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Luiz Pinto
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Vander de Freitas Melo - UFPR (Curitiba), Rosa Maria Vargas Castilhos - UFPEL (Pelotas) e
1. INTRODUÇÃO
nutrição mineral e na produção das plantas. A caracterização mineralógica das frações do solo, a
absorção dos nutrientes pelas culturas influencia a produção agrícola, principalmente, na economia
avaliam apenas as formas trocáveis dos nutrientes, quando a reserva mineral do solo for efetiva no
total de nutrientes absorvidos pelas plantas, a definição de outros métodos de análise, com maior
resultaria em uma menor aplicação de adubos, o que reduziria os custos de produção e a entrada de
nutrientes no ambiente.
principalmente, nas frações areia e silte. O K, Ca, Mg, P, Fe, Mn, Cu, Zn, etc. fazem parte da
estrutura de alguns minerais primários (Quadro 1), tanto essenciais quanto acessórios, e são
MELO, V. F.; CASTILHOS, R. M. V.; PINTO, L.F.S. Reserva Mineral do Solo In: Química e Mineralogia do
Solo - Parte I - Conceitos básicos ed.Viçosa : SBCS, 2009, v.1, p. 251-332.
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Quadro 1. Principais minerais primários essenciais e acessórios potencialmente fontes de nutrientes
para as plantas
Minerais primários Nutrientes contidos no Minerais primários Nutrientes contidos
essenciais mineral acessórios no mineral
Ortoclásio/Microclínio K Granada Ca, Mg, Mn
Plagioclásios Ca, Cu, Mn Turmalina Ca, Mg, B
Olivina Mg, Fe, Cu, Mn, Mo, Zn Apatita P, Ca, Fe, Mg
Piroxênios Ca, Mg, Fe, Cu, Mn, Zn Esfeno Ca
Anfibólios Ca, Mg, Fe, Cu, Mn, Zn Epidoto Ca, Fe
Biotita K, Mg, Fe, Cu, Mn, Zn Magnetita Fe, Zn, Mn,Cu
Muscovita K Bórax B
Talco Mg Espinélio Mg, Fe, Zn, Mn
Calcita Ca Fluorita Ca
Dolomita Ca, Mg Pirita Fe, S
Gipsita (gesso) Ca, S
O quartzo é o principal mineral das frações areia e silte dos solos. Na Figura 1 são
apresentados os minerais da fração areia de dois solos. O solo velho originado de granito (a)
apresenta, basicamente, apenas quartzo na fração areia. Como esse mineral não possui elementos
essenciais às plantas, o solo em questão apresenta baixa reserva de nutrientes. Por outro lado, a
fração areia do solo jovem originado de micaxisto (b) apresenta, além de quartzo, grande
quantidade de mica parcialmente intemperizada (mineral com aspecto dourado). Como resultado,
com o processo contínuo de intemperismo químico dos minerais micáceos, há intensa liberação de
solução do solo e formar minerais secundários (por exemplo, caulinita e goethita), aumentando o
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(a) (b)
Figura 1. Fotografias da fração areia (minerais com diâmetro entre 0,05mm e 2 mm) de dois
solos com composição mineralógica distinta: (a) solo velho originado de granito; (b) solo
jovem originado de micaxisto.
Os tipos e a proporção dos minerais primários variam conforme o tipo de rocha. A Figura 2
Em função dos tipos de minerais, a composição química das rochas comuns pode variar
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K e P, para os solos (Quadro 2). As rochas também são fontes potenciais de microelementos para o
solo, sendo alguns considerados altamente tóxicos para os organismos, como o Ni e Cr (Quadro 3).
Quadro 2. Teores totais de elementos maiores (SiO2, Al2O3, CaO, MgO, Na2O e K2O) e menores
(TiO2, MnO e P2O5) de algumas rochas
Feldspato
Alcalino
(1) (1) (1)
Óxidos Peridotito(1) Basalto Granodiorito(2) Sienogranito(2) Granito2 Micaxisto Metarenito
Feldspato
Alcalino
Elemento Peridotito(1) Basalto(1) Granodiorito(2) Sienogranito(2) Granito(2) Micaxisto(1)
A classe dos óxidos é bastante diversa, incluindo minerais bastante duros como o coríndon
(dureza 9 na escala de Mohs) e outros mais macios, como a cuprita (dureza = 3,5-4), minerais
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metálicos (hematita) e gemas (coríndon: rubi e safira e crisoberilo: alexandrita e olho-de-gato), com
A grande diversidade dos óxidos pode ser atribuída à abundância do oxigênio na crosta
terrestre. A maioria combina com outros elementos formando ânions complexos, como CO3, BO3,
SO4, NO3, SiO4 e PO4, que deveriam ser considerados óxidos, o que reduziria as classes minerais a
quatro: elementos nativos, halóides, sulfetos e os óxidos, os quais compreenderiam mais de 90%
dos minerais conhecidos. Ficam, no entanto, restritos às classe dos óxidos apenas aqueles minerais
Os óxidos podem ser classificados em óxidos simples, óxidos múltiplos, óxidos contendo
Em função da relação dos raios iônicos e da ocupação dos espaços os óxidos podem ser
São hexagonais a água, a zincita, os óxidos do tipo A2O3 (hematita, coríndon e ilmenita) e a brucita.
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São ortorrômbicos os oxi-hidróxidos, o crisoberilo e a columbita-tantalita. De maneira geral,
existem dois tipos de estrutura nos dióxidos (Quadro 5): uma, na qual cada cátion tem oito
oxigênios nos vértices de um cubo (coordenação 8), originando uma estrutura isométrica; e outra,
na qual existem seis oxigênios em torno de cada cátion (coordenação 6). Nesse último caso,
somente metade dos sítios possíveis ficam preenchidos, de forma a manter a neutralidade elétrica, e
assim ocorre deformação no arranjo octaédrico, originando uma simetria mais baixa, tetragonal.
Quadro 5. Relação dos raios iônicos (cátion/oxigênio), coordenação e simetria nos dióxidos
Nos óxidos múltiplos que apresentam fórmula geral AB2O4 (Quadro 4), o cátion A é maior
(raio iônico entre 0,06 e 0,08 nm) e é geralmente divalente, ao passo que o B é menor (raio iônico
entre 0,05 e 0,07 nm) e é geralmente trivalente. Assim, na estrutura do espinélio os íons A possuem
4 oxigênios ao redor e os íons B possuem 6, o que conforma um retículo cúbico, dando origem a
iônica é comum, sendo completa a solução sólida relativa aos íons A (Mg2+, Fe+2, Zn2+, Mn2+) e
incompleta relativa aos íons B (Al3+, Fe+3 e Cr3+) (Quadro 6). O crisoberilo tem uma estrutura
contraída, de simetria mais baixa (ortorrômbico), devido ao pequeno tamanho do íon Be (0,035
nm).
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A=Mg Espinélio MgAl2O4 Mg-ferrita MgFe2O4 Mg-cromita MgCr2O4
A=Fe Hercinita FeAl2O4 Magnetita FeFe2O4 Cromita FeCr2O4
A=Zn Gahnita ZnAl2O4 Franklinita ZnFe2O4
A=Mn Galaxita MnAl2O4 Jacobsita MnFe2O4
Fonte: Dana & Hurbult (1978).
A cuprita e a zincita (Quadro 4) são minerais de minério, não tendo expressão nas rochas. O
periclásio pode ser formado em mármores a partir da dolomita, ficando, portanto, de ocorrência
restrita a esse tipo de rocha. O rutilo (TiO2), assim como seus polimorfos anatásio e brookita, a
acessório comum em rochas ígneas básicas e alcalinas e metamórficas calci-silicatadas. Todos esses
minerais são encontrados como fases detríticas em rochas sedimentares, em razão da elevada
resistência ao intemperismo. Por isso, esses minerais são comumente identificados nas frações areia
e silte de solos e saprólitos, tendendo a se concentrarem em solos mais intemperizados. Por outro
lado, silicatos comuns como biotitas, hornblendas e augitas contêm, em termos absolutos, mais Ti
do que os óxidos nas rochas. Na intemperização desses minerais, bem como do esfeno (CaTiSiO 5),
(pseudorutilo, pseudobrookita, etc.) também é observada. Uma média de 5,1 g kg-1 nos solos, contra
3,9 e 3,3 g kg-1 para as “camadas” sedimentares e ígneas graníticas da litosfera, respectivamente,
demonstra a concentração desse elemento durante o intemperismo, podendo chegar até 150 g kg-1
em solos altamente intemperizados desenvolvidos de basaltos (Milnes & Fitzpatrick, 1989). Essa
concentração de Ti não tem importância na fertilidade dos solos, pois o elemento não é considerado
nem um micronutriente nem um elemento tóxico para as plantas e animais. Alguns autores até
mesmo sugerem o uso do Ti como indicador da presença de solo ou poeira na análise de tecido
nas rochas. Porém, por ser de origem supergênica (que se produz próximo à superfície da crosta),
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dissolve das rochas cristalinas e deposita na forma de concreções e revestimentos, freqüentemente
dentríticos, sobre a superfície das fraturas e diáclases. Técnicas como a microscopia eletrônica,
descritos nessas ocorrências como sendo pirolusita e psilomelano são na realidade “óxidos” de Mn
décimo elemento mais abundante na crosta e é o metal pesado mais comum, após o Fe, perfazendo
cerca de 0,1% das rochas (Quadro 2). Do ponto de vista geoquímico, o Mn se comporta como o Mg
e o Fe (e Ni e Co), tendendo a entrar na estrutura de minerais que se formam nos primeiros estágios
área superficial específica, que exercem influência química acentuada no solo, numa proporção
idades, geralmente como mineral acessório. Juntamente com a goethita, que é um oxi-hidróxido de
influencia de forma decisiva uma série de características e propriedades dos solos (ver capítulo
VIII). O Fe na estrutura desses óxidos pode ser substituído por muitos cátions metálicos,
destacando-se o Al, em maior quantidade na goethita, e microelementos, como Ni, Ti, Mn, Co, Cr,
Cu e Zn, em menor proporção. Além da incorporação destes metais na estrutura, a grande área
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reatividade das superfícies (cargas dependentes de pH), faz com que vários ânions (fosfatos,
selenatos, molibdatos, arsenatos, fluoretos e silicatos) e cátions metálicos (Cu, Pb, Zn, Cd, Co, Ni,
Mn) sejam adsorvidos especificamente, ou seja, ligados por caráter covalente diretamente ao O e
OH estruturais, formando ligações muito fortes. Dessa forma, os óxidos de Fe podem conter, tanto
dentro de sua estrutura como adsorvidos especificamente em sua superfície, uma concentração
razoável de metais, alguns micronutrientes para as plantas. Essa fonte de micronutrientes passa a
crescer em importância em solos arenosos e na medida em que os solos vão ficando altamente
gnaisses e serpentinitos, ocorrendo como mineral acessório em muitas rochas ígneas máficas. Fe+2,
Zn2+ e Mn2+ substituem o Mg2+ em variadas proporções, por isso os óxidos puros (hercinita, gahnita
e galaxita) (Quadro 6) são raros. Sua influência maior como fonte de nutrientes, portanto, ocorre em
Fe+2 pode ser substituído por Mg2+ e Mn+2 (e Zn2+) em proporção variada, sendo os termos
basaltos, onde pode compor parte expressiva da fração areia desses solos, servindo como fonte de
pouco de Mg2+ está sempre presente substituindo o Fe2+. Por outro lado, o Al3+ e o Fe+3 podem
substituir o Cr3+. Problemas de fertilidade associados a solos desenvolvidos sobre esses tipos de
rochas são conhecidos e relatados na literatura internacional (Rabenhorst et al., 1982) e também na
nacional (Pinto & Kämpf, 1996), com a vegetação nativa sofrendo problemas de toxidez
relacionados aos altos teores de Cr, Ni, Co (Quadro 3) e desbalanço da relação Ca/Mg trocáveis.
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Entre os hidróxidos e oxihidróxidos de Al, a gibbsita (Quadro 4) é o mineral mais comum nos
solos e depósitos de bauxita, que se originam pelo intemperismo avançado em certos tipos de rochas
A classe dos halóides caracteriza-se por ânions halogênicos com grande raio iônico (Cl-, Br-,
F- e I-), fracamente carregados e de fácil polarização. Quando combinam com cátions de baixa
isométricas e hexaoctaédricas (ver capítulo II), como no caso da halita (NaCl), silvita (KCl) e
rochas magmáticas, seja em dolomitos e calcários. Não tem aplicação direta na agricultura, sendo
minerada com propósitos industriais. Sua presença, no entanto, tem sido associada à incidência de
fluorose endêmica (perda de esmalte nos dentes) em função de altos índices de flúor em águas
A halita e a silvita, juntamente com outros sais solúveis (carbonatos, sulfatos e boratos),
planícies costeiras (“sabkhas”), lagos (“playa lakes”) e mares adjacentes a áreas desérticas (Silva et
al., 2000a). Os evaporitos podem posteriormente ser soterradas por outros sedimentos e após, em
petróleo. Em áreas de clima árido e semiárido, a baixa taxa de lixiviação e a alta evaporação
acumulam esses sais. Em consenqüência, são formados solos salinos e salino-sódicos, que
apresentam problemas agronômicos de natureza tanto química como física (ver capítulo XIX).
