Você está na página 1de 67

WELLINGTON SOARES é contista, cronista, agitador

cultural e principalmente PROFESSOR de Literatura há


mais de 30 anos.
Formou-se em Letras pela Universidade Federal do Piauí
e pós graduou-se pela PUC de MG.
No campo educacional, destaca-se pelo importante
trabalho de inclusão de estudantes da rede pública nas
universidades, idealizador dos Cursinhos Populares que
hoje é o Pré-Enem Seduc.

Como escritor publicou cinco livros:

Linguagem dos Sentidos (1992/ Conto)


Maçã Profanada (2003/ Conto)
Por um Triz (2007/ Crônica)
Um Beijo na Bunda (2011/ Crônica)
O Dia em que quase Namorei a Xuxa (2013/ Crônica)
Cu é Lindo (Crônicas/2016)

“Please don’t go everybory!”


2ª Fase do Modernismo Brasileiro (1930 – 1945) — Segunda Geração
Modernista
A SEGUNDA GERAÇÃO MODERNISTA – 1930 a
1945 – fase de consolidação

Na 2ª fase do modernismo brasileiro, há a


necessidade de estabelecer uma diferenciação
entre prosa e poesia, visto que a produção
poética e ficcional encerrou características
distintas de um modo geral.

Contexto histórico
• Crise de 1929: Quebra da Bolsa de Valores
de Nova Iorque
• Crise cafeeira
• Ascensão do Nazifascismo
• Combate ao Socialismo
NA POESIA
• A liberdade na forma e no tema;
• O gosto da expressão atualizada ou inventiva;
• O cotidiano, o sagrado e o sublime;
• A vanguarda, o moderno e o saudosismo;
• O cosmopolita e o regionalismo;
• O coloquialismo, o neologismo e o preciosismo;
• O amor, a paixão, a infância, a solidão, a
saudade e a sensualidade;
• A musicalidade, a religiosidade, o gauche;
• A preocupação com o efêmero e com o
momento que se vivia...

A geração de 30 aprimorou o Modernismo com


Vinícius de Moraes, Cecília Meireles, Jorge de
Lima, Murilo Mendes, Carlos Drummond de
Andrade, entre outros.
Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)
Natural de Itabira, MG, sua estreia deu-se em 1930, com Alguma poesia. O conjunto
de sua obra poética é complexo e vasto.
Sua carreira poética pode ser dividida em quatro fases. Cada uma delas é composta
por obras que nos permitem acompanhar a evolução de seus temas e sua visão de
mundo.
1ª fase: Eu maior que o mundo — marcada pela poesia irônica. Esta fase (a fase
gauche) tem como características o pessimismo, o isolamento, o individualismo e a
reflexão existencial. Daí os temas do cotidiano, da família, do isolamento, da
monotonia entediante das coisas e do viver, expressos numa linguagem coloquial
plena de ironia seca, sarcasmo e humor desencantado, onde sentimento e emoção
são refreados.
Obras: Alguma poesia, Brejo das almas e Sentimento do mundo.
2ª fase: Eu menor que o mundo — marcada pela poesia social. Esta fase é marcada
pela vontade do poeta de participar e tentar transformar o mundo. O poeta se
solidariza com os problemas do mundo. Deixa-se envolver pela realidade à sua volta
e canta a impotência e a solidão em um mundo mecânico, frio e político; a
decepção e a falta de perspectiva diante da fragmentação causada pela guerra; o
sofrimento e a solidariedade do ser humano brasileiro e universal. Temas estes
abordados em tons ora esperançosos, ora desesperançosos, com a mesma ironia,
humor e sobriedade.
Obras: José (1942) e Rosa do Povo (1945).
3ª fase: Eu igual ao mundo — abrange a poesia metafísica e a objectual.
Poesia metafísica. Afastando-se da ótica sociológico-realista e da representação social-concreta, o poeta volta-se para um
simbolismo abstrato. Seu lirismo filosófico reveste-se de um “classicismo moderno”, em que o poeta concentra-se na
escavação do real, mediante um processo de interrogações e negações que acabam revelando o vazio existencial. O
mundo apresenta-se como “um vácuo atormentado”, abolindo toda a crença e negando toda a esperança possível.
Obras: Novos poemas, Claro enigma, Fazendeiro do ar e A vida passada a limpo.

Poesia objetual. Representando uma ruptura em relação à fase anterior, o poeta abandona a forma fixa, utilizando o verso
que tem apenas a medida e o impulso determinados pela coisa poética a exprimir. Essa atitude lúdica, a opção concreto-
formalista que o poeta agora realiza é uma radicalização de processos estruturais que sempre marcaram seu modo de
escrever: a preferência pelo prosaico, pelo irônico, pelo anti-retórico, pelo antilirismo intencional, acrescido agora de uma
exploração dos elementos materiais da palavra (a letra impressa, o som, a disposição espacial).
Obra: Lição de coisas.

A fase final. Em suas últimas produções, o lirismo de Drummond não assume uma tendência definida ou unidirecional. O
poeta reelabora alguns temas e formas dos primeiros livros, mas também acrescenta algumas vertentes novas: a poesia de
circunstância e o erotismo. Como o próprio nome já diz, as obras desta fase (década de 70 e 80), são cheias de
recordações do poeta. Os temas infância e família são retomados e aprofundados além dos temas universais já discutidos
anteriormente.
Obras: Boitempo, A falta que ama, Menino antigo, Esquecer para lembrar, A paixão medida, Corpo, Amar se aprende
amando, Amor natural.
TEMAS TÍPICOS DA POESIA DE DRUMMOND

- O Indivíduo: "um eu todo retorcido". O eu lírico na poesia de Drummond


é complicado, torturado, estilhaçado. Vale ressaltar que o próprio autor já
se definia no primeiro poema de seu primeiro livro (Alguma Poesia) como
um gauche, ou seja, alguém desajeitado, deslocado, tímido, posição que
marca presença em toda sua obra.
- A Terra Natal: a relação com o lugar de origem, que o indivíduo deixa
para se formar.
- A Família: o indivíduo interroga, sem alegria e sem sentimentalismo, a
estranha realidade familiar, a família que existe nele próprio.
- Os Amigos: "cantar de amigos" (título que parafraseia com as Cantigas de
Amigo). Homenagens a figuras que o poeta admira, próximas ou distantes,
de Mário de Andrade a Manuel Bandeira, de Machado de Assis a Charles
Chaplin.
- O Choque Social: o espaço social onde se expressa o indivíduo e as suas
limitações face aos outros.
- O Amor: nada romântico ou sentimental, o amor em Drummond é uma
amarga forma de conhecimento dos outros e de si próprio
- A Poesia: o fazer poético aparece como reflexão ao longo da sua poesia.
- Exercícios lúdicos, ou poemas-piada: jogos com palavras, por vezes de
aparente inocência naïf.
- A Existência: a questão de estar-no-mundo.
Quadrilha
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili,
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.

