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“ Olá ! Espe
ro que este resumo vos seja útil !
Este resumo aborda uma pequena parte da matéria dada no 12º ano.
Quando aparece a referência ao manual, o manual em questão é o: “Outras expressões 12”
da Porto Editora.
Se encontrarem algum erro ou tiverem alguma dúvida, sinalizem através dos comentários .
Boa sorte para os exames <3 ”
Português 12º
1. Fernando Pessoa:
a. Dados Biográficos (com base no doc.1):
Fernando Pessoa viveu nos séculos XIX e XX (tendo nascido em 1888 e falecido
em 1935).
Viveu maioritariamente em Lisboa, contudo, em 1896 foi para a África do Sul
devido ao 2º casamento da mãe, tendo vivido em Durban e na Cidade do Cabo,
voltando 9 anos depois para Lisboa.
Apesar de ter tido um ínicio de infância feliz, esta é marcada por
acontecimentos trágicos: a morte do pai devido à tuberculose, a convivência
com uma avó doente mental e a morte do seu irmão.
O seu aproveitamento escolar foi brilhante enquanto criança e adolescente,
tendo sido um aluno com ótimas notas e recebido vários prémios. Contudo, o
seu percurso universitário foi curto, tenho perdido o interesse no curso de
Letras e desistido do mesmo no 1º ano.
Devido à sua infância trágica, as suas características temperamentais são:
isolado, com ataques de depressão, triste, insatisfeito, instável, imaginativo,
tendo um desencanto pela vida.
A sua atividade profissional baseia-se nas traduções ligadas ao comércio de
inglês e francês, mais tarde também participou em várias revistas.
Já a sua atividade literária é muito extensa, tendo deixado milhares de textos,
desde a poesia à prosa, e participou, inclusive, em revistas literárias. Foi um
escritor compulsivo. A grande parte das suas obras não foram publicadas
quando se encontrava vivo, à exceção de “Mensagem”, publicado em 1934, um
ano antes da sua morte.
A originalidade de Fernando Pessoa, enquanto escritor, reside na criação de
heterônimos com personalidades e obras próprias.
A sua vida sentimental não foi extensa, sendo conhecida a sua relação com
Ofélia Queirós, alimentada através de cartas e bilhetes (uma relação à antiga)
durante 10 anos, até que rompeu com Ofélia sem explicação.
A forma como Portugal reagiu à sua morte tem dois momentos distintos. O
primeiro, quando após a sua morte apenas 50 pessoas se apresentaram no
funeral e a notícia foi pouco divulgada, mostrando a falta de valorização do
poeta na época. O segundo, 50 anos depois do seu falecimento, quando
transladaram o seu corpo para perto de Vasco da Gama e Camões e foi lhe
dado o devido reconhecimento, tendo sido feitas várias homenagens: “o maior
poeta do século XX”.
- Modernismo Português:
Está ligado à literatura e às artes plásticas.
É representado, entre outros, por Fernando Pessoa, Almada Negreiros, Amadeo de Souza-
Cardoso e Mário Sá Carneiro.
Este movimento deu-se a conhecer através de revistas literárias, entre elas, a revista Orpheu
, que teve dois únicos números, publicados em 1915 → linhas 9-19.
O modernismo Português procurou, assim, agitar e transformar o ambiente cultural
estagnado que existia no nosso país.
_________________________________________________________________________
Efeito do canto da ceifeira/ Desejo do suj. poético:
- estado de alma contraditório
- a reflexão sobre a sua incapacidade de não pensar
- quer ser como ela, mas quer ser ele. Não quer deixar de ser ele. Não
se quer libertar completamente do pensamento.
- desejo de ter consciência da sua inconsciência (“sendo eu”,
“consciência disso”
- Desejo de se deixar invadir pelas suas ações despertadas pela
natureza (“céu”, “campo”) e pelo canto da ceifeira (“canção”)
Tema: A dor que sente por ser consciente e constata que o conhecimento e a reflexão têm um peso mt
grande na sua vida.
És feliz
porque és
assim,
Todo o
nada que
és é teu.
Eu vejo-
me e estou
sem mim,
Conheço-
me e não
sou eu.
daquela vez.
Fim do sonho
Mas já sonhada se
desvirtua,
Só de pensá-la
cansou pensar;
Sob os palmares, à
luz da lua,
Sente-se o frio de
haver luar
Ah, nesta terra
também, também
O mal não cessa,
não dura o bem.
Conclusão
Não é com ilhas do
fim do mundo,
Nem com
palmares de sonho
ou não,
Que cura a alma
seu mal profundo,
Que o bem nos
entra no coração.