A halita (NaCl), além do uso como sal de cozinha, possui inúmeras utilidades na indústria
química. Não tem, porém, utilidade direta na agricultura como fertilizante. O contrário ocorre com
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os sais de K. Apesar de ser relativamente abundante nas rochas (Quadro 2), esse elemento tem
disponibilidade imediata muito limitada para as plantas, por estar contido principalmente nos
feldspatos e micas. Em razão disso, mais de 95% do K presente nos minerais dos depósitos
evaporíticos atuais e antigos são utilizados como fertilizante na agricultura; desses 90% são na
explorado é a silvita (KCl), que possui 63% de K2O, seguido da carnalita (KCl.MgCl2.6H2O),
com 17, 19, 23 e 16% de K2O, respectivamente. Na prática são também comercializados produtos
mistos como a silvinita (silvita + halita), a hartsalz (silvita + halita + kieserita (MgSO4.H2O) e/ou
A classe dos sulfatos possui grande número de minerais, divididos em anidros, como a
(K2Ca2Mg (SO4)2.2H2O). As ligações enxofre-oxigênio dos grupos SO4-2 são fortes, com os cátions
coordenados com os íons sulfatos, formando estruturas ortorrômbicas ou monoclínicas (ver capítulo
II). Nos sulfatos hidratados a estrutura se apresenta na forma de camadas formadas por lâminas
duplas de CaSO4, separadas por moléculas de água (Donner & Lynn, 1989). O gipso é o sulfato
cristalizarem primeiro devido à menor solubilidade. De forma semelhante aos halóides, o gipso é
utilizados como fertilizante. O gipso, por sua vez, é usado primordialmente para fabricação do
No início do século 20, o gipso passou a ser usado na correção de solos sódicos por meio da
substituição do Na pelo Ca, com posterior lixiviação do Na, de forma a melhorar as propriedades
físicas do solo (Loveday, 1984). O chamado gesso agrícola, produto que vem sendo oferecido no
mercado, com indicação de fornecer enxofre e cálcio em solos, bem como de promover o
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crescimento radicular ao diminuir a atividade do Al em profundidade, não vem dessas fontes
ortorrômbica. O mais comum é o salitre do Chile (NaNO3), encontrado em áreas áridas como
camada de sal (caliche do Chile) intercalada com camadas de areia, de sal comum e de gipso, cuja
ocorrência principal fica no norte do Chile. Durante muito tempo foi utilizado como fonte de adubo
nitrogenado. Atualmente vem sendo substituído pela uréia, cujo nitrogênio é proveniente do N
atmosférico (Tisdale & Nelson, 1993). O salitre potássico (KNO3) é também encontrado na
natureza em quantidades bem menores que o salitre do Chile, na forma de eflorescências em solos e
rochas, sendo usado também como fonte de K e N. O KNO3 comercial, no entanto, não vem dessa
Nos boratos, o íon boro (pequeno raio iônico) coordena três oxigênios, que podem ser
compartilhados por dois íons boros vizinhos formando folhas separadas por camadas de moléculas
de água e unidas por íons Na ou Ca (Dana & Hurbult, 1978). Os boratos são também encontrados
em vários processos na indústria química. Outros boratos comumente encontrados nesses depósitos
tem sido observada toxidez por boro (Welch et al., 1991). Embora não seja um borato, a turmalina
comum em rochas ígneas e metamórficas, constituindo importante reserva de boro no solo, pois é
2.3. Carbonatos
Nos carbonatos os grupos CO3-2 se combinam com cátions divalentes de forma que a relação
dos raios impõe a coordenação 6, resultando estruturas simples onde se alternam camadas de
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cátions metálicos com ânions carbonato (Dana & Hurbult, 1978). Dessa forma, os grupos
carbonato, reduzem a simetria do sistema isométrico (90o) para romboédrico (74o55’) (subdivisão
do sistema hexagonal) (ver capítulo II), característico dos cristais de calcita (CaCO3). Sendo
isoestruturais, os cátions metálicos substituem-se entre si, conforme seus tamanhos (Fe+2 = 0,074
nm; Mn+2 = 0,080 nm e Mg+2 = 0,066 nm), produzindo substâncias intermediárias entre carbonatos
(Ca+2 = 0,099 nm) não é completa, sendo particularmente difícil a do Ca pelo Mg devido à diferença
nos raios (33%). Dessa forma, o que ocorre na dolomita [(CaMg(CO3)2] não é resultado de uma
solução sólida, mas sim uma alternância de camadas de íons Mg com camadas de íons Ca, ou seja,
um sal duplo. Uma forma polimorfa da calcita de estrutura ortorrômbica denominada de Aragonita
é comumente encontrada em depósitos recentes e nas conchas de moluscos. Esta forma é menos
mistas de carbonatos com argilas (margas). O ambiente típico de acumulação dos sedimentos
carbonáticos é marinho de água rasa com origem química, orgânica ou clástica. São muito
importantes no registro geológico, perfazendo cerca de 25% das seções estratigráficas (Suguio,
1980). As bacias evaporíticas são outro tipo de ambiente de acumulação de carbonatos, em áreas
bem mais restritas, em regiões de clima árido, onde os depósitos são chamados de caliche ou
solos formados sobre esse tipo de rocha, sendo que a ocorrência e distribuição dos carbonatos no
carbonatos secundários podem acumular próximo à superfície. À medida que a precipitação pluvial
aumenta, ocorre progressiva remoção dos carbonatos das camadas mais superficiais e deposição de
carbonato secundário nas camadas mais profundas. Em climas úmidos ocorre a remoção total,
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podendo formar contato abrupto entre o perfil de solo ácido e a rocha de origem alcalina (Doner &
Lynn, 1989). Solos derivados de calcários costumam ser férteis, em geral Chernosols ou Molisols
(conforme a Soil Taxonomy – USDA, 2006), compondo parte dos solos mais férteis da zona
temperada na América do Norte, Europa Central e Ásia (Fanning & Fanning, 1989). A relação entre
rocha calcária e fertilidade do solo também pode ser observada no Brasil, com valores de pH, teores
de Ca e Mg e saturação por bases elevados (Araújo e Olivieira, 2003), mesmo em ambientes que
estados que não possuem calcário sedimentar, como no Rio Grande do Sul, o mármore moído é
usado para correção do solo. Para se ter uma idéia da magnitude da mineração de calcário no Brasil,
das 1.862 minas cadastradas no ano de 2.000 com produção superior a 10.000 t ano-1, 314 eram de
calcário (16,9% do total), sendo 23,6%, 25,4% e 13,5% consideradas de grande, médio e pequeno
porte, respectivamente (DNPM, 2001b). A maioria dessas minas é utilizada para cimento e outros
2.4. Fosfatos
apresenta-se na forma de grupos tetraédricos (PO4-3) que não formam grupos polimerizados. O
arsênio e o vanádio podem substituir o fósforo, formando então arseniatos e vanadatos, que são
minerais de ocorrência restrita, ao contrário dos fosfatos, principalmente a apatita, que é constituinte
base nos teores e na amplitude de distribuição nas rochas comuns, o fósforo é considerado um
elemento acessório, juntamente com o Mn e o Ti, nas análises químicas rotineiras das rochas,
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A apatita, o fosfato mais abundante e importante, apresenta fórmula geral
Ca5(PO4)3(OH,F,Cl), com substituição (solução sólida) dos ânions F-, Cl- e OH- e, mais raramente,
do fosfato pelo carbonato (carbonatoapatita). O Ca pode ser substituído pelo Mn, Sr e outros
prontamente seu Ca (Blum et al., 2002). O fosfato pode então combinar com Al, Fe, Mn, Na, K, Ba,
Cu, Zn, etc., formando grande variedade de fosfatos secundários, anidros e hidratados, como, por
xFex(PO4)2(OH)x(H2O)8-x) e muitos outros (ver capítulo III). Ao mesmo tempo, o fósforo na solução
pode ser absorvido pelas plantas, ligar-se à fração húmica (P orgânico) e mineral (adsorção
específica e não específica) e ser precipitado com íons Ca2+ e Al3+, dependendo do pH dso solo. A
complexidade do sistema fósforo aumenta mais ainda quando são incluídas as reações dos
fertilizantes fosfatados com os constituintes do solo, formando uma série de novos compostos
alcalinas, formando uma apatita bem cristalizada, de origem ígnea. Esse tipo de depósito é
encontrado no Brasil em Minas Gerais (Araxá e Tapira), Goiás (Ouvidor e Catalão) e São Paulo
(Cajati) (DNPM, 2001b). A apatita pode também concentrar a partir de processos sedimentares,
derivada de restos de animais e de precipitação química, formando uma rocha sedimentar conhecida
como fosforito, com uma apatita de baixa cristalinidade (colofana). Depósitos deste tipo são
Estados Unidos. A colofana, apesar de compor o grupo dos fosfatos naturais, tem solubilidade
relativamente elevada (>9% P2O5 em ácido cítrico 2%). Os fosfatos naturais de origem ígnea têm
solubilidade bem mais baixa (<6% P2O5 em ácido cítrico 2%) e geralmente são tratados
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3. MINERAIS PRIMÁRIOS SILICATADOS FONTES DE NUTRIENTES
3.1. Nesossilicatos
Nos nesossilicatos, a relação Si:O é de 1:4, não permitindo a polimerização dos tetraedros de
Si na estrutura. Nesse caso, os tetraedros estão isolados e unidos por ligações dos cátions
intersticiais (Figura 3). Se o cátion é divalente, forma-se uma estrutura do tipo A2SiO4, como no
grupo da olivina (Mg e Fe) e da Fenacita (Be – fenacita e Zn – willemita), com estrutura
como Zr, Th e U têm fórmula ASiO4 e estrutura tetragonal. No grupo das granadas a fórmula é do
tipo A3B2(SiO4)3, com a posição A ocupada por cátions divalentes grandes e a B por íons trivalentes
possibilidade é mais restrita. Na posição B ocorre substituição limitada em relação ao Al3+, Fe+3 e
Cr3+. A estrutura resultante é isométrica. Ainda nos nesossilicatos tem-se os minerais do grupo
titanita.
A olivina é essencial nas rochas ultrabásicas (peridotitos e dunitos) a varietal nas básicas
(olivina basalto). Existe uma série completa de solução sólida que vai da forsterita [Mg2(SiO4)] à
fayalita [Fe2(SiO4)], sendo mais comuns as magnesianas. As olivinas estão entre os silicatos mais
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magnesianas tendem à dissolução, formando esmectitas em climas de lixiviação mais moderada,
com o Al sendo suprido pela dissolução dos minerais adjacentes. Em climas com lixiviação muito
intensa e boa drenagem, ocorre elevada perda do Si e as variedades contendo Fe, juntamente com os
piroxênios, formam solos altamente oxídicos. Podem também compor depósitos de Ni lateríticos
devido aos teores mais elevados de Cr e Ni existentes nas rochas ultrabásicas. A fenacita em
metamórficas como o calcário, gnaisse e xisto e, dada a sua elevada resistência ao intemperismo,
costuma concentrar nos sedimentos arenosos, assim como nos solos. O zircão normalmente
apresenta pequenas quantidades de Hf, Th, U e Y, responsáveis por certo nível de radioatividade no
mineral.
rochas metamórficas e, por sua composição (Al2OSiO4), não contribuem para a reserva de
tanto em rochas ígneas como em metamórficas, possui uma resistência média ao intemperismo e
pode contribuir com alguma fração do Ca em rochas graníticas pobres nesse nutriente (Quadro 2).
3.2. Inossilicatos
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Nos inossilicatos a relação Si:O é 1:3 (piroxênios) e 1:2,75 (anfibólios), o que permite um
certo grau de polimerização dos tetraedros de Si, em cadeias simples (piroxênios) ou duplas
(a)
Figura 4. Representação esquemática da estrutura dos inossilicatos: (a) cadeia simples; (b) cadeia
dupla.
X são em geral grandes, por exemplo Ca e Na (coordenação 8 em relação aos O), e os cátions Y são
pequenos, como Mg, Fe, Al, Mn, Li ou Ti (coordenação 6). Pode ocorrer substituição do Si pelo Al
nos tetraedros para compensar a entrada de um íon de carga maior ou menor. Nos anfibólios na
posições X e Y são ocupadas por íons grandes e pequenos, respectivamente, resulta uma estrutura
monoclínica (clinopiroxênio ou clinoanfibólio). Por outro lado, quando ambas são ocupadas por
íons pequenos resulta uma estrutura ortorrômbica (ortopiroxênio ou ortoanfibólio). Pode ainda
ocorrer a ocupação das posições por íons grandes como na wollastonita [Ca(SiO3)], o que gera uma
estrutura triclínica. Em geral, cada piroxênio tem um anfibólio correspondente (Quadro 7).
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Hiperstênio Antofilita ortorrômbico
Mg, Fe Mg, Fe
Clinohiperstênio Cummingtonita monoclínico
percentagem desses elementos na composição química de seus representantes mais comuns, que são
mas é secundaria nas rochas intermediárias (Figura 2), podendo ocorrer ainda em alguns gnaisses e
granulitos. A hornblenda é constituinte varietal comum em rochas ígneas desde ácidas até básicas
(Figura 2), mas é particularmente característica de rochas metamórficas, comumente por alteração
apresentam teor elevado de Ca e menor teor de Mn e Ti, chegando a ser o principal portador desses
elementos nas rochas. A hornblenda sempre apresenta ainda resíduo de K, podendo ser uma
assim chegam a compor certa parte das frações areia e silte de solos pouco intemperizados. Os
anfibólios, por outro lado, são um pouco mais resistentes e permanecem nas frações areia e silte de
mais avançado.
e riebeckita). Esses minerais formam rochas ígneas subsaturadas em sílica (sem quartzo) mas ricas
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em Na e K, chamadas rochas alcalinas (sienitos e fonolitos), onde estão presentes feldspatóides
3.3. Filossilicatos
solo, como o talco, as discussões desse item serão relacionadas aos minerais micáceos. As micas
são, normalmente, mais estáveis que os demais minerais silicatados fontes de nutrientes, tais como,
feldspato, anfibólio, piroxênio e olivina (Goldich, 1938). São, portanto, as maiores fontes de K, Fe e
solos. Com relação aos minerais das classes neso e inossilicatos, as micas apresentam estruturas
mais complexas e o intemperismo desses minerais (item 3.3.1) são dependentes de suas
sendo compostas por uma lâmina octaédrica (O) entre duas lâminas tetraédricas (T) (Figuras 5b,c e
6a). As lâminas tetraédricas consistem de tetraedros de SiO4 arranjados de tal maneira que três
oxigênios de cada tetraedro são compartilhados com o sílício de três tetraedros vizinhos, resultando
(Figura 5a). Esses três oxigênios compartilhados ficam no mesmo plano, sendo referidos como
basais. O quarto oxigênio de cada tetraedro não é compartilhado com outro tetraedro de silício,
ficando livre para ligar com outros elementos poliedrais (oxigênio apical). Todos os oxigênios
apicais apontam para a mesma direção, formando os planos basal e apical de oxigênios (Figura 5b e
6a). Já a lâmina octaédrica consiste de seis hidroxilas, em dois planos, em coordenação octaédrica
com um cátion central. Em alguns casos, pode haver substituição de hidroxilas por flúor.
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Figura 5. Estrutura 2:1 das micas e detalhes da lâmina tetraédrica: (a) composição hexagonal dos
tetraedros de silício com OH da lâmina octaédrica localizada no centro de cada hexágono no plano
dos seus vértices. No caso da lepidolita, o flúor está no lugar das hidroxilas. (b) vista lateral de duas
lâminas tetraédricas com os vértices voltados para dentro da estrutura, mostrando a localização dos
átomos de Al (dioctaedral) da lâmina octaédrica. (c) vista lateral da camada 2:1, com detalhe para as
possibilidades de substituição isomórfica na muscovita.
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Figura 6. Crescimento das micas na direção c e detalhes da lâmina octaédrica: (a) vista lateral de
um mineral genérico (dioctaedral e trioctaedral) mostrando os íons K promovendo a união de
camadas adjacentes e a distância basal do mineral; (b) detalhe (vista superior) de uma lâmina
dioctaédrica, mostrando que a cada três posições, duas são ocupadas pelo cátion octaedral (Al 3+);
(c) detalhe (vista superior) de uma lâmina trioctaédrica, onde todas as três posições são ocupadas
pelo cátion octaedral (Fe2+ e Mg2+).
Quando um cátion divalente, como Mg2+ e Fe2+, está presente em todas as posições octaédricas,
forma-se a estrutura trioctaedral (todos os três sítios octaedrais estão ocupados por cátions) (Figura
6c). Cada hidroxila é compartilhada com três cátions divalentes, garantindo a neutralidade da
estrutura. Outra possibilidade é a presença de cátions trivalentes, como Al3+, dentro das posições
octaédricas. Para preservar a eletroneutralidade apenas dois cátions são necessários, formando a
estrutura dioctaedral, onde cada hidroxila é ligada com dois cátions (para cada três posições
22
23
A ligação na estrutura 2:1 (formação da camada) é feita pelo oxigênio apical da lâmina
tetraédrica que se volta para dentro da estrutura, ligando-se diretamente ao cátion na posição
octaédrica, formando quatro planos de ânions (Figuras 5b e 6a). Os planos externos consistem dos
oxigênios basais das duas lâminas tetraédricas, enquanto que os dois planos internos consistem dos
estrutura é constituída de tal forma que quatro das seis hidroxilas estão substituídas por oxigênios
apicais das lâminas tetraédricas. As duas hidroxilas restantes se orientam para o centro do poro
As camadas 2:1 adjacentes são ligadas por cátion, principalmente K, o que promove o
crescimento do mineral na direção basal (eixo c) (Figura 6a). A entrada de cátions nessa posição é
devida ao excesso de carga negativa na estrutura em razão da substituição isomórfica de cátions nas
lâminas tetraédricas e octaédricas. A carga nas camadas de micas está em torno de -1,0 por unidade
(primariamente Al3+ e Fe3+) nas posições tetraédricas; ii) substituição de R2+ ou R3+ por R+ ou R2+
O K, chamado de “cimento eletrostático”, é retido dentro dos espaços deixados pelo retículo
hexagonal dos oxigênios dos tetraedros de silício, proveniente do déficit de carga positiva nos
complexo. Em uma disposição hexagonal ideal dos oxigênios basais, o K deveria coordenar 12
átomos de oxigênio, seis acima e seis abaixo dele. Nessa coordenação, o raio do cátion deveria ser
0,168 nm, o qual excede de maneira considerável o raio iônico do K, que é 0,133 nm. A análise de
cristais isolados de muscovita e outras micas indica que o K nas entrecamadas se encontra próximo
a apenas seis oxigênios basais, três acima e três abaixo, situando-se os outros seis oxigênios a uma
distância maior (Sparks & Huang, 1985). Na verdade, os oxigênios basais da camada tetraédrica
não apresentam um plano hexagonal e sim ditrigonal, definido pela rotação dos tetraedros (Figura
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24
7). O tamanho da lâmina tetraédrica excede o tamanho da octaédrica, e para efetuar o ajuste no
momento da união entre elas, a lâmina tetraédrica sofre contração. A redução no tamanho se dá pela
rotação de seus tetraedros de tal forma que se origina a estrutura ditrigonal. Simultaneamente, a
do K cai de 12 (hexágono ideal) para seis (estrutura ditrigonal – três oxigênios em cada lâmina
tetraédrica adjacente), resultando uma ligação mais próxima e mais forte (Figura 7b).
