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Paredes de contenção periférica

 Parte da estrutura cuja função é a de conter o terreno na periferia da construção


 Utilizadas
o Pela valorização dos terrenos nos grandes centros
o Pela obrigatoriedade de se criarem espaços para estacionamento automóvel
o Pela manutenção da circulação automóvel durante e junto à construção
o Pelo aumento da procura de espaços comerciais
o Pela maior diversidade de soluções tecnológicas
 Paredes de betão armado: elementos de contenção executados com cofragem de ambas as faces, após
escavação do terreno de ambos os lados da parede
 Muros de Berlim: elementos de contenção de pequena rigidez perpendicularmente ao seu plano, constituídos
por perfis verticais, em geral metálicos, entre os quais é colocada a entivação em madeira
 Muros de Munique: elementos de contenção de pequena rigidez perpendicularmente ao seu plano, constituído
por perfis metálicos cravados no terreno na vertical, sendo o espaço entre eles preenchido de forma continua
com betão armado
 Cortinas de estacas moldadas: elementos de contenção constituídos por estacas moldadas ancoradas ou não
 Paredes moldadas: elementos de contenção de grande rigidez perpendicularmente ao seu plano, constituídos
por painéis de betão armado, ancorados (numa fase provisoria) ou não
 Cortinas de estacas prancha: elementos de contenção metálicos recuperáveis de pequena rigidez
perpendicularmente ao seu plano (têm de ser escorados/ancorados no topo ou a vários níveis)
 Pregagens: elementos de contenção de muito pequena rigidez perpendicularmente ao seu plano, constituídos
por paredes pregadas geralmente com varões de aço ordinário
 Pegões: elementos de fundação elevada seção transversal e reduzida esbelteza, suscetíveis de serem utilizados
para contenção, eventualmente servindo de contrafortes a paredes de betão armado
 A escolha do tipo de parede de contenção depende de vários fatores:
o Características do terreno (peso específico, coesão, ângulo de atrito interno, posição do nível
freático, ...);
o Necessidade de impermeabilização / impermeabilidade;
o Limitações construtivas - local de implantação, análise da envolvente (construções vizinhas e circulações
de trânsito a considerar), espaço disponível para execução da solução construtiva, meios disponíveis;
o Solicitações da estrutura (contenção provisória ou definitiva);
o Economia;
o Tempo de execução.
 Reconhecimento e prospeção geotécnica - Antes do início de qualquer trabalho de fundações / contenção
periférica, deve ser efetuado o reconhecimento do terreno (estudo geológico) que permita identificar em
termos geotécnicos as formações encontradas, principalmente no que se refere a características de resistência e
deformabilidade. Os ensaios mais frequentes são executados para determinação de (i) coesão, (ii) ângulo de
atrito interno e (iii) módulo de deformabilidade do terreno;
o Sondagens de furação;
o Ensaios de penetração (SPT).
o Ensaios de corte
o Sondagens de penetração

NOTAS:

 Os ensaios de sondagem deverão indicar (i) a altura do nível freático.


 Devem ainda ser analisadas (ii) as condições de circulação da água subterrânea, (iii) a natureza e localização das
formações aquíferas, níveis piezométricos e a influência de marés de forma a poder ser determinado o seu
caudal.
 Pretendendo-se executar elementos de betão enterrados, é prudente que a água existente no solo seja (iv)
analisada quimicamente para ser detetada a presença de agentes químicos responsáveis pela deterioração do
betão. Os ensaios devem ser realizados sobre amostras colhidas no campo.

