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Insti tuto de Química, Universidade Estadual de Campinas, CP 6 154, 13084 -971, Ca mpinas (SP).
dandrade@iqm.unicamp.br
Conteúdo
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................................... 1
AGRADECIMENTOS ............................................................................................................................................................. 7 1
INTRODUÇÃO
A química é um ramo das ciências naturais que se relaciona fortemente com todos os
demais. Todas as nossas atividades e tudo o que nos rodeia envolvem transformações
químicas, de modo que o entendimento desses fenômenos é essencial para o
desenvolvimento humano, sob todos os aspectos. Obviamente, considerando a extensão
e amplitude dessa matéria, torna-se muito difícil discutir em profundidade tudo isso em
apenas um capítulo. Por exemplo, as ligações químicas, sob os seus vários pontos de
vista, são tema para um ou mais livros.
SBCS, Viç osa , 20 09. Quími ca e Mineral ogia do Solo, xxxxp. (eds. Vander de Freitas Mel o e Luís
Reynaldo Ferracciú Alleoni).
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para os símbolos das unidades e forneceu uma lista de nomes especiais de unidades. A
10a . CGPM, em 1954, decidiu adotar como base deste "sistema prático de unidades" as
unidades das grandezas de comprimento, massa, tempo, intensidade de corrente elétrica,
temperatura termodinâmica e intensidade luminosa. A 11a. CGPM, em 1960, por meio de
sua Resolução n. 12, adotou finalmente o nome SISTEMA INTERNACIONAL DE
UNIDADES (com abreviação SI) para o sistema prático de unidades e instituiu regras
para os prefixos, para as unidades derivadas e as unidades suplementares, além de
outras indicações, estabelecendo uma regulamentação para as unidades de medidas.
Até 1862, o Brasil utilizava as unidades e medidas de Portugal [ex: vara, braça
(extensão), quintal (massa), etc.], mas essas medidas nunca foram rigorosamente
cumpridas. Em 1862, o Sistema Métrico francês foi adotado em todo o Império (Lei Imperial
1157), mas somente em 1872 foi aprovado o Regulamento do Sistema adotado. Em 1875,
o Brasil fez-se representar na Conferência Internacional do Metro, mas como este Ato não
foi ratificado no Brasil, deixamos de manter ligações com esta Entidade a partir da
1ª CGPM (1889). Em outubro de 1921, o Brasil aderiu novamente à Convenção do Metro,
iniciando, em 1935, a elaboração de um projeto de regulamentação do seu sistema de
medidas. Com o advento do Estado Novo, foi somente a partir de 1938 que foram fixadas
as bases para a adoção definitiva do sistema de pesos e medidas, o que culminou, em
1953, com a adesão do Brasil à CGPM. Em 1960, o Brasil participou da 11a . CGPM, que
criou o Sistema Internacional de Unidades. Em conseqüência destes fatos, foi criado, em
1961, o Instituto Nacional de Pesos e Medidas (INPM), hoje designado como Instituto
Nacional de Metrologia, Normatização e Qualidade Industrial (INMETRO), ao qual cabe
a responsabilidade de manter atualizado o quadro geral de unidades e resolver as dúvidas
que possam surgir da sua aplicação ou interpretação.
No Brasil, a guarda dos padrões e a divulgação das unidades SI são de
responsabilidade do Laboratório Nacional de Metrologia (LNM), vinculado ao
INMETRO. O Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
(SINMETRO), criado pela Lei 5966, de 11 de dezembro de 1973, apresenta ampla
abrangência, incluindo a fiscalização compulsória. O Conselho Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial (CONMETRO) é o órgão normativo do SINMETRO,
sendo responsável pela formulação da política metrológica brasileira.
Base do SI
Por convenção, são sete as unidades de base (ou fundamentais) do Sistema
Internacional de Unidades, tidas como dimensionalmente independentes. O SI é
homogêneo, no qual todas as outras unidades são derivadas desse conjunto, que são
definidas a seguir e resumidas no quadro 1.
Metro (m). É o caminho percorrido pela luz no vácuo durante um intervalo de tempo
de 1/299.792.458 de um segundo [17a. CGPM (1983)].
Quilograma (kg). É igual à massa do protótipo internacional (Figura 1), feito com
uma liga platina - irídio, dentro dos padrões de exatidão e confiabilidade que a ciência
permite [1a . CGPM (1889); ratificada na 3a . CGPM (1901)].
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Comprimento metro m
Massa quilograma kg
Tempo segundo s
Corrente elétrica ampère A
Temperatura termodinâmica kelvin K
Quantidade de matéria mol mol
Intensidade luminosa candela cd
Fonte: SI (1991); Inczédy et al. (1997); INMETRO (2003).
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Ampère (A). É uma corrente constante que, se mantida em dois condutores retilíneos
e paralelos, de comprimento infinito e secção transversal desprezível, colocados a um
metro um do outro no vácuo, produziria entre estes dois condutores uma força igual a
2x10-7 newton, por metro de comprimento [9a . CGPM (1948)].
Kelvin (K). É a fração 1/273,16 da temperatura termodinâmica do ponto triplo da
água [13a . CGPM (1967)]. O intervalo de temperatura de um grau Celsius é exatamente
igual a um Kelvin. Assim, a temperatura Celsius (t) está relacionada com a temperatura
termodinâmica (T) pela equação: t = T- To, em que, por definição, To = 273,15 K.
Mol (mol). É a quantidade de matéria de um sistema que contém tantas entidades
elementares quantos forem os átomos contidos em 0,012 kg de 12C [14a. CGPM (1971)]. O
nome desta quantidade vem do francês "quantité de matière", derivado do latim "quantitas
materiae", que, antigamente, era usado para designar a quantidade agora denominada
"massa". Em inglês, usa-se o termo "amount of substance". Em português, consta no
Dicionário como "quantidade de substância", mas pode-se admitir o uso do termo
"quantidade de matéria", até uma definição mais precisa sobre o assunto. Quando se
utiliza o mol, as entidades elementares devem ser especificadas, podendo ser átomos,
moléculas, íons, elétrons ou outras partículas ou agrupamentos de tais partículas.
Candela (cd). É a intensidade luminosa, em determinada direção, de uma fonte
que emite radiaç ão monocromática de fr eqüência 540x10 1 2 hertz e que tem
intensidade radiante naquela direção de 1/683 watt por esterorradiano (ou
estereorradiano) [16 a . CGPM (1979)].
As unidades derivadas (Quadro 2) são obtidas por meio de combinações das
unidades de base, das unidades suplementares e de outras unidades derivadas, de acordo
com as relações algébricas que as relacionam entre si. O uso de unidades não pertencentes
ao SI (Quadro 3) deve ser restrito, a fim de preservar as vantagens de um sistema
homogêneo. Algumas dessas unidades exógenas são convenientes e, por isso, seu uso
tem sido aceito juntamente com as do SI. Algumas unidades úteis e muito usadas em
Ciência do Solo são mostradas no quadro 4.
Recomenda-se que a ordem de grandeza das unidades seja ajustada com o uso dos
prefixos aprovados pelo SI, de modo que o valor numérico associado à unidade situe-se
entre 0,1 e 1.000 (Quadro 5).
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z g de (Y)
Fator de conversão = M (Y) =
1 mol de (Y)
m (g)
= n (mol)
M (g mol - 1 )
6 ,0221367 x 10 23
Fator de conversão = N A =
1 mol de Y
6,0221367 x 10 23 átomos
Número de átomos de Mg = (0,500 mol de Mg ) x
1 mol de Mg
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As unidades SI para concentração [C] são mol m-3, quando a massa molar for
conhecida, e, kg m-3, se não o for. Múltiplos das unidades SI são, naturalmente, aceitos:
mol cm-3, mmol dm-3, mg kg-1, etc. As concentrações podem também ser expressas em mol L-1.