No Meio do Caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
CECÍLIA MEIRELES
A carioca Cecília Meireles (1901-1964), responsável por
uma poesia intensa, intimista e visceral é, sem dúvida,
uma das maiores escritoras da literatura brasileira.

Seus poemas, extremamente musicais, não estavam


filiados a nenhum movimento literário específico,
embora a maioria dos críticos rotule a escritora como
pertencendo à segunda geração do modernismo
brasileiro. Entre os seus temas mais frequentes estão o
isolamento, a solidão, a passagem do tempo, a
efemeridade da vida, a identidade, o abandono e a
perda.

Cecília passeou por entre o jornalismo, a crônica, o


ensaio, a poesia e a literatura infantil. Suas palavras vêm
encantando gerações e serão aqui por nós lembradas.
Motivo Retrato Canção
Eu canto porque o instante existe Eu não tinha este rosto de hoje, Nunca eu tivera querido
e a minha vida está completa. Assim calmo, assim triste, assim dizer palavra tão louca:
Não sou alegre nem sou triste: magro, bateu-me o vento na boca,
sou poeta. Nem estes olhos tão vazios, e depois no teu ouvido.
Nem o lábio amargo. Levou somente a palavra,
Irmão das coisas fugidias, deixou ficar o sentido.
não sinto gozo nem tormento. Eu não tinha estas mãos sem O sentido está guardado
Atravesso noites e dias força, no rosto com que te miro,
no vento. Tão paradas e frias e mortas; neste perdido suspiro
Eu não tinha este coração que te segue alucinado,
Se desmorono ou se edifico, Que nem se mostra. no meu sorriso suspenso
se permaneço ou me desfaço, como um beijo malogrado.
— não sei, não sei. Não sei se fico Eu não dei por esta mudança, Nunca ninguém viu ninguém
ou passo. Tão simples, tão certa, tão fácil: que o amor pusesse tão triste.
— Em que espelho ficou Essa tristeza não viste,
Sei que canto. E a canção é tudo. perdida e eu sei que ela se vê bem...
Tem sangue eterno a asa ritmada. a minha face? Só se aquele mesmo vento
E um dia sei que estarei mudo: fechou teus olhos, também...
— mais nada.
VINICIUS DE MORAES

Vinicius de Moraes (19 de outubro de 1913 - 9 de julho


de 1980) foi um dos maiores criadores da cultura
brasileira. Escritor, letrista, diplomata, dramaturgo,
crítico de cinema, o legado deixado pelo poetinha é de
valor inestimável.

É legítimo afirmar que a sua produção poética foi


bastante voltada para o tema do amor, embora nas suas
obras também seja possível encontrar uma meta-escrita
ou até mesmo uma escrita engajada, preocupada com os
problemas políticos e sociais do mundo.

Com uma linguagem extremamente acessível, sedutora e


cotidiana, Vinicius de Moraes vem encantando leitores
ao longo de diversas gerações.
Soneto de fidelidade Soneto do amor total
De tudo ao meu amor serei atento Amo-te tanto, meu amor… não cante
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto O humano coração com mais verdade…
Que mesmo em face do maior encanto Amo-te como amigo e como amante
Dele se encante mais meu pensamento. Numa sempre diversa realidade

Quero vivê-lo em cada vão momento Amo-te afim, de um calmo amor prestante,
E em seu louvor hei de espalhar meu canto E te amo além, presente na saudade.
E rir meu riso e derramar meu pranto Amo-te, enfim, com grande liberdade
Ao seu pesar ou seu contentamento Dentro da eternidade e a cada instante.

E assim, quando mais tarde me procure Amo-te como um bicho, simplesmente,


Quem sabe a morte, angústia de quem vive De um amor sem mistério e sem virtude
Quem sabe a solidão, fim de quem ama Com um desejo maciço e permanente.

Eu possa me dizer do amor (que tive): E de te amar assim muito e amiúde,


Que não seja imortal, posto que é chama É que um dia em teu corpo de repente
Mas que seja infinito enquanto dure. Hei de morrer de amar mais do que pude.
A PROSA DE 30

• URBANA - Cultivada desde o Romantismo, a prosa


urbana desse período focaliza o homem/meio e
homem/sociedade. Autores principais: Érico
Veríssimo, O TEMPO E O VENTO.

• REGIONALISTA – Predomina a denúncia das


injustiças sociais e dos problemas econômicos do
Nordeste, o drama dos retirantes da seca e a vida
sofrida da população pobre. O romance social
nordestino, de linha neorrealista, reúne a produção
literária mais importante da segunda fase do
Modernismo.
A publicação de A bagaceira, de José Américo de
Almeida, em 1928, é o marco inicial dessa
tendência. Destacam-se, na produção em prosa, os
autores: Rachel de Queiroz; Jorge Amado; José Lins
do Rego; Érico Veríssimo e Graciliano Ramos.
AS NARRAÇÕES APRESENTAM:
• PERSONAGEM: Sob a perspectiva
psicológica;
• TEMÁTICA: Denúncia da realidade agrária no
Brasil;
• LINGUAGEM: Mais tradicional, com a
presença de vocábulos regionais, mistura de
norma padrão e não-padrão.

DESTACA-SE GRACILIANO RAMOS:


• RETRATO DO UNIVERSO SERTANEJO
(NORDESTINO)
As personagens servem para retratar a
realidade coletiva.
ANÁLISE PSICOLÓGICA - Latifundiário
(fazendeiro), autoritário, banalizado pelo
meio.
Ex: São Bernardo -“Paulo Honório”
ANÁLISE SOCIOLÓGICA: Caboclo limitado
intelectualmente e explorado socialmente.
Ex.: Vidas Secas – “Fabiano”
“Caiu antes de alcançar essa cova arredada. Tentou erguer-se, endireitou a cabeça e estirou as pernas dianteiras, mas o resto
do corpo ficou deitado de banda. Nesta posição torcida, mexeu-se a custo, agarrando-se nos seixos miúdos. Afinal
esmoreceu e aquietou-se junto às pedras onde os meninos jogavam cobras mortas.

Uma sede horrível queimava-lhe a garganta. Procurou ver as pernas e não as distinguiu: um nevoeiro impedia-lhe a visão.
Pôs-se a latir e desejou morder Fabiano. Realmente não latia: uivava baixinho, e os uivos iam diminuindo, tornavam-se quase
imperceptíveis. (…)

Abriu os olhos a custo. Agora havia uma grande escuridão, com certeza o sol desaparecera.

Os chocalhos das cabras tilintaram para os lados do rio, o fartum do chiqueiro espalhou-se pela vizinhança.

Baleia assustou-se. Que faziam aqueles animais soltos de noite? A obrigação dela era levantar-se, conduzi-los ao bebedouro.
Franziu as ventas, procurando distinguir os meninos. Estranhou a ausência deles.