É em nós que é
tudo. É ali, ali,
Que a vida é jovem
e o amor sorri.
Bem sei que há ilha ao sul de tudo → doc. do caderno→ exame 2019/1ª fase
E assim nas
calhas de roda
Gira, a
entreter a
razão,
Esse comboio
de corda
Que se chama
coração.
Dor fingida →
vv 2,3
Dor real → vv 4
Dor lida → vv
6,7,8
D. Heterónimo:
Guardador de Rebanhos. E o que se seguiu foi o aparecimento de alguém em mim, a quem dei
desde logo o nome de Alberto Caeiro. Desculpe-me o absurdo da frase: aparecera em mim o
meu mestre. Foi essa a sensação imediata que tive. (...)
Aparecido Alberto Caeiro, tratei logo de lhe descobrir — instintiva e subconscientemente —
uns discípulos. Arranquei do seu falso paganismo o Ricardo Reis latente, descobri-lhe o nome, e
ajustei-o a si mesmo, porque nessa altura já o via. E, de repente, e em derivação oposta à de
Ricardo Reis, surgiu-me impetuosamente um novo indivíduo. Num jacto, e à máquina de
escrever, sem interrupção nem emenda, surgiu a Ode Triunfal de Álvaro de Campos — a Ode
com esse nome e o homem com o nome que tem. (...)
Eu vejo diante de mim, no espaço incolor mas real do sonho, as caras, os gestos de Caeiro,
Ricardo Reis e Alvaro de Campos. Construi-lhes as idades e as vidas. Ricardo Reis nasceu em
1887 (não me lembro do dia e mês, mas tenho-os algures), no Porto, é médico e está
presentemente no Brasil. Alberto Caeiro nasceu em 1889 e morreu em 1915; nasceu em Lisboa,
mas viveu quase toda a sua vida no campo. Não teve profissão nem educação quase alguma.
Álvaro de Campos nasceu em Tavira, no dia 15 de Outubro de 1890 (às 1.30 da tarde, diz-me o
Ferreira Gomes; e é verdade, pois, feito o horóscopo para essa hora, está certo). Este, como
sabe, é engenheiro naval (por Glasgow), mas agora está aqui em Lisboa em inactividade. Caeiro
era de estatura média, e, embora realmente frágil (morreu tuberculoso), não parecia tão frágil
como era. Ricardo Reis é um pouco, mas muito pouco, mais baixo, mais forte, mas seco. Álvaro
de Campos é alto (1,75 m de altura, mais 2 cm do que eu), magro e um pouco tendente a curvar-
se. Cara rapada todos — o Caeiro louro sem cor, olhos azuis; Reis de um vago moreno mate;
Campos entre branco e moreno, tipo vagamente de judeu português, cabelo, porém, liso e
normalmente apartado ao lado, monóculo. Caeiro, como disse, não teve mais educação que
quase nenhuma — só instrução primária; morreram-lhe cedo o pai e a mãe, e deixou-se ficar em
casa, vivendo de uns pequenos rendimentos. Vivia com uma tia velha, tia-avó. Ricardo Reis,
educado num colégio de jesuítas, é, como disse, médico; vive no Brasil desde 1919, pois se
expatriou espontaneamente por ser monárquico. É um latinista por educação alheia, e um semi-
helenista por educação própria. Álvaro de Campos teve uma educação vulgar de liceu; depois foi
mandado para a Escócia estudar engenharia, primeiro mecânica e depois naval. Numas férias
fez a viagem ao Oriente de onde resultou o Opiário. Ensinou-lhe latim um tio beirão que era
padre.
Como escrevo em nome desses três?... Caeiro por pura e inesperada inspiração, sem saber
ou sequer calcular que iria escrever. Ricardo Reis, depois de uma deliberação abstracta, que
subitamente se concretiza numa ode. Campos, quando sinto um súbito impulso para escrever e
não sei o quê. (O meu semi-heterónimo Bernardo Soares, que aliás em muitas coisas se parece
com Álvaro de Campos, aparece sempre que estou cansado ou sonolento, de sorte que tenha um
pouco suspensas as qualidades de raciocínio e de inibição; aquela prosa é um constante
devaneio. É um semi-heterónimo porque, não sendo a personalidade a minha, é, não diferente
da minha, mas uma simples mutilação dela. Sou eu menos o raciocínio e a afetividade. A prosa,
salvo o que o raciocínio dá de ténue à minha, é igual a esta, e o português perfeitamente igual;
ao passo que Caeiro escrevia mal o português, Campos razoavelmente mas com lapsos como
dizer «eu próprio» em vez de «eu mesmo», etc., Reis melhor do que eu, mas com um purismo
que considero exagerado. O difícil para mim é escrever a prosa de Reis — ainda inédita — ou de
Campos. A simulação é mais fácil, até porque é mais espontânea, em verso).