As concentrações medidas em mol (ex.: mol L-1) não devem ser denominadas por "molar",
pois este termo, associado ao nome de uma grandeza extensiva, indica esta grandeza
dividida pela quantidade de substância (ex.: massa molar). Assim, não se devem mais
utilizar expressões como "solução 1 M de KCl".
Da mesma forma, não se usa mais o termo "fração molar", o qual foi substituído por
fração em mol. A fração em mol de uma substância B é definida como a quantidade de
matéria de B, xB, expressa como uma fração de acordo com a quantidade de matéria total
da mistura, n, tal que:
nB nB
xB =
∑ n
=
n A + n B + n C + ......
em que, ∑n =1
Tomando como exemplo uma mistura com três componentes, composta por 0,1 mol
do componente A, 0,3 mol do componente B e 0,1 mol do componente C, as frações em mol
dos três componentes serão, respectivamente:
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TABELA PERIÓDICA
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denominou sua observação de Lei das Tríades. O inconveniente dessa classificação foi
que alguns elementos não podiam ser classificados em tríades, pois havia grupos de
quatro elementos com propriedades semelhantes.
Outras tentativas de ordenação dos elementos foram realizadas. Alexandre-Émile
Beguyer de Chancourtois (1820-1886) propôs a disposição dos elementos numa espiral
cilíndrica a 45o , na ordem crescente das suas massas atômicas, recebendo o nome de
"Parafuso Telúrico de Chancourtois". John Alexander Reina Newlands (1837-1898)
ordenava os elementos em ordem crescente das suas massas atômicas em colunas de sete
elementos, sendo o oitavo semelhante ao primeiro, o décimo quinto ao primeiro e ao
oitavo, etc.. Por analogia com a escala musical, sua classificação foi denominada Lei das
Oitavas. Essa classificação foi muito criticada e logo abandonada. Na verdade, é confusa
e funciona apenas para as oitavas do Li, Be, B e C, uma vez que, por exemplo, o Fe não se
encaixa na linha do O.
O passo fundamental para o desenvolvimento da Tabela Periódica, tal qual a
conhecemos atualmente, foi dado em 1869 pelo químico russo Dmitri Ivanovitch
Mendeleiev (1837-1907), após realizar um estudo completo da relação entre as massas
atômicas dos elementos e suas propriedades químicas e físicas. Nessa época, eram
conhecidos apenas 60 elementos e entre eles não estavam os gases nobres. A Lei Periódica
proposta por Mendeleiev, pela qual as propriedades físicas e químicas dos elementos
seriam funções periódicas das suas massas atômicas, também foi enunciada pelo químico
alemão Julius Lothar Meyer (1830-1895), que até construiu uma tabela semelhante à de
Mendeleiev, mas seu trabalho não ficou conhecido por ser mais impreciso. Outros detalhes
históricos relacionados com esse assunto podem ser encontrados no texto escrito por
Strathern (2002).
Mendeleiev construiu sua Tabela original com oito colunas e 12 linhas, ordenando
os elementos de acordo com suas massas atômicas crescentes e alocando os elementos
semelhantes em uma mesma coluna. Em 1871, revisou-a, mudando de posição 17
elementos, de modo que suas propriedades pudessem ser mais bem relacionadas com
as de outros. Dessa forma, Mendeleiev corrigiu massas atômicas e outras propriedades
elementares, tais como densidade, ponto de fusão e ponto de ebulição. Previu ainda
outras propriedades dos elementos já conhecidos e propriedades de elementos
químicos que ainda estavam por ser descobertos. Sua convicção era tal que deixava
lacunas na sua tabela para que fossem preenchidas posteriormente. Com a descoberta
dos gases nobres, em 1894, por Lord Rayleigh (nascido John William Strutt, 1842-
1919) e Sir John William Ramsay (1852-1916), uma nova coluna foi adicionada à
direta na Tabela.
A forma mais usada da atual Tabela Periódica (forma longa) é mostrada na figura 2.
Nesse formato, os elementos estão listados horizontalmente, de acordo com seus números
atômicos (definido como o número de prótons no núcleo de um átomo). As linhas
horizontais são chamadas de períodos, e esse arranjo dispõe na vertical os grupos ou
famílias.
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Q UÍ MI C A
E
M I N ERA LO G I A
DO
I - Conceitos Básicos de Química
S OL O
Figura 2. Forma atual da Tabela Periódica. Já foram descobertos elementos com números atômicos superiores ou iguais a 112, mas suas
propriedades ainda não foram totalmente autenticadas. Legenda de cores: (laranja: gases nobres; marrom: hidrogênio e não-metais;
verde: semi-metais; preto: metais; azul: lantanídeos; vermelho: actinídeos).
Fonte: Cortesia do site CkemKeys.
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magnéticos, que não podem existir dois elétrons em um átomo com todos os números
quânticos iguais. Além disso, quando existirem orbitais de mesma energia (orbitais
degenerados), elétrons isolados (desemparelhados) devem ser atribuídos inicialmente a
cada um desses orbitais (regra de Hund; Friedrich Hund, 1896-1997). Para descrever a
configuração de um átomo, usa-se o princípio de aufbau (palavra de origem alemã, que
significa "construção"), que indica em qual orbital o elétron deve ser atribuído (Torres,
2000). Para os interessados em detalhes, sugere-se a leitura dos livros de Química Geral,
citados ao final do capítulo. Utilizando estes princípios, mostra-se como devem ser
representadas as configurações eletrônicas fundamentais, do Hidrogênio ao Urânio
(Quadro 6).
Historicamente, a teoria de ligação de valência existe há cerca de 150 anos, enquanto
a mecânica quântica tem apenas 100 anos, de modo que a noção de ligação pode existir
sem a mecânica quântica. A vantagem é que com as teorias orbitais tem-se uma idéia
melhor sobre a natureza das ligações químicas.
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O raio iônico é outro fator quantitativo muito útil para se compreender as propriedades
químicas dos elementos e para se determinar a possível formação de compostos iônicos.
Considerando o aumento do número de camadas eletrônicas, o raio iônico aumenta de
cima para baixo dentro de um mesmo grupo de elementos e decresce da esquerda para a
direita dentro de um período. Observar que, dentro de um mesmo grupo e se comparados
aos seus átomos correspondentes, os íons negativos são maiores (o ganho de elétrons
aumenta a camada eletrônica e torna a atração nuclear menos efetiva), enquanto os positivos
são menores (a perda de elétrons reduz a camada eletrônica e torna a atração nuclear mais
efetiva). Os raios iônicos de espécies isoeletrônicas dependerão das suas cargas nucleares.
Quanto maiores forem as cargas dos cátions isoleletrônicos, menores os seus raios iônicos.
Por exemplo, para um mesmo número de camadas eletrônicas, tal como para os íons K+ e
Ca2+, a maior carga nuclear do Ca2+ induzirá uma atração mais efetiva da nuvem eletrônica,
com redução maior do seu raio iônico. Por outro lado, um comportamento inverso é
observado para os ânions. Assim, para dois ânions isoeletrônicos, tais como S2- e Cl-, a
maior densidade de elétrons no íon S2- induzirá uma atração menos efetiva da nuvem
eletrônica pela carga nuclear, levando a uma dispersão maior da nuvem eletrônica e ao
conseqüente aumento do raio iônico. Por isso a ordem de tamanhos para as espécies
isoeletrônicas K +, Ca2+ , S2-, Cl- e Ar é Ca2+ < K + < Ar < Cl- < S2-.
A energia de ionização, I, definida como a quantidade mínima de energia necessária
para ejetar um elétron de um átomo no estado gasoso para formar um íon gasoso
(monopositivo), também apresenta características periódicas. Neste caso, tem-se a
chamada Primeira Energia de Ionização (ou simplesmente Energia de Ionização).