Figura 7. Rede de tetraedros da mica projetados sobre plano (001), em que os círculos grandes são
oxigênios: (a) disposição hexagonal ideal; (b) distribuição ditrigonal obtida pela rotação dos
tetraedros em 20 cada um. Observar a formação de uma região em “cunha”, onde o K fica
coordenado com apenas três, dos seis, oxigênios do retículo ditrigonal.
Fonte: Adaptado de McCauley & Newnham (1971).
O grau de rotação da lâmina tetraédrica (Figura 7b) irá depender do cátion na lâmina
lâmina octaédrica é maior, comparado com a trioctaédrica, resultando uma maior rotação dos
acentuando a coordenação com os seis átomos de oxigênio e resultando uma retenção mais forte do
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A muscovita e a biotita são as principais micas encontradas nos solos. A primeira é do tipo
dioctaedral, com o Al ocupando os sítios octaédricos. Já na biotita essas posições são ocupadas por
pirofilita (Si4Al2O10(OH)2), por um Al3+ (X = 1). A pirofilita (como o talco) é um mineral que não
apresenta substituição isomórfica (X = 0) e cátions intercamadas (ver capítulo II). As forças de van
der Waals entre os planos basais de oxigênio são consideradas as responsáveis pela união de
camadas 2:1 adjacentes. Já as micas “quebradiças”, tais como a margarita e a clintonita, tem X
igual a 2. Na forma da pirofilita, dois tetraedros de Si, em cada quatro, são substituídos por Al na
principalmente, Ca2+.
A ligação entre as camadas adjacentes pelo K na biotita e muscovita (Figura 6a) é tão intensa
que moléculas de água e outras moléculas polares não podem entrar no espaço intercamada, e os
minerais não são expansivos. Como resultado, o K dessa região é considerado estrutural e não pode
K intercamadas para minerais 2:1 expansivo pela redução da carga negativa e pela troca de K por
cátions hidratados; ii) dissolução das micas seguida pela recombinação dos produtos do
intemperismo. Nesse último processo, com a quebra da estrutura das micas trioctaedrais, íons Mg e
Fe também são liberados para a solução do solo. A importância relativa desses processos depende
A liberação de K pela transformação das micas em minerais 2:1 expansivos tem sido
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expandidas são apresentadas na Figura 8. Nos modelos (a) e (b), as camadas expandidas [d(001) =
1,4 nm – vermiculita] são descontínuas mas apresentam terminações internas não expandidas
[d(001) = 1,0 nm – mica] formando zonas em cunha. Essas cunhas podem evoluir até a outra
extremidade do mineral. No modelo (c), os espaços intercamadas expandidos e não expandidos são
maiores.
espaço basal e redução da carga estrutural dos minerais (Figura 9). A redução da carga estrutural é
minerais, onde os cátions de maior valência voltam a ocupar a posição tetraédrica e octaédrica (por
mais complexo do que a simples transformação de mica em minerais expandidos. Por exemplo, o
intemperismo da biotita em caulinita deve ser precedido da ruptura das ligações da mica, devido à
necessidade de transformação de uma estrutura 2:1 trioctaedral em uma 1:1 dioctaedral. Teorias
dos cátions octaedrais e entrada de íons Al. Entretanto, existem controvérsias, mesmo naqueles
formação de um produto intermediário, com vida muito efêmera. Rebertus et al. (1986) propuseram
precipita como Al-hidroxi no mineral alterado, formando vermiculita com Al-hidroxi entre camadas
(VHE - produto intermediário). Essa fase, então, se transforma em caulinita pela combinação da
estrutura da vermiculita com o Al-hidroxi entre camadas. A reação geral, excluindo o estágio
Segundo Rebertus et al. (1986) a reação apresentada na equação (1), requer perda de K, Fe e
Mg (nutrientes liberados para a solução do solo), expansão da estrutura da biotita para vermiculita,
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troca de cátions intercamadas por ilhas de Al-hidroxi e deslocamento dos tetraedros de Al para a
posição octaedral. Isso resulta em perda de um a cada quatro cátion tetraedral (perda total da
Na biotita com alteração hidrotermal em solos da Nova Zelândia, Ahn & Peacor (1987)
observaram por meio de microscopia eletrônica de transmissão, que a caulinita estava intimamente
interestratificada na biotita, com duas camadas de caulinita terminando em uma camada de biotita.
Os autores concluíram que uma camada 2:1 (T-O-T) da biotita se transformou em duas camadas (T-
O) de caulinita. Para isso, seria necessária a troca de uma lâmina trioctaédrica rica em Fe e Mg por
duas lâminas diocatédricas com Al, inversão de uma lâmina tetraédrica da camada T-O-T, e troca
de todo o Al na lâmina tetraédrica por Si. Ahn & Peacor (1987) estimaram a reação envolvida
como:
A reação descrita na equação (2) difere daquela proposta por Rebertus et al. (1986) (equação
1), pela não formação de VHE como intermediário, e porque o Al e o Si não são conservativos na
transmissão acoplado com microssonda de dispersão de raios-X (MDRX) e indicaram que muitos
dos cristais consistiam de uma mistura complexa de camadas de 1,05 nm (biotita alterada) e
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camadas de 0,7 nm (caulinita) (Figura 10a): a região direita do cristal contém principalmente
camadas de caulinita (0,7 nm) (Figura 10b), onde as análises microquímicas por MDRX revelaram
ocorrência de ambas as camadas (1,05 e 0,7 nm) (Figura 10c), com composição química
intermediária entre os dois minerais; na região esquerda do cristal de biotita (Figura 10a), apenas
camadas de 1,05 nm são visíveis, com composição típica da biotita (Figura 10d).
Figura 10. Micrografias de filossilicatos obtidas por microscopia eletrônica de transmissão de alta
resolução: (a) cristal contendo camadas de biotita (bio) e caulinita (caul); (b) ampliação da área
identificada em (a) como caulinita. A maioria das camadas apresenta 0,7 nm de espessura; (c)
ampliação da área identificada em (a) como biotita + caulinita. Notar o aumento na espessura do
pacote de caulinita e correspondente redução na espessura do pacote de biotita em direção à direita
da imagem. As setas apontam para a junção de uma camada individual de 1,05 nm entre duas
camadas de 0,85 nm, as quais caminham para camadas mais finas (0,72 nm); (d) ampliação da área
identificada em (a) como biotita. A maioria das camadas é de 1,05 nm de espessura.
Fonte: Murphy et al. (1998).
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Figura 11. Micrografias obtidas por microscopia eletrônica de varredura, mostrando os diferentes
estágios de alterações da biotita em fragmentos de micaxisto em Alfisols: A) camadas de
filossilicatos começando a abrir (esfoliação paralela ao pano 00l); B) e C) estágios mais avançados
de alteração com perda da morfologia laminar do mineral.
Fonte: Martín-García et al. (1999).
Os fatores que afetam a transformação das micas para minerais são agrupados em: natureza
a) Natureza do mineral
K e expansão do mineral, o fator determinante nesse processo é a intensidade das forças internas de
Exceto para micas contendo flúor na estrutura, como lepidolita, as micas trioctaedrais (biotita)
são mais suscetíveis ao intemperismo que micas dioctaedrais (muscovita) pela liberação mais fácil
hidroxila, localizado logo acima do poro ditrigonal (Figura 5a), retém o K com maior energia do
que o oxigênio da hidroxila dada sua maior eletronegatividade, além da ausência de hidrogênio
próximo ao K, como se verifica para a hidroxila. Essa maior atração entre flúor e K confere a
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lepidolita maior estabilidade, que é uma mica com características trioctaedrais. Quanto maior o teor
Nas micas sem flúor, a posição do hidrogênio da hidroxila depende do tipo de mica. Nas
trioctaedrais, como biotita, a ligação O-H é comumente orientada normal ao plano da camada
hidrogênio, a ligação covalente O-H é do tipo polar (o oxigênio atrai mais fortemente o par
direção ao sítio vazio da camada octaedral (Figura 5b) (1/3 das posições octaedrais são vazias),
aumentado sua distância com o K e a estabilidade do mineral. A distância da ligação K-O no poro
ditrigonal aumenta de 0,285 nm em micas dioctaedrais para 0,3 nm em micas trioctaedrais (Leonard
& Weed, 1970). Nos solos em que ocorre apenas a muscovita, mesmo que os teores totais de K no
Além da orientação da hidroxila, outros fatores relacionados com a natureza do mineral são
isomórfica, distorção estrutural e distribuição de sítios vazios na lâmina octaédrica (Sparks, 1987).
Com a oxidação do ferro, alguns dos cátions octaédricos da biotita são expelidos (Gilkes,
1973 e Gilkes & Yong, 1974), o que resulta em sítios octaedrais livres e o hidrogênio da hidroxila
pode se orientar e ficar mais distante do K. Com isso, a biotita retém o K mais fortemente,
aumentando a estabilidade do mineral. A maior estabilidade de biotita após oxidação também tem
aumentando a força de atração e retenção do K (Ross e Rich, 1974). Por outro lado, segundo
Leonard & Weed (1970), durante o intemperismo inicial de micas trioctaedrais, a liberação de K
31
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intercamada, em algumas camadas, pode reduzir a estabilidade do mineral, acelerando seu
intemperismo, uma vez que a liberação de K é acompanhada por ligeiro aumento na dimensão b, o
que pode afastar a ligação K-O. Outro fator de extrema importância para definir a estabilidade da
mica é a carga do mineral, sendo que quanto maior for a substituição nas lâminas tetraédricas,
b) Tamanho da partícula
É esperado que a liberação de K seja mais rápida em partículas mais finas do que em
partículas mais grossas de micas devido a maior superfície específica. Avaliando o efeito da
redução de K na solução do solo sobre intemperismo da mica, após três anos de cultivo, Tributh et
al. (1987) encontraram diminuição na intensidade da reflexão (001) da ilita e aumento da esmectita
borda (Figura 8a,b), processo controlado por reações de difusão. A taxa de difusão aumenta com a
superfície específica e à maior distância em que os íons devem difundir. Após a liberação inicial, o
K nas partículas finas é liberado preferencialmente pelo intemperismo de camadas (Figura 8c) em
relação às partículas mais grosseiras, onde o intemperismo de borda continua a ser o principal
mecanismo. Dessa forma, após a liberação inicial, pode haver inversão, ou seja, partículas mais
grosseiras liberam K a uma taxa maior, conforme se verifica na Figura 12 (Scott, 1968). Para
partículas de 50 a 60 m, a extração total ocorreu num período superior a três anos, enquanto esse
32
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Figura 12. Potássio extraído de amostras de muscovita com diferentes classes de tamnho em
solução com sódio tetrafenil boro (NaTPB).
Fonte: Adaptado de Scott (1968).
observaram intensa alteração dos minerais micáceos, mesmo nas frações mais grosseiras do solo,
(VHE) e caulinita (Figura 13). Essas transformações (biotita em minerais secundários) foram
acompanhadas pela redução nos teores de K2O, MgO e Fe2O3, nas frações areia grossa e também
nos anéis de intemperismo analisados diretamente na rocha de origem (tufos vulcânicos com 130 g
kg-1 de biotita).
(a)
33
34
Figura 13. Difratogramas de raios-X (radiação CuK) das frações areia grossa (a) e silte (b) do
horizonte subsuperficial de solo originado de tufos vulcânicos. VHE – vermiculita com Al-hidroxi
entre camadas; Mi – mica; Mi-VHE – mineral interestratificado; Ct – caulinita; Qz – quartzo; Ab –
albita; FdK – feldspato potássico.
Fonte: Adaptado de Ezzaïm et al. (1999).
atividade e natureza dos íons na solução do solo, presença de agentes complexantes de metal,
também definem o intemperismo dos minerais e a liberação de nutrientes das demais classes de
solução do solo, aumentando a taxa de liberação de K pelas micas (Wentworth & Rossi, 1972;
Havlin et al., 1985). Ácidos húmicos e fúlvicos apresentam elevada capacidade de complexação de
Fe, Al e Mg.
Quanto maior a concentração de K em volta da partícula, menor será sua liberação para a
solução do solo. Como os minerais mantêm um equilíbrio com o K da solução do solo, o elemento é
específico para cada mineral. Mas quando a concentração é maior do que o valor crítico, o K da
solução do solo entra na estrutura das micas, podendo ser fixado nas camadas expandidas. A
concentração crítica na qual a liberação de K é inibida varia de 2,3 a 16,8 mg L-1 para micas
trioctaedrais em soluções diluídas e abaixo de 0,1 mg L-1 para muscovita (Martin & Sparks, 1985).
Para que a muscovita libere K, sua concentração na solução do solo deve cair a valores muito
solução do solo é o fator ambiental mais importante para sua resistência, mesmo na fração argila
dos solos.
relação entre as intensidades das reflexões basais desses minerais [R = intensidade da reflexão
34
35
(001)/intensidade da reflexçao (002)], o intemperismo da biotita e muscovita em amostras onde os
minerais coexistem. Pal et al. (2001a) observaram que a maior liberação de K não-trocável e
estrutural em solos ricos em partículas finas de biotita e muscovita foi de um Typic Ustochrept
(Figura 14). Esse solo apresentou teor acumulado de K de 450 mg kg-1 após 24 extrações com BaCl2
1 mol L-1 e também o maior valor de R, indicando o predomínio de cristais trioctaedrais. No Typic
caso de mistura das duas micas, ambas irão contribuir para a intensidade da reflexão basal 1,0 nm
(001), enquanto a contribuição da biotita para a reflexão 0,5 nm (002) é inexpressiva, resultando um
alto valor para a relação das intensidades das reflexões (R > 1,0).
Figura 14. Relação entre o número de extrações com BaCl2 1 mol L-1 e a liberação acumulada de K
de solos Indianos formados de diferentes materiais de origem.
Fonte: Pal et al. (2001a).
35
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Além do efeito da diminuição dos teores dos elementos na solução do solo, aumentando a
plantas acarreta, também, a formação de microrregião com alta concentração de H+, acelerando o
processo de liberação de K (Rice & Kamprath, 1968). Adicionalmente, ácidos orgânicos são
exsudados pelas raízes e produzidos no solo, por meio da decomposição de resíduos de plantas e de
ataque ácido aos minerais do solo, liberando os elementos para a solução. A atividade biológica
também pode facilitar o processo de intemperismo das micas por meio de desagregação física das
Figura 15. Detalhe de uma hifa fúngica separando as partículas de mica da parte externa de um
fragmento de arenito.
Fonte: Certini et al. (2003).
condições de boa drenagem, alta proporção de K é perdida por lixiviação, acelerando o processo de
36
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Considerando os efeitos de fatores ambientais discutidos anteriormente, é previsível a
existência de forte interação entre o manejo dos solos, como a intensidade de cultivo, e o
intemperismo das micas e a taxa de liberação de nutrientes. Surapaneni et al. (2002) avaliaram a
relação entre nível de utilização dos solos com pastagem e teor de K disponível e de mica. Os solos
sob condições naturais (mata) continham 66 a 130% mais mica do que os solos correspondentes sob
intensa utilização. Por outro lado, nos solos sob pastagem verificou-se aumento nos teores de
3.4. Tectossilicatos
importante fonte de nutrientes, especialmente o K e Ca. São silicatos de alumínio com K, Na e Ca, e
raramente, Ba. Podem pertencer aos sistemas monoclínico ou triclínico, porém, os cristais dos
90º) e no hábito cristalino (ver capítulo II). Os feldspatos são constituídos por cadeias
tridimensionais de tetraedros de SiO4 e AlO4 (na proporção 3:1) ligados em todas as direções pelos
oxigênios dos tetraedros. Como, para cada quatro átomos de silício (Si+4), um é substituído por
alumínio (Al+3), este excesso de carga negativa permite a introdução de um cátion monovalente
para cada tetraedro de AlO4 na estrutura do mineral. Conseqüentemente, para cada quatro tetraedros
existe um átomo de potássio ou sódio para manter a eletroneutralidade. Por sua vez, a introdução de
um cátion divalente como o Ca ou Ba, exige 50% de substituição de tetraedros de Si por tetraedros
de Al. Além do K, Na, Ca e Ba, outros cátions, em menor extensão, como Fe, Pb, Rb e Cs podem
ocupar estas posições, existindo certo grau de substituição isomórfica entre eles.