Nesta altura estará o Casais Monteiro pensando que má sorte o fez cair, por leitura, em
meio de um manicómio. (...)
Creio assim, meu querido camarada, ter respondido, ainda com certas incoerências, às suas
perguntas. (...)
Abraça-o o camarada que muito o estima e admira.
Fernando Pessoa”
->Ideias fundamentais:
1ª e 2ª parágrafos: introdução; agradecimento a Adolfo CM pela carta recebida e indicação do
objetivo desta carta: responder a uma pergunta sobre a origem dos heterónimos
3º,4º e 5º Parágrafos: Fundamentação da heteronimia → tendência para a desporsinalização e para a
simulação, aspetos que sente desde a infância.
6º e 7º Parágrafos: Criação de Alberto Caeiro, um poeta bucólico (fala da natureza), que escreveu “O
guardador de Rebanhos” e que Fernando Pessoa considerou o seu mestre.
8º Parágrafo: Aparecimento de Ricardo Reis e de Àlvaro de Campos
9º Parágrafo: Caracterização e biografia dos diferentes heterónimos (ver doc. 4)
10º Parágrafo: Classificação de Bernardo Soares como semi-heterónimo e sua justificação
11º, 12º e 13º Parágrafos: Conclusões e despedida
II-O meu olhar é nítido como um girassol. Sugere que vê tudo com grande
claridade → noção sensacionista
O meu olhar é nítido como um girassol. Amar é a eterna Só quando os sentidos não
inocência, funcionam é que somos obrigados a
Tenho o costume de andar pelas estradas E a única pensar
inocência é não pensar...
Caracteristicas formais:
Olhando para a direita e para a esquerda, +Linguagem simples e objetiva
E de vez em quando olhando para trás... +Liberdade estrófica e métrica
E o que vejo a cada momento +Versos brancos/soltos = sem rima
É aquilo que nunca antes eu tinha visto, +Comparações para concretrizar
ideias abstratas
E eu sei dar por isso muito bem... +Predomínio da coordenação
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer, Caracteristicas presentes:
Reparasse que nascera deveras... → poesia sensacionista/poeta
Sinto-me nascido a cada momento observador:
-olha para todas as direções, em
Para a eterna novidade do Mundo...
todos os momentos
-campo lexical relacionado com a
Creio no Mundo como num malmequer, visão = do olhar = olhando,vejo
Porque o vejo. Mas não penso nele → acredita no mundo → Poeta deambulante
Porque pensar é não compreender... → Poeta da Natureza: descobre
O Mundo não se fez para pensarmos nele sempre as coisas novas e diferentes
que provocam a sua admiração →
(Pensar é estar doente dos olhos)
Poeta Bucólico
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo…
→ Poeta anti-metafísico = recusa o
pensamento porque trata a
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos... realidade através dos sentidos.
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem o que é amar...
Se, depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia, Um dia deu-me o sono como a qualquer
criança.
Se, depois de eu morrer, quiserem escrever a minha
biografia, Fechei os olhos e dormi.
Não há nada mais simples. Além disso, fui o único
Tem só duas datas—a da minha nascença e a da minha poeta da Natureza.
morte.
O resto foi tudo simples, logo é como se fosse
Entre uma e outra coisa todos os dias são meus.
dono da sua vida
Sou fácil de definir. → Características que considera essenciais → Toda a vida esteve permanentemente a ver
conselhos que dá: →
Vi como um danado. Sem criar afetividade, sem pensar nelas
Amei as coisas sem sentimentalidade nenhuma. Logo foi sempre feliz
Nunca tive um desejo que não pudesse realizar, porque
nunca ceguei. A importância das sensações e a sua felicidade
Mesmo ouvir nunca foi para mim senão um
O poeta que recusa o pensamento - poeta
acompanhamento de ver. Antimetafísico //O pensamento deturpa a realidade
Compreendi que as coisas são reais e todas diferentes
umas das outras;
decorrê-la, r um
Tranquilos gest
, plácidos, o.
Tendo as Não
crianças se
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Nem
o
rem
orso
De
ter
vivid
o.