Muros de Berlim

 Campo de aplicação – está muito ligado às vantagens e desvantagens relativas da técnica aliadas ao fator custo
que beneficia claramente este tipo de solução
o Solução utilizada em terrenos com alguma coerência, sem presença significativa de água e sem edifícios
suscetíveis a assentamentos na periferia da contenção;
o Utiliza-se para contenção provisória, se (i) não houver necessidade de contenção definitiva (paredes de
caves) ou se (ii) houver espaço para executar as paredes de caves no interior da contenção, através de
um processo mais económico (com cofragem tradicional).
 Vantagens
o Economia;
o Proporcionam espaço de manobra e permitem grandes avanços diários em termos de área construída;
o Aquando da realização das paredes definitivas, permitem dispensar as cofragens no tardoz;
o Permitem a realização da escavação em simultâneo com a execução da contenção;
o Não exigem pessoal nem tecnologia muito especializada recorrendo a técnicas, equipamento e “know-
how” correntes;
o Permitem uma escavação rápida e execução da superestrutura no seu interior;
o Não exigem uma grande área de estaleiro ou acessos largos à obra.
 Desvantagens
o Apresentam um mau desempenho para nível freático elevado;
o Não oferecem qualquer obstáculo à passagem da água contida no terreno a tardoz;
o Exigem terrenos com alguma consistência;
o Causam uma descompressão do solo, podendo originar o assentamento das fundações das construções
vizinhas;
o A eventual cravação dos perfis metálicos pode introduzir vibrações nas construções vizinhas;
o Em termos de aproveitamento da área de implantação do edifício como área útil, a espessura destas
paredes precisa de ser somada à das paredes interiores definitivas;
o Requerem cuidados na colocação dos elementos de entivação e estão limitadas em termos de
profundidade.
 Equipamento utilizado
o Máquina retroescavadora para a realização da escavação
o Camiões para transporte de terras
o Trado de furação (introdução dos perfis; execução de ancoragens)
o Bate estacas para a cravação dos perfis por percussão (normalmente não utilizado)
o Grua para elevação e posicionamento dos perfis
o Macacos hidráulicos para a colocação em carga das ancoragens e na sua desativação
o Equipamento de serralharia e soldadura
o Serra elétrica para acertos dos elementos de entivação
o Equipamento de injeção
o Ferramentas de utilização manual
o Poderá ainda ser utilizado equipamento de controlo do processo construtivo, nomeadamente
inclinómetro, teodolito e alvos topográficos, células de carga, extensómetros

Processo de execução

 Trabalhos preparatórios
o Determinação das características do solo
 Terrenos suportados pela cortina e onde ela se apoia (resistência, peso volúmico, teor de água,
nível freático).
o Projeto de contenção
 Planta do terreno, definição da contenção, fases da escavação, definição das acções de cálculo;
 Relatório de reconhecimento geotécnico do local;
o Levantamento de obstáculos e do estado de degradação de construções vizinhas.
o Aspetos a verificar durante a construção
 Condições meteorológicas;
 Modificações do regime da água no solo;
 Risco de esforços anormais;
 Condições de segurança das construções vizinhas;
 Interferência de trabalhos uns com os outros.
 1ª Fase – Escavação geral
o Fase de preparação do terreno para todo o processo construtivo;
o Feita em toda a área do estaleiro até uma cota tão baixa quanto as condições de fronteira o permitam,
para assim definir a cota da viga de coroamento (se viável, talude no centro);
o Tem como objetivo a regularização e limpeza do terreno.
 2ª Fase – Introdução dos perfis metálicos
o Marcação (teodolito) e alinhamento do centro dos furos;
o Introdução dos perfis nos furos pré-escavados com o trado ou através de percussão com um bate-
estacas (afastados de 0,6-1,0 m);
o Várias funções: impulsos do solo, peso próprio da parede, componente vertical da força da ancoragem.
o Limpeza do fundo do furo;
o Selagem da ficha do perfil (últimos 2 m) com calda de cimento e preenchimento da restante altura com
areia.
 3ª Fase – Execução da viga de coroamento
o Pelo menos um perfil horizontal a unir os perfis verticais;
o Objetivo: Assegurar a transmissão de esforços e garantir a ligação entre perfis, evitando deslocamentos
diferenciais.
o Procedimento muitas vezes ignorado (substituída pela 1a viga de distribuição).
 4ª Fase – Escavação e introdução dos elementos de entivação
o Escavação (retroescavadoras e equipamento manual):
 Vertical: entre 0,3 e 1,5 m de altura por cada fase, consoante o terreno, a água e as condições
climatéricas;
 Horizontal: Banquetas a partir de uma certa profundidade (tirando partido do efeito de arco)
o Colocação dos elementos de entivação (barrotes ou tábuas): à frente ou atrás do banzo frontal, ou atrás
do banzo posterior;
o A fixação pode ser feita por cunhas, atrito, aperto e engate.
 5ª Fase – Execução dos escoramento e ancoragens
o Função: controlo da deformação da parede e evitar a rotura dos perfis metálicos à flexão;
o Sempre que possíveis escoramentos (solução mais económica, mas requer fronteiras suficientemente
próximas); alternativa: ancoragens;
o Executa-se uma viga de distribuição, com 1 ou 2 perfis (afastados na vertical de 0,4-0,5 m) e
implementa-se o método escolhido;
 6ª Fase – Repetição dos passos anteriores nos diversos níveis
 7ª Fase – Superstrutura e eventual remoção da entivação
o Se a superstrutura for executada encostada à contenção provisória, esta serve de cofragem na face
posterior;
o Se a superestrutura for executada afastada do muro de Berlim (tipicamente 1,0 m a 1,5 m), é necessário
cofrar ambos os lados, aterrar e compactar o terreno nessa distância;
o Pode-se ou não remover os elementos de entivação, preferindo-se a segunda devido ao custo, tempo e
perigo de causar danos no solo.
 Método de Berlim
o Cravação na vertical de um perfil metálico, o qual é ligado através de varões de aço aos perfis metálicos
da cortina;
o Solução rápida e económica (prescinde dos cabos de pré-esforço e de mão de obra especializada).
 Variante ao método de Berlim
o Consiste em pregar espaçadores aos elementos de entivação e ir forçando a penetração das tábuas no
terreno pelo tardoz dos perfis metálicos;
o Permite que não se perca na fase definitiva, o espaço útil correspondente à contenção provisória.