Não se lembrava de Fabiano. Tinha havido um desastre, mas Baleia não atribuía a esse desastre a impotência em que se
achava nem percebia que estava livre de responsabilidades. Uma angústia apertou-lhe o pequeno coração. Precisava vigiar
as cabras: àquela hora cheiros de suçuarana deviam andar pelas ribanceiras, rondar as moitas afastadas. Felizmente os
meninos dormiam na esteira, por baixo do caritó onde sinhá Vitória guardava o cachimbo. (…)

Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num mundo cheio de preás. E lamberia as mãos de Fabiano, um Fabiano enorme. As
crianças se espojariam com ela, rolariam com ela num pátio enorme, num chiqueiro enorme. O mundo ficaria todo cheio de
preás, gordos, enormes.”
01. (UEL-PR) Na década de 30 do nosso século:

A) o Modernismo viu esgotados seus ideais, com a retomada de uma prosa e de uma poesia
de caráter conservador.

B) a poesia se renovou significativamente, graças a poetas como Carlos Drummond de


Andrade e Murilo Mendes.

C) não houve surgimento de grandes romancistas, o que só viria a ocorrer na década


seguinte.

D) predominou, ainda, o ideário modernista dos primeiros momentos, sendo central a figura
de Graça Aranha.

E) a poesia abandonou de vez o emprego do verso, substituindo-o pela composição de


palavras soltas no espaço da página.
GABARITO: B
02. (PUCC-SP) O modo típico de um escritor regionalista da década de 30 conceber a personagem pode ser
exemplificado pela caracterização de:

A) Policarpo Quaresma, "um visionário", patriota ferrenho, nacionalista extremado, que propugna pela
instauração do tupi como língua oficial e pela recuperação do folclore nacional.

B) Aurélia, moça órfão que foi proclamada a "rainha dos salões fluminenses", deusa dos bailes, a musa dos
poetas e o ídolo dos noivos em disponibilidade.

C) João Romão, que possuía uma "moléstia nervosa, uma loucura, um desespero de acumular", denunciada
imediatamente por seu físico: "um baixote, socado, cabelos à escovinha, a barba sempre por fazer".

D) Paulo Honório, de origem humilde, que se fez rico e poderoso proprietário, em desafio ostensivo aos
valores tradicionais de uma sociedade rural, patriarcalista e latifundiária, em resistência às pressões da
natureza.

E) Antônio Maciel, o Conselheiro, que, com seus jagunços – produtos inevitáveis de um conjunto de fatores
geográficos, raciais e históricos –, defende seu reduto até seu aniquilamento pelas Forças Armadas.
GABARITO:D
03. (ENEM) “No decênio de 1870, Franklin Távora defendeu a tese de que no Brasil havia duas literaturas independentes
dentro da mesma língua: uma do Norte e outra do Sul, regiões segundo ele muito diferentes por formação histórica,
composição étnica, costumes, modismos linguísticos etc. Por isso, deu aos romances regionais que publicou o título geral de
Literatura do Norte. Em nossos dias, um escritor gaúcho, Viana Moog, procurou mostrar com bastante engenho que no
Brasil há, em verdade, literaturas setoriais diversas, refletindo as características locais.”

(CANDIDO, A. A nova narrativa. A educação pela noite e outros ensaios. São Paulo: Ática, 2003.)

Com relação à valorização, no romance regionalista brasileiro, do homem e da paisagem de determinadas regiões nacionais,
sabe-se que:

A) o romance do Sul do Brasil se caracteriza pela temática essencialmente urbana, colocando em relevo formação do
homem por meio da mescla de características locais e dos aspectos culturais trazidos de fora pela imigração
europeia.
B) José de Alencar, representante, sobretudo, do romance urbano, retrata a temática da urbanização das cidades brasileiras
e das relações conflituosas entre as raças.
C) o romance do Nordeste caracteriza-se pelo acentuado realismo no uso do vocabulário, pelo temário local, expressando a
vida do homem em face da natureza agreste, e assume frequentemente o ponto de vista dos menos favorecidos.
D) a literatura urbana brasileira, da qual um dos expoentes é Machado de Assis, põe em relevo a formação do homem
brasileiro, o sincretismo religioso, as raízes africanas e indígenas que caracterizam o nosso povo.
E) Érico Veríssimo, Rachel de Queiroz, Simões Lopes Neto e Jorge Amado são romancistas das décadas de 30 e 40 do século
XX, cuja obra retrata a problemática do homem urbano em confronto com a modernização do país promovida pelo Estado
Novo. GABARITO: C
Ai, palavras, ai, palavras 04. (ENEM) O fragmento destacado foi transcrito do
que estranha potência a vossa! Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles.
Todo o sentido da vida Centralizada no episódio histórico da Inconfidência
principia a vossa porta: Mineira, a obra, no entanto, elabora uma reflexão mais
o mel do amor cristaliza ampla sobre a seguinte relação entre o homem e a
seu perfume em vossa rosa; linguagem:
sois o sonho e sois a audácia,  A) A força e a resistência humanas superam os danos
calúnia, fúria, derrota... provocados pelo poder corrosivo das palavras.
A liberdade das almas, B) As relações humanas, em suas múltiplas esferas, têm
ai! Com letras se elabora... seu equilíbrio vinculado ao significado das palavras.
E dos venenos humanos C) O significado dos nomes não expressa de forma justa e
sois a mais fina retorta: completa a grandeza da luta do homem pela vida.
frágil, frágil, como o vidro D) Renovando o significado das palavras, o tempo
e mais que o aço poderosa! permite às gerações perpetuar seus valores e suas
Reis, impérios, povos, tempos, crenças.
pelo vosso impulso rodam... E) Como produto da criatividade humana, a linguagem
tem seu alcance limitado pelas intenções e gestos.
MEIRELES, C. Obra poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar,
1985 (fragmento). GABARITO: B
ENEM
Verbo ser
QUE VAI SER quando crescer? Vivem perguntando em redor. Que é ser? É ter um corpo, um jeito, um nome?
Tenho os três. E sou? Tenho de mudar quando crescer? Usar outro nome, corpo e jeito? Ou a gente só
principia a ser quando cresce? É terrível, ser? Dói? É bom? É triste? Ser: pronunciado tão depressa, e cabe
tantas coisas? Repito: ser, ser, ser. Er. R. Que vou ser quando crescer? Sou obrigado a? Posso escolher? Não dá
para entender. Não vou ser. Não quero ser. Vou crescer assim mesmo. Sem ser. Esquecer.

ANDRADE, C. D. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992.

05. A inquietação existencial do autor com a autoimagem corporal e a sua corporeidade se desdobra em
questões existenciais que têm origem

A) no conflito do padrão corporal imposto contra as convicções de ser autêntico e singular.