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Z Símbolo Configuração I1
kJ mol-1
5 B [He] 2s2 2p1 801
2 2
6 C [He] 2s 2p 1.086
2 3
7 N [He] 2s 2p 1.402
2 4
8 O [He] 2s 2p 1.314
9 F [He] 2s2 2p5 1.681
2 6
10 Ne [He] 2s 2p 2.081
2 - Os elétrons mais externos (número quântico principal mais alto) são protegidos
pelos elétrons mais internos. Isto explica, por exemplo, por que as energias de ionização
dos metais alcalinos são menores e seguem a ordema seguir:
Z Símbolo Configuração I1
kJ mol-1
3 Li [He] 2s1 520
11 Na [Ne] 3s1 496
19 K [Ar] 4s1 419
37 Rb [Kr] 5s1 403
55 Cs [Xe] 6s1 376
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a) Grupo
Z Símbolo Configuração I1
kJ mol-1
2 He 1s2 2.372
2 6
10 Ne [He] 2s 2p 2.081
2 6
18 Ar [Ne] 3s 3p 1.521
10 2 6
36 Kr [Ar] 3d 4s 4p 1.351
10 2 6
54 Xe [Kr] 4d 5s 5p 1.170
14 10 2 6
86 Rn [Xe] 4f 5d 6s 6p 1.037
b) Período
Z Símbolo Configuração I1
KJ mol-1
11 Na [Ne] 3s1 496
12 Mg [Ne] 3s2 738
2 1
13 Al [Ne] 3s 3p 578
14 Si [Ne] 3s2 3p2 786
15 P [Ne] 3s2 3p3 1.012
16 S [Ne]3s2 3p4 1.000
2 5
17 Cl [Ne] 3s 3p 1.251
18 Ar [Ne] 3s2 3p6 1521
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Figura 4. Variação do raio atômico (para os elementos metálicos) e do raio covalente (para os
elementos não-metálicos) de acordo com o número atômico.
Figura 5. Relação entre a energia da primeira ionização e o número atômico dos elementos.
A afinidade eletrônica (AE), por outro lado, é a medida da energia liberada quando
um átomo no estado gasoso recebe um elétron. O processo está relacionado com a
possibilidade de um elétron "livre" (isto é, a uma distância "infinita" do átomo receptor) ser
capturado ou atraído por este átomo receptor, adquirindo uma configuração mais estável.
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Exemplo:
F(g) + e- → F-(g) AE = 328 kJ mol-1,
em que o íon fluoreto apresenta a configuração eletrônica do gás nobre Ne. Alguns
átomos, como os gases nobres, não têm qualquer tendência em receber elétrons, mas
elementos metálicos, como o Li, podem formar íons negativos no estado gasoso. A
afinidade eletrônica é um conceito bem definido termoquimicamente, enquanto a
eletronegatividade é uma idéia empírica, mais intuitiva e mais usada, porém sem
possibilidade de medida experimental. Ambos os conceitos traduzem igualmente a
habilidade de atração eletrônica, mas têm naturezas diferentes (Figuras 6 e 7).
Geralmente, as propriedades físicas dos elementos (como o ponto de fusão e o ponto
de ebulição) variam uniformemente de cima para baixo, dentro de um grupo da Tabela
Periódica, mas essa variação pode não ocorrer de modo regular e constante dentro de um
período. Por exemplo, no terceiro período, Na, Mg e Al apresentam boas condutibilidades
(térmica e elétrica), ao contrário dos não-metais P, S, Cl e Ar.
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As reações químicas podem ser definidas como processos em que uma ou mais
substâncias são convertidas em outras. Quando substâncias interagem, ocorre um
rearranjo de átomos que altera completamente as características das substâncias
envolvidas. Com isso, a observação de simples evidências, tais como: a liberação de
gases, a alteração de cor, a formação de precipitado, a liberação ou absorção de energia
na forma de calor, a liberação de eletricidade ou luz, etc., permite diferenciar os estados
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final e inicial de um sistema e pode indicar se uma reação química ocorreu. Contudo,
baseando apenas nas evidências listadas anteriormente, pode-se não ter certeza absoluta
da ocorrência de uma reação química. Uma maneira segura de obter informações acerca
da ocorrência ou não de uma reação é o isolamento dos materiais obtidos, seguido da
determinação de algumas de suas propriedades (por ex., ponto de fusão, ponto de
ebulição, densidade, etc.).
Geralmente, os componentes da reação (neste caso chamados de solutos) precisam
de um meio reacional (chamado solvente) para interagir. Como a maior parte das reações
químicas mais comuns, usadas em laboratório, ocorre em solução aquosa (os solutos
estão dissolvidos no solvente água), esses serão os únicos tipos de reação a serem
considerados neste texto.
As reações químicas são descritas por meio de equações e dispõem de linguagem
própria. As fórmulas dos reagentes são escritas à esquerda, e as dos produtos à direita,
conectadas por uma flecha que aponta dos reagentes (substâncias que se combinam na
reação) para os produtos (substâncias que se formam).
REAGENTES → PRODUTOS
Por exemplo, o Mg é um metal que reage vigorosamente com ácido clorídrico. Quando
um pequeno pedaço de Mg metálico é colocado dentro de um recipiente com HCl
conc entr ad o, hid rogênio gasoso é for mado r apid amente. Para r epresent ar
qualitativamente o fenômeno observado, utiliza-se uma equação química balanceada
(em massa e cargas), incluindo apenas os reagentes que sofreram as transformações
químicas e os produtos formados:
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H+ + OH- ↔ H2O
e não como
pois os íons Na+ e Cl- não participam da reação e permacem inalterados em solução. A
única reação que ocorre é entre os íons H+ e os íons OH-.
As reações químicas também podem ser vistas como processos em que ligações
químicas (dos compostos reagentes) são desfeitas e outras são formadas, de modo
que os novos arranjos de átomos resultantes (produtos) tenham energia menor do que
a dos arranjos atômicos originais. Como esse é um assunto bastante vasto e complexo,
pois vários são os conceitos e teorias envolvendo as ligações químicas, este capítulo
trata apenas de alguns pontos mais qualitativos e gerais, para permitir entendimento
mais fácil dos fenômenos envolvidos. Dentro desse contexto, pode-se observar que as
ligações iônicas resultam da atração entre as cargas opostas de cátions e ânions e são
particularmente apropriadas para descrever os sólidos cristalinos de elementos
metálicos (especialmente os metais dos grupos 1 e 2) com os não-metais. Por exemplo,
a atração entre os íons Na+ e Cl- resulta no composto iônico NaCl. Não existem ligações
puramente iônicas, mas o modelo iônico funciona bem para muitos compostos. Por
outro lado, ao contrário dos metais, os elementos não-metálicos não podem formar
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cátions monoatômicos, por causa das suas altas energias de ionização, mas podem-
se combinar formando outros tipos de compostos. Aliás, os elementos C, H, N e O
podem formar enorme variedade de substâncias (os compostos orgânicos) por meio
das chamadas ligações covalentes.
Gilbert Newton Lewis (1875-1946) propôs caminhos bem simples para explicar
ambos os tipos de ligações mencionadas anteriormente. Pela sua proposta, quando
uma ligação iônica é formada, um átomo perde e outro ganha elétrons, até atingirem a
configuração de um gás nobre (um dubleto para o He ou um octeto para os demais
elementos). Para as ligações covalentes, os átomos compartilhariam os elétrons, até
atingirem a configuração de um gás nobre. Com essa idéia, o conceito de ligação
covalente foi concebido mesmo antes de se conhecer a mecânica quântica ou os orbitais
eletrônicos.
A simbologia usada por Lewis representa os elétrons mais externos dos átomos por
pontos, comumente chamados de "elétrons de valência", tais como:
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O caráter das ligações iônicas e covalentes pode variar entre extremos (puramente
iônica ou puramente covalente), mas, na prática, todas as ligações iônicas têm algum
caráter covalente. Como o cátion "atrai" os elétrons do ânion, a nuvem eletrônica deste
fica distorcida, de modo que, quanto maior for essa distorção, maior o caráter covalente
da ligação iônica.
