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Anlise do Poema "Contemplo o que no vejo" Contemplo o que no vejo. tarde, quase escuro.

o. E quanto em mim desejo Est parado ante o muro.

Por cima o cu grande; Sinto rvores alm; Embora o vento abrande, H folhas em vaivm. Tudo do outro lado, No que h e no que penso. Nem h ramo agitado Que o cu no seja imenso. Confunde-se o que existe Com o que durmo e sou. No sinto, no sou triste. Mas triste o que estou. Anlise: Este poema foi escrito com o intuito de caracterizar a palavra muro que, neste caso, representa metaforicamente a ideia de fronteira ou de diviso entre a realidade e o sonho, uma separao que estabelece os limites do sujeito potico. O sujeito potico neste poema pretende, provavelmente, exprimir a sua incapacidade de sentir (uma vez que a imaginao s sobreps sensao), ao mesmo tempo que afirma a sua angstia. Por isso o sonho to importante, uma vez que o poeta insatisfeito com o presente e, devido fragmentao, incapaz de atingir a felicidade to desejada, Pessoa sente que tudo do outro lado - mesmo o prximo sentido como longnquo -, e impelido pela sua permanente inquietao, recorre ao sonho como fuga da realidade - onde existem coisas impossveis e memrias de uma infncia impossvel-; mesmo estando consciente que os sonhos so dores, porque tem a conscincia que os sonha, e que no com ilhas do fim do mundo,/(...)/ que cura a alma do seu mal profundo .

Claudia

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