcânica da Europa (Rodeja et al., 2004).
Shoji & Ono (1978) trabalharam com quatro Andossolos do Japão e verificaram valores
de pH em NaF 1 mol L -1 (relação 1:50 - segundo recomendações do National Soil Survey
Center, 1996) entre 9,7 e 11,5.

Matéria Orgânica
A matéria orgânica tem importância significativa na acidez do solo e é considerada
o principal componente na determinação da necessidade de calagem, isoladamente ou
com outras propriedades, como o pH (Pionke et al., 1968). A matéria orgânica apresenta-
se no solo comumente na forma de complexo organomineral, dificultando a avaliação
isolada de seu efeito na acidez do solo, que, de certo modo, também seria pouco útil por
não representar a condição de campo. As turfas, formadas geralmente em condições
anaeróbias, são provavelmente as condições que mais se aproximam de um ambiente
exclusivamente orgânico. Outro caso são os solos com teores muito baixos de argila,
como o acúmulo de matéria orgânica iluvial no horioznte Bh dos Espodossolos.
A matéria orgânica caracteriza-se por polímeros de alto peso molecular, de
composição e características químicas diferenciadas, com os grupos químicos funcionais
distribuídos ao longo das cadeias (veja detalhes no capitulo XI). O uso de técnica
espectrométrica auxilia na determinação e quantificação dos grupos funcionais na matéria
orgânica (Wagner & Stevenson, 1965; Schnitzer, 1978). Existem dezenas de grupos
funcionais com OH na matéria orgânica, passíveis de dissociação, sendo a maioria com
caráter ácido fraco. Os principais grupos são os carboxílicos, fenólicos, enólicos e
alcolônicos (Stevenson, 1982).
Valores de pH de dissociação dos radicais orgânicos da matéria orgânica podem ser
vistos na curva de titulação da figura 2. A determinação dos grupos com titulação é
complexa, visto que existe sobreposição de dissociação entre eles e a dissociação é
influenciada pela força iônica da solução e pela presença de metais (Schnitzer, 1978;
Steveson, 1982). Para simplificar, a caracterização da acidez da matéria orgânica é
determinada a pH 7,0, isto é, os radicais que se dissociam acima e abaixo deste valor de
pH. Obtém-se o teor de H que é dissociável entre o pH na condição natural da amostra até
o pH 7,0 (meio neutro), sendo esta acidez normalmente chamada de carboxílica. Já a
outra acidez, representada por H dissociável entre pH 7,0 e 8,2, é denominada acidez
fenólica e enólica (Schnitzer & Gupta, 1965).
O poder-tampão dos solos brasileiros é determinado até pH 7,0, incluindo-se, assim,
grande parte da acidez carboxílica. A camada superficial dos Organossolos (solos
orgânicos) e o horizonte Bh do Espodossolo (Podzol) (Quadro 5), mesmo com altos teores
de Al3+, apresentam grande diferença entre os valores de CTC efetiva e CTC pH 7,0. Esse
comportamento é atribuído aos teores muito superiores de H (baixa relação Al3+ /H), em
que apenas uma fração de 15 a 24 % das cargas foi dissociada entre pH 3,8 e 4,9 em água

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326 ANTÔNIO C ARLOS VARGAS MOTTA & VANDER DE FREITAS MELO

(natural) em relação ao pH 7,0 (Quadro 5), confirmando o caráter preferencialmente de


ácido fraco dos grupos funcionais.

Figura 2. Curva de titulação de ácidos húmicos de turfa e de solo. Os traços pequenos na horizontal
marcam os pontos finais de ionização dos grupos ácidos (fortes em baixo pH e fracos em pH
mais próximos da neutralidade), com diferentes constantes de ionização, mas com faixas
sobrepostas de dissociação.
Fonte: Adaptada de Stevenson (1982).

A matéria orgânica adsorve o Al3+ com diferentes energias, mas prevalecem ligações
com elevado grau de estabilidade (Schnitzer, 1978; Steveson, 1982). De acordo com Bloom
et al. (1979), a matéria orgânica é o principal componente no controle da atividade do
Al3+ em solução, e, por conseqüência, é determinante na dinâmica do Al3+. Thomas (1975)
constatou que o acréscimo no teor de matéria orgânica no solo diminui o teor de Al3+
trocável, extraído por KCl 1 mol L -1, principalmente em pH baixo. Assim, a matéria
orgânica é apontada como um dreno do Al liberado da dissolução dos minerais silicatados
(Conyers, 1990). A capacidade de retenção do Al3+ na matéria orgânica é tão elevada que
pode ser medida pela relação molar C/Al3+. Rodeja et al. (2004) obtiveram relação molar
de C/Al3+ de 45:1 em Andossolos.
Os teores de Al3+ em solos orgânicos devem ser avaliados com cautela, pois, como
será visto a seguir, por problemas metodológicos, parte pode ser devida ao H.

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XVII - Química dos Solos Ácidos 327


Quadro 5. Análise química de solos ácidos com altos teores de matéria orgânica selecionados dos manuais de levantamentos de solo do Brasil(1)

nd - não determinado.
(1)

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328 ANTÔNIO C ARLOS VARGAS MOTTA & VANDER DE FREITAS MELO

Sistemas Mistos: Variações Conforme o Intemperismo e a


Profundidade do Solo
Matéria Orgânica e Minerais Silicatados de Baixa (1:1) e Alta Atividade (2:1)
Nos ambientes com predomínio de argila de alta atividade e matéria orgânica, o pH
encontra-se próximo ou acima da neutralidade, e os grupos fenólicos são os mais
importantes para manter o OH de superfície, uma vez que os grupos carboxílicos já estão
dissociados. Em solos ácidos com Kr superior a 0,75, tem-se um sistema com predomínio
de três componentes: argilas silicatadas de baixa e de alta atividade e matéria orgânica,
os quais apresentam diferentes densidades de cargas elétricas negativas de superfície.
Valores de CTC da matéria orgânica entre 1.310 e 2.990 mmolc dm-3 foram encontrados
por Prata et al. (1996) e de 479 a 1.655 mmolc dm-3 por Peixoto (1995). Já as argilas de alta
e baixa atividade têm CTC variando de 800 a 1.500 mmolc dm-3 e de 30 a 150 mmolc dm-3,
respectivamente (Grim, 1968; Bolland et al., 1976). A maior contribuição da matéria orgânica
na acidez em relação aos minerais silicatados, principalmente os 1:1, pode ser visualizada
no perfil do solo, de acordo com o acréscimo do seu teor na superfície (Quadro 2).
Solos com argila de alta atividade têm menor variação de CTC em profundidade,
pois a redução dos teores de matéria orgânica é “compensada” pelo incremento nos
teores de minerais 2:1 nas camadas subsuperficiais (Quadro 1). Considerando que o
acréscimo do Al3+ não é acompanhado pelo decréscimo do pH em profundidade (Quadro
1), é bem provável que a matéria orgânica adsorva o Al3+ em ligações mais estáveis que a
força de extração de KCl 1 mol L -1 (Thomas, 1975). O aumento na relação Al3+ /H em
profundidade suporta esta premissa (Quadro 1). As maiores variações entre CTC efetiva
e CTC a pH 7,0 nas camadas superficiais é decorrência da grande densidade de cargas
dependentes de pH na matéria orgânica.

Matéria Orgânica, Minerais Silicatados de Baixa Atividade e Óxidos de Fe e Al


O predomínio de caulinita e a grande ocorrência de óxidos de Fe e de Al representam
a mineralogia mais comum da fração argila dos solos com elevado grau de intemperismo.
Estes solos, além da ampla distribuição, são bastante utilizados na agricultura no Brasil.
Em um extremo, existem os solos cauliníticos (Kr > 0,75) (Quadro 2) e, no outro, os oxídicos
(Kr < 0,75) (Quadro 3). Na região do Cerrado, onde predominam os oxídicos, praticamente
só existem cargas dependentes de pH, provenientes de radicais ácidos fracos da matéria
orgânica e dos óxidos de Fe e Al, e pequena ocorrência de radicais silanol, que atua como
ácido forte. Logo, são solos com grande diferença entre os valores CTC efetiva e CTC pH
7,0. Como observado anteriormente, percebe-se grande diferença no potencial de geração
de cargas: matéria orgânica com CTC superior a 1.000 mmolc kg-1 e óxidos de Fe e Al com
CTC entre 30 e 70 mmolc kg-1. Isto também explica o grande decréscimo dos valores CTC
efetiva e CTC a pH 7,0 em profundidade, seguindo o decréscimo do teor de matéria
orgânica (Quadro 3).
Combinando a reduzida CTC com a alta estabilidade da gibbsita, são encontrados
baixos teores de Al3+ trocável nos solos oxídicos (Quadro 3), comparativamente aos solos

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XVII - Química dos Solos Ácidos 329

cauliníticos (Quadro 2) e, principalmente, aos solos com argila de alta atividade (Quadro
1). Em muitos casos, verifica-se ausência de Al3+ nos horizontes subsuperfiais (Quadro
3) e apenas pequena quantidade de H (deprotonação de grupos OH de superfície) como
componente da acidez e de formação de carga. Os maiores teores de Al3+ na superfície de
solos oxídicos podem ser atribuídos à maior CTC efetiva e aos processos de complexação
da matéria orgânica, o que dificulta a formação e cristalização da gibbsita. Considerando
os elevados valores de PCZ dos óxidos de Fe e Al, nos horizontes de textura média e
argilosa, com baixos teores de matéria orgânica, a reduzida acidez [(H + Al3+)] é comparável
à dos ambientes arenosos. Já em solos cauliníticos com altos teores de matéria orgânica,
os teores de Al3+ , mesmo baixos, tendem a ser mantidos em profundidade (Quadro 2),
graças à maior CTC efetiva da caulinita pela dissociação de grupos -SiOH (baixo PCZ),
mesmo em condições de solos ácidos.
A ação combinada dos minerais silicatados de baixa atividade e óxidos de Fe e de Al
ocorre com freqüência nos horizontes subsuperficiais de solos brasileiros. Este
comportamento certamente é o sistema mais comum nos solos tropicais, onde o principal
componente da acidez é o Al3+ , devido, provavelmente, ao equilíbrio com minerais de
argila 1:1. Contudo, quando ocorre o predomínio de óxidos de Fe e Al (Kr < 0,75), o
principal componente passa a ser o H, originado das cargas dependentes de pH desses
minerais. Deve-se destacar, novamente, que a CTC dos óxidos de Fe e de Al é muito baixa,
permitindo um mínimo de cátions adsorvidos.

DETERMINAÇÃO DA ACIDEZ DO SOLO

A acidez do solo está associada ao equilíbrio entre a solução do solo e a fase sólida.
Enquanto a acidez da solução é chamada de ativa, a acidez que se encontra na fase
sólida e que apresenta valores centenas até milhares de vezes maiores é denominada
acidez potencial ou total.

Acidez Ativa
Acidez ativa é determinada pelo potencial de H+ na solução do solo, em equilíbrio
com os colóides, expresso em pH. A medição da atividade de H+ pode ser feita por meio
da obtenção da solução do solo em campo ou em laboratório, por diversos métodos (Wolt,
1994). Podem ocorrer, em algumas circunstâncias, variações expressivas entre o pH obtido
pela medição da solução extraída do solo (pasta de saturação) e o pH em amostra seca e
diluída em determinada relação solo/solução (Figura 3).
A extração da solução do solo não é uma técnica simples. Assim, para análises em
laboratório, a medição de pH é feita utilizando-se mistura de terra fina seca ao ar com
água ou solução salina, a fim de estabelecer um equilíbrio entre as fases, que ocorre após
alguns minutos. Mede-se, em geral, por método potenciométrico, a atividade de H+ em
equilíbrio. No trabalho de Lima (1993), o pH medido em água (relação 1:1) foi maior que
o medido diretamente na solução do solo (efeito de diluição) para amostras de solos do
Rio Grande do Sul.

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Figura 3. Valores de pH de equilíbrio do solo, avaliados por diferentes métodos: a) diluição da


amostra em água (relação 1:1); b) solução do solo extraída da amostra com umidade de campo;
c) solução do solo extraída de amostra com umidade de campo, após dois dias de incubação; d)
solução do solo extraída após secagem da amostra, reumedecimento à umidade de campo e
após dois dias de incubação. Solos 1 e 2 - Typic Paleudults; solos 3 e 4 - Humic Hapludults.
Fonte: Elaborada a partir dos resultados de Qian & Wolt (1990).