A geometria das moléculas, por outro lado, é estabelecida ou experimentalmente
ou por cálculos quânticos, confirmados experimentalmente. Os resultados desses
cálculos e experimentos, de modo geral, estão em acordo com a Teoria da Repulsão
do Par Eletrônico da Camada de Valência (do inglês, VSEPR, Valence-Shell Electron-
Pair Repulsion). Em outras palavras, essa teoria indica que os pares eletrônicos sempre
se repelem, estando compartilhados (como parte de uma ligação química - pares
ligados) ou não (pares isolados), assumindo orientações que minimizem as repulsões.
Alguns exemplos são mostrados no quadro 7 e na figura 8, a título de ilustração.
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aA + bB ↔ cC + dD
∆G o = − RT ln K e
tal que,
(C)c (D)d
Ke =
(A)a (B)b
(i) = γi x [i]
que se reduz a
(γ c ) c (γ d ) d
Ke = x Kc
(γ a )a (γ b )b
(1)
Parênteses ( ) indicam atividade e colchete [ ] indicam concentração analítica.
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carga e não seriam levados em conta fatores como as interações interiônicas. Quando
não se tem comportamento ideal (soluções mais concentradas), todas as interações físicas
e químicas possíveis em solução devem ser consideradas. Daí, podem decorrer desvios
negativos [(i) < [i]; (γi <1)] ou desvios positivos [(i) > [i]; (γi >1)].
O coeficiente de atividade pode ser calculado com o emprego da lei (limitante) de
Debye- Hückel (LLDH):
− log γ i = A (z i )2 I
proposta por Peter Debye (1884-1966) e Erich Armand Arthur Joseph Hückel (1896-1980),
em 1923, sendo γ i o coeficiente de atividade da espécie i (tomada como um íon simples),
A é uma constante que depende da temperatura e da densidade e permissividade elétrica
do solvente (para água a 25 o C, A = 0,512), z são as cargas do cátion (A) e do ânion (B) e
I é a força iônica da solução, definida como:
∑C z
1
I= i
2
i
2 i
Entretanto, a atividade de um único íon não pode ser determinada, pois não é
possível separar os coeficientes de atividade dos cátions e dos ânions (como preparar
uma solução contendo apenas íons Na+?). Pode-se apenas obter o seu produto. Assim,
define-se outro coeficiente, como a média geomérica dos coeficientes dos cátions e dos
ânions, o qual é chamado de coeficiente de atividade médio, γ ± . Este é um coeficiente que
pode ser avaliado tanto teórica quanto experimentalmente.
Para um eletrólito binário do tipo AmBn , cujos íons em solução, isoladamente, atuem
como cargas pontuais, pode-se escrever:
(γ ± )m + n = (γ A )m (γ B )n
− log γ i = A z i2 I
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sendo (zA) a carga do cátion e (zB) a carga do ânion em solução, tomados como valores
absolutos, e (m) e (n) são os coeficientes estequiométricos.
m (z A )2 + n (z B )2
Rearranjando a equação, tem-se: − log γ ± = 0, 512 I
m+n
− log γ ± = 0 ,512 (z A ) (z B ) I
Exemplos:
1. Determinar o coeficiente de atividade médio de uma solução 0,10 mol L -1 de HCl
I=
1
2 i
1
[
∑ C i z 2i = 2 C H (z H )2 + C Cl (z Cl )2 ]
I = 0,5 [(0,10)(1)2 + (0,10)(-1)2 ] = 0,10
− log γ ± = 0 ,162
2. Determinar o coeficiente de atividade médio de uma solução 0,10 mol L-1 de AlCl3
I=
1
2 i
1
[
∑ C i z 2i = 2 C Al (z Al )2 + C Cl (z Cl )2 ]
I = 0,5 [(0,10)(3)2 + (0,30)(-1)2 ] = 0,60
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− log γ ± = 1,189
γ ± = 0,0647
Esse valor (0,0647) é cinco vezes menor que o valor experimental (0,337). A figura 9
ilustra como variam os valores de γ± com a concentração de uma solução de HCl.
Figura 9. Valores do coeficiente de atividade médio (γ±), em função da concentração de HCl (CHCl).
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I
− log γ i = 0,512 (z i )2
1+ Ba I
50 ,3
B= = 0 ,328
DT
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Quadro 8. Coeficientes de atividade individuais para alguns íons simples em soluções aquosas
a 25 oC, baseados na equação de Debye-Hückel estendida
Tamanho
Íon Força Iônica, mol L-1
do íon(1), a
I=
1
2 i
1
[
∑ C i z 2i = 2 C Al (z Al )2 + C Cl (z Cl )2 ]
I = 0,5 [(0,10)(3)2 + (0,30)(-1)2 ] = 0,60
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I 0 ,60
− log γ Al = 0 ,512 (z Al ) 2 = 0 ,512 (3)2 = 1,086
1+ B a I 1 + 0 ,328 x 9 x 0,60
γ Al = 8,2 x 10 −2
I 0 ,60
− log γ Cl = 0 ,512 (z Cl )2 = 0,512 (1) 2 = 0 ,225
1+ Ba I 1 + 0 ,328 x 3 x 0 ,60
γ Cl = 0, 596
Quadro 9. Equações mais usadas para o cálculo do coeficiente de atividade e seus limites
I
Debye-Hückel estendida − log γ i = A(zi )2 I < 10-1 mol L-1
1 + Ba I
I < 10-1 mol L-1
I
Güntelberg − log γ i = A(z i ) 2
útil em soluções com
1+ I vários eletrólitos
I
Davies − log γ i = A( zi )2 − 0 ,3I I < 0,5 mol L-1
1+ I
Para fins práticos e quando cálculos menos exatos são aceitáveis, podem-se utilizar
as seguintes simplificações para o conceito de atividade:
i) para íons ou moléculas em soluções suficientemente diluídas, (i) ≅ [i]. Esta
simplificação é particularmente útil em estudos da química dos solos, porque a
solução do solo é bastante diluída, principalmente nos solos tropicais úmidos
bem drenados;
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ii) para o solvente em soluções suficientemente diluídas, (i) ≅ fsolvente ≅ 1, em que fsolvente
é a fração em mol do solvente. Por isso, em soluções aquosas diluídas, (H2O) ≅ 1;
iii) para sólidos ou líquidos puros em equilíbrio com a solução, (i) = 1;
iv) para gases, sob pressão suficientemente baixa, em equilíbrio com a solução,
(i) ≅ P P(gás), em que Pp é a pressão parcial do gás;
v) para mistura de líquidos puros, (i) ≅ flíquido.
H2 O + HA ↔ H3 O+ + A -
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HCl + H2O ↔
= H3O+ + Cl-
ácido 1 Base 2 ácido 2 base 1
CO32 - + NH4+ ↔
= HCO3- + NH3
base 1 ácido 2 ácido 1 base 2
H2O + H2O ↔
= H3O+ + OH-
ácido 1 Base 2 ácido 2 base 1
Outros solventes, além da água, são também considerados por esta teoria. Exemplo:
HClO4 + H3C-COOH ↔
= H3C-COOH2+ + ClO4-
ácido 1 base 2 ácido 2 base 1
C2H5OH + NH3 ↔
= NH4+ + C2H5O-
ácido 1 base 2 ácido 2 base 1
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Por outro lado, a força dos ácidos e bases de Lewis não é fixa, mas varia de acordo
com a natureza da substância associada. A influência dos substituintes pode ser de
caráter eletrônico (eletronegatividade do substituinte), como no exemplo a seguir:
Ahrland et al. (1958) propuseram que os íons metálicos poderiam ser classificados
como cátions metálicos do tipo (a), cátions metálicos do tipo (b) e cátions de metais de
transição. Segundo eles, os cátions metálicos do tipo (a) apresentariam configuração
eletrônica de gás inerte (d o), simetria esférica, baixa polarizabilidade (não se deformam
sob efeito de campos elétricos), coordenar-se-iam preferencialmente com íons F - e
com ligantes contendo O e N e seriam "esferas duras". Dentre essas espécies estariam:
(H +), Li +, Na +, K +, Be 2+, Mg 2+, Ca 2+, Sr 2+, Al 3+, Sc(III), La(III), Si(IV), Ti(IV), Zr(IV) e
Th(IV).
