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IV – RESERVA MINERAL DO SOLO


Vander de Freitas Melo1/, Rosa Maria Vargas Castilhos 2/ & Luiz Fernando Spinelli Pinto2/

1/
Departamento de Solos e Engenharia Agrícola, Universidade Federal do Paraná. Rua dos
Funcionários, 1.540, 80035-050, Curitiba (PR).
vanderfm@ufpr.br
2/
Departamento de Solos, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas,
Caixa Postal 354, 96.010-900, Pelotas (RS).
rosamvc@ufpel.edu.b; lfspin@ufpel.edu.br

Conteúdo

INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................................................... 25 2

MINERAIS NÃO SILICATADOS FONTES DE NUTRIENTES .............................................................................. 25 5


Óxidos e Hidróxidos ......................................................................................................................................................... 25 5
Halóides, Sulfatos, Nitratos e Boratos ........................................................................................................................ 25 9
Carbonatos ........................................................................................................................................................................... 26 0
Fosfatos ................................................................................................................................................................................. 26 2
MINERAIS PRIMÁRIOS SILICATADOS FONTES DE NUTRIENTES ................................................................ 26 3
Nesossilicatos ...................................................................................................................................................................... 26 3
Inossilicatos .......................................................................................................................................................................... 26 4
Filossilicatos ......................................................................................................................................................................... 26 6
Tectossilicatos ..................................................................................................................................................................... 28 0
FORMAS DE K, Ca E Mg NO SOLO ............................................................................................................................... 28 3
Formas Prontamente Disponível para as Plantas (Solução do Solo e Trocável) ............................................ 28 5
Reserva (Formas Não-Trocáveis e Estruturais) ........................................................................................................ 28 7
LIBERAÇÃO DA RESERVA DOS NUTRIENTES NO SOLO ................................................................................. 29 5
Intemperismo e Estabilidade dos Minerais ................................................................................................................ 29 5
Estimativa da Reserva de Nutrientes no Solo (Métodos de Extração) .............................................................. 29 6
Cinética de Liberação ........................................................................................................................................................ 30 2

RESERVA DE K EM SOLOS ALTAMENTE INTEMPERIZADOS DOS TRÓPICOS ÚMIDOS ................... 31 1


Minerais de Argila 2:1 como Hidróxi Entrecamadas .............................................................................................. 31 2
Resíduos de Minerais 2:1 como Fontes de K .............................................................................................................. 31 4
Resíduos de Esmectita ...................................................................................................................................................... 31 6
Camadas de Mica Preservadas na Estrutura da Caulinita ................................................................................... 31 7
Distribuição do K Total nos Minerais das Frações Argila, Silte e Areia por Meio de Técnicas
de Extrações Seqüenciais ............................................................................................................................................ 31 8

LITERATURA CITADA ...................................................................................................................................................... 32 1

SBCS, Viç osa , 20 09. Quími ca e Mineral ogia do Solo, xxxxp. (eds. Vander de Freitas Mel o e Luís
Reynaldo Ferracciú Alleoni).
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252 VANDER DE FREITAS MELO ET AL.

INTRODUÇÃO

Diversos pesquisadores têm demonstrado expressiva contribuição da reserva de


nutrientes do solo na nutrição mineral e no crescimento e desenvolvimento das plantas.
A caracterização mineralógica das frações do solo, a avaliação da cinética de liberação
e da contribuição de formas não-trocáveis e estruturais na absorção dos nutrientes
pelas culturas influenciam a produção agrícola, sobretud o na economia de
fertilizantes e no cultivo de plantas em estado nutricional adequado. Como os métodos
de rotina avaliam essencialmente as formas trocáveis dos nutrientes, quando a reserva
mineral do solo pode ser fonte efetiva do total de nutrientes absorvidos pelas plantas,
a utilização de outros métodos de análise, com maior poder de extração (formas não-
trocáveis e estruturais) e com melhor capacidade preditiva de sua disponibilidade,
resultaria em aplicação de menores quantidades de adubos, o que reduziria os custos
de produção.
Os minerais primários com potencial de fornecer nutrientes para as plantas
encontram-se, principalmente, nas frações areia e silte. O K, Ca, Mg, P, Fe, Mn, Cu, Zn,
dentre outros, fazem parte da estrutura de alguns minerais primários (Quadro 1), tanto
essenciais quanto acessórios, e que são liberados para a solução do solo por meio do
intemperismo químico.

Quadro 1. Principais minerais primários essenciais e acessórios, potencialmente fontes de


nutrientes para as plantas

Minerais primários Nutrientes contidos no Minerais primários Nutrientes contidos


essenciais mineral acessórios no mineral

Ortoclásio/Microclínio K Granada Ca, Mg, Mn


Plagioclásios Ca, Cu, Mn Turmalina Ca, Mg, B
Olivina Mg, Fe, Cu, Mn, Mo, Zn Apatita P, Ca, Fe, Mg
Piroxênios Ca, Mg, Fe, Cu, Mn, Zn Esfeno Ca
Anfibólios Ca, Mg, Fe, Cu, Mn, Zn Epidoto Ca, Fe
Biotita K, Mg, Fe, Cu, Mn, Zn Magnetita Fe, Zn, Mn,Cu
Muscovita K Bórax B
Talco Mg Espinélio Mg, Fe, Zn, Mn
Calcita Ca Fluorita Ca
Dolomita Ca, Mg Pirita Fe, S
Gipsita (gesso) Ca, S

O quartzo é o principal mineral das frações areia e silte dos solos (Figura 1). O solo
velho originado de granito (Figura 1a) apresenta, basicamente, apenas quartzo na fração
areia. Como esse mineral não contém elementos essenciais às plantas, o solo em questão

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IV – RESERVA MINERAL DO SOLO 253

apresenta baixa reserva de nutrientes. Por outro lado, a fração areia do solo jovem
originado de micaxisto (Figura 1b) apresenta, além de quartzo, grande quantidade de
mica parcialmente intemperizada (mineral com aspecto dourado). Como resultado, com
o processo contínuo de intemperismo químico dos minerais micáceos, há intensa liberação
de nutrientes para as plantas (principalmente K e Mg). Já o Si, Al e Fe podem-se recombinar
na solução do solo e formar minerais secundários (por exemplo, caulinita e goethita),
aumentando o teor de argila do solo (neogênese).

(a) (b)

Figura 1. Fotografias da fração areia (minerais com diâmetro entre 0,05 e 2 mm) de dois solos
com composição mineralógica distinta: (a) solo velho originado de granito; (b) solo jovem
originado de micaxisto.

Os tipos e a proporção dos minerais primários variam conforme o tipo de rocha


(Figura 2).

Figura 2. Classificação simplificada das rochas ígneas conforme a origem e a composição


mineralógica

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254 VANDER DE FREITAS MELO ET AL.

Conforme os tipos de minerais, a composição química das rochas de maior importância


na formação dos solos pode variar consideravelmente e influenciar a quantidade inicial
da reserva de macronutrientes, como o Ca, Mg, K e P, para os solos (Quadro 2). As rochas
também são fontes potenciais de microelementos para o solo, sendo alguns considerados
altamente tóxicos em doses elevados para os organismos, como o Ni e Cr (Quadro 3).

Quadro 2. Teores totais de elementos maiores (SiO2, Al 2O3, CaO, MgO, Na 2O e K 2O) e menores
(TiO2, MnO e P2O5) de algumas rochas

Feldspato
Óxidos Peridotito(1) Basalto(1) Granodiorito(2) Sienogranito(2) Alcalino Micaxisto(1) Metarenito(1)
Granito2
______________________________________ g kg-1 ________________________________________
SiO2 402,0 529,0 616,0 683,8 776,2 471,0 920,6
Al2O3 18,2 119,3 169,4 152,5 118,6 170,0 36,0
Fe2O3+FeO 92,9 145,2 48,6 39,2 13,4 143,2 2,5
CaO 4,0 77,7 26,9 24,1 3,4 4,4 6,3
MgO 360,0 35,7 18,3 11,9 0,7 54,5 0,7
Na2O 5,9 32,0 37,6 29,7 40,3 16,8 6,8
K2O 1,0 19,9 44,5 49,5 47,9 28,2 14,5
TiO2 3,0 15,8 7,1 5,8 1,4 24,7 0,6
MnO 1,0 2,0 1,0 0,7 0,6 2,0 0,2
P2O5 1,0 2,1 3,4 2,0 0,2 2,9 0,3
P.F(3) 110,0 14,9 9,9 5,3 3,2 58,7 4,0
soma 999,0 993,6 982,7 1004,5 1005,9 976,4 992,5
(1) (2) (3)
Fonte: IBGE (1986); Philipp (1998); perda ao fogo (por ignição).

Quadro 3. Teores totais de elementos-traço de algumas rochas

Feldspato
Elemento Peridotito(1) Basalto(1) Granodiorito(2) Sienogranito(2) Alcalino Micaxisto(1)
Granito(2)
______________________________________ mg kg-1 _______________________________________
Ba 14 480 869 843 15 1320
Sr 50 270 337 288 3 50
Zr 10 340 131 213 153 210
V 76 280 40 45 2 224
Y 10 67 14 66 274 40
La 30 30 40 71 36 30
Nb 20 20 16 26 19 51
Cr 4200 37 41 31 28 73
Ni 1940 60 18 10 2 51
Co 124 50 11 8 1 50
(1) (2)
Fonte: IBGE (1986); Philipp (1998).

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IV – RESERVA MINERAL DO SOLO 255

MINERAIS NÃO SILICATADOS FONTES DE


NUTRIENTES

Óxidos e Hidróxidos
A classe dos óxidos é bastante diversa, incluindo minerais bastante duros, como o
coríndon (dureza 9 na escala de Mohs, a qual varia de 1 a 10), e outros mais macios, como
a cuprita (dureza = 3,5-4), minerais metálicos (hematita) e gemas (coríndon: rubi e safira
e crisoberilo: alexandrita e olho-de-gato), com cores escuras (a maioria), mas também
intensamente coloridos.
A grande diversidade dos óxidos pode ser atribuída à abundância do O na crosta
terrestre. A maioria combina com outros elementos formando ânions complexos, como
CO32-, BO33-, SO42-, NO3-, SiO44- e PO43-, que deveriam ser considerados óxidos, o que reduziria
as classes minerais a quatro: elementos nativos, halóides, sulfetos e óxidos, os quais
compreenderiam mais de 90 % dos minerais conhecidos. Ficam, no entanto, restritos às
classe dos óxidos apenas aqueles minerais com cátions combinados com íons simples de O.
Os óxidos podem ser classificados em óxidos simples, múltiplos, contendo hidroxila
(oxihidróxidos) e hidróxidos, além de óxidos hidratados (Quadro 4). Simplificadamente,
são, com freqüência, agrupados em óxidos e hidróxidos.

Quadro 4. Principais tipos de óxidos

Óxido Tipo Exemplos

A2O água – H2O; cuprita – Cu2O


AO zincita – ZnO; periclásio - MgO
Simples
AO2 rutilo – TiO2; pirolusita - MnO2; cassiterita - SnO2
A2O3 hematita – Fe2O3; coríndon - Al2O3; ilmenita – FeTiO3

ABO3 perovskita – CaTiO3


AB2O4 espinélio - MgAl2O4; magnetita - FeFe2O4; crisoberilo – BeAl2O4
Múltiplos AxByO5 pseudobrookita – Fe2TiO5
columbita-tantalita – (Fe, Mn) (Nb,Ta)2O6; euxenita - (Y, Ca, Er,
AB2O6
La, Ce, U, Th)(Nb, Ta, Ti)2O6

goethita – FeOOH; diásporo – AlOOH; manganita – MnOOH


Oxi-hidróxidos AOOH litioforita - LiAl2 (Mn2Mn)O6(OH)6
pirocloro – (Ca, Na)2Nb2O6(O, OH, F)

Hidróxidos A(OH)x gibbsita – Al(OH)3; Brucita – Mg(OH)2

ferrihidrita – Fe2O3. 2FeOOH . 2,6H2O;


Hidratados
birnessita – (Na, Ca)Mn7O14.2,8H2O
Fonte: Adaptado de Dana & Hurbult (1978).

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De acordo com a relação dos raios iônicos e da ocupação dos espaços, os óxidos
podem ser classificados em estruturas isométricas, hexagonais, tetragonais e
ortorrômbicas (veja capítulo II). São hexagonais: água, zincita, óxidos do tipo A 2 O3
(hematita, coríndon e ilmenita) e brucita. São ortorrômbicos: oxihidróxidos, crisoberilo e
columbita-tantalita. De maneira geral, existem dois tipos de estrutura nos dióxidos
(Quadro 5): uma, na qual cada cátion tem oito O nos vértices de um cubo (coordenação 8),
originando uma estrutura isométrica; e outra, na qual existem seis O em torno de cada
cátion (coordenação 6). Nesse último caso, somente metade dos sítios possíveis fica
preenchida, de forma a manter a neutralidade elétrica, e assim ocorre deformação no
arranjo octaédrico, originando uma simetria mais baixa, tetragonal.

Quadro 5. Relação dos raios iônicos (cátion/oxigênio), coordenação e simetria nos dióxidos

Elemento raio cátion raio cátion/raio O Coordenação Simetria Mineral

nm
Mn 0,060 0,45 6 tetragonal Pirolusita
Ti 0,068 0,52 6 tetragonal Rutilo
Sn 0,071 0,54 6 tetragonal Cassiterita
Ce 0,094 0,71 8 isométrica Cerianita
U 0,097 0,73 8 isométrica Uraninita
Th 0,102 0,77 8 isométrica Torianita
Fonte: Dana & Hurbult (1978).

Em óxidos múltiplos que apresentam fórmula geral AB 2O4 (Quadro 4), o cátion A é
maior (raio iônico entre 0,06 e 0,08 nm) e é, geralmente, divalente, ao passo que o B é
menor (raio iônico entre 0,05 e 0,07 nm) e é geralmente trivalente. Assim, na estrutura do
espinélio, os íons A contêm quatro O ao redor e os íons B seis, o que conforma um retículo
cúbico, dando origem a cristais isométricos. Como os membros do grupo do espinélio são
isoestruturais, a substituição iônica é comum, sendo completa a solução sólida relativa
aos íons A (Mg2+, Fe+2 , Zn2+ , Mn2+) e incompleta relativa aos íons B (Al3+ , Fe+3 e Cr 3+ )
(Quadro 6). O crisoberilo tem uma estrutura contraída, de simetria mais baixa
(ortorrômbico), em razão do pequeno tamanho do íon Be (0,035 nm).
A cuprita e a zincita (Quadro 4) são minerais sem expressão nas rochas. O periclásio
pode ser formado em mármores a partir da dolomita, ficando, portanto, restrito a esse
tipo de rocha. O rutilo (TiO2 ), assim como seus polimorfos anatásio e brookita, a ilmenita
e os espinélios que contêm Ti (ulvoespinélio e titanomagnetita) são minerais acessórios
comuns na maioria das rochas ígneas e metamórficas. A perovskita (CaTiO3 ) é um mineral
acessório comum em rochas ígneas básicas e alcalinas e metamórficas calci-silicatadas.
Verifica-se que todos esses minerais são encontrados como fases detríticas em rochas
sedimentares, em razão da elevada resistência ao intemperismo. Por isso, esses minerais
são comumente identificados nas frações areia e silte de solos e saprólitos, tendendo a se
concentrarem em solos mais intemperizados.

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IV – RESERVA MINERAL DO SOLO 257

Por outro lado, silicatos comuns como biotitas, hornblendas e augitas contêm, em
termos absolutos, mais Ti do que os óxidos nas rochas. Na intemperização desses minerais,
bem como do esfeno (CaTiSiO5 ), é freqüentemente reportada a formação de anatásio. A
formação de outros óxidos de Ti secundários (pseudorutilo, pseudobrookita, etc.) também
é observada. Uma média de 5,1 g kg-1 nos solos, contra 3,9 e 3,3 g kg-1 para as "camadas"
sedimentares e ígneas graníticas da litosfera, respectivamente, demonstra a concentração
desse elemento durante o intemperismo, podendo chegar até 150 g kg-1 em solos altamente
intemperizados desenvolvidos de basaltos (Milnes & Fitzpatrick, 1989). Essa concentração
de Ti não tem importância na fertilidade dos solos, pois o elemento não é considerado
micronutriente ou elemento tóxico para plantas e animais. Alguns autores até mesmo
evidenciam o uso do Ti como indicador da presença de solo ou poeira na análise de
tecido vegetal (Jones, 1991).

Quadro 6. Composição química dos óxidos do tipo AB 2O4 (grupo do espinélio)

Óxido B=Al Óxido B=Fe Óxido B=Cr

A=Mg Espinélio MgAl2O4 Mg-ferrita MgFe2O4 Mg-cromita MgCr2O4


A=Fe Hercinita FeAl2O4 Magnetita FeFe2O4 Cromita FeCr2O4
A=Zn Gahnita ZnAl2O4 Franklinita ZnFe2O4
A=Mn Galaxita MnAl2O4 Jacobsita MnFe2O4

Além da ocorrência como minério, a pirolusita (Quadro 4) é geralmente muito


disseminada nas rochas. Porém, por ser de origem supergênica (que se produz próximo
à superfície da crosta), forma-se por dissolução de rochas cristalinas e deposita-se na
forma de concreções e revestimentos, freqüentemente dentríticos, sobre a superfície das
fraturas e diáclases. Técnicas como a microscopia eletrônica, espectroscopia de infra-
vermelho e microssonda têm revelado que os óxidos de Mn descritos, em sua maioria,
nessas ocorrências como sendo pirolusita e psilomelano são, na realidade, "óxidos" de
Mn mais complexos, como a birnessita e a romanequita (Post, 1999). De qualquer forma,
o Mn é o décimo elemento mais abundante na crosta e é o metal pesado mais comum,
após o Fe, perfazendo cerca de 1g kg-1 das rochas (Quadro 2). Do ponto de vista geoquímico,
o Mn comporta-se como o Mg e o Fe (e Ni e Co), tendendo a entrar na estrutura de
minerais que se formam nos primeiros estádios de cristalização magmática. O Mn ocorre
tanto em minerais máficos essenciais comuns (piroxênios, anfibólios e biotitas), como em
minerais acessórios (magnetita, espinélios e epidotos - alanita). No processo de
cristalização das rochas magmáticas, concentrações expressivas de Mn ainda persistem
nos líquidos residuais (fases pneumatolíticas), e o elemento concentra-se em pegmatitos
na forma de óxidos, como a columbita-tantalita, bem como em rochas metamórficas
(granadas).
Ao ser liberado desses minerais primários pelo intemperismo, o Mn é oxidado, e são
formados óxidos e hidróxidos de Mn, principalmente a birnessita, vernadita (δ-MnO2 ),
litioforita e holandita (Ba2 Mn8 O16 ) na forma de revestimentos e agregados finamente

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258 VANDER DE FREITAS MELO ET AL.

granulados com grande área superficial específica, que exercem influência química
acentuada no solo, numa proporção maior do que quando estimada apenas com base em
suas concentrações.
A hematita (Quadro 4) é um mineral amplamente distribuído em rochas de todos
os tipos e idades, geralmente como mineral acessório. Juntamente com a goethita, que é
um oxihidróxido de Fe mais ligado ao intemperismo, forma os mais abundantes óxidos
metálicos pedogênicos e influencia, de forma decisiva, uma série de características e
propriedades dos solos (veja capítulo VIII). O Fe na estrutura desses óxidos pode ser
substituído por muitos cátions metálicos, destacando-se o Al, em maior teor na goethita,
e microelementos, como Ni, Ti, Mn, Co, Cr, Cu e Zn, em menor proporção. Além da
incorporação destes metais na estrutura, a grande área superficial específica desses
óxidos pedogênicos, o baixo grau de cristalinidade e a reatividade das superfícies
(cargas dependentes de pH) fazem com que vários ânions (fosfatos, selenatos,
molibdatos, arsenatos, fluoretos e silicatos) e cátions metálicos (Cu, Pb, Zn, Cd, Co, Ni,
Mn) sejam adsorvidos especificamente, ou melhor, sejam ligados por caráter covalente
diretamente ao O e OH estruturais, formando ligações muito fortes. Dessa forma, os
óxidos de Fe podem conter, tanto dentro de sua estrutura como adsorvidos
especificamente em sua superfície, teores razoáveis de metais, sendo alguns
micronutrientes. Essa fonte de micronutrientes passa a crescer em importância em solos
arenosos e na medida em que os solos vão ficando altamente intemperizados, como nos
Latossolos oxídicos.
O espinélio (Quadro 4) é um mineral metamórfico comum, encontrado em mármores,
gnaisses e serpentinitos, ocorrendo como mineral acessório em muitas rochas ígneas
máficas. O Fe2+, Zn2+ e Mn2+ substituem o Mg2+ em variadas proporções, por isso os óxidos
puros (hercinita, gahnita e galaxita) (Quadro 6) são raros. Sua influência maior como
fonte de nutrientes, portanto, ocorre em alguns tipos de rochas metamórficas.
A magnetita (Quadro 4) é um mineral acessório comum de rochas magmáticas ferro-
magnesianas (dioritos, gabros e peridotitos e equivalentes vulcânicos) e de rochas
metamórficas. O Fe2+ pode ser substituído por Mg2+ e Mn2+ (e Zn2+) em proporção variada,
sendo os termos extremos (Mg-ferrita, jacobsita e franklinita) de ocorrência restrita. Dada
sua resistência ao intemperismo, a magnetita pode acumular significativamente em
Latossolos desenvolvidos de basaltos, onde pode compor parte expressiva da fração
areia desses solos, servindo como fonte de micronutrientes, à semelhança dos óxidos de
Fe pedogênicos (hematita e goethita).
A cromita (Quadros 4 e 6) é comum em rochas ultramáficas (peridotitos e
serpentinitos). Um pouco de Mg2+ está sempre presente substituindo o Fe2+ . Por outro
lado, o Al3+ e o Fe3+ podem substituir o Cr 3+ . Problemas de fertilidade associados a solos
desenvolvidos sobre esses tipos de rochas são conhecidos e relatados na literatura
internacional (Rabenhorst et al., 1982) e na nacional (Pinto & Kämpf, 1996), com a
vegetação nativa sofrendo problemas de toxidez relacionados com altos teores de Cr, Ni,
Co (Quadro 3) e desbalanço da relação Ca/Mg trocáveis.
Dentre os hidróxidos e oxihidróxidos de Al, a gibbsita (Quadro 4) é o mineral mais
comum nos solos e depósitos de bauxita, que se originam pelo intemperismo avançado

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IV – RESERVA MINERAL DO SOLO 259

em certos tipos de rochas ricas em Al e destituídas de quartzo (rochas alcalinas, por


exemplo o tinguaíto). Os oxihidróxidos (boehmita e diásporo) são encontrados em muitas
bauxitas, enquanto os polimorfos bayerita e nordstrandita só foram encontrados em
solos e bauxitas mais recententemente (Hsu, 1989).

