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Tema: Texto dissertativo Argumentativo

Objetivo: Conhecer o Gênero Liríco

Habilidade: EM13LP52- Analisar obras significativas das literaturas brasileiras, com


base em ferramentas da crítica literária ou outros critérios relacionados, considerando
o contexto de produção e o modo como dialogam com o presente.​

Fonte:

Adaptado por: E-Cassimiro


Poesia 

Definir um poema é algo meio complicado, mais eu


acredito que um poema é um texto que possui uma
linguagem, que provoca no leitor um sentimento
novo, uma emoção, pois o poeta apesar de falar de
algo que normalmente já é de conhecimento do leitor,
ele consegue, ver esse algo de uma maneira diferente,
ele exterioriza em suas palavras sentimentos que vão
fazer o leitor refletir sobre o que lê, e sentir emoções
quando lê.  
Mas a emoção transparece sempre no poema e ela
por muitas vezes da o tom, mas não pense que o
poema surge somente da emoção, pode surgir sim,
mas também pode ser digamos “encomendado”.
Quero dizer ele pode surgir da técnica, mas acredito
que o que o torna universal e eterno deva ser a
emoção, a inspiração inicial, ficando a técnica para
aparar as arestas e modelá-lo e não concluí-lo. 
Se o poema surge da emoção qualquer um de nós
pode escrever um poema sim, entretanto se
dominarmos a técnica isso tornará o trabalho mais
simples, deixando a emoção fluir com mais
facilidade, aí entra a inspiração, quero dizer, se
alguma coisa provoca uma emoção na gente, essa
emoção pode se transforma em inspiração, e se
deixarmos fluir surgirão lindos poemas, entretanto
precisamos depois aparar as arestas como disse
anteriormente.  
SONETO DE FIDELIDADE
Vinicius de Moraes

De tudo, ao meu amor serei atento


Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento


E em louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure


Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):


Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
 
Estoril, outubro de 1939
Na época medieval os poemas eram chamados de
cantigas e falavam de amor e cavalheirismo. 

“Senhora, partem tam tristes meus olhos por vós, meu bem, 
Que nunca tam tristes vistes outros nenhuns por ninguém” 

(João Roiz de Castelo Branco) 


 
Já no início da idade moderna, na época clássica, que
começa como o Renascimento, a poesia recorda a mitologia
Greco-romana  e tem forma métrica e rimas rígidas. 

“Amor é fogo que arde sem se ver; 


È ferida que dói e não se sente; 
É um contentamento descontente; 
É dor que desatina sem doer;”  
(Luís de Camões) 
Na época romântica, Grande parte da poesia mostra
sentimentalismo; dando mais importância aos sentimentos que a
razão. 

“ Donzela! Se tu quiseras ser a flor das primaveras que tenho no


coração!”

(Álvares de Azevedo) 
Na época moderna, os poemas romperam com a
métrica e com a rima tradicionais e tornaram-se livres. 

“Mundo mundo vasto mundo 


Se eu me chamasse Raimundo 
Seria uma rima, não seria uma solução.” 

 (Carlos Drummond de Andrade)


Na época contemporânea, claro interesse que demonstra nos recentes fenômenos
de massas como os quadrinhos, o cinema, a música pop, entre outros.

AMOR DE CARNAVAL

Eu preciso amar alguém,


Nem que por um segundo,
A sós, só nós, no nosso mundo,
Onde eu me esqueça de mim;
Esquecer a dor da ida,
Esquecer a dor do fim
E viver somente a sua vida
E esquecer-me da minha
Que, de tão só, solitária, mesquinha
E nada mais além.

