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APOSTILA DE

LITERATURA

3º BIMESTRE

3º ANO

ESCOLA ESTADUAL MINISTRO JOÃO PAULO DOS REIS VELOSO

DOURADOS/MS

PROF. ANA BRIDA


MODERNISMO 2ª FASE / GERAÇÃO DE 1930-1945

Contexto Histórico: Grande Depressão Econômica (em consequência da queda da Bolsa de


Valores de Nova York, em 1929); o avanço do nazismo e do fascismo culminam com a 2ª Guerra
Mundial; no Brasil, dá-se a ascensão de Getúlio Vargas e a consolidação de seu poder com a
ditadura do Estado Novo; em 1945, com o fim da Guerra, as explosões atômicas, a criação da ONU
e a derrubada de Vargas.
Características:
POESIA: amadurecimento e aprofundamento das conquistas da geração de 1922; verso livre e
poesia sintética; literatura mais construtiva e politizada; surgimento de uma corrente espiritualista e
intimista; universo temático se amplia e o artista se preocupa com o destino dos homens, o “estar-
no-mundo”; a relação do eu com o mundo sem esquecer a fragilidade do eu; o enfrentamento dos
tempos difíceis.
PROSA: denúncia social, verdadeiro documento da realidade brasileira, que exprime o elevado grau
de tensão nas relações do eu com o mundo; regionalismo, levando ao extremo as relações do
personagem com o meio natural e social.

AUTORES DE POESIA

MURILO MENDES

• Escrivão e professor de Literatura Brasileira em Portugal,


Espanha e Itália.
• Pertencente ao grupo Carismático Católico, corrente
espiritualista.
• Poemas que mesclam religiosidade e realidade social, resultados
da guerra, novas formas de expressão, surrealismo, o mundo em
um caos que precisa ser ordenado por uma lógica religiosa.
• Obras: Poemas / A poesia em pânico / O visionário / As
metamorfoses / Mundo enigma / Poesia liberdade / Tempo e
eternidade (com Jorge de Lima).

Poema: Solidariedade
Sou ligado pela herança do espírito e do sangue
Ao mártir, ao assassino, ao anarquista,
Sou ligado
Aos casais na terra e no ar,
Ao vendeiro da esquina,
Ao padre, ao mendigo, à mulher da vida,
Ao mecânico, ao poeta, ao soldado,
Ao santo e ao demônio,
Construídos à minha imagem e semelhança.
JORGE DE LIMA

• Médico, escritor, político, pintor e fotógrafo.


• Pertencente ao grupo Carismático Católico, corrente espiritualista.
• Inicia como poeta parnasiano até chegar ao modernismo com uma
poesia social paralela a uma poesia religiosa, tons regionais,
imagens de engenhos e dos escravos, luta entre material e
espiritual.
• Obras: XIV alexandrinos / Poemas negros / Invenção de Orfeu /
Anunciação e encontro de Mira-Celi / Tempo e eternidade (com
Murilo Mendes).

Poema: Mulher Proletária


Mulher proletária – única fábrica
Que o operário tem, (fabrica filhos)
Tu na tua superprodução de máquina humana
Forneces anjos para o Senhor Jesus,
Forneces braços para o senhor burguês.
Mulher proletária,
O operário, teu proprietário, há de ver, há de ver:
A tua produção,
A tua superprodução,
Ao contrário das máquinas burguesas
Salvar o teu proprietário.

CECÍLIA MEIRELES

• Jornalista, pintora, poetisa e professora.


