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TECNOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES I

Aula 11 – Fundações
Tipos e processos executivos

Professor: TIAGO FERREIRA CAMPOS NETO

Rio Verde – GO
2017
1. Introdução

• Fundação é o elemento de ligação entre a superestrutura e o solo,


também chamada de infraestrutura.

1.1. Objetivo

• Tem o objetivo de transferir seu


peso próprio, o peso da superestrutura e os
pesos das outras cargas que atuam sobre
ela para o solo subjacente.
1.2. Requisitos básicos para projeto

1.2.1. Levantamento topográfico


• Para conhecimento da topografia da área, como por exemplo, colhimento de
dados sobre taludes, encostas e erosões que possam atingir o terreno.

1.2.2. Conhecimento do solo


• Investigação do subsolo (métodos de sondagem);
• Colhimento de dados geológicos e geotécnicos (mapas e fotos áreas).

1.2.3. Planta de locação e carga dos pilares


• Tipo e uso da estrutura;
• Sistema construtivo (convencional, pré-moldado etc);
• Cargas e posicionamento dos elementos estruturais.

1.2.4. Dados sobre construções vizinhas


• Número de pavimentos e carga média por pavimento;
• Tipo de estruturas e fundações;
• Existência de subsolo;
• Possíveis consequências de escavações e vibrações provocadas pela obra.
1.3. Requisitos básicos para execução

• As cargas do edifício devem ser transferidas às camadas do solo que


são capazes de suportá-las;
• As deformações das camadas do solo subjacente à fundação devem
ser compatíveis com as suportáveis pela estrutura;
• A fundação deve ser colocada a uma profundidade adequada para
prevenir a expulsão lateral do solo sob a própria fundação ou sofrer
qualquer dano devida a uma possível construção vizinha;
• A execução da fundação não deve causar danos às construções
vizinhas;
• O tipo de fundação escolhido e o seu método construtivo devem ser
econômicos.
1.4. Manifestações patológicas comuns às fundações
1.4. Manifestações patológicas comuns às fundações
1.4. Manifestações patológicas comuns às fundações
1.4. Manifestações patológicas comuns às fundações
1.4. Manifestações patológicas comuns às fundações
1.4. Manifestações patológicas comuns às fundações
1.4. Manifestações patológicas comuns às fundações
1.4. Manifestações patológicas comuns às fundações
2. Tipos de fundações

2.1. Superficiais (ou rasas ou diretas)


• Elementos de fundação em que a carga é transmitida ao terreno,
predominantemente pelas pressões distribuídas sob a base da
fundação, e em que a profundidade de assentamento em relação ao
terreno adjacente é inferior a duas vezes a menor dimensão da
fundação.
2.1. Superficiais (ou rasas ou diretas)

2.1.1. Sapatas

• Elementos de fundação de concreto armado, dimensionado de modo


que as tensões de tração nele produzidas não sejam resistidas pelo
concreto, mas sim pelo emprego de armadura. Pode possuir
espessura constante ou variável, sendo sua base em planta
normalmente quadrada, retangular ou trapezoidal;

• É um dos tipos de fundação mais econômico, pois sua execução não


exige equipamentos de alto custo e mão-de-obra especializada.
2.1. Superficiais (ou rasas ou diretas)

2.1.1. Sapatas

• Sapata isolada: transfere ao solo a carga de um único pilar;

• Sapata associada: utilizada quando a distancia entre pilares inviabiliza


a adoção de sapatas isoladas. Neste caso, os pilares são ligados por
uma viga de rigidez a fim de permitir que as sapatas trabalhem com
tensão constante;

• Sapata corrida: elemento sujeito à ação de uma carga distribuída


linearmente;
2.1. Superficiais (ou rasas ou diretas)

2.1.2. Blocos
• Elementos de fundação de concreto, dimensionados de modo que as
tensões de tração nele produzidas possam ser resistidas pelo
concreto, sem necessidade de armadura. Pode ter suas faces
verticais, inclinadas ou escalonadas e apresentar normalmente em
planta seção quadrada ou retangular.

