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Aterros sobre solos moles

A construção de aterros sobre solo mole e compressível está aumentando


devido à falta de terrenos adequados para infraestrutura e outros
desenvolvimentos.

Ao construir um aterro sobre um subsolo muito macio de baixa resistência ao


cisalhamento e alta compressibilidade, as tarefas de engenharia são garantir
a estabilidade do aterro contra possíveis falhas de talude e controlar a
deformação ou assentamento do subsolo dentro dos limites permitidos.
São solos com baixa capacidade de suporte e
SOLOS MOLES alta compressibilidade

Argilas siltosas, turfas Solo com alto teor de umidade (w


>100%) e saturado (S =100%);
Solo de baixa resistência N-SPT<4
Solo normalmente orgânico de
Solo muito compressível (recalque por
coloração escura;
adensamento alta)
Ocorre freqüentemente em baixadas,
planícies costeiras;
ATERROS
Acúmulo de terras para nivelar ou altear um terreno.
Problemas envolvidos
● Estabilidade dos aterros logo após a construção (capacidade de suporte do solo)
● Recalques dos aterros ao longo do tempo (primário e secundário)
● Estabilidade das fundações das obras de arte
● Recalques diferenciais entre as obras de arte e aterros de encontro
● Tráfego dos equipamentos de construção
● Amolgamento da superfície do terreno, devido ao lançamento do aterro
● Riscos de ruptura durante a construção
Requisitos em obras com solos moles

a) Apresentar fator de segurança adequado


quanto a possibilidade de ruptura do solo de
fundação durante e após a construção;

b) Apresentar deslocamentos totais ou


diferenciais, no fim ou após a construção,
compatíveis com o tipo de obra;

c) Evitar danos a estruturas adjacentes ou


enterradas.
Para escolher o método construtivo mais adequado
deve-se levar em conta:
Classes de aterros segundo o DNIT (Norma DNER PRO 381/98)
● Classe I – Aterros junto a estruturas rígidas, tais como encontro de pontes e viadutos, bem como
aterros próximos a estruturas sensíveis como oleodutos. A extensão do aterro classe I deve
ser pelo menos 50 m para cada lado da interseção.
● Classe II – São os aterros que não estão próximos a estruturas sensíveis, porém são altos,
definindo-se como altos os que têm alturas maiores que 3m.
● Classe III – Os aterros classe III são baixos, isto é, com alturas menores que 3 m e afastados
de estruturas sensíveis.
Programa de investigação
● Reconhecimento:

○ Obter todo o tipo de informação necessária ao desenvolvimento do projeto,

○ Através de documentos existentes (mapas geológicos, fotos aéreas, literatura especializada)


e visita ao local.

● Prospecção:

○ Obtém-se as características e propriedades do subsolo, de acordo com as necessidades do


projeto ou do estágio em que a obra se encontra.

○ Pode ser divida em fase preliminar, complementar e localizada.

● Acompanhamento:

○ Avaliar o comportamento previsto e o desempenhado pelo solo,

○ Feita através de instrumentos instalados antes e durante a construção da obra para a medida
da posição do nível d’água, da pressão neutra, tensão total, recalque, deslocamento, vazão e
outros.
Objetivos da Instrumentação

- detecção de perigo iminente;


- obtenção de informações vitais durante a construção;
- avaliação do comportamento de medidas corretivas
(por exemplo, reforço de fundação);
- melhoria do método construtivo;
- acumulação de experiência local;
- prova judicial;
- avaliação de modelos matemáticos e de mecanismos de comportamento.
Prospecção Geotécnica
● Investigação preliminar:
○ Determinação da Estratigrafia do área de estudo;
○ Realização de sondagens a percussão (NBR 6484/2001).
○ Principais informações:
■ Identificar a extensão e a profundidade das camadas de solos moles
no depósitos, do solo subjacente;
■ Identificar o nível do lençol freático ao longo do depósito. A
investigação pode ser acompanhada pela obtenção de amostras
(pelo menos uma) por camada (shelby Diâmetro = 60 a 100 mm);
■ Caracterizar e classificar o depósito de solos moles (umidade,
limites de consistência, granulometria, peso específico, etc.);
● Investigação Complementar:
○ Obtenção dos parâmetros geotécnicos propriamente ditos.
○ Ensaio de laboratório e de campo.
Fonte: ALMEIDA, 1996 e
COUTINHO et al., 2000) (a partir
de COUTINHO e BELLO, 2005).