De acordo com sua composição química, os feldspatos formam três grupos principais:
cadeias de anéis com quatro tetraedros paralelos ao eixo a, ligando-se a outras cadeias, também
paralelas, por ligações iônicas através dos íons de K+, Na+, Ca2+ ou Ba2+ e/ou pelo
37
38
compartilhamento de átomos de oxigênio (Huang, 1989). Uma cadeia em zigue-zague é formada
pela superposição de cadeias de anéis com quatro tetraedros que compartilham alguns de seus
vértices para formar novos anéis. A repetição de cadeias na direção a varia entre as espécies de
Figura 16. Aspecto da estrutura essencial dos feldspatos projetada no plano (001) onde os círculos
pretos pequenos são átomos de Si e Al e os círculos largos são átomos de oxigênio.
Fonte: Adaptado de Huang (1989).
Considerando que os feldspatos de bário são raros e por isto tem importância secundária, os
feldspatos comuns podem ser considerados como soluções sólidas entre os três componentes:
feldspatos potássicos (KAlSi3O8), albita (NaAl Si3O8) e anortita (CaAl2 Si2O8), com puro K, Na ou
admite até 30% de Na (relativamente ao K) e até 8-9% de Ca na sua estrutura, ao passo que os
plagioclásios admitem até 30% de K nos mais sódicos e até menos de 7% de K nos mais cálcicos.
Este fato tem importância muito grande, uma vez que os plagioclásios podem suprir algum K em
solos com ausência de feldspatos potássicos, como solos desenvolvidos de basalto, enquanto
feldspatos potássicos podem suprir algum Ca em solos com teores muito baixos de plagioclásios.
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KAlSi3O8
100 0
90 10
Instável nas baixas
80 20 e altas temperaturas
70 30
60 40
Estável nas altas temperaturas
e instável nas baixas
50 50
40 60
10 90
0 100 CaAl2Si2O8
100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0
NaAlSi3O8
composição química. Sanidina é um feldspato monoclínico com pequeno ângulo axial óptico e
comumente ocorre em rochas vulcânicas. O ortoclásio também apresenta sistema monoclínico, mas
o ângulo axial óptico é grande. Já o microclínio é triclínico, com grande ângulo axial óptico. E por
último, a adulária pode ser tanto monoclínica como triclínica, com ocorrência limitada a veios com
baixa temperatura hidrotermal (Huang, 1989). Um fenômeno muito comum nos feldspatos
pertitização decorre do fato de que em altas temperaturas (>500ºC) o feldspato potássico admite
altas quantidades de Na na sua estrutura (Figura 17). Entretanto, quando a temperatura diminui, as
feldspato potássico hospedeiro. Dessa forma, o microclínio pertitizado pode conter bem mais de
30% de Na em relação ao K.
e seus equivalentes vulcânicos (riolitos, dacitos, traquitos e fonolitos). Aparece também em rochas
39
40
metamórficas, como os gnaisses e granulitos, sendo importantes para fornecimento de K para as
plantas. O feldspato potássico apresenta resistência média ao intemperismo (ver capítulo V) e pode
persistir no processo de alteração e transporte de sedimentos, compondo certa fração dos arenitos e
siltitos. Quando a proporção em relação ao quartzo ultrapassa 25%, a rocha sedimentar é chamada
de arcósio. Dessa forma, a presença do feldspato potássico representa reserva potencial de K nos
Figura 18. Micrografias obtidas por microscopia eletrônica de varredura de saprolito de rocha rica
em feldspato no Sudeste da Austrália: A) início de intemperismo no plano 00l do feldspato; B)
superfície fraturada de cristal de feldspato-K; C) Produtos secundários formando na superfície
fraturada do feldspato; D) esmectita (Es) formando como encrustação na superfície altamente
intemperizada do feldspato.
Fonte: Tonui et al. (2003).
Os feldspatos plagioclásios formam uma série de solução sólida desde a albita pura (NaAl
Si3O8) até a anortita pura (CaAl2 Si2O8), onde o Ca substitui o Na , com substituição simultânea do
40
41
Si por Al, em todas as proporções (Quadro 8). A fórmula geral para os plagioclásios é Na1-
plutônicas, desde ácidas até ultrabásicas, sendo que o teor de Ca cresce em relação ao Na neste
sentido (Figura 2). Nas rochas ácidas encontramos a albita e o oligoclásio, nas intermediárias a
resistência comparável a olivina, ou seja, fazem parte dos minerais menos resistentes, não
persistindo nos solos. Por outro lado, a resistência aumenta na medida em que vão se tornando mais
sódicos, podendo permanecer na fração areia e silte dos solos, acompanhando os feldspatos
4. FORMAS DE K, Ca E Mg NO SOLO
O K encontra-se no solo nas formas estrutural, não trocável, trocável e na solução do solo. Já
o Ca e Mg estão presentes nas formas estrutural, trocável e na solução (Mengel & Kirkby, 1987;
Tisdale & Nelson, 1993). Estas formas encontram-se em equilíbrio dinâmico, e sua utilização pelas
41
42
plantas ocorre a partir da solução do solo (Figura 19). Quando o teor na solução diminui, pela
remoção do elemento pelas plantas ou por lixiviação, ocorre reposição da fase sólida para a solução,
portanto, não depende somente da sua concentração na solução do solo, mas principalmente da
capacidade do solo em mantê-la (Mengel & Kirkby, 1987). Esa capacidade constitui o fator
capacidade, mais comumente denominado poder tampão, definido pela relação Q/I, em que Q (fator
quantidade) representa o cátion na fase sólida, em equilíbrio com a solução, e I (fator intensidade)
representa a concentração atual do íon na solução. Teoricamente, se todas as formas estão ligadas a
este equilíbrio, todas podem ser liberadas para a solução. Entretanto, a velocidade com que cada
uma é liberada varia com o tipo de reação química envolvida e com a composição mineralógica do
solo.
ABSORÇÃO PELAS
PLANTAS
FERTILIZANTES E
SOLUÇÃO LIXIVIAÇÃO
CORRETIVOS
DO SOLO
ESTRUTURAL
NÃO TROCÁVEL TROCÁVEL Minerais e
Fixado em minerais 2:1 Adsorvidos precipitados
plantas está na seguinte seqüência: solução > trocável > não trocável > estrutural (Martin & Sparks,
representado pelas formas trocável solução, as quais são consideradas prontamente disponíveis
para as plantas. Somente em concentrações muito baixas do elemento na solução e após uma grande
parte da forma trocável haver sido removida, ocorre a liberação de formas não trocável e/ou
estruturais.
42
43
Pressupondo que os teores totais de K, Ca e Mg no solo são provenientes principalmente do
material de origem, as diferenças entre os solos, na proporção relativa das diversas formas destes
intemperismo dos mesmos, que, por sua vez, são resultantes dos fatores e processos pedogenéticos
que atuaram na formação do solo. Neste contexto, de uma forma generalizada, pode-se afirmar que
predominância de argilominerais 2:1, possuem maiores reservas destes nutrientes nas formas
estrutural e/ou não trocável. Por outro lado, em solos mais intemperizados, com predominância de
4.1.1. Potássio
comparada aos teores totais, pode representar apenas 0,1 a 2% do K-total (Tisdale & Nelson, 1993).
Os teores de K presentes na solução dependem das reações de equilíbrio e cinética entre as outras
fase trocável (Martin & Sparks, 1985). O K-solução constitui a forma mais prontamente disponível
às plantas, porém é também facilmente lixiviável, especialmente em solos arenosos e/ou com baixa
capacidade de troca de cátions (CTC). Em solos de regiões áridas ou em solos salinos, os teores de
específica) ou na forma de “nuvem” de íons difusíveis (Dupla Camada Difusa) (Sposito, 1989),
sendo facilmente deslocado por outros cátions. Seus teores podem chegar até 600 mg kg-1 (Tisdale
& Nelson., 1993) correspondendo de 1 a 10% do K-total (De Datta & Mikkelsen, 1985). Na Quadro
9, encontra-se a distribuição percentual das formas de K em relação aos teores totais, na camada
43
44
arável (0-20cm) de alguns solos do Estado do Rio Grande do Sul (Nachtigall & Vahl, 1989). Os
valores médios obtidos para K trocável e K solução representaram 0,9% e 0,07% respectivamente,
evidenciando a ocorrência em maior proporção nestes solos das formas K não trocável (2,1%) e,
Quadro 9. Distribuição percentual entre as formas de potássio na camada arável (0-20cm) de alguns
solos da região sul do RS
O K trocável tem sido extraído quimicamente por sais neutros, ácidos diluídos, resinas de
incluído, o que não compromete a estimativa do K trocável dada a reduzida quantidade da primeira
forma. Em estudos mais específicos, o K solução pode ser obtido por meio de extrações com água
deionizada. Nos laboratórios brasileiros de análise de solo para fins de fertilidade as formas
prontamente disponíveis de K (solução mais trocável) são quantificadas usando-se solução neutra
44
45
de acetato de amônio (NH4OAc 1mol L-1), solução de Mehlich-1 (HCl 0,05 + H2SO4 0,0125 mol L-
1
) ou resina de troca catiônica. O acetato de amônio, entretanto, deve ser usado com precaução em
solos com predominância de argilominerais 2:1, uma vez que o amônio (raio de 0,143 nm) pode
deslocar o potássio (raio de 0,133 nm) de sítios de adsorção mais específicos, superestimando a
outras formas desses nutrientes (Figura 19). Os teores de Ca e Mg em solução variam amplamente
Quadro 10. Teores de K, Ca e Mg trocáveis e na solução de alguns solos (0-20cm) da região sul do
RS
Unidade de Trocável Solução
Classificação + 2+ 2+ +
mapeamento K Ca Mg K Ca2+ Mg2+
-1 -1
------- mmolc kg ------ ------------mmolc L -------
-
Vertissolo Ebânico Órtico
Aceguá 7,7 238 42 0,6 30,2 4,5
chemossólico
Luvissolo Hipocrômico
Bexigoso 2,9 24 7 1,8 10,0 6,6
Órtico típico
PlanossoloHidromórfico
Pelotas 0,6 20 13 0,1 9,6 9,6
Eutrófico solódico
Argissolo Vermelho-
Camaquã 4,3 13 17 3,2 4,4 23,6
Amarelo Distrófico típico
Argissolo Vermelho-
Tuia Amarelo 0,3 2 6 1,0 4,6 7,8
Distrófico típico
Fonte: Vahl et al. (1987).
50 mg L-1) (Tisdale & Nelson, 1993). A dinâmica do Ca e Mg na solução é menos complexa que a
do K, e os elementos podem ser perdidos por lixiviação, absorvidos por planta e/ou microrganismos
O Ca é retido no complexo de troca com mais força que o Mg, sendo o cátion predominante
na CTC dos solos, comparativamente ao Mg. Isso se explica por sua posição na série liotrópica
45
46
(Al3+ > Ca2+ > Mg2+ > K+ = NH4+ > Na+), decorrente do seu menor raio iônico hidratado. O Mg tem
raio iônico hidratado maior e fica a uma distância maior da carga negativa no sítio de troca,
disponíveis (trocáveis e solução) são, normalmente, extraídos com acetato de amônio neutro 1 mol
formas biodisponíveis é dependente de reações químicas de dissolução dos minerais. Como a fração
dos minerais menos resistentes ao intemperismo é reduzida com o decorrer do tempo, a taxa de
intemperismo também é reduzida. Isso implica que o suprimento de nutrientes dos solos é finito e
relacionado com processos de formação do relevo (que define o grau de desenvolvimento dos solos)
em laboratório somente fornece valores a curto prazo, os quais são, normalmente, muitos superiores
naturais em função do tempo é mais difícil, mas uma aproximação que torna isso possível são os
idade, mas, apresentam material de origem, clima, vegetação e posição na topografia similares.
plantas tem sido constatada em vários estudos com solos do Brasil, incluindo os latossolos. O
suprimento desse nutriente não é feito, exclusivamente, pela forma trocável, o que realça a
(Crisóstomo & Castro, 1970; Oliveira et al., 1971; Mielniczuk & Selbach, 1978; Rosolem et al.,
46
47
1993; Raij & Quaggio, 1984; Nachtigall & Vahl, 1991a; Meurer & Anghinoni, 1993; Silva et al.,
1995; Natale et al., 1996 ; Simonete et al, 1998; Castilhos & Meurer , 2002).
contribuição de formas não trocáveis de K no total absorvido pelas plantas. Patella (1980) constatou
que o teor de K trocável de um solo originado de granito no Rio Grande do Sul diminuiu muito
pouco, durante 15 anos de cultivo, com trigo na parcela sem adubação, revelando a alta capacidade
do solo estudado em repor o K absorvido pelas plantas a partir de formas, inicialmente não
trocáveis. De acordo com Richards et al. (1988), a contribuição de formas não trocáveis de K no
total absorvido pela alfafa, também em cultivos sucessivos, variou de 0 a 86%. Nos solos com
maior teor de K, as plantas absorveram apenas formas trocáveis do nutriente. Pela mesma razão,
Nacthigall & Vahl (1991b) verificaram que a contribuição de formas não trocáveis na nutrição de
do nutriente para as plantas (Rice & Kamprath, 1968; Christenson & Dol, 1973). Segundo esses
autores, uma grande percentagem do total de Mg absorvido pelas plantas com cultivos sucessivos
adveio de formas estrturais. Em muitos solos, a maior proporção de Mg estava associada com
argilas silicatadas, fazendo parte da estrutura cristalina de micas e ilita (Rice & Kamprath, 1968).
4.2.1. Potássio
(muscovita, 70 a 110 g kg-1 de K2O; e biotita, 60 a 100 g kg-1 de K2O) e feldspatos (ortoclásio,
disponíveis para as plantas. As formas não trocáveis e estruturais de K são as reservas de médio a
longo prazo para as plantas. O K estrutural está ligado dentro da estrutura do mineral e a liberação
47
48
O K não trocável é retido nos poros ditrigonais (Figura 7b) entre lâminas tetraédricas
adjacentes de minerais de argila do tipo 2:1, tais como vermiculita e minerais de argilas
geradas por substituição isomórfica, sendo a ligação favorecida pelo seu raio iônico (0,133 nm), que
se ajusta ao tamanho do poro ditrigonal, e por sua baixa energia de hidratação (0,337 kJ mol-1)
(Wada & Kakuto, 1993). A força de ligação nos minerais 2:1 com alta densidade de carga negativa
vermiculita com íons K, por exemplo, as estruturas se colapsam, passando de uma distância
intercamada de 1,4 nm para 1,0 nm, o que impede o acesso momentâneo da solução do solo entre as
estruturas 2:1 do mineral. Assim, os íons K são fisicamente presos em graus variados, limitando a
sua difusão. A liberação de K desses sítios é um processo muito lento quando comparado com a
mobilidade de K na solução do solo. O coeficiente de difusão pode variar de 5 x 10-19 cm2 s-1 na
ilita (Quirck & Chute, 1968) a 7 x 10-9 cm2 s-1 em minerais interestratificados (d = 1,0 e 1,4 nm)
(Smith et al., 1968), enquanto na solução do solo a taxa de difusão é de 2 x 10-5 cm2 s-1. A liberação
numa taxa apreciável envolveria expansão das unidades do mineral e hidratação dos íons K nas
intercamadas. Essa é a razão por que o coeficiente de difusão é maior em minerais já parcialmente
O K não trocável também pode ser encontrado em zonas em cunha (transição entre 1,0 e 1,4
nm) de micas parcialmente intemperizadas (Figura 8a,b). Nessas áreas, os cátions com menor
energia de hidratação, como o K, podem perder a água de hidratação e penetrar mais profundamente
nas cunhas, atingindo locais mais estreitos (sítios de adsorção específica), onde os cátions com
maior raio iônico hidratado e alta energia de hidratação (Ca e Mg) não conseguem chegar (Figura
20). Os cátions hidratados de maior valência são preferidos nas bordas das camadas expandidas
48
49
Figura 20. Modelo de camadas silicatadas 2:1 (minerais micáceos parcialmente intemperizados)
com sítios planar (p), borda (b), camada expandida (le), cunha (c) e fenda ou fratura (f) de adsorção
de K, mais a forma estrutural do nutriente (i - intercamada).
Fonte: Adaptado de Kirkman et al. (1994).