Duas condições básicas devem ser observadas na determinação do pH: a relação


solo/solução e a natureza da solução de equilíbrio. As relações solo/solução mais
utilizadas são 1:1 e 1:2,5. Em geral, o aumento da relação determina maior valor de pH
(Figura 4). Em solos com elevado poder-tampão, tais decréscimos são menores do que em
solos com baixo poder-tampão. A agitação da suspensão solo/solução antes da leitura
também reduz o efeito da diluição sobre o aumento do pH (Figura 4), por duas razões: i)
a agitação facilita a difusão do H+ trocável do interior dos agregados; ii) o aumento da
pressão parcial de CO2 com a agitação reduz o pH do solo, de acordo com o equilíbrio:

CO2 + H2O ↔ H2CO3 ↔ H+ + HCO3-

A maior pressão de CO2 na solução do solo em relação ao ar atmosférico faz com que
as plantas no campo convivam com valores de pH inferiores aos determinados no
laboratório após secagem das amostras de solo. Contudo, Suarez (1987) não observou
diferenças nos valores de pH do solo em água nos tratamentos abertos e fechados
submetidos a vácuo (retirada do CO2).
Já a solução de equilíbrio tem efeito ainda maior no pH de equilíbrio: água purificada
e solução salina em baixas e altas concentrações não tamponadas. Com exceção de
horizontes subsuperficiais de solos ácricos, o pH determinado com solução salina
concentrada (KCl 1 mol L -1) é inferior ao pH em água. A utilização de solução salina
diluída (sais de Ca e Na, em concentrações entre 0,1 e 0,01 mol L -1) visa a simular a

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XVII - Química dos Solos Ácidos 331

concentração da solução solo sob condições de campo, onde a ocorrência da água pura
inexiste. A solução de CaCl2 0,01 mol L -1 é a mais utilizada, provavelmente pela
abundância de Ca nos pontos de troca e em solução. Contudo, acredita-se que tais
concentrações possam estar acima da concentração salina da solução de solos tropicais
com elevado grau de intemperismo.
A redução do valor de pH com o aumento da concentração salina (força iônica da
solução) (Figura 5) pode ser interpretada pelo deslocamento de H+ da superfície dos
colóides e, ou, hidrólise do Al3+ deslocado (Takachi & Pavan, 1995). Para uma mesma
concentração salina da solução, tem-se efeito diferenciado do tipo de cátion sobre os
valores de pH. Os cátions de maior carga e menor raio iônico hidratado, portanto, com
maior força trocadora, tendem a deslocar maior quantidade de H+ dos colóides e promover
maior redução de pH. Takachi & Pavan (1995) obtiveram a seguinte seqüência nos valores
de pH em função do cátion da solução salina: Ca < Mg < K < Na (Figura 5). Com os dois
métodos mais comumente usados na determinação pH no Brasil (pH água 1:1 e pH CaCl2
0,01 mol L -1), os valores em água são superiores aos da solução salina entre 0,2 a mais de
uma unidade, com valor médio de 0,6 unidade. Baixas variações entre esses métodos
podem ocorrer quando o meio já apresenta elevada concentração salina, como, por
exemplo, solos tratados com resíduos orgânicos (Abreu Junior et al., 2000).

Figura 4. Efeito da relação solo/solução e agitação (Ag.) sobre o pH em água de quatro solos dos
Estados Unidos. O pH da pasta de saturação das amostras foi tomado como valor inicial, após
incubação com quatro doses de corretivo (símbolos e curvas diferentes em cada figura).
Fonte: Elaborada a partir dos resultados de Mehlich (1942a).

Apesar das variações entre os valores obtidos entre o pH em solução salina e o pH


em água, têm sido, observadas correlações altamente significativas entre esses métodos
para diferentes condições (Lima, 1993; Abreu Junior et al., 2000; Silva, 2006). Isso permite
a construção de tabelas de equivalências entre os pH determinados por esses dois
métodos.

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332 ANTÔNIO C ARLOS VARGAS MOTTA & VANDER DE FREITAS MELO

Figura 5. Relação entre força iônica e tipo de cátion e pH da solução do solo.


Fonte: Takachi & Pavan (1995).

Variações temporais no pH são expressivas em condição de campo (Collins et al.,


1970). Variações sazonais (maio, junho, julho, agosto e setembro), com decréscimo durante
o verão, foram encontradas em 11 de 19 casos, quando Collins et al. (1970) utilizaram
amostras secas ao ar e com medição em água. No entanto, este número diminui para 10,
quando o pH foi determinado em CaCl2 0,01 mol L -1. As variações sazonais de pH
mostraram-se dependentes da condutividade elétrica do solo, sendo menores para solos
com maior concentração salina. Collins et al. (1970) também constataram o efeito do
processo de secagem das amostras no pH em água, com a seguinte seqüência nos valores
de pH: umidade de campo > seca ao ar > seca em estufa.
A decomposição da matéria orgânica é um dos fatores responsáveis pelas variações
sazonais de pH; em solos ácidos, normalmente tem-se aumento de pH, seguido de
decréscimo e estabilização. O efeito da matéria orgânica sobre as oscilações do pH do
solo é mais importante em ambientes com acúmulo de palha na superfície do solo, como
em áreas de plantio direto (Franchini et al., 1999). Abordagem ampla sobre essas relações
está disponível na revisão de Wong & Swift (2003).
O uso de soluções com maior concentração salina, como KCl 1 mol L-1, proporciona
valores de pH ainda menores que em CaCl2 0,01 mol L -1, graças, provavelmente, à sua
maior capacidade de deslocamento de H+ . Não se pode negligenciar o efeito de altas
concentração de eletrólitos no aumento da força iônica da solução: reduz a atividade de
H+ ; induz a dessorção desse cátion para tentar restabelecer sua atividade na solução;
reduz o pH. O KCl 1 mol L -1 tem sido utilizado no estabelecimento do tipo de carga
predominante no solo (negativa ou positiva). A variação do pH por esse método e a
determinação em água (∆ pH) definem o predomínio de cargas do solo, indicando o
deslocamento preferencial de íons determinantes de potencial (H+ e OH-). Quando o pH
em KCl 1 mol L -1 é maior que o pH em H2O significa que o ânion Cl- deslocou maior

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XVII - Química dos Solos Ácidos 333

quantidade de OH- em relação ao H+ deslocado pelo K+, sendo o solo, então, interpretado
como eletropositivo (predomínio de cargas positivas ou CTA > CTC). O oposto se verifica
para solos com predomínio de cargas negativas. Conforme discutido, deve-se considerar
também o efeito desses íons na força iônica da solução e nas atividades de H+ e OH-.
Valores de pH em KCl 1 mol L -1 maiores que em água são raros, estando restritos
apenas ao horizontes B de alguns Latossolos ácricos (Quadro 3). Mesmo nos solos
altamente intemperizados, a pequena ocorrência de matéria orgânica na superfície é
suficiente para gerar cargas negativas e compensar o excesso de cargas positivas nos
óxidos de Fe e de Al.

Acidez Potencial ou Poder-Tampão do Solo


Além da acidez ativa (representada pelo pH), a maioria das análises químicas
apresenta valores relativos ao poder-tampão do solo, chamada de acidez potencial ou
total. O termo potencial diz respeito ao poder tamponante da solução extratora, atuando
na manutenção do pH previamente estabelecido. Como foi mostrado anteriormente, o
solo apresenta grande número de radicais ácidos fracos e reações de deprotonação que
podem gerar H+.
A acidez potencial é subdividida em trocável e não-trocável, sendo a primeira (Al3+)
definida com base na extração com soluções de sais neutros não tamponadas. Já a acidez
não-trocável é a acidez que o solo potencialmente poderá produzir com a elevação do seu
pH até valores previamente definidos (pH 7,0 ou 8,2) pelo uso de soluções tamponadas.
Contudo, como será apresentada a seguir, essa diferença não é muito clara, quando se
faz uma avaliação mais criteriosa, sendo então sugeridas outras definições.

Acidez Potencial Trocável


A acidez potencial trocável representa o poder-tampão do solo, em seu pH natural, até
o pH onde ocorre a completa hidrólise do Al3+ : aproximadamente pH 4,8 em CaCl2 0,01 mol
L -1 ou 5,4 em H2O. Na prática, o poder tampão do solo em relação à acidez potencial
trocável define a quantidade de corretivo necessária para a completa hidrólise do Al3+ ,
sendo, por isso, utilizada em alguns métodos para cálculo da necessidade de calagem.
Metodologicamente, a acidez trocável vem sendo preconizada como a quantidade
de Al3+ e H+ extraídos por uma solução não tamponada de sal neutro de metais alcalinos
e alcalinos terrosos, que não apresentam adsorção específica, em concentração próxima
a 1 mol L -1. O extrator mais comum utilizado no Brasil e no mundo é o KCl 1 mol L -1 (pH
natural da solução igual a 5,4) na relação solo/solução 1:10. A suspensão obtida é titulada
com solução de NaOH (base forte) para neutralizar os componentes ácidos extraídos. A
base forte irá reagir indistintamente com o H+ extraído e o produzido na hidrólise do Al3+.
A extração com sal neutro não tamponado tem capacidade de retirar tanto o Al3+
como H+ trocáveis, mas o principal componente é o primeiro (Yuan, 1960; Frink & Peech,
1963; Kissel et al., 1971; Saigusa et al., 1980; Oates & Kamprath, 1983b; Figueiredo &
Almeida, 1991), sendo freqüentemente denominado Al trocável ou tóxico. Contudo, sob

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334 ANTÔNIO C ARLOS VARGAS MOTTA & VANDER DE FREITAS MELO

algumas circunstâncias o H+ adsorvido pode representar de 20 a 50 % da acidez trocável,


como em solos orgânicos (Evans & Kamprath, 1970; Kissel et al., 1971). Valores também
elevados de H+ foram obtidos por Igue & Fuentes (1972) em solos com elevado teor de
material amorfo (alofanas) na Costa Rica.
A separação entre Al+3 e H+ no extrato de KCl 1 mol L-1, após neutralização com base
forte, pode ser realizada pelo uso de F e retitulação com ácido, visto que F- tem capacidade
de retirar OH- do Al hidrolisado [Al(OH)3 + 3 F- ↔ AlF3 + 3 OH-)]. Além disso, o uso dos
equipamentos de espectrofotometria de absorção podem determinar o Al no extrato do
KCl 1 mol L -1 e por diferença com os teores de Al3+ + H+ por titulação com base forte
(NaOH), estimam-se os teores de H+. Contudo, considerando a menor precisão do método
de determinação da acidez por titulação, a separação da acidez trocável em Al3+ e H+ por
esses cálculos nem sempre é possível e, para algumas amostras, os teores de Al3+ por
absorção atômica são superiores aos teores de H+ + Al3+ por titulação (Figura 6). A
preferência da titulação nas análises de rotina é devida à maior praticidade do método.
Já o efeito tamponante do Al3+ é mais expressivo em valores mais elevados de pH, na
faixa onde ocorre a formação das formas hidroxiladas do metal. Coleman et al. (1964)
utilizaram argilas saturadas com Al3+ e verificaram que o tamponamento da acidez
causado pelo H+ é maior em pH baixo.

Figura 6. Teores de Al 3+ e de (H + + Al 3+) extraídos por KCl 1 mol L -1 e determinados por


espectrofotometria de absorção atômica e por titulação, respectivamente, para diferentes solos.
Fonte: Elaborada a partir dos resultados de Figueiredo & Almeida (1991).

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XVII - Química dos Solos Ácidos 335

O Al é o terceiro elemento mais abundante na crosta terrestre, com teores em


torno de 8,1 % em massa (Klein & Hurlbut Jr., 1993), ficando atrás apenas do O e do
Si. Já as frações trocáveis em solos ácidos representam bem menos que 0,1 % do total.
Pedrotti et al. (2003) constataram teores totais de Al no solo variando de 68,8 a 188,5
g kg -1 e teores trocáveis (KCl 1 mol L -1) de 0,018 a 0,048 g kg -1 (0,013 a 0,048 %) no
horizonte A de dez solos de Minas Gerais. No horizonte B dos mesmos solos, a
proporção foi ainda menor (0,009 a 0,022 %): teores totais de Al entre 108,8 e 189,4 g
kg -1 e trocáveis entre 0,016 e 0,024 g kg -1. Nas próximas seções, será visto que o Al
pode ocorrer na fase sólida do solo em diversas formas, variando de cristalino, com
muito baixa solubilidade, até amorfo de alta reatividade, além da fração associada à
matéria orgânica, que pode contribuir em proporção diferente no equilíbrio com o Al
trocável.
Além do KCl 1 mol L -1, outras soluções com metais alcalinos e alcalinos terrosos
foram testadas na extração da acidez trocável, com resultados variados. Lin & Coleman
(1960) observaram teores próximos de Al 3+ pela passagem de sais de NaCl, CaCl 2 e
KCl 1 mol L -1 em colunas de solos. Pavan et al. (1985) também observaram teores
similares de Al3+ pelo processo de troca com o uso de soluções de KCl e CaCl2 (Figura
7a). Contudo, Yuan (1960), trabalhando com cloreto, sulfato e nitrato como ânions e
Na, K, Mg, Ba e Ca como cátions, nas concentrações de 1 mol L -1 pH 7,0, observaram
maior extração de Al 3+ para Ba 2+ >Ca 2+ >K + >Mg 2+ >Na + e SO 42-> NO 3->Cl - (Figura 7b).
As diferenças encontradas foram significativas visto que BaCl2 extraiu praticamente
o dobro que o KCl, indicando que a avaliação de Al trocável com KCl 1 mol L -1 não
representa todo o potencial de extração por cátions alcalinos e alcalinos terrosos.
Takachi & Pavan (1995) também verificaram a seguinte ordem quanto à capacidade
de deslocamento de Al 3+ para a solução (cloretos): Ca 2+ >Mg 2+ >K + >Na + (Figura 7c).
Apesar de a capacidade de extração dos cátions seguir a série de força de adsorção ou
série liotrópica, Pratt & Bair (1961) e Igue & Fuentes (1972) reforçam a hipótese de que
as características diferenciadas dos solos também são importantes nas reações de
liberação de Al 3+ , o que ajuda a explicar a aparente falta de padrão dos resultados
dos gráficos a, b e c da figura 7.
Além da substância química utilizada, a acidez trocável extraída por um método
depende de outros fatores, tais como: concentração e pH da solução extratora, relação
solo/solução e tempo de agitação. Verifica-se aumento da extração com elevação da
concentração da solução, mas ocorre estabilização para concentração ligeiramente acima
de 1 mol L -1 (Figura 8). Isto justifica o uso corrente de KCl 1 mol L -1 para a determinação
do Al trocável.
A relação solo/solução também mostrou-se diretamente associada às extrações
de Al 3+ (Kissel et al., 1971), com aumentos expressivos, próximos a 50 %, com a
ampliação da relação (Figura 9). Em experimento de lixiviação, o aumento de volume
percolado de KCl 1 mol L -1 promoveu aumento da quantidade de Al 3+ extraído
(Bhumbla & McLean, 1965). Contudo, a relação 1:10 tem sido adotada como padrão
nas extrações.