B) na aceitação das imposições da sociedade seguindo a influência de outros.
C) na confiança no futuro, ofuscada pelas tradições e culturas familiares.
D) no anseio de divulgar hábitos enraizados, negligenciados por seus antepassados.
E) na certeza da exclusão, revelada pela indiferença de seus pares GABARITO: A
MODERNISMO - GERAÇÃO DE 45
A terceira geração modernista nasce no contexto pós 2ª Guerra Mundial
e, no Brasil, depois da ditadura Vargas. Os novos tempos são de Guerra
Fria e governo JK. Nesse cenário, vão surgir escritores que exploram a
forma literária, tanto em prosa quanto em poesia, sob novos parâmetros,
além de aprofundarem os conteúdos de conteúdo inovadores.

Há, em meio à crítica literária, quem considere que, nessa geração, não
mais se trata de Modernismo, denominando seus autores, por vezes, de
pós-modernistas. Vê-se, de fato, nessa fase, um apuro e rigor formal
menos afeito ao padrão estético instaurado pelos escritores de 22.

Os nomes de maior expressão desse momento são:


João Cabral de Melo Neto (1920-1999)
Clarice Lispector (1920-1977)
João Guimarães Rosa (1908-1967)
Ariano Suassuna (1927)
Lygia Fagundes Telles (1923)
Mário Quintana (1906-1994)
PRINCIPAIS AUTORES

01. JOÃO CABRAL DE MELO NETO (1920-1999)

Considerado o "poeta engenheiro", João Cabral


foi um dos mais proeminentes autores da
Geração de 45. Como um engenheiro, sua obra
foi construída de maneira racional e
equilibrada.

Grande destaque na poesia, sua obra mais


emblemática é “Morte e Vida Severina” (1955)
com temática nordestina. Nela, o autor faz uma
crítica social sobre os problemas vividos pelos
retirantes no interior do nordeste.
O RETIRANTE EXPLICA AO LEITOR QUEM É E A QUE VAI

— O meu nome é Severino,


como não tenho outro de pia. Vejamos: é o Severino
Como há muitos Severinos, da Maria do Zacarias,
que é santo de romaria, lá da serra da Costela,
deram então de me chamar limites da Paraíba.
Severino de Maria; Mas isso ainda diz pouco:
como há muitos Severinos se ao menos mais cinco havia
com mães chamadas Maria, com nome de Severino
fiquei sendo o da Maria filhos de tantas Marias
do finado Zacarias. mulheres de outros tantos,
Mais isso ainda diz pouco: já finados, Zacarias,
há muitos na freguesia, vivendo na mesma serra
por causa de um coronel magra e ossuda em que eu vivia.
que se chamou Zacarias
e que foi o mais antigo (Trecho da obra "Morte e Vida Severina")
senhor desta sesmaria.
Como então dizer quem falo
ora a Vossas Senhorias?
02. CLARICE LISPECTOR (1920-1977)

Clarice Lispector, nascida Chaya Pinkhasovna Lispector,


foi uma escritora e jornalista ucraniana naturalizada
brasileira. Autora de romances, contos e ensaios, é
considerada uma das escritoras brasileiras mais
importantes do século XX e a maior escritora judia desde
Franz Kafka. Com sua literatura intimista, a produção de
Clarice é marcada por obras introspectivas de caráter
psicológico e subjetivo. Destaca-se “A Hora da Estrela”
(1977), última obra produzida pela escritora.
Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e
nasceu a vida. Mas antes da pré-história havia a pré-história da pré-história e havia
o nunca e havia o sim. Sempre houve. Não sei o quê, mas sei que o universo
jamais começou.

Que ninguém se engane, só consigo a simplicidade através de muito trabalho.

Enquanto eu tiver perguntas e não houver resposta continuarei a escrever. Como


começar pelo início, se as coisas acontecem antes de acontecer? Se antes da pré-
pré-história já havia os monstros apocalípticos? Se esta história não existe passará
a existir. Pensar é um ato. Sentir é um fato. Os dois juntos – sou eu que escrevo o
que estou escrevendo. Deus é o mundo. A verdade é sempre um contato interior
inexplicável. A minha vida a mais verdadeira é irreconhecível, extremamente
interior e não tem uma só palavra que a signifique. Meu coração se esvaziou de
todo desejo e reduz-se ao próprio último ou primeiro pulsar. A dor de dentes que
perpassa esta história deu uma fisgada funda em plena boca nossa. Então eu canto
alto agudo uma melodia sincopada e estridente – é a minha própria dor, eu que
carrego o mundo e há falta de felicidade. Felicidade? Nunca vi palavra mais doida,
inventada pelas nordestinas que andam por aí aos montes.
(Trecho da obra "A Hora da Estrela")
03. JOÃO GUIMARÃES ROSA (1908-1967)

João Guimarães Rosa foi um escritor, diplomata, novelista,


romancista, contista e médico brasileiro, considerado por
muitos o maior escritor brasileiro do século XX e um dos
maiores de todos os tempos.

Com sua prosa regionalista, destaca-se o “Grande Sertão


Veredas” (1956). Nela, o poeta recria os costumes do
sertanejo e a fala dos personagens por meio da linguagem
regionalista, popular e coloquial.
ESCREVEU:
Sagarana, contos, 1946; Corpo de Baile, novela, 1956
Grandes Sertões: Veredas, romance, 1956; Primeiras Estórias, contos,
1962; Tutameia, contos, 1967; Estas Estórias, contos, 1969 (Obra
póstuma); Ave, Palavra, 1970 (Obra póstuma); Magma, contos, 1997
(Obra póstuma).
“Diadorim e eu, nós dois. A gente dava passeios. Com assim, a
gente se diferenciava dos outros - porque jagunço não é muito de
conversa continuada nem de amizades estreitas: a bem eles se
misturam e desmisturam, de acaso, mas cada um é feito um por si.
De nós dois juntos, ninguém nada não falava. Tinham a boa
prudência. Dissesse um, caçoasse, digo -podia morrer. Se
acostumavam de ver a gente parmente. Que nem mais maldavam.
E estávamos conversando, perto do rego -bicame de velha fazenda,
onde o agrião dá flor. Desse lusfús, ia escurecendo. Diadorim
acendeu um foguinho, eu fui buscar sabugos. Mariposas passavam
muitas, por entre as nossas caras, e besouros graúdos esbarravam.
Puxava uma bris-brisa. O ianso do vento revinha com o cheiro de
alguma chuva perto. E o chiim dos grilos ajuntava o campo, aos
quadrados. Por mim, só, de tantas minúcias, não era o capaz de me
alembrar, não sou de à parada pouca coisa; mas a saudade me
alembra. Que se hoje fosse. Diadorim me pôs o rastro dele para
sempre em todas essas quisquilhas da natureza. Sei como sei. Som
como os sapos sorumbavam. Diadorim, duro sério, tão bonito, no
relume das brasas.” (Trecho da obra "Grande Sertão: Veredas")
ENEM / 2018 / PRIMEIRO DIA / CADERNO AZUL

ROSA, R. Grande sertão: veredas: adaptação da obra de


João Guimarães Rosa.
São Paulo: Globo, 2014 (adaptado).
06. A imagem integra uma adaptação em quadrinhos da obra Grande sertão: veredas, de
Guimarães Rosa. Na representação gráfica, a inter-relação de diferentes linguagens
caracteriza-se por

A) romper com a linearidade das ações da narrativa literária.


