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Avançada
Aula 2 - Aterros Sobre solos Moles
2.1. Introdução
Massad (2003) descreve que solos moles são solos sedimentares com baixa resistência à penetração
(NSPT < 4) em que a fração argila imprime as características de solo coesivo e compressível. São em geral,
argilas moles ou areias argilosas fofas de deposição recente (formadas durante o Quaternário).
Marangon (2006) escreve que atribui-se à nomenclatura à consistência de solo predominantemente
argiloso, com o valor do NSPT entre 3 e 5, segundo a NBR 7250. Trata-se de solo de origem sedimentar
(aluvionar), com resistência ao cisalhamento extremamente baixa, saturado (NA elevado), relativamente
homogêneo em toda a profundidade do depósito. São solos muitíssimo compressível (característica
relativa a sua capacidade de deformar).
Ainda, conforme Marangon (2006), os solos ditos “muito mole” (NSPT entre 0 e 2) apresentam todas as
características destacadas acima, porém em condições de comportamento ainda mais desfavorável. A
estes solos é comum se referir também como “solo mole”, de uma forma generalizada.
2. Aterros Sobre Solos Moles
Aula 2
2.1. Introdução
Os ambientes de deposição podem ser os mais variados possíveis, desde fluvial até costeiro, incluindo as
lagunas e as baías. Os meios de deposição pode ser, portanto, de água doce, salgada ou salobra em
processos de deposição fluviais ou marinhos em locais como várzeas, planícies de inundação, praias,
canais de mar (MASSAD, 2003).
Independente do processo de deposição de material inconsolidado ao longo dos processos geológicos, os
solos moles possuem heterogeneidade tanto na vertical quanto na horizontal. Este processo pode ser
identificado com mais clareza nos solos de origem fluvial. Na figura 1, é possível evidenciar a distribuição
errática dos sedimentos superficiais.
Fatores que afetam a deposição:
Velocidade das águas;
Quantidade e composição da matéria em suspensão na água (salinidade e floculação das partículas);
Presença de matéria orgânica tais como humus, detritos vegetais, conchas, etc.;
2. Aterros Sobre Solos Moles
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2.1. Introdução
Figura 1. Seção geológica na várzea do rio Pinheiros, São Paulo. Fonte: Adaptado de Massad (2003).
2. Aterros Sobre Solos Moles
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2.3. Métodos Construtivos de Aterros Sobre Solos Moles (ALMEIDA E MARQUES, 2014)
A escolha do método construtivo mais adequado está associada a diversas questões: características
geotécnicas dos depósitos, utilização da área, incluindo vizinhança, prazos construtivos e custos
envolvidos.
Alguns métodos contemplam controle de recalques; outros controle de estabilidade. A maioria dos
métodos contempla as duas questões. No caso de solos muito moles, é comum o uso de reforço de
geossintético associado à maioria das alternativas apresentadas na figura 2.
Restrições de prazo podem inviabilizar técnicas como as de aterros convencionais ou sobre drenos
verticais, favorecendo técnicas de aterros sobre elementos de estacas ou aterros leves, os quais,
entretanto, tem custos elevados.
A remoção do solo mole pode ser utilizada quando a espessura da camada for pequena (1 a 2m) e as
distâncias de transporte não forem grandes. Em áreas urbanas, há dificuldade na obtenção de áreas para
a disposição do material de escavação além da questão ambiental associada à disposição, além disso,
restrições de espaço podem também inviabilizar o uso de bermas, portanto, a metodologia construtiva
deve ser analisada para cada caso.
