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CCE 0687 – Materiais de

Construção Mecânica
CERÂMICOS, POLÍMEROS E COMPÓSITOS

PROF. M.ª KACIÊ TRINDADE 1


PROF. M.ª KACIÊ TRINDADE 2
DEFINIÇÃO
• Materiais Cerâmicos:
 São materiais constituídos de elementos metálicos e
elementos não metálicos, ligados por ligações de caráter
misto, iônico-covalente.
• Materiais Poliméricos:
 São materiais compostos por macromoléculas de ligação
covalente (podendo ser orgânico ou inorgânico, natural ou
sintético) de alto peso molecular, cuja estrutura consiste na
repetição de pequenas unidades, chamadas MEROS.
• Materiais Compósitos:
 São materiais artificialmente multifásico em que as fases
(matriz e reforço) devem ser quimicamente diferentes,
separadas por uma interface.

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Exemplos dos materiais cerâmicos

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Exemplos dos materiais poliméricos

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Exemplos dos materiais poliméricos

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Exemplos de materiais compósitos

Metal
Fe, Cu, Al, aço, latão

Concreto armado Pneu

Compósito

Cerâmica Polímero
Porcelana, cimento, pedras Fibra de vidro Borracha, PVC

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Exemplos de materiais compósitos

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CERÂMICAS

 As Cerâmicas compreendem todos os materiais inorgânicos,


não-metálicos, obtidos geralmente após tratamento térmico
em temperaturas elevadas.
 Cerâmica vem da palavra grega keramus que significa coisa
queimada
 Numa definição simplificada, materiais cerâmicos são
compostos de elementos metálicos e não metálicos, com
exceção do carbono. Podem ser simples ou complexos.
 Exemplos: SiO2( sílica), Al2O3 (alumina), Mg3Si4O10(OH)2
(talco)
CERÂMICAS: classificação
Aplicação dos cerâmicos

Tradicionais Avançadas
CERÂMICAS: classificação

Convencionais Avançadas
Estruturais Eletrônicos
Vidros Ópticos
Louças Biomateriais
Cimentos
Processos de Fabricação

Tradicional

Avançadas
CERÂMICA: características gerais

 Maior dureza e rigidez quando comparadas aos aços;


 Maior resistência ao calor e à corrosão que metais e
polímeros;
 São menos densas que a maioria dos metais e suas ligas;
 Os materiais usados na produção das cerâmicas são
abundantes e mais baratos;
 A ligação atômica em cerâmicas é do tipo mista: covalente +
iônica.
CERÂMICA: características gerais
As mais importantes propriedades térmicas dos
materiais cerâmicos são:
• capacidade calorífica (  )
• coeficiente de expansão térmica (  )
• condutividade térmica
átomos

Ligação Química
CERÂMICA: características gerais
Material Capacidade Coeficiente linear de expansão Condutividade
calorífica (J/Kg.K) térmica ((°C)-1x10-6) térmica (W/m.K)

Alumínio 900 23,6 247

Cobre 386 16,5 398

Alumina (Al2O3) 775 8,8 30,1

Sílica fundida (SiO2) 740 0,5 2,0

Vidro de cal de soda 840 9,0 1,7

Polietileno 2100 60-220 0,38

Poliestireno 1360 50-85 0,13


CERÂMICA: características gerais
Uma interessante aplicação, que leva em conta as
propriedades térmicas das cerâmicas, é o seu uso na
indústria aeroespacial.
Temperatura °C
* Temperaturas de subida

Revestimento exterior com


fibra amorfas de sílica de alta
pureza.
Espessura: 1,27-8,89cm
CERÂMICA: características gerais
As propriedades elétricas dos materiais cerâmicos são
muito variadas. Podendo ser:

• isolantes: Alumina, vidro de sílica (SiO2)


• semicondutores: SiC, B4C
• supercondutores: (La, Sr)2CuO4, TiBa2Ca3Cu4O11
CERÂMICA: características gerais
Descreve a maneira como um material responde a
aplicação de força, carga e impacto.