Procedimentos
recomendados na bibliografia
para determinação de
parâmetros de argilas moles
Ensaios in situ x laboratório
● A substituição de solo mole só é econômica para espessuras pequenas (menos de
200m de comprimento e 3m de profundidade);

● Para espessuras até 20m a solução geral mais econômica é o emprego de geodrenos
e sobrecarga;
● A solução de aterro estaqueado tem a vantagem de não
haver tempo de espera para consolidação, mas o tempo
de cravação pode ser grande;

● Aterros leves são viáveis quando o aterro for alto e


próximo a região produtora do material leve;
● As bermas de equilíbrio são empregadas para estabilizar e suavizar a inclinação do
talude, levando a um aumento do fator de segurança;

● Geodrenos: cravados verticalmente, ajudam a permitir a drenagem da água e


aceleração dos recalques;
● Aterros construídos em etapas implica na subdivisão da altura do aterro. É
executada uma primeira etapa abaixo da altura crítica, seguida de período de repouso
para consolidação e ganho de resistência e logo após execução da segunda etapa;
Implica em longos tempos de permanência;

● Pré-carregamento: aplicação de sobrecarga temporária da ordem de 25 a 30% do


peso do aterro para aceleração dos recalques;
Análise de Estabilidade e de Recalques em Projetos de Aterros
sobre Argila Mole
Roteiro para Análise de Estabilidade
Tanto nos projetos convencionais quanto nos especiais de aterros sobre argila mole, a análise de estabilidade deve
ser desenvolvida de acordo com o roteiro básico a seguir, em ordem crescente de detalhamento do projeto:

a) Cálculo da altura máxima admissível do aterro para a resistência média não drenada Su da fundação;

b) Definição do talude do aterro, para o qual se recomenda a inclinação de 1(V) : 2(H), e de sua resistência,
mediante a utilização,

● no caso de aterros com altura superior a 3,0 m, dos ábacos de Pilot e Moreau (1973), que consideram a
resistência do aterro (𝛗at ≠ 0; Cat = 0) e admitem a resistência Su da argila mole constante com a
profundidade;
● no caso de aterros com altura h inferior a 3,0 m, dos ábacos de Pinto (1974), que desprezam a resistência do
aterro mas admitem Su constante com a profundidade;

c) Análise de estabilidade utilizando métodos de fatias e com o apoio de programas de computador

● Se a altura máxima admissível de aterro calculada em (a) for igual ou superior à altura em projeto, o aterro
poderá ser construído em uma etapa.
● Se for inferior, o aterro deverá ser construído em etapas ou com bermas.
Análise em termos de tensões totais e de tensões efetivas
A análise de estabilidade de um aterro sobre argila mole pode ser realizada em
termos de tensões totais (“𝞅”.= 0 ) ou em termos de tensões efetivas.
● Tensões Totais = análise simples, que exige o conhecimento apenas da
resistência não drenada Su do solo de fundação - também designada pelo
símbolo “c” (coesão) no caso de argilas moles -, razão pela qual é
recomendada para aterros constituídos em uma etapa.
● Tensões efetivas = parâmetros efetivos “c” e “𝞅” do solo; é preciso
conhecer os excessos de poropressões gerados pela construção do aterro,
sendo consequentemente uma análise mais complexa e onerosa, não
recomendado para aterros construídos em uma etapa, podendo porém se
justificar no caso de aterros construídos em várias etapas.
Definição dos parâmetros de resistência
Para a análise em termos de tensões totais o perfil de variação da resistência não
drenada Su com a profundidade deve ser obtido com base nos resultados de
ensaios como cisalhamento direto, triaxial UU e de palheta.
● Quando os perfis de resistência de laboratório e de campo são relativamente
próximos, adota-se um perfil médio de resistência.
● Quando houver uma grande diferença, é recomendável a construção de
aterro experimental e levado à ruptura para a definição da resistência não
drenada in situ.
a) Cálculo da altura máxima admissível do aterro para a
resistência média não drenada Su da fundação;
No caso de depósitos profundos, a altura crítica Hc é calculada em relação à largura do aterro por:

EQ. 1

onde Su é a resistência não drenada da camada de argila e “𝞬” o peso específico do aterro.