Muros de Munique
 Campo de aplicação – está muito ligado às vantagens e desvantagens relativas da técnica aliadas ao fator custo
que beneficia claramente este tipo de solução, quando comparado com algumas das alternativas - paredes
moldadas e cortinas de estacas moldadas.
o solução utilizada em terrenos com alguma coerência, sem presença significativa de água e sem edifícios
suscetíveis a assentamentos na periferia da contenção;
o se o terreno tiver uma área de implantação pequena e/ou fortes limitações de acesso à obra.
 Vantagens
o Economia;
o Por serem cofradas no seu interior, propiciam um acabamento aceitável, para alguns tipos de ocupação
dos pisos enterrados;
o Permitem a realização da escavação em simultâneo com a execução da contenção;
o Não exigem pessoal nem tecnologia muito especializada, recorrendo a técnicas, equipamento e
conhecimentos correntes;
o Apresentam um bom rendimento, em termos de aproveitamento da área de implantação do edifício
como área útil;
o Não exigem uma grande área de estaleiro ou acessos largos à obra.
 Desvantagens
o Apresentam um mau desempenho para o nível freático elevado;
o Não garantem uma estanqueidade satisfatória a longo prazo;
o Exigem terrenos com alguma consistência;
o Causam uma descompressão do solo, originando o assentamento das fundações das construções
vizinhas;
o A eventual cravação dos perfis metálicos pode introduzir vibrações nas construções vizinhas;
o Processo muito moroso e fracos rendimentos diários em termos de área da parede.
 Equipamento utilizado
o Máquina retroescavadora para a realização da escavação;
o Camiões para transporte de terras;
o Trado de furação (introdução dos perfis; execução de ancoragens);
o Bate-estacas para a cravação dos perfis por percussão;
o Grua para a elevação e posicionamento dos perfis;
o Macacos hidráulicos para a colocação em carga das ancoragens e para a sua desativação;
o Bomba e outro equipamento de injeção;
o Misturadora para a preparação da calda de cimento;
o Existência de estaleiro de armaduras;
o Poderá ainda ser utilizado equipamento de controle dos processos construtivos, nomeadamente
inclinómetro, teodolito e alvos topográficos, células de carga, extensómetros.
Processo de execução

