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SÉRGIO LOUREIRO DE LIMA - 61759

1ª Questão
Enumerar os principais problemas associados ao projeto e execução de cada um dos
tipos de fundação indicado nos itens abaixo. Em cada situação indique os
procedimentos alternativos para contornar os problemas executivos.

(a) Grupo de estacas cravadas em solos granulares medianamente compactos a


compactos

As estacas cravadas em solos granulares, pouco ou medianamente compactos,


causam um aumento da compacidade desses solos, pois na medida em que a
estaca é cravada, ocorre uma redução do índice de vazios. Esse efeito é benéfico
do ponto de vista do comportamento da estaca. Se o solo já estiver muito
compacto, a introdução da estaca não causará mais aumento de compacidade,
mas deslocamento do solo, o que poderá ser danoso para outras estacas ou
estruturas vizinhas. Como os solos granulares são muito permeáveis, esses
efeitos ocorrem praticamente durante o processo de execução.
Para contornar esses problemas, pode-se recorrer a utilização de estacas
metálicas quem possuem uma grande vantagem de poderem atravessar terrenos
muito resistentes sem muito risco de influenciar negativamente as estruturas
vizinhas, devido a sua pequena seção transversal e elevada resistência.

(b) Grupo de estacas cravadas em solos moles tipicamente coesivos, espessos (>
10 m) e de baixa resistência

Solos com baixa capacidade de suporte necessitam geralmente de muitas estacas


pra promover a transferência dos esforços.
Uma característica decorrente desse tipo de fundação é o atrito negativo. Este
fenômeno é uma consequência do processo de adensamento dos solos coesivos.
Quando uma estaca é cravada em um solo compressível, ocorre um aumento na
poro-pressão que se dissipa ao longo do tempo com a expulsão de água do solo e,
em função deste movimento relativo entre o solo e a estaca, desenvolve-se uma
força de atrito com sentido descendente, oposto ao qual apareceria normalmente em
uma fundação de estaca cravada.
O atrito negativo provoca um acréscimo de carga axial atuante sobre a estaca e,
consequentemente, recalques adicionais, podendo ainda fazer com que os blocos de
coroamento percam a sustentação fornecida pelo solo, apoiando-se apenas nas
cabeças das estacas.
Como alternativa construtiva para a minimização das solicitações nas estacas, a
execução da superestrutura deverá ser realizada somente após a estabilização das
deformações do solo (recalque).

(c) Grupo de estacas escavadas em solos moles, espessos e submersos


Sabendo-se que a execução de estacas escavadas geralmente envolvem
operações de concretagem em situ, podendo esta concretagem ser executada
com bombeamento, um dos possíveis problemas de execução é a ocorrência de
perda de concreto por infiltração excessiva no solos, já que a resistência ao
cisalhamento do solo é inferior aos esforços aplicados pelo concreto injetado
sobre pressão.
Outro empecilho para a execução de estacas escavadas em solos submersos é
no caso de escavação manual ser necessário o uso de equipamento de câmara de
pressurização.
Como alternativa visando contornar os problemas de infiltração excessiva do
concreto, deve-se medir o volume injetado conhecendo-se o volume da
escavação, não permitindo que o volume de concreto ultrapasse muito o volume
do furo (15 a 20%). No caso de escavações submersas, pode-se adotar
equipamentos mecânicos de escavação.

d)Grupo de estacas cravadas em solos coesivos rijos

Pode ser necessário o uso de ponteira metálica ou efetuar a cravação usando água sob
pressão.
Os principais problemas associados a cravação em solos coesivos rijos, relacionam-se
com a elevada resistência que tais solos apresentam. Tal resistência faz com que seja
necessária elevadas energias de cravação, o que pode levar a danos nestes elementos
estruturais, como quebra dos mesmos, flambagem e amassamento.
Como solução, pode-se adotar estacas metálicas (mais resistentes) que possam ser
cravados em solos muito compactos e até mesmo em rochas.