B) ilustrar de modo fidedigno passagens representativas da história.
C) articular a tensão do romance à desproporcionalidade das formas.
D) potencializar a dramaticidade do episódio com recursos das artes visuais.
E) desconstruir a diagramação do texto literário pelo desequilíbrio da composição.

GABARITO: D
07. (PUCC-SP) Guimarães Rosa – numa linguagem em que a palavra é valorizada não só pelo seu significado, como também
pelos seus sons e formas – tomou um tipo humano tradicional em nossa ficção, o jagunço, e transportou-o, além do
documento, até a esfera onde os tipos literários passam a representar os problemas comuns da nossa humanidade.

Exemplifica as palavras acima o trecho de Guimarães Rosa:

A) "O chefe disse: me traga esse homem vivo, seu Getúlio. Quero o bicho vivão aqui e, pulando. O homem era valente, quis
combate, mas a subaqueira dele anganchou a arma, de sorte que foi o fim dele. Uma parabelada no focinho, passarinhou
aqui e ali e parou."
B) "À sua audácia e atrocidade deve seu renome este herói legendário para o qual não achamos par nas crônicas
provinciais. Durante muitos anos, ouvindo suas mães ou suas aias cantarem as trovas comemorativas da vida e morte desse
como Cid, ou Robin Hood pernambucano, os meninos tomados de pavor adormeceram mais depressa do que se lhes
contassem as proezas do lobisomem ou a história do negro do surrão muito em voga entre o povo naqueles tempos."
C) "João Miguel sentiu na mão que empunhava a faca a sensação fofa de quem fura um embrulho. O homem, ferido no
ventre, caiu de borco, e de sob ele um sangue grosso começou a escorrer sem parar, num riacho vermelho e morno,
formando poças encarnadas nas anfractuosidades do ladrilho."
D) "Qu'é que me acuava? Agora, eu velho, vejo: quando cogito, quando relembro, conheço que naquele tempo eu girava
leve demais, e assoprado. Deus deixou. Deus é urgente sem pressa. O sertão é dele. Eh! – o que o senhor quer indagar, eu
sei. Porque o senhor está pensando alto, em quantidades. Eh. Do demo?"
E)"O tiroteio começou. A princípio ralo, depois mais cerrado. O padre olhava para seu velho relógio: uma da madrugada.
Apagou a vela e ficou escutando. Havia momentos de trégua, depois de novo recomeçavam os tiros. E assim o combate
continuou madrugada adentro. O dia raiava quando lhe vieram bater à porta. Foi abrir. Era um oficial dos farrapos cuja
barba negra contrastava com a palidez esverdinhada do rosto." GABARITO: D
08. (PUCC-SP) "Sertão. Sabe o senhor: o sertão é onde o pensamento da gente se forma mais forte
do que o poder do lugar. Viver é muito perigoso."

Pelo fragmento acima, de Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa, percebemos que neste
romance, como em outros textos regionalistas do autor:

A) o conflito entre o eu e o mundo se realiza pela interação entre as personagens e o sertão, que
acaba por ser mítico e metafísico.

B) o sertão é um lugar perigoso, onde os habitantes sofrem as agressões do meio hostil e adverso à
sobrevivência humana.

C) não existe uma região a que geograficamente se possa chamar "sertão": ela é fruto da projeção
do inconsciente das personagens.

D) a periculosidade da vida das personagens está circunscrita ao meio físico e social em que vivem.

E) há um conceito muito restrito de sertão, reduzido a palco de luta entre bandos de jagunços.
GABARITO: C
09. (UFOP-MG) Assinale a alternativa que apresenta João Cabral de melo Neto como "um
poeta cuja poesia versa constantemente sobre o próprio fazer poético".

A) "A luta branca sobre o papel/ que o poeta evita,/ luta branca onde corre o sangue/ de
suas veias de água salgada".

B) "Nas praias do Nordeste, tudo padece/ com a ponta de finíssimas agulhas:/primeiro com
as agulhas de luz."

C) "O que o mar não aprende do Canavial:/ a veemência passional da preamar;/ a mão-de-
pilão das ondas na areia,/ moída e miúda, pilada do que pilar."

D) "(O sol em Pernambuco leva dois sóis,/ sol de dois canos, de tiro repetido;/ o primeiro
dos dois, o fuzil de fogo, / incendeia a terra: tiro de inimigo.)"

E) "Os rios, de tudo o que existe vivo, /vivem a vida mais definida e clara."
GABARITO: A
10. (UFRS) O romance de Clarice Lispector:

A) filia-se à ficção romântica do século XIX, ao criar heroínas idealizadas e mitificar a figura
da mulher.

B) define-se como literatura feminista por excelência, ao propor uma visão da mulher
oprimida num universo masculino.

C) prende-se à crítica de costumes, ao analisar com grande senso de humor uma sociedade
urbana em transformação.

D) explora até às últimas conseqüências, utilizando embora a temática urbana, a linha do


romance neonaturalista da geração de 30.

E) renova, define e intensifica a tendência introspectiva de determinada corrente de ficção


da segunda geração modernista.
GABARITO: E
Hildalene Pinheiro é natural de Poção de
Pedras, MA, mas adotou o Piauí como sua terra
natal, onde mora há mais de 30 anos.

“Terra para se amar com o grande amor que


tenho...”

Formada em Letras, pela Universidade Federal


do Piauí, atua na área de Literatura e Língua
Portuguesa nas escolas da rede pública e
privada.

É professora do Canal Educação e


coordenadora do Projeto Pré-Enem Seduc, com
o qual colabora desde 2009.
COMPETÊNCIA 09: TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO (TIC’s)

O QUE O ENEM ESPERA DE SEUS CANDIDATOS NA ÁREA DE LINGUAGENS:


Competência 1: Dominar linguagens
O primeiro eixo prevê “dominar a norma culta da Língua Portuguesa e fazer uso das linguagens matemática,
artística e científica e das línguas espanhola e inglesa”. Ou seja: a palavra “linguagem” é usada aqui em sentido
amplo, não se restringindo apenas à escrita. Inclui também a compreensão de diagramas, gráficos, ilustrações,
quadrinhos, pinturas, charges etc.

HABILIDADES DESENVOLVIDAS NA AULA DE HOJE:


1 - Aplicar a comunicação e as tecnologias da comunicação e da informação na escola, no trabalho e em outros
contextos relevantes para sua vida;
2 - Compreender e usar os sistemas simbólicos das diferentes linguagens como meios de organização cognitiva
da realidade pela constituição de significados, expressão, comunicação e informação;
3 - Entender os princípios, a natureza, a função e o impacto das tecnologias da comunicação e da informação na
sua vida pessoal e social, no desenvolvimento do conhecimento, associando-o aos conhecimentos científicos, às
linguagens que lhes dão suporte, às demais tecnologias, aos processos de produção e aos problemas que se
propõem solucionar.
COMPETÊNCIA 9: DA TECNOLOGIA
INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO; GÊNEROS
DIGITAIS; TEXTOS DIGITAIS E RECURSOS
EXPRESSIVOS DA LINGUAGEM DIGITAL:

A Tecnologia da informação e da comunicação (TIC) é um


conjunto de recursos tecnológicos, utilizados de forma
integrada, com um objetivo comum: facilitar a comunicação e
o alcance de um público comum.

