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Poetas contemporâneos

Temáticas
-Representação do quotidiano- são abordados assuntos do quotidiano e representações dele à imagem do
poeta em questão;

-Tradição literária- Influência de outras correntes e de outros autores faz-se sentir nos poetas
contemporâneos, seja através de temas como o amor, a passagem do tempo e a complexidade da natureza
humana;

-Figurações do poeta- remete para a caracterização do poeta e reflexão sobre o papel do mesmo, tanto na
vida como no mundo ou poesia.

-Arte poética- ocorre uma reflexão sobre a própria composição poética. Remete para a centralidade que a
própria poesia e o seu autor ocupam no seu processo de criação.

Miguel Torga

-Comprometimento político e social com o seu tempo (de ditadura).


Representações do
contemporâneo
-Presença da Natureza.

-Temos ligação à condição humana: duelo homem/mundo; homem/Deus;


homem/criação poética.
Tradição literária
-Influência de correntes e poetas tradicionais, como Pessoa e Camões

-Paixão pela Terra.

-Consciência social e ética.


Figuração
do poeta
-Inquietação, agonia e rebeldia do “eu” poético face ao seu tempo.

-Inconformismo quanto à condição humana.

Arte poética -Processo de criação como algo rigoroso e que implica sofrimento.

Ana Luísa Amaral

-Presença de espaços quotidianos, quer sejam eles interiores ou exteriores.


Representações do
contemporâneo -Referência a acontecimentos comuns do dia a dia, ligados às tarefas
domésticas que despertam curiosidade poética.
-Temas ligados ao quotidiano, à questão do género, ao amor.
Tradição
literária -Diálogo com a tradição anglo-saxónica e reinvenção dos grandes poetas
nacionais – Camões e Pessoa.

Figuração -Ambiguidade “eu” poético vs autor, numa poesia de contornos auto


biográficos.
do poeta

-Quotidiano enquanto motor da matéria poética.


Arte
poética -Aparente simplicidade do poema e que esconde um trabalho de
aperfeiçoamento

Eugénio de Andrade

-Presença da Natureza e dos quatro elementos primordiais (água, terra, ar e


fogo).
Representações do
contemporâneo
-Tempo presente enquanto momento analisado criticamente e que permita
construir um outro futuro

Tradição
-Influências tradicionais e de poetas tradicionais como Camões.
literária

-Presença de temática amorosa, quer na vertente maternal que na vertente


sexual.
Figuração
do poeta
-Poeta enquanto ser “do povo” que trabalha em sofrimento até encontrar as
palavras exatas.

-Criação poética enquanto processo de trabalho angustiante e artesanal, de


Arte
forma a revelar o poema na sua plenitude – daí a mão ser o símbolo da génese
poética
artística.

Conto
“Sempre é uma companhia”, Manuel da Fonseca
-Solidão e convivialidade:

O título «Sempre é uma companhia» remete para a companhia que a rádio vinha trazer à população
isolada, invadindo a taberna e as suas vidas, com as notícias da II Guerra Mundial.
No conto de Manuel da Fonseca, as primeiras páginas anunciam o isolamento geográfico, a solidão e o
silêncio, bem como referem a chegada do automóvel.
Os habitantes de Alcaria viviam em condições indignas, de tao forma que perderam, praticamente, as
suas características humanas.
A chegada da rádio viria a permitir a ligação com o mundo, a tomada de contato com informação nova
e que permitia aos habitantes ter novos assuntos de conversa. Até mesmo as mulheres, que não
costumavam frequentar a taberna, passaram a fazê-lo.
Se a vinda da rádio havia interferido com a vida do casal, a possibilidade de ficarem sem a rádio era
dolorosa, pois os habitantes regressariam novamente ao seu isolamento. A mulher de Batola,
apresenta-se, no final, com um ar ternurento, contrastando com a altitude altiva inicial, afirmando que
a radiofonia «sempre é uma companhia neste deserto»

-Caracterização das personagens:

António Barrasquinho, o Batola – preguiçoso, improdutivo, sonolento, bêbado, bate na mulher; tem
nome e alcunha típica do Alentejo; a sua indumentária é própria do homem alentejano. A Sebenta
Português 12º ano Liliana Vieira Conde 3 morte do seu amigo Rata, acentua a sua solidão. É
«atarracado, as pernas arqueadas», usa «chapeirão» e um «lenço vermelho atado ao pescoço».
Mulher de Batola – expedita, trabalhadora, incansável, é ela quem abre a venda e atende os clientes,
voltando depois para a lida da casa; ela é «alta, grave, um rosto ossudo», dotada de um sossego único,
característica advinda da sua possibilidade de por e dispor do governo da casa e do negócio.
Rata – era mendigo e viajante, uma espécie de mensageiro. Quando Batola o escutava a tarde inteira,
parecia que também ele havia viajado pelo mundo. Quando deixou de poder viajar, suicidou-se.
Caixeiro-viajante – vendedor de aparelhos radiofónicos, comerciante e amigo de vender
Os homens de Alcaria – figurinhas metaforicamente apresentadas com gado e que vivem em casas
«tresmalhadas»: «o rebanho que se levanta com o dia, lavra, cava a terra, ceifa e recolhe vergado pelo
cansaço e pela noite. Mais nada que o abandono e a solidão.» Têm falta de esperança numa vida velhor.
Batola contrasta com estes, pois pode preguiçar, bebe o melhor vinho da venda, tem um fio de ouro no
colete, mas é solidário com os aldeãos. Partilha com este, a condição animalesca dos conterrâneos:
“rumina” a revolta; os suspiros saem-lhe “como um uivo de animal solitário”.

-A intriga

Peripécia banal: um engano de percurso leva um vendedor a Alcaria.


Isolamento geográfico da aldeia e ausência de comunicação: abandono, solidão e desumanização da
população.
Chegada do novo aparelho: a radiotelefonia.
Ligação ao mundo: música e notícias.
Alteração de comportamentos: devolução da humanidade.

-O tempo

Tempo histórico: anos 40 do século XX (referência à eletricidade e à telefonia).


Passagem do tempo condensada: “há trinta anos para cá”, “todas as manhãzinhas”.
Tempo sintetizado: da chegada do vendedor à partida do vendedor e prazo de entrega do aparelho –
um mês.

-O narrador

O narrador de terceira pessoa narra os acontecimentos, comenta, conhece o passado e o mundo


interior das personagens (presença: não participante; ponto de vista: subjetivo; focalização:
omnisciente)
O narrador centra a atenção do leitor no abandono e solidão sentidos pelo protagonista.
O narrador conhece os pensamentos de Batola e desvenda como se vão formando: o desgosto leva-o a
fechar-se num mundo de evocações

-A atualidade

Isolamento e falta de convivialidade.


Relações entre homem e mulher.
Vícios sociais: o alcoolismo, a violência doméstica.
As inovações tecnológicas e alterações de hábitos sociais.

-O espaço

Aldeia de Alcaria: “quinze casinhas desgarradas e nuas”.


Estabelecimento do casal Barrasquinho: “a venda” é um local onde reina o desleixo.
“Fundos da casa”: espaço de habitação sombrio separado da venda.
Locais “longínquos” por onde viajava Rata: Ourique, Castro Marim, Beja.

-Espaço fisico – Aldeia de Alcaria com “quinze casinhas desgarradas e nuas”, rodeadas pela “solidão do
campo”.

-Espaço psicológico - Alteração do comportamento das personagens após a instalação da telefonia:

▪ Autoritária e oponente à compra da telefonia, a mulher de Batola revela possuir densidade psicológica, já
que, ao fim de um mês, faz um pedido submisso ao marido. A mulher respeita agora o “novo” Batola.

▪ Ocioso e apático, Batola torna-se ativo após a chegada da telefonia que o arranca da sua solidão.

▪ Os ceifeiros, outros solitários e condenados a uma existência árida, encontram naquele pequeno aparelho
a esperança de comunicação com o mundo.

-Espaço social- espaço rural pobre, duas condições de vida dos ceifeiros, alheamento social e falta de
informação.

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