(Filipe Boechat)
O que é Poesia? 
Retirado do livro Faraco e Moura 
 

Na escola, dona Nora estava num de seus dias mais felizes, porque adorava
cultura popular. Queria discutir com a turma, motivá-la, fazer com que
questionasse, criasse. 
Começou como quem não quer nada: 
─ Bem. Quem se lembra do enredo da escola de samba aí do morro? 
Luna sabia: 
─ “Poetas do meu Brasil”. 
─Muito bem. Agora vamos ver quem sabe o que é poeta? 
─ O que é poeta eu não sei direito ─ solta Neli. ─ Só sei que o Drummond
faz? 
─ E o que é que Drummond faz? 
─ Poesia ─ grita vitoriosa Nara. 
Para fazer uma poesia... 

João Carlos Mendes Luis 

Para fazer uma Poesia, 


   
Rimas          não são necessárias,  Pensamento é necessário, 
Versos          não são necessários,  Paixão é necessária, 
Métricas        não são necessárias,  Sentimento é necessário, 
Palavras         não são necessárias...  Amor...    Sem amor, nada seria
necessário... 
Pra Fazer um Poema 

Dickimson 

Pra fazer um poema,  E fantasia. 


Bastam algumas palavras  Só a fantasia chega 
E um pedaço de papel.  Se falta o papel. 
Palavras e papel   
Autopsicografia 

Fernando Pessoa 

O poeta é um fingidor.  Não as duas que ele teve, 


Finge tão completamente  Mas só a que eles não têm. 
Que chega a fingir que é dor   
A dor que deveras sente.  E assim nas calhas de roda 
  Gira, a entreter a razão, 
E os que leem o que escreve,  Esse comboio de corda 
Na dor lida sentem bem,  Que se chama coração. 
Poética 

Cassiano Ricardo 

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O que é a poesia?  O que é o Poeta? 
   
Uma ilha  Um Homem 
Cercada  Que trabalha o poema 
De palavras  Com o suor do seu rosto. 
Por todos  Um homem que tem fome 
Os lados.  como qualquer outro. 
Características do poema

O gênero lírico se expressa mais frequentemente por meio de


poemas. No entanto, é preciso lembrar que os gêneros épico e
dramático também se valem deles.
Os poemas se caracterizam pela exploração das muitas
possibilidades de efeitos de sentido que as palavras oferecem:
imagens são usadas para traduzir sentidos abstratos e únicos. Além
disso, as construções frasais, a sonoridade, a disposição das palavras
na página e a pontuação são recursos explorados para a obtenção de
efeitos expressivos.
Veja, a seguir, alguns dos elementos desse gênero textual.
Verso e estrofe

Embora existam poemas em prosa, os poemas são, com mais frequência,


escritos em versos, que são unidades rítmicas. Um conjunto de versos forma
uma estrofe.
Por muitos séculos, predominou a construção de poemas com estrofes
regulares, isto é, com o mesmo número de versos, mas, na poesia moderna, não
há uma regra fixa para a divisão de uma estrofe — em geral, os versos que a
compõem partilham relações de sentido e estão organizados em torno de uma
ideia.
Existem poemas que apresentam formas fixas. É o caso do soneto, formado
por dois quartetos e dois tercetos (estrofes de quatro e de três versos,
respectivamente), como o poema de Secchin
Ritmo e métrica

Os versos são formados por uma combinação de sons que obedecem a uma
certa regularidade. O efeito resultante da distribuição alternada de sílabas
fracas (átonas) e fortes (tônicas) dos versos de um poema denomina-se ritmo.
Por muitos séculos, a arte de fazer poemas consistia em escrevê-los dentro de
certas normas, como, por exemplo, com versos de mesma medida. A medida de
um verso corresponde ao número de sílabas métricas ou poéticas que ele
apresenta, e a técnica de decompô-lo chama-se escansão.
Veja um exemplo de escansão.