2. Aterros Sobre Solos Moles
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2.3. Métodos Construtivos de Aterros Sobre Solos Moles (ALMEIDA E MARQUES, 2014)
Figura 2. Métodos Construtivos de Aterros Sobre Solos Moles. Fonte: Leroueil (1997 apud ALMEIDA e MARQUES, 2014)
2. Aterros Sobre Solos Moles
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2.3. Métodos Construtivos de Aterros Sobre Solos Moles (ALMEIDA E MARQUES, 2014)
2.3.1. Substituição de Solos Moles e Aterros de Ponta
A substituição de solos moles consiste na retirada total
ou parcial desses solos por meio de dragas ou
escavadeiras e na imediata colocação de aterro em
substituição ao solo mole. Esse método construtivo é
utilizado em geral em depósitos com espessuras de
solos compressíveis de até 4m
2.3. Métodos Construtivos de Aterros Sobre Solos Moles (ALMEIDA E MARQUES, 2014)
2.3.2. Substituição de Solos Moles e Aterros de Ponta
2.3. Métodos Construtivos de Aterros Sobre Solos Moles (ALMEIDA E MARQUES, 2014)
2.3.2. Substituição de Solos Moles e Aterros de Ponta
2.3. Métodos Construtivos de Aterros Sobre Solos Moles (ALMEIDA E MARQUES, 2014)
2.3.3. Aterro Convencional com Sobrecarga Temporária
O aterro convencional é aquele executado sem dispositivos de controle de recalque ou de
estabilidade. O mais comum é executar o aterro convencional com sobrecarga temporária, cuja função
é aumentar a velocidade dos recalques primários e compensar total ou parcialmente os recalque
secundários.
Uma desvantagem desse método construtivo é o prazo para estabilização dos recalques, em
geral, muito elevado, em função da baixa permeabilidade dos depósitos moles. Assim, deve-se avaliar
a evolução dos recalques pós-construtivos com o tempo, para o planejamento das manutenções
periódicas necessárias.
Outra desvantagem do uso da sobrecarga é o grande volume de terraplenagem associado a
empréstimo e bota-fora. Quando os recalques estimados são alcançados, a sobrecarga temporária é
retirada e o material removido pode ser utilizado como aterro em outro local.
A construção do aterro em etapas permite ganho paulatino de resistência da argila ao longo do tempo
e a estabilidade deve ser verificada para cada alteamento. Para essa avaliação é necessário o
acompanhamento do desempenho da obra, por meio de instrumentação geotécnica e ensaios de
campo para os ajustes necessários aos projeto.
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2.3. Métodos Construtivos de Aterros Sobre Solos Moles (ALMEIDA E MARQUES, 2014)
2.3.3. Aterro Convencional com Sobrecarga Temporária
2.3. Métodos Construtivos de Aterros Sobre Solos Moles (ALMEIDA E MARQUES, 2014)
2.3.4. Aterros Construídos em Etapas, Aterros com Bermas Laterais e Aterros Reforçados
A utilização de bermas de equilíbrio é uma solução que
pode ser adotada para aumentar o fator de segurança
quanto à ruptura. Quando há restrições ao
comprimento das bermas, ou para reduzir os volumes
de terraplenagem, são instalados reforços, em geral
com geossintéticos na base do aterro para, além de
melhorar o fator de segurança distribuir melhor as
tensões.
2.3. Métodos Construtivos de Aterros Sobre Solos Moles (ALMEIDA E MARQUES, 2014)
2.3.5. Aterros Leves
A magnitude dos recalques primários dos aterros sobre camadas de solos moles é função do
acréscimo de tensão vertical causado pelo aterro construído sobre a camada de solo mole. Logo, a
utilização de materiais leves no corpo do aterro reduz a magnitude desses recalques. Esta técnica,
tem como vantagem a adicional melhora das condições de estabilidade desses aterros, permitindo
também a implantação mais rápida da obra, diminuindo ainda os recalques diferenciais.
2.3. Métodos Construtivos de Aterros Sobre Solos Moles (ALMEIDA E MARQUES, 2014)
2.3.5. Aterros Sobre Elementos de Estaca
Aterros estruturados são aqueles em que parte ou a
totalidade do carregamento devido ao aterro é
transmitida para o solo de fundação mais competente.
Pode ser apoiado sobre estacas ou colunas dos mais
variados tipos e materiais e esta solução minimiza ou
até elimina os recalques, além de melhorar a
estabilidade do aterro. Uma vantagem desse método
construtivo é a diminuição do tempo de execução do
aterro, pois seu alteamento pode ser realizado em uma
só etapa, em prazo relativamente curto.
A magnitude do recalque por adensamento primário final deve ser calculada separando-se cada camada
de fundação em subcamadas correspondentes aos dados disponíveis de ensaios de adensamento.
Os parâmetros a serem utilizados são obtidos a partir da curva de compressão.