A altura do aterro será H = Hc /FS , sendo o valor FS = 1,5.

O valor de H despreza a inclinação do talude, a resistência do aterro e a variação de Su com a


profundidade, mas pode ser útil para cálculos bastante preliminares.
a) Cálculo da altura máxima admissível do aterro para a
resistência média não drenada Su da fundação;
No caso de aterros de largura média B da base grande em relação à espessura
da camada h, ou seja, B/h>1,5 , deve ser utilizada a figura abaixo para a
obtenção do valor do fator de capacidade de carga Nc , a ser empregado no
lugar de 5,14 na equação 1.
b) Definição do talude do aterro e de sua resistência
Ábacos para depósito com resistência constante
com a profundidade
Pilot e Moreau (1973) desenvolveram vários ábacos,
incluindo casos de aterros com bermas de equilíbrio, que
consideram a geometria e a resistência do aterro (c = 0 e 𝝋≠0).

ábacos para um aterro simples ( 𝝋=35 ) e três inclinações de


talude.

N=Su/(𝛾.H)
h/H
onde h=altura da camada de argila
H=altura do aterro
Exemplo 1
Considere-se um aterro com peso específico = 18 kN/m³ e talude com inclinação
de 1(V):2(H), sobre uma camada de argila de 12m de espessura e Su = 15kPa
b) Definição do talude do aterro e de sua resistência
Ábacos para depósito com resistência crescente
com a profundidade
Um cálculo considerando o crescimento da
resistência com a profundidade, uma
característica comum nos depósitos de argila
mole, pode ser realizado pelos ábacos de Pinto
(1974), para depósitos profundos e rasos.
Ábaco para a análise de estabilidade de aterro
sobre depósito raso com resistência crescente com
a profundidade
b) Definição do talude do aterro e de sua resistência

Ábaco para a análise de


estabilidade de aterro
sobre depósito profundo
com resistência
crescente com a
profundidade.
Exemplo 2
Adotando o aterro do exemplo 1, porém considerando a resistência crescente
com a profundidade, definida por Suo = 3kPa e s1 = 2kPa / m, calcula-se um valor
médio de resistência da camada de argila igual a:
c) Análise de estabilidade utilizando métodos de fatias e
com o apoio de programas de computador
O fator de segurança adotado na prática deve ser da ordem de 1,5 , pois valores
menores resultam em deformações prejudiciais.

Poderão ser adotados FS de até 1,3 apenas quando as deformações forem


toleráveis, devendo tais valores serem justificados.

A utilização dos programas deve ser precedida de testes sobre sua confiabilidade.
Análise de Recalques
Para a análise de recalques são calculados usualmente o recalque total e a variação do recalque com o
tempo.

Recalque total

O recalque total de um aterro sobre argila mole tem três componentes:

● recalque não drenado, ou recalque imediato, que está associado a deformações elásticas
cisalhantes a volume constante logo após a colocação do aterro sobre o terreno;
● recalque por adensamento primário, ou recalque por adensamento, que em geral responde pela
maior parcela do recalque total;
● recalque por compressão secundária, ou recalque secundário, que é decorrente da compressão do
esqueleto sólido e, portanto, não está associado à expulsão da água dos vazios do solo.
Análise de Recalques
a) O recalque imediato é calculado com base na equação:

EQ. 1

onde:

q = incremento de tensão vertical decorrente do aterro, ou


seja, produto da altura do aterro pelo seu peso específico;

b = semilargura da plataforma do aterro;

E e 𝑣= parâmetros elásticos do solo de fundação;

I = fator de influência, obtido da figura.