Os cátions metálicos do tipo (b) teriam configuração eletrônica correspondente ao
Nio , Pd o e Pt o [10 ou 12 elétrons na camada externa - configurações nd 10 e nd 10 (n+1)2 ],
t er iam menor eletr onegat ivid ad e, alt a polarizabilid ad e, c oor denar -se-iam
preferencialmente com bases (ligantes) contendo os elementos I, S ou N e seriam "esferas
moles". Dentre essas espécies estariam: Cu+, Ag+, Au+, Tl(I), Ga(I), Zn2+, Cd 2+, Hg2+ , Pb2+,
Sn(II), Tl(III), Au3+, In(III) e Bi(III). Os cátions de metais de transição apresentariam
configuração eletrônica ndq, em que 0<q<10, como as espécies V(II), Mn2+, Fe2+, Co2+, Ni2+,
Cu2+, Ti(III), V(III), Cr3+, Mn(III), Fe3+ e Co3+.
Baseado na classificação dos íons metálicos proposta por Ahrland et al (1958),
Pearson (1963) fez então um ordenamento empírico de ácidos e bases, útil na previsão
das estabilidades relativas de complexos, introduzindo o princípio dos "ácidos e bases
duros e moles", na tentativa de unificar a química das reações orgânicas e inorgânicas.
Segundo Pearson (1963), os metais do tipo (a) (ácidos - pequenos, compactos e pouco
polarizáveis) preferem os ligantes (bases) de mesmas características, enquanto os metais
do tipo (b) (ácidos) preferem ligantes (bases) que tendem a ser maiores e mais polarizáveis.
Assim, a relação empírica proposta por Pearson é aquela em que ácidos "duros" preferem
bases "duras", enquanto ácidos "moles" preferem bases "moles". Mais especificamente,
os ácidos "duros" seriam todos os cátions metálicos do tipo (a), mais Cr 3+, Mn(III), Co 3+ e
VO2+, que teriam preferência por bases contendo os átomos ligantes N>>P; O>>S e F>>Cl.
Os ácidos "moles" seriam todos os cátions metálicos do tipo (b), menos Zn2+ , Pb2+ e Bi(III),
que teriam preferência por bases contendo os átomos ligantes P>>N; S>>O e I>>F. Os
casos intermediários seriam todos os cátions bivalentes de metais de transição, mais
Zn2+, Pb2+ e Bi(III).
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Ni2+, Cu2+, Zn2+ e Pb2+(com tendência para "mole") e os ácidos "moles" Cu(I), Ag+, Cd 2+ e
Hg2+. Da mesma forma, seriam bases de Lewis as bases "duras" NH3, H2O, OH-, ROH,
CH3COO-, CO32-, NO3-, PO43-, SO42- e F-, as bases intermediárias C6H5NH2, C5H5N:, NO2-, Br- e
Cl- (com tendência para "mole") e as bases "moles" C2H4, C6H6, R3P, (RO)3P, RSH, S2O32, S2- e I-.
Apesar dessas teorias, o melhor conceito para se trabalhar na prática é o de
Brønsted e Lowry. Não é tão complicado de se entender e pode explicar os fenômenos
ácido-base mais comuns. Por essas razões, este será o conceito adotado na seqüência
deste texto.
Como a maioria das reações e processos químicos ocorrem em solução aquosa,
deve-se dar atenção especial ao solvente água. A água pura pode se representada
pela reação:
H2 O + H2 O ↔ H3 O+ + OH-
(H 3 O + )(OH − )
K H 2O = = (H 3 O + ) ( OH − ) = 1,00 x 10 − 14
(H 2 O )2
H2 O ↔ H+ + OH -
K H 2 O = ( H + ) ( OH − ) = 1 ,00 x 10 − 14
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H2 O + HA → H3 O+ + A -
ou, simplificadamente
H2 O ↔ H+ + OH-
HA → H+ + A-
(BM): CHA = C = [A -]
Notar que CHA (ou C) é a concentração analítica (quantidade de matéria do soluto (em
mol), originalmente adicionada a certo volume de solvente, dividida por esse volume) e
[A -] é a concentração da espécie A -, após o equilíbrio da solução ter sido atingido.
que é uma equação do segundo grau para a incógnita [H+]. Para concentrações analíticas
de ácidos (ou de bases) mais altas, por exemplo, entre 10-1 e 10-2 mol L -1,
[H+] ≅ C
e para concentrações mais baixas, como, por exemplo, entre 10-8 e 10-10 mol L -1,
K H2O
[H + ] ≅
[H + ]
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∑C z
1
pH = − log( [H + ]γ H ) e I=
2
i
2
i
i
I 0 ,1
− log γ H = 0 ,512 (z H )2 = 0 ,512 x (1)2 = 8,5 x 10 −2
1+ B a I 1 + 0 ,328 (9) 0,1
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H2 O ↔ H+ + OH -
HA ↔ H+ + A-
+ − [H + ][A − ]
Condições de equilíbrio: K H 20 = [H ][OH ] e K HA =
[HA]
− K HA [HA ]
são: [HA], [A-], [H+] e [OH-]. Fazendo [A ] = e substituindo [HA] obtida do
[H + ]
K HA C
BM, tem-se [A − ] = . Substituindo essa equação e a equação de equilíbrio da
[H + ] + K HA
água no BC, obtém-se:
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K H2O K HA C
[H + ] = +
+
[H ] [ H + ] + K HA
+
K H2 O
Assim, [ H ] ≅ ou [H + ] ≅ K H2 O (pH 7). Do mesmo modo que para os
[H + ]
ácidos fortes, o pH de soluções de ácidos fracos também tende a sete, com a diluição.
2. Para concentrações analíticas (C) mais altas tem-se a situação em que [OH-] << [A-]), [H+]
K H 2O + K HA C
também aumenta e a razão diminui. Então, [H ] ≅ [H + ] + K
+ (equação
[H ] HA
do segundo grau). Se C for muito alta, mesmo que K HA seja muito pequena, o
denominador ( [H + ] + K HA ) → [H + ] , tal que [H + ] ≅ K HA C .
3. Para ácidos com K HA muito pequena, tem-se que [A -] << [HA] (da equação de
equilíbrio do ácido) e que [H+] ≅ [OH–] (do BC; notar que a solução ainda é ácida).
K HA C
Isso nos leva ao caso 1, em que será pequeno se comparado com
[H + ] + K HA
K H2O
, tal que [H + ] ≅ K H 2 O (pH ≅ 7).
[H + ]
K H2 O
4. Quando K HA ~ 10-2 - 10-3 ou maior, a solução é muito ácida, tende a
[H + ]
+
diminuir e o denominador ( [H ] + K HA ) → K HA , se C for baixo comparado com
+ K HA C
K HA. Então, [H ] ≅ ≅ C , que é a aproximação dos ácidos fortes,
[H + ] + K HA
mais concentrados.
O mesmo raciocínio pode ser estendido aos ácidos polipróticos e às bases fortes
(como o NaOH) e fracas (como a amônia, NH3 ). No entanto, considerando as teorias
ácido-base, alguns sais apresentam caracteríticas alcalinas ou ácidas ao serem
dissolvidos em água, mesmo sem conter H ionizáveis ou radicais OH- em suas fórmulas.
O fato de a dissolução desses sais gerar uma solução ácida ou alcalina indica a ocorrência
de alguma interação com o solvente, além do processo usual de solvatação dos íons. Essa
interação é conhecida como hidrólise, que é um caso particular de solvólise (interação
com o solvente), e se resume em um problema ácido-base, como os já vistos.