Halóides, Sulfatos, Nitratos e Boratos


A classe dos halóides caracteriza-se por ânions halogênicos com grande raio iônico
(Cl-, Br -, F- e I -), fracamente carregados e de fácil polarização. Quando combinam com
cátions de baixa valência, relativamente grandes e fracamente polarizados, formam
estruturas de alta simetria, isométricas e hexaoctaédricas (veja capítulo II), como no caso
da halita (NaCl), silvita (KCl) e fluorita (CaF2 ), que são os halóides mais comuns.
A fluorita é um mineral comum e amplamente distribuído, seja em veios e pegmatitos
de rochas magmáticas, seja em dolomitos e calcários. Não tem aplicação direta na
agricultura, sendo minerada com propósitos industriais. Sua presença, no entanto, tem
sido associada à incidência de fluorose endêmica (perda de esmalte nos dentes), dadas
as altas concentrações de F em águas consumidas por certas populações.
A halita e a silvita, juntamente com outros sais solúveis (carbonatos, sulfatos e
boratos), concentram-se em depósitos sedimentares conhecidos por evaporitos, formados
por evaporação em planícies costeiras (sabkhas), lagos (playa lakes) e mares adjacentes a
áreas desérticas (Silva et al., 2000a). Os evaporitos podem ser soterrados por outros
sedimentos e após, em profundidade, deformarem-se produzindo domos salinos,
freqüentemente associados a jazidas de petróleo. Em áreas de clima árido e semiárido, a
baixa taxa de lixiviação e a alta evaporação favorecem acumulação desses sais. Em
conseqüência, são formados solos salinos e salino-sódicos, que apresentam problemas
agronômicos de natureza química e física (veja capítulo XIX).
A halita (NaCl), além do uso como sal de cozinha, apresenta inúmeras utilidades
na indústria química. Não tem, porém, utilidade direta na agricultura como
fertilizante. O contrário ocorre com os sais de K. Apesar de ser relativamente abundante
nas rochas (Quadro 2), esse elemento tem disponibilidade imediata muito limitada
para as plantas, por estar contido principalmente nos feldspatos e micas. Em razão
disso, mais de 95 % do K nos minerais dos depósitos evaporíticos atuais e antigos são
utilizados como fertilizante na agricultura: 90 % são na forma de KCl e 5 % na forma
de K 2SO 4 (DNPM, 2001a). O principal mineral explorado é a silvita (KCl), que contém
o equivalente a 63 % de K 2 O, seguido da carnalita (KCl.MgCl 2 .6H 2 O), caianita
(KCl.MgSO 4 .3H 2 O), langbeinita (K 2 SO 4 .MgSO 4 ) e polihalita [K 2Ca 2 Mg (SO 4 ) 2 .2H 2 O],
com 17, 19, 23 e 16 % de K 2O, respectivamente. Na prática, são também comercializados
produtos mistos, a saber: a silvinita (silvita + halita), a hartsalz [(silvita + halita +
kieserita (MgSO 4 .H 2 O) e, ou, anidrita (CaSO 4 )] e a carnalitita (carnalita + halita)
(DNPM, 2001a).
A classe dos sulfatos abrange grande número de minerais, divididos em anidros,
como a anidrita (CaSO4 ) e a barita (BaSO4 ), e hidratados, como o gipso (CaSO4 .2H2 O) e a
polihalita (K 2 Ca2Mg(SO4 )2 .2H2 O). As ligações S-O dos grupos SO4 2- são fortes, com os

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260 VANDER DE FREITAS MELO ET AL.

cátions coordenados com os íons sulfatos, formando estruturas ortorrômbicas ou


monoclínicas (veja capítulo II). Nos sulfatos hidratados, a estrutura apresenta-se na
forma de camadas formadas por lâminas duplas de CaSO4 , separadas por moléculas de
água (Doner & Lynn, 1989). O gipso é o sulfato mais comum, ocorrendo na forma de
depósitos sedimentares, freqüentemente interestratificados com calcários e folhelhos e
geralmente subjacentes ao salgema (evaporitos), pelo fato de os sulfatos cristalizarem
primeiro por causa de sua menor solubilidade. De forma semelhante aos halóides, o
gipso é encontrado em solos de regiões de clima árido e semiárido. Os sulfatos de K são
amplamente utilizados como fertilizante. O gipso, por sua vez, é usado primordialmente
para fabricação do gesso e para a indústria cimenteira.
No início do século 20, o gipso passou a ser usado na correção de solos sódicos por
meio da substituição do Na pelo Ca, com posterior lixiviação do Na, de forma a melhorar
as propriedades físicas do solo (Loveday, 1984). O chamado gesso agrícola, produto que
vem sendo oferecido no mercado com indicação de fornecer S e Ca em solos e de promover
o crescimento radicular ao diminuir a atividade do Al em profundidade, não vem dessas
fontes naturais, mas, sim, de um subproduto industrial da reação de ácido fosfórico e
superfosfato simples (Raij, 1991).
Os nitratos são estruturalmente análogos aos carbonatos, com estrutura hexagonal
ou ortorrômbica. O mais comum é o salitre-do-Chile (NaNO3 ), encontrado em regiões
áridas como camada de sal (caliche-do-Chile) intercalada com camadas de areia, de sal
comum e de gipso, cuja ocorrência principal fica no norte do Chile. Durante muito tempo,
foi utilizado como fonte de adubo nitrogenado. Atualmente, vem sendo substituído pela
uréia, cujo N é proveniente do N2 atmosférico (Tisdale & Nelson, 1993). O salitre potássico
(KNO3) é também encontrado na natureza em quantidades bem menores que o salitre-do-
Chile, na forma de eflorescências em solos e rochas, sendo usado também como fonte de
K e N. O KNO3 comercial, no entanto, não vem dessa fonte, sendo produzido a partir da
reação do NaNO3 com o KCl.
Nos boratos, o íon B (pequeno raio iônico) coordena três O, que podem ser
compartilhados por dois íons B vizinhos, formando folhas separadas por camadas de
moléculas de água e unidas por íons Na ou Ca (Dana & Hurbult, 1978). Os boratos são
também encontrados em depósitos evaporíticos. O mais comum é o bórax (Na2B4O7.10H2O),
que é usado na agricultura e em vários processos na indústria química. Outros boratos
comumente encontrados nesses depósitos são a colemanita (Ca2 B 6 O11 .5H2 O) e a ulexita
(NaCaB 5 O9 .8H2 O). Em solos salinos de clima árido, tem sido observada toxidez por B
(Welch et al., 1991). Embora não seja um borato, a turmalina (ciclossilicato) - (Ca,Na)(Al,
Fe, Li, Mg)Al6 (BO 3 )3(SiO6 O18)(OH)4 - é um mineral acessório comum em rochas ígneas e
metamórficas, constituindo importante reserva de B no solo, pois é um mineral resistente
ao intemperismo.

Carbonatos
Nos carbonatos, os grupos CO32- combinam-se com cátions divalentes de forma que
a relação dos raios impõe a coordenação 6, resultando estruturas simples em que se

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IV – RESERVA MINERAL DO SOLO 261

alternam camadas de cátions metálicos com ânions carbonatos (Dana & Hurbult, 1978).
Dessa forma, tem-se uma redução na simetria do sistema isométrico (90 o ) para
romboédrico (74 o 55 ') (subdivisão do sistema hexagonal) (veja capítulo II), característico
dos cristais de calcita (CaCO3 ). Sendo isoestruturais, os cátions metálicos substituem-se
entre si, conforme seus tamanhos (Fe2+ = 0,074 nm; Mn2+ = 0,080 nm e Mg2+ = 0,066 nm),
produzindo substâncias intermediárias entre carbonatos puros: siderita (FeCO 3 ),
rodocrosita (MnCO3) e magnesita (MgCO3 ). Já a substituição na calcita (Ca2+ = 0,099 nm)
não é completa, sendo particularmente difícil a do Ca pelo Mg por causa da diferença
nos raios (33 %). Dessa forma, o que ocorre na dolomita [(CaMg(CO3 )2 ] não é resultado de
uma solução sólida, mas, sim, uma alternância de camadas de íons Mg com camadas de
íons Ca, ou seja, um sal duplo. Uma forma polimorfa da calcita de estrutura ortorrômbica
denominada aragonita é comumente encontrada em depósitos recentes e nas conchas de
moluscos. Esta forma é menos estável e costuma transformar-se naturalmente em calcita.
Os carbonatos são encontrados em rochas sedimentares denominadas calcários e
em seu equivalente metamórfico, o mármore, acumulado-se em proporções significativas
também em rochas mistas de carbonatos com argilas (margas). O ambiente típico de
acumulação dos sedimentos carbonáticos é marinho de água rasa com origem química,
orgânica ou clástica. São muito importantes no registro geológico, perfazendo cerca de
25 % das seções estratigráficas (Suguio, 1980). As bacias evaporíticas são outro tipo de
ambiente de acumulação de carbonatos, em áreas bem mais restritas, em regiões de clima
árido, onde os depósitos são chamados de caliche ou calcrete e estão associados a sulfatos
e halóides.
Em razão da abundância e distribuição das rochas calcárias, existem muitos e
importantes solos formados sobre esse tipo de rocha, dependendo do clima a ocorrência
e distribuição dos carbonatos no solo. Em climas áridos, os carbonatos primários
permanecem no solo, enquanto os carbonatos secundários podem acumular próximo à
superfície. À medida que a precipitação pluvial aumenta, ocorre progressiva remoção
dos carbonatos das camadas mais superficiais e deposição de carbonato secundário nas
camadas mais profundas. Em climas úmidos, ocorre a remoção total, podendo formar
contato abrupto entre o perfil de solo ácido e a rocha de origem alcalina (Doner & Lynn,
1989). Solos derivados de calcários costumam ser férteis, em geral Chernosols ou Molisols
(conforme a Soil Taxonomy - USDA, 2006), compondo parte dos solos mais férteis da
zona temperada na América do Norte, Europa Central e Ásia (Fanning & Fanning, 1989).
A relação entre rocha calcária e fertilidade do solo também pode ser observada no Brasil,
com valores de pH, teores de Ca e Mg e saturação por bases elevados (Araújo & Olivieira,
2003), mesmo em ambientes que intensificam o intemperismo (Argissolos e Latossolos)
(Valladares, 2002).
No mundo, o maior consumo de calcário ocorre na fabricação de cimentos e cal, e
o mármore é explorado como material de construção e ornamentação. No Brasil, dada
a ocorrência generalizada de solos ácidos, o calcário é usado para correção de pH
(calagem). Estados que não possuem calcário sedimentar, como o Rio Grande do Sul,
usam o mármore moído para correção do solo. Para se ter uma idéia da magnitude da
mineração de calcário no Brasil, das 1.862 minas cadastradas no ano de 2.000 com

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262 VANDER DE FREITAS MELO ET AL.

produção superior a 10.000 t ano-1, 314 eram de calcário (16,9 % do total), sendo 23,6;
25,4 e 13,5 % consideradas de grande, médio e pequeno porte, respectivamente (DNPM,
2001b). A maioria dessas minas é utilizada para cimento e outros usos não-agrícolas.

Fosfatos
O P pentavalente tem tamanho semelhante ao S hexavalente e, como este,
apresenta-se na forma de grupos tetraédricos (PO 4 3- ) que não formam grupos
polimerizados. O As e o V podem substituir o P, formando arseniatos e vanadatos,
que são minerais de ocorrência restrita, ao contrário dos fosfatos, principalmente a
apatita, que é constituinte acessório em praticamente todas as classes de rochas ígneas,
sedimentares e metamórficas. Com base nos teores e na amplitude de distribuição
nas rochas comuns, o P é considerado elemento acessório, juntamente com o Mn e o
Ti, nas análises químicas rotineiras das rochas, compondo entre 1 e 3 g kg -1 da rocha
em termos de P2O5 (Quadro 2).
A apatita, fosfato mais abundante e importante, apresenta fórmula geral
Ca 5 (PO 4 ) 3 (OH,F,Cl), com substituição (solução sólida) dos ânions F -, Cl - e OH - e,
mais raramente, do fosfato pelo carbonato (carbonatoapatita). O Ca pode ser
substituído pelo Mn, Sr e outros cátions. Conforme o predomínio do ânion
acompanhante, ocorrem a fluorapatita, a cloroapatita, a hidroxiapatita, dentre
outros. A apatita é um mineral facilmente intemperizável no solo, liberando
prontamente o Ca (Blum et al., 2002). O fosfato pode então combinar com Al, Fe, Mn,
Na, K, Ba, Cu, Zn, etc., formando grande variedade de fosfatos secundários, anidros
e hidratados, como, por exemplo, a variscita-strengita [(Al,Fe)(PO 4 ).2H 2 O], struvita
(NH 4 Mg(PO 4 ).6H 2 O), vivianita (Fe 3-xFe x(PO 4 )2 (OH) x(H2O) 8-x) e muitos outros (veja
capítulo III). Ao mesmo tempo, o P na solução pode ser absorvido pelas plantas,
ligar-se à fração húmica (P orgânico) e mineral (adsorção específica e não-específica)
e ser precipitado com íons Ca 2+ e Al 3+, dependendo do pH do solo. A complexidade
da dinâmica do P no solo aumenta mais ainda quando são incluídas as reações dos
fertilizantes fosfatados com os constituintes do solo, formando uma série de novos
compostos (Lindsay et al., 1989).
A apatita também concentra-se em veios e pegmatitos, principalmente associada a
rochas alcalinas, formando uma apatita bem cristalizada, de origem ígnea. Esse tipo de
depósito é encontrado no Brasil em Minas Gerais (Araxá e Tapira), Goiás (Ouvidor e
Catalão) e São Paulo (Cajati) (DNPM, 2001b). A apatita pode também concentrar a partir
de processos sedimentares, derivadas de restos de animais e de precipitação química,
formando uma rocha sedimentar conhecida como fosforito, com uma apatita de baixa
cristalinidade (colofana). Depósitos desse tipo são encontrados principalmente no norte
da África (Tunísia, Argélia e Marrocos), Oriente Médio e Estados Unidos. A colofana,
apesar de compor o grupo dos fosfatos naturais, tem solubilidade relativamente elevada
(> 90 g kg-1 P2 O5 em ácido cítrico 20 g L -1). Os fosfatos naturais de origem ígnea têm
solubilidade bem mais baixa (< 60 g kg-1 P2 O5 em ácido cítrico 20 g L -1) e, geralmente, são
tratados quimicamente para produzir compostos mais solúveis (superfosfatos).

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IV – RESERVA MINERAL DO SOLO 263

MINERAIS PRIMÁRIOS SILICATADOS FONTES DE


NUTRIENTES

Nesossilicatos
Nos nesossilicatos, a relação Si:O é de 1:4, não permitindo a polimerização dos
tetraedros de Si na estrutura. Nesse caso, os tetraedros estão isolados e unidos por ligações
de cátions intersticiais (Figura 3). Em cátion divalente, forma-se uma estrutura do tipo
A 2 SiO4 , como no grupo da olivina (Mg e Fe) e da Fenacita (Be - fenacita e Zn - willemita),
com estrutura ortorrômbica e romboédrica-hexagonal, respectivamente (veja capítulo II).
Cátions tetravalentes como Zr, Th e U têm fórmula ASiO4 e estrutura tetragonal. No
grupo das granadas, a fórmula é do tipo A3B2 (SiO4)3 , com a posição A ocupada por cátions
divalentes grandes e a B por íons trivalentes menores. O Mg2+, Fe2+ e Mn2+ se substituem
completamente na posição A; já com o Ca essa possibilidade é mais restrita. Na posição
B, ocorre substituição limitada em relação ao Al3+ , Fe3+ e Cr 3+ . A estrutura resultante é
isométrica. Ainda nos nesossilicatos, destacam-se os minerais do grupo Al2OSiO 4
(andaluzita, silimanita e cianita) e o esfeno [CaTiO(SiO4)], também conhecido como titanita.

Figura 3. Representação esquemática da estrutura dos nesossilicatos. M - metal.

A olivina é essencial nas rochas ultrabásicas (peridotitos e dunitos) a varietal nas


básicas (olivina basalto). Existe uma série completa de solução sólida que vai da forsterita
[Mg2(SiO4 )] à fayalita [Fe2 (SiO4)], sendo mais comuns as magnesianas. As olivinas estão
entre os silicatos mais facilmente intemperizáveis, tendendo a desaparecer rapidamente
no perfil de intemperização. As magnesianas tendem à dissolução, formando esmectitas
em climas de lixiviação mais moderada, com o Al sendo suprido pela dissolução dos
minerais adjacentes. Em climas com lixiviação muito intensa e boa drenagem, ocorre
elevada perda do Si e as variedades com Fe, juntamente com os piroxênios, formam solos
altamente oxídicos. Podem também compor depósitos de Ni lateríticos resultantes dos
teores mais elevados de Cr e Ni nas rochas ultrabásicas. A fenacita em pegmatitos e a
willemita em calcários e na zona oxidada de depósitos de Zn são minerais de ocorrência
muito restrita.
O zircão [Zr(SiO4 )] é um mineral acessório amplamente distribuído nas rochas
ígneas, concentrando-se em maior quantidade nas ígneas ácidas. É também encontrado

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264 VANDER DE FREITAS MELO ET AL.

em rochas metamórficas, como o calcário, gnaisse e xisto. Dada sua elevada resistência
ao intemperismo, costuma concentrar-se nos sedimentos arenosos, assim como nos solos.
O zircão normalmente apresenta pequenas quantidades de Hf, Th, U e Y, responsáveis
por radioatividade no mineral.
A granada é um mineral comum como constituinte acessório de rochas
metamórficas (xistos e gnaisses) e de algumas ígneas. Suas subespécies mais comuns
apresentam o Al na posição B e os seguintes cátions na posição A: Mg (piropo), Fe
(almandina), Mn (espessartita) e Ca (grossulária). Com Fe na posição B e Ca na A tem-se
a andradita e com Cr na B e Ca na A a uvarovita. A granada é, como o zircão, bastante
resistente ao intemperismo, podendo acumular-se em solos desenvolvidos de rochas
metamórficas. Neste caso, pode influenciar a presença do Mn em rochas metamórficas
mais ricas em granadas, conforme comentado anteriormente.
Andaluzita, silimanita e cianita são minerais metamórficos encontrados em alguns
tipos de rochas metamórficas e, por sua composição (Al2 OSiO4 ), não contribuem para a
reserva de nutrientes do solo. O esfeno [CaTiO(SiO4)] é um mineral acessório de distribuição
bastante ampla, tanto em rochas ígneas como em metamórficas, de resistência média ao
intemperismo, e pode contribuir com alguma fração do Ca em rochas graníticas pobres
neste nutriente (Quadro 2).

Inossilicatos
Nos inossilicatos, a relação Si:O é 1:3 (piroxênios) e 1:2,75 (anfibólios), o que permite
certo grau de polimerização dos tetraedros de Si, em cadeias simples (piroxênios) ou
duplas (anfibólios) que se prolongam na direção do eixo c (Figura 4).

(a) (b)

Figura 4. Representação esquemática da estrutura dos inossilicatos: (a) cadeia simples; (b)
cadeia dupla.

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IV – RESERVA MINERAL DO SOLO 265

Nos piroxênios, a fórmula geral é XY(Si2 O6 ) e, nos anfibólios, é XYSi8 O22 (OH)2 . Os
cátions X são, em geral, grandes, por exemplo Ca e Na (coordenação 8 em relação aos O),
e os cátions Y são pequenos, como Mg, Fe, Al, Mn, Li ou Ti (coordenação 6). Pode ocorrer
substituição do Si pelo Al nos tetraedros para compensar a entrada de um íon de carga
maior ou menor. Nos anfibólios, na posição X, pode entrar K, enquanto a substituição
parcial do OH pelo F e O é comum. As posições X e Y, quando são ocupadas por íons
grandes e pequenos, respectivamente, resultam numa estrutura monoclínica
(clinopiroxênio ou clinoanfibólio). Por outro lado, quando ambas são ocupadas por íons
pequenos resultam numa estrutura ortorrômbica (ortopiroxênio ou ortoanfibólio). Pode
ainda ocorrer a ocupação das posições por íons grandes como na wollastonita [Ca(SiO3 )],
o que gera uma estrutura triclínica. Em geral, cada piroxênio tem um anfibólio
correspondente (Quadro 7).

Quadro 7. Principais minerais do grupo dos piroxênios e dos anfibólios

Posição X Posição Y Piroxênio Anfibólio sistema

Enstatita Antofilita ortorrômbico


Mg Mg
Clinoenstatita Kupfferita monoclínico

Hiperstênio Antofilita ortorrômbico


Mg, Fe Mg, Fe
Clinohiperstênio Cummingtonita monoclínico

Ca Mg Diopsídio Tremolita monoclínico


Ca Fe Hedenbergita Actinolita monoclínico
Ca Mn Johannssenita monoclínico
Na Al Jadeíta Glaucofana monoclínico
Na Fe Aegerina Arfvedsonita monoclínico
Li Al Espodumênio monoclínico
Ca, Na Mg, Fe, Mn, Al, Ti Augita Hornblenda monoclínico

Os piroxênios e os anfibólios são chamados de minerais ferromagnesianos,


considerando a alta percentagem desses elementos na composição química de seus
representantes mais comuns, que são a augita e a hornblenda. A augita é constituinte
essencial de rochas ígneas básicas e ultrabásicas, mas é secundária nas rochas
intermediárias (Figura 2), podendo ocorrer ainda em alguns gnaisses e granulitos.
A hornblenda é constituinte varietal comum em rochas ígneas desde ácidas até
básicas (Figura 2), mas é particularmente característica de rochas metamórficas,
comumente por alteração do piroxênio, sendo o constituinte principal do anfibolito.
Além do Mg e Fe, as hornblendas apresentam teor elevado de Ca e menor teor de Mn
e Ti, chegando a ser a principal fonte desses elementos nas rochas. A hornblenda

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266 VANDER DE FREITAS MELO ET AL.

sempre apresenta ainda resíduo de K, podendo ser importante fonte desse elemento
em alguns tipos de rochas.
Os piroxênios são c onsider ad os minerais muito pouc o resistentes ao
intemperismo, mesmo assim chegam a compor parte das frações areia e silte de
solos pouco intemperizados. Os anfibólios, por outro lado, são pouco mais
resistentes e per manecem nas fraç ões ar eia e silte de solos medianamente
intemperizados, só desaparecendo completamente nos solos de intemperismo mais
avançado.
Além da augita e hornblenda (ferromagnesianos), existem piroxênios e anfibólios
calciomagnesianos (diopsídio, wollastonita e tremolita), que são mais comumente
encontrados em mármores e talco xistos (calcissilicatadas) e piroxênios e anfibólios
sódicos (aegerina, arfvedsonita e riebeckita). Esses minerais formam rochas ígneas
subsaturadas em sílica (sem quartzo), mas ricas em Na e K, chamadas de rochas
alcalinas (sienitos e fonolitos), onde estão presentes feldspatóides (nefelina, leucita e
sodalita).

Filossilicatos
Em razão da inexpressiva ocorrência de outros minerais filossilicatados fontes de
nutrientes no solo, como o talco, as discussões desse item relacionam-se com os minerais
micáceos. As micas são, normalmente, mais estáveis que os demais minerais silicatados
fontes de nutrientes, tais como, feldspato, anfibólio, piroxênio e olivina (Goldich, 1938).
São, portanto, as maiores fontes de K, Fe e Mg em ambientes tropicais e desempenham
importante papel na fertilidade e gênese dos solos. Com relação aos minerais das classes
neso e inossilicatos, as micas apresentam estruturas mais complexas, e o intemperismo
desses minerais mostra-se dependente de suas composições químicas e natureza das
ligações dos elementos.
As micas são minerais em camadas (filossilicato), negativamente carregadas,
do tipo 2:1, sendo compostas por uma lâmina octaédrica (O) entre duas lâminas
tetraédricas (T) (Figuras 5b,c e 6a). As lâminas tetraédricas consistem de tetraedros
de SiO 4 arranjados de tal maneira que três O de cada tetraedro são compartilhados
com o Si de três tetraedros vizinhos, resultando em um anel hexagonal de tetraedros
(dois tetraedros adjacentes compartilham somente um O) (Figura 5a). Esses três O
compartilhados ficam no mesmo plano, sendo referidos como basais. O quarto O de
cada tetraedro não é compartilhado com outro tetraedro de silício, ficando livre para
ligar-se com outros elementos poliedrais (O apical). Todos os oxigênios apicais
apontam para a mesma direção, formando os planos basal e apical de O (Figura 5b e
6a). Já a lâmina octaédrica consiste de seis hidroxilas, em dois planos, em coordenação
octaédrica com um cátion central. Em alguns casos, pode haver substituição de OH
por F.

