Você está na página 1de 2

1ª questão - Enumerar os principais problemas associados ao projeto e execução de cada um dos tipos de fundação indicado nos

itens abaixo. Em cada situação indique os procedimentos alternativos para contornar os problemas executivos.

a) Grupo de estacas cravadas em solos granulares medianamente compactos a compactos

Em solos granulares pouco compactos, quando as estavas são cravadas ocorre a redução do índice de vazios do solo, aumentando
sua compacidade, o que é bom para o comportamento estrutural da estava. Entretanto, em solos medianamente compactos ou
compactos, a cravação de estacas não causa o aumento da compacidade, mas provoca deslocamento de solo, o que pode ser
prejudicial para estruturas próximas. Tal efeito ocorre principalmente durante o processo de execução, por isso deve-se haver um
planejamento adequado quando se tratando de solos medianamente compactos ou compactos.

Uma solução para tal problema seria a utilização de estacas metálicas, uma vez que, por ter uma pequena seção transversal, elas
não provocam grandes deslocamentos laterais de solo.

b) Grupo de estacas cravadas em solos moles tipicamente coesivos, espessos (> 10 m) e de baixa resistência

Em solos compressíveis, quando uma estaca é cravada ocorre o aumento da poro-pressão, que se dissipa com o tempo através da
saída de água do solo. Devido a esse fenômeno de movimentação relativa entre o solo e a estava, desenvolve-se uma força de atrito
negativa, causando um aumento na carga axial atuando sobre a estava. Consequentemente, esse acréscimo na carga axial provoca
recalques adicionais, podendo, inclusive, fazer com que o bloco de coroamento perca a sustentação fornecida pelo solo, apoiando-
se apenas nas cabeças das estacas.

Uma alternativa seria executar a superestrutura somente após a estabilização dos recalques do solo, de forma a minimizar a
solicitações nas estacas durante esse processo de adensamento.

c) Grupo de estacas escavadas em solos moles, espessos e submersos

Se tratando de um solo submerso, um primeiro problema seria a escavação para a execução da concretagem da estaca. No caso de
escavação manual, deve-se utilizar equipamentos de câmara de pressurização. Outra solução seria a utilização de equipamentos
mecânicos para a escavação. Em ambos os casos, deve-se analisar a necessidade de bombeamento da água e a utilização de uma
estrutura de contenção nas laterais da escavação.

Outro problema seria na concretagem, que no caso das estavas escavadas, geralmente é realizado em situ. Durante a concretagem
pode haver a infiltração excessiva do concreto no solo, uma vez que a resistência ao cisalhamento do solo é inferior aos esforços
gerados devido ao concreto injetado sobre pressão. Para tal problema, uma solução seria controlar o volume de concreto em função
do volume de solo escavado, não permitindo de o volume de concreto ultrapasse 15 a 20% do volume do furo.

d) Grupo de estacas cravadas em solos coesivos rijos

Se tratando de solos coesivos rijos, um dos problemas é a alta resistência do solo, fazendo com que seja necessárias elevadas
energias de escavação. Assim, o processo de cravação pode causar danos às estacas, como sua quebra, flambagem e/ou
amassamento.

Para prevenir tais problemas, pode-se utilizar estacas metálicas ou, pelo menos, ponteiras metálicas, visto que estacas metálicas
são mais resistentes. Além disso, pode-se realizar a cravação utilizando água sobre pressão.

e) Tubulão a céu aberto em perfil de solo tipicamente siltoso ou silto arenoso

Se tratando de um solo siltoso ou silto arenoso, um problema é a estabilidade do solo da lateral do furo. Uma solução é a utilização
de escoramento (metálico ou de madeira) e revestimento lateral. Ainda, pode-se utilizar equipamentos mais sofisticados que não
necessitam ou já possuem um sistema integrado de escoramento.

2ª questão - Descreva resumidamente os principais métodos e/ou teorias de cálculo da capacidade de carga de fundações
profundas. Indique as condições de aplicabilidade, os parâmetros necessários em cada método ou teoria e a forma de obtenção
destes parâmetros. Utilize gráficos e esquemas para ilustrar a resposta.

Existem três métodos e/ou teorias para o cálculo da capacidade de carga de fundações profundas: fórmulas teóricas, provas de
cargas e correlações. As fórmulas teóricas são baseadas em teorias e aplicadas através da utilização de um fator de segurança. A
prova de carga é um ensaio que resulta em um gráfico carga x recalque, e a partir da curva desse gráfico, estima-se a capacidade de
carga da fundação. Já as correlações são estimativas da capacidade utilizando dados dos ensaios de cone estático, SPT ou fórmulas
dinâmicas.

Cone estático: utilizando os resultados obtidos no ensaio CPT, calcula-se a carga de ruptura do solo.