2.1.3. Radier
• Elementos de fundação que abrangem todos os pilares da obra ou
carregamentos distribuídos.

2.1.4. Vigas de fundação


• Elementos de fundação comum a vários pilares, cujos centros, em
planta, estejam situados no mesmo alinhamento.
2.2. Profundas (ou indiretas)
• Elementos de fundação que transmitem a carga ao terreno pela base
(resistência de ponta), por sua superfície lateral (resistência de fuste)
ou por uma combinação das duas, e que está assente em
profundidade superior ao dobro de sua menor dimensão em planta, e
no mínimo 3,0 metros, salvo justificativa.
2.2. Profundas (ou indiretas)

2.2.1. Tubulões
• Elementos de fundação profunda, cilíndricos, em que, pelo menos na
sua etapa final, há descida do operário. Pode ser feito a céu aberto ou
sob ar comprimido e ter ou não base alargada. Pode ser executado
com ou sem revestimento, podendo este ser de aço ou concreto. No
caso de revestimento metálico, este poderá ser perdido ou
recuperado;

• É um dos tipos de fundações profundas mais barato, entretanto que


oferece mais perigos durante a execução.
2.2. Profundas (ou indiretas)

2.2.1. Tubulões

• Tubulão a céu aberto: executado com abertura manual ou mecânica


ate que se atinja um solo de boa qualidade. Alarga-se a base para
garantir a distribuição uniforme das cargas ao terreno. Características:
• Exige mão-de-obra especializada (poceiros ou perfuratriz rotativa);
• Econômico se não escavado em solos duros ou abaixo do lençol freático;
• Perigoso se o solo não for autoportante.
2.2. Profundas (ou indiretas)

2.2.1. Tubulões

• Tubulão sob ar comprimido:


executado com abertura manual sob
pressão garantida pela vedação do
revestimento com uma campânula.
É indicado para fundações onde há
presença de água, com grande
capacidade de carga e locais de
difícil acesso.
2.2. Profundas (ou indiretas)

2.2.2. Estacas
• Elementos de fundação profunda executados inteiramente por
equipamentos ou ferramentas, sem que, em qualquer fase de sua
execução, haja descida de operário. Podem ser executadas em
madeira, aço, concreto pré-fabricado, concreto moldado in situ ou
mistos.
2.2. Profundas (ou indiretas)

2.2.2. Estacas

• Estaca cravada: a própria estaca é introduzida no solo por meio de


golpes de martelo hidráulico. Podem ser de concreto pré-fabricado,
aço ou madeira.
• Concreto pré-fabricado: feita em concreto armado com qualquer seção transversal,
devendo apresentar resistência compatível com os esforços de projeto e
decorrentes do transporte, manuseio, cravação e eventuais solos agressivos;
• Aço: feita com material metálico, podendo ser de perfil laminado ou soldado.
Apresenta facilidade de manuseio devido ao pequeno peso das peças, além de
otimização das perdas, pois viabiliza emendas das sobras;
• Madeira: feita em madeira, geralmente utilizada em obras provisórias, pois são de
fácil obtenção. Devem ficar submersas, caso contrario apodrecem.
2.2. Profundas (ou indiretas)

2.2.2. Estacas

• Estaca de reação (mega): estaca


introduzida no terreno por meio
de macaco hidráulico reagindo
contra uma superestrutura já
existente. Utilizada como reforço
de fundação.
2.2. Profundas (ou indiretas)

2.2.2. Estacas

• Estaca Strauss: estaca com perfuração do solo com uma sonda e


revestimento total com camisa metálica, realizando-se o lançamento
do concreto e retirada gradativa da camisa metálica com simultâneo
apiloamento do concreto. Segue-se o seguinte processo executivo:
• São dados golpes com pilão até uma profundidade de 1,0 a 2,0 metros, onde é
colocado um segmento curto de revestimento com coroa na ponta;
• Segue-se a perfuração com golpes da sonda e adição de água para remoção do
solo até a profundidade desejada;
• Limpa-se o furo e a água e a lama são retiradas;
• O concreto é lançado por meio de funil no interior do revestimento até atingir 1,0
metro de altura para que seja apiloado de maneira a formar a ponta da estaca.
Dessa forma, continua-se o lançamento e apiloamento ao mesmo tempo que o
revestimento é retirado;
• O revestimento deve ser retirado com cuidado para evitar a subida da armadura,
quando existente, e a formação de vazios. A concretagem deve ser feita até a
superfície do terreno.
2.2. Profundas (ou indiretas)

