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FUNDAMENTOS E
INTRODUÇÃO À QUÍMICA
FEVEREIRO - 2007
UNIDADE 0: FUNDAMENTOS E INTRODUÇÃO À QUÍMICA
A química é a ciência que estuda a matéria e as mudanças sofridas por estas. Portanto,
envolve o estudo de todos materiais que nós usamos, e que somos rodeados, tais como as
pedras onde pisamos (petrologia – estudos das pedras), a comida que nos alimenta
(química orgânica e alimentar), a carne de que somos feitos (através do estudo da
bioquímica), o silício de que são feitos os componentes de nosso computaores e
calculadoras (através da química de superfície e ciência dos materiais). Assim, nenhum
material fica fora do alcance da química, esteja este vivo ou morto, vegetal ou mineral, na
Terra ou em uma estrela distante. Tais materiais são compostos de elementos químicos
arranjados adequadamente em redes de ligações químicas e cristalinas.
O elemento químico é uma substância que não pode ser decomposta ou dividida em outras
mais simples por meios químicos ordinários. Atualmente conhecem-se 111 elementos no
Universo e são distribuídos nas seguintes classes ou famílias:
1. Metais – 84 elementos
Os principais elementos destas classes estão alocados em grupos a saber: (a) Coluna
IA (metais alcalinos – 06 elementos), Coluna 2A (metais alcalinos terrosos ou terras
raras – 06 elementos), Coluna B (metais de transição – onde se concentram os
principais metais das ligas ferrosas e não ferrosas – 44 elementos), Lantanídeos
(elementos raros na Terra e supercondutores, na sua maioria, 14 elementos) e
Actinídeos (são todos elementos radioativos - 14 elementos)
2. Semi-metais ou metalóides – 07 elementos – são elementos que apresentam
características semelhantes aos metais e não-metais. Têm aparência de metais e
comportam-se como um não metal (Po, Te, Sb, As, Ge, Si e B).
Estes elementos químicos são agrupados em arranjo apropriado que reflete sua
propriedades ou relações familiares, isto é, um gráfico tal que os mebros do mesmo grupo
(coluna) tipicamente mostram a mesma tendência nas suas propriedades físicas e químicas,
A este gráfico ou arranjo dá-se o nome de Tabela Periódica dos Elementos Químicos,
como mostra a Figura 0.1
Na Figura 0.2 é apresentada outro formato da Tabela Periódica dos Elementos Químicos,
mostrando-os como são encontrados na natureza (em forma combinada ou livre). Assim,
por exemplo, o Fe, que aparece na tabela na forma de sulfeto de ferro (FeS, sulfeto de ferro
ou pirita ou “ouro de tolo”), também pode ser encontrado na forma de óxidos (como FeO –
wustita, Fe3O4 – magnetita e, Fe2O3, hematita); outro exemplo mostra que o ouro (Au)
apresenta-se livre na forma nativa na natureza.
Por outro lado, mostra-se na Figura 0.3 parte da tabela periódica, ressaltando-se a estrutura
cristalina dos elementos. Como exemplo, vemos que a estrutura cristalina do cobre (Cu) é
Cúbica de Face Centrada (CFC), do cromo, importante elemento na produção dos aços
inoxidáveis, tem estrutura cristalina Cúbica de Corpo Centrado (CCC) e, o zinco,
importante elemento usado no processo de galvanização do aço (proteção anticorrosiva),
tem estrutura cristalina Hexagonal Compacta (HC).
Figura 0.1: Tabela Periódica dos Elementos Químicos
Figura 0.2: Tabela Periódica dos Elementos Químicos – Forma de existência na natureza
Figura 0.3: Tabela Periódica dos Elementos Químicos – Estrutura cristalina dos elementos químicos – CCC = Cúbica de Corpo
Centrado, CFC = Cúbica de Face Centrada e HC = Hexagonal Compacta
Portanto, a Tabela Periódica ou Sistema Periódico é o esquema de todos os elementos
químicos, dispostos por ordem de número atômico crescente e em uma forma que reflita a
estrutura dos elementos. Este sistena estabelece que as propriedades físicas e químicas dos
elementos tendem a repetir-se, de forma sistemática, conforme aumenta o número atômico.
( M A ou P A ) = Z + N (0.1)
Onde se tem que MA é massa atômica e PA é peso atômico, ambos com unidade [g/gmol].
Ambas nomenclaturas são usuais em trabalhos de química. Assim, quando afirmamos que
um peso atômico de um elemento é igual a 55,85 g/gmol, estamos dizendo que um mol
deste elemento tem massa de 55,85 g. Assim, podemos escrever:
m
n= (0.2)
P A ou P M
N = n×Na (0.3)
2 x (P A ) F e 2 x 55,8
( % at ) F e = × 100 = × 100 ⇒ (%massa)Fe = 69,9 % Fe
(P M ) F e 2 O 3 159,6
3 x (P A ) O 3 x 16,0
( % at ) O = × 100 = × 100 ⇒ (%massa)Fe = 30,1 % O
(P M ) F e 2 O 3 159,6
1,29 x 10 24
núm ero de m ols H = = 2,14 m ol
6,022 x 10 23 m ol -1
Por outro lado, 1 mol de H tem 1,008 g de H (conforme Figura 0.1), então:
N = n × N a ⇒ N úm ero de m oléculas de H 2 O = n H 2 O × N A
A lei química que afirma que as propriedades de todos os elementos são funções periódicas
de seus números atômicos foi desenvolvida independentemente por dois químicos: em
1869, pelo russo Dimitri Mendeleiev e, em 1870, pelo alemão Julius Lothar Meyer. Uma
primeira revisão ampliou o sistema para incluir toda uma nova família de elementos, de
cuja existência não se suspeitava no século XIX. Este grupo compreendia os três primeiros
elementos dos gases nobres ou inertes, argônio, hélio e neônio. O segundo avanço foi a
interpretação da causa da periodicidade dos elementos, com base na teoria de Bohr (1913)
sobre a estrutura eletrônica do átomo.