e) Tubulão a céu aberto em perfil de solo tipicamente siltoso ou silto


arenoso

Pode ser realizado com ou sem escoramento e revestimento lateral. Para solos
argilosos, que apresentam coesão, geralmente a adoção de escoramento é
dispensada. Entretanto, solos arenosos, silto-arenosos, siltosos, necessitam de
escoramento e revestimento lateral.
Além da adoção de escoramentos, que podem ser metálicos ou de madeira,
pode-se adotar o uso de equipamentos mais sofisticados que não necessitam ou
já possuem um sistema próprio de escoramento.
2ª Questão
Descreva resumidamente os principais métodos e/ou teorias de cálculo da capacidade de
carga de fundações profundas. Indique as condições de aplicabilidade, os parâmetros
necessários em cada método ou teoria e a forma de obtenção destes parâmetros. Utilize
gráficos e esquemas para ilustrar a sua resposta.

Capacidade de carga é o valor nominal de carga que, se aplicada à estaca


isolada, causa a ruptura ou o escoamento do solo e/ou recalques excessivos. Para
cálculo dessa capacidade existem três meios: fórmulas teóricas, provas de carga e
correlações. As formulas teóricas são baseadas em teorias difundidas no meio técnico e
reduzidas a um fator de segurança.
A prova de carga é um ensaio que resulta numa curva carga x recalque, que a
partir dela é possível determinar a capacidade de carga.
As correlações são feitas usando dados do cone estático, dados do SPT ou
fórmulas dinâmicas. Para o cone estático, é feito um ensaio que consiste basicamente na
penetração de um aparelho com ponta cônica no solo. São medidas as resistências de
ponta e lateral de 20 em 20cm. Com esses dois valores é possível calcular a carga de
ruptura. Em solos arenosos ocorre uma compactação maior da areia em torno das
estacas elevando os valores de resistência de ponta e lateral.
Na correlação com o ensaio SPT, existem vários métodos de cálculo, dentre eles
o de Meyerhof, o de Aoki-Velloso e o de Decourt-Quaresma. No método de Aoki-
Velloso, através da formula (carga de ruptura = resist ponta + resist lateral), tendo os
valores de área lateral, área da ponta, qp ( caso não tenha resultados do ensaio de cone
pode-se usar a correlação q = K.N), fs (alfa.qp) e alguns coeficientes estabelecidos pelo
método, é possível encontrar a capacidade de carga. Os parâmetros K e alfa são obtidos
em função do tipo de solo, e os valores F1 e F2 em função do tipo de estaca em estudo.
As fórmulas dinâmicas se baseiam na ideia de que o esforço para cravar uma
estaca depende da resistência que o solo oferece para cravar a mesma. Essas fórmulas
são baseadas na teoria de choques e na conservação da energia. Parâmetros como o peso
da estaca, velocidade de cravação, nega e altura de queda do martelo são algumas das
informações necessárias para calculo da capacidade de carga.

3ª Questão
Para o perfil de solo apresentado, faça um estudo do tipo de fundação a ser utilizado
considerando as seguintes situações:
1. Edificação residencial de 3 pavimentos com carga máxima por pilar da ordem de 770
kN
2. Edificação residencial de 8 pavimentos com carga máxima por pilar da ordem de
2650 kN
3. Faça uma análise do problema anterior (item 2) considerando que não existe a
presença do nível de água

Nota: Em todas as suas respostas inclua as devidas justificativas para o tipo de fundação
escolhido, a cota de assentamento da fundação e as dimensões estimadas do(s)
elementos de fundação a serem utilizados em cada caso.

1. Para um pilar com carga da ordem 770 KN é possível a construção de um tubulão


com cota de assentamento superior a cota do nível do água (9m) para que não haja
problemas durante a escavação. Por conter uma base alargada, o tubulão geralmente
apresenta elevada resistência de ponta, o que permite que sua cota de assentamento não
seja tão profunda e que resista adequadamente a carga aplicada. Além disso, o perfil de
solo apresentado possui Nspt razoável nas cotas acima do nível d’agua, garantindo a
resistência da fundação nessas profundidades. Dimensões de 60 cm de diâmetro e base
de 1,50m possivelmente atenderiam o projeto. Além de atender estruturalmente, o
tubulão apresenta vantagens como mão de obra barata, vibração e ruídos de baixa
intensidade e não necessita de equipamentos especiais o que o torna mais viável que o
uso de estaca metálica ou hélice contínua.