As posições planar (p) e de borda (b) (Figura 20) apresentam baixa seletividade por K,
seletividade, e de fenda, com média/alta seletividade, são considerados sítios de K não trocável e a
posição intercamada, com alta seletividade, como K estrutural (disponível para as plantas somente
mineralogia das frações dos solos. Mesmo com predomínio de caulinita na fração argila e quartzo
nas frações areia e silte, Mattyins et al. (2004a) detectaram minerais micáceos em todas as amostras,
inclusive nos solos altamente intemperizados (Peris 2, 7 e 9). Os teores de K total na terra fina seca
argila dos solos (variação de 7,3 a 307,3 g kg-1). A reserva mineral de K nos solos, estimada pelo
HNO3 (formas não-trocáveis) e HF (total), foi determinada em função do material de origem e dos
estádio de desenvolvimento, sendo mais expressiva nos Cambissolos, principalmente nos originados
49
50
Quadro 11. Composição mineralógica das frações areia, silte e argila de solos dos Campos Gerais,
Paraná, e teor de K extraído da fração argila pelo tratamento com NaHSO4
Mineral(2) K Mica(3)
Solo(1) Perfil –1
Areia Silte Argila mg kg g kg-1
1 Qz, hm, gb, mi Qz, ct, gb, hm Ct, gb, gt, hm, vhe, 1.988 24,0
CX (traço) mi (traço)
LB 2 Qz, gb, ct, hm, im Qz, ct, gb, hm Ct, gb, gt, hm 605 7,3
3 Qz, mi Qz, ct, mi Ct, Gb, mi, vhe, gt, qz, 24.018 289,5
RL imv
4 Qz, ct Qz, ct, mi, gb, Ct, gb, gt, hm, vhe, 6.286 75,8
CX hm mi (traço)
5 Qz, hm, fd-K Qz, ct, hm, Ct, gb, gt, hm, vhe 2.432 29,3
NX (traço) mi (traço)
6 Qz, fd-K Qz, ct, gt, fd-K, Ct, mi, gt, qz, gb, vhe, 8.360 100,8
CX hm, mi interestratificados mi-
vhe
7 Qz, hm, mi (traço) Qz, ct, hm, mi, Ct, gb, qz, gt, mi (traço), 4.013 48,4
LB cl cl (traço)
8 Qz, ma, hm, im Qz, ct, hm, im Ct, gt, hm, vhe, gb 2.482 29,9
CX (traço)
9 Qz, hm, ma (traço) Qz, ct, il, hm Ct, gb, qz, gt, hm, cl, 4.507 54,3
LV mi (traço)
10 Qz, mi (traço), Qz, mi, ct, fd-K Ct, mi, fd-K, vhe, imv, 25.500 307,3
CX fd-K (traço) gt, hm
(1)
CX – Cambissolo Háplico; LB – Latossolo Bruno; RL – Neossolo Litólico; NX – Nitossolo Háplico; LV –
Latossolo Vermelho. (2) Caracterização mineralógica por difratometria de raios-X (DRX). A primeira letra
maiúscula indica o predomínio do mineral: qz-quartzo, mi-mica, im-ilmenita, fd-K-feldspato potássico, ma-
magnetita, cl-clorita, ct-caulinita, gb-gibssita, gt-goethita, hm-hematita, vhe-vermicilita Al-hidroxi entre
camadas, imv-interestratificado mica/VHE e il-ilita.O termo traço indica o aparecimento de apenas discretas
reflexões do mineral por DRX. (3) Teor de mica estimado na fração argila a partir do K extraído pelo NaHSO4
e considerando uma concentração média de 100 g kg-1 de K2O no mineral.
Fonte: Martins et al. (2004a).
50
51
Quadro 12. Teores de K na terra fina seca ao ar obtidos por diferentes métodos de extração em
solos dos Campos Gerais, Paraná
Método de extração (2)
K disponível Ácido nítrico fervente (mol L-1) K-mica K total
Solo(1)
NH4Ac NaHSO4 HF, HNO3, H2SO4
Mehlich-1 0,25 0,5 1 2 4
1 mol L-1 cristais concentrados
———————————————————mg kg-1——————————————————
CX 23 21 15 16 21 26 46 555 1.496
LB 39 37 21 23 23 36 52 456 801
RL 51 48 47 71 196 841 1.115 4.161 4.872
CX 82 79 54 64 72 135 1.086 3.766 4.376
NX 47 40 33 34 35 49 70 1.543 1.993
CX 55 55 56 226 841 1.663 2.025 4.754 22.374
LB 90 91 63 72 188 802 1.115 1.938 2.886
CX 137 142 131 185 243 861 1.262 1.691 2.390
LV 121 111 82 161 196 783 1.115 3.173 4.276
CX 66 70 53 63 211 802 1.145 11.226 14.106
CX – Cambissolo Háplico; LB – Latossolo Bruno; RL – Neossolo Litólico; NX – Nitossolo Háplico; LV –
(1)
Latossolo Vermelho.
Fonte: Martins et al. (2004a).
solos no Rio Grande do Sul, Melo et al. (1995a,b) também observaram estreita relação entre reserva
teores totais foram verificados para solos originados de rochas graníticas, ricas em microclínio,
ortoclássio e mica, portanto, com alta reserva potencial de K. Os autores verificaram também uma
tendência dos teores totais do nutriente aumentarem com a profundidade dos solos, coincidindo com
o aumento nos teores de silte mais argila do horizonte superficial para o horizonte B. Essa maior
liberação de formas não trocáveis das frações mais finas do solo foi também ferificada por Smith &
solo, normalmente, é mais expressiva que a reserva de Ca e Mg. Fichter et al. (1998) estudaram a
relação entre a reserva de K, Ca e Mg com a mineralogia das frações de dois perfis de solos,
originados de granito leucocrático. Em todas as amostras, os teores de areia foram superiores a 600
g kg-1. Os autores tomaram uma camada fixa de solo (1 cm), e com base nos teores totais de K, Ca e
Mg, na textura e na quantidade dos minerais fontes desses nutrientes nas frações dos solos,
51
52
os solos, a areia grossa armazenou maiores quantidades de Ca. No perfil 1, o nutriente foi
armazenado principalmente na apatita (mineral com 56,8 % de CaO). Os principais minerais fontes
de Mg total nas frações dos solos foram a esmectita (teor médio de 25 % de MgO – mineral
trioctaedral) e ilita. Considerando apenas a camada de 1 cm de solo, no perfil 2 (90 a 110 cm),
existe uma reserva estimada de K de 3.600 kg ha-1 nas frações areia, silte e argila. Devido aos altos
teores de K2O no feldspato-K (16%) e aos maiores teores do mineral nas frações mais grosseira,
essa foi uma importante fonte de K na fração areia. Os autores concluíram que, mesmo sendo
ácidos (pH variando de 3,7 a 4,9) e com baixa saturação por bases (3 a 17%), os solos florestais
estudados apresentam expressiva reserva de longo prazo de nutrientes para as árvores, notadamente
K.
52
53
A biotita, principal fonte de Mg estrutural para os solos, de acordo com a fórmula mínima do
mineral [K(Mg2Fe)AlSi3O10(OH)2], apresenta 180 g kg-1 de MgO (Jackson, 1979). Newman &
Brown (1987) compilaram vários estudos sobre a composição química dos minerais presentes nos
solos, e os teores de MgO dos principais minerais filossilicatados apresentados foram: esmectitas
g kg-1, vermiculitas – 209,2 a 296,6 g kg-1, mica dioctaedral - 0,5 a 50,2 g kg-1, mica trioctaedral
(Mg-biotita) – 135,1 a 197,4 g kg-1, ilita - 0,5 a 22,5 g kg-1, clorita trioctaedral – 95,2 a 386,1 g kg-1,
kg-1. Assim, os teores de Mg foram maiores nos minerais trioctaedrais e, dentro desta classe, os
minerais primários eram mais ricos em formas estruturais do nutriente. A reserva de Mg para os
solos mais intemperizados está limitada à ocorrência de partículas residuais de mica trioctaedral
filossilicatos.
Melo et al. (1995b) extraíram Mg por diferentes métodos (Quadro 13) e verificaram menor
reserva desse nutriente (teores obtidos com H2SO4 concentrado) em relação aos teores de K, o que
53
54
Quadro 13. Teores de Mg obtidos por diferentes métodos de extração em solos do Rio Grande do
Sul
Método de extração(2)
Ataque
Disponível Ácido nítrico fervente (mol L-1)
sulfúrico
Solo(1) Horizonte KCl H2SO4
-1 0,25 0,5 1 2 4
1 mol L concentrado
————————————— mg kg-1————————————
A 6 14 17 19 18 25 4.956
A AB 25 31 35 35 37 50 8.028
B 222 258 337 256 212 277 24.396
A 83 121 120 97 103 109 10.908
PE AB 158 180 172 142 152 179 16.464
B 215 212 208 269 214 250 18.948
A 143 154 172 150 148 160 14.472
PE AB 150 166 175 166 142 179 16.452
B 148 168 154 157 164 180 19.332
A 47 77 78 82 76 120 9.912
PE AB 68 101 98 92 82 97 13.188
B 90 125 121 109 124 110 15.072
A 61 68 90 126 115 133 16.056
PE B 37 53 56 107 107 113 26.280
C 17 58 37 41 46 47 29.652
A 35 55 65 101 73 91 9.612
C B 26 41 44 68 54 64 11.496
C 13 44 26 32 13 16 8.424
A 73 103 140 220 220 281 16.860
C B 43 61 68 154 251 356 19.824
C 24 134 140 546 1.087 1.457 30.840
A 40 74 79 82 77 80 11.004
PV B 72 103 100 104 100 138 23.640
C 59 79 70 106 65 58 11.208
(1)
A – Solo Aluvial, PE – Podzólico Vermelho-Escuro, C – Cambissolo, PV - Podzólico Vermelho Amarelo.
Fonte: Melo et al. (1995b).
As principais fontes de Ca estrutural no solo são (teores de CaO) (Dana & Hurbult,
1978; Jackson, 1979; Fichter et al., 1998): anortita (feldspato cálcico) – 202 g kg-1; albita (feldspato
sódico) – 5 g kg-1; apatita – 568 g kg-1; calcita – 560 g kg-1; dolomita – 304 g kg-1; fluorita – 513 g
kg-1; aragonita – 560 g kg-1; gipsita – 326 g kg-1; anidrita – 412 g kg-1; margarita – 400 g kg-1.
dos solos. Starr & Lindroos (2006) avaliaram as taxas de liberação de Ca e Mg e as mudanças
54
55
mineralógicas devidos o intemperismo ao longo de 5.300 anos em uma cronoseqüência em solos
florestais e observaram que o valor da relação residual (Rr - teor normatizado do mineral no
horizonte C/teor normatizado do mineral no horizonte superficial) para a biotita foi menor que 1,
mesmo no solo mais jovem (300 anos), indicando que o intemperismo atuou, de forma significativa,
no mineral, liberando Mg para o solo. No perfil com 5.000 anos de idade, o Rr da biotita,
hornblenda e anortita foram 0,27; 0,35 e 0,57, respectivamente, indicando que parte da reserva de
silicatos primários mais comuns são tratados nos capítulos III e V desse livro. Como neste capítulo
são também abordados muitos minerais primários acessórios e aspectos relativos à evolução
55
56
intemperismo químico, uma vez que muitos fatores, freqüentemente contraditórios, interferem
(Lelong et al., 1976). Uma classificação mais geral da habilidade de migração dos elementos nos
(b) móveis – cátions (Li, Na, K, Rb, Cs, Be, Mg, Ca, Sr e Ra) e ânions (F);
(c) fracamente móveis – cátions (Ba e Tl) e ânions (Si, P, Sn, As, Ge e Sb);
(d) móveis e fracamente móveis em meio oxidante e inertes em meio fortemente redutor –
cátions (Zn, Ni, Cu, Pb, Cd, Hg e Ag) e ânions (V, U, Mo, Se, e Re);
(e) móveis e fracamente móveis em meio coloidal redutor e inertes em meio oxidante (Fe, Mn e
Co);
56
57
(f) fracamente móveis na maioria dos ambientes – que formam compostos químicos (Al, Ti, Zr,
Cr, terras raras, Y, Ga, Th, Sc, Ta, W, In, Bi e Te) e que não formam ou raramente formam
das reações do solo, mesmo que a taxas diferentes e por caminhos diversos, os cátions básicos e a
sílica são progressivamente lixiviados do solo durante o intemperismo. Por sua vez, elementos de
residual (Chesworth, 1973; Chesworth, 1980), empobrecido em nutrientes, como nos latossolos
reserva de K podem ser usados para a extração de Ca e Mg no solo e em suas frações. Contudo, a
sítios seletivos de adsorção nos minerais). Quanto maior o estágio de intemperismo e menor
tamanho dos minerais fontes de Ca e Mg estruturais, maior será a facilidade de liberação, mesmo
utilizando-se extratores mais brandos, como por exemplo, as soluções de ácidos orgânicos diluídas
57
58
Quadro 15. Reserva de K e métodos de extração normalmente empregados em análise de argila e
solo(1)
Forma Localização Método de Extração
Não-trocável - vermiculita - cultivos sucessivos
- vermiculita com hidroxi entre - extrações sucessivas com HCl 0,01 mol L-1
camadas - reações de equilíbrio com HCl 0,5 mol L-1
- mica trioctaedral - HCl fervente a 23%
- mica dioctaedral - extrações sucessivas com NaCl 0,1 mol L-1
- mica hidratada (ilita) - cobaltinitrato de sódio
- mica-vermiculita interestratificado - extração com MgCl2 a quente
- mica-esmectita interestratificado - incubações úmidas sucessivas e lavagem
- caulinita com camadas de mica com sal
- minerais amorfos - reações de equilíbrio com sódio tetrafenil
boro (NaTPB)
- extrações sucessivas com NaTPB
- ácido nítrico fervente 1 mol L-1
- eletrodiálise
- eletroultrafiltração
- extrações sucessivas com resina de troca
catiônica saturada com Ca
- extrações sucessivas com resina de troca
catiônica saturada com H
- lavagens sucessivas com ácidos orgânicos
de baixo peso molecular (oxálico, cítrico,
etc.)
A planta não absorve apenas formas trocáveis e não trocáveis de K e desta forma, torna-se
difícil separar a contribuição de formas não trocáveis das formas estruturais durante a extração por
princípio de atuação, como os extratores ácidos (HNO3 e HCl) com poder de quelatação (ácido
oxálico, ácido cítrico e HF) (Quadro 15). Nos procedimentos de extração, a expressão “K não
trocável” utilizada por vários autores refere-se apenas à reserva de K potencialmente disponível
para as plantas, mesmo que, o método de extração também solubilize formas estruturais do
nutriente.
58
59
Os métodos mais utilizados para estimar a contribuição da reserva de K na nutrição de plantas
tem sido feita, em diversos estudos, utilizando cultivos sucessivos, extrações químicas empregando
HNO3 fervente 1 mol L-1, lavagens sucessivas com HCl 0,01 mol L-1, ácidos orgânicos de baixo
peso molecular (cítrico e oxálico) e resinas trocadoras de cátions (Smith & Mattheus, 1957;
McLean & Brydon, 1963; Richards et al., 1988; Simard et al., 1992; Martins et al., 2004a; Melo et
al., 2005). Esses métodos têm apresentado boa correlação com o K absorvido pelas plantas (Barber
& Mathews, 1962; Richards & Bates, 1988; Nachtigal e Vahl, 1991a,b; Melo et al., 1995b; Benipal
O método padrão para estimar a capacidade de liberação de K não trocável é o cultivo com
solução do solo, e a acidificação da rizosfera por liberação de ácidos orgânicos e prótons. Portanto,
métodos que simulem o efeito da planta na liberação de formas não trocáveis e estruturais de K
Para estimar a contribuição de formas não trocáveis do nutriente na nutrição e produção das
seguinte expressão:
em que A e B são os conteúdos de K trocável inicial (antes do cultivo) e final (após o cultivo) e C o
único ciclo de uma única espécie; ii) mais de um ciclo (cultivos sucessivos) de uma única espécie;
59
60
O balanço de K no solo e na planta e a contribuição do K não-trocável na nutrição do trigo é
apresentado na Quadro 16. Nesse estudo foi cultivado o trigo até a fase produtiva em vasos com
capacidade de 4 dm3 de solo, com adubação completa, exceto K. Os solos coletados no município
dos teores de K trocável antes e após o cultivo foi feita com uso de extrator Mehlich-1.