Considerando o solo de fundação saturado
tem-se, para a equação anterior,

𝑣= 𝑣u = 0,5 e E = Eu
sendo E determinado através do ensaio
triaxial consolidado não drenado CU ou por
meio de correlações, como a apresentada
na figura ao lado.
b) O recalque por adensamento primário é calculado para o caso de
carregamento de um solo da condição sobreadensada para normalmente
adensada pela equação:

EQ. 2
Variação do recalque com o tempo
O cálculo da variação de recalques com o tempo deve ser feito pela teoria de
Terzaghi, aplicando-se a equação:
O valor de U é calculado em função do tempo T, definido por:

onde Hd é o comprimento máximo de drenagem da camada compressiva.


● no caso de camada com fronteiras drenantes superior e inferior, Hd é igual à
metade da espessura h da camada;
● no caso de camada com apenas uma fronteira drenante, H = h.
A relação entre o grau de adensamento U e o fator de tempo T é fornecida pelo
quadro
As etapas a serem seguidas para o cálculo da variação de recalques com o tempo são:
a) cálculo do recalque por adensamento Sa;
b) estimativa do valor de Cv a ser adotado;
c) para um dado valor de t, cálculo do fator de tempo T;
d) para o valor de T calculado, obtenção no quadro 2 do valor de U;
e) cálculo do valor de Sa (t);
f) repetição das etapas c e para vários valores de tempo t, até que seja obtido um valor de
U próximo de 90%.
A utilização da equação de T exige que se escolha um coeficiente de
adensamento Cv representativo do depósito.
Entretanto, como Cv varia com o nível de tensão aplicado, de posse da curva Cv -
log Cv de uma amostra representativa de laboratório deve-se utilizar o valor de Cv
médio entre as tensões efetiva in situ e final.
Por outro lado, sabe-se que a velocidade de recalque prevista com Cv medida em
laboratório é em geral mais lenta que a observada in situ, ou seja, resulta em
valores de 5 a 10 vezes menores. Para superar tal dificuldade tem-se a realização
de ensaios de permeabilidade in situ e cálculo de Cv pela equação:
Soluções para aceleração de recalques
Drenos Verticais
Acelerar os recalques através da redução dos comprimentos de drenagem.
Como a distância entre drenos passa a ser necessariamente inferior ao comprimento de
drenagem vertical, o processo de adensamento é acelerado, havendo uma predominância
de dissipação do excesso de poropressão.
O espaçamento dos drenos dependerá da permeabilidade da camada e do tempo necessário
para se atingir um determinado grau de adensamento.
● Espaçamentos típicos variam da ordem de 2m a 5m.
● Os drenos podem ser localizados segundo arranjos quadrangulares ou triangulares
● O raio de influência do dreno (R) fica definido em função do seu espaçamento (S).
○ Malhas quadrangulares R=0,56S
○ Malhas triangulares R=0,53S
Como a estimativa da porcentagem média de adensamento radial (Ur) depende do raio de influência
do dreno (R), a solução que combina adensamento vertical e radial requer uma definição prévia da
malha e espaçamento de drenos a ser adotado.

Assim sendo, projetos de drenos verticais são realizados de forma iterativa, seguindo os passos a seguir:
i. estabelecer a porcentagem média de adensamento (Urv) a ser atingida em um determinado tempo (t),
considerando como pré-estabelecido o diâmetro de dreno (rd) a ser adotado;

ii. calcular a porcentagem de adensamento associada ao fluxo vertical (Uv);

iii. calcular a porcentagem média de adensamento radial, necessária para atingir os requisitos de projeto:

iv. assumir valores para n = R/rd e calcular os respectivos valores do Fator Tempo radial (Tr);

v. com os valores calculados de Fator Tempo radial (Tr), determinar os respectivos raios de influência (R) e
razão n*=R/rd

vi. comparar os valores de n (item iv) com os calculados (item v); o valor de projeto deverá ser tal que n=n*.
OBSERVAÇÕES ACERCA DE DRENOS

i. A instalação de drenos não interfere na magnitude dos recalques totais.

