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Bacharelado em Ciências Biológicas

Roteiro de Atividade de Campo


SDE4578 Pedologia e Geopaleontologia - bacharelado
1. Atividade de campo

No ensino das Ciências Biológicas, reside no campo o espaço propício para promover, de modo contextualizado, a
aprendizagem curricular, as percepções do ambiente e o reconhecimento e valorização dos saberes populares.
A atividade de campo pode ser considerada como qualquer atividade realizada in situ, isto é, em um dado local onde se pretende
proceder com observação e/ou coleta de dados.

Em Biologia, quando as atividades de campo são periódicas, com a finalidade de observar mudanças sazonais nos aspectos
qualitativos e quantitativos relacionados ao objeto de estudo, ou quando se necessita cobrir uma maior área e/ou quantidade de
dados, realizam-se várias idas a campo. Nesse caso, as atividades de campo periódicas são chamadas de campanhas de
campo.

2. Orientações de campo em Biologia:


Para o aluno realizar as atividades desta disciplina em campo deverá utilizar as vestimentas adequadas às condições do tempo e da
região. Como esta prática será realizada em ambiente de floresta, recomenda-se que o aluno vá de calça comprida, camisa de manga
comprida, boné ou chapéu, de preferência com cobertura para o pescoço e luva de látex ou de pano para mexer com o material
necessário. Use roupas velhas mas em boas condições sem rasgos e aberturas que possam permitir a entrada de pequenos animais.
Use um tênis confortável ou uma bota de cano longo. Sempre bom levar repelente e protetor solar. Nuca esquecer de levar água e
alguma coisa para comer rapidamente no campo como um biscoito ou sanduíche.
Tome cuidado aonde pisa e aonde coloca a mão, evite correr na floresta e não vá a lugares muito íngrimes ou fora de trilhas marcadas
e bem conhecidas. Preste atenção ao seu deslocamento, marcando bem o lugar aonde você vai, possíveis bifurcações que podem
confundi-lo na volta. Principalmente em ambientes de floresta, área de moitas de restinga ou no meio do agreste, as trilhas são
muito parecidas e é fácil se confundir e pegar a trilha errada. É sempre aconselhável que você vá a campo acompanhado de pelo menos
1 pessoa, nunca vá sozinho.
Atividade de campo
Título: Reconhecimento dos fatores de Formação do solo e da qualidade do solo em campo
Objetivo geral: comparar o efeito de diferentes fatores de formação do solo sobre as características físicas e biológicas qualitativas
do solo.

Seleção da área de estudo


Nesta atividade o estudante precisará selecionar previamente duas áreas próximas à sua casa, ou duas áreas que estejam,
oportunamente, situadas próximas a um local de passeio circunstancial.
As duas áreas deverão ser diferentes quanto a um dos critérios destacados abaixo:
i. Cobertura do solo por vegetação – nesse caso, deverá ser selecionada uma área de solo exposto, isto é, totalmente livre
de vegetação, e a outra sob cobertura vegetacional (totalmente ou parcialmente coberta por vegetação).
ii. Relevo – nesse caso uma área deverá ser em terreno íngreme e outra em terreno plano
iii. Incidência de luminosidade e vento – nesse caso uma das áreas deverá estar constantemente exposta à luz e vento, como
topo de morro ou na base de elevação do terreno, do morro.
iv. Formação florestais distintas – floresta primária x floresta secundária ou tardia, floresta de restinga arbórea x restinga
com formação de moitas

Materiais e Métodos

Relação de materiais
A relação de materiais utilizados em campo que deverão ser levados pelo aluno para realizar a prática deve ser constituida dos
seguintes materiais: Caderno de campo
a. Caneta
b. Lápis
c. Ferramentas de jardinagem (pá de jardim ou ancinho pequeno)
d. Folha de papel A4 branco
e. Trena de madeira
f. Carta de Munsell (analisar qual a carta mais adequada para a região que vai amostrar)
g. Câmera ou celular
Procedimentos
A) Reconhecimento de Campo

O reconhecimento de campo é uma etapa anterior à ida a campo de fato. Como o próprio nome diz, o reconhecimento de campo trata
do reconhecimento das condições ambientais existentes na área que pretende estudar, dos pontos de coleta de interesse e que oferecem
maior conforto e menor periculosidade, dentre outros.