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336 ANTÔNIO C ARLOS VARGAS MOTTA & VANDER DE FREITAS MELO

(a) (b)

(c)

Figura 7. Força de extração de Al3+ com diferentes sais de metais alcalinos e alcalinos terrosos.
Elaboradas a partir dos resultados de Pavan et al. (1985) (a) e Yuan (1960) (b).
Fonte: Adaptada de Takachi & Pavan (1995) (c).

Figura 8. Efeito da concentração da solução extratora no teor de Al trocável em dois solos dos
Estados Unidos.
Fonte: Elaboradas a partir dos resultados de Yuan (1960).

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XVII - Química dos Solos Ácidos 337

Figura 9. Efeito da relação solo (10 g)/solução na extração de Al3+ e H+ trocáveis em quatro solos dos
Estados Unidos.
Fonte: Elaborada a partir dos resultados de Kissel et al. (1971).

Mais estudado que a concentração da solução e a relação solo/solução, o pH da


solução de extração tem sido avaliado em diferentes condições para extração de Al3+
(McLean et al., 1958; Lin & Coleman, 1960; Yuan, 1960; Amedee & Peech, 1976b; Bloom et
al., 1979b; Juo & Kamprath, 1979; Ahmad & Tan, 1986). O Al total encontra-se em valores
muito elevados no solo e uma pequena fração encontra-se em equilíbrio com formas
trocáveis, tendo o pH como fator preponderante neste equilíbrio. Isto fica claramente
demonstrado, quando ocorre aumento do teor de Al3+ extraído pela redução do pH da
solução extratora de baixo poder tamponante, como foi observado por Juo & Kamprath
(1979) e Ahmad & Tan (1986) (Figura 10).

Figura 10. Efeito do pH da solução de KCl 1 mol L-1 na extração de Al3+ trocável do solo.
Fonte: Elaboradas a partir dos resultados de Juo & Kamprath (1979) (a) e de Ahmad & Tan (1986) (b).

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338 ANTÔNIO C ARLOS VARGAS MOTTA & VANDER DE FREITAS MELO

Além da forma trocável extraída por sais neutros de metais alcalinos e alcalinos
terrosos, outras formas de Al3+ têm sido determinadas por extrações mais fortes, sendo
então denominada Al não-trocável: i) uso de metais com maior capacidade de adsorção;
ii) uso de ácidos orgânicos complexantes, com capacidade de diminuir a atividade de Al
na solução; iii) extrações sucessivas com reagentes de baixa ou de alta capacidade de
extração.
Os teores de Al3+ extraídos por metais com capacidade de quimiosorção ou adsorção
especifica, como Cu2+ (CuCl2 1 mol L -1), são diversas vezes superiores aos obtidos nas
formas trocáveis (KCl 1 mol L -1) (Figueiredo & Almeida, 1991; Pedrotti et al., 2003),
principalmente, pela alta força de interação Cu-matéria orgânica do solo (Conyers, 1990;
Figueiredo & Almeida, 1991; Rodeja et al., 2004). O CuCl2 1 mol L -1 pode extrair Al3+
mesmo quando o pH do solo estiver acima de 4,8 em CaCl2 0,01 mol L -1 ou 5,4 em água,
onde já não mais ocorre extração de Al trocável por KCl 1 mol L -1 (pH onde se tem a
hidrólise completa do Al) (Hargrove & Thomas, 1981), mostrando que o Cu é menos
sensível às variações de pH causadas, por exemplo, pela calagem.
Os teores de Al 3+ por CuCl 2 1 mol L -1 normalmente são tão elevados que podem
ser comparados aos teores de (H + Al 3+ ) extraídos por acetato de Ca 0,5 mol L -1
tamponado a pH 7,0 (Figura 11), sobretudo em solos com altos teores de matéria
orgânica.

Figura 11. Relação entre os teores de Al3+ extraídos por CuCl2 1 mol L-1 e os teores de (H + Al3+)
extraídos por acetato de Ca 0,5 mol L-1 pH 7,0.
Fonte: Elaborada a partir dos resultados de Figueiredo & Almeida (1991).

Relação linear entre Al3+ extraído com CuCl2 1 mol L-1 e Al total obtido por incineração
ou extração por HCl 2 mol L-1 foi obtida por Hargrove & Thomas (1981), ao trabalhar com
turfas previamente lavadas com ácido e enriquecidas com Al. O teor máximo de Al3+
extraídos por esses dois extratores foi de 1.800 mmolc kg-1, confirmando a alta capacidade
de adsorção desse cátion na matéria orgânica. Já os teores de Al3+ na extração com KCl 1
mol L -1 foram inferiores a 300 mmolc kg-1 (Figura 12).

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XVII - Química dos Solos Ácidos 339

O uso do Cu2+ determina a capacidade de resíduos orgânicos em reter Al3+ com força
superior aos teores obtidos com KCl 1 mol L-1 (Miyazawa et al., 1993), o que torna possível
avaliar a formação de complexos de elevada estabilidade, mediante adição de fontes de
matéria orgânica ao solo. A dificuldade de interpretação dos dados da extração de Al3+
com CuCl2 é separar o efeito de troca pelo Cu2+ com o ataque ácido de compostos de Al de
baixa cristalinidade, uma vez que o pH natural da solução 1 mol L -1 é de 2,8. Uma saída
seria ajustar o pH da solução em 5,4, igualando ao pH da solução de KCl 1 mol L -1.

(a)

(b)

Figura 12. Teores de Al retido na matéria orgânica de duas turfas (símbolos diferentes nos gráficos):
a) relação entre teores de Al extraídos por solução de CuCl2 1 mol L-1 e de KCl 1 mol L-1 e teores
totais nas cinzas, após incineração da amostra; b) relação entre teores de Al obtidos por solução
de CuCl2 1 mol L-1 e de HCl 2 mol L-1.
Fonte: Adaptadas de Hargrove & Thomas (1981).

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340 ANTÔNIO C ARLOS VARGAS MOTTA & VANDER DE FREITAS MELO

Além do Cu2+, o La3+ também determina o Al3+ fortemente retido no solo (Bloom et al.,
1979a,b; Oates & Kamprath, 1983a,b). No trabalho de Bloom et al. (1979b), o La3+ teve
maior capacidade de extração de Al3+, em diferentes solos (soluções 0,02 mol L-1): LaCl3 >
CuCl2 > CaCl2 > MgCl2. Usando concentrações ligeiramente diferentes, Oates & Kamprath
(1983a) constataram menor poder de extração de Al3+ pelo LaCl3 0,33 mol L -1 comparado
ao CuCl2 0,5 mol L -1. O mesmo comportamento foi relatado por Rodeja et al. (2004) para
solos europeus de origem vulcânica.
Utilizando solos brasileiros, Pedrotti et al. (2003) ampliaram a seqüência de extração
do Al, adicionando-se pirofosfato de sódio (Na4P2O7) pH 10, que tem capacidade de
solubilizar metais complexados à matéria orgânica (Alexsandrova, 1960; McKeague,
1967). Esse extrator atua em duas etapas: i) efeito dispersante do Na+ e do pH elevado -
dispersão da amostra e solubilização dos complexos organometálicos; ii) efeito
complexante do pirofosfato - extração dos metais. Ambas as formas, monoméricas e
hidroxiladas de Al, reagem com a matéria orgânica para produzir complexos estáveis
(Mclean, 1976). Segundo Pedrotti et al. (2003), o La 3+ desloca o Al3+ da matéria orgânica,
sendo possível obter o Al reativo fracamente associado à matéria orgânica (Almo =
AlLaCl3 – AlKCl). Já o CuCl2 retira o Al reativo fortemente associado à matéria orgânica
e aos minerais (Alr = AlCuCl2 – AlLaCl3). Os autores determinaram, ainda, o Al não-
reativo fortemente complexado à matéria orgânica, pela diferença entre o Al pirofosfato
e o Al extraído por CuCl2 (Alc = AlNa 4P2O7 – AlCuCl2). Na figura 13, verifica-se a
seqüência de força de extração de Al: pirofosfato > CuCl2 > LaCl3 > KCl > solução,
principalmente na camada superior do solo. A extração com LaCl3 0,33 mol L-1 pH 4,7 aparece,
neste caso, com menor poder de extração que a solução de CuCl2. 2H2O 0,5 mol L-1 pH 2,8. As
demais condições da extração foram: KCl 1 mol L-1 pH 5,7 e Na4P2O7 0,025 mol L -1 pH 10,3.
Rodeja et al. (2004) também utilizaram a extração com pirofosfato, CuCl2, LaCl3 e
KCl para estabelecer uma seqüência de força de retenção de Al3+ na matéria orgânica.
Contudo, ao contrário de Pedrotti et al. (2003), Rodeja et al. (2004) observaram que, em
algumas amostras do horizonte B, o uso do CuCl2 propiciou maior extração de Al3+ que o
método do pirofosfato.
A maior capacidade do Cu (cátion divalente) em relação ao La (cátion trivalente)
pode ser atribuída à perda da camada de hidratação do Cu na reação com radicais
orgânicos, facilitando a quimiossorção ou adsorção específica, o que não ocorre com os
demais cátions divalentes, como Zn, Ni e Ca, e alguns trivalentes (Bloom & McBride,
1979). Os mesmos autores observaram, ainda, que a saturação de metade das cargas de
compostos orgânicos em substituição ao H+ com K + , Ca 2+ , Al 3+ , La 3+ e Cu2+ ocorre
aproximadamente, em pH 4,1; 3,5; 2,8; 2,6 e 2,4, respectivamente, que está inversamente
relacionada com a capacidade de ligação dos metais com compostos orgânicos, ou
seja, indica que o Cu tem maior força de adsorção que o Al, que tem comportamento
similar ao do La.
Diferentemente do processo de troca do Al3+ por elementos retidos por adsorção
específica, como Cu2+ e La3+ , formas não-trocáveis têm sido obtidas pela extração com
ácidos orgânicos, que, ao complexar Al3+ em solução, propiciam a liberação de formas
retidas mais fortemente que a extraída por KCl 1 mol L-1. Um dos extratores mais utilizados
dentre os ácidos orgânicos é o acetato de amônio (NH4OAc) tamponado a pH 4,8 (McLean

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XVII - Química dos Solos Ácidos 341

et al., 1958). Graças à força trocadora semelhante do K+ e do NH4+ , a maior capacidade de


extração do NH4OAc é decorrência apenas das reações de complexação do ligante acetato
e da maior acidez da solução.

Figura 13. Teores médios de diferentes formas de Al e de matéria orgânica (MO) dos horizontes A e
B de dez solos de Minas Gerais. Almo - Al reativo fracamente associado à MO; Alr - Al reativo
fortemente associado à MO; Alc - Al não-reativo fortemente complexado à MO. Os detalhes
sobre os métodos de extração das diferentes formas de Al são apresentados no texto. Os teores
médios de matéria orgânica dos horizontes A e B dos solos são indicados nas duas últimas
barras do gráfico.
Fonte: Elaborada a partir dos resultados de Pedrotti et al. (2003).