ii. O espaçamento entre os drenos deve ser menor que a espessura da camada: 2R < d

iii. O diâmetro do dreno (rd) não é muito importante em termos da eficiência do sistema. Em geral este
valor é estabelecido a partir do equipamento disponível para perfuração.

iv. A eficácia do projeto depende da seleção correta dos coeficientes de adensamento nas direções
horizontal e vertical ( ch e cv ).

v. Em geral, a relação entre os coeficientes de adensamento horizontal e vertical varia de acordo com a
faixa: ch/cv = 1 a 2 .

vi. Durante a instalação dos drenos é possível haver a amolgamento do solo ao redor do dreno causando
variações nos valores de ch e cv.

vii. Drenos agem como “estacas” e absorvem parte da carga, reduzindo os acréscimos impostos na
camada compressível.

viii. Drenos não interferem no processo de compressão secundária. Sendo assim, são pouco eficientes
nos casos em que a compressão secundária é significativa.
Drenos de areia
Drenos de areia são instalados abrindo-se furos verticais na camada argilosa e preenchendo-os com
solo granular.
O diâmetro dos drenos varia entre 0,20m a 0,60m.
● O diâmetro dos grãos de areia deve ser especificado de forma a evitar a colmatação dos drenos
(entupimento dos drenos por carreamento dos finos).
● Materiais geossintéticos têm sido muito utilizados em substituição aos drenos granulares ou
mesmo como elementos de filtragem para evitar a colmatação.
Sobrecarga Temporária
Consiste na aplicação de uma sobrecarga temporária (em geral, da ordem de 25% a 30% do peso do aterro),
com a finalidade de aceleração dos recalques.
● Com a sobrecarga, a magnitude dos recalques totais aumenta fazendo que se atinja, em menor tempo, o
valor previsto para o recalque total.

● O tempo de permanência da sobrecarga é determinado por estudos de adensamento e verificado no


campo através do monitoramento de recalques e poropressões.

● Quando o recalque esperado do projeto é atingido, a sobrecarga é removida.

Necessário a execução de um
tapete drenante arenoso, no
contato com o solo compressível,
para direcionar o escoamento da
água expelida pelo adensamento
da camada de solo mole.
Adensamento a vácuo
Aplicação de vácuo em um sistema de drenos verticais

Cada geodreno é conectado à linha de vácuo, que exerce no interior do solo mole saturado uma
pressão negativa equivalente a uma carga de até 4 metros de aterro aplicados sobre a superfície do
terreno.
O vácuo diminui as pressões intersticiais e mantém constantes
as tensões totais.
O escoamento da água dos poros ocorre devido ao gradiente
hidráulico criado pelo vácuo, o que possibilita a rápida retirada e
drenagem das águas intersticiais desses solos.
Injeção de consolidação - Consolidação Profunda Radial (CPR)
Instalação de uma malha intercalada de colunas de argamassa e
geodrenos.

● As colunas de argamassa têm por objetivo a compressão


radial do solo mole, produzindo acentuada deformação radial e
adensamento radial da argila com a saída de água através dos
drenos durante o processo de formação dos bulbos de
compressão.
● O processo resulta na geração do excesso de poropressão e após
a drenagem ocorre a melhoria da qualidade da camada em termos
de resistência e compressibilidade.
● A técnica pode ser adotada em casos em que a fundação possui
uma capacidade de suporte adequada ao peso das colunas.