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Os exemplos mais comuns são os sais de base forte com ácido fraco, como os
carbonatos de metais alcalinos (ex: Na2 CO3 ) e o acetato de Na, e os sais de ácido forte com
base fraca, como o NH4 Cl. No caso dos sais de base forte com ácido fraco, a interação do
ânion com os íons H3O+ oriundos do equilíbrio da água (autoprotólise) gera ácidos fracos
(associados) e produz soluções com características alcalinas. No caso do acetato de Na,
pode-se escrever:
Para sais de ácidos fortes com bases fracas, como o NH4Cl, a interação do cátion com
os íons OH - produz soluções ácidas:
[ H + ][A − ]
Pelas condições de equilíbrio: K H 2 0 = [H + ][OH − ] e K HA =
[HA ]
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K H2 O
[A − ]
+
Substituindo [H ] de KH2 O em K HA: K [ OH − ] K H 2 O [ A − ] . Seja então,
= =
[ OH − ][ HA ]
HA
[ HA ]
K H2 O [OH− ][HA]
Kh = =
K HA [A − ]
αx = [X]/C
i
∑αn = 1
n =o
seja obedecida.
Em um caso simples, como o da solução de ácido acético, e usando a notação Ac -
para representar mais simplificadamente o íon acetato (H3CCOO-), obtém-se:
H2 O ↔ H+ + OH -
HAc ↔ H+ + Ac -
+ − [H + ][Ac − ]
Equilíbrio: K H 2 O = [H ][OH ] e K HAc =
[HAc]
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[H + ][Ac − ] [H + ]
C = [Ac − ] + = [Ac − ]
1 +
K HAc K HAc
Figura 10. Distribuição das espécies em uma solução aquosa 0,1 mol L -1 de ácido acético.
Cálculos efetuados com planilha eletrônica, usando dados da literatura (α = grau de
dissociação).
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Figura 11. Distribuição das espécies em uma solução aquosa 0,1 mol L -1 de ácido fosfórico.
Cálculos efetuados com planilha eletrônica, usando dados da literatura (α = grau de
dissociação).
Figura 12. Distribuição das espécies em uma solução aquosa 0,1 mol L -1 de EDTA (H 4A). Cálculos
efetuados com planilha eletrônica, usando dados da literatura (α = grau de dissociação).
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Figura 13. Distribuição das espécies em uma solução aquosa 0,1 mol L -1 de carbonato de sódio.
Cálculos efetuados com planilha eletrônica, usando dados da literatura (α = grau de
dissociação).
Figura 14. Distribuição das espécies monoméricas de alumínio em uma solução aquosa
0,1 mol L -1 de Al 3+. Cálculos efetuados com planilha eletrônica, usando dados da literatura
(α = grau de dissociação).
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em que o íon comum é a espécie H+ (mais exatamente, H3 O+). Da mesma forma que
anteriormente, usando as condições de equilíbrio para esse sistema e os seus
Balanceamentos de Massa (BM) e de Carga (BC), chega-se à equação:
C NaA
K HA = [ H + ]
C HA
C NaA
pH = pK HA + log
C HA
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dC b dC a
β = =−
d pH d pH
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Um complexo apresenta-se geralmente como íons positivos ou negativos, mas também podem
existir como moléculas sem cargas. Assim, qualquer combinação de cátions com moléculas
ou ânions que contêm pares de elétrons livres (bases) é chamada de composto de coordenação
(complexo), podendo ser as interações eletrostáticas ou covalentes entre eles ou uma mistura
de ambas. As espécies químicas que rodeiam os cátions bem de perto, formando algum tipo
de ligação, são chamadas de ligantes, e o cátion metálico, de átomo central.
Os ligantes podem ser espécies químicas simples, como o NH3 , em que o átomo
responsável pela natureza básica (nucleófila) é chamado de átomo ligante (no caso, o N).
Se a base contiver mais de um átomo ligante, é então chamado de ligante multidentado,
ou quelante (ex.: EDTA, que é um ligante hexadentado). Se existir mais de um átomo
metálico (átomo central) em um complexo, têm-se então os complexos polinucleares
(também chamados de multinucleares). O chamado Número de Coordenação é uma
propriedade indicativa da estrutura (geometria) do complexo, que especifica o número
de átomos ligantes em um átomo central em particular.
Deve-se aqui estabelecer a diferença entre algumas espécies químicas, chamadas
pares iônicos, e os complexos propriamente ditos. Os complexos são entidades mais
estáveis, resultado de interações mais fortes (ligações) entre o íon metálico e um ou mais
ligantes doadores de elétrons, cujo conjunto é solvatado (moléculas do solvente interagindo
com a espécie coordenada, por meio de ligações mais fracas). Essas espécies são
conhecidas como complexos de esfera interna (inner sphere). Por outro lado, os pares
iônicos são espécies iônicas de cargas opostas que se aproximam entre si, por atração
predominantemente eletrostática, até uma distância limite dada pela soma dos seus raios
iônicos solvatados. São os chamados compostos de esfera externa (Figura 17) .
Figura 17. Formas de associação: exemplos pictóricos para ilustrar a formação de pares iônicos
e complexos (M = ion metálico; L = ligante).
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[ML ]
M + L ↔ ML K1 =
[M ][L ]
[ML 2 ]
ML + L ↔ ML 2 K2 =
[ML ][L ]
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[ML 3 ]
ML 2 + L ↔ ML 3 K3 =
[ML 2 ][L ]
[ML n ]
ML n-1 + L ↔ ML n Kn =
[ML n −1 ][L ]
[ML ]
M + L ↔ ML β 1 = ou [ML ] = β 1 [M ][L ]
[M ][L ]
[ML 2 ]
M + 2 L ↔ ML 2 β 2 = ou [ML 2 ] = β 2 [M][L ]2
[M ][L ]2
[ML 3 ]
M + 3L ↔ ML 3 β 3 = ou [ML 3 ] = β 3 [M ][L ]3
[M ][L ]3
[ML n ]
M + nL ↔ ML n β n = ou [ML n ] = β n [M ][L ]n
[M][L ]n
i
β i = K 1 . K 2 . K 3 ......K i = ∑kk
k =1
em que i = 1, 2, 3,....n e k = 1, 2, 3,.....i. Notar que, no caso de i=1, β = K 1 . Para fazer uso
conveniente da notação matemática, define-se β 0 = K 0 = 1, tal que se possa usar k = 0, 1,
2,......n. Dessa forma, o balanceamento de massa do metal pode ser escrito como:
n n
CM = ∑ [ML k ] = ∑ β k [M ][ L]k
k =0 k =0
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n n
C L = [L ] + ∑ k[ML k ] = [L] + ∑ kβ k [M ][L ]k
k =0 k =0
[ML i ] β i [M ][L ]i
αi = = n
CM
∑ β k [M][L]k
k =0
β i [ L ]i
αi = n
∑ β k [L ]k
k =0
n
com a condição de que ∑αi = 1
i =0
1 K 1 [L ]
α0 = e α1 =
1 + K 1 [L ] 1 + K 1 [L ]
1
α0 =
1 + K 1 [ L ] + K 1 K 2 [ L ]2
K 1[L ]
α1 =
1 + K 1 [ L ] + K 1 K 2 [ L ]2
K 1 K 2 [ L ]2
α2 =
1 + K 1 [ L ] + K 1 K 2 [ L ]2
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1
α 0 = α (Ag + ) =
1 + K 1 [NH 3 ] + K 1 K 2 [NH 3 ]2
K 1 [NH 3 ]
α 1 = α (AgNH 3+ ) =
1 + K 1 [NH 3 ] + K 1 K 2 [NH 3 ]2
K 1 K 2 [NH 3 ]2
α 2 = α (Ag(NH 3 )2+ ) =
1 + K 1 [NH 3 ] + K 1 K 2 [NH 3 ]2
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Figura 18. Distribuição das espécies amin-prata como variável da concentração de NH 3 (pNH 3
= -log[NH 3 ]), na faixa entre 1,0x10 -1 mol L -1 e 1,0x10 -6 mol L -1. Cálculos efetuados com
planilha eletrônica, usando dados da literatura (α = grau de dissociação).