Outra diferença entre a acidez trocável (KCl 1 mol L -1 pH 5,7) e a não-trocável por
NH4OAc tamponada a pH 4,8 está relacionada com a baixa sensibilidade às variações
de pH dos solos do segundo método (Pionke & Corey, 1967; Figueiredo & Almeida, 1991).
Por ser tamponada a pH 4,8, o NH4OAc extrai Al mesmo em solos que apresentam pH
acima de 5,4 em água ou 4,8 em CaCl2 0,01 mol L -1 (McLean et al, 1958; Bhumbla &
McLean, 1965; Figueiredo & Almeida, 1991), o que não ocorre com o KCl.
Menos comum que o NH4OAc, a extração por oxalato de amônio (OA) também é
empregada para extração de Al3+ , apresentando valores compatíveis ou superiores aos
do primeiro método. O método mostrou-se menos sensível à adição de resíduos orgânicos
e calcário que o NH4OAc e KCl (Ahmad & Tan, 1986), reforçando, com isso, que formas
estruturais associadas aos minerais podem ser solubilizadas pelo OA (Figura 14). O uso
de OA 0,2 mol L -1 pH 3,0 mostrou-se inerte aos minerais secundários de maior
cristalinidade, como gibbsita, caulinita, montmorilonita e ilita. Todavia, porção
significativa, 70 g kg-1 de aluminossilicatos amorfos, foi solubilizada pelo OA (McKeague
& Day, 1966). De acordo com Melo et al. (2001b), o material de baixa cristalinidade

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342 ANTÔNIO C ARLOS VARGAS MOTTA & VANDER DE FREITAS MELO

dissolvido pelo OA da fração argila de diferentes classes de solos do Brasil foi constituído,
principalmente, por Al, com menor participação dos minerais de Fe e Si. Os óxidos de Al
de baixa cristalinidade extraídos pelo OA, principalmente dos horizontes jovens, pode
ser importante para tamponar o Al trocável.

Figura 14. Teores de Al3+ extraídos com acetato de amônio (NH4OAc), oxalato de amônio (OA) e KCl,
todos na concentração de 1 mol L-1 em solo submetido à calagem (calado) e que recebeu aplicação
de resíduo orgânico.
Fonte: Elaborada a partir dos resultados de Ahmad & Tan (1986).

O uso de alguns ácidos orgânicos mostrou-se também muito eficiente na extração de


Al3+ da matéria orgânica saturada com este elemento, apresentando a seguinte ordem
decrescente de capacidade de recuperação: ácido cítrico > ácido málico > EDTA > ácido
tartárico > ácido oxálico, todos equilibrados a pH 5,0. Segundo Schnitzer & Skinner
(1964), estes reagentes orgânicos poderiam extrair o Al3+ fortemente retido na matéria
orgânica, ao contrário do ácido lático e succínico, também testados (Figura 15). Hue et al.
(1986), com base na capacidade de redução da toxidez do Al 3+ em solução para
crescimento radicular, dividiram os ácidos orgânicos em forte (cítrico, oxálico, tartárico),
moderado (málico, malônico, salicílico) e fraco (succínico, láctico, fórmico, acético e
fitálico), confirmando a grande variação na capacidade de complexação. Segundo Hue
et al. (1986), posições nos ácidos orgânicos que favorecem cinco ou seis ligações circulares
promovem complexação mais forte com os cátions.
O grau de estabilidade do complexo Al-ácidos orgânicos depende da configuração
dos radicais dos compostos, da proximidade entre os radicais e da existência de radicais
inertes entre os que atuam na complexação (Schnitzer & Skinner, 1964; Bloom & McBride,
1979). Bloom & McBride (1979) atribuíram as diferenças em mais de 100 vezes na
estabilidade dos complexos Al-ácidos orgânicos às diferenças na localização dos radicais
nas cadeias.
Wolt (1994) compilou dados de diversos trabalhos e estabeleceu a seguinte ordem
decrescente de força de complexação para os ácidos orgânicos: cítrico > oxálico > málico

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XVII - Química dos Solos Ácidos 343

> tânico > aspártico > p-hidrobenzênico > acético. Contudo, segundo o mesmo autor,
esses ácidos apresentam menor força de ligação com o Al3+ que os ácidos fúlvicos e
húmicos do solo.

Figura 15. Estabilidade relativa de complexos Al-matéria orgânica. a) complexos fracos; b)


complexos médios; c) complexos fortes. Os pH das soluções extratoras, exceto para o EDTA
pH 7,0, foram ajustados para 5,0. C - ácido cítrico; M - ácido málico; E5 - EDTA pH 5,0; E7 -
EDTA pH 7,0; T - ácido tartárico; O - ácido oxálico; L - ácido lático; S - ácido succínico; A -
água.
Fonte: Modificada de Schnitzer & Skinner (1964).

Utilizando Na-EDTA, Igue & Fuentes (1972) obtiveram teores de Al3+ , extraído de
solo com alofana, dezenas de vezes superiores aos do KCl 1 mol L -1 e mais de três vezes
superiores aos do NH4OAc, todos equilibrados em pH 4,5. Os teores obtidos pelo Na-
EDTA ultrapassaram em muito a CTC do solo, sugerindo a solubilização além da
capacidade de adsorção não-específica. Schnitzer (1978) indicou que a constante de
estabilidade do Al com EDTA foi maior que com ácidos fúlvicos do solo.
A presença de ácidos orgânicos com elevada capacidade de complexação de Al
pode ser comum em ambientes naturais. Pohlman & McColl (1988) determinaram que 60
a 80 % dos ácidos orgânicos livres obtidos de liteiras eram oxálicos e estavam diretamente
relacionados com o teor de Al3+ em solução. Driscoll et al. (1985) também verificaram que
a maioria do Al monomérico encontrado na solução estava na forma orgânica em solos
de floresta de clima temperado. A ocorrência dos ácidos málico, oxálico, cítrico, succínico
e outros em solução em maior concentração em áreas sob florestas do que sob cultivo
pode aumentar a solubilidade de Al, o que torna essa reação mais importante em ambientes
naturais (Hue et al., 1986). Maiores teores de C orgânico dissolvido em solução também

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344 ANTÔNIO C ARLOS VARGAS MOTTA & VANDER DE FREITAS MELO

são encontrados em sistemas de plantio com menor distúrbio e presença de palha na


superfície do solo, como o sistema de semeadura direta.
Os teores de Al3+ trocável obtidos por diferentes métodos e autores (Pionke & Corey,
1967; Igue & Fuentes, 1972; Pavan et al. 1985; Ahmad & Tan, 1986; Shuman, 1990;
Figueiredo & Almeida, 1991) são apresentados no quadro 6, confirmando a maior
capacidade de extração do NH4OAc em relação ao KCl, com exceção do trabalho de Juo &
Kamprat (1979). A extração de formas não-trocáveis de Al por CuCl2 (Figueiredo &
Almeida, 1991; Rodeja et al., 2004) e por NH4OAc tamponado pH 4,8 (Pionke & Corey,
1967; Pavan et al., 1985; Figueiredo & Almeida, 1991) tem sido diretamente relacionada
com o teor de matéria orgânica no solo.
Outro método usado para estimar o poder tamponante de Al é o de extrações
sucessivas (renovações periódicas da mesma solução) para a mesma amostra de solo.
Com isso avalia-se a cinética de liberação do elemento (Igue & Fuentes, 1972; Amedee &
Peech, 1976b; Juo & Kamprat, 1979; Oates & Kamprath, 1983a).
O número de extrações de Al necessárias para que se atinja o equilíbrio depende
da força da solução extratora e do tipo de solo (Figura 16). Juo & Kamprat (1979)
obtiveram estabilização da extração de Al (taxas de liberação próximas a zero) com
KCl 1 mol L -1 e CuCl2 1 mol L -1, empregadas separadamente, a partir da segunda ou
terceira extração. Contudo, Oates & Kamprath (1983a) constataram que a estabilidade
da extração variou com o teor de matéria orgânica, ocorrendo, na segunda extração, em
solos de baixo teor e, após várias extrações, em solos com teores elevados de MO. Grande
número de extrações até à estabilização indica ocorrência de gradiente elevado em
termos de força de adsorção do Al no solo (maior número de formas de Al). Igue &
Fuentes (1972) também constataram que a estabilização na extração foi atingida mais
rapidamente nos horizontes inferiores que no horizonte A (Figura 16a). A taxa de
extração ainda era crescente mesmo após 15 extrações em amostras de horizonte A com
elevados teores de matéria orgânica e alofanas.
Em geral, os teores acumulados de Al nas extrações sucessivas são de duas a três
vezes superiores aos observados após uma só extração. As diferenças nos teores extraídos
são mais acentuadas com o aumento do teor de matéria orgânica (Oates & Kamprath,
1983b; Conyers, 1990).
A liberação de mais Al em extrações sucessivas do que no método-padrão de
extração única com KCl 1 mol L-1 é devida à capacidade de tamponamento da acidez
trocável do solo (Figura 16). Tal fato está relacionado com o uso de métodos empíricos
de calagem que recomendam maior fator de correção (p.ex., três) para solos com elevado
teor de matéria orgânica, para eliminação do Al 3+ trocável (Quaggio, 1986). Oates &
Kamprath (1983a) admitiram que a extração sucessiva com KCl 1 mol L -1 também
retira formas não-trocáveis de Al em amostras com elevado teor de matéria orgânica
(Quadro 7).

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XVII - Química dos Solos Ácidos 345

Quadro 6. Teores médios de Al3+ por diferentes métodos de extração(1)

Solução KCl NH4OAc CuCl2 CaCl2 BaCl2 LaCl3 NH4Ox. Solos Obs.
pH 4,8 (OA) No

mmolc kg-1
Pionke & Corey (1967)
nd 3 17 nd nd nd nd nd 127
Figueiredo & Almeida (1991)
nd 56 61 143 nd nd nd nd 26
Pavan et al. (1985)
nd 30 115 nd 35 nd nd nd 6
Pavan (1983)
54,5(2) 21,4 82,3 nd 25,4 nd nd nd 14
Ahmad & Tan (1986)
nd 8,9 28,2 nd nd nd nd 28,5 1
nd 0,2 16,9 nd nd nd nd 31,7 1 Calcariado
nd 2,8 20,6 nd nd nd nd 30,7 1 Adição
resíduo
Pedrotti et al. (2003)
1,2 4 nd 29 nd nd 17,5 nd 10 Horiz. A
1,3 2 nd 22 nd nd 4,8 nd 10 Horiz. B
Juo & Kamprat (1979)
Solo ácido
nd 31 7 76 nd nd nd nd 4 Horiz. A
nd 32 24 59 nd nd nd nd 5 Horiz. B
Solo ácido caulinítico
nd 16 6 46 nd nd nd nd 8 Horiz. A
nd 15 11 39 nd nd nd nd 8 Horiz. B
Solo levemente ácido
nd 0,3 0,6 8 nd nd nd nd 3 Horiz. A
nd 0,8 1,3 10 nd nd nd nd 3 Horiz. B
Histosol
nd 87 nd 338 nd nd nd nd 2
Conyers (1990) CO (g kg-1)
15,2(3) 100(3) nd 537(3) nd nd nd nd 1 7
67 296 nd 1.185 nd nd nd nd 1 80
169 1.185 nd 14.440 nd nd nd nd 1 250
Pratt & Bair (1961)
nd 16,7 32,8 nd nd 17,5 nd nd 7
Shuman (1990)
0,8 7,2 13,4 31,1 nd nd 14,1 nd 4 Superfície
1,2 5,4 15,2 25,0 nd nd 9,8 nd 4 Subsolo
(1) -1
todos os extratores na concentração de 1 mol L ; nd - não determinado; (2)
µmol L ;
-1 (3)
dados percentuais comparativos
aos teores de Al3+ obtido por KCl 1 mol L-1.

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346 ANTÔNIO C ARLOS VARGAS MOTTA & VANDER DE FREITAS MELO

Figura 16. Teor acumulado de Al por extrações sucessivas, usando diferentes métodos e condições de
solo: a) extração com NH4Cl 1 mol L-1 e KCl 1 mol L-1 em amostra do horizonte A e B de três
solos; b) extração com LaCl3 1 mol L-1 e KCl 1 mol L-1 em amostra do horizonte A de um solo.
Verificar a tendência mais clara de as amostras do horizonte A não atingirem o equilíbrio na
liberação de Al. Os valores nas curvas da figura (b) representam os valores de pH de equilíbrio
após renovação das soluções.
Fonte: Adaptada de Igue & Fuentes (1972) (a) e de Bloom et al. (1979b) (b).

Quadro 7. Percentagem de Al extraído por diferentes métodos e condições experimentais em relação


a duas extrações sucessivas com KCl 1 mol L -1 em solos com diferentes teores de matéria
orgânica (MO)

MO KCl KCl LaCl3 LaCl3 CuCl2 CuCl2


1 mol L-1 1 mol L-1 0,33 mol L-1 0,33 mol L-1 0,5 mol L-1 0,5 mol L-1

Número de Extrações
2 7 2 7 2 7
g kg-1 %
1,0 100 100 120 120 200 230
5,6 100 110 140 230 260 370
48,0 100 150 250 390 440 620
Fonte: Oastes & Kamprath (1983a).