Inicialmente, crava-se uma malha de geodrenos, intercalada com malha de tubos por onde se
bombeia, a partir do solo resistente e para cada metro de profundidade, volumes de grout,
formando-se bulbos/”colunas”, com o natural deslocamento provocado no solo, induzindo os
recalques imediato, primário e secundário.
REDUÇÃO DOS ESFORÇOS TRANSMITIDOS À FUNDAÇÃO
Aterro sobre Estacas
● Recomendada em solos muito compressíveis cujos recalques são considerados excessivos.
● A carga transmitida pelo aterro é transferida para as estacas que transmitem as cargas para
camadas competentes, mais profundas. Com isso, os recalques seriam provenientes somente
das deformações elásticas das estacas.
● Custo elevado: dependendo da magnitude do projeto e das condições de campo, há a
necessidade de um grande número de estacas e/ou comprimentos elevados das estacas, e a
necessidade da construção de uma laje de dimensões significativas, para servir de base para o
aterro.
Efeito Tschebotarioff

A construção do aterro sobre uma camada mole provoca deslocamentos laterais no solo.
Quanto se opta por estaqueamento deve-se observar que uma estaca situada dentro deste campo
de deslocamentos sofrerá um carregamento lateral devido aos deslocamentos da massa de solo.

Este problema foi identificado por


Tschebotarioff (1973), daí ser
comum no Brasil atribuir o nome
deste engenheiro ao fenômeno.

Caso de obra onde as estacas de


sustentação do aterro foram
deslocadas em função dos
empuxos.
REDUÇÃO DOS ESFORÇOS TRANSMITIDOS À FUNDAÇÃO
Aterro Leve
A magnitude dos recalques dos aterros sobre de solos moles é proporcional ao peso do aterro,
pois quanto maior a tensão aplicada no solo maior sua deformação.

● A solução dos aterros leves é uma alternativa à construção de aterros convencionais.

● Os materiais mais leves substituem os solos do aterro, diminuindo assim a tensão transmitida à
fundação
Pode-se adotar diferentes tipos de materiais (DNER, 1998),

O isopor (EPS) o mais utilizado na prática, face a sua elevada resistência (70 a 250 kPa) e baixa
compressibilidade (E = 70 a 250Mpa).

1. Antes da colocação dos materiais leves, lança-se uma camada de solo, ou material geosintético,
com a função de separação.

2. Após a implantação do material leve, é construída uma camada superficial de solo que servirá
como subleito para a pavimentação.
Etapas da construção de aterro leve na obra do DNIT de duplicação BR-230 na Paraíba.
Constituído por blocos de isopor medindo 4 x 1,25 X 1,0 metro e chegando a pesar 110 kg em
média, o EPS é disposto numa camada tripla em mais de 90 metros de extensão, para receber uma
camada de aterro e em seguida a camada do pavimento, com cerca de 35 cm, impedindo que o solo
mole aflore e venha a danificar o leito da rodovia.
Na utilização de aterros leves, principalmente quando se opta pelo EPS, é de grande importância a
verificação de como a água entrará em contato com os blocos de isopor.

● Deve-se prever a instalação de uma manta impermeabilizante cobrindo todos os blocos.

● Se a região for propícia a alagamentos, o EPS pode flutuar durante a elevação do NA e assim
comprometer a integridade física do aterro.

● Nestes casos, a camada de aterro/laje acima do EPS deve ser suficientemente pesada para evitar
que este flutue, ou deve-se fazer uso de um tipo de EPS que possua uma menor flutuabilidade.
Recomenda-se que o EPS seja instalado acima do NA

● Ensaios de tensão x deformação do conjunto pavimentação-material leve, devem ser conduzidos


em aterros experimentais, para a verificação das deformações futuras do aterro.
MONITORAMENTO E INSTRUMENTAÇÃO GEOTÉCNICA EM
ATERROS SOBRE SOLOS MOLES
Os principais objetivos do monitoramento de um aterro sobre solos moles são:

● Acompanhar os recalques e verificar o tempo de permanência de uma sobrecarga temporária;

● Monitorar poropressões geradas durante a construção e a sua velocidade de dissipação;

● Acompanhar os efeitos de deslocamentos horizontais provocados por um aterro sobre solo mole;

● Monitorar a estabilidade da obra em casos críticos;

● Verificar a adequação de um método construtivo.


Para atingir estes objetivos devem-se ter algumas preocupações (Almeida, 2006):

● Conhecer a grandeza da medida que o instrumento geotécnico de leituras fornecerá e a faixa de


variação esperada;

● A especificação técnica da instrumentação deve informar como os instrumentos serão instalados,


sua locação e profundidade, a periodicidade das leituras e de que forma as medidas serão
realizadas.