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IV – RESERVA MINERAL DO SOLO 267

Figura 5. Estrutura 2:1 das micas e detalhes da lâmina tetraédrica: (a) composição hexagonal
dos tetraedros de silício com a hidroxila da lâmina octaédrica localizada no centro de cada
hexágono no plano dos seus vértices. No caso da lepidolita, o flúor está no lugar das
hidroxilas; (b) vista lateral de duas lâminas tetraédricas com os vértices voltados para
dentro da estrutura, mostrando a localização dos átomos de Al (dioctaedral) da lâmina
octaédrica; (c) vista lateral da camada 2:1, com detalhe para as possibilidades de substituição
isomórfica na muscovita.

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268 VANDER DE FREITAS MELO ET AL.

Figura 6. Crescimento das micas na direção c e detalhes da lâmina octaédrica: (a) vista lateral
de um mineral genérico (dioctaedral e trioctaedral) mostrando os íons potássio
promovendo a união de camadas adjacentes e a distância basal do mineral; (b) detalhe
(vista superior) de uma lâmina dioctaédrica, mostrando que, a cada três posições, duas
são ocupadas pelo cátion octaedral (Al 3+); (c) detalhe (vista superior) de uma lâmina
trioctaédrica, onde todas as três posições são ocupadas pelo cátion octaedral (Fe 2+ e Mg 2+).

De acordo com a valência do cátion existem duas maneiras de preencher os sítios


octaédricos. Quando um cátion divalente, como Mg2+ e Fe2+, encontra-se em todas as
posições octaédricas, forma-se a estrutura trioctaedral (todos os três sítios octaedrais
estão ocupados por cátions) (Figura 6c). Cada OH é compartilhada com três cátions
divalentes, garantindo a neutralidade da estrutura. Outra possibilidade é a presença de
cátions trivalentes, como Al3+, dentro das posições octaédricas. Para preservar a
eletroneutralidade, apenas dois cátions são necessários, formando a estrutura dioctaedral,
onde cada OH é ligada com dois cátions (para cada três posições octaédricas, apenas
duas são ocupadas por cátions) (Figuras 5b e 6b).
A ligação na estrutura 2:1 (formação da camada) é feita pelo O apical da lâmina
tetraédrica que se volta para dentro da estrutura, ligando-se diretamente ao cátion na
posição octaédrica, formando quatro planos de ânions (Figuras 5b e 6a). Os planos
externos consistem dos O basais das duas lâminas tetraédricas, enquanto os dois planos
internos consistem dos O comuns às lâminas tetraédricas e octaédricas mais as OH da

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IV – RESERVA MINERAL DO SOLO 269

lâmina octaédrica. A estrutura é constituída de tal forma que quatro das seis OH estão
substituídas por O apicais das lâminas tetraédricas. As duas OH restantes orientam-se
para o centro do poro hexagonal deixado pelos vértices dos tetraedros (Figura 5a).
As camadas 2:1 adjacentes são ligadas por cátion, principalmente K, que promove
o crescimento do mineral na direção basal (eixo c) (Figura 6a). A entrada de cátions nessa
posição é devida ao excesso de carga negativa na estrutura em razão da substituição
isomórfica de cátions nas lâminas tetraédricas e octaédricas. A carga nas camadas de micas
está em torno de -1,0 por unidade de fórmula, resultante de três mecanismos (Figura 5c): i)
substituição de Si4+ por R3+ (primariamente Al3+ e Fe3+) nas posições tetraédricas; ii)
substituição de R2+ ou R3+ por R+ ou R2+ nas posições octaédricas ou; iii) posições
octaedrais vazias.
O K, chamado de "cimento eletrostático", é retido dentro dos espaços deixados
pelo retículo hexagonal dos O dos tetraedros de Si, proveniente do déficit de carga positiva
nos cátions tetraédricos e octaédricos para balancear as cargas negativas do O e OH e,
eventualmente, F. A coordenação do K com os ânions dentro do hexágono é um problema
complexo. Em uma disposição hexagonal ideal dos O basais, o K deveria coordenar 12
átomos de O, seis acima e seis abaixo dele. Nessa coordenação, o raio do cátion deveria
ser de 0,168 nm, o qual excede de maneira considerável o raio iônico do K, que é de
0,133 nm. A análise de cristais isolados de muscovita e outras micas indica que o K nas
entrecamadas encontra-se próximo a apenas seis O basais, três acima e três abaixo,
situando-se os outros seis O a uma distância maior (Sparks & Huang, 1985). Na verdade,
os O basais da camada tetraédrica não apresentam um plano hexagonal, mas, sim,
ditrigonal, definido pela rotação dos tetraedros (Figura 7). O tamanho da lâmina
tetraédrica excede o tamanho da octaédrica e, para efetuar o ajuste no momento da
união entre elas, a lâmina tetraédrica sofre contração. A redução no tamanho se dá
pela rotação de seus tetraedros de tal forma que se origina a estrutura ditrigonal.
Simultaneamente, a lâmina octaédrica se distende. Como conseqüência, o número de O
coordenados em torno do K cai de 12 (hexágono ideal) para seis (estrutura ditrigonal -
três O em cada lâmina tetraédrica adjacente), resultando em ligação mais próxima e
mais forte (Figura 7b).
O grau de rotação da lâmina tetraédrica (Figura 7b) irá depender do cátion na lâmina
octaédrica. Na estrutura dioctaédrica, a diferença na distância da direção b entre a lâmina
tetraédrica e a lâmina octaédrica é maior, comparada com a trioctaédrica, resultando em
maior rotação dos tetraedros. Com o incremento da rotação, há maior aproximação do K
com os oxigênios, acentuando a coordenação com os seis átomos de oxigênio e resultando
em retenção mais forte do K nas micas dioctaedrais.
A muscovita e a biotita são as principais micas encontradas nos solos. A primeira é
do tipo dioctaedral, com o Al ocupando os sítios octaédricos. Já na biotita, essas posições
são ocupadas por cátions divalentes, Mg e Fe (trioctaedral).
Na muscovita [K(Si3Al)Al2 O10(OH)2] e na biotita [K(Si3Al)(Fe2+,Mg2+)3O10(OH)2], a carga
negativa das camadas provém da substituição isomórfica de um a cada quatro Si4+ na
fórmula da pirofilita (Si4 Al2 O10(OH)2), por um Al3+ (X = 1). A pirofilita (como o talco) é um

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mineral que não apresenta substituição isomórfica (X = 0) e cátions intercamadas (veja


capítulo II). As forças de van der Waals entre os planos basais de O são responsáveis
pela união de camadas 2:1 adjacentes. Já as micas "quebradiças", tais como a margarita
e a clintonita, têm X igual a 2. Na forma da pirofilita, dois tetraedros de Si, em cada
quatro, são substituídos por Al na fórmula da margarita, com as cargas intercamadas
neutralizadas por cátions divalentes, principalmente, Ca2+.
A ligação entre as camadas adjacentes pelo K na biotita e muscovita (Figura 6a) é tão
intensa que moléculas de água e outras moléculas polares não podem entrar no espaço
intercamada, e os minerais não são expansivos. Como resultado, o K dessa região é
considerado estrutural e não pode ser trocado por cátions hidratados da solução do solo.

Figura 7. Rede de tetraedros da mica projetados sobre plano (001), em que os círculos
grandes são oxigênios: (a) disposição hexagonal ideal; (b) distribuição ditrigonal obtida
pela rotação dos tetraedros em 20 o cada um. Observar a formação de uma região em
"cunha", em que o K fica coordenado com apenas três, dos seis, oxigênios do retículo
ditrigonal.
Fonte: Adaptado de McCauley & Newnham (1971).

Intemperismo da Mica e Liberação de K (Muscovita e Biotita) e Mg e Fe


(Biotita)
A liberação de K das micas é conseqüência de dois processos: i) transformação de
micas com K entrecamadas para minerais 2:1 expansivos pela redução da carga negativa
e pela troca de K por cátions hidratados; ii) dissolução das micas seguida pela
recombinação dos produtos do intemperismo. Nesse último processo, com a quebra da
estrutura das micas trioctaedrais, íons Mg e Fe também são liberados para a solução do
solo. A importância relativa desses processos depende da estabilidade das micas e da
natureza do ambiente do solo.
A liberação de K pela transformação das micas em minerais 2:1 expansivos tem
sido verificada pelo intemperismo de borda ou camada (planos preferenciais de

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IV – RESERVA MINERAL DO SOLO 271

intemperismo). Três partículas de mineral interestratificado mica-vermiculita, com


cerca de 50 % de suas camadas expandidas, são apresentadas na figura 8. Nos
modelos (8a) e (8b), as camadas expandidas [d(001) = 1,4 nm - vermiculita] são
descontínuas mas apresentam terminações internas não expandidas [d(001) = 1,0
nm - mica], formando zonas em cunha. Essas cunhas podem evoluir até a outra
extremidade do mineral. No modelo (8c), os espaços entrecamadas expandidos e não
expandidos são uniformemente distribuídos. O intemperismo em "camada" (modelo
c) é mais comum em partículas menores de mica, enquanto o intemperismo de borda
é mais comum em partículas maiores.

Figura 8. Diagrama de partículas de mica intemperizada com cerca de 50 % de camadas


expandidas (vermiculita): (a) borda em franja e núcleo de mica; (b) camadas alternadas
abertas até a metade da partícula e; (c) interestratificação regular mica-vermiculita sem
zonas em cunha.

A transformação da mica para minerais 2:1 secundários, com a liberação de K


estrutural, deve-se ao intemperismo, com redução do tamanho da partícula, diminuição
no teor de K, aumento no espaço basal e redução da carga estrutural dos minerais (Figura 9).
A redução da carga estrutural é atribuída, principalmente, à reversão das substituições
isomórficas durante o intemperismo dos minerais, quando os cátions de maior valência
voltam a ocupar a posição tetraédrica e octaédrica (por exemplo, troca de tetraedros de
Al3+ por tetraedros de Si4+ na lâmina tetraédrica).

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272 VANDER DE FREITAS MELO ET AL.

Figura 9. Dinâmica de intemperismo dos minerais 2:1.

O mecanismo de liberação de K das micas por dissolução do mineral (segundo


processo) é mais complexo do que a simples transformação de mica em minerais
expandidos. Por exemplo, o intemperismo da biotita em caulinita deve ser precedido da
ruptura das ligações da mica, em virtude da necessidade de transformação de uma
estrutura 2:1 trioctaedral em uma 1:1 dioctaedral. Teorias dessa alteração incluem
mecanismos de dissolução/reprecipitação/recombinação, com a migração dos cátions
octaedrais e entrada de íons Al. Entretanto, existem controvérsias, mesmo naqueles
ambientes em que, aparentemente, a biotita é alterada diretamente para caulinita, se ocorre
a formação de um produto intermediário, com vida efêmera. Rebertus et al. (1986)
propuseram que o Al liberado do intemperismo da bitota (presente na lâmina tetraédrica
em substituição ao Si) precipita como Al-hidróxi no mineral alterado, formando vermiculita
com Al-hidróxi entrecamadas (VHE - produto intermediário). Essa fase, então,
transforma-se em caulinita pela combinação da estrutura da vermiculita com o Al-hidróxi
entrecamadas. A reação geral, excluindo o estádio efêmero de VHE, é representada por:

K 2(Fe3 Mg3 )(Al2 Si6 )O20 (OH)4 (biotita) + 4Al(OH)2 + + 10H+ ↔


1,5Al4 Si4 O10 (OH)8 (caulinita) + 2K + + 3Fe2+ + 3Mg2+ + 5H2 O (1)

Segundo Rebertus et al. (1986), a reação apresentada na equação (1) requer perda de K,
Fe e Mg (nutrientes liberados para a solução do solo), expansão da estrutura da biotita para
vermiculita, troca de cátions entrecamadas por ilhas de hidróxi-Al e deslocamento dos
tetraedros de Al para a posição octaedral. Isso resulta em perda de um a cada quatro cátions
tetraedais (perda total da substituição isomórfica nas lâminas tetraédricas: em situação ideal,
o nível de substituição isomórfica de tetraedros de Si por tetraedros de Al na lâmina tetraédrica
na biotita é de 25 %) e inversão completa de uma lâmina tetraédrica da estrutura 2:1 da biotita.
Na biotita com alteração hidrotermal em solos da Nova Zelândia, Ahn & Peacor (1987)
observaram, por meio de microscopia eletrônica de transmissão, que a caulinita estava
intimamente interestratificada na biotita, com duas camadas de caulinita terminando em
uma camada de biotita. Os autores concluíram que uma camada 2:1 (T-O-T) da biotita
transformou-se em duas camadas (T-O) de caulinita. Para isso, seria necessária a troca de
uma lâmina trioctaédrica rica em Fe e Mg por duas lâminas dioctaédricas com Al, inversão

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IV – RESERVA MINERAL DO SOLO 273

de uma lâmina tetraédrica da camada T-O-T, e troca de todo o Al na lâmina tetraédrica por
Si. Ahn & Peacor (1987) estimaram a reação envolvida como:

K 2(Fe3 Mg3)(Al2Si6 )O20(OH)4 (biotita) + 6Al3+ + 2H4 SiO4 + 4H2 O ↔


2Al4 Si4 O10 (OH)8 (caulinita) + 2K + + 3Fe2+ + 3Mg2+ + 4H+ (2)
A reação descrita na equação (2) difere daquela proposta por Rebertus et al. (1986)
(Equação 1), pela não-formação de VHE como intermediário e porque o Al e o Si não são
conservativos na estrutura (entrada de Al e Si da solução externa - Equação 2). Em termos
de fertilidade do solo, verifica-se em ambas as reações (1 e 2) intensa liberação de K, Mg
e Fe no processo de "dissolução" da biotita e reprecipitação/reorganização de seus
produtos do intemperismo em minerais secundários (nesse caso, a caulinita).
Murphy et al. (1998), observando partículas de biotita em microscópio eletrônico de
transmissão acoplado com microssonda de dispersão de raios-X (MDRX), verificaram
que muitos dos cristais consistiam de uma mistura complexa de camadas de 1,05 nm
(biotita alterada) e camadas de 0,7 nm (caulinita) (Figura 10a): a região direita do cristal
contém principalmente camadas de caulinita (0,7 nm) (Figura 10b), em que as análises
microquímicas por MDRX revelaram composição química próxima à da caulinita; no
interior do cristal, os autores verificaram a ocorrência de ambas as camadas (1,05 e 0,7
nm) (Figura 10c), com composição química intermediária entre os dois minerais; na região
esquerda do cristal de biotita (Figura 10a), apenas camadas de 1,05 nm são visíveis, com
composição típica da biotita (Figura 10d).

Figura 10. Micrografias de filossilicatos obtidas por microscopia eletrônica de transmissão de


alta resolução: (a) cristal com camadas de biotita (bio) e caulinita (caul); (b) ampliação da
área identificada em (a) como caulinita. A maioria das camadas apresenta 0,7 nm de
espessura; (c) ampliação da área identificada em (a) como biotita + caulinita. Notar o
aumento na espessura do pacote de caulinita e correspondente redução na espessura do
pacote de biotita em direção à direita da imagem. As setas apontam para a junção de uma
camada individual de 1,05 nm entre duas camadas de 0,85 nm, as quais caminham para
camadas mais finas (0,72 nm); (d) ampliação da área identificada em (a) como biotita. A
maioria das camadas é de 1,05 nm de espessura.
Fonte: Murphy et al. (1998).

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274 VANDER DE FREITAS MELO ET AL.

Ainda com relação ao intemperismo de partículas de biotita, Martín-García et al.


(1999) observaram o intemperismo direto de partículas de biotitas do tamanho silte e
areia de fragmentos de micaxisto em caulinita (Figura 11).

Figura 11. Micrografias obtidas por microscopia eletrônica de varredura, mostrando os


diferentes estádios de alterações da biotita em fragmentos de micaxisto em Alfisols: a)
camadas de filossilicatos começando a abrir [esfoliação paralela ao plano (001)]; b) e c)
estádios mais avançados de alteração com perda da morfologia laminar do mineral.
Fonte: Martín-García et al. (1999).

Os fatores que afetam a transformação das micas são agrupados em: natureza do
mineral, tamanho da partícula e condições ambientais.

Natureza do Mineral

Como o início do intemperismo da mica com a formação de minerais 2:1 secundários


ocorre pela liberação de K e expansão do mineral, o fator determinante nesse processo é
a intensidade das forças internas de atração/repulsão do K coordenado nos poros
ditrigonais (Figura 7b).
Exceto para micas que contêm F na estrutura, como lepidolita, as micas trioctaedrais
(biotita) são mais susceptíveis ao intemperismo que micas dioctaedrais (muscovita)
pela liberação mais fácil do K entrecamada (Figura 6a). O F na lepidolita, ligado ao
cátion dioctaedral no lugar da hidroxila, localizado logo acima do poro ditrigonal
(Figura 5a), retém o K com maior energia do que o O da OH dada sua maior
eletronegatividade, além da ausência de H próximo ao K, como se verifica para a OH.
Essa maior atração entre F e K confere à lepidolita maior estabilidade, que é uma mica
com características trioctaedrais. Quanto maior o teor de F no mineral, maior sua
estabilidade.

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IV – RESERVA MINERAL DO SOLO 275

Nas micas sem F, a posição do H da OH depende do tipo de mica. Nas


trioctaedrais, como biotita, a ligação O-H é comumente orientada normal ao plano
da camada trioctaedral, ficando diretamente sobre o poro ditrigonal. A distância
entre o H e o K é reduzida, aumentando a repulsão e reduzindo a força de retenção
do K e, conseqüentemente, a estabilidade do mineral. A repulsão é devida à carga
positiva do K e à alta densidade de carga positiva do H da OH. Dada a diferença de
eletronegatividade entre O e H, a ligação covalente O-H é do tipo polar (o O atrai
mais fortemente o par eletrônico da ligação). Já nas micas dioctaedrais o H da OH
tende a se orientar em direção ao sítio vazio da camada octaedral (Figura 5b) (1/3
das posições octaedr ais são vazias), aumentado sua d istância com o K e a
estabilidade do mineral. A distância da ligação K-O no poro ditrigonal aumenta de
0,285 nm em micas dioctaedrais para 0,3 nm em micas trioctaedrais (Leonard &
Weed, 1970). Nos solos em que ocorre apenas a muscovita, mesmo que os teores
t otais d e K no mineral sejam alt os, as plant as, nor malment e, r espond em
positivamente a adubações potássicas.
Além da orientação da OH, outros fatores relacionados com a natureza do mineral
são importantes para determinar a força de retenção do K e sua conseqüente resistência
ao intemperismo, tais como: composição química, seqüência de empilhamento, nível de
substituição isomórfica, distorção estrutural e distribuição de sítios vazios na lâmina
octaédrica (Sparks, 1987).
Com a oxidação do Fe, alguns dos cátions octaédricos da biotita são expelidos
(Gilkes, 1973; Gilkes & Yong, 1974), o que resulta em sítios octaedrais livres, e o H da
OH pode orientar-se e ficar mais distante do K. Com isso, a biotita retém o K mais
fortemente, aumentando a estabilidade do mineral. A maior estabilidade de biotita
após oxidação também tem sido atribuída à liberação de prótons durante a oxidação,
transformando a OH em O e aumentando a força de atração e retenção do K (Ross &
Rich, 1974). Por outro lado, segundo Leonard & Weed (1970), durante o intemperismo
inicial de micas trioctaedrais, a liberação de K, em algumas camadas, pode reduzir a
estabilidade do mineral, acelerando seu intemperismo, uma vez que a liberação de K é
acompanhada por ligeiro aumento na dimensão b, o que pode afastar a ligação K-O.
Outro fator de extrema importância para definir a estabilidade da mica é a carga do
mineral, e quanto maior for a substituição nas lâminas tetraédricas, maior será a energia
de ligação do K.

Tamanho da Partícula

Espera-se que a liberação de K seja mais rápida em partículas mais finas do que em
partículas mais grossas de micas em virtude da maior superfície específica. Avaliando o
efeito da redução da concentração de K na solução do solo sobre intemperismo da mica,
após três anos de cultivo, Tributh et al. (1987) encontraram diminuição na intensidade
da reflexão (001) da ilita e aumento da esmectita nos difratogramas de raios-X,
indicando a transformação destes minerais no solo, principalmente na fração argila
mais fina (< 0,06 µm).

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276 VANDER DE FREITAS MELO ET AL.

A liberação inicial rápida de K dos minerais é, principalmente, devida ao


intemperismo de borda (Figura 8a,b), processo controlado por reações de difusão. A
difusão aumenta com a redução no tamanho da partícula. A menor liberação de partículas
grosseiras é atribuída à menor superfície específica e à maior distância em que os íons
devem difundir. Após a liberação inicial, o K nas partículas finas é liberado
preferencialmente pelo intemperismo de camadas (Figura 8c) em relação às partículas
mais grosseiras, nas quais o intemperismo de borda continua a ser o principal mecanismo.
Dessa forma, após a liberação inicial, pode haver inversão, ou seja, partículas mais
grosseiras liberam K a uma taxa maior (Figura 12). Para partículas de 50 a 60 µm, a
extração total ocorreu num período superior a três anos, enquanto esse período caiu para
dois anos para partículas de 10 a 20 µm.

Figura 12. Potássio extraído de amostras de muscovita com diferentes classes de tamanho em
solução com sódio tetrafenil boro (NaTFB).
Fonte: Adaptada de Scott (1968).

Graças à maior facilidade de intemperismo da mica trioctaedral, Ezzaïm et al. (1999)


observaram intensa alteração dos minerais micáceos, mesmo nas frações mais grosseiras
do solo, principalmente biotita em vermiculita, vermiculita trioctaedral com hidróxi-Al
entrecamadas (VHE) e caulinita (Figura 13). Essas transformações (biotita em minerais
secundários) foram acompanhadas pela redução nos teores de K 2 O, MgO e Fe2 O3 na
fração areia grossa e nos anéis de intemperismo analisados diretamente na rocha de
origem (tufos vulcânicos com 130 g kg-1 de biotita).

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IV – RESERVA MINERAL DO SOLO 277

Figura 13. Difratogramas de raios-X (radiação CuKα) das frações areia grossa (a) e silte (b) do
horizonte subsuperficial de solo originado de tufos vulcânicos. VHE - vermiculita com
hidróxi-Al entrecamadas; Mi - mica; Mi-VHE - mineral interestratificado; Ct - caulinita;
Qz - quartzo; Ab - albita; FdK - feldspato potássico.
Fonte: Adaptada de Ezzaïm et al. (1999).