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XVII - Química dos Solos Ácidos 347

Com a finalidade de comparar os diferentes métodos quanto à força de extração de Al


foi proposto o quadro 8. Diante das diferentes técnicas de extração de Al3+ + H+ do solo
(acidez potencial trocável), surge a questão de quais métodos deverão ser considerados
para a determinação dos teores trocáveis e do poder tamponante de Al3+ na avaliação da
necessidade de calagem (NC). Com base no exposto (extração seqüencial e uso de métodos
com maior poder de extração que o K+), compreende-se por que o teor extraído com KCl 1
mol L-1 não representa todo o potencial de liberação de Al3+ do solo. Conseqüentemente, a
NC pode não ser estimada corretamente. Daí a existência de valores empíricos para obtenção
de cálculo de necessidade de calagem (NC) que consideram a acidez potencial trocável
(NC = 2 x Al3+ (extração única com KCl 1 mol L -1), valor estabelecido para corretivo com
PRNT de 100 %). Raij et al. (1983) constataram que a adição de corretivo, mesmo utilizando
o fator 3 x Al3+ , não foi suficiente, em alguns casos, para eliminar todo o Al3+ trocável.
Oates & Kamprath (1983b) constataram que a completa eliminação do Al3+ do solo
com a aplicação de corretivos só ocorreu quando a NC foi estabelecida com os teores de
Al 3+ extraídos pelos sais LaCl 3 e CuCl 2 . O menor poder de extração do KCl e a
subestimativa da dose de calcário resultaram em valores de m% entre 6 e 27 % nos solos
após a correção (Figura 17). Já quando a determinação do Al foi feita com solução de
CuCl2, os valores de m% após a correção foi 0 % para cinco dos seis solos estudados.
Todos esses resultados reforçam a necessidade de ampliar os estudos para estimar
acidez trocável e a necessidade de calagem de acordo com características específicas de
solos (mineralogia da argila e teor e qualidade da fração húmica), principalmente em
solos de clima tropical úmido.
A elevada estabilidade dos complexos Al-matéria orgânica e as baixas concentrações
do elemento em solução podem estar relacionadas com maiores níveis críticos de Al em
solos com elevado teor de matéria orgânica, como foi observado por Kaplan & Estes
(1985), que constataram para cada aumento de 10 g kg-1 de matéria orgânica, em base
seca, o nível crítico de Al no solo aumentava em 3 mmolc kg-1. Thomas (1975) obteve
decréscimo de Al3+ trocável (KCl 1 mol L-1) pelo aumento no teor de matéria orgânica, com
maior intensidade em pH baixo (Figura 18).
Substâncias orgânicas não ou parcialmente decompostas têm sido utilizadas para
reduzir o Al3+ trocável (Hoyt & Turner, 1975; Ernani & Gianello, 1983; Hue & Amien, 1989;
Miyazawa et al., 1993; Franchini et al., 1999) e para complexar o Al3+ na solução (Hoyt &
Turner, 1975; Hue & Amien, 1989; Hue, 1992), com (Miyazawa et al., 1993; Franchini et al.,
1999) ou sem variação no pH do solo (Ahmad & Tan, 1986; Hue, 1992; Liu & Hue, 1996).
Adição de palha de trigo propiciou decréscimo na extração de Al3+ trocável (KCl 1 mol L-1)
e não-trocável (NH4OAc 4,8 mol L-1) (Ahmad & Tan, 1986). Os mesmos autores verificaram
que a adição de resíduos orgânicos e de Al ao solo não resultou em acréscimo das formas
não-trocáveis do elemento, confirmando a passagem para outras formas ainda menos
reativas. Miyazawa et al. (1993) verificaram grande variação entre tipos de resíduos vegetais
adicionados ao solo no decréscimo de H+ + Al3+ (acidez potencial trocável) por efeito de
complexação ou de aumento do pH. A complexação do Al3+ foi mais expressiva nos solos
com resíduos de trigo e milho, já o aumento do pH para resíduos de leguminosas. A obtenção
de produtividades médias acima de 8 Mg ha-1 para cultura do milho, em solos com pH na
faixa de 4,4 a 5,0, tem sido justificada pelo maior teor de matéria orgânica no sistema
plantio direto do que no sistema convencional (Ceretta, 2006).

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Quadro 8. Expectativa da capacidade de troca e solubilização pelos métodos de extração de Al
348

Q UÍ MI C A
E
M I N ERA LO G I A
ANTÔNIO C ARLOS VARGAS MOTTA & VANDER

DO
DE

S OL O
FREITAS MELO

(1)
Soluções salinas de cloretos na concentração de 1 mol L-1; (2) troca e solubilização; (3) MO - matéria orgânica; (4) soluções salinas com sódio em concentrações entre 0,025 e 1,0 mol
L-1. As comparações são válidas para as soluções nas mesmas condições de pH e concentração.
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XVII - Química dos Solos Ácidos 349

Figura 17. Valores de pH e de saturação por Al3+ (m%), após correção do solo, em que a necessidade
de calagem foi estimada com os teores de Al3+ obtidos por diferentes métodos (1mol L-1): KCl,
LaCl3 e CuCl2.
Fonte: Elaboradas a partir dos resultados de Oates & Kamprath (1983b).

Figura 18. Relação entre teor de matéria orgânica e Al 3+ trocável (KCl 1 mol L -1) em diferentes
valores de pH do solo.
Fonte: Modificada de Thomas (1975).

Contudo, alguns autores relacionam o aumento da acidez trocável com a formação


de substâncias orgânicas no cultivo de pinus. Messenger et al. (1978) concluíram que os
altos teores de Al e baixos de cátions nas acículas, aliados à alta produção de ácidos

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350 ANTÔNIO C ARLOS VARGAS MOTTA & VANDER DE FREITAS MELO

orgânicos durante a decomposição, foram responsáveis pelo aumento do Al não-trocável


nos solos. Cultivo de pinus em solos ácidos de Cerrado (Lepsch, 1980) e na região dos
Campos Gerais do Paraná (Daros, 1982; Kahil, 1986) propiciou aumento do teor de Al3+
e decréscimo do pH (Figura 19). Efeito contrário foi observado por Barth (1980), que
observou maior teor de cátions básicos e valores similares de pH em solo com floresta de
pinus comparada a áreas adjacentes de bosque, em área de elevado pH no Estado do
Colorado (EUA). Tang & Rengel (2003) apresentaram revisão ampla sobre o efeito da
planta na acidez do solo, sob condição natural e cultivada, indicando a possibilidade de
elevação ou de redução do pH.

Figura 19. Efeito do cultivo de pinus sobre propriedades da acidez de dois solos (Podzólicos Vermelho-
Amarelos) no Paraná.
Fonte: Elaboradas a partir dos resultados de Daros (1982).

Acidez Potencial Não-Trocável ou Poder-Tampão a pH 7,0 e 8,2


A acidez potencial não-trocável vem sendo determinada com solução tamponada a
pH 7,0 em solos com baixo pH, como os tropicais, e com solução tamponada a pH 8,2,
para solos com pH acima de 7,0. O pH 7,0 visa a estabelecer o poder-tampão do solo do
seu pH natural até a neutralidade. Já a escolha do valor máximo de pH 8,2 foi devida ao
ponto de início da precipitação do Ca2+ e formação de carbonatos e a reduzida alteração
de CTC acima desse pH (Figura 20).

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XVII - Química dos Solos Ácidos 351

A solução mais utilizada na determinação na capacidade de tamponamento até pH


7,0 é o acetato de Ca 0,5 mol L-1. O tamponamento nesse pH determina a hidrólise do Al3+
(acidez potencial trocável) e a dissociação de radicais com pH de ionização menor que
7,0 (H - acidez potencial não-trocável). Assim, os valores são, em geral, representados
como somatório de H e Al3+ ou (H + Al3+ ) e, para determinar apenas a acidez potencial
não-trocável, deve-se usar o seguinte cálculo: H = (H + Al3+ ), acetado de Ca 1 mol L -1 pH
7,0 - Al3+ KCl 1 mol L -1. As principais fontes de H covalente ou estrutural são os grupos
funcionais OH da superfície de minerais (principalmente aqueles com cargas dependentes
de pH, como caulinita e óxidos de Fe e Al) e os grupos carboxílicos e fenólicos dos
compostos orgânicos. A quantidade de H liberada com a elevação do pH do solo (condição
natural) até pH 7,0 é diretamente relacionada com o aumento de cargas negativas nos
colóides, representado pela diferença entre CTC total ou pH 7,0 e CTC efetiva ou pH do
solo. Contudo, em condições de solo muito ácido, com elevado poder tampão e baixa
relação solo/solução extratora, a solução pode não ser capaz de manter o pH 7,0. Uma
forma simples para solucionar este problema é o aumento da relação solo/solução por
ocasião da extração.
Os valores de (H + Al3+) decrescem com elevação do pH do solo, até atingir zero no
pH 7,0. Todavia, em muitos casos, determina-se (H + Al3+ ) mesmo em solos com pH
ligeiramente superiores a 7,0 (Figura 21) (Embrapa, 1983; Abreu Junior et al., 2000;
Albuquerque Filho et al., 2004; Silva, 2006), graças, provavelmente, à adsorção do acetato
aos colóides do solo.
A determinação da acidez potencial a pH 8,2 é feita com uso de cloreto ou acetato
de Ba e trietanolamina (TEA). A trietanolamina atua como agente tamponante, com
elevado poder-tampão para valores elevados de pH, somado ao efeito do Ba2+ , como
eficiente na troca de cátions (Mehlich, 1941). A trietalonamina é utilizada na
determinação titulométrica do Ca 2+ e do Mg 2+ e na solução-tampão SMP, discutida a
seguir.

Figura 20. Valores de capacidade de troca de cátions (CTC) de 12 solos de acordo com o pH.
Fonte: Elaborada a partir dos resultados de Mehlich (1941).

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352 ANTÔNIO C ARLOS VARGAS MOTTA & VANDER DE FREITAS MELO

Figura 21. Valores de pH e teores de (H + Al3+) pelos métodos de acetato de Ca 0,5 mol L-1 pH 7,0.
Fonte: Elaborada a partir dos resultados de Albuquerque Filho et al (2004) (perfil de Criossolo da Antártica) (a) e Embrapa
(1984a) (perfil de Argissolo do Pará) (b).

Com o uso da solução-tampão a pH 7,0 determina-se o somatório de H + Al3+ , mas a


acidez determinada com a solução-tampão pH 8,2 está mais relacionada com valores da
dissociação do H (acidez potencial não-trocável). Embora seja apenas 1,2 unidade maior
que pH 7,0, os teores de H determinado a pH 8,2 são, em sua maioria, mais de duas vezes
superiores, indicando elevado poder-tampão entre esses dois valores de pH. Castro et al.
(1972) encontraram alta correlação entre acidez determinada a pH 7,0 e 8,2 (Figura 22),
cujos teores médios de (H + Al3+ ) de vários solos, com CTC menor que 400 mmolc dm-3,
foram de 33 e 79 mmolc dm-3, respectivamente. Tal fato é confirmado pelo rápido
incremento da CTC efetiva entre pH 7 e 8 (Pavan et al., 1985) (Figura 23).

Figura 22. Relação entre (H + Al3+) determinado a pH 7,0 e 8,2 em amostras de 152 solos brasileiros
com CTC menor que 400 mmolc kg-1.
Fonte: Elaborada a partir dos resultados de Castro et al. (1972).

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XVII - Química dos Solos Ácidos 353

Figura 23. Valor de CTC de sete solos paranaenses de acordo com o pH em água (1:1), mostrando a
alta taxa de incremento na CTC entre valores de pH 7 e 8.
Fonte: Pavan et al. (1985).

Com relação aos grupos funcionais da matéria orgânica, Schnitzer & Gupta (1965)
trabalharam com substâncias orgânicas puras e constataram que o acetato de Ca 0,5 mol L-
1
pH 7,0 foi eficiente na determinação da acidez carboxílica, enquanto a acidez vinda dos
grupos fenólicos foi mais bem estimada com Ba(OH)2 0,25 mol L -1. Os grupos aluminol
(-AlOH) e ferrol (-FeOH) da superfície dos óxidos de Fe e Al também apresentam valores
de tamponamento próximo ou acima do pH 7,0 (meio neutro).
Assim como para acidez potencial trocável, a acidez determinada pelo acetato de Ca
pH 7,0, pode ser subestimada em muitos casos, principalmente, quando ocorre
abundância de matéria orgânica. Em muitos casos sob condições de campo (Raij et al.,
1983, 1998; Morelli et al., 1992; Oliveira et al., 1997; Prado et al., 2003; Rossetto et al.,
2004) e de laboratório (Munhoz, 1979; Reginato, 1987; Anjos, 1992; Lima, 1993; Silva et
al., 2008) o uso de corretivo para completa neutralização (pH 7,0) ou para se atingir
determinado V a partir da acidez obtida pelo acetato de Ca pH 7,0 não tem sido alcançado
(Figura 24). A aplicação de corretivo superior a duas vezes ao indicado para atingir pH
7,0 foi necessária em solo orgânico de elevada acidez (Munhoz, 1979). A não-reação do
material corretivo ou a mistura desuniforme não podem ser usadas como justificativa,
visto que, em muitos experimentos, mesmo como uso de produtos puros, tais solos não
atingiram os valores calculados de saturação por bases (Silva, 2006).
Outra indicação que o método de correção baseado no poder-tampão, obtido pelo
acetato de Ca pH 7,0, pode subestimar a dose de corretivo é a maior dose recomendada