Conclusões apartir do poema:
- Tanto Ricardo Reis como Alberto Caeiro, amam a Natureza e inspiram-se nela
para construir a sua filosofia de vida:
+ Alberto Caeiro vive no campo procurando captar essa realidade
através dos sentidos
+ Ricardo Reis defende uma vida simples apenas com os
pequenos prazeres proporcionados pela Natureza
Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira Convite; Vocativo; Aproveitar os pequenos prazeres
do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e Intencionalmente → Metáfora: o rio simboliza a vida que vai
aprendamos em direção à morte (o mar)
Que a vida passa, e não estamos de mãos
enlaçadas. Porque se tiverem de mãos dadas correm o risco de se
(Enlacemos as mãos). apaixonarem \\Comparação
Ah, poder exprimir-me todo como um Estrofe 9: começa com a recordação da infância no
motor se exprime! meio rural; relação amor-ódio
Ser completo como uma máquina!
Futurismo:“Árvo fábrica”
Poder ir na vida triunfante como um
automóvel último-modelo!
-A sua fusão com as máquinas
Poder ao menos penetrar-me fisicamente
-Já se identifica com as máquinas
de tudo isto,
-Quer se fundir completamente com a realidade
Rasgar-me todo, abrir-me
completamente, tornar-me passento
A todos os perfumes de óleos e calores e
carvões Resumo:
Desta flora estupenda, negra, artificial e -Espaço envolvente: espaço moderno, dominado
insaciável! pela evolução industrial (fábrica, lâmpadas
(...) elétricas, motores, engrenagens,...)
-Relação entre o sujeito poético e o espaço
Ó fazendas nas montras! Ó manequins! Ó envolvente:
últimos figurinos! ● o espaço é captado através de sensações
Ó artigos inúteis que toda a gente quer ● Há uma relação ambigua (o sujeito poético
comprar! sente paizxão pela realidade envolvente, mas
Olá grandes armazéns com várias secções! também se sente febril, havendo assim, uma
(...) relação conlituosa)
● Há um fusão, uma simbiose, entre o sujeito
Amo-vos a todos, a tudo, como uma fera. poético e as máquinas, ele sente-se como
uma parte integrante da socieadade
Amo-vos carnivoramente.
tecnológica que apresenta.
Pervertidamente e enroscando a minha
● O momento presente, as máquinas, e a vida
vista
moderna são transformados em matéria
Em vós, ó coisas grandes, banais, úteis,
épica que vai ser enaltecida / elogiada
inúteis,
● Há a exaltação do momento presente, onde
Ó coisas todas modernas, se reflete o passado e que se projetará no
Ó minhas contemporâneas, forma actual e futuro
próxima - Estilo excessivo/torrencial, com muitos recursos
Do sistema imediato do Universo! expressivos
Nova Revelação metálica e dinâmica de
Deus!
(...)
O Momento estridentemente ruidoso e
Eh-lá-hô fachadas das grandes lojas! mecânico,
Eh-lá-hô elevadores dos grandes edifícios! O Momento dinâmico passagem de todas
Eh-lá-hô recomposições ministeriais! as bacantes
Parlamentos, políticas, relatores de Do ferro e do bronze e da bebedeira dos
orçamentos, metais.
Orçamentos falsificados!
(Um orçamento é tão natural como uma
Eia comboios, eia pontes, eia hotéis à
árvore
hora do jantar,
E um parlamento tão belo como uma
Eia aparelhos de todas as espécies,
borboleta).
férreos, brutos, mínimos,
(...)
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos, Estrofe 1 e 2: Caracterização o passado:
Eu era feliz e ninguém estava morto. - pretérito- imperfeito (na infância,
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos, repetiram no tempo)
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião - a infância → era feliz
qualquer.
visto que estava rodeado
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma, da família, vivia na casa
De ser inteligente para entre a família, cheia de pessoas nde todos
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim. se reuniam, era poiado e
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças. não estava sozinho
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.
Estrofe 3: pretérito-perfeito - fim das
Sim, o que fui de suposto a mim mesmo,
infância, só agora é que tem a noção de
O que fui de coração e parentesco,
que era feliz
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino.
Estrofe 4: contraste entre o passado e o
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
presente há uma comparação entre a
A que distância!...
(Nem o acho...) destruição, solidão, ausência de laços
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos! familiares e a inutilidade da sua vida.
Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há Estrofe 7:
aqui... - Recorda; pensa; sofre
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na - Para não sofrer tem de deixar de
loiça, com mais copos, pensar; “duro” ele já não vive,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas, o resto na apenas sobrevive, vai vivendo, aó
sombra debaixo do alçado, lhe resta envelhecer
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos… Passado:
- infância feliz, com família (partilhada),
Pára, meu coração! vive com proteção, tempo da inocência
Não penses! Deixa o pensar na cabeça! em que não pensa
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus! Presente:
Hoje já não faço anos.
