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2ª fase modernista

(1930 – 1945)
CARACTERÍSTICAS (POESIA)
 Iniciou com o livro Alguma Poesia, de Carlos
Drummond de Andrade.
 Aprofundou os ideais e propostas da 1ª fase,
além de ter buscado aspectos literários antes de
1922.
 Questionamento da Realidade.
 Busca o “eu-indivíduo” e o seu “estar no
mundo”.
 Investigação do papel do artista.
 Metalinguagem.
 Corrente mais intimista e espiritualizada.
 Evidencia-se a fragilidade do Eu.
PRINCIPAIS POETAS
CARLOS
DRUMMOND DE
ANDRADE
A) Eu maior que o mundo
 Poesia de não-envolvimento;

 Aspectos da poesia de 22 ainda estão em vigor


(poema-pílula, poema-piada etc);
 Fase gauche (azarado, de não identificação
com o mundo)
Quadrilha

João amava Teresa que amava Raimundo


que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o
convento, Raimundo morreu de desastre, Maria ficou
para tia, Joaquim suicidou-se e Lili casou com J.
Pinto Fernandes que não tinha entrado na história.
B) Eu menor que o mundo
 Poesia de engajamento sociopolítico;

 Poemas mais desenvolvidos;

 Predomínio da 1ª pessoa do plural (nós);

 Características marxistas

 Fase social
A flor e a náusea (fragmento)

Uma flor ainda desbotada


Ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
Garanto que uma flor nasceu.
Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor.
[...]
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio,
o nojo e o ódio.
C) Eu igual ao mundo (fase do não)
C1) fase metafísica
 Poesia reflexiva

 Mais negativa do que a fase gauche

 Uso de sonetos e métricas clássicas (muito


comum)
O enterrado vivo

É sempre no passado aquele orgasmo,


é sempre no presente aquele duplo,
é sempre no futuro aquele pânico.
É sempre no meu peito aquela garra.
É sempre no meu tédio aquele aceno.
É sempre no meu sono aquela garra.
É sempre no meu trato o amplo distrato.
Sempre na minha firma a antiga fúria.
Sempre no mesmo engano outro retrato.

É sempre nos meus pulos o limite.


É sempre nos meus lábios a estampilha.
É sempre no meu não aquele trauma.

Sempre no meu amor a noite rompe.


Sempre dentro de mim meu inimigo.
E sempre no meu sempre a mesma ausência.
C2) fase nominal
 Poemas nominais

 Neologismos

 Textos lúdicos
pôster

nada
de neve
mais uma vez
no Planalto
Central
arno

ventilador
à noite
no quarto

esse vento
ainda esparrama
o meu pensamento
al

algo
algum
alguém

eis três
pronomes
indefinidos
em alg
VINÍCIUS DE
MORAES
 Transcendental e místico numa 1ª fase.
 Versos mais longos e melancólicos.

 Proximidade com o mundo material; 2ª


fase.
 Versos mais curtos; sonetos; às vezes um
modelo de Camões; versos decassílabos e
alexandrinos.
 Antíteses e paradoxos.
 Letras de músicas e criação de
histórias infantis.
CECÍLIA MEIRELES
 Escreve obras em poesia, prosa e também
traduções.
 Influência simbolista (neossimbolismo).
 Uso de lirismo.
 Melancolia.
 Musicalidade como apoio para seus lamentos.
 Versos curtos e com ritmo.
 Jogo de imagens, sons e cores (sinestesia).
 Subjetivismo.
 Corrente espiritualista do Modernismo.
Motivo

Eu canto porque o instante existe


e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
– não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
– mais nada.
Retrato

Eu não tinha este rosto de hoje,


assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
– Em que espelho ficou perdida
a minha face?
CARACTERÍSTICAS (PROSA)
No Nordeste
 Vinculado aos problemas sociais e climáticos
 Enfoque para o ciclo da seca e do cangaço
 Enfoque para o ciclo da cana-de-açúcar,
envolvendo questões do sul da Bahia e do latifúndio
 Na região do sul da Bahia a temática se volta para a
monocultura do cacau, envolvendo as lutas para
posse de terra, o coronelismo, os jagunços, os
trabalhos rurais etc., principalmente na obra de
Jorge Amado e Adonias Filho.
No Sul
 Valorização das tradições na região sul