A partir do reconhecimento de campo, as áreas de estudo podem ser selecionadas. Uma vez selecionadas as áreas, deverá ser
realizado o registro fotográfico.

As condições gerais da área de estudo a serem observadas poderão ser, as seguintes, por exemplo: anotadas as condições de
proximidade de cursos ou corpos d’água (como rios e lagos, respectivamente), proximidade de estradas ou outras obras de
infraestrutura, como linhas de transmissão ou reservatórios artificiais, proximidade de praias ou manguezais, presença ou
ausência de rocha nua, proximidade de atividades de pecuária ou de agricultura familiar, condições de extensão da mata (se
fragmentada ou ampla), se há presença de trilha, se a trilha suporta passagens de carros, dentre outros.

Todas as características, de cada uma das áreas deverão ser anotadas em caderno. Cada uma das áreas poderá ser identificada por
códigos alfanuméricos, como por exemplo: Área Fl - 01 (área de Floresta, amostra nº1) ou Área Deg – 01 (Área degradada,
amostra nº1). Sempre bom que para cada uma dessas áreas se façam anotações de referência para saber de onde foram tiradas a
suas amostras.

B) Preparo para o campo


Cada uma das áreas deverá ser fotografada, para que o leitor do relatório possa observar as condições gerais de relevo,
cobertura de solo e exposição a luminosidade e vento de cada uma delas.
As fotografias deverão ser salvas e inseridas no relatório no item de Materiais e Métodos.
A) Em campo
No campo, o estudante deverá estar portando o mesmo caderno no qual foram anotadas as características gerais das áreas, tipo de
formação vegetacional e impactos antrópicos identificados (presença de habitações, gado, corte e queima, etc.)
Nesse mesmo caderno, serão anotadas as informações coletadas.
B) Coleta do solo
Em cada uma das áreas o estudante deverá proceder da seguinte maneira:
Escolher uma área de amostragem e, com o auxílio das ferramentas de kit de jardinagem o estudante deverá delimitar uma parcela de
solo de aproximadamente 25 x 25cm. Neste momento o estudante anotará no caderno a seguinte informação “Área FL - 01”, por
exemplo. Em cada amostra o aluno fará a análise da camada de serapilheira (se houver) e das camadas superficiais (até 10cm) e mais
profundas (horizonte B – de 10 a 20cm) do solo, como descrito a seguir.

Coleta de dados
Os dados coletados em campo e as respectivas técnicas e procedimentos empregados estão descritos abaixo.

a) Análise das camadas de serapilheira


O solo é formado por diferentes camadas denominadas horizontes (Figura 1). Dentre estes horizontes, o mais superficial é a camada
de serapilheira que está sobre o solo. Esta camada é composta basicamente por matéria orgânica e é constituída por camadas
também. Estas camadas consistem em folhas, galhos e outras matérias orgânicas em vários estágios de decomposição. Sendo a parte
mais superficial menos decomposta e as mais profundas mais decompostas até chegar ao solo propriamente dito. As camadas da
serapilheira estão esquematizadas na figura 2. A 1ª prática consiste em observar e documentar as camadas de serapilheira
sequencialmente e verificar a estruturação da mesma. Tente descrever cada uma das camadas e tire fotos para registrar o aspecto
geral das mesmas.

FIGURA 1
FIGURA 2

Registre também a camada A1 caracterizada ela presença de raízes finas.