Efeito de Condições Ambientais


Os seguintes fatores ambientais interferem no intemperismo das micas: atividade
e natureza dos íons na solução do solo, presença de agentes complexantes de metal,
temperatura, atividade biológica, umidade e ciclos de umedecimento e secagem. Essas
condições também definem o intemperismo dos minerais e a liberação de nutrientes das
demais classes de silicatos: neso, ino e tectossilicatos.
Os organismos e os ácidos orgânicos do solo atuam na redução da concentração
iônica da solução do solo, aumentando a taxa de liberação de K pelas micas (Wentworth
& Rossi, 1972; Havlin et al., 1985). Ácidos húmicos e fúlvicos apresentam elevada
capacidade de complexação de Fe, Al e Mg.
Quanto maior a concentração de K em volta da partícula, menor sua liberação
para a solução do solo. Como os minerais mantêm um equilíbrio com o K da solução do
solo, o elemento é liberado da estrutura do mineral, quando a concentração de K é
menor que o valor crítico, específico para cada mineral. Mas, quando a concentração é
maior do que o valor crítico, o K da solução do solo entra na estrutura das micas,
podendo ser fixado nas camadas expandidas. A concentração crítica na qual a liberação
de K é inibida varia de 2,3 a 16,8 mg L -1 para micas trioctaedrais em soluções diluídas
e abaixo de 0,1 mg L-1 para muscovita (Martin & Sparks, 1985). Para que a muscovita
libere K, sua concentração na solução do solo deve cair a valores muito baixos
comparada com a liberação pela biotita. A sensibilidade da muscovita ao teor de K na

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278 VANDER DE FREITAS MELO ET AL.

solução do solo é o fator ambiental mais importante para sua resistência, mesmo na
fração argila dos solos.
Com a difratometria de raios-X (DRX), é possível acompanhar, principalmente por
meio da relação entre as intensidades das reflexões basais desses minerais [(R =
intensidade da reflexão (001)/intensidade da reflexão (002)], o intemperismo da biotita
e muscovita em amostras onde os minerais coexistem. Pal et al. (2001a) observaram que
a maior liberação de K não-trocável e estrutural em solos ricos em partículas finas de
biotita e muscovita foi de um Typic Ustochrept (Figura 14). Esse solo apresentou teor
acumulado de K de 450 mg kg-1 após 24 extrações com BaCl2 1 mol L -1 e o maior valor de
R, indicando o predomínio de cristais trioctaedrais. No Typic Haplaquept, houve liberação
máxima de K de 6 mg kg-1 e valores de R próximos de 1,0, principalmente para os minerais
na fração argila, indicando a ocorrência apenas de muscovita. No caso de mistura das
duas micas, ambas irão contribuir para a intensidade da reflexão basal (001) em 1,0 nm,
enquanto a contribuição da biotita para a reflexão (002) em 0,5 nm é inexpressiva,
resultando alto valor para a relação das intensidades das reflexões (R > 1,0).

Figura 14. Relação entre o número de extrações com BaCl 2 1 mol L -1 e a liberação acumulada de
K de solos indianos formados de diferentes materiais de origem.
Fonte: Pal et al. (2001a).

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IV – RESERVA MINERAL DO SOLO 279

Além do efeito da diminuição dos teores dos elementos na solução do solo,


aumentando a liberação de formas estruturais, o processo de absorção de cátions
(principalmente de NH4 +) pelas plantas acarreta, também, a formação de microrregião
com alta concentração de H+, acelerando o processo de liberação de K (Rice & Kamprath,
1968). Adicionalmente, ácidos orgânicos são exsudados pelas raízes e produzidos no
solo, por meio da decomposição de resíduos de plantas e de animais, pelo metabolismo
de microrganismos, especialmente em solos florestais, promovendo um ataque ácido
aos minerais do solo, liberando os elementos para a solução. A atividade biológica
também pode facilitar o processo de intemperismo das micas por meio de desagregação
física das partículas, facilitando a passagem das partículas de mica para as frações
mais finas do solo (Figura 15).

Figura 15. Detalhe de uma hifa fúngica separando as partículas de mica da parte externa de um
fragmento de arenito.
Fonte: Certini et al. (2003).

A lixiviação apresenta papel importante na redução da atividade de K da solução


do solo. Em condições de boa drenagem, alta proporção de K é perdida por lixiviação,
acelerando o processo de intemperismo das micas.
Considerando os efeitos de fatores ambientais discutidos anteriormente, é previsível
a existência de forte interação entre o manejo dos solos, como a intensidade de cultivo, e
o intemperismo das micas e a taxa de liberação de nutrientes. Surapaneni et al. (2002)
avaliaram a disponibilidade de K em várias classes de solos da Nova Zelândia e
observaram estreita e inversa relação entre nível de utilização dos solos com pastagem e
teor de K disponível e de mica. Os solos sob condições naturais (mata) continham 66 a
130 % mais mica do que os solos correspondentes sob intensa utilização. Por outro lado,
nos solos sob pastagem, verificou-se aumento nos teores de minerais interestratificados
mica-vermiculita e mica-esmectita.

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280 VANDER DE FREITAS MELO ET AL.

Tectossilicatos
Os feldspatos são os principais minerais silicatados do grupo dos tectossilicatos e
constituem importante fonte de nutrientes, especialmente K e Ca. São silicatos de Al com
K, Na e Ca e, raramente, Ba. Podem pertencer aos sistemas monoclínico ou triclínico,
porém os cristais dos diferentes sistemas mostram semelhantes hábitos cristalinos e
ângulos de clivagem (próximo de 90 º) (veja capítulo II). Os feldspatos são constituídos
por cadeias tridimensionais de tetraedros de SiO4 e AlO4 (na proporção 3:1) ligados em
todas as direções pelos O dos tetraedros. Como, para cada quatro átomos de silício (Si)4+,
um é substituído por alumínio (Al)3+, este excesso de carga negativa permite a introdução
de um cátion monovalente para cada tetraedro de AlO4 na estrutura do mineral.
Conseqüentemente, para cada quatro tetraedros existe um átomo de K ou Na para manter
a eletroneutralidade. Por sua vez, a introdução de um cátion divalente, como o Ca ou Ba,
exige 50 % de substituição de tetraedros de Si por tetraedros de Al. Além do K, Na, Ca e
Ba, outros cátions, em menor extensão, como Fe, Pb, Rb e Cs, podem ocupar estas posições,
existindo certo grau de substituição isomórfica entre eles.
De acordo com sua composição química, os feldspatos formam três grupos principais:
potássicos, sódio-cálcicos e báricos. Todos têm praticamente a mesma estrutura,
consistindo de cadeias de anéis com quatro tetraedros paralelos ao eixo a, ligando-se a
outras cadeias, também paralelas, por ligações iônicas por meio dos íons K+, Na+, Ca2+ ou
Ba2+ e, ou, pelo compartilhamento de átomos de O (Huang, 1989). Uma cadeia em zigue-
zague é formada pela superposição de cadeias de anéis com quatro tetraedros que
compartilham alguns de seus vértices para formar novos anéis. A repetição de cadeias
na direção a varia entre as espécies de feldspato de 0,81 a 0,86 nm (Figura 16).

Figura 16. Aspecto da estrutura essencial dos feldspatos projetada no plano (001) onde os
círculos pretos pequenos são átomos de silício e alumínio e os círculos maiores são átomos
de oxigênio.
Fonte: Adaptada de Huang (1989).

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IV – RESERVA MINERAL DO SOLO 281

Considerando que os feldspatos de Ba são raros e por isto têm importância


secundária, os feldspatos comuns podem ser considerados como soluções sólidas entre
os três componentes: feldspatos potássicos (KAlSi3O8), albita (NaAlSi3 O8 ) e anortita (CaAl2
Si2 O8 ), com unicamente K, Na ou Ca, respectivamente. Os fedspatos ricos em K ou Na e
pobres em Ca são denominados feldspatos alcalinos, enquanto os ricos em Ca e, ou, Na
e pobres em K são denominados plagioclásios (Figura 17).

Figura 17. Variação na composição dos feldspatos.


Fonte: Adaptada de Dana & Hurbult (1978).

O feldspato potássico admite até 30 % de Na (relativamente ao K) e até 8-9 % de Ca


na sua estrutura, ao passo que os plagioclásios admitem até 30 % de K nos mais sódicos
e até menos de 7 % de K nos mais cálcicos. Este fato tem importância muito grande, uma
vez que os plagioclásios podem suprir algum K em solos com ausência de feldspatos
potássicos, como solos desenvolvidos de basalto, enquanto feldspatos potássicos podem
suprir algum Ca em solos com teores muito baixos de plagioclásios.
Os feldspatos potássicos (ortoclásio, microclínio, sanidina e adulária) apresentam
a mesma composição química. Sanidina é um feldspato monoclínico com pequeno ângulo
axial óptico e comumente ocorre em rochas vulcânicas. O ortoclásio também apresenta
sistema monoclínico, mas o ângulo axial óptico é grande. Já o microclínio é triclínico,
com grande ângulo axial óptico. E, por último, a adulária pode ser tanto monoclínica
como triclínica, com ocorrência limitada a veios com baixa temperatura hidrotermal
(Huang, 1989). Um fenômeno muito comum nos feldspatos potássicos, principalmente o
microclínio, é a pertitização, que são exsoluções de albita. A pertitização decorre do fato
de que em altas temperaturas (> 500 ºC) o feldspato potássico admite altas quantidades
de Na na sua estrutura (Figura 17). Entretanto, quando a temperatura diminui, as

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282 VANDER DE FREITAS MELO ET AL.

exigências do retículo aumentam, e delgadas camadas de albita se separam dentro do


cristal de feldspato potássico hospedeiro. Dessa forma, o microclínio pertitizado pode
conter bem mais de 30 % de Na em relação ao K.
O microclínio e o ortoclásio são componentes comuns das rochas ígneas plutônicas
e vulcânicas ácidas e intermediárias, inclusive as alcalinas, incluindo granitos,
granodioritos e sienitos e seus equivalentes vulcânicos (riolitos, dacitos, traquitos e
fonolitos). Aparece também em rochas metamórficas, como os gnaisses e granulitos, sendo
importantes para fornecimento de K para as plantas. O feldspato potássico apresenta
resistência média ao intemperismo (veja capítulo V) e pode persistir no processo de
alteração e transporte de sedimentos, compondo certa fração dos arenitos e siltitos.
Quando a proporção em relação ao quartzo ultrapassa 25 %, a rocha sedimentar é
chamada de arcósio. Dessa forma, a presença do feldspato potássico representa reserva
potencial de K nos solos derivados de alguns arenitos, principalmente os arcosianos. Na
figura 18 é mostrado o intemperismo de partículas de feldspato potássico, recristalização
do Si e Al em sua própria superfície (processo de nucleação) e formação de mineral
filossilicato secundário 2:1.

Figura 18. Micrografias obtidas por microscopia eletrônica de varredura de saprolito de rocha
rica em feldspato no Sudeste da Austrália: (a) início de intemperismo no plano (001) do
feldspato; (b) superfície fraturada de cristal de feldspato-K; (c) Produtos secundários
formando na superfície fraturada do feldspato; (d) esmectita (Es) formando como
encrustação na superfície altamente intemperizada do feldspato.
Fonte: Tonui et al. (2003).

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IV – RESERVA MINERAL DO SOLO 283

Os feldspatos plagioclásios formam uma série de solução sólida desde a albita pura
(NaAl Si3O8) até a anortita pura (CaAl2 Si2O8), no qual o Ca substitui o Na , com substituição
simultânea do Si por Al, em todas as proporções (Quadro 8). A fórmula geral para os
plagioclásios é Na1-xCaxAl1+xSi3-xO8, em que x varia de 0 a 1 e Na+Ca = 1.

Quadro 8. Série de minerais plagioclásios

Proporção Albita Proporção Anortita


______________________ % ____________________
Albita 100-90 0-10
Oligoclásio 90-70 10-30
Andesina 70-50 30-50
Labradorita 50-30 50-70
Bytownita 30-10 70-90
Anortita 10-0 90-100
Fonte: Dana & Hurbult (1978).

Os plagioclásios são importantes formadores de rochas ígneas, tanto vulcânicas


quanto plutônicas, desde ácidas até ultrabásicas, crescendo o teor de Ca em relação ao
Na neste sentido (Figura 2). Nas rochas ácidas, encontram-se a albita e o oligoclásio; nas
intermediárias, a andesina e a labradorita, e nas básicas, a labradorita e a bytownita.
Existem casos extremos de rochas compostas somente por anortita (anortositos). Os
plagioclásios também participam da composição das rochas metamórficas de mais alto
grau (gnaisses e granulitos).
Os plagioclásios variam muito em relação à resistência ao intemperismo: os cálcicos
têm resistência comparável à da olivina, ou seja, fazem parte dos minerais menos
resistentes, não persistindo nos solos. Por outro lado, a resistência aumenta na medida
em que se tornam mais sódicos, podendo permanecer na fração areia e silte dos solos,
acompanhando os feldspatos potássicos (Sparks & Huang, 1985).

FORMAS DE K, Ca E Mg NO SOLO

O K encontra-se no solo nas formas estrutural, não-trocável, trocável e na


solução do solo. Já o Ca e Mg estão na forma estrutural, trocável e na solução (Mengel
& Kirkby, 1987; Tisdale & Nelson, 1993). Estas formas encontram-se em equilíbrio
dinâmico, e sua utilização pelas plantas ocorre a partir da solução do solo (Figura
19). Quando o teor na solução diminui, pela remoção do elemento pelas plantas ou
por lixiviação, ocorre reposição da fase sólida para a solução, numa tentativa de
restabelecer o equilíbrio. A disponibilidade destes nutrientes para as plantas,

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284 VANDER DE FREITAS MELO ET AL.

portanto, não depende somente da sua concentração na solução do solo, mas


principalmente da capacidade do solo em mantê-la (Mengel & Kirkby, 1987). Essa
capacidade constitui o fator capacidade, mais comumente denominado poder-
tampão, definido pela relação Q/I, em que Q (fator quantidade) representa o cátion
na fase sólida, em equilíbrio com a solução, e I (fator intensidade) representa a
concentração atual do íon na solução. Teoricamente, se todas as formas estão ligadas
a este equilíbrio, todas podem ser liberadas para a solução. Entretanto, a velocidade
com que cada uma é liberada varia com o tipo de reação química envolvida e com a
composição mineralógica do solo.

Figura 19. Representação do equilíbrio entre as formas de potássio, cálcio e magnésio no solo.

Em geral, admite-se que entre as formas de K, Ca e Mg a disponibilidade para as


plantas esteja na seguinte seqüência: solução > trocável > não-trocável > estrutural
(Martin & Sparks, 1985). Logo, o equilíbrio imediato entre quantidade e intensidade
normalmente é representado pelas formas trocável ↔ solução, as quais são
consideradas prontamente disponíveis para as plantas. Somente ocorre a liberação
de formas não-trocáveis e, ou, estruturais em concentrações muito baixas do elemento
na solução e após grande parte da forma trocável haver sido removida.
Pressupondo serem os teores totais de K, Ca e Mg no solo provenientes do material
de origem, as diferenças entre solos, na proporção relativa das diversas formas destes
nutrientes, decorrem de variações na constituição mineralógica, na granulometria e no
grau de intemperismo dos mesmos, que, por sua vez, são resultantes dos fatores e processos
pedogenéticos que atuaram na formação do solo. Neste contexto, de forma generalizada,
pode-se afirmar que solos menos intemperizados, com presença de minerais primários
fontes de K, Ca e Mg e com predominância de argilominerais 2:1, dispõem de maiores
reservas destes nutrientes nas formas estruturais e, ou, não-trocáveis. Por outro lado, em
solos mais intemperizados, com predominância de argilominerais 1:1 e quantidades

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IV – RESERVA MINERAL DO SOLO 285

mínimas de minerais primários fontes de K, Ca e Mg, as formas estruturais e não-trocáveis


são menos significativas.

Formas Prontamente Disponíveis para as Plantas (Solução


do Solo e Trocável)
Potássio
A concentração de K na solução do solo é, normalmente, baixa (1 a 10 mg L -1 )
e, quando comparada aos teores totais, pode representar apenas 0,1 a 2 % do
Ktotal (Tisdale & Nelson, 1993). Os teores de K na solução dependem das reações
de equilíbrio e cinética entre as outras formas do nutriente, conteúdo de água do
solo e concentração de íons bivalentes na solução e na fase trocável (Martin &
Sparks, 1985). O K solução constitui a forma mais prontamente disponível às
plantas, porém é também facilmente lixiviável, especialmente em solos arenosos
e, ou, com baixa capacidade de troca de cátions (CTC). Em solos de regiões áridas
ou em solos salinos, os teores de K na solução tendem a ser mais altos que em
solos de regiões úmidas.
O K trocável é constituído do K adsorvido eletrostaticamente às cargas negativas da
superfície da matéria orgânica e de argilominerais, como complexos de esfera externa
(adsorção não- específica) ou na forma de "nuvem" de íons difusíveis (Dupla Camada
Difusa) (Sposito, 1989), sendo facilmente deslocado por outros cátions. Seus teores podem
chegar até 600 mg kg-1 (Tisdale & Nelson, 1993), correspondendo de 1 a 10 % do K-total
(De Datta & Mikkelsen, 1985). No quadro 9, encontra-se a distribuição das formas de K
em relação aos teores totais, na camada arável (0-20 cm) de alguns solos do Estado do
Rio Grande do Sul (Nachtigall & Vahl, 1989). Os valores médios obtidos para K trocável
e K solução representaram 0,9 e 0,07 % de K total, respectivamente, evidenciando a
ocorrência em maior proporção nestes solos das formas K não-trocável (2,1 %) e princi-
palmente K estrutural (96,3 %).
O K trocável tem sido extraído quimicamente por sais neutros, ácidos diluídos,
resinas de troca catiônica e eletro-ultra-filtração (Sparks,1980). Nessas determinações, o
K solução está incluído, o que não compromete a estimativa do K trocável dado o reduzido
teor da primeira forma. Em estudos mais específicos, o K solução pode ser obtido por
meio de extrações com água deionizada. Nos laboratórios brasileiros de análise de solo
para fins de fertilidade, as formas prontamente disponíveis de K (solução mais trocável)
são quantificadas usando-se solução neutra de acetato de amônio (NH4 OAc 1 mol L -1),
solução de Mehlich-1 (HCl 0,05 + H2 SO4 0,0125 mol L -1) ou resina de troca catiônica. O
acetato de amônio, entretanto, deve ser usado com precaução em solos com predominância
de argilominerais 2:1, uma vez que o NH4 + (raio de 0,143 nm) pode deslocar o K (raio de
0,133 nm) de sítios de adsorção mais específicos, superestimando a fração trocável (Martin
& Sparks, 1983).

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286 VANDER DE FREITAS MELO ET AL.

Quadro 9. Distribuição percentual entre as formas de potássio na camada arável (0-20 cm) de
alguns solos da região sul do Rio Grande do Sul

Unidade de K K não- K K
Classificação K total
Mapeamento estrutural trocável trocável solução

mmol kg-1 ____________________ % do K total _____________________

P. Machado Neossolo Litólico


724 98,1 1,5 0,4 < 0,1
Distrófico típico
Bexigoso Luvissolo
589 97,0 3,3 0,4 < 0,1
Hipocrômico Órtico
típico
Camaquã Argissolo
205 97,7 1,3 0,9 < 0,1
Vermelho-Amarelo
Distrófico típico
Pelotas Planossolo
203 99,1 0,5 0,5 < 0,1
Háplico
Eutrófico solódico
Aceguá Vertissolo Ebânico
407 99,6 4,6 1,8 < 0,1
Órtico chemossólico
Bagé Planossolo Háplico
309 97,1 2,0 0,9 < 0,1
Eutófrico vértico
Formiga Chernossolo
172 96,8 2,3 0,9 < 0,1
Argilúvico
Carbonático típico
Santa Tecla Argissolo Vermelho
81 95,2 2,7 1,8 0,3
Eutrófico latossólico
Tuia Argissolo
90 98,3 1,3 0,3 0,1
Vermelho-Amarelo
Distrófico típico
Alto das Argissolo Vermelho
146 96,0 2,5 1,4 0,2
Canas Distrófico
latossólico
Matarazzo Argissolo
185 98,0 1,1 0,7 0,2
Vermelho-Amarelo
Distrófico típico
Fonte: Adaptado de Natchigall & Vahl (1989).

Cálcio e Magnésio
As formas de Ca e Mg na solução, como discutido para o K, dependem do
equilíbrio entre as outras formas desses nutrientes (Figura 19). Os teores de Ca e Mg
em solução variam amplamente entre solos e tendem a ser mais elevados do que os de
K (Quadro 10).

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IV – RESERVA MINERAL DO SOLO 287

Quadro 10. Teores de potássio, cálcio e magnésio trocáveis e na solução de alguns solos (0-20 cm)
da região sul do Rio Grande do Sul

Unidade de Trocável Solução


Classificação
mapeamento
K+ Ca2+ Mg2+ K+ Ca2+ Mg2+

____________ mmolc kg-1 ____________ ______________ mmolc L-1 _____________


Vertissolo Ebânico Órtico
Aceguá 7,7 238 42 0,6 30,2 4,5
chernossólico
Luvissolo Hipocrômico
Bexigoso 2,9 24 7 1,8 10,0 6,6
Órtico típico
Planossolo Háplico
Pelotas 0,6 20 13 0,1 9,6 9,6
Eutrófico solódico
Argissolo Vermelho-
Camaquã 4,3 13 17 3,2 4,4 23,6
Amarelo Distrófico típico
Argissolo Vermelho-
Tuia 0,3 2 6 1,0 4,6 7,8
Amarelo Distrófico típico
Fonte: Vahl et al. (1987).

O Ca normalmente é mais abundante na solução do solo (30 a 300 mg L -1) do que o


Mg (5 a 50 mg L -1) (Tisdale & Nelson, 1993). A dinâmica do Ca e Mg na solução é menos
complexa que a do K, e os elementos podem ser perdidos por lixiviação, absorvidos por
planta e, ou, microrganismos e adsorvidos aos colóides do solo.
O Ca é retido no complexo de troca com mais força que o Mg, sendo o cátion
predominante na CTC dos solos, comparativamente ao Mg. Isso se explica por sua posição
na série liotrópica (Al3+ > Ca2+ > Mg2+ > K + = NH4+ > Na+), decorrente do seu menor raio
iônico hidratado. O Mg tem raio iônico hidratado maior e fica a uma distância maior da
carga negativa no sítio de troca, resultando uma menor força de adsorção.
Nos laboratórios de fertilidade de solo do Brasil, as formas de Ca e Mg no solo
prontamente disponíveis (trocáveis e solução) são, normalmente, extraídas com NH4OAc
neutro 1 mol L -1 , KCl 1 mol L -1 ou resinas de troca catiônica.

Reserva (Formas Não-Trocáveis e Estruturais)


A maior fração do K, Ca e Mg do solo encontra-se em formas estruturais, e sua
liberação para formas disponíveis depende de reações químicas de dissolução dos
minerais. Como a fração dos minerais menos resistentes ao intemperismo é reduzida
com o decorrer do tempo, a taxa de intemperismo também é reduzida. Isso implica que o
suprimento de nutrientes dos solos é finito e relacionado com processos de formação do
relevo (que define o grau de desenvolvimento dos solos) e com a escala de tempo geológico
(tempo absoluto de intemperismo).
As taxas de intemperismo químico determinadas por experimentos de dissolução
de minerais em laboratório somente fornecem valores a curto prazo, os quais são,
normalmente, muitos superiores aos das naturais em condições de campo. A estimativa

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288 VANDER DE FREITAS MELO ET AL.

da taxa de intemperismo em condições naturais como variável do tempo é mais difícil,


mas uma aproximação que torna isso possível são os estudos de cronosseqüência. Por
definição, cronosseqüência é um grupo de solos que diferem em idade, mas apresentam
material de origem, clima, vegetação e posição na topografia similares.
A expressiva contribuição de formas de K não-trocável na absorção deste nutriente
pelas plantas tem sido constatada em vários estudos com solos do Brasil. O suprimento
desse nutriente não é feito, exclusivamente, pela forma trocável, o que realça a importância
de se levarem em conta as características mineralógicas dos solos na avaliação da
disponibilidade de K para as culturas, bem como a possível contribuição de outras formas
(Crisóstomo & Castro, 1970; Oliveira et al., 1971; Mielniczuk & Selbach, 1978; Raij &
Quaggio, 1984; Nachtigall & Vahl, 1991a; Meurer & Anghinoni, 1993; Rosolem et al.,
1993; Silva et al., 1995; Natale et al., 1996; Simonete et al, 1998; Castilhos & Meurer ,
2002).
Resultados de estudos em áreas com cultivos sucessivos evidenciaram expressiva
contribuição de formas não-trocáveis de K no total absorvido pelas plantas. Patella (1980)
constatou que o teor de K trocável de um solo originado de granito no Rio Grande do Sul
diminuiu muito pouco, durante 15 anos de cultivo, com trigo na parcela sem adubação,
revelando a alta capacidade do solo estudado em repor o K absorvido pelas plantas a
partir de formas inicialmente não-trocáveis. De acordo com Richards et al. (1988), a
contribuição de formas não-trocáveis de K no total absorvido pela alfafa, também em
cultivos sucessivos, variou de 0 a 86 %. Nos solos com elevado teor de K, as plantas
absorveram apenas formas trocáveis do nutriente. Pela mesma razão, Nacthigall & Vahl
(1991b) verificaram que a contribuição de formas não-trocáveis na nutrição de milho e
azevém variou de 1 a 85 %.
A contribuição de formas não-trocáveis de Mg também é muito importante para o
suprimento do nutriente para as plantas (Rice & Kamprath, 1968; Christenson & Dol,
1973). Segundo esses autores, grande percentagem do total de Mg absorvido pelas plantas
com cultivos sucessivos adveio de formas estruturais. Em muitos solos, a maior proporção
de Mg estava associada com argilas silicatadas, fazendo parte da estrutura cristalina de
micas e ilita (Rice & Kamprath, 1968).