Conteúdo Conteúdo
Solo(1) Conteúdo total de K na planta Conteúdo de
de K não- de K não-
(folhas+caules+grãos+raízes)(2) K trocável(3)
trocável(4) trocável(4)
————————————mg vaso-1 ————————————— %
CX 82 46 36 44
LB 125 112 13 11
RL 174 114 60 34
NX 102 87 15 15
CX 164 128 36 22
LB 212 211 1 1
CX 254 117 137 54
CX – Cambissolo Háplico; LB – Latossolo Bruno; RL – Neossolo Litólico; NX – Nitossolo Háplico; (2)
(1)
conteúdo total de K nas plantas, calculado pelo somatório dos produtos entre os teores de K e matéria seca
das diferentes partes da planta (parte aérea, grãos e raízes); (3) remoção média de K trocável do solo pelo
cultivo, obtida pela diferença entre os conteúdos de K trocável no solo (Mehlich-1) antes e após o cultivo. Os
conteúdos de K trocável foram calculados, tanto antes quanto após o plantio, por meio do produto entre os
teores e as massas totais dos solos nos vasos de 4 dm3; (4) estimativa da contribuição das frações não-
trocáveis de K na nutrição do trigo: conteúdo de K não-trocável (mg vaso-1) = conteúdo total de K na planta
– conteúdo de K trocável; conteúdo de K não trocável (%) = conteúdo de K não trocável/conteúdo total de K
na planta x 100.
Fonte: Adaptado de Martins et al. (2004b).
A quantidade de K trocável extraída do solo foi menor que a de K absorvida pela planta
plantas com ciclo curto de crescimento. Como o K da solução é absorvido pelas plantas, mais K é
liberado das frações trocáveis e não-trocáveis, portanto, quanto maior a depleção do K disponível
para as plantas (nesse estudo estimado pelo Mehlich-1), maior a intensidade da liberação da reserva
do nutriente.
60
61
Pelo fato de que o sistema é aberto em condições de campo, com possibilidade de lixiviação
de nutrientes, a estimativa da contribuição das formas não trocáveis dos nutrientes no total
absorvido pelas plantas é muito mais difícil. Experimentos de longa duração (1962 – 1990) foram
(Richter et al., 1994; Markewitz et al., 1998), com o objetivo de estimar a capacidade de suprimento
aproximações de balanço de massa para comparar a remoção dos cátions do solo e as depleções em
seus teores trocáveis no solo (Figura 22). A depleção de K trocável do solo foi estimada em 19 kg
ha-1, aproximadamente 20 vezes menor (356 kg ha-1) do que a quantidade removida pela biomassa
resposnáveis pela grande liberação do K não-trocável (Markewitz & Richter, 2000). Contudo, os
mais profundas do solo (abaixo de 60 cm) na nutrição das espécies florestais. Em contraste, o Ca
trocável teve depleção mais acentuada nos primeiros 60 cm do solo, consistente com a remoção do
Figura 22. Comparação por balanço de massa da remoção de cátions de um Ultisol (até 60 cm)
durante 28 anos de crescimento e rebrota da floresta com a depleção dos cátions observada pela
extração com NH4OAc 1 mol L-1.
Fonte: Markewitz & Richter (2000).
61
62
Nos estudos de estimativa da fração não trocável de nutrientes por meio de extrações
químicas (Quadro 15), é importante fazer extração prévia do K trocável para se ter maior precisão
nos resultados. Quando se trabalha apenas com a fração argila, durante os tratamentos de remoção
da matéria orgânica (ataque com solução de hipoclorito de sódio) e dispersão das frações do solo
não-específica pela saturação da CTC do solo com Na+. Já nos estudos com a TFSA, é necessária a
saturação prévia da amostra com outro cátion. Um dos métodos mais utilizados para estudos da
reserva de K é a saturação com Ca2+, por meio de agitação da amostra de solo com solução de
CaCl2 1 0,5 mol L-1, seguida da lavagem da amostra com água deionizada para remoção do excesso
de sal solúvel.
O HNO3 1 mol L-1 fervente é o método mais rápido e simples de estimar o teor de K não
trocável do solo (Quadro 15). O método baseia-se na acidificação do meio pela produção de H+ que
irá atacar as estruturas, principalmente, de feldspatos e micas. A liberação de K pelo ácido nítrico
envolve reação muito forte de hidrólise, dissolvendo minerais do solo, o que pode trazer problemas
na separação das formas de K não trocável e K estrutural (Simard et al., 1992). Nacthgal & Vahl
(1991a,b), avaliando a capacidade de suprimento de K dos solos da região Sul do Rio Grande do
Sul, observaram que o K absorvido constituiu apenas 26% do total de K não trocável extraído pelo
ácido, apesar do alto valor do coeficiente de correlação entre K extraído com ácido nítrico e
absorvido pelas plantas. O efeito de dissolução é menos pronunciado para micas dioctaedrais,
principalmente, em tamanho maior. Melo et al. (1995b) e Martins et al. (2004b) citam que o HNO3
não foi eficiente na extração de minerais micáceos do tamanho areia, onde, ao final das extrações,
Outros ácidos apresentam efeito adicional à acidificação pela complexação dos íons liberados,
como flúor complexante do Al na dissolução de feldspato, oxalato, citrato e outros ácidos orgânicos
de baixo peso molecular (Quadro 15), complexantes de cátions na dissolução de mica e feldspato. O
baixo peso molecular dos ácidos orgânicos com grupos OH e COOH na posição orto tendem a
62
63
formar complexos organo-metal em solução com muitos outros íons metálicos, acelerando a
decomposição do mineral (Song & Huang, 1988). Esses autores encontraram efeito mais
minerais para o ácido oxálico foi de 8,8 x 10-3 mol L-1 e 7,5 x 10-3 mol L-1, respectivamente,
concentrações quatro a três vezes superior à verificada após a extração com ácido cítrico.
solução, ou de sua renovação para extratores ácidos com baixa concentração. De maneira geral, o
H3O+ participa da liberação de K nas micas de duas formas (Wells & Norrish, 1968): i) para
soluções de ácidos fortes, a alta concentração de H3O+ tem efeito na dissolução do mineral (ataque
das ligações químicas) e, ii) para soluções de ácidos fracos, a liberação seria limitada ao efeito de
troca entre H3O+ e K intercamada, atuando como qualquer outro cátion no processo de troca.
biotita, flogopita e muscovita com resina saturada com H+ (pH 3) (Quadro 15), utilizando-se vários
tempos de contato (até 120 dias). A taxa de liberação de K foi maior que a taxa de liberação de
cátions estruturais (Al, Mg, Fe) indicando que mesmo para alta concentração de H3O+, a troca de K
Com relação à estabilidade relativa dos minerais em extração ácida, Song & Huang (1988)
encontraram a seguinte seqüência de extração de K: biotita > microclínio = ortoclásio > muscovita.
A liberação de K da biotita foi 63 e 123 vezes maior comparada com a muscovita, e 14 e 18 vezes
maior em relação aos feldspatos pelos ácidos cítrico e oxálico, respectivamente. Seqüência diferente
foi observada para extração com sódio tetrafenil boro (NaTPB) (Quadro 15): biotita > muscovita>
microclínio = ortoclásio. O NaTPB tem efeito de troca e de quelatação [(PB4)-] dos cátions
liberados na extração. Exceto na superfície da partícula, a troca de Na por K intercamada nas micas
63
64
é muito mais difícil que nos intertícios da estrutura dos feldspatos. Contudo, a maior liberação de K
para os feldspatos pelos ácidos em relação ao NaTPB (Song & Huang, 1988) é, principalmente,
devida à presença de H3O+, uma vez que a hidrólise é o principal mecanismo de liberação de K
nesses minerais.
Gil-Stores & Rubio (1992) estudaram a cinética de extração de K da fração argila pelos
métodos HNO3 1 mol L-1 fervente e NaTPB e observaram a evolução da mineralogia com o tempo
de extração (2 a 60 minutos para o HNO3 e de 2 a 168 horas para o NaTPB). O NaTPB extraiu de 7
a 25% do K total, dependendo dos minerais presentes na amostra de argila. Verificou-se degradação
da ilita com abertura do espaço intercamada para 1,4 nm. A extração não teve efeito no grupo da
vermiculita, indicando que o NaTPB atua preferencialmente sobre minerais micáceos (d = 1,0 nm).
liberação de K e gradual aumento do espaço intercamada. O HNO3 extraiu entre 8 e 42% do total de
K da fração argila. Contudo, ao contrário do NaTPB, a extração foi preferencialmente para o grupo
das vermiculitas, com pouca atuação em minerais com d(001) igual a 1,0 nm. Os resultados
confirmam que apesar do HNO3 1 mol L-1 fervente ser considerado um extrator drástico para as
micas, ácidos fortes atuam preferencialmente em camadas abertas e áreas de cunha em micas,
hidrolisando as ligações octaedrais (Guzel & Wilson, 1978; Feigenbaum et al., 1981).
As resinas, nas extrações sucessivas (Quadro 15), atuam como dreno do K da solução e
também fornecem o cátion (Na+, Ca2+ ou H3O+) para trocar o K do mineral. As resinas saturadas
trioctaedrais (Benipal & Parischa, 2002). As resinas saturadas com H+ são mais eficientes na
liberação de K pelo efeito adicional de acidificação e dissolução de minerais. Barber & Mathews
(1962) encontraram correlação significativa entre K extraído com H-resina após dois dias de
equilíbrio e o absorvido pelas plantas de trigo em cultivos sucessivos (r = 0,85 p < 0,02). Mica
trioctaedral mais instável (biotita) pode ser completamente quebrada pela resina saturada com H em
64
65
Benipal & Pasricha (2002) também observaram estreita correlação entre o K absorvido pelas
plantas e o K extraído com resina saturada com H+ (Figura 23), o que mostra que a resina-H foi um
método adequado para estimar a disponibilidade de K para as plantas de milho e trigo, a partir de
frações trocáveis mais não-trocáveis. A declividade próxima de 1 da equação da reta entre esses
dois parâmetros também revela que a quantidade de K liberada pela resina foi muito próxima
Figura 23. Relação entre K trocável mais não-trocável extraídos pela resina-H e o K acumulado nas
plantas em cultivos sucessivos de milho e trigo.
Fonte: Benipal & Pasricha (2002).
dos minerais. Ralmatullah & Mengel (2000), em estudo de cinética, verificaram que o K extraído
durante 1.000 horas de contato variou consistentemente com a fração do solo: de 389 a 489 mg kg-1
para a fração areia, 801 a 1.010 mg kg-1 para a fração silte e 899 a 1.105 mg kg-1 para a fração
argila.
A liberação de K intercamada das micas utilizando soluções salinas (Quadro 15) não é afetada
por variações no pH (Smith & Scott, 1966). Chute & Quirk (1967) e Wells & Norrish (1968),
65
66
também utilizando lavagens sucessivas com sais de sódio, não observaram efeito de variação de pH
na liberação de K em micas na faixa de 4 a 8. Contudo, Keay & Wild (1961) relataram que a troca
de K em vermiculita utilizando MgCl2 1 mol L-1 aumentou quando o pH foi menor que 4,0.
Segundo os autores, abaixo desse limite, íons H3O+ participam da troca do K fixado.
maior ocorrência de formas não trocáveis (K) e estruturais (K e Mg) nos minerais primários e
secundários nas frações areia, silte e argila dos solos. A aplicação dos conhecimentos de cinética
química aos estudos de solos permite quantificar a velocidade com que alguns nutrientes são
liberados dos minerais e/ou solo, contribuindo para um melhor entendimento de sua dinâmica e dos
fatores que afetam sua disponibilidade para as plantas. A obtenção de dados cinéticos se baseia em
três grupos de métodos experimentais: relaxação, batelada e métodos que envolvem fluxo (Sparks,
1989), cuja descrição é dada no capítulo III desse livro. Os dois últimos métodos são aplicados a
reações que ocorrem em escalas de tempo mais elevadas e, portanto, para processos de liberação
mais lenta.
diluídas, como BaCl2, SrCl2, CaCl2 e outras (Munn et al. 1976, Meurer, 1991; Simard et al.,1992);
ácidos orgânicos e inorgânicos como cítrico, oxálico, nítrico e clorídrico (Manley & Evans, 1986;
Sadusky et al., 1987, Song & Huang, 1988; Simard et al.,1992; Datta & Sastry, 1993; Mehta et al.,
1995, Meurer & Castilhos, 2001; Melo et al, 2005); tetrafenilborato de sódio (Reed & Scott, 1962;
Cox et al.,1996) e resinas trocadoras de cátions (Martin & Sparks, 1983; Martin & Sparks, 1985;
Havlin et al., 1985; Dhilon & Dhilon, 1990; Meurer & Rosso,1997).
trocável, não trocável e estrutural, descritas no item 4 deste capítulo, estão envolvidas. Inicialmente,
verifica-se a extração da forma trocável e, prosseguindo a extração por um período mas longo, as
66
67
formas não trocável e/ou a forma estrutural são liberadas. A primeira forma é liberada com taxas
O potencial para liberação das formas não trocável e/ou estrutural é determinado pela
quantidade de minerais fontes do nutriente presente no solo (reserva mineral) e pelo teor do
nutriente na solução do solo. Quanto mais baixo for o teor na solução, maior o gradiente de
concentração entre esta e a fase sólida, possibilitando que ocorra a difusão do nutriente das formas
acordo com Martin & Sparks (1985), por exemplo, a concentração crítica de K na solução acima da
qual a liberação de K não trocável seria inibida tem sido 4 mg L-1, para solos em geral. Este valor
pode ser facilmente atingido na região da rizosfera, devido à absorção intensa do K pelas plantas
A dinâmica de dissolução química de feldspato potássico (microclínio) pelo HNO3 1 mol L-1
nas temperaturas de 28 e 38 C foi estudada por Huang et al. (1968). Os autores calcularam a
em que KT1 e KT2 são as taxas constantes aparentes de liberação de K avaliadas para as duas
temperaturas (KT1 = 7,67 x 10-5/h para 28 C e KT2 = 2,63 x 10-4/h para 38 C); R é a constante dos
gases (cal K-1 mol-1); T é a temperatura em K; Ha é a energia de ativação de Arrhenius (cal mol-
1
). Essa energia de ativação é interpretada como o nível de energia que o mineral potássico deve
adquirir para tornar-se capaz de reagir (liberar K). Quando a energia de ativação aumenta, a taxa de
liberação decresce. A energia de ativação para o microclínio, no estudo de Huang et al. (1968), foi
22,97 kcal mol-1, bem superior à energia de ativação para taxas de dissolução que são controladas
por processo de difusão (Sparks & Jardine, 1981). Mortland & Ellis (1954) consideraram que o
67
68
processo de liberação de K da vermiculita foi controlado por difusão e encontraram um valor de
energia de ativação pela lavagem com NaCl 0,1 mol L-1 de 3,55 kcal mol-1.
Chute & Quirk (1967), estudando a difusão de K em ilita com adições contínuas de soluções
NaCl 0,3 mol L-1 e 0,03 mol L-1, descreveram uma equação geral para liberação de K, baseada na
Um gráfico (Kt/Ko)/t em função de 1/t1/2 daria uma reta com declividade (4/1/2) (D/a2)1/2 e
sistemas puros, a pode ser calculado por medidas da área superficial de adsorção de N2, assumindo
que existe uma relação de 10:1 entre o diâmetro da partícula e sua espessura (Quirk & Chute, 1968).
Em sistemas heterogêneos, como o solo, com vários tipos e tamanhos de minerais de argila, um
valor realístico de a não pode ser mensurado. Assim, o valor de D também não pode ser calculado
(Keay & Wild, 1961). Por esta razão, a equação (6) pode ser arbitrariamente simplificada para
68
69
Usando resina saturada com H+, Feigenbaum et al. (1981) encontraram um valor de k'2 para
matemáticas têm sido utilizadas: primeira ordem, Elovich, parabólica de difusão e função potência.
A equação de primeira ordem pode ser representada por uma expressão na forma (Martin &
Sparks, 1985):
A equação (9) indica que um gráfico de ln (Ko-Kt) versus t deve dar uma reta com declividade
Mortland (1961) usou lavagens sucessivas de biotita com NaCl 0,1 mol L-1 para calcular a
K = klnt + c (10)
69
70
em que K representa mg K/g biotita liberado no tempo t; k é a constante de taxa; c é a constante de
integração.