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354 ANTÔNIO C ARLOS VARGAS MOTTA & VANDER DE FREITAS MELO

pelo método do pH SMP ou índice SMP, utilizados no RS e SC, em relação à dose estimada
pelo método da saturação por bases (PR e SP). Ambos os métodos prevêem a elevação do
pH próximo a 5,4 em CaCl2 0,01 mol L -1 ou correspondente a pH 6,0 em água.
Ainda, conforme já discutido, a extração com acetato de Ca pH 7,0 possivelmente
não tem capacidade de extrair Al ligado fortemente à matéria orgânica, uma vez que
teores não-trocáveis do elemento extraído por Cu podem ser muito próximos aos teores
de H + Al3+ observados para o primeiro extrator (Figueiredo & Almeida, 1991). Como era
previsto, Oliveira et al. (1997) obtiveram aumento significativo da saturação por bases
com a calagem. Entretanto, os valores médios de V do solo determinados, após a aplicação
de cada dose de calcário, foram consideravelmente inferiores aos esperados com base na
recomendação de calcário pelo método da elevação da saturação por bases. A relação
desses valores obtida pelos autores foi: V determinado = 15 + 0,35 V estimado, R2 = 0,97*.
O mesmo foi observado por Raij et al. (1983, 1998) para solos do Estado de São Paulo,
quando a aplicação de corretivo mais de três vezes superior (12 t ha-1) à dose recomendada
(3,6 t ha-1) para atingir V = 70 % resultou apenas em V = 63 %, após 41 meses em condições
de campo. Trabalhando também com solos paulistas cultivados com cana-de-açúcar,
Rosseto et al. (2004) calcularam a dose de corretivo para se atingir V = 70 % e aplicaram
doses equivalente ½ NC, NC e 2 NC, mas só atingiram o valor de V desejado com aplicação
da maior dose em quatro de cinco solos estudados. Além da subestimativa da acidez
potencial pelo acetato de Ca pH 7,0, o que reduz a dose de corretivo aplicado, a não-
obtenção de V calculado na camada de 0 - 20 cm no campo foi justificada pelos autores,
em alguns casos, pela diluição do corretivo em camadas mais profundas, efeito
monitorado pelo aumento do V em profundidade (Prado et al., 2003; Rossetto et al.,
2004). Sob condição controlada, Lima (1993) constatou que a necessidade de calagem
obtida pelo método da incubação superou em muito a quantidade de (H + Al3+ )
determinada por acetato de Ca pH 7,0, mesmo para solos arenosos.

Figura 24. Necessidade de calagem (NC) estimada pelo método da saturação por bases e realmente
necessária para atingir V = 50 % e V = 70 % para solos do Estado de São Paulo.
Fonte: Elaboradas a partir dos resultados de Reginato (1987).

A subestimativa da capacidade-tampão do solo não está restrita ao método do acetato


de Ca pH 7,0, mas também ao método desenvolvido por Mehlich (1941). Amedee & Peech

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XVII - Química dos Solos Ácidos 355

(1976a) constataram que as doses de corretivo para atingir pH 8,2, estabelecidas pelo
BaCl2-TEA 0,5 mol L-1 pH 8,2, propiciaram elevação do pH em água apenas próximo a
7,0. Shoemaker et al. (1961) observaram que as maiores doses de corretivo recomendadas
pelo método do BaCl2-TEA pH 8,2 para 15 solos dos Estados Unidos para atingir pH 6,8
em água foram levemente inferiores às doses estimadas pelo método de incubação por 17
meses (Figura 25).
Em suma, podem-se destacar duas prováveis justificativas para a subestimativa
da capacidade-tampão dos solos a pH 7,0 e 8,2 pelos métodos do acetato de Ca e BaCl2-
TEA, respectivamente: i) a não-determinação de todo H dissociável (acidez potencial
não trocável) entre o pH do solo e o pH da solução-tampão. Na figura 26, observa-se
que a correção prévia das amostras de solos facilitou a extração da acidez potencial
não-trocável pelo método do acetato de Ca pH 7,0, aumentando a estimativa da CTC
total; ii) parte do Al3+ pode não ser retirado pelo acetato de Ca ou pelo BaCl2-TEA, visto
que as reações de liberação do Al não-trocável podem ocorrer lentamente e não ser
detectada por métodos rápidos em laboratório. Já com o método padrão de incubação
com doses crescentes de CaCO3, o maior tempo de reação favorece a estimativa correta
dos teores de H + Al3+ . Deve-se considerar também que a aplicação de corretivo como
base nos valores de acidez estabelecidos pelo método de BaCl2-TEA 0,5 mol L -1 pH 8,2
pode não atingir pH 8,2, visto que a reação dos carbonatos decresce muito em valor de
pH acima de 6,5.

Figura 25. Relação entre dose de corretivo para atingir pH 6,8 em água (1:1) determinada pelo
método de incubação com CaCO3 por 17 meses e calculada pelo método do BaCl2-TEA pH 8,2
para 15 solos dos Estados Unidos.
Fonte: Elaborada a partir dos resultados de Shoemaker et al. (1961).

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356 ANTÔNIO C ARLOS VARGAS MOTTA & VANDER DE FREITAS MELO

Figura 26. Variações nos valores de CTC a pH 7,0, determinada pelo acetato de Ca, de quatro solos
da Região Metropolitana de Curitiba (condições naturais dos solos: pH entre 4,3 e 5,0 e Al3+
entre 1,8 e 5,8 cmolc kg-1) submetidos a doses crescentes de corretivos da acidez. Doses de
corretivo (Mg ha-1): a - 0; b - 4 a 10; c - 6 a 12; d - 8 a 14; e - 10 a 16; f - 16 a 20 (apenas solos 2 e 4);
g - 20 a 24 (apenas solos 2 e 4); g - 28 (apenas solo 2). O pH em água dos solos após 90 dias de
incubação com a maior dose de corretivo foram: 1 - pH 6,8; 2 - pH 6,3; 3 - pH 6,7; 4 - pH 6,2.
Fonte: Elaborada a partir dos resultados de Munhoz (1979).

O uso de solução-tampão na determinação da necessidade de calagem foi


inicialmente proposto por Woodruff (1947, 1948), que utilizou mistura de acetato de Ca,
p-nitrofenol e óxido de Mg para fazer uma solução-tampão pH 7,0 e obteve relação linear
entre o poder-tampão do solo e o pH da solução-tampão.
A fim de fornecer um método simples de cálculo da necessidade de calagem,
Shoemaker et al. (1961) propuseram o uso de solução-tampão que combinava diferentes
substâncias com diferentes valores de pH de equilíbrio, permitindo, assim, relação linear
quando se realiza a titulação ácida. Por ser proposta por Shoemaker, McLean e Pratt,
esta solução tamponada a pH 7,5 foi denominada solução-tampão SMP. Este método foi
preconizado para determinar a necessidade de calagem com base no decréscimo do pH
da solução SMP. O pH SMP ou índice SMP, denominação dada ao pH de equilíbrio do
solo mais solução SMP, é associado com a necessidade de calagem obtida por curva de
incubação ou titulação. Isto reduz os possíveis problemas na obtenção da acidez potencial
não-trocável, visto que os dados estão relacionados diretamente com o pH desejado. O
método do pH SMP também tem sido utilizado na determinação indireta do poder-tampão
a pH 7,0, visto que foi obtida uma excelente correlação positiva entre essas variáveis
(Quaggio, 1986). A vantagem do pH SMP está na facilidade de sua determinação em
comparação à determinação dos teores de H + Al3+ pelo acetato de Ca pH 7,0, o qual exige
extração e titulação.

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XVII - Química dos Solos Ácidos 357

RELAÇÃO ENTRE INTEMPERISMO, MINERALOGIA E


ACIDEZ DO SOLO

Existe equilíbrio químico entre os diferentes componentes da acidez e de cátions


básicos. Uma das relações mais estudadas é entre acidez ativa (pH) e acidez trocável
(Al3+ - KCl 1 mol L -1) ou saturação por Al3+ . Como foi mostrado anteriormente, o Al3+
representa o somatório do Al mais H trocáveis. O Al3+, em geral, tem relação inversa com
o pH, sendo ajustáveis equações não-lineares, como equação logarítmica dentre outras
(Pionke & Corey, 1967; Fox, 1982; Lima, 1986; Figueiredo & Almeida, 1991), havendo a
completa hidrólise do Al3+ quando o pH atinge valores próximos a 4,8 em CaCl2 0,01 mol
L -1 ou 5,4 em água (Figura 27). As demais formas de Al extraídas por métodos mais fortes
que KCl 1 mol L-1, como a extração com CuCl2 1 mol L-1, não seguem a mesma relação. Os
teores de Al3+ em solução também reduzem com a elevação do pH (Curtin & Smillie, 1983;
Hue & Amien, 1989).

Figura 27. Relação entre Al3+ trocável e o pH em água (1:1) em cinco solos da Depressão Central do
Rio Grande do Sul.
Fonte: Elaborada a partir dos resultados de Lima (1993).

A hidrólise do Al resulta na formação de compostos de baixa estabilidade. Os


compostos mais prováveis são monômeros e polímeros de forma hexagonal. A
cristalinidade dos compostos de Al formados pode aumentar com o tempo, o que reduz a
solubilidade.
O grande acréscimo de Al3+ trocável em CaCl2 0,01 mol L -1 próximo a pH 4,0 mostra
o efeito da dissolução de minerais silicatados como forma de tamponamento da redução
do pH (as reações de hidrólise desses minerais consomem H+ da solução do solo - veja
capítulo V) e podem ser umas das razões da baixa ocorrência de pH inferior a 4,0 na
maioria dos solos ácidos. Evans & Kamprath (1970) e Pavan (1983) observaram rápido
aumento do Al3+ da solução quando o valor de m atingiu 60 a 70 % e indicaram que,

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358 ANTÔNIO C ARLOS VARGAS MOTTA & VANDER DE FREITAS MELO

comparativamente ao solo mineral, foram observados menores teores de Al em solução


para solos orgânicos. Valores de m maiores que 60 % foram obtidos em pH em CaCl2 0,01
mol L -1 próximo a 4,2.
A quantidade de cátions básicos em relação ao total de cargas do solo representa,
em termos percentuais, a saturação por bases (V). Ou seja, a partir da CTC do solo, obtida
ou calculada para determinado pH, estabelece-se a percentagem de suas cargas ocupadas
pelas bases (soma de bases trocáveis (SB) = Ca2+ + Mg2+ + K + + Na+ ): V = [SB/(CTC a um
determinado pH)] x 100. A saturação por bases, em geral, é obtida em relação à CTC a pH
7,0 ou 8,2 e tem sido relacionada com a acidez ativa (pH do solo). A relação estreita entre
V estabelecida a CTC pH 7,0 e 8,2, é reflexo da alta correlação entre os valores de CTC
obtidos para esses valores de pH (Castro et al., 1972) (Figura 28). Utilizando o conjunto
de dados, esses autores verificaram que estas relações são mais estreitas e lineares para
o horizonte A do que para o horizonte B.

Figura 28. Relação entre CTC obtida em pH 7,0 e 8,2 e seus respectivos valores de V para os horizontes
A e B de solos do Brasil.
Fonte: Elaboradas a partir dos resultados de Castro et al. (1972).

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XVII - Química dos Solos Ácidos 359

A relação da saturação por bases com o pH foi inicialmente estudada para minerais
puros e sintéticos (Mehlich, 1941, 1942b). O autor relacionou o pH em água (1:1) com V
(relativo à CTC pH 8,2) e constatou grande diferença em função da mineralogia e da
presença de componentes orgânicos (Figura 29). A relação apresenta-se de forma linear
para caulinita e haloisita, indicando existir uma combinação de radicais com diferentes
níveis de acidez e potencial de dissociação (grupos aluminol e silanol), determinando
tamponamento constante de H não-trocável nesses minerais na faixa de pH estudada
(Figura 29a). De certa maneira, isto significa que o mineral de argila simula a solução-
tampão SMP elaborada por Shoemaker et al. (1961). Outros minerais têm comportamento
não-linear, com curvaturas convexas, como as argilas 2:1 (beidelita, montmorilonita e
ilita) e os ácidos húmicos. Neste caso, verifica-se forte efeito tamponante da saturação
por bases para os baixos valores de pH, diminuindo gradativamente até atingir valores
acima de 75 %. Graças à maior acidez potencial trocável dos minerais 2:1 (Quadro 1) em
condições mais ácidas, o aumento do pH não resulta em grandes incrementos da saturação
por bases. Também, nesses minerais, existe predomínio de grupos ácidos que dissociam
em baixos valores de pH (silanol - grupos ácidos mais fortes). No sentido oposto, algumas
argilas podem ter relação côncava, com maior tamponamento da saturação por bases
para maiores valores de pH.
Para ilustrar esse comportamento diferenciado em função da acidez dos grupos de
superfície, pode-se usar uma suspensão de óxidos de Fe (grupo -FeOH, que apresenta
baixa acidez) em água. Ajustando o pH em água para 6,0, por exemplo, elimina-se a
acidez potencial trocável (H + Al3+ ); as bases (valor SB) irão ocupar 100 % das cargas
negativas do mineral nesse pH, mas a saturação por bases (V para pH 7,0) será distante
de 100 %, pois ainda restará parte da acidez potencial não-trocável (H ligado
covalentemente aos grupos ferrol de superfície), bloqueando parte das cargas negativas
dependentes de pH. Nessa situação, pode-se ter:
SB = 30 mmolc kg-1;
Al3+ = 0 mmolc kg-1;
CTC pH 7,0 = 60 mmolc kg-1;
V = [SB / (SB + Al3+ + H)] x 100;
V = (30 / 60) x 100 = 50 %.

