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SISTEMÁTICA PARA IMPLEMENTAÇÃO DE CAMPO

EXPERIMENTAL DE DOSES DE BIOCHAR

Alisson Marcos Fogaça

INTRODUÇÃO

O biochar é o produto sólido da pirólise da biomassa. Para a elucidação dos


efeitos do biochar no solo, é necessário controlar as fontes de variação dos atributos de
estudo do solo para poder tirar conclusões mais estritas ao objeto de estudo. Quanto ao
biochar, que é a fonte de variação à ser estudada, deve ser caracterizado a fim de ter
ciência do objeto de estudo e para compreender quais as causas da variação introduzida
ao solo.

IMPLEMENTAÇÃO DO EXPERIMENTO

No campo, existe alta variabilidade dos atributos do solo. Quanto maior a área
que se estuda, maior a variabilidade encontrada. Sendo assim, áreas muito grandes
dificultam o estudo de uma fonte de variação conhecida. Portanto, para implementar um
experimento que se busca um efeito fixo (aquele passível de se reproduzir), executar um
experimento preliminar irá auxiliar em ter controle planejado das fontes de variação.
Uma vez estudadas as fontes de variação que são passíveis de controle, busca-se
sistematizar o campo em unidades experimentais que receberão a aplicação dos
tratamentos. Estas unidades, também chamadas de parcelas, devem ter o tamanho e
forma que melhor controle a variação e que se adapte a natureza do tratamento.
O formato da parcela deve ser aquele que apresente o menor perímetro para a
redução do efeito bordadura. Por exemplo, uma parcela de 9 m2 será melhor disposta
quando tiver o formato 3 x 3 m, pois o perímetro será de 12 m. Caso esta parcela
possuísse o formato 4,5 x 2 m, o perímetro seria de 13 m. Logo, haveria maior
perímetro para influência externa.
O tamanho da parcela deve ser tal que reduza a variação acidental no campo,
minimize a variação natural do solo e possibilite o estudo devido a natureza dos
atributos e da fonte de variação. Quanto a amostragem, o tamanho da parcela deve ser
maior quando é necessário a obtenção de amostras destrutivas.

ENSAIOS DE UNIFORMIDADE

Para realização deste experimento preliminar, utiliza-se um tratamento uniforme


em todo o campo e divide-se o experimento em muitas pequenas parcelas da mesma
dimensão. Então, os dados são combinados gerando diferentes números de parcelas no
campo com diferentes dimensões. Para cada número de parcela realiza-se o coeficiente
de variação experimental. Para determinar o tamanho de parcela que maximiza a
precisão experimental, ou seja, minimiza o coeficiente de variação utiliza-se o método
da máxima curvatura.
Para a realização de tal método, basta plotar um gráfico de dispersão em que no
eixo X será disposto o número de parcelas e no eixo Y o coeficiente de variação.
Utiliza-se então uma regressão não linear do tipo exponencial (Y = aX-b) e encontra-se a
o ponto de máxima curvatura através da equação (Meier; Lessman, 1971):

1
a2 b 2 ( 2 b−1 )
X máximacurvatura=[ ( b−2 ) ] 2−2 b
(Eq. 1)

No caso do experimento com aplicação de doses de biochar, onde busca-se


encontrar a melhor dose em uma dispersão de 5 doses, consequentemente o número de
parcelas deve ser um múltiplo de 5. Então, se ao encontrar um valor de X máxima curvatura que
não seja múltiplo de 5, por exemplo 23, considerará o múltiplo mais próximo, no caso
25 parcelas, que totalizam 5 repetições (25 parcelas ÷ 5 tratamentos = 5 repetições).
Neste experimento também será considerado o grandiente de variação. Para este
estudo, será disposta a variância das parcelas (S2) em uma tabela e será calculada a
soma das variâncias no sentido vertical e horizontal. Esta tabela irá auxiliar a decidir a
melhor disposição dos blocos e o número de blocos de tratamentos necessários para
controlar a variação. Um exemplo desta metodologia está disposto na Tabela 1.
Ao fim do estudo, irá se realizar a o estudo da análise de variância. O objetivo
aqui é estudar o caso em que mais de uma disposição de blocos possa ser considerada e
mais de uma forma de parcela. Então, será escolhido número de parcelas e de blocos
que maximize a estatística F calculada utilizando as equações dispostas na Tabela 2.

Tabela 1 – Exemplo de disposição de 25 parcelas e análise do gradiente de variação


para a escolha da disposição dos blocos de tratamentos.

Parcela Parcela Parcela Parcela Parcela ΣS2


1 2 3 4 5 (1+2+3+4+5)

Parcela Parcela Parcela Parcela ΣS2


Parcela 10
6 7 8 9 (6+7+8+9+10)

ΣS2
Parcela 11 Parcela 12 Parcela 13 Parcela 14 Parcela 15 (11+12+13+14+1
5)

ΣS2
Parcela 16 Parcela 17 Parcela 18 Parcela 19 Parcela 20 (16+17+18+19+2
0)

ΣS2
Parcela 21 Parcela 22 Parcela 23 Parcela 24 Parcela 25 (21+22+23+24+2
5)

ΣS2 ΣS2 ΣS2 ΣS2 ΣS2


(1+6+11+16+2 (2+7+12+17+2 (3+8+13+18+2 (4+9+14+19+2 (5+10+15+20+2
1) 2) 3) 4) 5)

Tabela 2 – Quadro de análise de variância do experimento em design de blocos


casualizados com cinco doses de biochar.

Fonte de variação Graus de liberdade Soma de quadrados Quadrado médio F calculado

Tratamento t-1 SQ Tratamento QM tratamento QM tratamentos/


QM resíduo
Blocos r-1 SQ Blocos QM Blocos
Resíduo (t-1)x(r-1) SQ total – SQ QM resíduo
tratamentos – SQ
Blocos
Total txr–1 SQ total

REFERÊNCIAS

MEIER, V. D.; LESSMAN, R. J. Estimation of optimum field plot shape and size for testing yield in
Crambe abyssinica Hochst. Crop Science, v. 11, n. 5, p. 648-645, 1971.

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