Durante a liberação dos primeiros 75% de K em relação ao total do mineral, Mortland (1961)
observou que a taxa não variou com o tempo, ou seja, dR/dt = 0, em que R é a taxa de liberação de
K. Então, a derivada primeira da equação (10) ficaria, dK/dt = -k, implicando uma liberação de
Mortland & Ellis (1954) encontraram que a liberação de K fixado na vermiculita foi um
processo de difusão de primeira ordem quando utilizaram técnica de lavagem com NaCl 0,1 mol L-
1
. Utilizando cultivos sucessivos para extrair K não trocável, Burns & Barber (1961) encontraram
que a liberação inicial foi descrita por um processo de primeira ordem e depois passou para ordem
b) Equação de Elovich
adsorção química dos gases em superfícies sólidas (Low, 1960). Ela tem sido utilizada para
equação de Elovich aplicada à liberação de K pode ser expressa, conforme Havilin et al. (1985),
por:
70
71
em que to é igual a 1/ab. Se abt é muito maior que 1, a equação (12) pode ser simplificada para:
Assim, o gráfico de y versus lnt para a equação (14) deve ser linear com declividade 1/b e
A forma integrada da equação função potência pode ser expressada por (Havilin & Westfall,
1985):
Y = atb (15)
A transformação linear é:
declividade da reta (b) é um coeficiente de taxa de liberação de K ou Mg. O gráfico de lnY versus
lnt deve dar uma reta com declividade igual a b e intercepto igual a lna.
(equação (5) citada por Chute & Quirk, 1967), em que a liberação de K é função da raiz quadrada
do tempo.
71
72
processo de liberação. Esses desvios podem ser devidos à ação de massa do íon trocador sobre a
superfície e/ou devido à liberação de K ou Mg dos sítios externos da superfície obedecer uma
relação curvilinear. Chute & Quirk (1967) não observaram linearidade da equação parabólica de
difusão para ilita nos primeiros 30 minutos de liberação de K e atribuíram a falta de conformidade
da equação a troca devido a ação de massa promovida pelo Na (solução de NaCl 0,3 mol L-1) nos
sítios externos na superfície das partículas, liberando maior quantidade de K nesse período.
Vários pesquisadores têm utilizado a equação parabólica de difusão para descrever a cinética
das reações de liberação de nutrientes pelos constituintes dos solos (Sparks & Jardine, 1981; Martin
& Sparks ,1983; Jardine & Sparks, 1984; Halvin et al., 1985; Simard et al., 1989; Hundal &
Pasricha, 1993; Dhillon & Dhillon,1990; Meurer & Rosso, 1997). A equação para bólica de difusão
foi usado por Meurer & Castilhos (2001) e Castilhos & Meurer (2001) para explicar a cinética de
liberação de K, em extrações sucessivas com ácido oxálico 0,01 mol L-1, das frações areia, silte e
argila de três solos do Rio Grande Sul. Também foi o modelo que melhor se ajustou à cinética de
ácido cítrico 0,1 mol L-1 até 1380hs (Melo et al., 2005). O melhor ajuste da equação parabólica aos
resultados indica que o mecanismo predominante de liberação de K, nesses casos, é controlado por
Normalmente a escolha da melhor equação para descrever a cinética de niutrientes é feita com
base na comparação entre o coeficiente de correlação (maior r) e o erro padrão estimado (menor
EPE) das equações. O erro padrão estimado é determinado pelos quadrados mínimos da análise de
regressão, ou seja, EP = (Kt – Kt)2 /(n-2) ½, em que Kt e Kt são as concentrações de nutrientes
72
73
medidas e calculadas pela equação, respectivamente, no tempo t; n é o número de observações
(Havlin et al., 1985; Simard et al., 1989; Gil-Stores & Rubio, 1992; Hundal & Pasricha, 1993).
Além deste critério, a escolha da equação mais apropriada para descrever a liberação de
nutrientes dos solos deve ser estabelecida também em função de relações estreitas entre os
coeficientes das equações e a absorção desses nutrientes pelas plantas (Meurer & Rosso, 1997).
Havlin et al. (1985) avaliaram a liberação de K em três frações de silte e argila por extrações
sucessivas com resina saturada com Ca e constataram que, dos quatro modelos testados (primeira
ordem, difusão parabólica, função potência e Elovich), a equação de Elovich representou melhor a
cinética de liberação de K, com maior coeficiente de correlação e menor erro padrão estimado. As
dada pelo coeficiente angular das transformações lineares das equações ajustadas (declividade da
reta). As transformações lineares dos principais modelos de equações usadas para descrever a
Quadro 17. Transformações lineares dos principais modelos de equações usadas para descrever a
cinética de liberação de K.
73
74
A cinética de liberação de K e Mg tem sido freqüentemente descrita com mais de uma taxa
simultânea, ou seja, por segmentos de reta com declividades diferentes (Figura 24). O
Figura 24. Cinética de liberação de K (a) e Mg (b) (equação parabólica de difusão) da fração argila
de solos do Triângulo Mineiro, mostrando o comportamento multifásico do processo.
Fonte: Melo et al. (2005).
Song & Huang (1988) relataram a existência de três estágios de liberação de K durante o
tempo de extração: primeiro estágio de 0 a 1 hora; segundo de 1 a 48-120 horas (em função do tipo
do mineral); e terceiro de 48-120 até 720 horas. Os dois primeiros estágios, relativamente rápidos,
foram atribuídos à rápida dissolução de partículas finas e/ou minerais com distúrbios mecânicos. As
constantes de taxa de liberação de K obtidos pela declividade do terceiro estágio (terceiro segmento
da reta) nas equações de primeira ordem para o ácido oxálico foram: biotita 8,7 x 10 -5/h;
Bolt et al. (1963) estudaram a liberação de K de ilita utilizando vários cátions monovalentes
e divalentes e classificaram o K em três categorias: i) íons K que ocupam sítios superficiais de troca
(p.ex. superfície planar externa - Figura 20) e são trocados rapidamente por todos os outros cátions
(até uma hora); ii) íons que ocupam posição intercamada perto de áreas em cunha, sendo esses sítios
muito específicos para K e NH4, mas a troca por NH4 é relativamente rápida devido a pequena
74
75
distância para o K difundir em relação à solução. Nessa posição, a troca de K por outros íons, além
do NH4, é muito difícil; iii) íons K que ocupam posições intercamadas longe de zonas de cunha.
Esses sítios também são seletivos para K e NH4, mas a troca envolve processo de difusão interna.
Bolt et al. (1963) observaram que a difusão de NH4 foi maior que a de K, indicando que a presença
de NH4 intercamada promove ligeira abertura das camadas (raio iônico maior que o K), acelerando
a difusão. Para os feldspatos, após a liberação rápida do K dos sítios mais externos, a liberação
adicional deste nutriente, dos sítios internos, só ocorrerá se houver quebra nas ligações AlO e
SiO, por meio das reações de protonação e complexação pelo ácido oxálico promovidas por
RS, induzida pela ação do ácido oxálico 0,01 mol L-1 até 3.409 h, ocorreu em duas fases para as
frações areia e silte e em três fases para a fração argila, com taxas variando entre 0,65 x 10-2 h-1 a
3,55 x 10-2 h-1. A quantidade de potássio liberada decresceu e correspondeu a somente 2,1% do teor
de K total encontrado nesse solo (Castilhos & Meurer, 2001). Comportamento semelhante foi
obtido por Meurer & Castilhos (2001) para as frações granulométricas de um Gleissolo e de um
Chernossolo do RS (15 extrações sucessivas com ácido oxálico 0,01 mol L-1). Nesse casos,
entretanto, Meurer & Castilhos (2001) encontraram maior amplitude das taxas (6,80 x10-3 h-1 até
fração argila de solos do Triângulo Mineiro foi multifásica (Figura 24). Para a maioria das
amostras, ocorreu liberação mais rápida de K inicialmente (Latossolo Vermelho – Figura 24a),
seguida de outra fase com menor taxa de liberação. Para o Mg o comportamento foi oposto, pois a
maioria das amostras apresentou maior taxa de liberação do nutriente na segunda fase (Argissolo
sítios com diferentes energias de adsorção. Houve predomínio de K na forma não trocável em sítios
75
76
de média/alta energia de adsorção e Mg na estrutura de minerais ferromagnesianos,
predominantemente biotita.
solo de vários tipos de minerais, com diferentes sítios de adsorção, tamanho de partículas e grau de
intemperismo, dificultam muitas vezes a caracterização mais detalhada da reserva mineral do solo,
tanto no que se refere à sua composição mineralógica como à contribuição relativa das suas frações
granulométricas. Estas frações normalmente diferem quanto à reserva de minerais. De modo geral,
os minerais primários, como feldspatos e micas, tendem a se concentrar nas frações mais grosseiras
argila. Por isso, muitos dos estudos sobre cinética de liberação de K e Mg têm quantificado de
forma separada a contribuição de cada fração granulométrica do solo (argila, silte e areia).
Simard et al. (1992) estudaram a cinética de liberação de K e Mg das frações silte fino,
médio e grosso e da fração argila de solos do Canadá, num período de 3.200 horas, por meio de
extrações seqüenciais com ácido cítrico 5 x 10-4 mol L-1. Os autores obtiveram as maiores
quantidades e taxas de liberação de K nas frações silte fino, e de Mg na fração silte fino e médio, as
quais continham vários minerais fontes de K e Mg (feldspatos, micas, cloritas e vermiculitas). Por
outro lado, em seis solos calcários dos Estados Unidos, 65 a 80% do K total liberado por extrações
sucessivas com resina de troca catiônica saturada com Ca ocorreram na fração argila, rica em
minerais interestratificados mica-esmectita (Havlin et al. 1985). Munn et al. (1976) verificaram que
o K extraído com CaCl2, em quatro solos, variou de 30 a 74% para a argila, 24 a 56% para o silte e
Em três solos do Rio Grande do Sul, o K total liberado após 15 extrações seqüenciais com
ácido oxálico 0,01 mol L-1 foi proveniente principalmente das frações argila e silte (Quadro 18)
(Castilhos, 1999). A fração areia, normalmente, libera quantidades menores de potássio que o silte e
argila. Todavia, em solos arenosos intemperizados da planície costeira atlântica dos Estados Unidos
76
77
a reserva de K era proveniente da fração areia fina, rica em feldspatos potássicos (Martin & Sparks,
Quadro 18. Contribuição estimada das frações areia, silte e argila para o potássio total dessorvido
de três solos do RS, em 3.409 horas de equilíbrio com ácido oxálico 0,01 mol L-1 (1)
K liberado do solo Contribuição das frações
Solo
até 3.409 h Argila Silte Areia
-1
_______________________mg kg __________________________
(1)
Os números entre parênteses indicam a percentagem em relação ao total liberado dos solos.
Fonte: Castilhos (1999).
quantidade total de K não trocável liberado no estudo de cinética (Quadro 18), coincidiu com a
seqüência verificada para a quantidade de K não trocável extraída pelas plantas, num experimento
em vasos conduzido nos mesmos solos (Castilhos & Meurer, 2002). Isso revela que os estudos
ÚMIDOS
77
78
Os solos jovens do Brasil, desenvolvidos de materiais de origem ricos em mica e feldspato,
podem apresentar teores de K total da ordem de 35.000 mg kg-1 (Melo et al., 1995b). Já os solos
Poucos estudos têm sido realizados em solos desenvolvidos sob clima tropical com o
obejetivo de relacionar a mineralogia de suas frações com a reserva de nutrientes para as plantas. Os
solos do sudoeste da Austrália são mais desenvolvidos (Ultisols e Oxisols), com predomínio de
caulinita e quartzo, com pouca ocorrência de minerais primários fontes de K. Mais de 50% dos 114
solos de referência representativo de toda parte agrícola dessa região estavam deficientes em K (Pal
et al., 2001b). Em cultivos sucessivos com trevo (adubação completa menos K) em solos do oeste
da Austrália, Pal et al. (2001c) observaram que as plantas morreram por deficiência de K nos
primeiro e segundo cortes nos solos altamente intemperizados (Oxisols). Os teores de K nos tecidos
total (1.800 a 2.600 mg kg-1 – extração fluorídrica) e não-trocável (48 a 56 mg kg-1 – extração com
HNO3 1 mol L-1 fervente) (Loganathan et al., 1995). Nesses solos, a fração areia é constituída por
quartzo e a fração argila, com predomínio de caulinita, apresenta apenas resíduos de minerais
observaram baixo crescimento das plantas nos tratamentos sem adubação com K (teores foliares
(Ricci et al., 1989; Chaves e Dias, 1996; Silva et al., 2000b; Melo et al., 2003). Santos (1993)
estudou a mineralogia de solos cultivados com eucalipto no Vale do Rio Doce, Minas Gerais e
observou que a reserva mineral de K, de médio e de longo prazos, praticamente inexistia, o que
evidenciou a pobreza do material de origem em relação a esse nutriente. Melo et al. (1995a)
78
79
também encontraram baixa reserva mineral de K em Latossolos desenvolvidos de rochas
úmidos apresentam teores de K total, normalmente, da ordem de 300 a 2.000 mg kg-1. Nesses solos,
de raios-X empregada em amostras de TFSA e da fração argila total (sem tratamento prévio para
possíveis fontes desses baixos teores de K total. Os principais minerais fontes de K estrutural nessas
condições são minerais de argila 2:1 com hidroxi intercamada, resíduos de minerais 2:1 fontes de K,
altamente intemperizados. Diversos autores têm observado vermiculita com hidroxi entre camadas
em Latossolos de várias regiões do Brasil (Oliveira, 1977; Moller & Klamt., 1982; Tiê-Bi-Youan et
al., 1983; Antonello, 1986; Ker, 1995; Ghidin et al., 2006). Os polímeros presentes nestes minerais
aumentam suas resistências aos processos de intemperismo, mantendo as camadas unidas. Não há
hidroxi intercamada, vermiculita com hidroxi entre camadas, mineral 1,4 nm, dioctaedral análogo à
A estrutura química do VHE e da esmectita com hidroxi intercamada (EHE) é constituída por
duas lâminas de tetraedros de Si, unidas por uma de octaedro de Al (dioctaedral) ou de Fe (forma
de polímeros intercamada. A estrutura dos minerais com hidroxi entre camadas é variável, em
função de alguns fatores: i) estrutura básica da porção mineral 2:1; ii) grau de preenchimento da
intercamada; iii) composição química dos materiais intercamada. Uma estrutura em anel com seis
79
80
3+
membros, [Al6(OH)15] tem sido proposta para o material intercamada nestes minerais (Hsu &
Rich, 1960). Outros polímeros mais complexos também têm sido propostos (Hsu, 1968), como
A presença de ilhas de hidroxi pode dar estabilidade aos minerais 2:1, termodinamicamente
instáveis nas condições do meio. Em condições ácidas, a formação de polímeros hidroxi estabiliza
minerais de 2:1 que estariam instáveis em relação à caulinita. Nos sistemas naturais, caulinita,
gibbsita e VHE co-existem na fração argila de solos. A estabilidade do mineral VHE será maior ou
menor que a da caulinita, dependendo do grau de ocupação pelos polímeros de Al-hidroxi. Contudo,
em condições muito ácidas (pH menor que 4), pode ocorrer uma descloritização (solubilização dos
O VHE e EHE apresentam uma larga distribuição espacial e são encontrados em várias
classes de solos. Condições moderadamente ácidas, baixo conteúdo de matéria orgânica, condições
Al-hidroxi intercamada. A distribuição desses minerais pode ser uniforme no perfil, mas,
minerais devem assumir papel importante no fornecimento do nutriente para as plantas. Muitos
solos arenosos da Flórida suportam ecossistemas nativos ou cultivados apresentado apenas traços ou
A formação de ilhas de Al-hidroxi nos minerais 2:1 reduz a CTC dos minerais e pode
podem reduzir a fixação de K por atuar como “pontos de apoio”, inibindo o colapso sobre os íons
nos poros ditrigonais (Figura 7b), mantendo, assim, a distância interplanar de 1,4 nm. Rich & Black
(1964) encontraram que somente 2,8 cmolc kg-1 de K foram removidos de minerais vermiculíticos
pela extração com NH4OAc, sendo que o K remanescente permanecia fixado entre as camadas
80
81
colapsadas. Após a síntese de Al-hidroxi entre as camadas destes minerais, 23,2 cmolc kg-1 de K
foram removidos pelo NH4OAc, sugerindo que a fixação de K foi praticamente eliminada pela
Apesar de reduzir a fixação entre as camadas de VHE, a adsorção se torna mais seletiva ao K,
que pode ser substituído apenas por outros cátions com características similares (NH4+), excluindo
cátions com maior energia de hidratação e maior raio iônico hidratado (Ca e Mg). O aumento na
seletividade a K se deve a existência de zonas em cunha (Figura 20) entre camadas apoiadas
VHE/mica, com d = 1,4 e 1,0 nm, respectivamente), onde os íons perdem a água de hidratação e se
ajustam aos poros ditrigonais, conforme discutido para seletividade de adsorção em micas (item
4.2.1).