- tristeza, angustia, solidão,
Duro.
sofrimento, tempo de perda
Somam-se-me dias.
(família e a casa), tempo de
Serei velho quando o for.
degradação = envelhecimento
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...
ortónimo:
○ a nostalgia de infância ( o paraíso perdido)
○ no presente sente-se desencantado, triste, só
○ a dor de pensar
○ fragmentação do eu
➢ Aspetos Comuns a Álvaro de Campos e Ricardo Reis:
○ R. Reis aprendeu a aceitar a ideia de morte porque aceita a passagem do tempo e tem
uma atitude de apatia perante a vida (estoicismo) → Ataraxia
○ A. Campos quando refere a morte é um resultado do SEU
sofrimento e da sua desistência de viver
curva extrema da rua, ou a voz do apregoador nocturno, de não sei + deambulação na baixa de Lisboa
que coisa, que se destaca, toada árabe, como um repuxo súbito, da + Observação e captação de
impressões subjetivas da sociedade
monotonia do entardecer!
+ sente um grande desconforto
Passam casais futuros, passam os pares das costureiras,
passam rapazes com pressa de prazer, fumam no seu passeio de
sempre os reformados de tudo, a uma ou outra porta reparam em
pouco os vadios parados que são donos das lojas. Lentos, fortes e
fracos, os recrutas sonambulizam em molhos ora muito ruidosos
ora mais que ruidosos. Gente normal surge de vez em quando. Os
automóveis ali a esta hora não são muito frequentes; esses são
musicais. No meu coração há uma paz de angústia, e o meu
sossego é feito de resignação.
Passa tudo isso, e nada de tudo isso me diz nada, tudo é alheio
ao meu sentir, indiferente, até, ao destino próprio,- inconsciência,
carambas ao despropósito quando o acaso deita pedras, ecos de
vozes incógnitas — salada colectiva da vida.
O único viajante com verdadeira alma que conheci era um garoto de escritório que havia numa outra casa,
onde em tempos fui empregado. Este rapazito coleccionava folhetos de propaganda de cidades, países e
companhias de transportes; tinha mapas — uns arrancados de periódicos, outros que pedia aqui e ali —; tinha,
recortadas de jornais e revistas, ilustrações de paisagens, gravuras de costumes exóticos, retratos de barcos e
navios. Ia às agências de turismo, em nome de um escritório hipotético, ou talvez em nome de qualquer escritório
existente, possivelmente o próprio onde estava, e pedia folhetos sobre viagens para a Itália, folhetos de viagens
para a Índia, folhetos dando as ligações entre Portugal e a Austrália.
Não só era o maior viajante, porque o mais verdadeiro, que tenho conhecido: era também uma das pessoas mais
felizes que me tem sido dado encontrar. Tenho pena de não saber o que é feito dele, ou, na verdade, suponho
somente que deveria ter pena; na realidade não a tenho, pois hoje, que passaram dez anos, ou mais, sobre o breve
tempo em que o conheci, deve ser homem, estúpido, cumpridor dos seus deveres, casado talvez, sustentáculo
social de qualquer — morto, enfim, em sua mesma vida. É até capaz de ter viajado com o corpo, ele que tão bem
viajava com a alma.
Recordo-me de repente: ele sabia exactamente por que vias férreas se ia de Paris a Bucareste, por que vias
férreas se percorria a Inglaterra, e, através das pronúncias erradas dos nomes estranhos, havia a certeza aureolada
da sua grandeza de alma. Hoje, sim, deve ter existido para morto, mas talvez um dia, em velho, se lembre, como é
não só melhor, senão mais verdadeiro, o sonhar com Bordéus do que desembarcar em Bordéus.
E, daí, talvez isto tudo tivesse outra explicação qualquer, e ele estivesse somente imitando alguém. Ou... Sim,
julgo às vezes, considerando a diferença hedionda entre a inteligência das crianças e a estupidez dos adultos, que
somos acompanhados na infância por um espírito da guarda, que nos empresta a própria inteligência astral, e que
depois, talvez com pena, mas por uma lei alta, nos abandona, como as mães animais às crias crescidas, ao cevado
que é o nosso destino.
primeiro parágrafo.
Demonstra admiração pelo viajante quando era criança porque ele era capaz de se entregar ao
sonho de viajar, viajava através da imaginação recorrendo a materiais sobre os locais em que
sonhava ir.
1.1. Explica o valor expressivo das enumerações aí presentes.
Dos objetos alusivos às viagens para poder conhecer bem os locais que em sonhos visitava.