Ou seja, com a elevação do pH para 7,0 haveria desprotonação de grupos -FeOH,


liberação de H e formação de mais 30 mmolc kg-1 de cargas negativas. Contudo,
considerando o forte efeito tamponante do grupo -FeOH (PCZ entre 8 e 9) para valores de
pH mais elevados (verificar a curvatura côncava do gráfico de pH versus V para Latossolos
oxídicos (LBw1 e LVdf) na Figura 30), ter-se-ia maior dificuldade de se atingir V = 100 %
nesses sistemas oxídicos.
Ao trabalhar com a mistura de diferentes minerais ou compostos orgânicos, Mehlich
(1941) indicou que os componentes com maior área superficial específica ou CTC têm
ação predominante nas curvas de V versus pH sobre os demais colóides. Isto é, a mistura
em igual proporção de argila 1:1 com 2:1, a curva obtida aproxima-se mais da obtida com
argila 2:1. Já os compostos orgânicos predominam sobre as argilas 2:1.

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360 ANTÔNIO C ARLOS VARGAS MOTTA & VANDER DE FREITAS MELO

Figura 29. Relação entre saturação por bases (V%) e pH em água para diferentes componentes do
solo (a) e para diferentes horizontes de solos, com variada mineralogia da argila (b): Solo 2 -
predomínio de haloisita; Solo 3 - predomínio de montmorilonita/ilita.
Fonte: Modificada de Mehlich (1941).

Em decorrência da natureza das cargas de superfície (permanentes ou dependentes


de pH) e da acidez dos grupos funcionais, para um mesmo pH, maiores valores de V são
obtidos para minerais 2:1 comparativamente aos 1:1. Isso indica menor poder de
dissociação dos componentes da acidez do mineral 1:1, isto é, agem como ácidos mais
fracos que nos 2:1. Existe na argila 1:1, proporcionalmente, mais grupos -AlOH que na

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XVII - Química dos Solos Ácidos 361

2:1, e o inverso para os grupos -SiOH, sendo os grupos -AlOH de menor acidez. Ainda,
existe nas argilas 2:1 a predominância de cargas estruturais ou permanentes, que podem
reter grande quantidade de Al3+ , o qual hidrolisa completamente até pH 5,4 em H2O. A
diferença na curvatura entre os diferentes tipos de argila determina que os maiores
contrastes entre as relações pH e V ocorre em pH intermediário (5,5 - 7,0), uma vez que as
curvas tendem a se agrupar nos extremos dos valores de pH (Figuras 29 e 30).

Figura 30. Figura 7. Relação entre saturação por bases (V) e pH medido em CaCl2 0,01 mol L-1 de
amostras dos horizontes B de um Latossolo Bruno ácrico húmico (LBw-1), um Latossolo Bruno
distrófico húmico (LBw-2), um Latossolo Vermelho distroférrico húmico (LVdf) e um
Cambissolo Húmico distrófico típico (CHd) e de amostra do horizonte C de um Cambissolo
Háplico alumínico típico (CXa), onde foram aplicadas doses de CaO para V calculada de 25, 45,
60, 70, 100, 125 e 150 %. Áreas 01 e 02: regiões de convergência das curvas.
Fonte: Silva et al. (2008).

Além de trabalhar com compostos orgânicos e inorgânicos isoladamente, Mehlich


(1941) utilizou amostra de horizontes de solo com variados graus de intemperismo,
verificando também grande variação entre eles (Figura 29b). Silva et al. (2008),
trabalhando com o horizonte B de alguns solos paranaenses, também relacionaram pH
(CaCl2 0,01 mol L -1) e V (CTC pH 7,0) e constataram comportamento similar ao observado
por Mehlich (1941, 1942b). Entretanto, a inclusão de solos com elevado grau de
intemperismo, com predomínio de óxidos de Al e de Fe (LBw1 e LVdf), indicou valores
ainda menores de V para um mesmo valor de pH para os solos ácricos (Figura 30).
A inclusão de hidróxido de Al e Fe na entrecamada da montmorilonita propicia
aumento do tamponamento em pH próximo à neutralidade (Coleman & Thomas, 1964),
confirmando efeito dos grupos ferrol e aluminol em pH elevado.

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362 ANTÔNIO C ARLOS VARGAS MOTTA & VANDER DE FREITAS MELO

O menor valor de V em relação ao pH para solos com elevado grau de intemperismo,


isto é, com elevado teor de óxidos, também foi relatado por Bennema & Vettori (1960) e
Pratt & Alvahydo (1966). Utilizando solos de São Paulo, Pratt & Alvahydo (1966)
observaram relação não-linear entre pH e V para o horizonte A (Figura 31a) e
confirmaram a dificuldade no estabelecimento da relação com a inclusão de horizontes
subsuperficiais, com variações em mais de duas unidades no valor do pH, para amostras
com mesmo V (Figura 31b). Castro et al. (1972) determinaram o pH em água e V de
horizontes A, B e C de solos de diferentes regiões do Brasil (total de 158 amostras) e
observaram relação exponencial dessas variáveis para as amostras dos horizontes A e
B(Figura 31 c e d, respectivamente). Já para o horizonte B dos Latossolos não houve
correlação, em virtude da diversidade mineralógica das amostras e da baixa influência
da matéria orgânica.

Figura 31. Relação não-linear entre pH em água e V em relação ao pH 7,0 para os horizonte A e B de
diferentes classes de solos. As duas amostras de solos em destaque na figura (b) apresentam o
mesmo V mas valores de pH diferentes em 2,2 unidades.
Fonte: Modificadas de Pratt & Algahydo (1966) (a, b) e elaboradas a partir dos resultados de Castro et al. (1972) (c,d).

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XVII - Química dos Solos Ácidos 363

Por outro lado, Catani & Gallo (1955) e Quaggio (1986) obtiveram regressões lineares
entre pH e V para o horizonte A de grupo variado de solos do Estado de São Paulo. A
relação linear pode estar relacionada com a formação de cargas predominantemente na
matéria orgânica, que apresenta maior homogeneidade de grupos funcionais: cargas
principalmente de grupos carboxílicos. Para um mesmo pH, Silva et al. (2008) verificaram
a seguinte seqüência nos valores de V, variável com a mineralogia da fração argila: solos
com predomínio de óxidos de Fe e Al < solos com predomínio de caulinita < solos
cauliníticos com presença de minerais 2:1. Principalmente para os Latossolos ácricos
(∆pH positivo) e com horizonte superficial com baixo teor de matéria orgânica, os autores
recomendaram cautela na recomendação de calagem pelo método da saturação por bases,
de forma a evitar elevação exagerada no pH.
Ao relacionar a acidez com o intemperismo, verifica-se, sob visão geral, que os
solos formados sob clima tropical úmido são mais ácidos do que solos da região
temperada, como conseqüência da atuação mais intensa dos processos de intemperismo.
Contudo, uma avaliação mais pontual, na qual se correlaciona poder-tampão do solo e o
grau de intemperismo, não é conclusiva. Prova disto é que maiores valores de acidez
potencial trocável (H+ + Al3+ ) ocorrem em solos com argila do tipo 2:1, ambientes
fortemente ácidos, como é caso dos Cambissolos alumínicos da Bacia Sedimentar de
Curitiba (antigos Rubrozéns) (Quadro 1).
Após a transformação de argilas silicatadas 2:1 em 1:1, ocorre grande decréscimo
nos teores de Al3+ e H+ trocáveis e, conseqüentemente, no poder-tampão da acidez ativa
dos solos. Vale enfatizar a expressiva diferença nos valores de CTC efetiva e pH 7,0 dos
minerais 1:1, decorrência da natureza variável das cargas (Quadro 2). Tal diferença é
ainda maior quando se trata de sistema oxídico (Quadro 3).
Em geral, são comuns os baixos teores ou mesmo a ausência de Al3+ (acidez trocável)
no horizonte B de solos de altíssimo grau de intemperismo (Fox, 1982; Gualberto et al.,
1987; Silva, 2006) (Quadro 3). Para que isso ocorra, o pH em água deve ficar em torno de
5,0, o que determina o predomínio de cargas positivas nos óxidos. O aumento do pH nos
solos altamente intemperizados não tem ainda uma explicação lógica e, assim, tem sido
pouco explorado. Na passagem de argila do tipo 1:1 para gibbsita ocorre o processo de
dessilicação, na forma de ácido silícico (H4SiO4), que é um ácido fraco (pKa1 = 9,71 -
equivalente ao pH da primeira dissociação), provavelmente, leva grande quantidade de
H+ para fora do sistema solo (Conyers, 1990). Bennema &Vettori (1960) e Sumner & Noble
(2003) observaram relação inversa entre pH e grau de intemperismo dos solos, estimado
pelo índice Kr (Figura 32a). Observa-se que nos solos muito intemperizados, com valores
de Kr inferiores a 0,5, os valores de pH são os mais elevados e os valores de pH em H2O
são inferiores aos pH em KCl.
Com os baixos teores de Al3+ nos solos altamente intemperizados, os baixos teores de
bases, principalmente o Ca, tornam-se a principal limitação ao crescimento das raízes em
profundidade, como já destacado anteriormente, além da baixa CTC efetiva e CTC pH 7,0.
Decréscimos na acidez potencial trocável (KCl 1 mol L -1) e não-trocável (acetato de
Ca 0,5 mol L-1) e na soma de bases pela redução dos índices Ki e Kr foram constatados por
Ramos (1981), que trabalhou com diversos Latossolos das regiões nordeste, subtropical,
amazônica, sudeste e central (amostras com predomínio tanto de CTC como de CTA)

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364 ANTÔNIO C ARLOS VARGAS MOTTA & VANDER DE FREITAS MELO

(Figura 32b). Observa-se que nos solos com predomínio de carga positiva (∆ pH positivo)
praticamente há ausência de Al3+ . Gualberto et al. (1987) trabalharam com horizontes B
de sete solos argilosos do planalto central e do Pará, com Ki entre 0,52 e 1,02, e não
observaram Al3+ trocável, para pH em água entre 4,7 e 5,9. Fox (1982) trabalhou com
solos de Porto Rico, com diferentes graus de intemperismo, e constatou relação inversa
entre teores de Al3+ trocável e grau de intemperismo, visto que os Ultissolos apresentavam
maior teor Al trocável que os Oxissolos, indicando maior grau de estabilidade e menor
tamponamento de Al pela gibbsita em relação aos minerais aluminossilicatados.
O aumento do Al livre (extrações seqüenciais com ditionito-citrato-bicarbonato) com
o intemperismo não se traduz em aumento de Al na forma trocável (KCl 1 mol L-1) (Pedrotti
et al., 2003) (Figura 33).

Figura 32. Variações em atributos químicos com o grau de intemperismo dos solos: a) relação entre
pH em água e em KCl e índice Kr; b) perfil de valores médios de Ki, Kr, S e Al em Latossolos das
regiões Nordeste (38 observações), subtropical (21 observações), Amazônica (38 observações),
Sudeste (21 observações), Central [49 observações, sendo 25 amostras de Latossolos com delta
pH negativo (central -) e 24 amostras com delta pH positivo (central +)]. Os valores de Ki e Kr
são adimensionais e os valores de SB e teores de Al foram expressos em cmolc kg-1.
Fonte: Adaptada de Bennema & Vettori (1960) (a) e elaborada a partir dos resultados de Ramos (1981).

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XVII - Química dos Solos Ácidos 365

Figura 33. Ausência de relação entre Al livre (extrações sucessivas com ditionito-citrato-bicarbonato)
e Al3+ trocável nos horizontes A e B de diferentes classes de solos (Cambissolos, Argissolos,
Nitossolos e Latossolos) da Zona da Mata Mineira.
Fonte: Elaborada a partir dos resultados de Pedrotti et al. (2003).

