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Abaixo El Rei

Sebastião
DE MANUEL ALEGRE
Manuel Alegre:
• Nasceu a 12 de maio de 1936, em Águeda;
• Estudou Direito na Universidade de Coimbra;
• Dirigiu uma tentativa de revolta militar, em Angola, que o fez ficar preso durante seis meses;
• Em 1964 fugiu para Argel, onde esteve exilado 10 anos;
• A partir do exílio, usou as rádios e as suas obras para incitar à revolta e à contestação em relação à ditadura;
• Os seus livros Praça da Canção (1965) e o Canto e as Armas (1967) foram apreendidos pela censura;
• Regressou a Portugal a 2 de maio de 1974;
• Ingressou no Partido Socialista e foi deputado de 1975 até 2009.
Abaixo el-rei Sebastião
É preciso enterrar el-rei Sebastião Vós que trazeis por dentro
é preciso dizer a toda a gente de cada gesto
que o Desejado já não pode vir. uma cansada humilhação
É preciso quebrar na ideia e na canção deixai falar na vossa voz a voz do vento
a guitarra fantástica e doente cantai em tom de grito e de protesto
que alguém trouxe de Alcácer Quibir. matai dentro de vós el-rei Sebastião.

Eu digo que está morto. Quem vai tocar a rebate


Deixai em paz el-rei Sebastião os sinos de Portugal?
deixai-o no desastre e na loucura. Poetas: é tempo de um punhal
Sem precisarmos de sair o porto por dentro da canção.
temos aqui à mão Que é preciso bater em quem nos bate
a terra da aventura. é preciso enterrar el-rei Sebastião.
“O canto e as armas (1967)”, in Manuel Alegre, 30 anos de poesia (prefácio de
Eduardo Lourenço), Lisboa, Publicações Dom Quixote,1997, pp.168-169.
Mito Sebastianista:
O sebastianismo é um mito messiânico cuja origem radica no desaparecimento do rei D. Sebastião na
Batalha de Alcácer Quibir, em 1578.

Esta crença na vinda de um Messias manteve-se no seio do povo português durante muito tempo e
diversos autores da nossa literatura desenvolveram este tema nos seus textos.
Análise temática :
• T EMA G E RA L D A O B RA
• D I V I S Ã O D O P O EM A EM PA RTE S L Ó G I C A S
• A N Á L I S E ES TR Ó F I CA
Análise temática
Tema geral do poema: Divisão do poema em partes lógicas:
1ª Parte- 1ª estrofe;

• Apelo ao esquecimento do mito sebastianista


e o incentivo à luta contra a ditadura. 2ª Parte – 2ª e 3ª estrofes;

3ª Parte – 4ª estrofe.
Análise temática- Análise estrófica
• O poema tem uma estrutura circular, começa e termina com o mesmo verso: “É preciso enterrar el-rei
Sebastião”

1ª estrofe :

• utilização da
É preciso enterrar el-rei Sebastião
forma impessoal é preciso dizer a toda a gente
que o Desejado já não pode vir.
• Uso de anáfora É preciso quebrar na ideia e na canção
a guitarra fantástica e doente
• Uso de metáfora
que alguém trouxe de Alcácer Quibir.
• Uso de perífrase
Análise temática- Análise estrófica
2ª estrofe :

• Utilização da Eu digo que está morto.


primeira pessoa Deixai em paz el-rei Sebastião
“Eu” deixai-o no desastre e na loucura. Oposição passado/presente
• Uso do Sem precisarmos de sair o porto
imperativo temos aqui à mão
a terra da aventura.
• Utilização da
primeira e da
segunda
pessoas do
plural
Análise temática- Análise estrófica
3ª estrofe :
• Dirige-se à
segunda pessoa
do plural Dirige-se diretamente
Vós que trazeis por dentro
• Apóstrofe e de cada gesto a quem se sente
uma cansada humilhação humilhado e apela a
perífrase
deixai falar na vossa voz a voz do vento que se revoltem e
• Aliteração do cantai em tom de grito e de protesto deixem de acreditar
matai dentro de vós el-rei Sebastião. também nessa
som “v”
crença
• Metáfora
• Enumeração
Análise temática- Análise estrófica
4ª estrofe :

• Volta a utilizar a
forma impessoal Quem vai tocar a rebate Apelo à união do
e repetição os sinos de Portugal? país, uma vez que se
Poetas: é tempo de um punhal pretende proclamar
• Dirige-se por dentro da canção. a morte do rei, bem
diretamente aos Que é preciso bater em quem nos bate como o mito que se
poetas - é preciso enterrar el-rei Sebastião. gerou em torno dele
apóstrofe

• Metáfora

• Interrogação
retórica
Análise formal :
• E S TR U TU RA
• MÉ TR I CA
• E S Q U E MA R I M Á T I C O
Análise formal
Estrutura: Poema constituído por 4 sextilhas;
Métrica: é irregular, variando entre 4 e 12 sílabas métricas

Esquema rimático: abcabc/ daedae/ fgafga/ hiiaha;


Rimas: cruzadas e emparelhada.

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