Potássio
O maior teor de K é encontrado nos minerais primários, principalmente nas micas
(muscovita, 70 a 110 g kg -1 de K 2 O; biotita, 60 a 100 g kg -1 de K 2 O) e feldspatos
(ortoclásio, microclina e sanidina - 40 a 150 g kg -1 de K 2 O) (Jackson, 1979).
O K não-trocável é comumente chamado de fixado e representa formas não
prontamente disponíveis para as plantas. As formas não-trocáveis e estruturais de
K são as reservas de médio a longo prazo para as plantas. O K estrutural está ligado
dentro da estrutura do mineral e a liberação de K não-trocável é um processo
reversível, enquanto a liberação do K estrutural é irreversível, envolvendo reações
de dissolução.
O K não-trocável é retido nos poros ditrigonais (Figura 7b) entre lâminas tetraédricas
adjacentes de minerais de argila do tipo 2:1, tais como vermiculita e minerais de argilas

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IV – RESERVA MINERAL DO SOLO 289

interestratificados. O K é ligado por forças coulômbicas em coordenação com as cargas


negativas geradas por substituição isomórfica, sendo a ligação favorecida pelo seu
raio iônico (0,133 nm), que se ajusta ao tamanho do poro ditrigonal e por sua baixa
energia de hidratação (0,337 kJ mol-1 ) (Wada & Kakuto, 1993). A força de ligação nos
minerais 2:1 com alta densidade de carga negativa estrutural excede a de hidratação
do íon, resultando a desidratação do K, o ajuste do cátion nos retículos ditrigonais da
lâmina tetraédrica e no colapso da estrutura do mineral. Ao saturar Mg-vermiculita
com íons K, por exemplo, as estruturas colapsam, passando de uma distância basal de
1,4 para 1,0 nm, o que impede o acesso momentâneo da solução do solo entre as
estruturas 2:1 do mineral. Assim, os íons K são fisicamente presos em graus variados,
limitando sua difusão. A liberação de K desses sítios é um processo muito lento, quando
comparado com a mobilidade de K na solução do solo. O coeficiente de difusão pode
variar de 5 x 10 -19 cm2 s -1 na ilita (Quirck & Chute, 1968) a 7 x 10-9 cm2 s -1 em minerais
interestratificados (d = 1,0 e 1,4 nm) (Smith et al., 1968), enquanto, na solução do solo,
a taxa de difusão é de 2 x 10-5 cm2 s -1 . A liberação numa taxa apreciável envolveria
expansão das unidades do mineral e hidratação dos íons K nas entrecamadas. Essa é a
razão por que o coeficiente de difusão é maior em minerais já parcialmente expandidos
do que na ilita.
O K não-trocável também pode ser encontrado em zonas em cunha (transição entre
1,0 e 1,4 nm) de micas parcialmente intemperizadas (Figura 8a,b). Nessas áreas, os cátions
com menor energia de hidratação, como o K, podem perder a água de hidratação e penetrar
mais profundamente nas cunhas, atingindo locais mais estreitos (sítios de adsorção
específica), onde os cátions com maior raio iônico hidratado e alta energia de hidratação
(Ca e Mg) não conseguem chegar (Figura 20). Os cátions hidratados de maior valência
são preferidos nas bordas das camadas expandidas (sítio 1e) (1,4 nm), pela adsorção em
sítios não-seletivos.

Figura 20. Modelo de camadas silicatadas 2:1 (minerais micáceos parcialmente intemperizados)
com sítios planar (p), borda (b), camada expandida (le), cunha (c) e fenda ou fratura (f) de
adsorção de potássio, mais a forma estrutural do nutriente (i - entrecamada).
Fonte: Adaptada de Kirkman et al. (1994).

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290 VANDER DE FREITAS MELO ET AL.

A posição planar (p) e a de borda (b) (Figura 20) apresentam baixa seletividade por
K, representando sítios de adsorção de formas trocáveis. As posições de cunha, com
média seletividade, e de fenda, com média/alta seletividade, são considerados sítios de
K não-trocável e a posição entrecamada, com alta seletividade, como K estrutural
(disponível para as plantas somente por meio de intemperismo químico).
Nos quadros 11 e 12 é possível identificar a grande variação das formas de K de
acordo com a mineralogia das frações dos solos. Mesmo com predomínio de caulinita na

Quadro 11. Composição mineralógica das frações areia, silte e argila de solos dos Campos Gerais,
Paraná, e teor de Potássio extraído da fração argila pelo tratamento com NaHSO4

Mineral(2) K Mica(3)
Solo(1) Perfil
Areia Silte Argila
mg kg –1 g kg-1
Qz, hm, gb, mi Qz, ct, gb, hm Ct, gb, gt, hm, vhe, mi 1.988 24,0
CX 1
(traço) (traço)

LB 2 Qz, gb, ct, hm, im Qz, ct, gb, hm Ct, gb, gt, hm 605 7,3

RL 3 Qz, mi Qz, ct, mi Ct, Gb, mi, vhe, gt, qz, imv 24.018 289,5

Qz, ct, mi, Ct, gb, gt, hm, vhe, 6.286 75,8
CX 4 Qz, ct gb, hm mi (traço)

Qz, hm, fd-K Qz, ct, hm, Ct, gb, gt, hm, vhe 2.432 29,3
NX 5
(traço) mi (traço)

Qz, ct, gt, fd-K, Ct, mi, gt, qz, gb, vhe, 8.360 100,8
CX 6 Qz, fd-K
hm, mi interestratificados mi-vhe

Qz, hm, mi Qz, ct, hm, Ct, gb, qz, gt, mi (traço), 4.013 48,4
LB 7
(traço) mi, cl cl (traço)

CX 8 Qz, ma, hm, im Qz, ct, hm, im Ct, gt, hm, vhe, gb (traço) 2.482 29,9

Qz, hm, ma Qz, ct, il, hm Ct, gb, qz, gt, hm, cl, 4.507 54,3
LV 9
(traço) mi (traço)

Qz, mi (traço), Qz, mi, ct, fd-K Ct, mi, fd-K, vhe, imv, 25.500 307,3
CX 10 gt, hm
fd-K (traço)
(1)
CX - Cambissolo Háplico; LB - Latossolo Bruno; RL - Neossolo Litólico; NX - Nitossolo Háplico;
LV - Latossolo Vermelho; (2)Caracterização mineralógica por difratometria de raios-X (DRX). A
primeira letra maiúscula indica o predomínio do mineral: qz-quartzo, mi-mica, im-ilmenita,
fd-K-feldspato potássico, ma-magnetita, cl-clorita, ct-caulinita, gb-gibssita, gt-goethita,
hm-hematita, vhe-vermicilita hidróxi-Al entre camadas, imv-interestratificado mica/VHE
e il-ilita.O termo traço indica o aparecimento de apenas discretas reflexões do mineral por
DRX. (3) teor de mica estimado na fração argila a partir do K extraído pelo NaHSO 4 e
considerando uma concentração média de 100 g kg -1 de K 2O no mineral.
Fonte : Martins et a l. (20 04a ).

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IV – RESERVA MINERAL DO SOLO 291

Quadro 12. Teores de potássio na terra fina seca ao ar obtidos por diferentes métodos de extração
em solos dos Campos Gerais, Paraná

Método de extração

K disponível Ácido nítrico fervente (mol L-1) K-mica K total


Solo(1)
NH4Ac NaHSO4 HF, HNO3, H2SO4
Mehlich-1 0,25 0,5 1 2 4
1 mol L-1 cristais concentrados

_________________________________________________________________ mg kg-1 ___________________________________________________________________

CX 23 21 15 16 21 26 46 555 1.496
LB 39 37 21 23 23 36 52 456 801
RL 51 48 47 71 196 841 1.115 4.161 4.872
CX 82 79 54 64 72 135 1.086 3.766 4.376
NX 47 40 33 34 35 49 70 1.543 1.993
CX 55 55 56 226 841 1.663 2.025 4.754 22.374
LB 90 91 63 72 188 802 1.115 1.938 2.886
CX 137 142 131 185 243 861 1.262 1.691 2.390
LV 121 111 82 161 196 783 1.115 3.173 4.276
CX 66 70 53 63 211 802 1.145 11.226 14.106
(1)
CX - Cambissolo Háplico; LB - Latossolo Bruno; RL - Neossolo Litólico; NX - Nitossolo Háplico;
LV - Latossolo Vermelho.
Fonte: Martins et al. (2004a).

fração argila e quartzo nas frações areia e silte, Martins et al. (2004a) detectaram minerais
micáceos em todas as amostras, inclusive nos solos altamente intemperizados (Perfis 2,
7 e 9). Os teores de K total na terra fina seca ao ar variaram de 801 a 22.374 mg kg-1, os
quais acompanharam os teores de mica na fração argila dos solos (variação de 7,3 a
307,3 g kg-1). A reserva mineral de K nos solos, extraída pelo HNO3 (formas não-trocáveis)
e HF (total) foi determinada pelo material de origem e estádio de desenvolvimento, sendo
mais expressiva nos Cambissolos, principalmente nos originados de micaxisto (Perfis 5
e 6) e conglomerado (Perfil 10).
Utilizando os mesmos métodos de determinação das formas de K em classes de
solos no Rio Grande do Sul, Melo et al. (1995a,b) observaram estreita relação entre reserva
de K no solo e teor de minerais primários fontes do nutriente no material de origem. Os
maiores teores totais foram encontrados em solos originados de rochas graníticas, ricas
em microclínio, ortoclássio e mica, portanto, com alta reserva potencial de K. Os autores
verificaram tendência de os teores totais do nutriente aumentarem com a profundidade
dos solos, coincidindo com o aumento nos teores de silte mais argila do horizonte
superficial para o horizonte B. Essa maior liberação de formas não-trocáveis das frações
mais finas do solo foi também observada por Smith & Matthews (1957), McLean & Brydon
(1963) e Simard et al. (1989).
Graças à grande ocorrência de minerais primários fontes de K, a reserva desse
nutriente no solo é, normalmente, mais expressiva que a reserva de Ca e Mg. Fichter et

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292 VANDER DE FREITAS MELO ET AL.

al. (1998) estudaram a relação entre a reserva de K, Ca e Mg e a mineralogia das


frações de dois perfis de solos, originados de granito leucocrático. Em todas as
amostras, os teores de areia foram superiores a 600 g kg -1. Os autores tomaram uma
camada fixa de solo (1 cm) e, com base nos teores totais de K, Ca e Mg, na textura e no
teor dos minerais fontes desses nutrientes nas frações dos solos, estimaram a reserva
de K, Ca e Mg em diferentes profundidades dos perfis (Figura 21). Em ambos os solos,
a areia grossa armazenou maiores teores de Ca. No perfil 1, o nutriente foi armazenado
principalmente na apatita (mineral com 56,8 % de CaO). Os principais minerais fontes
de Mg total nas frações dos solos foram a esmectita (teor médio de 25 % de MgO -
mineral trioctaedral) e ilita. Considerando apenas a camada de 1 cm de solo, no perfil 2 (90
a 110 cm), existe uma reserva estimada de 3.600 kg ha-1 de K nas frações areia, silte e argila.
Em razão dos altos teores de K2O no feldspato-K (16 %) e dos maiores teores do mineral nas
frações mais grosseira, essa foi uma importante fonte de K na fração areia. Fichter et al.
(1998) concluíram que, mesmo sendo ácidos (pH variando de 3,7 a 4,9) e com baixa saturação
por bases (3 a 17 %), os solos florestais estudados apresentaram expressiva reserva de
longo prazo de nutrientes para as árvores, notadamente K.

Figura 21. Armazenamento de potássio, cálcio e magnésio em minerais e frações de dois perfis
de solos originados de granito. A linha horizontal no interior da figura representa a
contribuição relativa dos minerais indicados na reserva dos nutrientes.
Fonte: Fichter et al. (1998).

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IV – RESERVA MINERAL DO SOLO 293

Cálcio e Magnésio
Dada a inexistência de sítios específicos de adsorção, como discutido para K, as
reservas de Ca e Mg nos solos estão associadas apenas às formas estruturais (ausência
de Ca e Mg não-trocáveis). A ocorrência de Mg estrutural no solo é devida, principalmente,
à presença de micas e minerais filossilicatados secundários trioctaedrais ou
dioctaedrais com Mg na camada octaédrica em substituição ao Al, como vermiculita
e esmectita.
A biotita, principal fonte de Mg estrutural para os solos, de acordo com a fórmula
mínima do mineral [K(Mg2 Fe)AlSi3 O10(OH)2 ], apresenta 180 g kg-1 de MgO (Jackson, 1979).
Newman & Brown (1987) compilaram vários estudos sobre a composição química dos
minerais nos solos, e os teores de MgO dos principais minerais filossilicatados
apresentados foram (g kg-1): esmectitas dioctaedrais (montmorilonita) - 20,9 a 73,
esmectitas trioctaedrais (saponita) - 112,1 a 332,8, vermiculitas - 209,2 a 296,6, mica
dioctaedral - 0,5 a 50,2, mica trioctaedral (Mg-biotita) - 135,1 a 197,4, ilita - 0,5 a 22,5,
clorita trioctaedral - 95,2 a 386,1, interestratificado ilita/esmectita - 21,9 a 41,
interestratificado esmectita/caulinita - 9,6 a 29,6. Assim, os teores de Mg foram maiores
nos minerais trioctaedrais e, dentro desta classe, os minerais primários eram mais ricos em
formas estruturais do nutriente. A reserva de Mg para os solos mais intemperizados está
limitada a partículas residuais de mica trioctaedral (biotita), vermiculita com hidróxi
entrecamadas, presença de camadas de biotita no interior de esmectitas e caulinita e de Mg
substituindo o Al na camada octaédrica dos minerais filossilicatos.
Melo et al. (1995b) extraíram Mg por diferentes métodos (Quadro 13) e verificaram
menor reserva desse nutriente (teores obtidos com H2 SO4 concentrado) em relação aos
teores de K, o que foi atribuído à menor ocorrência de Mg nas micas dioctaedrais e nos
feldspatos.
As principais fontes de Ca estrutural no solo são, em g kg-1, (teores de CaO) (Dana &
Hurbult, 1978; Jackson, 1979; Fichter et al., 1998): anortita (feldspato cálcico) - 202; albita
(feldspato sódico) - 5; apatita - 568; calcita - 560; dolomita - 304; fluorita - 513; aragonita
- 560; gipsita - 326; anidrita - 412; margarita - 400.
Com discutido para o K, o intemperismo químico dos minerais primários e a
lixiviação de nutrientes resultam na redução contínua da reserva de Ca e Mg com o
processo de envelhecimento dos solos. Starr & Lindroos (2006) avaliaram as taxas de
liberação de Ca e Mg e as mudanças mineralógicas decorrentes do intemperismo ao
longo de 5.300 anos em uma cronosseqüência em solos florestais e observaram que o
valor da relação residual (Rr - teor normatizado do mineral no horizonte C/teor
normatizado do mineral no horizonte superficial) para a biotita foi menor que 1, mesmo
no solo mais jovem (300 anos), indicando que o intemperismo atuou, de forma
significativa, no mineral, liberando Mg para o solo. No perfil com 5.000 anos de idade, a
Rr da biotita, hornblenda e anortita foi de 0,27; 0,35 e 0,57, respectivamente, indicando
que parte da reserva de Ca e Mg ainda estava preservada no horizonte superficial do
solo. Possivelmente, se essa mesma cronosseqüência ocorresse em condições de clima
tropical úmido, os valores de Rr para esses minerais seriam menores.

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294 VANDER DE FREITAS MELO ET AL.

Quadro 13. Teores de magnésio obtidos por diferentes métodos de extração em solos do Rio
Grande do Sul

Método de extração

Ataque
Solo(1) Horizonte Disponível Ácido nítrico fervente (mol L-1)
sulfúrico

KCl H2SO4
0,25 0,5 1 2 4
1 mol L-1 concentrado

_____________________________________________ mg kg-1 ____________________________________________


A 6 14 17 19 18 25 4.956
RU AB 25 31 35 35 37 50 8.028
B 222 258 337 256 212 277 24.396

A 83 121 120 97 103 109 10.908


PV AB 158 180 172 142 152 179 16.464
B 215 212 208 269 214 250 18.948

A 143 154 172 150 148 160 14.472


PV AB 150 166 175 166 142 179 16.452
B 148 168 154 157 164 180 19.332

A 47 77 78 82 76 120 9.912
PV AB 68 101 98 92 82 97 13.188
B 90 125 121 109 124 110 15.072

A 61 68 90 126 115 133 16.056


PV B 37 53 56 107 107 113 26.280
C 17 58 37 41 46 47 29.652

A 35 55 65 101 73 91 9.612
C B 26 41 44 68 54 64 11.496
C 13 44 26 32 13 16 8.424

A 73 103 140 220 220 281 16.860


C B 43 61 68 154 251 356 19.824
C 24 134 140 546 1.087 1.457 30.840

A 40 74 79 82 77 80 11.004
PVA B 72 103 100 104 100 138 23.640
C 59 79 70 106 65 58 11.208
(1)
RU - Neossolo Flúvico, PV - Argissolo Vermelho, C - Cambissolo, PVA - Argissolo Vermelho-
Amarelo.
Fonte: Melo et al. (1995b).

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IV – RESERVA MINERAL DO SOLO 295

LIBERAÇÃO DA RESERVA DE NUTRIENTES DO SOLO

Intemperismo e Estabilidade dos Minerais


Os processos básicos do intemperismo e a série de estabilidade de Goldich (1938)
dos silicatos primários mais comuns são tratados nos capítulos III e V deste livro. Como
neste capítulo são também abordados aspectos relacionados com muitos minerais
primários acessórios e aspectos relativos à evolução mineralógica do solo com o
intemperismo, é apresentada, no quadro 14, uma provável ordem de estabilidade de
minerais primários (essenciais e acessórios) e de minerais secundários, conforme Allen
& Hajek (1989).

Quadro 14. Minerais em ordem provável de estabilidade decrescente

Primários Secundários (autigênicos)

Zircão Anatásio
Rutilo Gibbsita
Turmalina Hematita (e goethita)
Ilmenita Caulinita
Granada Vermiculita com Al-hidróxi nas entrecamadas
Quartzo Esmectita
Epidoto Vermiculita
Esfeno Ilita
Muscovita Haloisita
Microclínio Sepiolita (e paligorskita)
Ortoclásio Alofana (e imogolita)
Plagioclásio Na Calcita
Hornblenda Gipso, pirita
Clorita Halita (e outros sais de solubilidade similar)
Augita
Biotita
Serpentina
Vidro vulcânico
Apatita
Olivina
Fonte: Allen & Hajek (1989).

É difícil estabelecer uma ordem de mobilidade dos elementos durante o intemperismo


químico, uma vez que muitos fatores, freqüentemente contraditórios, interferem durante

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296 VANDER DE FREITAS MELO ET AL.

os processos de hidrólise, solubilização, formação de minerais secundários e trocas no


solo (Lelong et al., 1976). Uma classificação mais geral da habilidade de migração dos
elementos nos processos supergênicos, adaptada de Perel'man (1976), é apresentada a
seguir:
(a) ânions muito móveis (S, Cl, B e Br);
(b) cátions móveis (Li, Na, K, Rb, Cs, Be, Mg, Ca, Sr e Ra) e ânion móvel (F);
(c) cátions e ânions fracamente móveis - cátions (Ba e Tl) e ânions (Si, P, Sn, As, Ge e Sb);
(d) cátions e ânions móveis e fracamente móveis em meio oxidante e inertes em meio
fortemente redutor - cátions (Zn, Ni, Cu, Pb, Cd, Hg e Ag) e ânions (V, U, Mo, Se,
e Re);
(e) cátions móveis e fracamente móveis em meio coloidal redutor e inertes em meio
oxidante (Fe, Mn e Co);
(f) íons fracamente móveis na maioria dos ambientes - que formam compostos
químicos (Al, Ti, Zr, Cr, terras raras, Y, Ga, Th, Sc, Ta, W, In, Bi e Te) e que não
formam ou raramente formam compostos químicos (Os, Pd, Ru, Pt, Au, Rh e Ir).
Considerando a solubilidade dos minerais primários, a formação de minerais
secundários e as reações do solo, mesmo que a taxas diferentes e por caminhos diversos,
os cátions básicos e a sílica são progressivamente lixiviados do solo durante o
intemperismo. Por sua vez, elementos de baixa solubilidade, como o Al e o Fe, concentram-
se, seguindo tendência inexorável para um sistema residual (Chesworth, 1973, 1980),
empobrecido em nutrientes, como nos Latossolos ácricos, dada a não-renovação de
materiais primários no solo.

Estimativa da Reserva de Nutrientes no Solo (Métodos de Ex-


tração)
Os mesmos extratores para determinar as reservas de K e seus princípios de extração
(Quadro 15) podem ser usados para a extração de Ca e Mg no solo e em suas frações.
Contudo, a principal distinção é a menor possibilidade de ocorrência de Ca e Mg não-
trocáveis (ausência de sítios seletivos de adsorção nos minerais). Quanto maior o estádio
de intemperismo e menor tamanho dos minerais fontes de Ca e Mg estruturais, maior
será a facilidade de liberação, mesmo utilizando-se de extratores mais brandos, como,
por exemplo, as soluções de ácidos orgânicos diluídas e as extrações sucessivas com
resinas de troca catiônica (Quadro 15).
A planta não absorve K apenas de formas trocáveis e não-trocáveis e, desta forma,
torna-se difícil separar a contribuição de formas não-trocáveis das formas estruturais
durante a extração por métodos químicos. Alguns extratores de K não-trocável e estrutural
apresentam o mesmo princípio de atuação, como os extratores ácidos (HNO3 e HCl) com
poder de quelatação (ácido oxálico, ácido cítrico e HF) (Quadro 15). Nos procedimentos
de extração, a expressão "K não-trocável" utilizada por vários autores refere-se apenas à
reserva de K potencialmente disponível para as plantas, mesmo que o método de extração
também solubilize formas estruturais do nutriente.