SPT: existem vários métodos de cálculo utilizando correlações com o ensaio SPT. Os principais métodos são o de Meyerhof, o de
Aoki-Velloso e o de Decourt-Quaresma. O método de Aoki-Velloso relaciona os resultados do ensaio SPT com a área lateral, a área
de ponta e alguns coeficientes (K, alfa, F1 e F2), resultando na capacidade de carga do solo. Os coeficientes K e alfa são obtidos em
relação ao tipo de solo e os valores F1 e F2 em função do tipo de estaca utilizado.
Fórmulas dinâmicas: se baseiam na ideia de que a resistência do solo é diretamente ligada ao esforço necessário para se cravar uma
estaca no referido solo. Baseado na teoria de choques e na conservação de energia, a capacidade de carga é dada em função do
peso da estava, da velocidade de cravação e da nega e altura de queda do martelo.

3ª questão - Para o perfil de solo apresentado, faça um estudo do tipo de fundação a ser utilizado considerando as seguintes
situações:

1. Edificação residencial de 3 pavimentos com carga máxima por pilar da ordem de 770 kN;
2. Edificação residencial de 8 pavimentos com carga máxima por pilar da ordem de 2650 kN;
3. Faça uma análise do problema anterior (item 2) considerando que não existe a presença do nível de água.

Nota: Em todas as suas repostas inclua as devidas justificativas para o tipo de fundação escolhido, a cota de assentamento
da fundação e as dimensões estimadas do(s) elementos de fundação a serem utilizados em cada caso.

1. Para a primeira situação, é possível adotar a utilização de um Tubulão de 60 cm de diâmetro e base de 1,50 m, com cota de
assentamento acima do nível de água (9 m). Devido sua base alargada, tubulões possuem alta resistência de ponta, permitindo que
a cota de assentamento seja acima do nível de água (para que não haja problemas na escavação) e ainda assim garantir a capacidade
de carga necessária. Além disso, baseado nos resultados do ensaio SPT, o solo apresenta ter uma boa resistência nas cotas acima do
nível de água. Além das vantagens estruturais citadas, outras vantagens da utilização de tubulões são: mão de obra barata, não
necessita a utilização de equipamentos especiais e baixos níveis de vibração e ruídos.

2. Para a segunda situação, uma solução possível seria a utilização de estaca metálica, visto que a cota de assentamento será mais
profunda devido à alta carga a ser suportada. Além de alcançar solos mais profundos e resistentes, por ser cravada, essa solução é
adequada também em relação ao nível de água. A cota de assentamento deve ser em torno de 15m. Outra vantagem é a facilidade
de transporte e manuseio das peças, além de ocupar pouco espaço no canteiro de obras.

3. Caso não haja a presença do nível de água, outra possível solução para a segunda situação seria a utilização da estaca hélice
contínua, com 80cm de diâmetro e cota de assentamento de 12 m. Algumas vantagens desse tipo de estaca são: rapidez de
execução, não necessita de emendas para alcançar maiores profundidades, não há a possibilidade de danificação durante a execução
(como ocorre no caso das estacas cravadas), baixos níveis de ruídos e apresenta elevada capacidade de carga. Se houver algum
problema relacionado à mobilização dos equipamentos necessários para executar a estaca hélice contínua, outra opção seria utilizar
estava cravada pré-moldada quadrada de 33 cm, na mesma cota de assentamento (12 m).

4ª questão - Quais os principais cuidados a serem observados no projeto e controle de estaqueamentos para os seguintes tipos
de fundação:

a) Estacas escavadas com ou sem base alargada: escavação manual e por trado mecânico

Deve ser feito o controle do material escavado para verificar se as características desse material são compatíveis com as do material
encontrado na sondagem mais próxima. Além disso, deve-se garantir a estabilidade das laterais do furo escavado. Outro cuidado de
projeto é a verificação da existência de outras fundações nas proximidades da estaca a ser executada.

b) Estacas pré-moldadas de concreto armado

Deve ser determinado o tipo de martelo a ser utilizado na cravação da estaca, assim como o peso e altura máxima de queda do
martelo. O controle desse tipo de estaca pode ser feito comparando a nega para estacas com cargas e comprimentos semelhantes,
e através da realização de ensaios de prova de carga estáticos. A utilização desse tipo de estaca em solos com Nspt superior a 15
não é recomendada, visto a dificuldade de cravação e a possiblidade de danificação da mesma. Além disso, deve-se verificar a
qualidade da estaca a ser executada (presença de fissuras e/ou falhas de concretagem, por exemplo). Uma desvantagem é que essa
estaca possui comprimento pré-definido, necessitando de emendas para atingir maiores profundidades.

c) Estacas pré-moldadas de aço (perfis ou tubulares)

Deve ser determinado o tipo de martelo a ser utilizado na cravação da estaca, assim como o peso e altura máxima de queda do
martelo. Deve-se verificar detalhes como a retilineidade do eixo e corrosão do aço. Vantagens desse tipo de estaca são a
possibilidade de ser cravada em solos mais resistentes sem comprometer a integridade da estaca e a possibilidade de encurvamento
do eixo quando cravadas em solos de baixa resistência.

d) Estacas escavadas tipo hélice continua

Deve ser determinado e controlado o valor do torque aplicado e o valor da pressão de bombeamento do concreto. Esse tipo de
estaca pode atingir profundidades superiores a 20 m e pode ser utilizado em solos com Nspt entre 30 e 50. Uma desvantagem é o
alto custo de mobilização do equipamento e duas vantagens são a ausência de vibração e o grande rendimento na execução.

Você também pode gostar