 1ª Fase – Escavação Geral


o Fase de preparação do terreno para todo o processo construtivo;
o Tem como objetivo a regularização e limpeza do terreno;
o Feita em talude (para o centro da área de implantação), até uma cota tão baixa quanto as condições de
fronteira o permitam (razões económicas), definindo a cota da viga de coroamento;
o Importante garantir acessos ao interior da obra.
 2ª Fase – Introdução dos perfis metálicos
o Afastados entre si entre 1,5 m e 3,0 m, consoante o tipo de terreno, condições climatéricas, geometria
da contenção e capacidade das ancoragens adotadas;
o “Ficha” de 2,0 m (abaixo da cota inferior das fundações);
o Verificar se o posicionamento dos perfis não coincide com os pilares;
o Orientados com a direção principal de inércia perpendicular o terreno para maximizar a sua resistência à
flexão nesse plano;
o Devem ficar 50 cm acima do terreno (para a ligação à viga de coroamento);
o Selagem com calda de cimento (ficha) + areia.
 3ª Fase – Execução da viga de coroamento
o Função: solidarização dos perfis, para que funcionem em conjunto.
o Sequência:
 Abertura de uma vala;
 Colocação de areia no fundo;
 Colocação da armadura;
 Cofragem da face exterior;
 Betonagem;
 Descofragem;
 4ª Fase – Execução dos painéis primários
o Escavação do terreno;
 Largura: distância entre perfis (mais uns centímetros);
 Altura: 1 pé-direito (em geral);
 Profundidade: 4 m (em geral).
o Aprumo da escavação e aplicação de um dreno;
 Permite regularizar a superfície → diminuição do consumo de betão e menor variabilidade do
recobrimento;
 Garante separação do terreno e perfis para a colocação da armadura posterior;
 Dreno: manta geotêxtil filtrante.
o Colocação de uma camada de areia e terra na base do painel (posteriormente saneada com jato de
água);
 Impede infiltração do betão no terreno;
 Colocação das armaduras de espera para nível inferior;
o Preparação e colocação da armadura;
o Cofragem do painel
o Betonagem do painel
 Manga ligada ao balde conduz betão até ao fundo
 Vibração simultânea
o Descofragem do painel – em geral, 48 horas após betonagem
 5ª Fase – Execução das ancoragens dos painéis primários
o Execução do furo
 Com trado (eventual entubamento e injeção de água em solos mais incoerentes ou martelo de
fundo de furo em rocha);
 No final, limpeza do fundo com ar comprimido.
o Colocação da armadura no furo
o Selagem da ancoragem
 Aplicada por gravidade / baixa pressão;
 Funções: preenche vazios do terreno e espaço entre ancoragem e paredes do furo; alguma
proteção à corrosão às armaduras.
o Injeção da calda
 24 h após a selagem;
 Com pressão (até 40 kgf/cm2), para criar o bolbo de selagem - sistema IRS ou IGU;
 Repetição em intervalos de 24 h.
o Aplicação do pré-esforço (3 a 7 dias depois)
 6ª Fase – Execução dos painéis secundários
o A sua execução é em tudo semelhante à dos painéis primários - únicas diferenças:
 Se possível, maiores larguras e sem ancoragens;
 Sem cofragem lateral.
 7ª Fase – Execução dos painéis terciários
o A sua execução pode ser feita antes, depois ou em simultâneo com os painéis primários e secundários
do mesmo nível;
o A sua forma e posição permitem prescindir de ancoragens em favor de um escoramento de canto, que é
feito através de perfis metálicos, encastrados, soldados ou aparafusados a chapas chumbadas às
paredes ou chumbados diretamente às paredes.
 8ª Fase – Execução dos painéis dos restantes níveis
o Após conclusão do 1o nível de painéis, realizam-se os restantes até à cota da implantação da sapata de
fundação da parede;
o Se as condições do terreno o permitirem e se houver disponibilidade de recursos, pode-se trabalhar
simultaneamente em mais de um nível de painéis.
 9ª Fase – Execução da sapata de fundação
o Concluída a execução da parede em toda a periferia da obra, até à cota de implantação da sapata de
fundação, procede-se à sua execução;
o Execução em tudo semelhante à das fundações superficiais correntes, com especial atenção para a
colocação de um tubo dreno ao nível do fundo da escavação.
 10ª Fase – Execução da superstrutura
o A execução dos pisos enterrados inicia-se com as fundações, depois os elementos verticais e, por fim, as
vigas / lajes dos pisos;
o Ligações das lajes às paredes:
 Empalme das armaduras da laje em armaduras de espera (mantidas na sua posição durante o
processo ou desdobradas a posteriori);
 Introdução das armaduras da laje em roços criados na parede através:
 Do processo de betonagem (espaço entre níveis);
 De negativos de poliestireno expandido moldado;
 Da abertura de roços a posteriori;
 Varões chumbados com resina epóxida;
 Ligações metálicas (placas ou cantoneiras).
 11ª Fase – Desativação das ancoragens
o À medida que as lajes dos pisos enterrados vão sendo ligadas às paredes, as ancoragens deixam de ser
necessárias (redundantes) e, por isso, procede-se à sua desativação;
o A desativação é feita com o macaco, puxando um a um os cabos de pré-esforço e retirando as cunhas e
a cabeça de ancoragem.
o Razões para desativar as ancoragens:
 Recuperação das cabeças (caras e até 3 aplicações);
 Evitar o risco de corte no futuro o que causaria danos na parede;
 Evitar efeitos inestéticos no interior dos pisos enterrados;
 Evitar problemas de vibração e sonorização (cabos em tensão).
 Muros de Lisboa
o Apresentam painéis mais largos que os muros de Munique, por serem dimensionadas tirando o máximo
partido do “efeito de arco” absorvido pelas banquetas adjacentes ao painel em construção;
o Solução adotada por vezes in situ em face da constatação de condições geotécnicas melhores do que as
esperadas.
 Muros de Coimbra
o Nesta variante aos muros de Munique, prescinde-se totalmente dos perfis metálicos, o que o torna um
método menos dispendioso;
o Solução NÃO recomendável.
 Paredes tipo Paris
o Os perfis metálicos são substituídos por elementos pré-fabricados de betão armado, já preparados com
armaduras de ligação;
o Solução arcaica (não utilizada atualmente).
 Muros com perfis tubulares
o Os perfis metálicos são substituídos por perfis tubulares, pois este tipo de secção apresenta melhor
capacidade de resistir ao esforço normal e exige um diâmetro de furação menor.