O intemperismo provoca modificações na mineralogia e estabilidade dos compostos


de Al. Fox et al. (1991) indicaram que, com base no teor de Al3+ trocável, em extrato de
saturação em pH 5,0, foi possível observar concentrações de Al de 0,05; 0,12 e 0,62 mg L-1
para amostra de gibbsita, caulinita e haloisita, respectivamente. No Cerrado, onde se
concentram grandes áreas de solos de elevado grau de intemperismo, encontram-se, em
geral, baixos teores de Al3+, comportamento demonstrado por Lopes & Cox (1977), que, ao
avaliar 518 amostras dessa região, obtiveram teor médio de Al3+ de 5,6 mmolc dm-3, o que
pode ser considerado baixo, quando comparado aos teores observados no sul do Brasil.
A evolução da acidez dos horizontes subsuperficiais no perfil com o intemperismo
do solo foi inicialmente apresentada por Bohn et al. (1979). Com algumas adaptações
para solos tropicais e subtropicais, podem-se estabelecer as seguintes relações (Quadro
9): i) ambientes jovens com ocorrência de minerais 2:1 dioctaedrais - o intemperismo
incipiente ainda não foi suficiente para liberar Al das lâminas octaedrais, e a totalidade
das cargas negativas dos minerais é ocupada por bases (V = 100 %). Exemplos são os
Chenossolos e os Vertissolos; ii) intemperismo moderado - a dissolução parcial dos
minerais 2:1 no horizonte B promove liberação de Al e acidifica o solo. A perda de bases
durante o intemperismo do solo também ajuda na redução do pH pelo aumento da
atividade do H+; iii) Intemperismo moderado/intenso - a intensificação do intemperismo
dos minerais 2:1 libera grande quantidade de Al no horizonte B. Exemplo, Cambissolos
alumínicos (antigo Rubrozém); iv) intemperismo intenso - a neoformação de caulinita a
partir do Al e Si liberados pelos minerais 2:1 reduz a acidez do horizonte B; v) intemperismo
muito intenso - a passagem para sistema oxídico estabiliza o Al na estrutura da gibbsita.
McLean et al. (1958) identificaram decréscimo nos teores de Al3+ (NH4OAc pH 4,8)
para duas faixas de pH, mediante a redução na CTC do mineral silicatado (Figura 34a).
Considerando a menor CTC dos óxidos de Fe e de Al, verifica-se que os solos oxídicos
apresentam menores teores de Al trocável que os solos cauliníticos (Quadros 2 e 3).
Maiores teores de Al3+ em solos com maiores teores de argila do tipo 2:1 também foram
observados por Pratt & Alvahydo (1966) e Pratt et al. (1969) no Estado de São Paulo.

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366 ANTÔNIO C ARLOS VARGAS MOTTA & VANDER DE FREITAS MELO

Quadro 9. Progresso esquemático da evolução da acidez com o intemperismo dos horizontes


subsuperficiais do solo

Intemperismo

Incipiente Moderado Moderado/Intenso Intenso Muito intenso

Horizonte B: Horizonte B: Horizonte B: Horizonte B: Horizonte B:


neutro a levemente fortemente neutro a levemente
levemente ácido ácido levemente ácido
alcalino ácido
Horizonte C: Horizonte C: Horizonte C: Horizonte C: Horizonte C:
neutro a neutro a ácido fortemente ácido levemente
levemente levemente ácido
alcalino alcalino

Fonte: Adaptado de Bohn et al. (1979).

Figura 34. Teores de Al3+ extraídos de minerais silicatados: a) extração com solução de NH4OAc 1
mol L-1 pH 4,8 em amostras previamente submetidas a duas condições de pH; b) extração com
solução de KCl 1 mol L-1 com pH ajustado em 7; 3 e 2. Na figura 35a, também são apresentados
os valores médios de CTC dos minerais (cmolc kg-1).
Fontes: Elaboradas a partir dos resultados de McLean et al. (1958) (a) e de Lin & Coleman (1960) (b).

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XVII - Química dos Solos Ácidos 367

Teores de Al3+ da ordem de 359 mmolc dm-3 (KCl 1 mol L-1) foram encontrados em
solos da Antártica, próximos à Estação Brasileira Comandante Ferraz (Quadro 10)
(Schaefer et al., 2004). Nesse caso, os minerais amorfos na fração argila de alguns solos
(Simas et al., 2006) devem manter esses altos teores de Al trocáveis, superando os solos
com argila 2:1 (Quadro 1).

Quadro 10. Características químicas de dois perfis de solos da Ilha Rei George, Antártica Marítima

Camada/ pH Al3+ CTC Al3+/H CO


Horizonte H2O efetiva pH 7,0

cm mmolc kg-1 g kg-1


Perfil K24
0 – 10 5,14 76 385 429 1,7 5,4
10 – 20 4,99 154 426 473 3,3 1,7
20 – 30 4,74 269 491 532 6,6 1,2
30 – 40 4,42 310 446 506 5,1 1,0
40 – 50 4,27 334 410 464 6,2 0,7
50 – 60 4,25 319 371 431 5,3 1,0
Perfil K25
0 – 10 4,46 359 417 485 5,3 3,8
10 – 20 4,74 69 183 230 1,5 3,1
20 – 30 4,79 42 166 207 1,0 2,8

Outro fator que deve ser considerado durante o processo de intemperismo é a


formação de minerais com PCZ cada vez mais alto (Quadro 11). Assim, as cargas
dependentes de pH nos óxidos de Fe e Al serão preferencialmente dissociadas em pH
acima do qual o Al3+ já estaria hidrolisado. A intensa formação de ilhas de hidróxi-Al
entrecamadas pode resultar no equilíbrio de cargas positivas e negativas em minerais
2:1 para valores baixos de pH (Saha et al., 2001).
Somado à redução da CTC e à geração de radicais ácidos cada vez mais fracos, outro
fator que contribui para manutenção de baixos teores de Al3+ em solos altamente
intemperizados é o alto grau de estabilidade dos minerais formados, como gibbsita. Altos
teores de Al amorfo (extração com OA) vêm sendo observados em solos ácidos de baixo grau
de intemperismo (Melo et al., 2001b). Contudo, Fontes & Weed (1996) indicaram que, mesmo
em solos muito intemperizados do Triângulo Mineiro, com baixa ocorrência de minerais
amorfos, o Al extraído com OA mostrou-se mais importante que o Al cristalino (gibbsita) na
determinação da capacidade máxima de adsorção de P, com coeficiente angular de 0,103 e
17,3, respectivamente. Então, mesmo em ambientes altamente intemperizados, não se pode
negligenciar o papel dos minerais amorfos na manutenção dos baixos teores de Al3+.
A importância do grau de cristalinidade dos compostos de Al foi demonstrada por
Amedee & Peech (1976b), em que oito extrações sucessivas de Al3+ com o KCl 1 mol L -1,
ajustado para diferentes valores de pH, não foram suficientes para extrair Al da gibbsita.
Já com o mesmo processo de extração, obtiveram-se teores superiores a 200 mmolc dm3 de
compostos amorfos recém-formados (Figura 35). Turner & Brydon (1967) indicaram

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368 ANTÔNIO C ARLOS VARGAS MOTTA & VANDER DE FREITAS MELO

também que NaCl 2 mol L -1 foi capaz de extrair quantidade significativa de Al3+ em
precipitados recentes, sugerindo, mais uma vez, a importância das formas pouco
cristalinas no equilíbrio do Al3+ trocável.

Quadro 11. Características químicas e físicas de minerais de argilas do solo

Goldberg Bolland McLaughlin Perrott


Mineral et al. (1996) et al. (1976) et al. (1981) et al. (1976)

PCZ ASE ASE CTC ASE OH(1)


m2 g-1 m2 g-1 mmolc kg-1 m2 g-1 mmolc kg-1
Hematita 10,9 18 140
Goethita 8,82 63,7 17 90
Goethita - 7,83 148,8
baixa
cristalinidade
Óxidos de Fe 7,23 222,7 280 5470
amorfos
Gibbsita 9,41 56,5 15 510
Óxidos de Al 9,30 209,9 292 21120
amorfos
Caulinita 2,93 9,3 11-28 15-36 18 120
(1)
liberado pela extração com NaF 0,85 mol L-1 por 25 min. PCZ = ponto de carga zero; ASE = área superficial específica;
CTC = capacidade de troca de cátions.

Figura 35. Teor acumulado de Al3+ extraído de material amorfo recém-precipitado [Al(OH)3] e de
gibbsita com solução de KCl 1 mol L-1 a diferentes valores de pH. Os valores da ordenada
devem ser multiplicados por 10 para a curva correspondente à extração com solução pH 3,0.
Fonte: Adaptada de Amedee & Peech (1976b).

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XVII - Química dos Solos Ácidos 369

Ao estabelecer o equilíbrio químico de diversos minerais, Lindsay (1979) indicou


que a gibbsita é cerca de 42 vezes menos ativa que o Al amorfo na manutenção deste
elemento em solução, e que minerais silicatados também são mais ativos que a gibbsita.
O autor concluiu que a gibbsita passa a ser o determinante das baixas concentrações de
Al em solução e adsorvido apenas em solos com altíssimo grau de intemperismo.
No quadro 12, tem-se a expectativa da participação dos componentes da fase sólida
do solo no tamponamento do Al3+ na solução e no complexo sortivo. Dentro de uma mesma
série e entre as séries, a maior distância ao Al3+ solúvel e adsorvido indica maior estabilidade
do componente e menor possibilidade de tamponamento do elemento. As diferenças de
estabilidade e de tamponamento entre as séries também foram abordadas no texto: por
exemplo, as ilhas de hidróxi-Al nas entrecamadas de minerais 2:1 com cargas na lâmina
são mais instáveis que seus congêneres com cargas nas lâminas tetraédricas (maior
distância do topo da tabela para o primeiro composto). A maior distância do local de
geração de cargas até à superfície interna (entrecamadas) nos minerais 2:1 HE com
substituição isomórfica de Al3+ por Mg2+ nas lâminas de octaedros resultam em menor
atração eletrostática das ilhas de hidróxi-Al carregadas positivamente nas entrecamadas.
Destacam-se as seguintes conclusões sobre as relações entre acidez, mineralogia da
fração argila e grau de intemperismo dos solos:
1) o poder tamponante dos solos diminui com elevação do grau de intemperismo,
fato hoje observado no campo, onde quantidades menores que 2 t ha-1 são requeridas em
solos muito intemperizados e ácidos, enquanto solos ácidos menos intemperizados
requerem doses que podem passar de 10 t ha-1. Esse maior poder tamponante dos solos
esmectitíticos é devido, principalmente, aos elevados valores de acidez potencial trocável
(H+ + Al3+ ), principalmente até os valores de pH de precipitação do Al3+ na forma de
hidróxido (pH em água ~5,5). Essa situação não pode ser generalizada, pois existem
solos jovens, onde o Al das camadas 2:1 das esmectitas ainda não foi liberado pelo
intemperismo, e os minerais apresentam grande quantidade de Ca2+ e Mg2+ adsorvidas,
como é o caso dos Vertissolos e Chernossolos (situação representada na primeira coluna
do Quadro 9). Como exemplo, tem-se o perfil 70 (Brunizém Avermelhado) do Levantamento
de Solos do Estado Paraná (Embrapa, 1984b), originado de basalto em relevo ondulado/
forte ondulado, onde os dados do horizonte A1 e B21t são, respectivamente: pH - 7,1; Al3+
- 0 mmolc kg-1; Ca2+ + Mg2+ - 276 mmolc kg-1 e 226 mmolc kg-1;
2) nos solos oxídicos, o baixo poder tamponante é associado aos menores teores de
Al trocável. O maior tamponamento desses solos verifica-se para valores de pH mais
próximos à neutralidade ou superiores a 7,0 (valores de PCZ dos radicais -AlOH e -
FeOH entre 7 - 8 e 8 - 9, respectivamente). A maior dificuldade em atingir elevados valores
de V (não em relação à quantidade de corretivo, mas a necessidade de atingir valores de
pH próximos a neutralidade) com a calagem nos solos oxídicos (Kr < 0,75) com baixo teor
de matéria orgânica, é devida à baixa acidez dos grupos responsáveis pela acidez potencial
não-trocável (H covalente) dos óxidos de Al e de Fe. Em alguns casos, as doses de corretivos
estimadas pelo método da elevação do V e aplicadas aos solos oxídicos não são suficientes
para elevar os teores de Ca2+ , por exemplo, a valores considerados médios, tendo de
utilizar o artifício do uso dos teores de Ca2+ ou Ca2+ + Mg2+ nos cálculos da necessidade
de calagem dos solos;

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Quadro 12. Esquema da provável influência dos componentes da fase sólida no tamponamento do Al na solução e no complexo sortivo do solo(1)
370

Q UÍ MI C A
E
M I N ERA LO G I A
ANTÔNIO C ARLOS VARGAS MOTTA & VANDER

DO
DE

S OL O
FREITAS MELO

(1)
MO - matéria orgânica; SI - substituição isomórfica de Fe por Al na estrutura dos óxidos de Fe. A maior distância ao Al solúvel e adsorvido indica maior estabilidade do
componente e menor possibilidade de tamponamento do elemento.
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XVII - Química dos Solos Ácidos 371

3) os solos cauliníticos (solos também muito intemperizados, mas com Kr ≥ 0,75)


apresentam comportamento intermediário: maior CTC, maior acidez potencial trocável,
necessidade de maiores doses de corretivos, maior facilidade de atingir valores
preestabelecidos de saturação por bases com a calagem (p. ex. V = 70%) que os solos
oxídicos. A maior facilidade de extração da acidez potencial não- trocável (H) e a elevação
do V acima de 70 % são atribuídas à maior acidez dos grupos silanol (-SiOH, PCZ ~ 2,0)
presentes em grande quantidade nas arestas dos minerais silicatados 1:1.

AGRADECIMENTOS

Aos Professores Jair Alves Dionísio e Beatriz Monte Serrat, do Departamento de


Solos e Engenharia Agrícola da UFPR, pelas sugestões e revisão do texto.

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