2. Tendo em conta as linhas 14-17 e o parágrafo final, comenta a opinião do narrador
sobre o efeito da passagem do tempo na vida humana.
O tempo e a entrada na vida adulta fazem perder o desejo, de sonhar, por isso as pessoas tornam-se
“estúpidas”, compridoras dos seus deveres e incapazes de conhecer algumas coisa através da
imaginação.
3. Mostra de que forma o imaginário urbano e o quotidiano surgem concretizados neste
excerto.
No texto está presente a cidade de Lisboa e a vida da cidade, os seus espaços (os escritórios, as
agências de turismo) e as pessoas (o empregado de escritório) e aspetos da vida social (jornais e
revistas - imprensa quotidiana)
4. Explica o modo como se interligam o mundo exterior e as divagações subjetivas do
narrador.
Ele parte da observação de um rapaz e da sua rotina diária utilizando este estímulo de vida
quotidiana, para fazer considerações pessoais sobre a importância do sonho e sobre a falta de
sentido da vida de muitas pessoas adultas que perderam a capacidade de imaginação.
5. Indica dois traços do perfil de Bernardo Soares, exemplificando a tua resposta.
Atitude reflexiva e crítica → observações que faz ao valorizar a importância do sonho e a tristeza e a desilusão com a falta da
capacidade de sonhar dos adultos.
E. A Mensagem:
I. Aspetos temáticos a abordar:
A. o imaginário épico
B. a exaltação patriótica
C. a natureza épico-lírica da obra
D. a dimensão simbólica do herói
E. a estrutura da obra
F. o Sebasteanismo
II. O Imaginário épico e a natureza épico-lírica:
“Mensagem” tem características épicas porque apresenta heróis da nossa
história e os seus feitos grandiosos.
No entanto, esta obra tem uma natureza épico-lírica. Os fatos históricos são
interiorizados pelo sujeito poético e são apresentados de forma subjetiva,
recorrendo a imagens simbólicas.
Mais importantes do que os fatos históricos, são a alma de Portugal e a
missão que o pais tem de cumprir (o 5º império)
III. A Estrutura da Obra → A obra “Mensagem” tem três Partes:
A. Brasão:
Contêm 19 poemas que evocam os construtores do império, os que
fizeram com que Portugal se ergue-se como nação independente. (Exemplos: “Dom Dinis”
e “Dom Sebastião, Rei de Portugal”)
Poemas dados:
- Os Campos → “O dos Castelos”
- Os castelos → “Ulisses”:
O mito é o nada que é tudo. Assim 1ª Estrofe → o mito não existe; o mito conta
a lenda se escorre uma história que explica a realidade.
O mesmo sol que abre os céus A
entrar na realidade,
2ª Estrofe → exemplo que comprova a
É um mito brilhante e mudo — Ea
fecundá-la decorre. tese:
O corpo morto de Deus, Em - o sujeito poético está em Portugal
baixo, a vida, metade - Ulisse é um mito, MAS torna-se realidade
Vivo e desnudo. De - Ulisses em Lisboa
nada, morre.
3ª Estrofe → conclusão: a vida é
Este, que aqui aportou,
incompleta, a vida morre, logo o que a
Foi por não ser existindo.
Sem existir nos bastou. torna mais perfeita é a lenda, que vem
Por não ter vindo foi vindo de um plano superior. Ou seja, os mitos
E nos criou. tornam a vida mais perfeita e mais
completa.
Questões:
1. Identifica a tese com que se inicia o poema e explica o paradoxo que contém:
A tese é “o mito é o nada que é tudo”.
Nesta tese, há um paradoxo, uma vez que, por um lado, sr afirma que o mito é “nada” (não tem uma existência
real) mas, por outro lado, diz-se que é tudo: ele é muito importante porque permite explicar a realidade e é
como uma luz que clarifica (“O sol que abre os céus”, “mito brilhante”).
2. Mostra que a segunda estrofe evidencia a origem mítica de Portugal.
Nesta estrofe refere-se o mito de Ulisses. Este, apesar de não ter uma existência real, apesar de ser lendário
(“Não ser”, “Sem existir” e “Não ter vindo”) estará na origem da cidade de Lisboa (“nos criou”).
Segundo a lenda, Ulisses, quando regressava a Ítaca depois da vitória na guerra de Tróia, perdeu-se no
Mediterrâneo e, após uma viagem cheia de atribulações no mar, chegou aos estuário do Tejo, onde fundou
Lisboa.
Assim se explica a vocação marítima dos portugueses, isto é, Ulisses, com o seu exemplo de navegador, terá
inspirado o povo português a explorar os mares.