Patologia

 Anomalias (causa-efeito) – Os principais efeitos detetados nestes dois tipos de contenção periférica são a
humidade, o apodrecimento dos elementos de entivação (apenas no caso dos muros de Berlim) e a rotura da
estrutura que leva consequentemente a assentamentos do terreno.
o Tais efeitos devem-se sobretudo à carência de uma drenagem eficaz das águas superficiais no tardoz
deste tipo de contenções periféricas.
 Anomalias (métodos de prevenção) – para evitar a ocorrência de tais anomalias:
o Muros de Berlim – Antes de se iniciar a escavação, o solo deverá ser drenado ou serem criados poços
drenantes no tardoz; deve-se criar um canalete de pelo menos 5 cm de altura acima do terreno
circundante para o escoamento de águas superficiais; trata-se os elementos em madeira com químicos
para evitar a sua deterioração.
o Muros de Munique – Na execução dos painéis, antes da colocação da armadura, deve- se colocar um
dreno de tardoz da parede, constituído por uma manta geotêxtil filtrante e uma camada drenante em
nylon; durante a execução da sapata de fundação, deve ser colocado um tubo dreno ao nível do fundo
da escavação.

Segurança e controlo de qualidade

 Acidentes/Segurança
o Proteção individual - utilização de equipamento de segurança específico para o tipo de tarefa que o
trabalhador execute (especial atenção para as parte mais sensíveis do corpo - cabeça, olhos, tronco e
membros);
o Proteção coletiva - nomeadamente na utilização das máquinas que só devem ser utilizadas para o fim
para que foram concebidas, na limpeza e arrumação das áreas de trabalho, nas instalações elétricas, na
sinalização de segurança e no manuseamento dos cabos de aço;
o Deverá haver especial cuidado nas escavações - onde é indispensável a entivação do solo nas frentes de
escavação; conforme a natureza do terreno e a profundidade da escavação, assim será escolhido o tipo
de entivação (material, secção e afastamento entre si);
o As escoras devem manter os outros elementos de entivação na sua posição inicial e possuírem
resistência suficiente, serem apertadas por meio de macacos ou outro processo apropriado,
descansarem sobre uma base estável e fazerem a ligação com os barrotes por meio de cunhas cravadas
ou aparafusadas;
o Proteção do público - através de sinalização, passadiços e barreiras;
o Proteção e prevenção contra incêndios.
 Controlo de qualidade
o É feito através da implementação de um Plano de Qualidade na obra em questão;
o O controlo da qualidade assenta fundamentalmente na estruturação de ações de inspeção e ensaio, no
seu desenvolvimento e no seu registo;
o Estas ações de inspeção devem ser estruturadas em:
 Inspeções e ensaios na receção
 Inspeções e ensaios em curso do processo
 Inspeções e ensaios finais
o Na receção, existem fichas para controlo de receção de materiais e equipamentos incorporáveis -
asseguram que os materiais e equipamentos a empregar na construção estão conformes com os
requisitos impostos no projeto;
o Em curso e fim do processo, existem (i) fichas para procedimentos de inspeção e ensaio; (ii) fichas de
procedimento de trabalho para a execução de muros de Berlim e muros de Munique - onde são
especificadas todas as fases e procedimentos a ter durante todo o processo construtivo; (iii) fichas de
registo de inspeção e ensaio - onde é feita a verificação do plano elaborado e identificação dos
responsáveis;
o Há ainda a salientar o registo de controlo de equipamento de inspeção e ensaio e o registo de não
conformidade e ações corretivas.