Me / ni / nos / e / ma / nhãs, / den / sas / lem / bran/ ças


que o / tem / po / con / ta / mi / naa / té / o / o/ sso,
fa / zen / do / da / me / mó / riaum / bal / de / ce/ go
Observe que, no segundo verso, “que” e “o” se “fundem”,
formando uma única sílaba métrica. O mesmo acontece com a
sílaba final de “contamina” e “a”. No primeiro caso, ocorre
uma sinalefa, porque as vogais formam um ditongo; no
segundo, uma elisão, porque uma das vogais desaparece.
A contagem segue as seguintes regras:
• contam-se as sílabas métricas somente até a sílaba tônica
(forte) da última palavra;
• faz-se a fusão sonora de vogais quando pronunciadas como
uma única sílaba (única emissão de voz), no encontro de duas
palavras: que + o ou contamina + a.
Os versos em que a métrica mantém regularidade
recebem o nome de versos regulares. Já os versos de
tamanhos variados são denominados versos livres. Em
função do número de sílabas, os versos classificam-se
em monossílabos, dissílabos, trissílabos, tetrassílabos,
pentassílabos (redondilha menor), hexassílabos,
heptassílabos (redondilha maior), octossílabos,
eneassílabos, decassílabos, hendecassílabos,
dodecassílabos (alexandrinos) e bárbaros (versos com
mais de 12 sílabas).
Rima

Como você já deve ter visto ao longo de sua vida


escolar, rimas são semelhanças sonoras entre as
terminações das palavras. Quando elas ocorrem no
fim dos versos, são chamadas de rimas externas;
quando ocorrem no interior dos versos, são chamadas
de internas (um exemplo é este verso de Alphonsus de
Guimaraens:
“Como são cheirosas as primeiras rosas”).
Convencionou-se atribuir uma mesma letra do
alfabeto aos versos com a mesma rima.

Veja sua distribuição nesta estrofe:

De chumbo eram somente dez soldados, a


plantados entre a Pérsia e o sono fundo, b
e com certeza o espaço dessa mesa c
era maior que o diâmetro do mundo. b
Quanto à sua distribuição no poema, as rimas podem ser
classificadas em:

• cruzadas ou alternadas: ABAB;


• emparelhadas ou geminadas: AABB;
• intercaladas ou interpoladas: ABBA;

• mescladas ou misturadas: não obedecem a um esquema


fixo. Quando não há rimas, os versos são denominados
versos brancos.
Recorrências

A rima não é o único recurso sonoro presente nos poemas.


Repetições de palavras, de frases e de versos — denominadas
recorrências — também são comuns nesse gênero textual. Observe
como esse recurso se apresenta no poema em prosa “Tudo escapa
aqui dentro”, do escritor paranaense contemporâneo Bruno Zeni.

A figura de linguagem anáfora consiste na repetição de uma ou


várias palavras no início de frases ou versos para enfatizar uma ideia
e provocar efeitos expressivos.
Tudo escapa aqui dentro Não sei se há remédio para esses
dias em que tudo escapa. Dias assim, o peito é como um
buraco negro que tudo atrai, com força descomunal. Um peito
que dói, quente e pulsante. A garganta obstruída de
expectativa frustrada. Não sei se há remendo, conserto, ajuste
— se há o que dê jeito. Se. Não são dias de choro ou
desespero, antes fossem. São de tensionamento e ansiedade.
Experiência fendida — eu a vejo em sua conformação de
fiapos de osso de fratura exposta.

ZENI, Bruno et al. Boa companhia: poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
No poema, repete-se a estrutura frasal “Não sei se há”, que
retorna desmembrada em “se há” e “se”. Essas recorrências
contribuem para intensificar o sentimento de angústia, de
vazio do eu lírico, pois sugerem que se trata de um sentimento
que não finda. Além disso, o desmembramento da estrutura
acaba por destacar a palavra “se”. O termo foi usado para
introduzir conteúdos que expressam a dúvida do eu lírico
(“não sei se há remédio”, “não sei se há remendo”, “se há o
que dê jeito”), mas, sozinho, parece mostrar que a dúvida se
estende a tudo.

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