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IV – RESERVA MINERAL DO SOLO 297

Quadro 15. Reserva de potássio e métodos de extração normalmente empregados em análise de


argila e solo(1)

Forma Localização Método de Extração

Não-trocável - vermiculita - cultivos sucessivos


- vermiculita com hidróxi entre - extrações sucessivas com HCl 0,01 mol L-1
camadas - reações de equilíbrio com HCl 0,5 mol L-1
- mica trioctaedral - HCl fervente a 23 %
- mica dioctaedral - extrações sucessivas com NaCl 0,1 mol L-1
- mica hidratada (ilita) - cobaltinitrato de Na
- mica-vermiculita interestratificado - extração com MgCl2 a quente
- mica-esmectita interestratificado - incubações úmidas sucessivas e lavagem
- caulinita com camadas de mica com sal
- minerais amorfos - reações de equilíbrio com sódio tetrafenil B
(NaTFB)
- extrações sucessivas com NaTFB
- HNO3 fervente 1 mol L-1
- eletrodiálise
- eletroultrafiltração
- extrações sucessivas com resina de troca
catiônica saturada com Ca
- extrações sucessivas com resina de troca
catiônica saturada com H
- lavagens sucessivas com ácidos orgânicos de
baixo peso molecular (oxálico, cítrico, etc.)
Estrutural ou - mica trioctaedral - dissolução seletiva por fusão com pirofosfato
mineral - mica dioctaedral de sódio (NaHSO4 cristais)
- feldspato potássico - lavagens sucessivas com soluções ácidas
(p. ex. HCl, HF e ácido oxálico 10-4 mol L-1)
Total (não-trocável + estrutural) - digestão com HF, HNO3, H2SO4 e HClO4
concentrados
(1)
As referências bibliográficas e os princípios dos métodos são apresentados no texto.

Os métodos mais adotados para estimar a contribuição da reserva de K na nutrição


de plantas têm utilizado, em diversos estudos, cultivos sucessivos, extrações químicas
empregando HNO3 fervente 1 mol L -1, lavagens sucessivas com HCl 0,01 mol L -1, ácidos
orgânicos de baixo massa molar (cítrico e oxálico) e resinas trocadoras de cátions (Smith
& Mattheus, 1957; McLean & Brydon, 1963; Richards et al., 1988; Simard et al., 1992;
Martins et al., 2004a; Melo et al., 2005). Os teores obtidos com esses métodos têm
apresentado boa correlação com o K absorvido pelas plantas (Barber & Mathews, 1962;
Richards & Bates, 1988; Nachtigal & Vahl, 1991a,b; Melo et al., 1995b; Benipal & Pasricha,
2002; Martins et al., 2004b).
O método-padrão para estimar a capacidade de liberação de K não-trocável é o
cultivo com plantas. Os principais mecanismos envolvidos na liberação de K são a
absorção do nutriente e a liberação de compostos orgânicos com capacidade de quelação,

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298 VANDER DE FREITAS MELO ET AL.

reduzindo a concentração na solução do solo e a acidificação da rizosfera por liberação


de ácidos orgânicos e prótons. Portanto, métodos que simulem o efeito da planta na
liberação de formas não-trocáveis e estruturais de K devem ser preferidos por seu efeito
de dreno de K e pela acidificação do meio.
Para estimar a contribuição de formas não-trocáveis do nutriente (CKnt) na nutrição
e produção das plantas em cultivos em vasos, faz-se o balanço do nutriente no sistema
solo-planta, utilizando-se a seguinte expressão:

Conteúdo de K não-trocável absorvido pelas plantas (CKnt) = C - (A - B) (3)

em que A e B são os conteúdos de K trocável inicial (antes do cultivo ) e final (depois do


cultivo) e C o conteúdo total acumulado pelo cultivos (parte aérea mais raízes).
O balanço de K no solo e na planta e a contribuição do K não-trocável na nutrição do
trigo é apresentado na quadro 16. Neste estudo, foi cultivado o trigo até a fase produtiva
em vasos com capacidade de 4 dm3 de solo, com adubação completa, exceto K. Os solos
coletados no município de Castro (PR) apresentaram diferentes estádios de
desenvolvimento e foram formados de diferentes materiais de origem (granito, embrechito,
arenito, riolito e conglomerado). A estimativa dos teores de K trocável antes e depois do
cultivo foi feita com uso de extrator Mehlich-1.

Quadro 16. Balanço nutricional de potássio em solos dos Campos Gerais do Paraná

Conteúdo total de K na Remoção do K Conteúdo de K Conteúdo de K


Solo(1) planta (folhas + caules + trocável(3) não-trocável(4) não-trocável(5)
grãos + raízes)(2) (C) (A-B) [C-(A-B)] [(C-(A-B)]

________________________________________ mg/vaso _______________________________________ %

CX 82 46 36 44
LB 125 112 13 11
RL 174 114 60 34
NX 102 87 15 15
CX 164 128 36 22
LB 212 211 1 1
CX 254 117 137 54
(1)
CX - Cambissolo Háplico; LB - Latossolo Bruno; RL - Neossolo Litólico; NX - Nitossolo Háplico; (2)conteúdo total de
K nas plantas, calculado pelo somatório dos produtos entre os teores de K e matéria seca das diferentes partes da
planta (parte aérea, grãos e raízes); (3)remoção média de K trocável do solo pelo cultivo, obtida pela diferença
entre os conteúdos de K trocável no solo (Mehlich-1) antes e depois do cultivo. Os conteúdos de K trocável foram
calculados, tanto antes quanto depois do cultivo, por meio do produto entre os teores e as massas totais dos solos
nos vasos de 4 dm3 ; (4)estimativa da contribuição das frações não-trocáveis de K na nutrição do trigo: conteúdo de
K não-trocável absorvido (mg/vaso) [C-(A-B)] = conteúdo total de K na planta - remoção do K trocável; (5)proporção
de K não-trocável absorvido no total de K na planta (%) = (conteúdo de K não-trocável/conteúdo total de K na
planta) x 100.
Fonte: Adaptado de Martins et al. (2004b).

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IV – RESERVA MINERAL DO SOLO 299

A quantidade de K trocável extraída do solo foi menor que a de K absorvida pela


planta (Quadro 16). Como resultado, a participação de formas não-trocáveis de K na
nutrição do trigo variou de 1 a 54 %, evidenciando a importância da reserva do nutriente,
mesmo para o cultivo de plantas com ciclo curto de crescimento. Como o K da solução é
absorvido pelas plantas, mais K é liberado das frações trocáveis e não-trocáveis, portanto,
quanto maior a depleção do K disponível para as plantas (neste estudo estimado pelo
Mehlich-1), maior a intensidade da liberação da reserva do nutriente.
Pelo fato de o sistema ser aberto em condições de campo, com possibilidade de
lixiviação de nutrientes, a estimativa da contribuição das formas não-trocáveis dos
nutrientes no total absorvido pelas plantas é muito mais difícil. Experimentos de longa
duração (1962 - 1990) foram realizados em solos florestais (Ultisols originados de granito-
gnaisse) na Carolina do Sul (USA) (Richter et al., 1994; Markewitz et al., 1998), com o
objetivo de estimar a capacidade de suprimento de K, Ca e Mg, a partir de formas não-
trocáveis e estruturais, utilizando-se a técnica de aproximações de balanço de massa
para comparar a remoção dos cátions do solo e as depleções em seus teores trocáveis no
solo (Figura 22). A depleção de K trocável do solo foi estimada em 19 kg ha -1 ,
aproximadamente 20 vezes menor do que a quantidade removida pela biomassa da
floresta, manta orgânica e lixiviação líquida (356 kg ha-1). A mica e o feldspato K foram os
minerais responsáveis pela grande liberação do K não-trocável (Markewitz & Richter,
2000). Contudo, os autores não consideraram a possibilidade da contribuição de formas
trocáveis de K das camadas mais profundas do solo (abaixo de 60 cm) na nutrição das
espécies florestais. Em contraste, o Ca trocável teve depleção mais acentuada nos primeiros
60 cm do solo, consistente com a sua remoção do solo pela floresta.

Figura 22. Comparação por balanço de massa da remoção de cátions de um Ultisol (até 60 cm)
durante 28 anos de crescimento e rebrota da floresta com a depleção dos cátions observada
pela extração com NH 4OAc 1 mol L -1.
Fonte: Markewitz & Richter (2000).

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300 VANDER DE FREITAS MELO ET AL.

Nos estudos de estimativa da fração não-trocável de nutrientes por meio de extrações


químicas (Quadro 15), é importante fazer extração prévia do K trocável para atingir
maior exatidão nos resultados. Quando se trabalha apenas com a fração argila, durante
os tratamentos de remoção da matéria orgânica (ataque com solução de hipoclorito de
Na) e dispersão das frações do solo (solução de NaOH diluída), naturalmente, tem-se a
remoção do K adsorvido de forma não-específica pela saturação da CTC do solo com Na+. Já
nos estudos com a terra fina seca ao ar (TFSA), é necessária a saturação prévia da amostra
com outro cátion. Um dos métodos mais utilizados para estudos da reserva de K+ é a saturação
por Ca2+, por meio de agitação da amostra de solo com solução de CaCl2 0,5 mol L-1, seguida
da lavagem da amostra com água deionizada para remoção do excesso de sal solúvel.
O HNO3 1 mol L -1 fervente é o método mais rápido e simples de medir o teor de K
trocável mais o não-trocável do solo (Quadro 15). O método baseia-se na acidificação do
meio pela produção de H+ que ataca as estruturas, principalmente de feldspatos e micas.
A liberação de K pelo KNO3 envolve reação muito forte de hidrólise, dissolvendo minerais
do solo, o que pode trazer problemas na separação das formas de K não-trocável e
estrutural (Simard et al., 1992). Nachtigall & Vahl (1991a,b), avaliando a capacidade de
suprimento de K dos solos da região Sul do Rio Grande do Sul, observaram que o K
absorvido constituiu apenas 26 % do total de K não-trocável extraído pelo ácido, apesar
do alto valor do coeficiente de correlação entre K extraído com HNO3 e absorvido pelas
plantas. O efeito de dissolução é menos pronunciado para micas dioctaedrais,
principalmente em tamanho maior. Segundo Melo et al. (1995b) e Martins et al. (2004b) o
HNO3 não foi eficiente na extração de minerais micáceos do tamanho areia, visto que, ao
final das extrações, os minerais não foram completamente dissolvidos.
Outros ácidos apresentam efeito adicional à acidificação pela complexação dos íons
liberados, como F complexante do Al na dissolução de feldspato, oxalato, citrato e outros
ácidos orgânicos de baixa massa molar (Quadro 15), complexantes de cátions na
dissolução de mica e feldspato. A baixa massa molar dos ácidos orgânicos com grupos
OH e COOH na posição orto tende a formar complexos organometálicos em solução com
muitos outros íons metálicos, acelerando a decomposição do mineral (Song & Huang,
1988). Esses autores encontraram efeito mais pronunciado do ácido oxálico do que do
cítrico na liberação de K de micas e feldspatos. A diferença foi atribuída à quantidade de
ligantes orgânicos, liberação de H+ e solubilidade do complexo formado. A concentração
de ligantes dissociados e de H+ na solução antes do contato com os minerais para o ácido
oxálico foi de 8,8 e 7,5 mol L -1, respectivamente, concentrações quatro a três vezes
superiores à verificada pela extração com ácido cítrico.
A liberação de K de minerais micáceos é altamente dependente da concentração de
H+ na solução, ou de sua renovação para extratores ácidos com baixa concentração. De
maneira geral, o H 3 O+ participa da liberação de K nas micas de duas formas (Wells &
Norrish, 1968): i) para soluções de ácidos fortes, a alta concentração de H3 O+ tem efeito
na dissolução do mineral (ataque das ligações químicas) e, ii) para soluções de ácidos
fracos, a liberação seria limitada ao efeito de troca entre H3O+ e K + entrecamada, atuando
como qualquer outro cátion no processo de troca. Variações ocorrem de acordo com o
tipo de mineral 2:1 (Feigenbaum et al., 1981).

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IV – RESERVA MINERAL DO SOLO 301

Feigenbaum et al. (1981) também encontraram efeito expressivo da acidez na


dissolução de biotita, flogopita e muscovita com resina saturada com H+ (H3 O+) (pH 3)
(Quadro 15), utilizando vários tempos de contato (até 120 dias). A taxa de liberação de K
foi maior que a taxa de liberação de cátions estruturais (Al, Mg, Fe) indicando que, mesmo
para alta concentração de H3 O+, a troca de K+ em adição à dissolução do mineral ocorreu,
principalmente, na muscovita.
Com relação à estabilidade relativa dos minerais em extração ácida, Song & Huang
(1988) encontraram a seguinte seqüência de extração de K: biotita > microclínio =
ortoclásio > muscovita. A liberação de K da biotita foi 63 e 123 vezes maior comparada
com a de muscovita, e 14 e 18 vezes maior em relação à dos feldspatos pelos ácidos cítrico
e oxálico, respectivamente. Seqüência diferente foi observada para extração com Na
tetrafenil B (NaTFB) (Quadro 15): biotita > muscovita> microclínio = ortoclásio. O NaTFB
tem efeito de troca e de quelatação [(TFB)-] dos cátions liberados na extração. Exceto na
superfície da partícula, a troca de Na por K entrecamada nas micas é muito mais difícil
que nos intertícios da estrutura dos feldspatos. Contudo, a maior liberação de K para os
feldspatos pelos ácidos em relação ao NaTFPB (Song & Huang, 1988) é, principalmente,
devida à presença de H3 O+, uma vez que a hidrólise é o principal mecanismo de liberação
de K nesses minerais.
Gil-Stores & Rubio (1992) estudaram a cinética de extração de K da fração argila
pelos métodos HNO3 1 mol L-1 fervente e NaTFB e observaram a evolução da mineralogia
com o tempo de extração (2 a 60 min para o HNO3 e de 2 a 168 h para o NaTFB). O NaTFB
extraiu de 7 a 25 % do K total, dependendo dos minerais na amostra de argila. A extração
não teve efeito no grupo da vermiculita, indicando que o NaTFB atua preferencialmente
sobre minerais micáceos (d(001) = 1,0 nm). O HNO3 extraiu entre 8 e 42 % do total de K da
fração argila. Contudo, ao contrário do NaTFB, a extração foi preferencialmente para o
grupo das vermiculitas, com pouca atuação em minerais com d(001) igual a 1,0 nm. Os
resultados confirmam que apesar de o HNO3 1 mol L-1 fervente ser considerado um extrator
drástico para as micas, ácidos fortes atuam preferencialmente em camadas abertas e
áreas de cunha em micas, hidrolisando as ligações octaedrais (Guzel & Wilson, 1978;
Feigenbaum et al., 1981).
As resinas, nas extrações sucessivas (Quadro 15), atuam como dreno do K da solução
e também fornecem o cátion (Na+, Ca2+ ou H3 O+) para trocar o K do mineral. As resinas
saturadas com Na ou Ca são insatisfatórias na liberação de K de minerais mais estáveis
do que as micas trioctaedrais (Benipal & Parischa, 2002). As resinas saturadas com H+
são mais eficientes na liberação de K pelo efeito adicional de acidificação e dissolução de
minerais. Barber & Mathews (1962) encontraram correlação positiva significativa entre o
teor de K extraído com H-resina após dois dias de equilíbrio e a quantidade absorvida
pelas plantas de trigo em cultivos sucessivos (r = 0,85 p < 0,02). Mica trioctaedral mais
instável (biotita) pode ser completamente quebrada pela resina saturada com H+ em
cerca de dez dias de contato (Mortland, 1961). Em condições semelhantes de cultivos
sucessivos, Benipal & Pasricha (2002) também observaram estreita correlação entre o K
absorvido pelas plantas e o K extraído com resina saturada com H+ (Figura 23), o que
mostra que a resina-H foi um método adequado para estimar a disponibilidade de K para

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302 VANDER DE FREITAS MELO ET AL.

as plantas de milho e trigo, a partir de frações trocáveis mais não-trocáveis. A declividade


próxima de 1 da equação da reta entre essas duas variáveis também revela que a
quantidade de K liberada pela resina foi muito próxima daquela acumulada pelas plantas.

Figura 23. Relação entre potássio trocável mais não-trocável extraídos pela resina-H e o K
acumulado nas plantas em cultivos sucessivos de milho e trigo.
Fonte: Benipal & Pasricha (2002).

A capacidade de extração da resina-H é drasticamente reduzida com o aumento do


tamanho dos minerais. Ralmatullah & Mengel (2000), em estudo de cinética, verificaram
que o K extraído durante 1.000 h de contato variou consistentemente com a fração do
solo: de 389 a 489 mg kg-1 para a fração areia; de 801 a 1.010 mg kg-1, para a fração silte,
de 899 a 1.105 mg kg-1, para a fração argila.
A liberação de K entrecamada das micas utilizando soluções salinas (Quadro 15)
não é afetada por variações no pH (Smith & Scott, 1966). Chute & Quirk (1967) e Wells &
Norrish (1968), também utilizando lavagens sucessivas com sais de Na, não observaram
efeito de variação de pH, na faixa de 4 a 8, na liberação de K em micas. Contudo, Keay &
Wild (1961) relataram que a troca de K em vermiculita utilizando MgCl2 1 mol L-1 aumentou
quando o pH foi menor que 4,0. Segundo os autores, abaixo desse limite, íons H3 O+
participam da troca do K fixado.

Cinética de Liberação
O K e Mg têm sido preferidos nos estudos de cinética de liberação de nutrientes,
graças a maior ocorrência de formas não-trocáveis (K) e estruturais (K e Mg) nos minerais
primários e secundários nas frações areia, silte e argila dos solos. A aplicação dos
conhecimentos de cinética química aos estudos de solos permite quantificar a velocidade

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IV – RESERVA MINERAL DO SOLO 303

com que alguns nutrientes são liberados dos minerais e, ou, solo, contribuindo para
melhor entendimento de sua dinâmica e dos fatores que afetam sua disponibilidade para
as plantas. A obtenção de dados de cinética baseia-se em três grupos de métodos
experimentais: relaxação, batelada e métodos que envolvem fluxo (Sparks, 1989), cuja
descrição é dada no capítulo III deste livro. Os dois últimos métodos são aplicados a
reações que ocorrem em escalas de tempo maiores e, portanto, para processos de liberação
mais lenta.
Os principais extratores nos estudos de cinética de liberação de K e Mg são: soluções
salinas diluídas, como BaCl2 , SrCl2 , CaCl2 e outras (Munn et al. 1976; Meurer, 1991;
Simard et al.,1992); ácidos orgânicos e inorgânicos, como cítrico, oxálico, nítrico e
clorídrico (Manley & Evans, 1986; Sadusky et al., 1987, Song & Huang, 1988; Simard et
al.,1992; Datta & Sastry, 1993; Mehta et al., 1995, Meurer & Castilhos, 2001; Melo et al,
2005); Na tetrafenil B (Reed & Scott, 1962; Cox et al.,1996) e resinas trocadoras de cátions
(Martin & Sparks, 1983, 1985; Havlin et al., 1985; Dhilon & Dhilon, 1990; Meurer &
Rosso,1997).

Fatores que Alteram a Taxa de Liberação

Na quantificação da cinética de liberação de K e Mg do solo, as três formas destes


nutrientes, trocável, não-trocável e estrutural, descritas anteriormente, estão
envolvidas. Inicialmente, verifica-se a extração da forma trocável e, prosseguindo a
extração por período mais longo, as formas não-trocáveis e, ou, a forma estrutural
são liberadas. A primeira forma é liberada com taxas elevadas e as demais com
velocidade menor.
O potencial para liberação das formas não-trocável e, ou, estrutural é determinado
pela quantidade de minerais fontes do nutriente no solo (reserva mineral) e pelo teor do
nutriente na solução do solo. Quanto mais baixo o teor na solução, maior o gradiente de
concentração entre esta e a fase sólida, possibilitando a difusão do nutriente das formas
menos disponíveis para a solução e, conseqüentemente, maior será a liberação do nutriente.
Por exemplo, de acordo com Martin & Sparks (1985) a concentração crítica de K na solução
acima da qual a liberação de K não-trocável seria inibida tem sido 4 mg L-1, para solos em
geral. Este valor pode ser facilmente atingido na região da rizosfera, decorrente da absorção
intensa do K pelas plantas (Rao & Khera, 1994).
A dinâmica de dissolução química de feldspato potássico (microclínio) pelo HNO3
1 mol L -1 nas temperaturas de 28 e 38 o C foi estudada por Huang et al. (1968), que
calcularam a energia de ativação de Arrhenius para liberação de K do mineral pela
seguinte equação:

log(kT2/kT1) = (∆Ha/2,303R)x(T2 -T1 /T2 xT 1 ) (4)

em que kT1 e kT2 são as taxas constantes aparentes de liberação de K avaliadas para as
duas temperaturas [kT1 = 0,2761 s-1 a 28 o C (301,15 K) e kT2 = 0,9468 s-1 a 38 o C (311,15 K)];
R é a constante dos gases (J K-1 mol-1); T é a temperatura em K; ∆Ha é a energia de ativação
de Arrhenius (kJ mol-1). Essa energia de ativação é interpretada como o nível de energia

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304 VANDER DE FREITAS MELO ET AL.

que o mineral potássico deve adquirir para tornar-se capaz de reagir (liberar K). Quando
a energia de ativação aumenta, a taxa de liberação decresce. A energia de ativação para
o microclínio, no estudo de Huang et al. (1968), foi 96,17 kJ mol-1, bem superior à energia
de ativação para taxas de dissolução que são controladas por processo de difusão (Sparks
& Jardine, 1981). Mortland & Ellis (1954) consideraram que o processo de liberação de K
da vermiculita foi controlado por difusão e encontraram um valor de energia de ativação
pela lavagem com NaCl 0,1 mol L -1 de 14,86 kJ mol-1.
Estudando a difusão de K em ilita com adições contínuas de soluções NaCl 0,3 mol
L -1 e 0,03 mol L-1, Chute & Quirk (1967) descreveram uma equação geral para liberação de
K, baseada na difusão radial de um cilindro no qual a concentração de K por todo o
cilindro é uniforme:

K t/K o = (4/π½ ) (Dt/a2 )½ - (Dt/a2 ) (5)

em que K t é o K liberado no tempo t; K o é o K liberado no equilíbrio; D é o coeficiente de


difusão; a é o raio do cilindro através do qual o K difunde.
Dividindo a expressão por t, tem-se:

(1/t) (K t/K o ) = (4/π½ ) (D/a2 )½ (1/t ½ ) - (D/a2 ) (6)

Um gráfico (Kt/Ko)/t como variável de 1/t½ daria uma reta com declividade (4/π½)
(D/a2 )½ e intercepto - (D/a2 ). Conseqüentemente, D pode ser calculado se o valor de a
for conhecido. Em sistemas puros, a pode ser calculado por medidas da área superficial
de adsorção de N2, assumindo que existe uma relação de 10:1 entre o diâmetro da partícula
e sua espessura (Quirk & Chute, 1968). Em sistemas heterogêneos, como o solo, com
vários tipos e tamanhos de minerais de argila, um valor realístico de a não pode ser
mensurado. Assim, o valor de D também não pode ser calculado (Keay & Wild, 1961). Por
esta razão, a equação 6 pode ser arbitrariamente simplificada para (Martin & Sparks,
1985):

K t/K o = k' 2 t½ (7)

em que k'2 é o coeficiente aparente de taxa de liberação de K.


Usando resina saturada com H+, Feigenbaum et al. (1981) encontraram um valor
de k'2 para muscovita de 0,44 h-1, para partículas de 5 a 20 µm, e de 0,38 h-1 para partículas
de 20 a 50 µm.