Paredes Moldadas

Campo de Aplicação

 Contenção periférica
o Em terrenos de fraca coesão e com nível freático elevado
o Junto de construções existentes, muito suscetíveis a deformações, principalmente se essas estruturas
introduzirem tensões importantes nas fundações e estas se encontrarem elevadas em relação ao piso
térreo da nova construção
 Barreira à penetração de água
o As paredes moldadas constituem uma barreira à penetração da água, devido à sua constituição – painéis
contínuos em profundidade com uma espessura considerável (> 40 cm)
o Formato das juntas entre painéis dificulta a passagem de água para o interior da construção
 Fundação
o As barretas são fundações profundas, constituídas por troços de paredes moldadas. Normalmente
utilizadas em conjunto com as paredes moldadas, podendo recorrer-se a estacas moldadas em sua
substituição
 Vantagens
o Permite várias frentes de trabalho
o Bom comportamento sísmico
o Ruido e vibrações reduzidos
o Adapta-se a diversos tipos de terreno, mesmo com nível freático elevado
o Minimização da descompressão e deformação das construções vizinhas
o Pode atingir profundidades elevadas
o Estanqueidade à passagem de água para o interior da estrutura
 Desvantagens
o Solução cara, principalmente devido ao uso das lamas bentiniticas e ancoragens
o Dimensionamento condicionado pela fase provisória
o Espessura mínima das paredes (40 cm), condicionada pelo equipamento e garantia da verticalidade,
pode provocar sobredimensionamento em construções pouco profundas;
o Se o firme rochoso estiver a grande profundidade e se se pretender a garantia de impermeabilidade,
esta solução pode ser antieconómica.
o Exige equipamento e mão de obra especializados;
o Exige grande espaço em estaleiro;
o O processo pode ter de ser abandonado se existirem rochas no terreno;

Equipamentos

 Escavação: o tipo de equipamento mais utilizado na escavação são os baldes de maxilas, podendo também ser
utilizado outro tipo de equipamento, a hidrofesa (escavação por circulação). Quando se utilizam baldes de
maxilas e se encontra rocha, recorre-se ao trépano
 Estabilização das paredes do furo: as paredes da vala são estabilizadas através do uso de lamas bentónicas, pelo
que é necessário montar em estaleiro o equipamento para seu fabrico e reciclagem
 Outros equipamentos
o Trémie e camiões betoneira para a betonagem dos paneis
o Gruas ara colocação das armaduras e tubos junta
o Martelos pneumáticos para proceder ao saneamento final dos painéis
o Retroescavadoras para escavação do interior da contenção
o Trado continuo (ou outro) e macacos hidráulicos para execução das ancoragens

Processo Construtivo

 Trabalhos preparatórios
o Campanha geotécnica
o Montagem do estaleiro
o corte ou desvio de serviços;
o Deteção de vestígios arqueológicos;
o Planeamento de recursos;
o Vistoria aos edifícios vizinhos (testemunhos e alvos topográficos);
o Montagem de tapumes;
o Garantia de acessos à obra;
o Abastecimento de água e eletricidade.
o Implantação prévia da obra e desvio de instalações enterradas;
 Poços de inspeção;
 Demolição de fundações de construções antigas;
 Atenção a cabos elétricos no perímetro do estaleiro.
 Escavação prévia (até à cota da plataforma de trabalho)
o Profundidade em função de:
 Profundidade e estado de conservação das construções vizinhas;
 Tipo de solo à superfície;
 Nível freático (mínimo: 1 m abaixo da cota superior dos muros guia);
 Acesso de equipamento por rampas (inclinação e largura aceitáveis).
 Montagem da central de lamas bentoniticas
o Constituído por
 Central de preparação (tanques de mistura)
 Central de desareamento e reciclagem
 Bombas e tubagens para circulação
o Funções das lamas bentoniticas durante a escavação
 Estabilização da escavação
 Manter suspensos os detritos da escavação
 As lamas devem: permitir a sua fácil substituição pela massa de betão
 Permitir reutilização (peneiração ou sedimentação dos detritos)
 Permitir bombagem
o Características a controlar nas lamas
 Densidade e viscosidade
 pH
 Percentagem de areia
 Resistência do gel
 Percentagem de bentonite
 Execução dos muros-guia
o Características
 Estruturas de betão fracamente armadas;
 Betonadas contra o terreno;
 Cofrados numa das faces;
 Espessura de 0,15 a 0,20 m e altura de 0,80 a 1,50 m;
 Afastamento entre muros = largura do painel mais uma folga de 5 cm.
o Funções
 Guiar o equipamento de escavação;
 Suportar as cargas e resistir aos impactos causados pelos equipamentos;
 Permitem criar uma zona de oscilação do fluido estabilizador;
 Permitem apoiar as armaduras (emendas);
 Apoio para mobilizar a reação necessária ao arranque dos tubos de junta.