Alguns pesquisadores têm mostrado o efeito benéfico da retenção de K pelos minerais VHE
em solos tropicais, evitando que o nutriente seja perdido por lixiviação e tornando-o disponível para
as plantas ao longo dos cultivos. Sanz-Scovino & Rowell (1988) observaram que Oxisols da
Planície Leste da Colômbia, com baixos teores de K trocável e total (baixa reserva em K),
mantiveram níveis adequados de K em gramíneas cultivadas durante 14 meses com cinco cortes
somente 8 kg ha-1, o que implicou numa liberação de 35 kg ha-1 de K não trocável. Sanz-Scovino et
al. (1992), trabalhando com os mesmos solos, em condições de laboratório, concluíram que as
Num transecto de partícula de VHE (1,4 nm) do tamanho silte médio, Harris et al. (1988),
encontraram alta variação de K2O por meio de análise microquímica (microsonda de dispersão de
raios-X - MDRX) dentro da partícula, obtendo teores de 13,2 a 88,4 g kg-1, após tratamento para
remover o K trocável. Harris et al. (1988) observaram que o K nos minerais VHE (1,4 nm) se
apresenta em camadas oclusas de mica (1 nm), com periodicidade insuficiente para serem
detectadas por DRX, ou, alternativamente, pela entrada rápida dos polímeros de hidroxi nas
81
82
camadas de mica intemperizada, segurando o K dentro dos poros ditrigonais e protegendo-o de ser
trocado por cátions hidratados. Comerford et al. (1990) obtiveram variação nos teores de K 2O em
partículas de VHE do tamanho silte de 2,1 g kg-1 nas bordas a 39,3 g kg-1 no interior. A reserva de
e quartzo) o potencial de liberação de K não trocável de 5.800 kg ha-1, para a profundidade de dois
Amostras de vários sítios na região de Manaus, sob floresta e outros cultivados sem
fertilização no sistema de pousio, foram estudadas por Arkcoll et al. (1985). Os solos apresentaram-
kg-1). A existência dessas fontes de K não trocável ajudou a explicar o rápido crescimento de
estabelecer um limite de 5 g kg-1 de K2O total na fração argila para separar solos em que os
vermiculita dos que não apresentam tais reflexões. Considerando esse limite e teor de 100 g kg-1 de
K2O nas micas, chega-se ao limite de detecção, em termos do mineral, de 40 g kg-1 de mica,
considerando ser esta a única fonte de K na fração argila. Para contornar essa dificuldade em solos
altamente intemperizados, a identificação de minerais micáceos na fração argila por DRX pode ser
viável em amostras submetidas às extrações prévias para concentração dos minerais do tipo 2:1.
Após extrações seqüenciais na fração argila de diferentes classes de solos de várias regiões do
Brasil com ditionito-citrato-bicarbonato (Mehra & Jackson, 1960) (extração de óxidos de ferro e
82
83
alumínio) e com solução fervente de NaOH 5 mol L-1 (Norrish & Taylor, 1961) (extração de
gibbsita e caulinita), Melo et al. (2002a) e Melo et al. (2003) observaram reflexão basal de minerais
micáceos (ilita e interestratificados ilita/caulinita) em latossolos por DRX (Figura 25). Após as
extrações seqüências, a percentagem de massa de argila residual, em relação à amostra antes das
extrações, para os solos apresentados na Figura 25 foi extremamente baixa, o que garantiu a
concentração dos minerais micáceos: Latossolo Vermelho-Escuro – 4,6%; Latossolo Roxo – 5,3%;
Cambissolo – 6,9%. Com base nos teores de K extraídos no resíduo pelo tratamento com NaHSO4
(Jackson, et al., 1986) (extração de minerais 2:1) e considerando o teor médio de 100 g kg-1 de K2O,
estimaram-se os teores de mica no resíduo: Latossolo Vermelho-Escuro 253 g kg-1; Latossolo Roxo
- 40 g kg-1; Cambissolo - 448 g kg-1. A grande maioria das partículas de mica analisadas por MDRX
no estudo de Melo et al., (2002a) foram identificadas como biotita, o que representa, também, fonte
de Mg estrutural.
83
84
Figura 25. Difratogramas de raios-X (radiação CuKα) da fração argila orientada do Latossolo
Vermelho-Escuro (LE), Latossolo Roxo (LR) e Cambissolo (Ca) mostrando a evolução da
mineralogia com os tratamentos seqüenciais (sem tratamento (a), após DCB (b), após NaOH
0,5 mol L-1 (c), após NaOH 5 mol L-1 (d) e após NaHSO4 (e)): Ct - caulinita, Gt - goethita, Hm -
hematita, Gb - gibbsita, Fd - feldspato potássico, IL - ilita, IC – mineral interestratificado
ilita/caulinita, An - anatásio, Ru - rutilo e MF - mineral formado após NaHSO4.
Fonte: Melo et al. (2002a).
Com base nesses estudos, conclui-se que mesmo em solos altamente intemperizados dos
fontes de K estrutural. Moura Filho (1970), trabalhando com um Latossolo Roxo do Triângulo
Mineiro, encontrou relação inversa entre tamanho de agregados e teor de cátions básicos. Segundo o
autor, as bases se concentram no interior dos microagregados, o que limita a lixiviação, devido ao
84
85
reduzido tamanho dos poros. Esta concentração relativa de sílica e cátions básicos nos agregados
dos solos altamente intemperizados pode ser responsável pela redução do intemperismo de
partículas de mica.
c) Resíduo de esmectita
Para que minerais de argila 2:1 fixem K entre suas camadas, nos poros ditrigonais, é
necessária alta substituição isomórfica, o que resulta numa densidade de carga suficiente para que
seguinte seqüência decrescente: vermiculita com alta densidade de carga, vermiculita com média
substituição isomórfica de cátion de maior valência por outro de menor valência) por unidade de
fórmula: muscovita e biotita = -1,0; ilita = -0,85 a -0,99; vermiculita = -0,6 a -0,8; montmorilonita =
-0,25 a -0,55. O valor de -0,55 para a montmorilonita representa o nível máximo de substituição
isomórfica para o mineral, onde o espaçamento basal (001) é mantido em torno de 1,4 nm, mesmo
após solvatação da amostra com etileno glicol (Fichter et al., 1998). Na prática, contudo, a
montmorilonita da fração argila dos solos tem menor quantidade de cargas negativas: não apresenta
capacidade de fixação de K e permite maior solvatação com as moléculas de etileno glicol, o que
aumentaria o espaçamento basal (001) para 1,7-1,8 nm. Com isso, as esmectitas são classificadas
como minerais expansivos (1,4-1,8 nm), permitindo a entrada de água entre as camadas e
presença de minerais interestratificados de mica-esmectita nas frações silte e argila de solos, com
reflexão basal (001) distinta em 2,4 nm, valor obtido pela interestratificação regular de camadas de
85
86
1,0 e 1,4 nm de espessura (Figura 8c) (Ross, 1971; Guzel & Wilson, 1978; Havlin et al., 1985;
Fichter et al., 1998). Por conseguinte, nos difratogramas desses minerais, verifica-se a reflexão
basal de segunda ordem (002) em 1,2 nm. Estes minerais interestratificados são formados pela troca
mais rápida de K por cátions hidratados em determinadas camadas, mantendo partes, ou camadas
Guzel & Wilson (1978) encontraram correlação positiva e altamente significativa entre o teor
nesses minerais liberaram K não trocável mais facilmente para as plantas que partículas de mica em
fase separada.
intemperizados é bastante limitada devido à sua baixa ocorrência nesses ambientes e à “ausência”
de sítios específicos para fixação de K em formas não trocáveis, o que torna o íon suscetível à
A caulinita é o principal mineral dos solos desenvolvidos sob condições tropicais úmidas. É
um argilomineral do tipo 1:1 com estrutura filossilicatada, formado pelo empilhamento regular de
inidas por ligações de hidrogênio entre os oxigênios basais dos tetraedros e hidroxilas da lâmina
octaédrica (ver capítulo VI). Tem sido postulada a presença de cargas negativas na caulinita
(substituição isomórfica). Essas possíveis cargas negativas permanentes poderiam ser importantes
na retenção de K entre as camadas do mineral. Contudo, é mais aceito que as cargas permanentes na
A presença de zonas de mica deve ser mais freqüente nos flocos de caulinita pseudomorfa de
biotita nas frações areia e silte de solos (Figura 26). A caulinita pode ser formada diretamente do
intemperismo da biotita, encontrada nas rochas, originando esses pseudomorfos (Pinto et al., 1972;
86
87
Rebertus et al., 1986; Graham et al., 1989). Nesses minerais, o K poderia ficar retido entre as
unidades de caulinita e, juntamente com os resíduos de mica, constituiriam fontes de K não trocável
para as plantas.
Figura 26. Micrografias obtidas por microscopia eletrônica de varredura em saprolito de rocha rica
em K no Sudeste da Austrália: A) caulinita pseudomorfa de mica. B) mistura de camadas de
caulinita e camadas de mica.
Fonte: Tonui et al. (2003).
Mais estudos seriam necessários para avaliar a freqüência com que estas estratificações
ocorrem em caulinita dos solos. Normalmente, os teores de K em partículas de caulinita são muito
baixos. Singh & Gilkes (1992) encontraram 1 a 2,9 g kg-1 de K2O nas amostras de solos do
autores concluíram que a fonte de K na caulinita foi a ocorrência de camadas de muscovita que, de
acordo com o teor em K2O, indicoiu concentração de 10 a 29 g kg-1 dessas camadas. Devido aos
baixos teores e pouca cristalinidade, a muscovita não foi detectada por DRX.
Utilizando microscópio eletrônico de transmissão com alta resolução, Lee et al. (1975) e
Murphy et al. (1998) observaram cristais com mistura de camadas de mica e caulinita (Figura 10).
Os primeiros autores hipotetizaram que o K intercamadas nesses cristais pode existir em vários
lugares: entre camadas de caulinita com presença de cargas negativas residuais (herdadas das
camadas de mica); em zonas micáceas oclusas (camadas com 1,0 nm); e como discretas partículas
de biotita.
87
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Melo et al. (2001) trabalharam com amostras de caulinitas da fração argila de diferentes
classes de solos do Brasil e observaram que os teores de K2O variaram de 0,09 a 3,81 g kg-1.
Segundo os autores, a interestratificação nestas amostras foi com camadas de biotita, devido a
mesma magnitude nos teores de K e Mg. Verificaram, ainda, que as menores partículas de caulinita
crescimento dos cristais de caulinita. Contudo, a relação causa-efeito pode ser outra: partículas
jovens de caulinita são, normalmente, menores e caso sejam formadas diretamente do intemperismo
da mica, apresentam maior possibilidade de terem oclusões de camadas do tipo 2:1 (maior riqueza
em K).
Devido a alta estabilidade da caulinita nos solos, espera-se que a liberação do K não trocável
das camadas de mica preservadas na estrutura da caulinita seja muito restrita, o que, praticamente,
6.1. Distribuição do K total nos minerais das frações argila, silte e areia por meio de técnicas
de extrações seqüenciais
Melo et al. (2002a), Melo et al. (2002b) e Melo et al. (2003) adaptaram alguns métodos
propostos por Jackson et al. (1986) e propuseram uma seqüência de análises seletivas de minerais
para estimar a contribuição de cada espécie mineral nos teores de K total da fração argila de solos
(Figura 27 e Quadro 19). Após cada extração, os autores determinaram os teores de K e a remoção
em massa da amostra com o tratamento (peso seco inicial e final da amostra). Como referência,
determinou-se os teores de K total (digestão com HF, HNO3 e H2SO4 concentrados) em amostra de
88
89
Argila livre de K trocável
NaHSO4 (cristais)
(extração de mica e demais minerais 2:1)
Figura 27. Esquema de análises seqüências (extrações seletivas de minerais) na fração argila.
Quadro 19. Teores de K total e contribuição percentual das extrações seqüenciais em relação
ao K total da fração argila de diferentes classes de solos do Brasil (1)
Classe Horizonte K-total OA DCB NaOH 0,5 M NaOH 5 M NaHSO4 HF
mg kg-1 _________________________________ % _____________________________
PA1 B 341 5 1 9 49 34 2
PA1 C 286 8 0 7 43 40 2
PA2 B 197 9 1 12 58 18 3
PA2 C 181 10 1 10 54 23 2
PA3 B 214 3 3 6 55 29 4
PA3 C 371 4 1 4 48 42 3
LA1 B 338 6 1 10 48 33 3
LA2 B 451 5 1 12 41 37 4
LA B 406 12 3 7 27 51 1
LU B 252 11 11 13 30 30 5
LE B 1.303 1 3 9 7 75 5
LE B 925 3 4 5 25 60 2
PE B 4.277 2 1 4 41 51 1
LR B 398 8 9 14 36 30 2
LR B 256 12 12 10 47 17 3
PV B 6.215 1 1 1 10 81 6
PV C 3.436 3 0 2 26 51 17
C B 5.078 2 1 4 35 52 7
C C 5.461 2 1 3 30 48 17
C B 2.312 1 2 2 15 77 3
C C 4.083 1 1 2 12 83 2
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(1)
PA - Podzólico Amarelo; LA - Latossolo Amarelo; LU - Latossolo Uma; LE - Latossolo Vermelho-
Escuro; PE - Podzólico Vermelho-Escuro; LR - Latossolo Roxo; PV - Podzólico Vermelho-Amarelo;
C – Cambissolo. Os números indicam a contribuição percentual das extrações seqüenciais em relação ao K
total da fração argila. Extrações seqüenciais: oxalato de amônio, ditionito-citrato-bicarbonato, NaOH
0,5 mol L-1, NaOH 5 mol L-1, NaHSO4 e HF.
Fonte: Melo et al. (2002a).
Em geral, os menores teores de K foram associados aos óxidos de ferro, amorfos (OA) e
cristalinos (DCB), os quais apresentaram a menor participação no K total da fração argila (Quadro
19). Possivelmente, o tratamento com OA pode ter dissolvido pequenas partículas de biotita,
liberando Fe, K e Mg (Jackson et al., 1986). Outra possibilidade apresentada por Melo et al. (2002a)
Verificou-se estreita relação entre grau de evolução dos solos, com menor teor de K total, e
maior participação da caulinita (extração com NaOH 5 mol L-1) no fornecimento de K (Quadro 19).
Nos solos desenvolvidos de sedimentos do Grupo Barreiras no Espírito Santo (amostras 1 a 9), a
caulinita contribuiu com mais de 50% do K total. Apesar de a caulinita apresentar baixos teores de
K (da ordem de 0,2 g kg-1), o predomínio do mineral na fração argila conferiu uma participação
destacada no conteúdo total de K desses solos. Outra fonte importante de K para todos os solos foi a
presença de mica. Dado seu baixo teor, inicialmente não se detectou mica na fração argila sem
A). A contribuição desses minerais micáceos atingiu 82% do K total nos solos mais jovens (Quadro
19 – extração com NaHSO4). Os teores totais de Mg e os teores obtidos nas extrações seqüenciais
foram semelhantes aos teores de K (Melo et al., 2002a). A quase totalidade do Mg total estava
Melo et al. (2003) utilizaram o mesmo metodo proposto por Melo et al. (2002a) (Figura 27)
Mineiro. Os teores de K total da fração argila foram extremamente baixos, com valores oscilando
entre 202 a 1.717 mg kg-1, com valor médio de 795 mg kg-1. Como observado por Melo et al.
90
91
(2002a), a contribuição de resíduos de mica mais a caulinita nos teores de K total foi bastante
Para a fração silte, devido a menor diversidade mineralógica, Melo et al. (2000) adotaram um
método mais simplificado para estudar as mesmas amostras apresentadas na Quadro 19, optando
Silte
NaHSO4 (cristais)
(extração de óxidos de ferro, mica e demais minerais 2:1)
Figura 28. Esquema de análises seqüências (extrações seletivas de minerais) na fração silte.
A importância de resíduos de mica nos teores totais de K é ainda mais expressiva na fração
areia dos latossolos. Melo et al. (2004) trabalharam apenas com a fração areia de latossolos
total (HF, H2SO4 e HNO3 concentrados) na areia total (K não trocável variando de 3,6 a 12 mg kg-1
e K total de 60 a 110 mg kg-1) e em diferentes classes de pesos e tamanhos dessa fração. A fração
areia de solos desenvolvidos de arenitos das Formações Adamantina e Marília, rochas de maior
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