𝐻 𝜎 ′ 𝑎𝑑 𝜎′𝑓
∆𝐻𝑎𝑑 = . 𝐶𝑟 . 𝑙𝑜𝑔 ′ + 𝐶𝑐 . 𝑙𝑜𝑔 (2)
1+𝑒0 𝜎 0 𝜎 ′ 𝑎𝑑
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Onde I representa o fator de influência obtido pelo ábaco de Oosterberg, 𝛾𝑎𝑡 representa o peso específico
do aterro e, ℎ𝑎𝑡 representa a altura ou espessura do aterro (figura 12).
Via de regra, o fator de influencia I pode ser considerado igual a 1,0 para o casos em que a base do aterro
é muito grande em relação à espessura
2. Aterros Sobre Solos Moles
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Figura 13. Princípio de utilização do ábaco de Osterberg para aterro simples. Fonte: Marangon (2006).
Figura 14. Princípio de utilização do ábaco de Osterberg para aterro com bermas. Fonte: Marangon
(2006).
2. Aterros Sobre Solos Moles
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𝐶𝑟 𝜎′ 𝑎𝑑 𝐶𝑐 𝜎′ 𝑓
∆𝐻𝑎𝑑 = σ . ∆ℎ. 𝑙𝑜𝑔 ′ + . ∆ℎ. 𝑙𝑜𝑔 ′ (4)
1+𝑒0 𝜎 0 1+𝑒0 𝜎 𝑎𝑑
2) Admitindo o NA coincidente com o NT, a altura do aterro hat deve ser dividida em h1 e h2 (= DHj)
correspondentes, respectivamente, aos trechos não submerso e submerso (com peso específico
igual a g’at) e calcula-se para a segunda iteração (DHj+1)
𝐻 𝜎′ 0 + 𝛾𝑎𝑡 .ℎ1 + 𝛾′ 𝑎𝑡 .ℎ2
∆𝐻𝑗+1 = . 𝐶𝑐 . log (6)
1+𝑒0 𝜎′ 𝑎𝑑
2. Aterros Sobre Solos Moles
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Figura 15. Esquema de submersão do aterro no início (A) e no fim do carregamento (B). Fonte: Almeida e Marques (2014).
2. Aterros Sobre Solos Moles
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Onde:
H = espessura total da camada de argila; Ca = índice de compressão secundária; tv = tempo de
vida da obra (dias); tp = tempo de ocorrência da compressão primária (dias).
O limite superior (modelo B) resulta dos trabalhos de Bjerrum (1972) e é calculado admitindo-se que
os recalques secundários ocorrem durante o adensamento primário, a uma velocidade
semelhante à observada em laboratório no final do adensamento primário, dada pela equação 8:
𝐻
∆𝐻𝑐𝑠𝐵 = . 𝐶 . log 𝑡𝑣 (8)
2.(1+𝑒) 𝛼
2. Aterros Sobre Solos Moles
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Exercícios
01) Considere o terreno abaixo onde será construído um aterro extenso com um peso específico gnat =
18kN/m³ e 2,5m de altura. a) Calcule o recalque total da camada de argila considerando o ponto médio da
mesma; b) Calcule o coeficiente de adensamento para a argila; c) Calcule o recalque para um período de 120
dias; d) Quando o recalque for de 26,40cm, qual o valor da pressão neutra no centro da camada?
2. Aterros Sobre Solos Moles
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Exercícios
02) Considere-se um aterro sobre argila mole com as características geotécnicas e geométricas indicadas na
figura abaixo. Determine o recalque por adensamento primário.
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Exercícios
03) Determine o recalque para uma camada de argila normalmente adensada com espessura harg conforme a
figura abaixo para dois casos, considerando primeiramente a submersão do aterro em uma camada com 5m
de espessura e, posteriormente para uma camada com 10m de espessura.
2. Aterros Sobre Solos Moles
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Exercícios
04) Considere um aterro sobre argila mole com as características geotécnicas e geométricas indicadas na
figura abaixo. Determine o recalque por adensamento total que sofrerá a camada de argila para um tempo de
vida de obra de 100 anos.
𝐶𝛼
Dados: 𝐶𝛼𝜀 = ; 𝜈𝑢 = 0,5
1+𝑒