o Pormenor construtivo: a largura da vala entre os muros é igual à espessura da parede (0,4 a 1,0 m),
acrescida de 5 cm por forma a facilitar a introdução do equipamento.
 Sequencia de execução
o Continua ou alternada
o Tipo de painéis: arranque, continuidade (simples ou duplos), fecho
o Dimensões dos troços de escavação
 Espessura: 0,4 a 1,0 m;
 Largura dos troços: 2,0 a 2,8 m;
 Comprimento: altura total dos pisos
 Enterrados + 2,0 m a 2,5 m (“ficha”).
o Equipamentos de escavação: por balde de maxilas ou por circulação
o À medida que se vai retirando terreno, vão sendo introduzidas lamas bentoníticas na vala. Estas lamas
possuem características tixotrópicas que lhes permitem estabilizar as paredes da escavação.
 Escavação (baldes maxila)
o A lama é bombeada para dentro da vala ao mesmo tempo que se escava. A escavação por baldes de
maxilas é efetuada introduzindo o equipamento com o balde aberto no furo, sendo este depois fechado
e retirado, trazendo consigo uma mistura de solo, água e lamas.
o Os baldes podem ser suspensos através de cabos ou de uma haste rígida “Kelly”. Em qualquer das
situações, há que ter em atenção a manutenção da verticalidade durante a escavação.
o Na presença de blocos rochosos, é utilizado um trépano para os afastar ou provocar a sua desagregação.
 Escavação (circulação)
o Este tipo de escavação pode ser efetuado por circulação direta, em que a lama é injetada sob pressão no
interior da escavação, sendo recolhida junto ao fundo do furo juntamente com o solo cortado pelas
rodas.
o Hidrofesa:
 Para desagregar o terreno (mesmo rocha), são utilizadas rodas de corte
 Bomba de sução
 Colocação de tubos junta
o Os tubos junta funcionam como cofragem e possibilitam, através da sua forma, a obtenção de uma
parede relativamente estanque.
o Na execução em contínuo, é sempre utilizado 1 tubo junta.
o Na execução em alternado, são utilizados 2 tubos junta nos painéis primários e nos painéis secundários
não é necessário qualquer tubo junta.
 Preparação e colocação das armaduras
o Previamente montadas no estaleiro (“gaiola”);
o Montagem a toda a altura do painel (emendas);
o Varões diagonais para rigidificar o conjunto.
o As fases de levantamento, transporte e colocação das armaduras, assim como a fase provisória das
paredes (antes de serem contraventadas pela estrutura no interior da contenção) são condicionantes ao
seu dimensionamento.
o Os espaçadores (forma cilíndrica) são colocados aquando da introdução da armadura na vala;
o As armaduras contêm negativos (metálicos), para posterior execução das ancoragens, e armaduras de
reforço ao punço amento;
o As armaduras podem conter negativos (em geral, em poliestireno expandido moldado) ou armaduras de
espera, para posterior ligação às lajes dos pisos;
o Armaduras suspensas nos muros guia com varões;
o O nível das lamas bentoníticas deve ser controlado durante a fase de introdução das armaduras na vala.
 Betonagem
o Com auxílio de coluna de betonagem (trémie), de baixo para cima;
o Trémie - troços metálicos com 1 a 3 m de comprimento e 15 a 25 cm de diâmetro;
o Mergulhada 1 a 2 m no interior do betão - betão submerso;
o Usar mais que uma trémie para larguras superiores a 5 m ou cantos;
o Controlo do nível de betonagem com sonda;
o Betão de elevada fluidez (facilita substituição da lama, preenche vazios nas paredes da vala e intervalos
entre varões e minimiza segregação) e com tempo de presa longo.
o A betonagem é efectuada através de uma ou duas trémies (se a largura do painel for superior a 5,0 m ou
nas zonas dos cantos);
o O betão é compactado pelo seu peso próprio.
 Recuperação do tubo junta
o Passadas 3,0 a 5,5 horas da betonagem, procede-se à recuperação do tubo de junta com recurso a um
macaco hidráulico, que reage contra os muros guia.
o Todas as operações atrás descritas são repetidas ao longo do desenvolvimento da parede.
 Execução da viga de coroamento