Equações para Descrever a Cinética de Liberação


Para expressar a cinética de liberação de K e Mg em função do tempo, várias equações
matemáticas têm sido utilizadas: primeira ordem, Elovich, parabólica de difusão e função
potência, as quais serão descritas a seguir com algum detalhe:

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IV – RESERVA MINERAL DO SOLO 305

Equação de primeira ordem

A equação de primeira ordem pode ser representada por uma expressão na forma
(Martin & Sparks, 1985):

dK t/dt = k2 (K o - Kt) (8)

em que K t é o K ou Mg liberado no tempo t; K o é o K ou Mg liberado no tempo final do


equilíbrio; (Ko - Kt) é a quantidade de K ou Mg remanescente no tempo t; k2 é o coeficiente
de primeira ordem da taxa aparente de liberação de K ou Mg.
Integralizando, a equação fica:

ln (K o -K t) = ln K o - k2 t (9)

A equação 9 indica que um gráfico de ln (K o -K t) em função de t deve dar uma reta


com declividade k, por isso é chamada de primeira ordem.
Mortland (1961) usou lavagens sucessivas de biotita com NaCl 0,1 mol L -1 para
calcular a taxa de liberação de K e encontrou que o aparecimento de K na solução foi
variável com o tempo:

K = k ln t + c (10)

em que K representa o K liberado da biotita (mg g-1)no tempo t; k é a constante de taxa; c


é a constante de integração.
Durante a liberação dos primeiros 75 % de K em relação ao total do mineral, Mortland
(1961) observou que a taxa não variou com o tempo, ou seja, dR/dt = 0, em que R é a taxa
de liberação de K. Então, a derivada primeira da equação 10 ficaria, dK/dt = -k,
implicando liberação de ordem zero, ou seja, a taxa de liberação independe do
tempo.
Mortland & Ellis (1954) encontraram que a liberação de K fixado na vermiculita foi
um processo de difusão de primeira ordem quando utilizaram técnica de lavagem com
NaCl 0,1 mol L -1. Utilizando cultivos sucessivos para extrair K não-trocável, Burns &
Barber (1961) encontraram que a liberação inicial foi descrita por um processo de primeira
ordem e depois passou para ordem zero, com liberação constante com o tempo.

Equação de Elovich

É uma equação empírica e foi originalmente desenvolvida para descrever a cinética


de adsorção química dos gases em superfícies sólidas (Low, 1960). Ela tem sido utilizada
para descrever a adsorção e dessorção de P e K em minerais de argila e em solos (Sparks,
1987). A equação de Elovich aplicada à liberação de K pode ser expressa, conforme
Havilin et al. (1985), por:

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306 VANDER DE FREITAS MELO ET AL.

dy/dt = a e-by (11)

em que y é a quantidade de K liberada ou adsorvida no tempo t; a e b são constantes


(Low, 1960). Assumindo y = 0 para t = 0, a forma integrada da equação 11 fica:

y = 1/b ln (1+a b t) (12)


ou y = 1/b ln (t+t o ) - (1/b) ln t o (13)

em que to é igual a 1/a b. Se a b t é maior que 1, a equação 12 pode ser simplificada para:

y = (1/b) ln (a b) + (1/b) ln t (14)

Assim, o gráfico de y em função de lnt para a equação 14 deve ser linear com
declividade 1/b e intercepto (1/b) ln (a b), em que b é a taxa constante de liberação de K.

Equação função potência

A forma integrada da equação função potência pode ser expressada por (Havilin &
Westfall, 1985):

y = a tb (15)

A transformação linear é:

ln y = ln a + b ln t (16)

em que y é a quantidade de K ou Mg liberada no tempo t, enquanto a e b são constantes.


A declividade da reta (b) é um coeficiente de taxa de liberação de K ou Mg. O gráfico de ln y
em função de ln t deve dar uma reta com declividade b e intercepto ln a.

Equação parabólica de difusão

A equação parabólica de difusão foi desenvolvida a partir da equação de difusão de


Crank [equação 5, citada por Chute & Quirk, (1967)], em que a liberação de K varia de
acordo com a raiz quadrada do tempo.
A equação parabólica de difusão é descrita da seguinte forma:

Mt/M o = a + kt ½ (17)

em que t são os tempos de extração acumulados; Mt representa os teores acumulados de


K ou Mg liberados até o tempo t; Mo os teores acumulados destes nutrientes liberados no
tempo de equilíbrio (último tempo considerado).

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IV – RESERVA MINERAL DO SOLO 307

Em alguns estudos são observados desvios de lineariadade para os períodos iniciais


do processo de liberação. Esses desvios podem ser devidos à ação de massa do íon
trocador sobre a superfície e, ou, ao fato de a liberação de K ou Mg dos sítios externos da
superfície obedecer uma relação curvilinear. Chute & Quirk (1967) não observaram
linearidade da equação parabólica de difusão para ilita nos primeiros 30 min de liberação
de K e atribuíram a falta de conformidade à ação de massa promovida pelo Na (solução
de NaCl 0,3 mol L -1) nos sítios externos na superfície das partículas, liberando maior
quantidade de K nesse período.
Vários pesquisadores têm utilizado a equação parabólica de difusão para
descrever a cinética das reações de liberação de nutrientes pelos constituintes dos
solos (Sparks & Jardine, 1981; Martin & Sparks ,1983; Jardine & Sparks, 1984; Halvin
et al., 1985; Simard et al., 1989; Hundal & Pasricha, 1993; Dhillon & Dhillon,1990;
Meurer & Rosso, 1997). A equação parabólica de difusão foi usada por Meurer &
Castilhos (2001) e Castilhos & Meurer (2001) para explicar a cinética de liberação de
K, em extrações sucessivas com ácido oxálico 0,01 mol L -1 , das frações areia, silte e
argila de três solos do Rio Grande Sul. Também foi o modelo que melhor se ajustou à
cinética de liberação de K e Mg da fração argila de solos do Triângulo Mineiro, em
extrações sucessivas com ácido cítrico 0,1 mol L -1 até 1.380 h (Melo et al., 2005). O
melhor ajuste da equação parabólica aos resultados indica que o mecanismo
predominante de liberação de K, nesses casos, é controlado por difusão em detrimento
à dissolução de minerais.
Normalmente, a escolha da melhor equação para descrever a cinética de nutrientes
é feita com base na comparação entre o coeficiente de correlação (maior r) e o erro-padrão
estimado (menor EP) das equações. O erro-padrão estimado é determinado pelos quadrados
mínimos da análise de regressão, ou seja, EP = [Σ(Kt - Kt∗)2 /(n-2)]½, em que Kt e Kt∗ são as
concentrações de nutrientes medidas e estimadas pela equação, respectivamente, no tempo t;
n é o número de observações (Havlin et al., 1985; Simard et al., 1989; Gil-Stores & Rubio,
1992; Hundal & Pasricha, 1993).
Além deste critério, a escolha da equação mais apropriada para descrever a liberação
de nutrientes dos solos deve ser estabelecida também pelas relações entre as quantidades
estimadas com as absorvidas desses nutrientes pelas plantas (Meurer & Rosso, 1997).
Havlin et al. (1985) avaliaram a liberação de K em três frações de silte e argila por extrações
sucessivas com resina saturada com Ca e constataram que, dos quatro modelos testados
(primeira ordem, difusão parabólica, função potência e Elovich), a equação de Elovich
representou melhor a cinética de liberação de K, com maior coeficiente de correlação e
menor erro-padrão estimado. As constantes de taxa de liberação de K (declividade da
reta) foram altamente correlacionadas com o conteúdo de mica, produção e absorção do
nutriente pela alfafa
A estimativa da taxa de liberação de K (constante de velocidade por unidade de
tempo) é dada pelo coeficiente angular das transformações lineares das equações
ajustadas (declividade da reta). As transformações lineares dos principais modelos
de equações usadas para descrever a cinética de liberação de K estão sumariadas no
quadro 17.

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308 VANDER DE FREITAS MELO ET AL.

Quadro 17. Transformações lineares dos principais modelos de equações usadas para descrever a
cinética de liberação de potássio

Referências de alguns trabalhos em que o


Modelo de equação Transformação linear(1)
modelo melhor se ajustou aos resultados

Ordem-zero (K0 − Kt) = a − b t Burns & Barber (1961)


Primeira ordem ln (K0 − Kt) = a − b t Mortland & Ellis (1954); Burns & Barber (1961);
Martin & Sparks (1983); Jardine & Sparks
(1984); Rao et al. (1995)
Elovich Kt = a + b ln t Havlin & Westfall (1985); Havlin et al. (1985)
Parabólica de difusão Kt / K 0 = a + b t½ Feigenbaum et al. (1981); Simard et al. (1992);
Meurer & Rosso (1997); Castilhos & Meurer
(2001); Melo et al. (2005)
Potência ln Kt = ln a + b ln t Havlin & Westfall (1985); Mengel &
Uhlenbecker (1993)
(1)
K t = K liberado no tempo t; K 0 = K liberado no tempo final do equilíbrio; a e b = constantes.

Comportamento Multifásico
A cinética de liberação de K e Mg tem sido freqüentemente descrita com mais de uma
taxa simultânea, ou seja, por segmentos de reta com declividades diferentes (Figura 24).
O comportamento multifásico representa a liberação de K da superfície dos minerais, de
áreas intemperizadas, e da matriz mineral.

Figura 24. Cinética de liberação de potássio (a) e magnésio (b) (equação parabólica de difusão)
da fração argila de solos do Triângulo Mineiro, mostrando o comportamento multifásico
do processo (Mt = teores acumulados dos nutrientes liberados até um determinado tempo;
Mo = teores acumulados destes nutrientes liberados no último tempo considerado)
Fonte: Melo et al. (2005).

Song & Huang (1988) relataram a existência de três estádios de liberação de K durante
o tempo de extração: primeiro estádio de 0 a 1 h; segundo, de 1 a 48-120 h (depende do

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IV – RESERVA MINERAL DO SOLO 309

tipo do mineral); e terceiro de 48-120 até 720 h. Os dois primeiros estádios, relativamente
rápidos, foram atribuídos à rápida dissolução de partículas finas e, ou, minerais com
distúrbios mecânicos. As constantes de taxa de liberação de K obtidos pela declividade
do terceiro estádio (terceiro segmento da reta) nas equações de primeira ordem para o
ácido oxálico foram: biotita 0,3132 s-1; microclínio 0,018 s-1 ; ortoclásio 0,0173 s-1 e
muscovita 0,0026 s-1.
Bolt et al. (1963) estudaram a liberação de K de ilita utilizando vários cátions
monovalentes e divalentes e classificaram o K em três categorias: i) íons K que ocupam
sítios superficiais de troca (p.ex. superfície planar externa - Figura 20) e são trocados
rapidamente por todos os outros cátions (até uma hora); ii) íons que ocupam posição
entrecamada perto de áreas em cunha, sendo esses sítios muito específicos para K,
NH 4 + mas a troca por NH4 + é relativamente rápida, considerando a pequena distância
para o K difundir em relação à solução. Nessa posição, a troca de K por outros íons,
além do NH 4 , é muito difícil; iii) íons K que ocupam posições intercamadas longe de
zonas de cunha. Esses sítios também são seletivos para K e NH4 +, mas a troca envolve
processo de difusão interna. Bolt et al. (1963) observaram que a difusão de NH4 + foi
maior que a de K, indicando que a presença de NH4 + entrecamada promove ligeira
abertura das camadas (raio iônico maior que o do K), acelerando a difusão. Para os
feldspatos, após a liberação rápida do K dos sítios mais externos, a liberação adicional
deste nutriente, dos sítios internos, ocorrerá se houver quebra nas ligações Al-O e Si-O,
por meio das reações de protonação e complexação pelo ácido oxálico promovidas por
soluções extratoras ácidas (Rich, 1968).
A cinética de liberação de K nas frações granulométricas de um Planossolo
Hidromórfico do Rio Grande do Sul, induzida pela ação do ácido oxálico 0,01 mol L-1
até 3.409 h, ocorreu em duas fases para as frações areia e silte, e em três fases, para
a fração argila, com taxas variando de 23,4 s -1 a 127,8 s -1 . A quantidade de K liberada
decresceu com o tempo de extração e o total removido correspondeu a somente 2,1 %
do teor de K total encontrado nesse solo (Castilhos & Meurer, 2001). Comportamento
semelhante foi obtido por Meurer & Castilhos (2001) para as frações granulométricas
de um Gleissolo e de um Chernossolo do RS (15 extrações sucessivas com ácido
oxálico 0,01 mol L-1 ). Nesse caso, entretanto, Meurer & Castilhos (2001) encontraram
maior amplitude das taxas (24,48 s -1 até 540 s -1 ).
Melo et al. (2005) verificaram que a cinética de liberação de K e Mg de 14 amostras da
fração argila de solos do Triângulo Mineiro foi multifásica (Figura 24). Para a maioria
das amostras, ocorreu liberação mais rápida de K inicialmente (Latossolo Vermelho -
Figura 24a), seguida de outra fase com menor taxa de liberação. Para o Mg, o
comportamento foi oposto, pois a maioria das amostras apresentou maior taxa de liberação
do nutriente na segunda fase (Argissolo Vermelho-Amarelo - Figura 24b). Os
comportamentos diferenciados das amostras na liberação de K e Mg foram atribuídos à
diversidade de tipos de minerais fontes destes nutrientes e à presença de sítios com
diferentes energias de adsorção. Houve predomínio de K na forma não-trocável em sítios
de média/alta energia de adsorção e Mg na estrutura de minerais ferromagnesianos,
predominantemente biotita.

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310 VANDER DE FREITAS MELO ET AL.

Contribuição de Frações Granulométricas


As diferenças nas taxas de liberação de nutrientes, atribuídas à ocorrência simultânea
de vários tipos de minerais no solo, com diferentes sítios de adsorção, tamanho de partículas
e grau de intemperismo, dificultam muitas vezes a caracterização mais detalhada da reserva
mineral do solo, tanto no que se refere à sua composição mineralógica como à contribuição
relativa das suas frações granulométricas. Estas frações normalmente diferem quanto à
reserva de minerais. De modo geral, os minerais primários, como feldspatos e micas, tendem
a concentrar-se nas frações mais grosseiras (areia e silte), enquanto os minerais secundários
(esmectitas e vermiculitas) predominam na fração argila. Por isso, muitos dos estudos
sobre cinética de liberação de K e Mg têm quantificado, de forma separada, a contribuição
de cada fração granulométrica do solo (argila, silte e areia).
Simard et al. (1992) estudaram a cinética de liberação de K e Mg das fração silte fino,
médio e grosso e da fração argila de solos do Canadá, num período de 3.200 h, por meio de
extrações seqüenciais com ácido cítrico 0,5 mmol L -1. Os autores obtiveram as maiores
quantidades e taxas de liberação de K nas fração silte fino, e de Mg na fração silte fino e
médio, as quais continham vários minerais fontes de K e Mg (feldspatos, micas, cloritas e
vermiculitas). Por outro lado, em seis solos calcários dos Estados Unidos, 65 a 80 % do K
total liberado por extrações sucessivas com resina de troca catiônica saturada com Ca
ocorreram na fração argila, rica em minerais interestratificados mica-esmectita (Havlin et al.
1985). Munn et al. (1976) verificaram que o K extraído com CaCl2 0,5 mol L-1, em quatro solos,
variou de 30 a 74 %, para a argila; de 24 a 56 %, para o silte, e; de 2 a 21 %, para a areia.
Em três solos do Rio Grande do Sul, o K total liberado após 15 extrações seqüenciais
com ácido oxálico 0,01 mol L -1 foi proveniente principalmente das frações argila e silte
(Quadro 18) (Castilhos, 1999). A fração areia, normalmente, libera quantidades menores
de K que o silte e argila. Todavia, em solos arenosos intemperizados da planície costeira
atlântica dos Estados Unidos, a reserva de K era proveniente da fração areia fina, rica em
feldspatos potássicos (Martin & Sparks, 1983; Sadusky et al. 1987; Parker et al 1989).

Quadro 18. Contribuição estimada das frações areia, silte e argila para o teor de potássio total
dessorvido de três solos do Rio Grande do Sul, em 3.409 h de equilíbrio com ácido oxálico
0,01 mol L -1 (1)

Contribuição das frações


K liberado do
Solo
solo até 3.409 h
Argila Silte Areia

____________________________________________ mg kg-1 ________________________________________


Gleissolo 181 80 (44) 67 (37) 34 (19)
Planossolo 114 37 (32) 48 (42) 30 (26)
Chernossolo 135 58 (43) 45 (33) 32 (24)
(1)
Os números entre parênteses indicam a percentagem em relação ao total liberado dos solos.
Fonte: Castilhos (1999).

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IV – RESERVA MINERAL DO SOLO 311

A contribuição relativa das frações granulométricas na liberação dos nutrientes é


variável. Os diferentes resultados têm sido explicados de acordo com o tipo de solo,
composição mineralógica, material de origem e estádio de intemperismo. Vale destacar a
importância de, juntamente com os estudos de cinética de liberação, serem feitas a
identificação e quantificação dos minerais de cada fração, além da caracterização química
(quantificação de formas: trocável, não-trocável e estrutural) e granulométrica do solo.
No estudo de Castilhos (1999), a mesma seqüência encontrada para os solos, em
relação à quantidade total de K não-trocável liberado no estudo de cinética (Quadro 18),
coincidiu com a seqüência verificada para a quantidade de K não-trocável extraída pelas
plantas, num experimento realizado em vasos nos mesmos solos (Castilhos & Meurer,
2002). Isso revela que os estudos cinéticos de liberação de K feitos em laboratório podem
constituir bons indicadores da capacidade de suprimento do nutriente dos solos para as
plantas.

RESERVA DE K EM SOLOS ALTAMENTE


INTEMPERIZADOS DOS TRÓPICOS ÚMIDOS

Os solos jovens do Brasil, desenvolvidos de materiais de origem ricos em mica e


feldspato, podem apresentar teores de K total da ordem de 35.000 mg kg-1 (Melo et al.,
1995b). Já os solos altamente intemperizados são, de maneira geral, pobres em K trocável
e apresentam reserva limitada deste nutriente.
Poucos estudos têm sido realizados em solos desenvolvidos sob clima tropical úmido
com o objetivo de relacionar a mineralogia de suas frações com a reserva de nutrientes
para as plantas. Os solos do sudoeste da Austrália são altamente desenvolvidos (Ultisols
e Oxisols), com predomínio de caulinita e quartzo, com pouca ocorrência de minerais
primários fontes de K. Mais de 50 % dos 114 solos de referência representativos de toda
a parte agrícola dessa região estavam deficientes em K (Pal et al., 2001b). Em cultivos
sucessivos com trevo (adubação completa menos K) em solos do oeste da Austrália, Pal et
al. (2001c) observaram que as plantas morreram por deficiência de K no primeiro e no
segundo corte nos solos altamente intemperizados (Oxisols). Os teores de K nos tecidos
foram extremamente baixos (4 g kg-1).
Solos muito intemperizados da Nigéria (Ultisolos) também apresentaram baixos teores
de K total (1.800 a 2.600 mg kg-1 - extração fluorídrica) e não-trocável (48 a 56 mg kg-1 -
extração com HNO3 1 mol L -1 fervente) (Loganathan et al., 1995). Nesses solos, a fração
areia é constituída por quartzo e a fração argila, com predomínio de caulinita, apresenta
apenas resíduos de minerais filossilicatados interestratificados. Após cultivos sucessivos
de milho, Loganathan et al. (1995) observaram baixo crescimento das plantas nos
tratamentos sem adubação com K (teores foliares inferiores a 6 g kg-1), refletindo a baixa
capacidade de suprimento de K para as plantas.
Nos solos do Brasil, normalmente, verifica-se a mesma situação em relação à
reserva de K (Ricci et al., 1989; Chaves & Dias, 1996; Silva et al., 2000b; Melo et al.,

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312 VANDER DE FREITAS MELO ET AL.

2003). Santos (1993) estudou a mineralogia de solos cultivados com eucalipto no


Vale do Rio Doce, Minas Gerais e observou que a reserva mineral de K, de médio e
de longo prazo praticamente inexistia, o que evidenciou a pobreza do material de
origem em relação a esse nutriente. Melo et al. (1995a) também encontraram baixa
reserva mineral de K em Latossolos desenvolvidos de rochas sedimentares do Rio
Grande do Sul.
Mesmo apresentando baixa reserva de minerais fonte de K, os solos altamente
intemperizados dos trópicos úmidos revelaram teores de K total, normalmente, da
ordem de 300 a 2.000 mg kg-1. Nesses solos, estudos mineralógicos utilizando métodos
e ferramentas tradicionais, destacando-se a DRX empregada em amostras de TFSA e
da fração argila total (sem tratamento prévio para remoção e concentração de
minerais), não mostram sensibilidade suficiente para detectar as possíveis fontes
desses baixos teores de K total. Os principais minerais fontes de K estrutural nessas
condições são minerais de argila 2:1 com hidróxi entrecamadas, resíduos de minerais
2:1 fontes de K, resíduos de esmectita e ocorrência de camadas de mica na estrutura
da caulinita.

Minerais de Argila 2:1 com Hidróxi Entrecamadas


A vermiculita com hidróxi entrecamadas (VHE) é comumente encontrada em solos
ácidos e altamente intemperizados. Diversos autores têm observado vermiculita com
hidróxi entrecamadas em Latossolos de várias regiões do Brasil (Oliveira, 1977; Moller &
Klamt, 1982; Tiê-Bi-Youan et al., 1983; Antonello, 1988; Ker, 1995; Ghidin et al., 2006). Os
polímeros presentes nestes minerais aumentam suas resistências aos processos de
intemperismo, mantendo as camadas unidas (veja capítulo VII). Não há consenso entre
os pesquisadores em relação à nomenclatura destes minerais: vermiculita com hidróxi
entrecamada, vermiculita com hidróxi entrecamadas, mineral 1,4 nm, dioctaedral análogo
à vermiculita, vermiculita dioctaedral, interestratificado clorita-vermiculita, intergrade
clorita-camadas silicatadas expansivas, Al-hidróxi, etc.
A estrutura química do VHE e da esmectita com hidróxi entrecamadas (EHE) é
constituída por duas lâminas de tetraedros de Si, unidas por uma de octaedro de Al
(dioctaedral) ou de Fe (forma reduzida) e Mg (trioctaedral), diferenciada das estruturas
da vermiculita e esmectita pela presença de polímeros entrecamadas. A estrutura dos
minerais com hidróxi entrecamadas é variável, em virtude de alguns fatores: i) estrutura
básica da porção mineral 2:1; ii) grau de preenchimento da entrecamada; iii) composição
química dos materiais entrecamadas. Uma estrutura em anel com seis membros,
[Al6 (OH) 15 ]3+ tem sido proposta para o material entrecamada nestes minerais (Hsu &
Rich, 1960). Outros polímeros mais complexos também têm sido propostos (Hsu, 1968),
como estruturas com três e sete anéis.
A presença de ilhas de hidróxi pode dar estabilidade aos minerais 2:1,
termodinamicamente instáveis nas condições do meio. Em condições ácidas, a formação
de polímeros hidróxi estabiliza minerais 2:1 que estariam instáveis em relação à caulinita.
Nos sistemas naturais, caulinita, gibbsita e VHE co-existem na fração argila de solos. A
estabilidade do mineral VHE será maior ou menor que a da caulinita, dependendo do

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IV – RESERVA MINERAL DO SOLO 313

grau de ocupação pelos polímeros de hidróxi-Al. Contudo, em condições muito ácidas


(pH menor que 4), podem ocorrer descloritização (solubilização dos polímeros) e
transformação de VHE em vermiculita.
O VHE e o EHE apresentam larga distribuição espacial e são encontrados em várias
classes de solos. Condições moderadamente ácidas, baixo conteúdo de matéria orgânica,
condições de oxidação e freqüentes ciclos de umedecimento e secagem são favoráveis à
formação desses minerais. A distribuição de VHE e EHE pode ser uniforme no perfil,
mas, freqüentemente, é maior na superfície e decresce em profundidades.
E m r elaç ão à d inâmica d e K , pr inc ipalment e para os solos altament e
intemperizados, esses minerais devem assumir papel importante no fornecimento do
nutriente para as plantas. Muitos solos arenosos da Flórida suportam ecossistemas
nativos ou cultivados apresentando apenas traços ou quantidades desprezíveis de K
trocável. Comerford et al. (1990) atribuíram a liberação de K não-trocável nesses solos
à presença de VHE.
A formação de ilhas de hidróxi-Al nos minerais 2:1 reduz a CTC dos minerais e
pode influenciar significativamente o comportamento de troca de íons. Os polímeros
de hidróxi-Al podem reduzir a fixação de K por atuar como "pontos de apoio", inibindo
o colapso sobre os íons nos poros ditrigonais (Figura 7b), mantendo, assim, a distância
interplanar de 1,4 nm. Rich & Black (1964) encontraram que somente 28 mmolc kg-1 de
K foram removidos de minerais vermiculíticos pela extração com NH 4 OAc,
permanecendo o K remanescente fixado entre as camadas colapsadas. Após a síntese
de hidróxi-Al entre as camadas destes minerais, 232 mmolc kg-1 de K foram removidos
pelo NH4 OAc 1 mol L -1, sugerindo que a fixação de K foi praticamente eliminada pela
formação dos polímeros.
Apesar de reduzir a fixação entre as camadas de VHE, a adsorção torna-se mais
seletiva ao K, que pode ser substituído apenas por outros cátions com características
similares (NH4 +), excluindo cátions com maior energia de hidratação e maior raio iônico
hidratado (Ca e Mg). O aumento na seletividade a K deve-se à existência de zonas em
cunha (Figura 20) entre camadas apoiadas estabilizadas pelos polímeros e pelas
camadas colapsadas no interior do mineral (interestratificação VHE/mica, com d(001)
= 1,4 e 1,0 nm, respectivamente), onde os íons perdem a água de hidratação e se ajustam
aos poros ditrigonais, conforme discutido para seletividade de adsorção em micas.
Alguns pesquisadores têm mostrado o efeito benéfico da retenção de K pelos
minerais VHE em solos tropicais, evitando que o nutriente seja perdido por lixiviação e
tornando-o disponível para as plantas ao longo dos cultivos. Sanz-Scovino & Rowell
(1988) observaram que Oxisols da Planície Leste da Colômbia, com baixos teores de K
trocável e total (baixa reserva em K), mantiveram teores adequados de K em gramíneas
cultivadas durante 14 meses com cinco cortes sucessivos. Nesse período, as plantas
removeram 43 kg ha-1 de K, enquanto o K trocável decresceu somente 8 kg ha-1, o que
ocasionou a liberação de 35 kg ha-1 de K não-trocável. Trabalhando com os mesmos solos
em condições de laboratório, Sanz-Scovino et al. (1992) concluíram que as partículas de
VHE foram responsáveis pela liberação de K não-trocável.