As TICs são utilizadas das mais diversas formas, na indústria


(no processo de automação), no comércio (no gerenciamento,
nas diversas formas de publicidade), no setor de
investimentos (informação simultânea, comunicação
imediata) e na educação (no processo de ensino
aprendizagem, na Educação a Distância).

A internet popularizou e potencializou os novos sistemas de


comunicação e informação, criando uma verdadeira rede
(net).
Imagem disponível em:
https://issuu.com/monicasmenslin/docs/como_potencializar_as_tic_na_aprendiz
agem
A chegada das tecnologias de informação e comunicação (TIC) na escola evidencia desafios e problemas
relacionados aos espaços e a os tempos que o uso das tecnologias novas e convencionais provoca nas práticas
que ocorrem no cotidiano da escola.

Para entendê-los e superá-los é fundamental reconhecer as potencialidades das tecnologias disponíveis e a


realidade em que a escola se encontra inserida, identificando as características do trabalho pedagógico que nela
se realizam, de seu corpo docente e discente, de sua comunidade interna e externa.

Esse reconhecimento favorece a incorporação de diferentes tecnologias (computador, Internet, TV, vídeo...)
existentes na escola à prática pedagógica e a outras atividades escolares nas situações em que possam trazer
contribuições significativas.

As tecnologias são utilizadas de acordo com os propósitos educacionais e as estratégias mais adequadas para
propiciar ao aluno a aprendizagem, não se tratando da informatização do ensino,que reduz as tecnologias a
meros instrumentos para instruir o aluno.

No processo de incorporação das tecnologias na escola, aprende-se a lidar com a diversidade, a abrangência e a
rapidez de acesso às informações, bem como com novas possibilidades de comunicação e interação, o que
propicia novas formas de aprender, ensinar e produzir conhecimento, que se sabe incompleto, provisório e
complexo.
O GÊNERO DIGITAL

O advento da internet fez surgir novos gêneros textuais,


agora chamados de gênero digital.

Criações como o e-mail, o chat, os fóruns, a agenda de


grupo online, comunidades virtuais, web cam, entre
outros, revolucionaram os relacionamentos humanos.

A democratização da informação, aliada a inclusão


digital, pode se tornar um marco dessa civilização.
Contudo, é necessário que se diferencie informação de
conhecimento.

Algumas de suas principais características são:

•Produção de textos mais curtos e diretos; Imagem disponível em:


•Diálogo entre elementos verbais e não verbais; http://itcore.com.br/tecnologia-atrai-de-novos-alunos/
•Uso de recursos audiovisuais e a presença de
hipertextos.
•Abreviaturas e linguagem interativa.
COMUNICAÇÃO
VÍDEOS
Imagem disponível em:
https://www.vox.com/2015/9/3/11618292
/book-excerpt-business-model-
transformation
Essas inovações fizeram com que novos gêneros surgissem, como: blog, chat, email, perfil
de rede social, status de perfil em rede social, meme, post, legenda, compartilhamento,
quadrinhos, pintura, montagens, entre outros.
EXEMPLO DE MEME:
Em 2016 a atriz global Glória Pires foi convidada a comentar a Festa do Oscar, transmitida ao vivo para todo o Brasil pela
Rede Globo. Os comentários da atriz, que demonstrava não conhecer os indicados viralizaram na internet, logo ela se tornou
um MEME.

O que o ENEM espera do aluno


com relação às TICs é que ele
além de reconhecer sua
diversidade, características e
funções, saiba usá-las em seu
favor com responsabilidade,
moderação e reconhecendo o
limite entre o que é LEGAL e o
que é CRIME VIRTUAL.
DIFERENÇA ENTRE QUESTÃO E ITEM

Os termos “questão” e “item” são utilizados como sinônimo para designar uma pergunta feita
em prova ou exercício. Mas, o que muitos não sabem é que “item” e “questão” são termos
que remetem a conceitos e técnicas distintas.

QUESTÃO

Refere-se a perguntas, é uma prática educativa desenvolvida desde Aristóteles. Na questão


os alunos são estimulados a pensar por meio de uma pergunta. Desse modo, só seria possível
considerar como questão o item cujo enunciado fosse uma interrogativa direta, marcada com
ponto de interrogação. Na elaboração de uma questão é importante não subestimar a
capacidade reflexiva do aluno. A questão tem como função na avaliação escolar a fixação de
conteúdos.

A questão pode ser OBJETIVA ou DISCURSIVA.


COMO É ELABORADO UM ITEM ENEM?

Um item é composto por 3 elementos: texto-base (suporte), enunciado e alternativas de respostas,


que podem ser distratores ou o gabarito:

Texto-base: Motiva ou compõe a situação-problema a ser formulada no item a partir da utilização de


um ou mais textos-base (textos verbais e não verbais, como imagens, figuras, tabelas, gráficos ou
infográficos, esquemas, quadros, experimentos, entre outros), que poderão ser de dois tipos: (i)
formulados pelo próprio elaborador para o contexto do item e (ii) referenciados por publicações de
apropriação pública.

Enunciado: O enunciado constitui-se de uma ou mais orações e não deve apresentar informações
adicionais ou complementares ao texto-base; ao contrário, deverá considerar exatamente a totalidade
das informações previamente oferecidas. No enunciado, inclui-se uma instrução clara e objetiva da
tarefa a ser realizada pelo participante do teste. Essa instrução poderá ser expressa como pergunta ou
frase a ser completada pela alternativa correta.

Alternativas de resposta: Alternativas são possibilidades de respostas para a situação-problema


apresentada, dividindo-se em gabarito e distratores.
GABARITO: O gabarito indica, inquestionavelmente, a única alternativa correta que responde à situação-
problema proposta.

DISTRATORES: Os distratores indicam as alternativas incorretas à resolução da situação-problema proposta.


Além disso, essas respostas devem ser plausíveis, isto é, devem parecer corretas para aqueles participantes do
teste que não desenvolveram a habilidade em questão (Haladyna, 2004). Isso significa que o distrator
plausível deve retratar hipóteses de raciocínio utilizadas na busca da solução da situação-problema
apresentada. Como consequência, se esse distrator retrata uma dificuldade real do participante com relação à
habilidade, não devem ser criadas situações capazes de induzi-lo ao erro. A utilização de erros comuns
observados em situação de ensino-aprendizagem costuma aumentar a plausibilidade dos distratores. Por
outro lado, aqueles que retratam erros grosseiros ou alternativas absurdas, dentro ou não do contexto do
item, tendem a induzir a identificação da alternativa correta.