2.Uma boa solução para essa edificação seria a estaca metálica já que a carga do pilar
possui valor elevado e portanto a estaca terá que atingir grandes profundidades. As
estacas metálicas são capazes de atingir maiores valores de Nspt que são encontrados
em profundidades maiores. Por ser uma estaca cravada, não apresenta problemas quanto
a presença do nível d’água, sendo uma boa solução para o problema. A cota de
assentamento pode estar situada a 15 m e o perfil pode ser I ou H. Para uma edificação
de 8 pavimentos, outra vantagem, se encontra na facilidade do transporte e manuseio
das peças, ocupando pouco espaço no canteiro.

3. Quando não há a presença de nível d’água é possível utilizar estacas cravadas ou


estacas escavadas desde que sejam capazes de atingir camadas de solos resistentes e
grandes profundidades. Uma boa escolha seria a estaca hélice contínua, pois apresenta
rapidez de execução e atende a solicitação do pilar. Esse tipo de estaca apresenta
vantagens em relação a pré-moldada no que diz respeito a necessidade de emendas, a
possibilidade de danificação da estaca na cravação, a redução de ruídos na execução e
por apresentar uma capacidade de carga mais elevada. Como solução, poderia ser
utilizado então, estaca em hélice com diâmetro de 80cm e cota de assentamento de 12m.
Caso tenha algum inconveniente quando a mobilização do equipamento, ou aspectos
econômicos, poderia ser utilizado estacas pré-moldadas quadradas de 33 cm na mesmo
cota de assentamento (12m).
4ª Questão
Quais os principais cuidados a serem observados no projeto e controle de
estaqueamentos para os seguintes tipos de fundação:

a) Estacas escavadas com ou sem base alargada: escavação manual e por trado
mecânico
Para estacas escavadas o controle geotécnico é feito analisando se o material escavado
mantém as características do material encontrado na sondagem mais próxima, bem como
por comparação entre o volume previsto e o volume utilizado na execução. No projeto, é
importante saber da topografia do terreno, da presença de outras fundações próximas e
outros.

b) Estacas pré-moldadas de concreto armado


Deve-se observar atentamente o tipo de martelo, peso e altura máxima de queda do
martelo.O controle desse tipo de estaca pode ser feito comparando a nega para estacas
com cargas e comprimentos próximos. Além disso, podem ser feito ensaios de prova de
carga estáticos ou estudos do repique elástico. È importante saber que para solos com
Nspt superior a 15, esse tipo de estaca começa a apresentar dificuldades de cravação
podendo até quebrar. Antes da cravação, deve-se notar a presença de fissuras
significativas que podem atrapalhar a vida útil da estaca. Incoveniente: tem
comprimentos pré estabelecidados, precisando de emendas.

c) Estacas pré-moldadas de aço (perfis ou tubulares)


Deve-se observar atentamente o tipo de martelo, peso e altura máxima de queda.
Detalhes como retilíneidade do eixo( perperdicularidade topo e eixo). Verificar a
possibilidade de corrosão no aço. Vantagem em atravessar terrenos resistentes sem
romper. Quando cravadas em solos de baixa resistência existe a possibilidade de
encurvamento do eixo.

d) Estacas escavadas tipo hélice contínua


Para estacas em hélice contínua, deve-se observar o valor do torque aplicado e o valor
da pressão de bombeamento do concreto. Esse tipo de estaca possui o inconveniente do
elevado custo de mobilização do equipamento. Podem atingir profundidades superiores
a 20m e Nspt entre 30 e 50. Vantagem: ausência de vibração grande rendimento

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