b) Consistência do solo seco


Após descrever todas as camadas da serapilheira, você chegará na camada de solo propriamente dita, mais especificamente ao
horizonte A. Neste horizonte, o estudante deverá avaliar a consistência do solo seco. A consistência do solo está diretamente
relacionada com características de composição do solo, como por exemplo, a sua granulometria. Para fazer esta análise, você deve
considerar os seguintes critérios:
 Solto: não coerente entre o polegar e o indicador.
 Macio: a massa do solo quebra-se em material pulverizado ou grãos individuais sob pressão muito leve.
 Ligeiramente duro: a massa do solo é fracamente resistente à pressão; facilmente demolida entre os dedos.
 Duro: a massa do solo é moderadamente resistente à pressão; dificilmente quebra entre o indicador e o polegar.
 Muito duro: a massa do solo é muito resistente à pressão e é dificilmente demolida com as mãos. Não quebra entre o
indicador e o polegar.
 Extremamente duro: a massa do solo é extremamente resistente.
O estudante deverá anotar em caderno a consistência do solo e registrar com fotos a julgar pela análise orientada acima
c) consistência do solo molhado
O solo é considerado molhado quando apresenta um conteúdo de água ligeiramente superior à sua capacidade de campo. A
capacidade de campo é a quantidade de água retida pelo solo depois que o excesso tenha drenado e a taxa de movimento descendente
tenha decrescido acentuadamente, o que geralmente ocorre dois a três dias depois de uma chuva ou irrigação em solos permeáveis de
estrutura e textura uniformes. Desta forma, a capacidade de campo pode ser considerada a quantidade de água no solo quando todos
os poros estão ocupados com água. Esta água é chamada de solução de solo.
Para esse grau de umidade, manifestam-se duas propriedades importantes: Pegajosidade ou Aderência e Plasticidade.
 Não pegajoso: após a aplicação de pressão entre o dedo indicador e o polegar, não se verifica nenhuma aderência
da massa aos mesmos.
 Ligeiramente pegajoso: após cessar a pressão a massa do solo adere a ambos os dedos, mas desprende- se de um deles
perfeitamente.
 Pegajoso: após cessar a compressão, a massa do solo adere em ambos os dedos e, quando os mesmos são afastados,
tendem a alongar-se um pouco e romper-se, ao invés de desprender-se de qualquer dos dedos.
 Muito pegajoso: após a compressão o material adere fortemente a ambos os dedos e alonga-se perceptivelmente
quando os dedos são afastados.
 A plasticidade é uma consequência de atrações entre duas superfícies líquidas. É um atributo que diz respeito à
mudança constante da forma por aplicação de pressão e à manutenção da forma adquirida, uma vez cessada a causa da
deformação.
 A avaliação da plasticidade no campo se faz pela resistência à deformação, oferecida por pequenos cilindros de terra
molhados, manipulados entre os dedos.
 Não plástico: não se consegue formar um cilindro com a massa do solo molhado.
 Ligeiramente plástico: os cilindros se formam, contudo, se rompem quando recurvados ou comprimidos.
 Plástico: os cilindros se formam e apresentam poucos sinais de ruptura ao serem recurvados ou comprimidos.
 Muito plástico: os cilindros se formam e são recurvados ou comprimidos, sem sinais de ruptura. A
consistência do solo tem aplicação direta no manejo do solo.
Análise da Coloração com a carta de Munsell: retirar uma camada de solo de até 10 cm e outra de em até 20 cm de profundidade.
Identificar as diferentes amostras quanto a coloração mais aproximada na carta de Munsell. Anotar a classificação do solo. Faça
isso para as duas profundidades e nas duas amostras escolhidas. Utilize apenas a camada de 20cm (horizonte B) para fazer a
classificação do solo.
RELATÓRIO
O relatório deve conter a descrição dos lugares escolhidos para as amostragens bem como um registro fotográfico da
execução da atividade. Com base na análise das amostras você deve concluir de que tipo de solo as mesmas mais se aproximam,
embasando as suas conclusões. Utilize principalmente o horizonte B para fazer essa análise quando for utilizar a carta de Munsell,
ou seja, a camada de solo abaixo dos 10 cm iniciais. Faça essa discussão com base no que aprendeu sobre as características do solo
(granulometria, cor, etc.) e compare as amostras com base nos critérios que escolheu para diferenciá-las ou levantando hipóteses de
acordo com os ambientes escolhidos.
Faça também uma análise das camadas holorgânicas, discutindo qual a hipótese mais provável para a ausência de alguma
camada ou da abundância maior de alguma delas. Relacione essas características com as características da(s) formação(ões)
florestal(is) cujas amostras foram retiradas.
Não esqueça de apresentar seus trabalhos de acordo com a norma técnica correspondente, neste caso, se possível,
recorra a norma NBR14724 que trata da apresentação de trabalhos acadêmicos.

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