• Inicia na Literatura participando da corrente espiritualista.
Posteriormente, afasta-se, mas não perde suas características
intimistas, introspectivas, numa permanente viagem interior.
• Sua obra reflete uma atmosfera de sonho, de fantasia e ao mesmo
tempo, de solidão e padecimento. O tempo é a personagem central
em sua obra: o tempo passa, é fugidio. Ao lado de uma linguagem
que valoriza os símbolos, as imagens sugestivas com constantes
apelos sensoriais, uma das marcas do seu lirismo é a musicalidade
dos versos e as brilhantes aliterações. Também escreveu poemas
numa linguagem simples e acessível para o público infantil
• Obras principais: Espectros / Vaga música / Romanceiro da
Inconfidência / Ou isto ou aquilo.
Poema: Motivo
Eu canto porque o instante existe Se desmorono ou se edifico,
E a minha vida está completa. Se permaneço ou me desfaço,
Não sou alegre nem sou triste: - Não sei, não sei. Não sei se fico
Sou poeta. Ou passo.
Irmão das coisas fugidias, Sei que canto. E a canção é tudo.
Não sinto gozo nem tormento, Tem sangue eterno a asa ritmada.
Atravesso noites e dias E um dia sei que estarei mudo:
No vento. - Mais nada.

VINÍCIUS DE MORAES

• Foi diplomata, dramaturgo, jornalista, poeta, cantor e compositor


brasileiro (responsável pelo surgimento e desenvolvimento da
bossa-nova). Descreve-se como “capitão do mato, poeta,
diplomata, o branco mais preto do Brasil. Saravá!”.
• Características: poemas intimistas, espiritualismo, tom bíblico (1ª
fase); sensualismo erótico, amor físico e carnal X formação
religiosa, valorização do momento, felicidade X infelicidade, lirismo
profundo (2ª fase); poesia social (3ª fase).
• Obras principais: O caminho para a distância / Forma e exegese /
Ariana, a mulher / Cinco elegias / Poemas, sonetos e baladas /
Para viver um grande amor / Para uma menina com uma flor /
Orfeu da Conceição.

Poema: Soneto da Fidelidade

De tudo, ao meu amor serei atento antes E assim quando mais tarde me procure
E com tal zelo, e sempre, e tanto Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Que mesmo em face do maior encanto Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Dele se encante mais meu pensamento.
Eu possa lhe dizer do amor (que tive):
Quero vivê-lo em cada vão momento Que não seja imortal, posto que é chama
E em seu louvor hei de espalhar meu canto Mas que seja infinito enquanto dure.
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

• Foi poeta, contista, cronista e funcionário público.


• Características: “Um eu todo retorcido”. O eu lírico na
poesia de Drummond é complicado, torturado,
estilhaçado. Vale ressaltar que o próprio autor já se
definia no 1º poema de seu livro (Alguma poesia) como
um gauche, ou seja, alguém desajeitado, deslocado,
tímido, posição que marca presença em sua obra. A terra
natal e a relação com o lugar de origem, que o indivíduo
deixa para se formar (Itabira/MG). O indivíduo interroga,
sem alegria e sem sentimentalismo, a estranha realidade
familiar, a família que existe nele próprio. O “cantar de
amigos” são homenagens às figuras que o poeta admira,
próximas ou distantes, de Mário de Andrade a Manuel
Bandeira, de Machado de Assis a Charles Chaplin. O
choque e o espaço social onde se expressa o indivíduo e as suas limitações face aos outros.
O amor em Drummond não é romântico ou sentimental, mas sim uma amarga forma de
conhecimento dos outros e de si próprio. Poesia metalinguística, em que o fazer poético
aparece como uma reflexão ao longo dos seus textos. O humor aparece na obra em
exercícios lúdicos ou poemas-piadas, jogo com palavras, por vezes de aparente inocência,
mas revelando muita ironia por detrás. Análise da existência, a questão de estar-no-mundo.

Poema: Mãos dadas


Não serei o poeta de um mundo caduco Não serei o cantor de uma mulher, de uma história
Também não cantarei o mundo futuro Não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista
Estou preso à vida e olho meus companheiros da janela
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças Não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida
Entre eles, considero a enorme realidade Não fugirei para as ilhas nem serei raptado por
O presente é tão grande, não nos afastemos serafins
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os
homens presentes
A vida presente

Poema: No meio do caminho


No meio do caminho tinha uma pedra Nunca me esquecerei desse acontecimento
Tinha uma pedra no meio do caminho Na vida de minhas retinas tão fatigadas
Tinha uma pedra Nunca me esquecerei que no meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra Tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
AUTORES DE PROSA