3. Explica a utilização do presente e do pretérito perfeito do indicativo.
O presente demonstra a permanência do mito e explica as suas características.
O pretérito perfeito refere-se à história de Ulisses num passado distante.
4. Com base na última estrofe, comenta a relação que se estabelece entre mito e realidade.
achar;
E a fala dos pinhais,
marulho obscuro,
É o som presente desse
mar futuro,
É a voz da terra
ansiando pelo mar.
2ª Estrofe:
- o inicio da literatura em Portugal = o Rei Inovador
- a literatura vai-se desenvolvendo, ou seja, vai ao encontro do ocêano → depois vêm os temas ligados ao mar, aos
descobrimentos
- volta-se a falar do barulhos dos pinhais (que já tinham aparecido na 1ª estrofe) -> a fala dos pinheiros lembra
o mar
- no presente a economia é baseada na Terra
- no futuro o ciclo da Terra mudará para o ciclo do Mar → D. Dinis como profeta
Resumindo:
● Na primeira estrofe, temos a autocaracterização do sujeito poético (D. Sebastião) que se apresenta como
um louco. Essa loucura é motivada pela insatisfação com que o destino lhe reserva e pelo desejo de
grandeza (versos 1-3). A morte e a destruição física no areal de Alcácer Quibir são a consequência do
espírito sonhador de D. Sebastião (versos 4 e 5).
● Na segunda estrofe, temos o elogio da loucura e o apelo a que outros tomem os seus ideais, uma vez que
eles não morrem (conjuntivo com valor de imperativo - versos 6 e 7). O poema termina com uma reflexão
(pergunta retórica) onde há uma crítica à passividade dos homens, a uma vida sem sonhos, tão
B. Mar Português:
Contém 12 poemas inspirados pelo desejo da descoberta do
desconhecido e do esforço da conquista do mar.
O poeta recorda o sonho dos descobrimentos e as tormentas e
glórias a eles associados. (Exemplo: “o Infante”, “o Mostrengo” e
“Mar Português”)
O INFANTE Justificação da sua posição na obra: é o 1º da segunda parte, porque
Deus quer, o homem fala sobre o Infante D. Henrique que foi o primeiro impulsionador dos
sonha, a obra nasce. Descobrimentos.
Deus quis que a terra
fosse toda uma, 1ª Estrofe
Que o mar unisse, já - tripartido: com relação de causalidade
não separasse. 1. um desejo de Deus
Sagrou-te, e foste
2. o sonho do Homem
desvendando a
3. concretização (o nascimento da obra)
espuma.
- Explicita-se o Desejo de Deus: a unificação da Terra através da
E a orla branca foi de conquista do Mar.
ilha em continente, - O Infante tem um carater mítico e sagrado, sendo o
Clareou, correndo, até homem escolhido por Deus para descobrir/desvendar os
ao fim do mundo,
mares → nascimento da obra
E viu-se a terra inteira,
de repente, - Há uma proximidade com o Infante do tratamento por tu
Surgir, redonda, do
azul profundo.
2ª Estrofe
- Os descobrimentos foram graduais:
1. verbos no gerundio
2. ir em vários tempos diferentes (verbo de movimento)
3. gradação (começa por conhecer pouco e acaba a conhecer tudo)
- sensações visuais ( cor, movimento e a forma da Terra) → contribuem para se conhecer as
descoberta do Mar
- A concretização da obra → a descoberta dos Mares:
● descoberta gradual (gradação)
● verbos nos gerundio
● verbos de movimento
● as sensações visuais
● expressões adverbiais (de repente)
- Carater lírico:
● discurso de 1ª pessoa
● frases exclamativas
● demonstra os sentimentos do sujeito épico → ele também sente a dor dos descobrimentos
C. O Encoberto:
Contém 13 poemas e tem como figura referencial Dom Sebastião. O Sebastianismo
perdurou ao longo dos séculos da nossa história. a nação, quando o pessimismo se
instala, anseia por uma espécie de messias que venha reconstruir o sonho Português.
Há poemas que retratam o estado de decadência em que Portugal se encontra
(“Noite” e “Tormenta”) e outros que apontam para a necessidade urgente de um futuro
melhor e do Renascimento de Portugal (“Nevoeiro” e “Quinto império”).