C HA C NaA
[H + ] = K HA ou pH = pK HA + log
C NaA C HA
os íons metálicos também podem ser tamponados pela adição de ligantes à solução de
íons metálicos:
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[L ]
pM = pK D + log
[ML ]
Esses tampões de íons metálicos resistem à variação da [M] e são muito importantes
para o funcionamento das células vivas, que controlam não só [H+], mas também as
concentrações de outros íons importantes ao seu metabolismo, como as concentrações de
íons cobre (pCu), manganês (pMn), magnésio (pMg), etc.
Com esta noção básica sobre compostos de coordenação, pode-se compreender
por que os estudos sobre a formação de complexos em solução aquosa constituem
assunto muito importante para a química e várias áreas correlatas. Outros aspectos,
relativos à influência dos complexos em reações de precipitação, serão abordados no
próximo tópico.
M z Xy ↔ zM y+ + yXz-
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Assim sendo,
(M y + ) z ( X z − ) y
K so = ≅ [ M y + ]z [ X z − ]y ≅ Ks
(M z X y )
Enquanto o termo [My+]z [Xz-]y (também chamado de produto iônico, Pi) for menor
que o valor limite dado pelo produto solubilidade (Ks), o soluto permanecerá em
solução. Quando o Ks for atingido (Pi = Ks), tem-se uma solução saturada, na
temperatura especificada, e, quando Pi > Ks, ocorrerá precipitação do sólido MzXy, até
que o valor P = Ks seja novamente restabelecido. Entretanto, o formalismo matemático
para a obtenção dessa fórmula é limitado a alguns poucos sais iônicos (Quadro 13),
porque a maioria deles forma complexos em solução aquosa, é sensível à variação do
pH do meio ou tem solubilidade relativamente alta.
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Quadro 13. Produtos solubilidade (pKs) para sais que formam somente duas espécies iônicas
principais em soluções aquosas diluídas
Sais com íons de cargas iguais pKs Sais com íons de cargas diferentes pKs
[M y + ]z [X z− ]y ≅ Ks
[My+] = zS e [Xz-] = yS
Ks = (zS)z (yS)y
de modo que é possível calcular a Solubilidade do sal, sabendo-se Ks, z e y. Por exemplo,
para o cloreto de prata:
[Ag+] = S e [Cl-] = S,
e, portanto
S= Ks
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quanto menor Ks, menor é a solubilidade e, portanto, os sais com Ks menores precipitariam
primeiro. Entretanto, isso deve ser visto com cuidado. Por exemplo, se uma solução com
íons prata fosse adicionada, aos poucos e sob agitação, a uma mistura de íons cloreto e
cromato com a mesma concentração (ex.: C = 0,1 mol L -1), qual o sal que precipitaria
primeiro? Considerar para efeito de cálculos que Ks(AgCl) = 1,78 x 10 -1 0 e que
Ks(Ag2CrO 4 )= 1,90 x 10-12.
Desconsiderando os problemas de hidrólise que envolvem os íons cromato e
observando apenas a definição de solubilidade, tem-se que, pelos balanceamentos de
massa e as condições de equilíbrio,
e essa condição será atingida quando [Ag+] = 1,78 x 10-9 mol L-1. Por outro lado,
condição essa que será atingida quando [Ag+] = 4,36x 10-6 mol L -1.
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diminui se, a uma solução saturada desse sal, forem adicionados íons sulfato (ex.: sulfato
de sódio) ou íons bário (ex.: cloreto de bário).
Figura 20. Diagrama ilustrativo sobre a ação do íon comum em uma solução saturada de BaSO4.
Figura 21. Variação da solubilidade em uma solução saturada de sulfato de bário, pela adição de
sulfato de sódio. Cálculo efetuado com planilha eletrônica, considerando pKs -BaSO4 = 9,96
(Quadro 13 ), sendo desprezada a hidrólise dos íons sulfato.
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Figura 22. Efeito salino (adição de um sal inerte, KNO3 ) e do íon comum (K 2CrO 4) sobre a
solubilidade (S) do cromato de prata.
[ PbI + ]
Reações de complexação: Pb + I ↔ PbI
2+ - + K1 = = 1 ,0 x 10 2 = β 1
[ Pb 2 + ][ I − ]
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[PbI 2 (aq )]
Pb2+ + 2I- = PbI2 (aq) β2 = = 1, 4 x 10 3
[Pb 2+ ][I − ]2
[PbI −3 ]
2+ -
Pb + 3I = PbI3 - β3 = = 8 ,3 x 10 3
[Pb 2 + ][I − ]3
[PbI 24 − ]
Pb2+ + 4I- = PbI4 2- β4 = 2+ − 4
= 3,0 x 10 4
[Pb ][I ]
Figura 23. Solubilidade do iodeto de chumbo, considerando a concentração dos íons iodeto em
solução. Cálculos efetuados com planilha eletrônica, usando dados da literatura.
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em que íons "simples" estão envolvidos, o número de oxidação do Zn variou de (0) para
(II), enquanto o número de oxidação do íon Cu variou de (II) para (0). Na reação entre
dicromato e Fe em meio ácido, o número de oxidação do Cr variou de (VI) para (III), e o
número de oxidação do íon ferro variou de (II) para (III). Este é o caso em que ocorre
variação do número de oxidação de um átomo em um agrupamento iônico ( Cr2 O 72− ):
Cr2 O 27 − + 14 H + + 6 Fe 2 + ↔ 2 Cr 3 + + 6 Fe 3 + + 7 H 2 0
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Pode-se separar uma reação redox em dois componentes, os quais são denominados
semi-reações. As semi-reações, também conhecidas como reações de meia-cela ou
simplesmente meia-cela, são escritas e apresentadas sob a forma de semi-reações de
redução. Este é um modo muito conveniente de indicar-se claramente qual espécie ganha
elétrons e qual espécie perde elétrons. Para se escrever corretamente as semi-reações,
com vistas a descrever um processo químico termodinamicamente permitido, é necessário
conhecer a tendência das várias substâncias em ganhar ou em perder elétrons. Os reagentes
oxidantes possuem forte afinidade por elétrons e podem fazer com que outras substâncias
sejam oxidadas, retirando delas os elétrons de que necessitam para se reduzir. Por outro
lado, os agentes redutores facilmente cedem elétrons às espécies oxidantes, reduzindo-as.
As reações redox podem ocorrer pela transferência direta de elétrons do doador
(agente redutor) para o receptor (agente oxidante), pelo contato íntimo das duas espécies,
ou pela transferência dos elétrons por meio de um condutor metálico externo, sem que as
duas espécies reagentes entrem em contato. Por exemplo, ao ser mergulhada numa
solução com íons Hg2+, uma lâmina de cobre torna-se "prateada" pela deposição de
mercúrio metálico em sua superfície. A reação é indicada por:
em que íons Hg2+ (agentes oxidantes) migram até à placa metálica (agente redutor), sendo
reduzidos na sua superfície e depositados na forma metálica.
Para observar a transferência indireta de elétrons, deve-se construir um sistema
em que as semi-reações envolvidas no processo ocorram sem que as espécies reagentes
estejam em contato direto. Este sistema é chamado de Pilha ou Cela Galvânica e está
descrito esquematicamente na figura 24, para a reação Zn0 + Cu2+ ↔ Zn2+ + Cu0.
Figura 24. Esquema de uma cela galvânica envolvendo eletrodos de zinco e de cobre metálicos,
imersos em soluções separadas de Zn(NO3)2 e de Cu(NO3)2, de mesma concentração. O
mostrador indica a voltagem de 1,100 V. Para detalhamentos, ver texto.