Assim, um elétron, ao deslocar-se de uma órbita de estado energético inferior para outra
superior, absorveria energia. Ao permanecer na mesma órbita, esse elétron não alteraria
seu estado energético. Porém, ao passar para um estado energético inferior, energia seria
emitida na forma de ondas eletromagnéticas. A energia emitida ou absorvida nesses saltos
quânticos seria medida pelo “quantum”. Apesar de constituir significativo avanço, a
aplicação do modelo de Bohr no estudo de outros átomos, além do hidrogênio, levou a
resultados pouco satisfatórios; porém, didaticamente, ainda é um modelo adotado e aceito
para estudo da distribuição eletrônica em torno do núcleo.
Define-se um elemento como sendo uma substância composta de uma única espécie
atômica. Por outro lado, um composto é uma substância eletricamente neutra que consiste
de dois ou mais elementos diferentes com seus átomos presentes em uma proporção
definida.
Por sua vez, o número de oxidação (nox) determina a quantidade de elétrons, de um nível
energético mais externo, que são retiradas ou adicionais à uma determinada espécie
química, afim de estabilizar-se o nivel tota de energia interna do átomo. Intimamente, em
grande parte, este parâmetro esta associado à nomenclatura usada para identificação dos
grupos atômicos da Tabela Periódica. Isto quer dizer que se o elemento pertence à Coluna
1A, então, o seu número de oxidação mais provável seria +1 ou –1, dependendo do átomo
a qual será ligado. Mesma interpretação pode ser feita para outros grupos. No entanto,
como veremos a seguir, existem algumas exceções.
(b)
Nas reações (a) e (b) temos que o
número de oxidação do oxigênio é
igual a – 2 e é invariante, seja no
produto quanto no reagente.
Ademais, qualquer espécie química no seu estado natural, como é o caso do carbono
(reação b), apresenta número de oxidação igual a zero (0). Logo, as espécies que podem
sofrer variação (se ela ocorre) no estado de oxidação são os elementos Fe e C. Portanto,
para a reação (a), tem-se que: Fe2O3 → Fe3O4. Queremos determinar a variação do nox para
o ferro. Seja x o valor deste parâmetro, então, para Fe2O3 tem-se:
Para CO tem-se:
x + (-2) = 0 ∴ x = 2
x + 2.(-2) = 0 ∴ x - 4 = 0 ∴ x = 4
Para a equação (b) tem-se C → CO. Como mencionado anteriormente, o n Cox = 0. Portanto,
devemos determinar o nox do CO. Assim:
x + 1.(-2) = 0 ∴ x = 2
Como o número de oxidação do C passou de 0 para +2, a equação (b) é uma reação de
oxidação.
O exemplo anterior reverti-nos à introdução de novas palavras para qualificar os elementos
ou compostos envolvidos na reação redox: são os agentes oxidantes e os agentes redutores.
Portanto, a espécie química que produz a oxidação de uma espécie, em uma reação redox,
é chamado de agente oxidante. Por sua vez, uma espécie que produz a redução de outra
espécie é chamado de agente redutor. Além destes conceitos, o agente oxidante é aquele
que é reduzido (sofre redução no estado de oxidação) e, o agente redutor é aquele que é
oxidado (sofrendo aumento no número de oxidação); ou seja:
Assim, no exemplo 04, temos que Fe2O3 é o agente oxidante e que, CO, é o agente
redutor. Como visto, este conceito torna-se fundamental no estudo de reações químicas e
eletroquímicas, como será visto em estudos futuros.
1. Uma amostra de uma substância extraída de uma fruta para tratar de infecções fúngicas
contém 2,58 x 1024 átomos de oxigênio. Quantos moles de O estão presentes na
amostra?
2. A massa de uma moeda de cobre é 3,20 g. Considerando que é feita de cobre puro,
quantos átomos de Cu deveria conter a moeda? Quantos átomos de Cu estão presentes?
3. Determine o peso molecular das seguintes espécies: (a) etanol (C2H5OH), Sulfato de
cobre II pentahidratado (CuSO4.5H2O).
6. A reação global de produção de ferro gusa em um alto forno é dado pela seguinte
∆
expressão: F e 2 O 3 (s) + 3 C O (g) → 2 F e (l) + 3 C O 2 (g) . Sabendo-se que são
alimentados 100 kg/h de Fe2O3, quantos kg de Fe(l) são produzidos por hora de
trabalho? (Lembrete: 1 mol de Fe2O3 produz 2 moles de Fe)
(a) H2SO3 (b) CrO42- (c) Cr2O72- (d) Nb2O5 (e) HClO (g) K2MnO4
8. Para as seguintes reações químicas, identifique qual espécie química é oxidada e qual é
reduzida, juntamente com a variação do seu nox:
- RUSSEL, J. B. Química Geral. Trad. Divo Leornardo Sanioto et al. São Paulo: Editora
McGraw-Hill do Brasil, SP. 897p. 1981.