Quinto Império 1 estrofe:
Triste de quem - Antítese → contentes com o conforto do seu lar, mas o
vive em casa, sujeito poético acha-as tristes
Contente com o - O sujeito poético explica o porquê de não serem assim
seu lar,
Sem que um tão felizes →nao sonham → faria as pessoas voar, mudar
sonho, no erguer e a brasa teria mais brilho
de asa, - As pessoas deviam abandonar esse conforto da casa e partir nas
Faça até mais asas do sonho
rubra a brasa
Da lareira a 2 estrofe:
abandonar! - Mesma perspetiva da estrofe anterior = são tristes porque a
“vida dura”, a vida continua sem sonhos e sem ambições
Triste de quem é
→ ideia de passividade em relação à vida
feliz!
Vive porque a vida - A vida é comparada à morte
dura. - Crítica ao conformismo
Nada na alma lhe
diz 3 estrofe:
Mais que a lição da - passagem do tempo, vão se somando gerações → os sonhos
raiz — continuam nas gerações
Ter por vida a - Se o mundo avança é porque as pessoas têm sonhos, há
sepultura. insatisfação e ambições → e por isso há mais gerações
- Desejo\Esperanca de que acabe a passividade e o conformismo que
Eras sobre eras se
deve ser domado pelos sonhos.
somem
No tempo que em 4 estrofe: conclusão
eras vem.
- Depois de todos os impérios que houve
Ser descontente é
- Um passado e um presente correspondem à noite metaforicamente,
ser homem.
MAS dessa noite surge futuro como um dia:
Que as forças
cegas se domem - Passado e presente = Crise →pais as escura, noite
Pela visão que a - Futuro = época melhor, espera-se que venha algo
alma tem! de positivo da noite escura → dia que será claro,
época mais feliz.
E assim, passados os quatro
Tempos do ser que
sonhou,
A terra será teatro
Do dia claro, que
no atro
Da erma noite
começou.
Grécia, Roma,
Cristandade,
Europa — os
quatro se vão
Para onde vai toda
idade.
Quem vem viver a
verdade
Que morreu D.
Sebastião?
5ª Estrofe:
- 4 impérios importantes, materialistas e que já acabaram
- o novo império será espiritual e ligado à cultura → baseado em valores morais, sonhos
e na verdade
- os valores morais ficam mas a riqueza não
- D.Sebastião andava à procura da verdade, portanto foi a verdade que matou D. Sebastião
→ verdade = sonho
2. Miguel torga
a. Majestade
Passa um rei — é o Poeta. --> metáfora Capacidade criativa
Não pela força de mandar,
Mas pela graça mágica e secreta homenagem a quem é exigido um esforço contínuo e um trabalho paciente
De imaginar.
Escreve sobre vários temas
O ceptro, a pena — a lançadeira cega
Ser predestinado = nasceu poeta porque assim foi decidido
Do seu tear de versos.
O manto,a pele—arminho onde se pega 1. Tendo em conta as duas primeiras estrofes
A lama dos caminhos mais diversos. a. justifica o uso repetido do travessão.
Introduz orações com caracter explicativo, realçando o papel do rei/poeta,
Um grande soberano que exerce o ser poder através da pena e da pele.
No seu triste destino → é infeliz b. estabelece uma relação de sentido entre o conteúdo e o
De ser um monstro humano título do poema
Por direito divino. O titulo remete para a ideia da grandeza do rei mas, ao longo do poema,
percebe-se que esse rei é o poeta e que o seu poder está associado a
outros símbolos.
3. Refere o recurso expressivo que, na última estrofe, contribui para essa caracterização
Na última estrofe há uma antítese que evidencia o poder do poeta e a sua grandiosidade (v. 9 e 12) que contrasta
com o facto de ele estar destinado a ser infeliz (v. 10 e 11).
b. Canção do Semeador
c. Orfeu Rebelde
d. Cantiga de Maldizer:
Esta menina que eu sei Fica assustada se alguém a quer namorar
É como a rosa dos ventos: →
Fica zangada pelo pai a querer fechar num convento.
comparação
Ora grita aqui-del-Rei, A menina é indecisa e inconstante. Assim, ela pede ajuda quando alguém
Se alguém a vem namorar, procura namorá-la, mas também não aceita ser fechada num convento,
Ora maldiz os conventos tal como o pai pretende. Esta ideia de indecisão é também concretizada
Onde o pai a quer guardar. pela indefinição do fruto maduro que tem medo de ser comido mas
É um riso agradecido também receia ficar na árvore.
E um pranto de se acabar.
- Justifica o título do poema:
Parece um fruto maduro, → Sátira feita à menina, remetendo para a crítica presente nas cantigas de
Relaciona este poema com as seguintes linhas temáticas. → o poeta capta da realidade uma
figura do quotidiano (uma rapariga indecisa) e procura retratá-la.