COMO IDENTIFICAR UM DISTRATOR?

Para identificar e avaliar a qualidade dos distratores, uma boa prática consiste em elaborar justificativas para
cada um deles. Na justificativa, é explicado o raciocínio que o aluno segue na falta de um conhecimento ou
habilidade, confirmando a necessidade de retomada do assunto. As justificativas são grandes aliadas das
intervenções pedagógicas porque esclarecem quais lacunas de aprendizado estão ligadas a cada alternativa.
ETAPAS PARA A ELABORAÇÃO DO ITEM NO ENEM

1. Selecione uma habilidade da Matriz de Referência.


2. Construa a situação-problema, atentando-se para a realidade cotidiana do público-alvo.
3. Dê preferência a fontes primárias, originais e sem adaptações, caso utilize textos-base
referenciados, de acordo com as normas da ABNT.
4. Utilize, preferencialmente, textos que abordem temas atuais e sejam adequados ao
público-alvo.
5. Evite a utilização de textos muito extensos, levando em consideração o tempo de leitura
do item durante a realização do exame.
6. Elabore itens inéditos (não publicados, divulgados ou utilizados em sala de aula).
7. Elabore, sempre que possível, até três itens abordando o(s) mesmo(s) texto(s)-base,
desde que os itens contemplem diferentes habilidades.
8. Evite abordagens de temas que suscitem polêmicas.
9. Evite utilizar ou redigir texto-base, enunciado e alternativas que possam induzir o
participante do teste ao erro (“pegadinhas”).
10. Elabore o enunciado:
• utilize termos impessoais como: “considere-se”, “calcula-se”, “argumenta-se” etc.;
• não utilize termos como: “falso”, “exceto”, “incorreto”, “não”, “errado”;
• não utilize termos absolutos como: “sempre”, “nunca”, “todo”, “totalmente”, “absolutamente”,
“completamente”, “somente” etc.;
• não utilize sentenças como: “Pode-se afirmar que”, “É correto afirmar que” etc.

11. Construa as alternativas:


• com paralelismo sintático e semântico, extensão equivalente e coerência com o enunciado;
• independentes umas das outras, de maneira que não sejam excludentes, negando informações
do texto, nem semanticamente muito próximas;
• dispostas de maneira lógica (sequência narrativa, alfabética, crescente/decrescente etc.);
• evite repetição de palavras que aparecem no enunciado;
• evite alternativas demasiadamente longas;
• não use: “todas as anteriores”, “nenhuma das anteriores”;
• o gabarito deve estar exposto de forma clara, ser a única alternativa correta e não deve ser mais
atrativo que os distratores;
• os distratores não devem ser absurdos em relação à situação-problema apresentada.
12. Pontue as alternativas e observe as regras para sua redação, de acordo com a área de
conhecimento:
13. Construa as justificativas para as alternativas com argumentação consistente que explique o erro ou o
acerto, de maneira que não sejam tautológicas.
14. Indique o nível de dificuldade estimada do item (fácil, médio ou difícil) com base na sua experiência
docente.
15. Considere o tempo médio de três minutos para resolução do item.
(ENEM/PPL 2018) 01. Uma das funções da obra de arte é
representar o contexto sociocultural ao qual ela
MODERNISMO
RETANGULO
pertence. Produzida na primeira metade do
século XX, a Estrada de Ferro Central do Brasil
evidencia o processo de modernização pela:
ARTE
verticalização do espaço.
A) verticalização
B) desconstrução da forma.
DISTRATORES
CUBO
C) sobreposição
sobreposição dede elementos.
elementos.
natureza
D) valorização da natureza.
E) abstração do tema.
AMARAL, T. EFCB. Óleo sobre tela. 56 cm x 65 cm, 1924.
Disponível em: www.wikiart.org. Acesso em: 11 fev. 2015.

GABARITO: C
11/23/2021 Linguagens, Códigos e sua Tecnologias - Hildalene Pinheiro 58
ENEM / 2018 / 02. A utilização de determinadas variedades linguísticas
em campanhas educativas tem a função de atingir o
público-alvo de forma mais direta e eficaz. No caso desse
texto, identifica-se essa estratégia pelo(a)

a) discurso formal da língua portuguesa.


b) registro padrão próprio da língua escrita.
c) seleção lexical restrita à esfera da medicina.
d) fidelidade ao jargão da linguagem publicitária.
e) uso de marcas linguísticas típicas da oralidade.

Gabarito: E
Disponível em: www.facebook.com/minsaude. Acesso em: 14
fev. 2018 (adaptado).
ENEM / 2018 /
03. Nesse texto, a associação de
— Famigerado? […]
vocábulos da língua portuguesa a
— Famigerado é “inóxio”, é “célebre”,
determinados dias da semana remete ao
“notório”, “notável”…
— Vosmecê mal não veja em minha grossaria
a) local de origem dos interlocutores.
no não entender. Mais me diga: é
b) estado emocional dos interlocutores.
desaforado? É caçoável? É de arrenegar?
c) grau de coloquialidade da
Farsância? Nome de ofensa?
comunicação.
— Vilta nenhuma, nenhum doesto. São
d) nível de intimidade entre os
expressões neutras, de outros usos…
interlocutores.
— Pois… e o que é que é, em fala de pobre,
e) conhecimento compartilhado na
linguagem de em dia de semana?
comunicação.
— Famigerado? Bem. É: “importante”, que
merece louvor, respeito…

ROSA, G. Famigerado. In: Primeiras estórias.


Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
Gabarito: C
ENEM / 2018 /
Na sociologia e na literatura, o brasileiro foi por 04. Ao abordar a postura do internauta
vezes tratado como cordial e hospitaleiro, mas brasileiro mapeada por meio de uma pesquisa
não é isso o que acontece nas redes sociais: a em plataformas virtuais, o texto
democracia
a) minimiza o alcance da comunicação digital.
racial apregoada por Gilberto Freyre passa ao
b) refuta ideias preconcebidas sobre o
largo do que acontece diariamente nas
brasileiro.
comunidades virtuais do país. Levantamento c) relativiza responsabilidades sobre a noção
inédito realizado pelo projeto Comunica que de respeito.
Muda […] mostra em números a intolerância do d) exemplifica conceitos contidos na
internauta tupiniquim. Entre abril e junho, um literatura e na sociologia.
algoritmo vasculhou plataformas […] atrás de e) expõe a ineficácia dos estudos para alterar
mensagens e textos sobre temas sensíveis, tal comportamento.
como racismo, posicionamento político e
homofobia. Foram identificadas 393 284
menções, sendo 84% delas com abordagem Gabarito: B
negativa, de exposição do preconceito e da
discriminação.
05. (ENEM/PPL 2018) Para que serve a tecnologia
Computador
“Com os computadores e a internet, mudei muito. A Lian de hoje é totalmente diferente daquela de antes da informática. Me
abriu portas e, além de tudo, fui aceita por pessoas que achava que não iriam me aceitar. Com a internet, viajei o mundo. Fui
até Portugal e à África. Eu nem sabia que lá a realidade era tão forte. Perto deles, estamos até muito bem.” – Tânia “Lian”
Silva, 26, índia pankararu.
TV
“Eu gosto muito de televisão. Assisto às novelas, me divirto muito. Mas, ao mesmo tempo, sei que aquilo tudo que passa lá
não é verdade. É tudo uma ilusão.” – Valentina Maria Vieira dos Santos, 89, índia fulni-ô da aldeia Xixi a cla.
MP3 Player
“Cuido do meu tocador de MP3 como se fosse um tesouro. É um pen drive simples, mas é muito especial para mim. Nele
ouço músicas indígenas e bandas da própria aldeia. Ele vive emprestado porque acaba sendo a diversão da aldeia inteira.
Uso até para exibir uns vídeos que baixo da internet. Basta colocar no aparelho de DVD com entrada USB que tenho.” –
JailtonPankararu, 23, índio pankararu.
Disponível em: www2.uol.com.br. Acesso em: 1 ago. 2012.
Os depoimentos apresentados no texto retratam o modo como diferentes gerações indígenas relatam suas experiências com
os artefatos tecnológicos. Os comentários revelam
A) uma preferência pela possibilidade de uso do computador.
B) um elogio à utilidade da tecnologia no cotidiano indígena.
C) uma crítica à própria identidade antes da inclusão digital.
D) o gosto pela ilusão em telenovelas transmitidas na TV.
E) o desejo de possuir um aparelho importado. GABARITO: B
ABL lança novo concurso cultural:
“Conte o conto sem aumentar um ponto”
Em razão da grande repercussão do concurso de Microcontos do Twitter da ABL, o Abletras, a Academia
Brasileira de Letras lançou no dia do seu aniversário de 113 anos um novo concurso cultural intitulado “Conte o
conto sem aumentar um ponto”, baseado na obra A cartomante, de Machado de Assis.
“Conte o conto sem aumentar um ponto” tem como objetivo dar um final distinto do original ao conto A
cartomante, de Machado de Assis, utilizando-se o mesmo número de caracteres – ou inferior – que Machado
concluiu seu trabalho, ou seja, 1 778 caracteres.
Vale ressaltar que, para participar do concurso, o concorrente deverá ser seguidor do Twitter da ABL, o
Abletras.
Disponível em: www.academia.org.br. Acesso em: 18 out. 2015 (adaptado)

06. (ENEM/2018) O Twitter é reconhecido por promover o compartilhamento de textos. Nessa notícia, essa
rede social foi utilizada como veículo/suporte para um concurso literário por causa do (a)
A) Limite predeterminado de extensão do texto.
B) Interesse pela participação de jovens.
C) Atualidade do enredo proposto.
D) Fidelidade a fatos cotidianos.
E) Dinâmica da sequência narrativa.
GABARITO: A
07. Essa imagem ilustra a reação dos celíacos
(pessoas sensíveis ao glúten) ao ler rótulos
de alimentos sem glúten. Essas reações
indicam que, em geral, os rótulos desses
produtos
A) trazem informações explícitas sobre a
presença do glúten.
B) oferecem várias opções de sabor para
esses consumidores.
C) classificam o produto como adequado
para o consumidor celíaco.
D) influenciam o consumo de alimentos
especiais para esses consumidores.
E) variam na forma de apresentação de
informações relevantes para esse público.

GABARITO: E
08. (ENEM/2018) A internet proporcionou o
surgimento de novos paradigmas sociais e
impulsionou a modificação de outros já
estabelecidos nas esferas da comunicação e da
informação. A principal consequência criticada
na tirinha sobre esse processo é a
A) criação de memes.
B) ampliação da blogosfera.
C) supremacia das ideias cibernéticas.
D) comercialização de pontos de vista.
E) banalização do comércio eletrônico.

GABARITO: D
Farejador de Plágio: uma ferramenta contra a cópia ilegal ENEM/2018
No mundo acadêmico ou nos veículos de comunicação,
as cópias ilegais podem surgir de diversas maneiras, 09. Segundo o texto, a ferramenta Farejador de
sendo integrais, parciais ou paráfrases. Para ajudar a Plágio alcança seu objetivo por meio da
combater esse crime, o professor Maximiliano  
Zambonatto Pezzin, engenheiro de computação, A) seleção de cópias integrais.
desenvolveu junto com os seus alunos o programa
B) busca em sites especializados.
Farejador de Plágio. O programa é capaz de detectar:
C) simulação da atividade docente.
trechos contínuos e fragmentados, frases soltas, partes
de textos reorganizadas, frases reescritas, mudanças na D) comparação de padrões estruturais.
ordem dos períodos e erros fonéticos e sintáticos. Mas E) identificação de sequência de fonemas.
como o programa realmente funciona? Considerando o
texto como uma sequência de palavras, a ferramenta
analisa e busca trecho por trecho nos sites de busca,
assim como um professor desconfiado de um aluno faria.
A diferença é que o programa permite que se pesquise
em vários buscadores, gerando assim muito mais
resultados.
GABARITO: D
Disponível em: http://reporterunesp.jor.br. Acesso em:
19 mar. 2018
10. (ENEM/2008 2ª APL) Não há dúvidas de que, nos últimos tempos, em função da velocidade, do volume e
da variedade da geração de informações, questões referentes à disseminação, ao armazenamento e ao acesso de
dados têm se tornado complexas, de modo a desafiar homens e máquinas. Por meio de sistemas financeiros,
de transporte, de segurança e de comunicação interpessoal – representados pelos mais variados dispositivos, de
cartões de crédito a trens, aviões, passaportes e telefones celulares –, circulam fluxos informacionais que
carregam o DNA da vida cotidiana do indivíduo contemporâneo. Para além do referido cenário informacional
contemporâneo, percebe-se, nos contextos governamentais, um esforço – gerado por leis e decretos, ou mesmo
por pressões democráticas – em disseminar informações de interesse público. No Brasil, está em vigor, desde
maio de 2012, a Lei de Acesso à Informação n. 12.527. Em linhas gerais, a legislação regulamenta o direito à
informação, já garantido na Constituição Federal, obrigando órgãos públicos a divulgarem os seus dados.
SILVA JR., M. G. Vigiar, punir e viver. Minas faz Ciência, n. 58, 2014 (adaptado).

As Tecnologias de Informação e Comunicação propiciam à sociedade contemporânea o acesso à grande


quantidade de dados públicos e privados. De acordo com o texto, essa nova realidade promove
A) questionamento sobre a privacidade.
B) mecanismos de vigilância de pessoas.
C) disseminação de informações individuais.
D) interferência da legislação no uso dos dados.
E) transparência na relação entre governo e cidadãos.
GABARITO: E

Você também pode gostar