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314 VANDER DE FREITAS MELO ET AL.

Num transecto de partícula de VHE (d(001) = 1,4 nm) do tamanho silte médio, Harris
et al. (1988), encontraram alta variação do teor de K por meio de análise microquímica
(microssonda de dispersão de raios-X - MDRX) dentro da partícula, obtendo teores de
10,95 a 73,35 g kg-1, após tratamento para remover o K trocável. Harris et al. (1988)
observaram que o K nos minerais VHE (1,4 nm) apresenta-se em camadas oclusas de
mica (1 nm), com periodicidade insuficiente para serem detectadas por DRX, ou,
alternativamente, pela entrada rápida dos polímeros de hidróxi nas camadas de mica
intemperizada, fixando o K dentro dos poros ditrigonais e protegendo-o de ser trocado
por cátions hidratados. Comerford et al. (1990) obtiveram variação nos teores de K em
partículas de VHE do tamanho silte de 1,74 g kg-1 nas bordas a 32,61 g kg-1 no interior.
A reserva de K no VHE conferiu ao Quartzipsamment altamente intemperizado
(apenas VHE, caulinita, gibbsita e quartzo) o potencial de liberação de K não-trocável
de 5.800 kg ha -1 , para a profundidade de dois metros (Comeford et al., 1990).

Resíduos de Minerais 2:1 como Fontes de K


Em razão dos altos teores em K, pequenos teores de minerais micáceos em solos
altamente intemperizados podem ser significativos no incremento de K total e na
disponibilidade deste nutriente para as plantas.
Amostras de vários sítios na região de Manaus, sob floresta e de sítios cultivados
sem fertilização no sistema de pousio, foram estudadas por Arkcoll et al. (1985). Os solos
apresentaram-se essencialmente cauliníticos com traços de mica hidratada (teores
variando de 12 a 27 g kg-1). A existência dessas fontes de K não-trocável ajudou a explicar
o rápido crescimento de arbustos durante o pousio e a falta de resposta de espécies
florestais a fertilizantes potássicos (Arkcoll et al., 1985).
Analisando os dados de vários estudos em solos altamente intemperizados, é possível
estabelecer um limite de 4,2 g kg-1 de K total na fração argila para separar solos em que os
DRX desta fração apresentam reflexões fortes ou discretas de mica ou vermiculita daqueles
que não apresentam tais reflexões. Considerando esse limite e teor de 83 g kg-1 de K nas
micas, chega-se ao limite de detecção, em termos do mineral, de 40 g kg-1 de mica,
considerando ser esta a única fonte de K na fração argila. Para contornar essa dificuldade
em solos altamente intemperizados, a identificação de minerais micáceos na fração
argila por DRX pode ser viável em amostras submetidas às extrações prévias para
concentração dos minerais do tipo 2:1. Após extrações seqüenciais na fração argila de
classes de solos de várias regiões do Brasil com ditionito-citrato-bicarbonato (Mehra &
Jackson, 1960) (extração de óxidos de Fe e Al) e com solução fervente de NaOH 5 mol L -1
(Norrish & Taylor, 1961) (extração de gibbsita e caulinita), Melo et al. (2002a) e Melo et
al. (2003) observaram reflexão basal de minerais micáceos (ilita e interestratificados
ilita/caulinita) em Latossolos por DRX (Figura 25). Após as extrações seqüenciais, a
percentagem de massa de argila residual, em relação à amostra antes das extrações, foi
extremamente baixa, o que garantiu a concentração dos minerais micáceos: Latossolo
Vermelho - 46 g kg-1 ; Latossolo Vermelho Distoférrico - 53 g kg-1; Cambissolo - 69 g kg-1.
Com base nos teores de K extraídos no resíduo pelo tratamento com NaHSO4 (Jackson, et
al., 1986) (extração de minerais 2:1) e considerando o teor médio de 100 g kg-1 de K 2O,

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IV – RESERVA MINERAL DO SOLO 315

estimaram-se os teores de mica no resíduo: Latossolo Vermelho-253 g kg-1; Latossolo


Vermelho Distroférrico - 40 g kg-1; Cambissolo - 448 g kg-1. As partículas de mica analisadas
por MDRX no estudo de Melo et al., (2002a) foram, em sua maioria, identificadas como
biotita, o que representa, também, fonte de Mg estrutural.

LV (a)

(b)

(c)

(d)

(e)

LVdf (a)

(b)

(d)

(e)

C
(a)

(d)

(e)

Figura 25. Difratogramas de raios-X (radiação CuK α) da fração argila orientada do Latossolo
Vermelho (LV), Latossolo Vermelho Distroférrico (LVdf) e Cambissolo (C) mostrando a
evolução da mineralogia com os tratamentos seqüenciais [(sem tratamento (a), após DCB
(b), após NaOH 0,5 mol L -1 (c), após NaOH 5 mol L -1 (d) e após NaHSO4 (e)]. Ct - caulinita, Gt
- goethita, Hm - hematita, Gb - gibbsita, Fd - feldspato potássico, IL - ilita, IC - mineral
interestratificado ilita/caulinita, An - anatásio, Ru - rutilo e MF - mineral formado após NaHSO4.
Fonte: Melo et al. (2002a).

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316 VANDER DE FREITAS MELO ET AL.

Com base nesses estudos, conclui-se que, mesmo em solos altamente intemperizados
dos trópicos úmidos, partículas de mica resistem ao intemperismo e passam a constituir
importantes fontes de K estrutural. Moura Filho (1970) trabalhou com um Latossolo
Roxo do Triângulo Mineiro e encontrou relação inversa entre tamanho de agregados e
teor de cátions básicos. Segundo o autor, as bases concentram-se no interior dos
microagregados, o que limita a lixiviação, em razão do reduzido tamanho dos poros.
Esta concentração relativa de sílica e cátions básicos nos agregados dos solos altamente
intemperizados pode ser responsável pela redução do intemperismo de partículas de
mica.
A intensa e contínua pedogênese dos Latossolos pode não ser suficiente para
homogeneizar a mineralogia da fração argila das diferentes classes de tamanho de
agregados de um mesmo horizonte. Estudando quatro perfis de Latossolo Bruno (LBd) e
três perfis de Latossolo Vermelho (LVdf), Melo et al. (2008) observaram maior variação
nos teores de minerais de acordo com a classe de tamanho dos agregados (2 - 4; 1 - 2; 0,5
- 1; 0,25 - 0,5; 0,105 - 0,25; < 0,105 mm), para o perfil localizado na posição mais alta da
toposseqüência do LBd: variação de 350 g kg-1 nos teores de gibbsita no horizonte Bw1 e
440 g kg-1 nos teores de caulinita no horizonte Bw2.

Resíduos de Esmectita
Para que minerais de argila 2:1 fixem K entre suas camadas, nos poros ditrigonais,
é necessária alta substituição isomórfica, o que resulta numa densidade de carga suficiente
para que as forças de atração promovam a desidratação do K. A fixação de K ocorre nos
minerais 2:1 na seguinte seqüência decrescente: vermiculita com alta densidade de carga,
vermiculita com média densidade de carga e, presumivelmente, montmorilonita com alta
densidade de carga; em montmorilonita com média a baixa densidade de carga e caulinita
não fixam K.
Considerando a fórmula mínima dos minerais (por exemplo, muscovita -
K(Si3 Al)Al2 O10 (OH)2 ), tem-se a seguinte distribuição de carga negativa estrutural
(resultante de substituição isomórfica de cátion de maior valência por outro de menor
valência) por unidade de fórmula: muscovita e biotita = 1,0–; ilita = 0,85– a 0,99– ;
vermiculita = 0,6– a 0,8– ; montmorilonita = 0,25– a 0,55– . O valor de 0,55– para a
montmorilonita representa o nível máximo de substituição isomórfica para o mineral,
em que o espaçamento basal (001) é mantido em torno de 1,4 nm, mesmo após solvatação
da amostra com etileno glicol (Fichter et al., 1998). Na prática, contudo, a montmorilonita
da fração argila dos solos tem menor densidade de cargas negativas: não apresenta
capacidade de fixação de K e permite maior solvatação com as moléculas de etileno
glicol, o que aumentaria o espaçamento basal (001) para 1,7 - 1,8 nm. Com isso, as
esmectitas são classificadas como minerais expansivos (1,4 - 1,8 nm), permitindo a entrada
de água entre as camadas e adsorvendo, preferencialmente, cátions de maior valência
(Ca2+ e Mg2+).
A fixação de K em solos esmectíticos é geralmente devida a inclusões de camadas de
vermiculita e mica intemperizada na estrutura da esmectita. Alguns autores têm mostrado

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IV – RESERVA MINERAL DO SOLO 317

a presença de minerais interestratificados de mica-esmectita nas frações silte e argila de


solos, com reflexão basal (001) distinta em 2,4 nm, valor obtido pela interestratificação
regular de camadas de 1,0 e 1,4 nm de espessura (Figura 8c) (Ross, 1971; Guzel & Wilson,
1978; Havlin et al., 1985; Fichter et al., 1998). Por conseguinte, nos difratogramas desses
minerais, verifica-se a reflexão basal de segunda ordem (002) em 1,2 nm. Estes minerais
interestratificados são formados pela troca mais rápida de K por cátions hidratados em
determinadas camadas, mantendo partes ou camadas inteiras colapsadas no interior do
mineral (Ross, 1971).
Guzel & Wilson (1978) encontraram correlação positiva e altamente significativa
entre o teor de K total e o de minerais interestratificados mica-esmectita nos solos. As
porções de mica nesses minerais liberaram K não-trocável mais facilmente para as plantas
que partículas de mica em fase separada.
A contribuição de minerais esmectíticos no fornecimento de K não-trocável nos solos
intemperizados é bastante limitada considerando sua baixa ocorrência nesses ambientes
e "ausência" de sítios específicos para fixação de K em formas não-trocáveis, o que torna
o íon susceptível à dessorção por cátions de maior valência.

Camadas de Mica Preservadas na Estrutura da Caulinita


A caulinita é o principal mineral dos solos desenvolvidos sob condições tropicais
úmidas. É um argilomineral do tipo 1:1 com estrutura filossilicatada, formado pelo
empilhamento regular de lâminas de tetraedros de Si e octaedros de Al (mineral
dioctaedral). As unidades básicas 1:1 são unidas por ligações de H entre os O basais dos
tetraedros e OH da lâmina octaédrica (veja capítulo VII). Tem sido postulada a presença
de cargas negativas na caulinita (substituição isomórfica). Essas possíveis cargas
negativas permanentes poderiam ser importantes na retenção de K entre as camadas do
mineral. Contudo, é mais aceito que as cargas permanentes na caulinita são devidas à
presença de interestratificações com esmectita e a ocorrência de camadas de mica nas
partículas (Figura 10c).
A presença de zonas de mica deve ser mais freqüente nos flocos de caulinita
pseudomorfa de biotita nas frações areia e silte de solos (Figura 26). A caulinita pode ser
formada diretamente do intemperismo da biotita, encontrada nas rochas, originando
esses pseudomorfos (Pinto et al., 1972; Rebertus et al., 1986; Graham et al., 1989). Nesses
minerais, o K poderia ficar retido entre as unidades de caulinita e, juntamente com os
resíduos de mica, constituiriam fontes de K não-trocável para as plantas.
Mais estudos seriam necessários para avaliar a freqüência com que essas
estratificações ocorrem em caulinita dos solos. Normalmente, os teores de K em
partículas de caulinita são muito baixos. Singh & Gilkes (1992) encontraram 1 a 2,9 g kg-1
de K 2 O nas amostras de solos do Sudoeste da Austrália (análises de partículas
individuais de caulinita com uso de microssondas). Os autores concluíram que a fonte
de K na caulinita foi a ocorrência de camadas de muscovita, com 10 a 29 g kg-1 dessas
camadas. Por seus baixos teores e pouca cristalinidade, a muscovita não foi detectada
por DRX.

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318 VANDER DE FREITAS MELO ET AL.

a b

Figura 26. Micrografias obtidas por microscopia eletrônica de varredura em saprolito de rocha
rica em potássio no Sudeste da Austrália: (a) caulinita pseudomorfa de mica. (b) mistura
de camadas de caulinita e camadas de mica.
Fonte: Tonui et al. (2003).

Utilizando microscópio eletrônico de transmissão com alta resolução, Lee et al. (1975)
e Murphy et al. (1998) observaram cristais com mistura de camadas de mica e caulinita
(Figura 10). Lee et al. (1975) hipotetizaram que o K entrecamadas nesses cristais pode
existir em vários lugares: entre camadas de caulinita com presença de cargas negativas
residuais (herdadas das camadas de mica); em zonas micáceas oclusas (camadas com
1,0 nm) e; como discretas partículas de biotita.
Melo et al. (2001) analisaram amostras de caulinitas da fração argila de
diferentes classes de solos do Brasil e observaram que os teores de K variaram de
0,07 a 3,18 g kg -1 . Segundo os autores, a interestratificação nestas amostras foi com
camadas de biotita, dada a mesma magnitude nos teores de K e Mg. Verificaram,
ainda, que as menores partículas de caulinita apresentavam maiores teores de K. É
possível que as camadas de biotita interestratificadas retardem o crescimento dos
cristais de caulinita. Contudo, a relação causa-efeito pode ser outra: partículas jovens
de caulinita são, normalmente, menores e, caso sejam formadas diretamente do
intemperismo da mica, apresentam maior possibilidade de terem oclusões de
camadas do tipo 2:1 (maior riqueza em K).
Considerando a alta estabilidade da caulinita nos solos, espera-se que a liberação
do K não trocável das camadas de mica preservadas na estrutura da caulinita seja muito
restrita, o que, praticamente, inviabiliza a utilização dessa reserva pelas plantas.

Distribuição do K Total nos Minerais das Frações Argila, Silte


e Areia por Meio de Técnicas de Extrações Seqüenciais
Melo et al. (2002a,b; 2003) adaptaram alguns métodos desenvolvidos por Jackson et
al. (1986) e propuseram uma seqüência de análises seletivas de minerais para estimar a
contribuição de cada espécie mineral nos teores de K total da fração argila de solos
(Figura 27 e Quadro 19). Após cada extração, os autores determinaram os teores de K e a

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IV – RESERVA MINERAL DO SOLO 319

remoção em massa da amostra com o tratamento (peso inicial e final da amostra seca).
Como referência, determinaram-se os teores de K total (digestão com HF, HNO3 e H2 SO4
concentrados) em amostra de argila sem tratamento.

Argila livre de K trocável

Oxalato de amônio 0,2 mol L -1 (OA)


(extração de óxidos de Fe e Al de baixa cristalinidade)

Ditionito-citrato-bicarbonato de sódio (DCB)


(extração de óxidos de Fe de alta cristalinidade - hematita e goethita)

NaOH 0,5 mol L -1


(extração de Al, Si e aluminossilicato de baixa cristalinidade e gibbsita)

NaOH4 mol L-1


(extração de caulinita)

NaHSO4 (cristais)
(extração de mica e demais minerais 2:1)

HF, H2 SO4 e HNO3 concentrados


(dissolução final do resíduo - extração de feldspato e quartzo)

Figura 27. Esquema de análises seqüenciais (extrações seletivas de minerais) na fração argila.

Em geral, os menores teores de K foram associados aos óxidos de Fe amorfos (OA) e


cristalinos (DCB), os quais apresentaram a menor participação no K total da fração argila
(Quadro 19). Possivelmente, o tratamento com OA pode ter dissolvido pequenas partículas
de biotita, liberando Fe, K e Mg (Jackson et al., 1986). Outra possibilidade
apresentada por M elo et al. (2002a) foi a presenç a de K em camadas
aluminossilicatadas amorfas dissolvidas na extração. Verificou-se estreita relação
entre grau de evolução dos solos, com menor teor de K total, e maior participação da
caulinita (extração com NaOH 5 mol L -1 ) no fornecimento de K (Quadro 19). Nos
solos desenvolvidos de sedimentos do Grupo Barreiras no Espírito Santo (amostras
PA1 até LA2), a caulinita contribuiu com cerca de 50 % do K total. Apesar de a
caulinita apresentar baixos teores de K (da ordem de 200 mg kg-1), o predomínio do
mineral na fração argila conferiu participação destacada no conteúdo total de K desses

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320 VANDER DE FREITAS MELO ET AL.

solos. Outra fonte importante de K para todos os solos foi a presença de mica. Dado seu
baixo teor, inicialmente não se detectou mica na fração argila sem tratamento no Latossolo
Vermelho e no Latossolo Vermelho Distroférrico por DRX (Figura 25 - tratamento a). A
contribuição desses minerais micáceos atingiu 82 % do K total nos solos mais jovens
(Quadro 19 - extração com NaHSO4 ). Os teores totais de Mg e os teores obtidos nas
extrações seqüenciais foram semelhantes aos teores de K (Melo et al., 2002a). A quase
totalidade do Mg total estava associado com a caulinita e com os minerais micáceos
(biotita).

Quadro 19. Teores de potássio total e contribuição percentual das extrações seqüenciais em relação
ao potássio total da fração argila de diferentes classes de solos do Brasil (1)

Classe Horizonte K-total OA DCB NaOH 0,5 mol L-1 NaOH 5 mol L-1 NaHSO4 HF

mg kg-1 _______________________________________ % _______________________________________

PA1 B 341 5 1 9 49 34 2
PA1 C 286 8 0 7 43 40 2
PA2 B 197 9 1 12 58 18 3
PA2 C 181 10 1 10 54 23 2
PA3 B 214 3 3 6 55 29 4
PA3 C 371 4 1 4 48 42 3
LA1 B 338 6 1 10 48 33 3
LA2 B 451 5 1 12 41 37 4
LA3 B 406 12 3 7 27 51 1
LVA B 252 11 11 13 30 30 5
LV B 1.303 1 3 9 7 75 5
LV B 925 3 4 5 25 60 2
PV B 4.277 2 1 4 41 51 1
LVdf B 398 8 9 14 36 30 2
LVdf B 256 12 12 10 47 17 3
PVA B 6.215 1 1 1 10 81 6
PVA C 3.436 3 0 2 26 51 17
C B 5.078 2 1 4 35 52 7
C C 5.461 2 1 3 30 48 17
C B 2.312 1 2 2 15 77 3
C C 4.083 1 1 2 12 83 2
(1)
PA - Argissolo Amarelo; LA - Latossolo Amarelo; LVA - Latossolo Vermelho-Amarelo; LE - Latossolo
Vermelho; PV - Argissolo Vermelho; LVdf - Latossolo Vermelho Distroférrico; PVA - Argissolo
Vermelho-Amarelo; C - Cambissolo. Os números indicam a contribuição percentual das extrações
seqüenciais em relação ao K total da fração argila. Extrações seqüenciais: oxalato de amônio (OA),
ditionito-citrato-bicarbonato (DCB), NaOH 0,5 mol L-1, NaOH 5 mol L-1, NaHSO4 e HF (Figura 27).
Fonte: Melo et al. (2002a).

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IV – RESERVA MINERAL DO SOLO 321

Melo et al. (2003) utilizaram o mesmo método proposto por Melo et al. (2002a) (Figura 27)
para estudar a reserva de K na fração argila de solos altamente intemperizados do
Triângulo Mineiro. Os teores de K total da fração argila foram extremamente baixos, com
valores oscilando entre 202 e 1.717 mg kg-1, com valor médio de 795 mg kg-1. Como
observado por Melo et al. (2002a), a contribuição de resíduos de mica mais a caulinita
nos teores de K total foi bastante expressiva (valores acima de 95%).
Em virtude da menor diversidade mineralógica, para a fração silte, , Melo et al. (2000)
adotaram um método mais simplificado para estudar as mesmas amostras apresentadas
no quadro 19, optando por um menor número de extrações seqüenciais (Figura 28).

Silte

Aquecimento a 550 o C + NaOH 0,5 mol L -1


(extração de gibbsita e caulinita)

NaHSO4 (cristais)
(extração de óxidos de Fe, mica e demais minerais 2:1)

HF, H2 SO4 e HNO3 concentrados


(dissolução final do resíduo - extração de feldspato e quartzo)

Figura 28. Esquema de análises seqüênciais (extrações seletivas de minerais) na fração silte.

A importância de resíduos de mica nos teores totais de K é ainda mais expressiva na


fração areia dos Latossolos. Melo et al. (2004) trabalharam apenas com a fração areia de
Latossolos amostrados no Triângulo Mineiro e determinaram os teores de K não-trocável
(HNO3 1 mol L -1) e total (HF, H2SO4 e HNO3 concentrados) na areia total (K não-trocável
variando de 3,6 a 12 mg kg-1 e K total de 60 a 110 mg kg-1) e em diferentes classes de pesos
e tamanhos dessa fração. A fração areia de solos desenvolvidos de arenitos das Formações
Adamantina e Marília, rochas de maior ocorrência na região, apresentaram apenas
quantidades traços de mica por DRX, baixos teores totais e não-trocáveis de K e reduzida
relação entre K não-trocável/K total, indicando reserva muito limitada deste nutriente
para as plantas.

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