Os materiais cerâmicos são:


• Duros
• Resistentes ao desgaste
• Resistentes à corrosão
• Frágeis (não sofrem deformação plástica)
 Cerâmicas à base de silicato
 Composta principalmente de Si e O;
 Estrutura básica: SiO4 - tetraedro;
 A ligação Si-O é bastante covalente, mas a estrutura básica tem
carga -4: SiO4-4;
 Várias estruturas de silicatos – diferentes maneiras dos blocos de
SiO4-4 se combinarem;
 A ligação atômica em cerâmicas é do tipo mista: covalente +
iônica.
 Sílica
 Cada átomo de oxigênio é compartilhado por um tetraedro
adjacente;
 Pode ser cristalina ou amorfa, como na forma de vidros.
 Vidros à base de sílica

 A maioria desses vidros é produzida pela


adição de óxidos (CaO e Na2O) à estrutura
básica SiO4-4 – chamados modificadores da rede;
 Estes óxidos quebram a cadeia de tetraedros e
o resultado são vidros com ponto de fusão
menor, mais fáceis de dar forma;
 Alguns outros óxidos (TiO2 e Al2O3) substituem
os silício e se tornam parte da rede – chamados
óxidos intermediários.
Exemplos de nanotubos

Junção em T de nanotubos
Nanotubes como reforço
compósitos reforçados com
fibras

Nano-engrenagens
CERÂMICA: imperfeições
 Defeitos pontuais:
 Defeito de Frenkel: par formado por uma lacuna de cátion e um
cátion intersticial;
 Defeito de Schottky: par formado por uma lacuna de cátion e outra
de ânion.

Ambos não alteram a


estequiometria do composto
CERÂMICA: imperfeições
 Defeitos pontuais – não estequiométricos: ocorrem quando um
íon pode assumir mais de uma valência.
 Exemplo: No FeO o Fe tem geralmente valência +2. Se dois íons
de Fe com valência +3 ocupam a rede, então teremos menos íons
de Fe presentes e a estequiometria do material fica alterada.
CERÂMICA: imperfeições
 Impurezas podem ser intersticiais ou substitucionais:
• Impureza substitucional – substituição de íon com carga
elétrica semelhante;
 Impureza intersticial – o raio atômico da impureza deve ser
pequeno em comparação ao do ânion;
 Solubilidade de impurezas aumenta se os raios iônicos e as
cargas da impureza e dos íons hospedeiros é semelhante;
 A incorporação de uma impureza com carga elétrica diferente do
íon hospedeiro gera defeitos pontuais.
CERÂMICA: imperfeições
CERÂMICA: deformação
 Cerâmicas Cristalinas:
 O deslocamento de discordâncias é muito difícil – íons com mesma
carga elétrica são colocados próximos uns dos outros – REPULSÂO;
 No caso de cerâmicas onde a ligação covalente predomina o
escorregamento também é difícil – LIGAÇÃO FORTE.
 Cerâmicas Amorfas:
 Não há uma estrutura cristalina regular – NÃO HÁ
DISCORDÂNCIAS;
 Materiais se deformam por ESCOAMENTO VISCOSO.
 A resistência à deformação em um material não-cristalino é medida
por intermédio de sua viscosidade.
CERÂMICA: fragilidade
 A ruptura de materiais cerâmicos resulta de falhas estruturais:
 Fissuras superficiais geradas no acabamento da peça;
 Poros: reduzem resistência mecânica do material.
POLÍMEROS
O que são polímeros?
Os polímeros são macromoléculas (moléculas muito
grandes) formadas pela união de várias moléculas
pequenas, chamadas de monômeros, e o processo
pelo qual isso é feito é denominado polimerização.
POLÍMEROS
O que são polímeros?
Os polímeros são macromoléculas de ligação
covalente, composta por unidade que se repetem
chamadas MEROS.
POLÍMEROS

A palavra polímero vem do grego poli (muitas) + mero


(partes), e é exatamente isto, a repetição de muitas unidades
(poli) de um tipo de composto químico (mero).

Polimerização é o nome dado ao processo no qual as


várias unidades de repetição (monômeros) reagem para gerar
uma cadeia de polímero.
POLÍMEROS
O que são polímeros?
POLÍMEROS
Monômero Polímero
(gás / líquido) (sólido)

temperatura
pressão
ativadores
catalizadores

Monômero = molécula pequena capaz de reagir


Mero = estrutura química repetitiva da molécula

Oligômero = molécula com poucos meros

Polímero = macromolécula com muitos meros


POLÍMEROS

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POLÍMEROS

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POLÍMEROS

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POLÍMEROS
Classificação
• Naturais
• Celulose
• Borracha natural

• Naturais Modificados
• Acetato de celulose
• Nitrato de celulose

• Sintéticos
• PVC
• Poliestireno
• ABS
POLÍMEROS
Como se dividem os
polímeros?
Podem ser classificados
segundo sua origem:
Polímeros Naturais:
● seiva da seringueira
(borracha natural);
● celulose (fibra das árvores);

