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Poesia
Conquistas da 1ª geração asseguradas: maior liberdade em
relação à forma e ao conteúdo.
Vale lembrar: 1ª geração precisou ser mais
contundente para romper com a tradição europeia e
parnasiana.
Temática: “estar no mundo”
Inquietações das mais diversas ordens, como social,
religiosa, filosófica, amorosa.
Carlos Drummond de Andrade
1902 (Itabira do Mato de Dentro - MG) – 1987 (Rio de
Janeiro – RJ)
Expulso do internato jesuíta por “insubordinação
mental”;
Formado em Farmácia;
Professor de Geografia e Português
Revista Antropofagia: “No meio do caminho”;
Redator, diretor do DPHAN, tradutor;
Chefe de gabinete de ministro durante do Estado
Novo;
Contos, crônicas, poesia – obra traduzida em cerca
de 15 línguas.
Análise crítica da obra: Eu X mundo
Eu maior que o mundo: poesia irônica, sarcástica e introspectiva
Eu menor que o mundo: poesia social
Eu igual ao mundo: poesia “metafísica”
(Profº Affonso Romano de Sant’Anna)
Eixos temáticos – por Drummond,
em Antologia Poética, 1962
• Um eu todo retorcido (indivíduo gauche)
• Uma província: esta (terra natal)
• A família que me dei (memória)
• Cantar de amigos (homenagens)
• Na praça de convites (choque social)
• Amar-amaro (a experiência amorosa)
• Poesia contemplada (metalinguagem)
• Uma, duas argolinhas (poesia lúdica)
• Tentativa de exploração e de interpretação do
estar-no-mundo (a existência)
Alguma poesia (1930)
A oscilação entre o indivíduo “gauche” e o
vasto mundo
Contextos:
Mundial Nacional
Período entreguerras Início da Era Vargas (1930-
Ascenção do nazi- 1945)
fascismo na Europa Intensificação do processo
Formação de uma urbano-industrial no Brasil
rigidez ideológica
(capitalismo vs comunismo)
Abordagens teóricas
• “A interrupção (impasse) é o movimento, ou melhor, o não-
movimento gerador da verdadeira poesia.” –Eduardo Sterzi
“Digamos logo que o gauchismo funciona desde o início como confissão psicológica,
dinâmica do estilo e lugar social (de onde se podem reconhecer a “vida besta” e o “mundo
torto” ). Vale dizer: a desqualificação do sujeito, por este mesmo promovida, funciona
como índice de uma consciência mais alta e mais rigorosa, diante de cujo padrão tampouco
o mundo está “direito”, embora tenha este a iniciativa dos maiores impactos” – (Villaça)
“tudo o que essa estrofe disfarça, toda essa sua dissimulação é que acaba por intensificar a
verdade das comoções de todo o poema: conhece-se esse humor irônico que, ao simular
desfazer a melancolia, ainda mais a acentua. Acolhendo os antagonismos do nosso tempo,
no qual o afeto e a razão podem cristalizar-se como se fossem vocações contrárias, o
discurso poético de Drummond arma as faces incongruentes e nos faz reconhecer o espelho
partido.” – (Villaça)
Música “Até o fim”
- Chico Buarque
“Até o fim” – Chico Buarque
“Infância”
Meu pai montava a cavalo, ia para o Minha mãe ficava sentada cosendo
campo. olhando para mim:
Minha mãe ficava sentada cosendo. - Psiu... não acorde o menino.
Meu irmão pequeno dormia Para o berço onde pousou um mosquito
Eu sozinho, menino entre mangueiras E dava um suspiro... que fundo!
lia história de Robinson Crusoé,
comprida história que não acaba mais. Lá longe meu pai campeava
no mato sem fim da fazenda.
No meio-dia branco de luz uma voz que
aprendeu E eu não sabia que minha história
a ninar nos longes da senzala - e nunca era mais bonita que a de Robinson
se esqueceu Crusoé.
chamava para o café.
café preto que nem a preta velha
café gostoso
café bom.
“Também já fui brasileiro”
Mariquita, dá cá o pito,
no teu pito está o infinito.
“Europa, França e Bahia”
Meus olhos brasileiros sonhando exotismos.
Paris. A torre Eiffel alastrada de antenas como um caranguejo.
Os cais bolorentos de livros judeus
e a água suja do Sena escorrendo sabedoria.
(...)
Chega!
Meus olhos brasileiros se fecham saudosos.
Minha boca procura a “Canção do Exílio”.
Como era mesmo a "Canção do Exílio"?
Eu tão esquecido de minha terra...
Ai terra que tem palmeiras
onde canta o sabiá!
“Lanterna mágica”
IV-Itabira
Eu estava sonhando...
E há em todas as consciências um cartaz amarelo:
"Neste país é proibido sonhar."
“No meio do caminho”
No meio do caminho tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
Tinha uma pedra
No meio do caminho tinha uma pedra
Vocabulário:
- Linotipo: máquina de escrever
“Sweet home”
Quebra-luz, aconchego.
Teu braço morno me envolvendo.
A fumaça do meu cachimbo subindo.
• O poeta na cidade-mundo
“Poesia”
Verdes bulindo.
Sonata cariciosa da água
fugindo entre rosas geométricas.
Ventos elísios.
Macio.
Jardim tão pouco brasileiro… mas tão lindo.
(...)
(...)
“Quadrilha”
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou pra tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
E como eu não tinha nada que fazer vivia namorando as pernas morenas da lavadeira.
Se meu verso não deu certo, foi seu ouvido que entortou.
Eu não disse ao senhor que não sou senão poeta?
“Romaria”
Os romeiros sobem a ladeira
cheia de espinhos, cheia de pedras,
sobem a ladeira que leva a Deus
e vão deixando culpas no caminho.
(...)
E-mail: gustavobatista5@gmail.com