RACHEL DE QUEIROZ
• Foi tradutora, romancista, escritora, jornalista, cronista e
importante dramaturga brasileira. Autora de destaque na
ficção social nordestina. Foi a 1ª mulher a ingressar na
Academia Brasileira de Letras.
• Sua obra é marcada pelo forte caráter regionalista: o Ceará,
sua gente, sua terra, as secas são notas constantes em seus
romances, escritos numa linguagem fluente e de diálogos
fáceis, o que resulta numa narrativa dinâmica. Em suas
últimas obras privilegia a análise psicológica.
• Obras principais: O quinze / João Miguel / As três Marias /
Memorial de Maria Moura (inspirado em sua obra).
• Resumo – O QUINZE: O título se refere à grande seca de
1915, vivida pela escritora em sua infância. Na narrativa,
destacam-se duas situações: primeiro, a seca e as consequências acarretadas tanto para o
vaqueiro Chico Bento e sua família, como para os grandes proprietários e criadores de gado
da região; em um segundo plano, a relação afetiva entre Vicente, moço rude, e Conceição,
moça culta da capital.

JOSÉ LINS DO REGO


• Escritor, colaborador em jornais e exerceu cargos diplomáticos.
• Apela constantemente para recordações de sua infância e
adolescência, para compor seu ciclo da cana-de-açúcar, série
de romances de caráter memorialista que retratam a zona da
mata nordestina num período crítico de transição: a decadência
dos engenhos esmagados pelas poderosas usinas.
• As obras que compõem o ciclo da cana-de-açúcar são: Menino de
Engenho (Carlos passa a infância e o início da adolescência em
meio ao ambiente da seca e do trabalho duro no engenho de cana
do avô); Doidinho (refere-se ao apelido de Carlos, que narra suas
experiências como aluno de um rigoroso internato e cujo grande
sonho é retornar ao velho engenho); O Moleque Ricardo (narra a
história do amigo de engenho de Carlos, Ricardo, filho dos empregados e que não tem as
mesmas oportunidades na vida que seu companheiro); Banguê (10 anos após sair do
engenho, Carlos chega a vida adulta e com isso tem de enfrentar a contradição entre o antigo
universo aristocrático em que cresceu e os novos rumos do país); Usina (mostra a
decadência do espaço rural do Nordeste e o surgimento de novas maquinarias: as usinas); e
Fogo Morto (sintetiza o ciclo e mostra que mesmo os grandes proprietários de terra, como o
avô de Carlos, também entraram em decadência).
• Além do ciclo da cana, abordou outros aspectos da vida nordestina, como o misticismo e o
cangaço, em Pedra Bonita e Cangaceiros. Água-mãe e Eurídice são os únicos livros
ambientados fora do Nordeste.

JORGE AMADO
• Escritor e deputado, foi casado com a também escritora
Zélia Gattai (autora popular de livros espíritas).
• Representa o regionalismo baiano das zonas rurais do
cacau e da zona urbana de Salvador. Sua grande
preocupação foi ficar tipos humanos marginalizados para,
através deles, analisar toda uma sociedade. Seus
romances, vazados numa linguagem que retrata o falar do
povo são marcados pelo lirismo e pela postura ideológica. A
palavra-chave é sua obra é liberdade, tanto no plano
individual quanto no social.
• Sua obra é dividida em 3 formas: romances proletários
(retratam a vida urbana em Salvador, com forte coloração
social, como é o caso de Suor, O país do Carnaval e
Capitães de areia), ciclo do cacau (seus temas são
fazendas de cacau de Ilhéus e Itabuna, a exploração do
trabalhador rural e os exportadores – a nova força
econômica da região; Cacau, Terras do sem-fim e São Jorge dos Ilhéus pertencem a este
ciclo); depoimentos e crônicas de costumes (inicia-se com Jubiabá, Mar Morto, mas se
consolida com Gabriela cravo e canela, Tieta do Agreste e Dona Flor e seus dois maridos).