● resina natural (colas e


vernizes).
POLÍMEROS
Polímeros Sintéticos:
● Celofane;

● Poliamida (nylon);

● Polietileno (plástico);

● Poliestireno;

● Teflon;

● Isopor.
POLÍMEROS
● Há diversas maneiras de se dividir os polímeros,
conforme suas características termomecânicas
podem ser:

● Termoplásticos (pvc, pva,pet)

● Termorrígidos (resina epóxi, poliamida)

● Elastômeros (borrachas)
POLÍMEROS
Quanto às características:
● Termoplásticos: Industrialmente, podem ser

reaproveitados para a produção de novos


artigos, por serem materiais fusíveis, podem ser
aquecidos e moldados facilmente. Também são
materiais de fácil reaproveitamento
(reciclagem).Ex:PET é a abreviatura para
Polietilenotereftalato, esse polímero tem sua
utilização crescendo gradativamente, tudo
porque se tornou o recipiente de guardar bebidas
mais prático que existe.
POLÍMEROS
Exemplos Termoplásticos: é um polímero artificial que, a uma dada
temperatura, apresenta alta viscosidade podendo
ser conformado e moldado.
Polipropileno
Pára-choques
Brinquedos

Polietileno
Recipientes

PVC
Tubos
POLÍMEROS
Classificação dos tipos de plásticos
POLÍMEROS
Classificação dos tipos de plásticos
POLÍMEROS
Classificação dos tipos de plásticos
POLÍMEROS
● Termorrígidos ou Termofixos: Representam
20% do total de plásticos produzidos no
Brasil, e são aqueles que uma vez
conformados (moldados), por um dos
processos usuais de transformação, não se
consegue mais reprocessá-los, por não
“amolecerem” ou fundirem-se mais,
impedindo uma nova moldagem.
● Um exemplo clássico desta categoria é a
baquelite (polifenol), aplicada por exemplo em
cabos de panelas.
POLÍMEROS
Polifenol (Baquelite)
São polímeros que possuem
uma ou mais hidroxilas ligadas
à um anel aromático. Polímeros
desse tipo são resistentes ao
aquecimento, por isso podemos
encontrá-los em cabos de
panela e também em materiais
elétricos, como interruptores e
tomadas.
POLÍMEROS
Exemplos Termofixos: são polímeros artificiais, cuja rigidez não se
altera com a temperatura, diferente dos termoplásticos que amolecem e
fundem-se.
Resina Epoxi
Baquelite
POLÍMEROS

Elastômeros: Classe intermediária entre os


termoplásticos e termorrígidos, conhecidos
como borracha, não são fusíveis, mais
apresentam alta elasticidade, sua reciclagem é
complicada pela incapacidade de fusão.
Uma aplicação importante desse tipo de
polímero é na fabricação do pneu que passa
por um processo chamado vulcanização, que
visa tratar a borracha com enxofre,
melhorando sua resistência.
POLÍMEROS
ELASTÔMEROS
- Classe intermediária entre os termoplásticos e os termorrígidos: não são
fusíveis, mas apresentam alta elasticidade, não sendo rígidos como os
termofixos.
- Estrutura molecular: a estrutura é similar à do termorrígido mas, neste caso,
há menor número de ligações entre os “cordões”. Ou seja, é como se fosse
uma rede, mas com malhas bem mais largas que os termorrígidos.
- Exemplos: pneus, vedações, mangueiras de borracha.

Mangueira Goma de mascar, um


51 Pneu elastômero muito comum
de borracha
POLÍMEROS
Vulcanização
A vulcanização é um método
criado em 1839 pelo
americano Charles Goodyear,
que consiste na aplicação de
calor e pressão a uma
composição de borracha em
combinação com enxofre,
para atribuir-lhe maior força,
elasticidade e resistência ao
pneu.
POLÍMEROS
Kevlar
É uma fibra sintética de aramida
(poliamida aromática) muito leve e
resistente. Trata-se de um polímero
resistente ao calor e sete vezes mais
resistente que o aço por unidade de
peso. O kevlar é usado na fabricação
de cintos de segurança, coletes à
prova de balas, linhas de pesca, em
telefones celulares como o motorola
razr i. O tanque de combustível dos
carros de fórmula 1 é composto deste
material, para evitar que objetos
pontiagudos perfurem o tanque no
momento da colisão.
POLÍMEROS
Impacto no meio ambiente
Uma das razões que fazem os polímeros
cada vez mais serem usados é sua
durabilidade. Alguns tipos de polímeros
necessitam de séculos para se degradar.
Sendo assim a durabilidade pode ser uma
vantagem para o uso humano, mas uma
desvantagem para o meio ambiente, pois
são muito usados na fabricação de
embalagens usualmente descartadas após
utilização e que vão se acumulando ao
longo do tempo na natureza, provocando
uma forte poluição, aí entra a reciclagem
de materiais com um papel importante para
a preservação do meio ambiente.
COMPÓSITO
• Formados por dois materiais a
nível macroscópico
• Enorme gama de propriedades
• Excelentes rigidez e resistência
específicas
• Fibras e matriz cerâmicas resistem
a altas temperaturas