o Remoção do betão contaminado com lamas, terreno e água que tende a acumular-se à superfície (40
cm);
o Para o efeito, pode ser removida, ainda com o betão fresco, a camada superficial ou recorrer à
demolição com recurso a martelos pneumáticos;
o É necessário endireitar os varões.
o Função: Solidarizar todos os painéis, para que “trabalhem” como um todo;
o Os varões das paredes são empalmados na armadura da viga de coroamento, devendo primeiro ser
endireitados;
o Cofragem escorada contra o terreno.
 Escavação do terreno
o A escavação é feita com retroescavadoras por fases, sendo cada uma correspondente a um nível de
ancoragem e/ou escoramento;
o As escoras são constituídas por perfis metálicos, chumbados nos painéis de canto.
 Ancoragens e escoramentos
o Para execução das ancoragens, são feitas furações através de trado contínuo, ou por roto-percussão
através de varas e bit.
o Em seguida, são colocados os cabos e é injetada (a baixa pressão) a calda de selagem.
o Quando a calda de selagem adquire a resistência necessária, é realizado o bolbo de selagem através de
um tubo plástico com manchetes - injeção com pressão -, e aplicado pré-esforço, com recurso a macaco
hidráulico.
o São também colocados escoramentos, nos cantos ou entre paredes próximas, por uma questão de
economia.
 Construção da superestrutura - À medida que se vai construindo a estrutura no interior da contenção, as lajes
dos pisos vão servir de contraventamento às paredes, podendo proceder-se à desativação das ancoragens e
corte / desmontagem dos escoramentos.
 Desativação de ancoragens – para desativar as ancoragens, puxa-se os cordões através de um macaco
hidráulico, de forma a libertar as cunhas, recuperando-se assim as cabeças da ancoragem que podem ser
reutilizadas.
 Ligações das lajes à parede moldada
o As ligações das lajes dos pisos enterrados às paredes podem ser efetuadas através das seguintes formas:
 Varões de espera deixados nas armaduras da parede;
 Chapas metálicas soldadas;
o Colocação de negativos da armadura na parede (com poliestireno expandido moldado), para posterior
encastramento da armadura da laje;
o Execução de roços para empalme das armaduras;
o Selagem de varões de espera nas paredes.
 Pré-fabricação - Em alternativa às paredes tradicionais, pode-se recorrer a painéis pré-fabricados. Estes são
colocados na vala e selados na base com calda de cimento.
o Escavação da vala com recurso a balde de maxilas e lamas bentoníticas;
o Introdução da calda através de espalhador;
o Colocação do 1º painel;
o Colocação dos restantes painéis;
o A utilização deste tipo de painéis permite a aplicação de pré-esforço.
o Usadas em solos:
 Muito moles;
 Com teores de água muito elevados;
 Com elevada percolação.
o Vantagens:
 Não há perdas de betão;
 Garante-se a verticalidade;
 O betão pode ser vibrado (melhora a compacidade).
o Desvantagens:
 Custos elevados;
 Difícil manuseamento devido ao peso do painel (cerca de 40 toneladas);
 Exigência de maquinaria pesada.
o Painéis de betão maciços:
 Calda de selagem;
 Colocação de um composto na face do painel;
 Tratamento das juntas (water-stop).
o Painéis de betão vazados:
 Peso reduzido;
 Necessita de betonagem no local.

Problemas de execução
 Recuperação dos tubos junta - podem surgir problemas nesta fase dos trabalhos, devido à retirada precoce ou
tardia dos tubos junta; os tubos devem ser retirados na altura certa, de forma que o betão apresente uma certa
resistência, mantendo-se no seu lugar e não aderindo ao tubo junta.
 Desaprumo entre painéis - Podem existir problemas de verticalidade aquando da escavação e colocação dos
tubos junta, podendo resultar no desaprumo entre painéis.
o Nesta situação, optou-se por manter o tubo junta no interior da parede
 Sobre espessamento das paredes abaixo dos muros guia
 Deficiente recobrimento das armaduras
 Irregularidade da espessura da parede
 Fissuração da parede

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