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Português
A multiplicidade de um poeta
Profª. Daniella Oliveira
Ode triunfal
À dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da fábrica
Tenho febre e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.
Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno!
Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!
Em fúria fora e dentro de mim,
Por todos os meus nervos dissecados fora,
Por todas as papilas fora de tudo com que eu sinto!
Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos modernos,
De vos ouvir demasiadamente de perto,
E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso
De expressão de todas as minhas sensações,
Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas!
[...]
Ah, poder exprimir-me todo como um motor se exprime!
Ser completo como uma máquina!
Poder ir na vida triunfante como um automóvel último-modelo!
Poder ao menos penetrar-me fisicamente de tudo isto,
Rasgar-me todo, abrir-me completamente, tornar-me passento
A todos os perfumes de óleos e calores e carvões
Desta flora estupenda, negra, artificial e insaciável!
[...]
(Álvaro de Campos)
“Tudo o que passa, tudo o que passa, nunca passa” (Álvaro de Campos)
Ode triunfal
• Versos livres e brancos atualização da arte
portuguesa
• Necessidade de buscar novas formas de
expressão
Marcos literários
1915
Fernando Pessoa
• Poesia ortônima saudosista-
nacionalista / lírica
• Poesia heterônima
Alberto Caeiro: o mestre de ver e ouvir
Ricardo Reis: o clássico
Álvaro de Campos: o engenheiro
Poesia saudosista-nacionalista
• Grande parte em “Mensagem” (44 poemas)
• Predomínio do misticismo e a retomada do
passado glorioso lusitano
• Muitos apresentam tom épico
• Alguns dialogam com “Os lusíadas”, de
Camões.
“Mensagem” (1934)
• Dividida em 3 partes
* 1ª e 2ª partes – História de Portugal
* 3ª parte - Futuro
O Quinto Império
Triste de quem vive em casa,
Contente com o seu lar,
Sem que um sonho, no erguer de asa,
Faça até mais rubra a brasa
Da lareira a abandonar!
(Fernando Pessoa)
Poesia lírica
• Reunida nas obras póstumas “Quadras ao
gosto popular” e “Cancioneiro”
• Resgate de ritmos e formas tradicionais do
lirismo lusitano.
• “Cancioneiros”: mundo interior e exterior do
eu lírico cada sensação vivida = sensações
mescladas
“Pobre velha música”
Pobre velha música!
Não sei por que agrado,
Enche-se de lágrimas
Meu olhar parado.
Recordo outro ouvir-te,
Não sei se te ouvi
Nessa minha infância
Que me lembra em ti.
Com que ânsia tão raiva
Quero aquele outrora!
E eu era feliz? Não sei:
Fui-o outrora agora. Fernando Pessoa
ATIVIDADE COMPLEMENTAR (0,5)
Para: próxima aula, 20/03, quarta-feira.
“A minha infância tem CHEIRO/AROMA/GOSTO/COR/SOM de _____.”
Escrever o
porquê dessa
lembrança.
Assinar e
colocar turma
nas duas folhas.