55
TIPOS DE MATERIAIS COMPÓSITOS

REFORÇADOS REFORÇADOS COMPÓSITOS COMPÓSITOS


C/PARTÍCULAS C/ FIBRAS LAMINARES NATURAIS

• Concreto • Fibras de • Laminados • Madeira


carbono, de fibras e
• Asfalto Kevlar, vidro, resina
etc
• Cermet • Sandwich
• Matriz de
epoxy,
poliéster,
PEEK, etc
A Fase Fibra
PROPRIEDADES DAS FIBRAS

Devem usar-se fibras com


grandes resistência e rigidez
específicas.
CONTROLE DE PROPRIEDADES
PROPRIEDADES DA MATRIZ LIGAÇÃO FIBRA-MATRIZ

Matrizes poliméricas têm em Se não houver boa aderência da


geral baixa resistência e baixo matriz à fibra, não há distribuição
ponto de fusão de esforços eficiente
Matrizes metálicas têm maior
O coeficiente de expansão
resistência e maior ponto de
térmica deve ser muito
fusão, mas são mais pesadas
semelhante entre fibras e matriz
Podem ser usadas matrizes
cerâmicas para resistência a
temperaturas extremamente
elevadas, perdendo-se
tenacidade

FRAÇÃO EM VOLUME DE FIBRAS

Quanto maior for este valor, maior será a resistência do compósito,


até um valor limite de 80%, a partir do qual deixa de haver
“molhagem” total das fibras pela matriz.
(a) Fraca aderência entre as fibras e a matriz

(b) Excelente aderência entre fibras e matriz


COMPÓSITOS AVANÇADOS

COMPÓSITOS DE MATRIZ
METÁLICA

Podem ser usados a


temperaturas superiores em
relação aos compósitos de
matriz polimérica

Possuem maior resistência


mecânica que o metal da
matriz não reforçado

Atenua-se a vantagem das


maiores resistência e rigidez
específicas
COMPÓSITOS AVANÇADOS

• COMPÓSITOS CERÂMICA-CERÂMICA
 Possuem uma maior tenacidade à fratura em relação ao cerâmico não
reforçado;

 Usados apenas em aplicações de elevada temperatura (+ 1000ºC)

Tenacidade à fratura
Comparação entre as resistências específicas de materiais
compósitos e não compósitos.
Comportamento Elástico em Função da Direção de Carregamento

ORIENTAÇÃO DAS FIBRAS

A resistência será máxima


quando as fibras estiverem
orientadas com o esforço
(sendo mínima na direção
perpendicular)

Variação de propriedades com a


orientação das fibras para uma liga de
Titânio reforçada com fibras de Boro
Alguns arranjos típicos
de fibras em cada
camada de compósito

a) Fibras unidirecionais
contínuas

b) Fibras descontínuas
orientadas de modo
aleatório

c) Fibras unidirecionais
tecidas ortogonalmente
COMPÓSITOS DE MATRIZ POLIMÉRICA

MATRIZ REFORÇO

Fibras Fibras Fibras


Termoplásticos Termoendurec. Cerâmicos Metais
plásticas Carbono Vidro
PET EP, PF SiC
PP HM E
PP PEEK Al2O3 Arame
Aramid HS S
etc etc B

MATRIZ DO COMPÓSITO REFORÇO DO COMPÓSITO

Transmite os esforços mecânicos Elemento que suporta os


aos reforços (fibras), mantendo- esforços no compósito. É, em
os em posição, e contribuindo geral, de elevadas resistência e
com alguma ductilidade (em geral rigidez.
pequena) para o compósito.
Bons Estudos!

PROF. M.ª KACIÊ TRINDADE 66

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