 Trajetória épica – Aspectos históricos da


formação da região, em especial dos pampas.
 Enfoque para a natureza e para os
sentimentos do homem dos pampas e sua
ligação com a terra natal e as tradições.
Destaque para a obra de Érico Veríssimo
JOSÉ LINS DO REGO
• CICLO DA CANA-DE-AÇÚCAR: Menino de
engenho, Doidinho, Bangue, Usina, Fogo Morto
• CICLO DO CANGAÇO: Pedra bonita e
cangaceiros;
• CICLO DAS OBRAS INDEPENDENTES: O
moleque Ricardo, Riacho Doce, Água-mãe,
Eurídice etc.
• Obras que analisam a transição da queda dos
engenhos e a ascensão das usinas (entre os
séculos 19 e 20);
• Obras com tom memorialista, valorizando o
ritmo oral dos contadores de histórias.
RACHEL DE QUEIROZ
 Valorização do universo regional.
 Ideologia modernizadora que acompanha a "pré-
consciência do subdesenvolvimento"
 A ênfase nos aspectos sociológicos da realidade.
 Falou do Ceará; da seca; do povo que lá vive; da terra.
 O Quinze, 1930: o tema é a grande seca de 1915;
aspecto social junto com aspecto psicológico.
JORGE AMADO
Romances proletários - retratam a vida
urbana em Salvador, com forte coloração
social, como é o caso de Suor, O País do
Carnaval e Capitães de areia.
Ciclo do cacau - seus temas são as fazendas de
cacau de Ilhéus e Itabuna, a exploração do
trabalhador rural e os exportadores a nova
força econômica da região. Cacau, Terras do
sem-fim e São Jorge dos Ilhéus pertencem a
esse ciclo. O próprio autor afirma: "A luta do
cacau tornou-me um romancista".
Depoimentos líricos e crônicas de costumes
- essa fase, iniciada com Jubiabá e Mar morto,
se consolidaria com Gabriela, cravo e canela
(que, apesar de apresentar a zona cacaueira
como cenário, é uma crônica de costumes),
estendendo-se às últimas produções do autor.
ÉRICO VERÍSSIMO

ROMANCES URBANOS
Problemas da classe média numa cidade grande
que pode ter como exemplo principal Porto
Alegre. Clarissa, Música ao longe, Caminhos
Cruzados, Um lugar ao sol, Saga.
ROMANCES ÉPICOS (HISTÓRICOS). A
história de sua terra e de sua gente através da
obra monumental O Tempo e o Vento. É um
enorme painel em que o autor procurou reviver
uma bela e brava epopeia: a de sua terra e do
seu povo.
No primeiro volume – O Continente – há
maior tensão épica associada a uma passagem
misteriosa e impressionante do tempo e do
vento. Nos outros dois volumes (O Retrato e o
Arquipélago) decai o elemento épico pela
sobrecarga de história, de sociologia, de
psicologia...
ROMANCES UNIVERSAIS
Os grandes problemas do homem, em qualquer
lugar: racismo, guerra, sexo em O Senhor
Embaixador e O Prisioneiro. Érico
Veríssimo é um escritor preocupado com o
papel do escritor no mundo de hoje. O escritor
deve ser participante, tomar posição, mas
como escritor, não como político ou outra
coisa qualquer.
GRACILIANO RAMOS
Romances narrados em primeira pessoa
(Caetés, São Bernardo e Angústia), nos quais
se evidencia a pesquisa progressiva da alma
humana, ao lado do retrato e da análise social.
Romance narrado em terceira pessoa
(Vidas secas), no qual se enfocam os modos de
ser e as condições de existência, segundo uma
visão distanciada da realidade.
Autobiografias (Infância e Memórias do
cárcere), em que o autor se coloca como
problema e como caso humano; nelas
transparece uma irresistível necessidade de
depor.

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