2.2.2. Estacas

• Estaca Franki: estaca caracterizada pela existência de uma base


alargada, obtida introduzindo-se no terreno uma certa quantidade de
material granular ou concreto por meio de golpes de pilão. O fuste
pode ser moldado no terreno com revestimento perdido ou não ou ser
constituído por um elemento pré-moldado. Segue-se o seguinte
processo executivo:
• Cravação do tubo com certa quantidade de areia e brita que é socada por um pilão
de 1,0 a 4,0 toneladas. Esse material granular impede a entrada de solo e água no
tubo do revestimento;
• Ao atingir a profundidade desejada, a base é alargada com golpes de grande altura
do pilão. O concreto é introduzido para preencher apenas a base alargada;
• Coloca-se a armadura;
• Concreta-se o furo à medida em que é retirado o revestimento. O concreto deve
ser apiloado em camadas sucessivas de espessura conveniente para evitar que o
solo e a água penetrem nele.
2.2. Profundas (ou indiretas)

2.2.2. Estacas

• Estaca à trado manual (broca):


estaca executada por perfuração
do solo com trado manual entre
20,0 e 40,0 cm de diâmetro e
posterior concretagem. Utilizada
em pequenas construções e
empregada em situações em que a
base esteja acima do lençol freático
ou em que se possa seguramente
secar o furo antes da concretagem.
2.2. Profundas (ou indiretas)

2.2.2. Estacas

• Estaca à trado mecânico: estaca


executada por perfuração do solo
com trado mecânico espiral e
posterior concretagem. Pode ser
executada com ou sem fluido
estabilizante, dependendo da
capacidade autoportante do solo.
2.2. Profundas (ou indiretas)

2.2.2. Estacas

• Estaca raiz: estaca moldada no local em que a perfuração é revestida


integralmente por meio de tubos metálicos rosqueados. Não provoca
vibrações no terreno. Segue-se o seguinte processo executivo:
• Perfura-se o solo com perfuratriz rotativa que desce o revestimento através de
rotação com injeção de água;
• Limpa-se o furo e procede-se à descida da armadura;
• O furo é preenchido de baixo para cima com argamassa mediante bomba de
injeção por meio de tubo descido até a ponta da estaca;
• A cabeça de injeção deve ser colocada no topo do revestimento e aplica-se
pressão de ar comprimido;
• Após a aplicação da pressão, o revestimento é retirado e o nível de argamassa
completado.
2.2. Profundas (ou indiretas)

2.2.2. Estacas

• Estaca hélice contínua monitorada: estaca executada por meio de


trado contínuo com comprimento variando entre 17,0 e 30,0 metros, e
injeção de concreto pela própria haste do trado. Não causa vibrações
e ruídos. A haste de perfuração é composta por uma hélice espiral em
torno de um tubo central com tampa na extremidade. Segue-se o
seguinte processo executivo:
• O trado é introduzido por rotação até a profundidade desejada;
• Após a perfuração executa-se a concretagem injetando o concreto (bombeado)
pelo tubo central da haste;
• À medida em que o concreto é injetado, o trado é retirado. A velocidade de subida
e a pressão de injeção devem ser controladas para evitar o sobreconsumo ou
vazios;
• A ferragem é introduzida na estaca após sua concretagem, normalmente com
auxílio de retroescavadeira ou grua. Os estribos devem ser helicoidais e roletes
plásticos devem garantir o recobrimento mínimo.
3. Bibliografia

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6122:


Projeto e execução de fundações. Rio de Janeiro, 2014.

CAMPOS, M. T. P. Fundações. Pontifícia Universidade Católica de


Goiás. Goiânia, 2013.

GIONGO, J. S. Projeto estrutural de sapatas isoladas. Escola de


Engenharia de São Carlos. Universidade de São Paulo. São Paulo, 2000.

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