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sendo o ânodo o eletrodo (representado por uma simples barra vertical) onde ocorre a
oxidação, enquanto o cátodo é o eletrodo onde ocorre a redução. A barra dupla representa
a ponte salina.
No ânodo, a placa de Zn se dissolve (formando íons Zn2+), e os elétrons liberados
são conduzidos pelo condutor externo até o cátodo, onde os íons Cu2+ são reduzidos e
depositados sobre a placa de Cu. Considerando as semi-reações desse processo redox,
pode-se escrever que:
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aA + bB + ne- ↔ cC + dD
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Semi-reação E0(V)
H2O2 + 2H+ + 2e- ↔ 2H2O 1,77
Ce4+ + e- ↔ Ce3+ (solução perclórica; 1 mol L-1) 1,70
MnO4- + 4H+ + 3e- ↔ MnO2 + 2H2O 1,695
Ce4+ + e- ↔ Ce3+ (solução nítrica; 1 mol L-1) 1,61
MnO4- + 8H+ + 5e- ↔ Mn2+ + 4H2O 1,51
Mn3+ + e- ↔ Mn2+ 1,51
Ce4+ + e- ↔ Ce3+ (solução sulfúrica; 1 mol L-1) 1,44
Cl2 + 2e- ↔ 2Cl- 1,3595
Cr2O72- + 14H+ + 6e- ↔ 2Cr3+ + 7H2O 1,33
Ce4+ + e- ↔ Ce3+ (solução clorídrica; 1 mol L-1) 1,28
MnO2 + 4H+ + 2e- ↔ Mn2+ + 2H2O 1,23
NO3- + 4H+ + 3e- ↔ NO + 2H2O 0,96
NO3- + 3H+ + 2e- ↔ HNO2 + H2O 0,94
2Hg2+ + 2e- ↔ Hg22+ 0,920
NO3- + 10H+ + 8e- ↔ NH4+ + 3H2O 0,87
Hg2+ + 2e- ↔ Hg0 0,854
NO3- + 2H+ + e- ↔ NO2 + H2O 0,80
Ag+ + e- ↔ Ag0 0,7991
Hg22+ + 2e- ↔ 2Hg0 0,789
Fe3+ + e- ↔ Fe2+ 0,771
O2 + 2H+ + 2e- ↔ H2O2 0,682
MnO4- + 2H2O + 3e- ↔ MnO2 + 4OH- 0,60
I3- + 2e- ↔ 3I- 0,5355
I2 + 2e- ↔ 2I- 0,535
Cu+ + e- ↔ Cu0 0,521
Cu2+ + 2e- ↔ Cu0 0,337
AgCl + e- ↔ Ag0 + Cl- 0,2222
S4O62- + 2e- ↔ 2S2O32- 0,08
2H+ + 2e- ↔ H2 0
Pb2+ + 2e- ↔ Pb0 -0,126
V3+ + e- ↔ V2+ -0,26
Co2+ + 2e- ↔ Co0 -0,277
Cd2+ + 2e- ↔ Cd0 -0,403
Cr3+ + e- ↔ Cr2+ -0,41
Fe2+ + 2e- ↔ Fe0 -0,440
Cr3+ + 3e- ↔ Cr0 -0,74
Zn2+ + 2e- ↔ Zn0 -0,763
Mn2+ + 2e- ↔ Mn0 -1,18
Al3+ + 3e- ↔ Al0 -1,66
Al(OH)4- + 3e- ↔ Al0 + 4OH- -2,35
Mg2+ + 2e- ↔ Mg0 -2,37
Na+ + e- ↔ Na0 -2,714
Ca2+ + 2e- ↔ Ca0 -2,87
Sr2+ + 2e- ↔ Sr0 -2,89
K+ + e- ↔ K0 -2,925
Li+ + e- ↔ Li0 -3,045
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RT (A ) a ( B ) b RT (C ) c (D )d
E = E0 + ln = E 0
− ln
nF ( C ) c ( D )d nF (A ) a ( B ) b
2 , 303 RT ( C ) c ( D )d 0 , 059 (C ) c (D )d
E = E0 − ln = E 0
− ln
nF (A ) a ( B ) b n (A )a (B ) b
b) Para T = 30 ºC (T = 303 K)
2 , 303 RT ( C ) c ( D )d 0 , 060 (C ) c (D )d
E = E0 − ln = E 0
− ln
nF (A ) a ( B ) b n (A )a (B ) b
0 ,059 1 0 ,059 1
E pilha = E T = E Cu − E Zn = E oCu − log − E oZn − log
2 2+
2 [ Zn 2 + ]
[Cu ]
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0 ,059 1 0 ,059 1
E pilha = E T = E Cu − E Zn = + 0 ,337 − log − − 0 ,763 − log
2 2+
2 [Zn 2 + ]
[Cu ]
0 ,059 [ Zn 2 + ]
E pilha = 1,100 − log
2 [ Cu 2 + ]
em que Epilha é a FEM da pilha, (Cuo) = (Zno) = 1 e (Cu2+) ≅ [Cu2+] e (Zn2+) ≅ [Zn2+]. Notar que
E pilha = 1,100 V somente quando [Zn2+] = [Cu2+] = constante e que este valor pode ser
obtido sem inverter o sinal da semi-reação do Zn.
Como a concentração de 1 mol L-1 não corresponde a uma atividade de 1 mol L-1, e como
o Potencial Padrão, Eo, é definido em termos da atividade padrão para todas as espécies
envolvidas, verifica-se que os valores medidos e calculados de Eo são diferentes. Para que
isto não ocorra, todas as concentrações em mol L-1 que aparecem na equação de Nernst
devem ser transformadas em atividades, o que é muito trabalhoso e nem sempre possível.
Além deste fator, o Potencial de Redução de uma semi-reação depende também das condições
da solução, pois, além dos efeitos de força iônica, algumas substâncias no meio reagente
podem complexar espécies químicas envolvidas no processo redox. Se a(s) forma(s) química(s)
do(s) complexo(s) fosse(m) conhecida(s), seria possível escrever outra semi-reação e determinar
o valor do seu Potencial de Redução, mas, geralmente, este não é o caso.
Para contornar tais situações, define-se o chamado de Potencial Formal de Eletrodo,
E f, que é o Potencial de Redução de uma semi-reação determinado experimentalmente.
Acompanhando o valor de E f, devem-se assinalar as condições nas quais ele foi medido.
Por exemplo, o par Ce4+/Ce3+ (Quadro 14) apresenta apenas valores de E f
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AGRADECIMENTOS
LITERATURA CITADA
AHRLAND, S.; CHATT, J. & DAVIES, N.R. The relative affinities of ligand atoms for acceptor
molecules and ions.Quart. Rev. Chem. Soc., 12:265-276, 1958.
CANTARELLA, H & ANDRADE, J.C. Unidades de representação In: RAIJ, B. van; ANDRADE,
J.C.; CANTARELLA, H. & QUAGGIO, J.A. Análise química para avaliação da fertilidade
de solos tropicais. Campinas, Instituto Agronômico, 2001. 285p.
INCZÉDY, J.; LENGYEL, T. & URE, A.M., eds. IUPAC - Compendium of analytical nomenclature:
Definitive rules. 3.ed. Oxford, Blackwell Science, 1997.
KIELLAND, J. Individual activity coefficients of ions in aqueous solutions. J. Am. Chem. Soc.,
59:1675-1678, 1937.
LOSS, R.D. Atomic weights of the elements 2001. Pure Appl. Chem., 75:1107-1122, 2003.
PEARSON, R.G. Hard and soft acids and bases. J. Am. Chem. Soc., 85:3533-3539, 1963.
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THIEN, S.J. & OSTER, J.D. The international system of units and its particular application to
soil chemistry. J. Agron. Educ., 10:62-70, 1981.
TORRES, N.M. Apectos qualitativos do modelo orbital. 2000. Disponível em: (fttp://
www.chemkeys.com) acessado em março de 2007.
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