○ Deve também informar os valores de alerta e as decisões associadas a estes valores;

● Os instrumentos devem ser locados por coordenadas e altimetria. É fundamental que haja uma
referência indeslocável (Bench Mark) nas proximidades do aterro;

● As análises devem ser realizadas logo após as leituras para que haja tempo adequado para
decisões com relação à obra – recomenda-se que os prazos máximos para a apresentação destas
análises sejam também informados nas especificações
O critério para seleção do número mínimo de seções a instrumentar de um aterro sobre solo
mole e a frequência de leituras pode ser visto no documento DNER PRO 381-1998.
I. Pinos de Recalques - Pinos metálicos a serem
chumbados em uma estrutura rígida permitindo
observar os seus deslocamentos através de
instrumentos topográficos de precisão. Os pinos
devem ser lidos por nivelamento de alta precisão
com acurácia de 1 µm;
II. Marcos Superficiais - Pinos metálicos
instalados em terreno firme afastados da área de
argila mole que servem para medir deslocamentos
superficiais do aterro. Devem ser observados com
acurácia melhor que 1 mm.
III. Placas de recalque: Placas de aço ou madeira
com 500 mm x 500 mm com uma haste central
protundente ao aterro. Esta haste é revestida com
um tubo de PVC à medida que o aterro sobe e
permite o nivelamento topográfico da sua
extremidade superior e a obtenção dos recalques.
Devem ser observadas com acurácia melhor que
0,1 mm
Perfilômetro:

Instrumento que permite observar recalques de um aterro de maneira contínua, obtendo-se um perfil
horizontal de recalques. Antes da execução do aterro instala-se um tubo de acesso preferencialmente
de ferro galvanizado com 50 mm de diâmetro. Este tubo é provido de uma corda no seu interior para
puxar o sensor do instrumento.
Extensômetro magnético:

Instrumento para observar deslocamentos verticais no interior do solo, constituído de um sistema de tubo de
acesso em PVC 25 mm de diâmetro e um conjunto de alvos ou anéis magnéticos instalados em um furo de
sondagem com diâmetro 75 ou 100 mm. Os alvos magnéticos são denominados aranhas e são dispositivos
colocados no furo, mas firmemente fixados ao terreno, que se moverão com os deslocamentos do solo. As
aranhas contém um imã. A posição das aranhas é detectada periodicamente por um torpedo sensor que indica
a posição dos imãs em relação à extremidade superior do tubo, permitindo-se determinar recalques em
profundidade.

Extensômetro magnético
horizontal:

Funciona da mesma maneira que o


vertical, mas o tubo de acesso é
posicionado horizontalmente no
terreno. Os alvos são placas
contendo um imã circular.
Inclinômetros:

Instrumentos para observar deslocamentos horizontais. Constam de um tubo de acesso instalado no


terreno e um torpedo sensor deslizante para leituras periódicas
Piezômetros elétricos:

Instrumentos para a medição de


poropressões. Devem ser utilizados somente
instrumentos elétricos de corda vibrante, que
permitem resposta rápida em solos moles de
baixa permeabilidade. Os piezômetros devem
ser bem protegidos contra descargas
elétricas. Para tal devem ter a sua carcaça
aterrada e ter no seu interior um dispositivo,
denominado varistor que descarrega para o
aterramento tensões mais elevadas que
atinjam o instrumento. Os cabos dos
piezômetros devem ser protegidos
individualmente e através de blindagem e
devem ser aterrados.
Piezômetro Casagrande (ou piezômetro de tubo aberto) e Indicador de nível d’água

Instrumentos instalados em furos de sondagem 75 ou 100 mm de diâmetro e inadequados para a


observação de poropressões em solos de baixa permeabilidade, pois o seu tempo de resposta é
muito longo. São indicados, entretanto, para monitorar as poropressões no colchão drenante e no
substrato drenante inferior.

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