ÉRICO VERÍSSIMO
• Farmacêutico, diretor da Revista do Globo e professor de
literatura e inglês no Brasil e na Universidade de Berkeley,
EUA.
• Representante gaúcho do Regionalismo Modernista.
• Pai de Luís Fernando Veríssimo, escritor contemporâneo,
famoso por suas crônicas humorísticas.
• Sua obra se divide em 3 fases: a fase urbana retrata a vida
urbana em Porto Alegre, a crise da sociedade moderna, a falta
de solidariedade, o cotidiano caótico e os mesmos
personagens transitando por obras diferentes; um exemplo é a
obra Clarissa, na qual o autor faz um retrato real e sem muito
drama de uma adolescente se encaminhando para a idade
adulta. A fase regionalista se volta para a formação do Rio Grande do Sul, remontando ao
passado histórico desde o séc. XVIII até o governo de Getúlio Vargas, as disputas da terra e
do poder, os confrontos familiares; faz isso por meio da trilogia épica O tempo e o vento (O
continente, O retrato, O arquipélago), no qual narra por meio de encontros e desencontros e
disputas por terra e poder, das famílias Amaral, Terra e Cambará; um verdadeiro painel dos
200 anos de colonização da terra gaúcha, dos quais saltam personagens heroicos, como Ana
Terra, Bibiana e o Capitão Rodrigo. A fase social é empenhada em temas do momento,
como os crimes políticos, a ditadura, a sátira social; um exemplo é a obra Incidente em
Antares, na qual, devido a uma greve dos coveiros, 7 mortos se levantam dos seus caixões e
ameaçam contar todas as atrocidades e falcatruas caso não fossem enterrados.

GRACILIANO RAMOS
• Foi romancista, cronista, contista, jornalista, político e
memorialista.
• É tido como o autor que levou ao limite o clima de tensão
presente nas relações homem/meio natural e
homem/meio social, tensão essa geradora de um
relacionamento violento, capaz de moldar personalidades
e de transfigurar o que os homens têm de bom. Nesse
contexto violento, a morte é uma constante: é final trágico
e irreversível, decorrente de um relacionamento
impraticável; encontramos suicídios em Caetés e São
Bernardo, assassinato em Angústia, e a morte dos
animais em Vidas secas. A luta pela sobrevivência parece
ser o grande ponto de contato entre todos os
personagens, a lei maior é a da selva.
• Sua obra se divide em 3 categorias: romances narrados
em 1ª pessoa (Caetés, São Bernardo e Angústia, nos
quais se evidencia a pesquisa progressiva da alma
humana, ao lado do retrato e da análise social); romance narrado em 3ª pessoa (Vidas
secas, no qual se enfocam os modos de ser e as condições da existência, segunda uma visão
destacada da realidade) e autobiografias (Infância e Memórias do cárcere, em que o autor
se coloca como problema e como caso humano, nelas transparece a necessidade de depor).
• Resumo – VIDAS SECAS: A obra narra, em capítulos curtos e independentes, a trajetória de
uma família humilde do sertão, em busca de refúgio contra a seca e as misérias e passando
por todo o tipo de humilhação por parte de outras pessoas. O vaqueiro Fabiano, sua esposa
Sinhá Vitória, os filhos (que sequer tem nome) e a cadela Baleia formam o núcleo familiar. O
narrador mergulha no interior das personagens, ressaltando a animalidade nos humanos e a
humanidade nos animais.

Bibliografia:
SARMENTO, Leila Lauar; TUFANO, Douglas. Português. São Paulo: Moderna, 2004.
TERRA, Ernani; NICOLA, José de. Gramática, Literatura e Redação para o 2º grau. São Paulo: Scipione, 1997.
FARACO, Carlos Emílio; MOURA, Francisco Marto. Língua e Literatura. 19ªed. São Paulo: Ática, 1998.
AMARAL, Emília; [et al.]. Novas palavras. 3ªed. São Paulo:FTD, 2016.
* Imagens tiradas pelo Buscador Google, em 11 set. 2020.

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