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'Red: Crescer É uma Fera' desenvolve nova magia


da Pixar, como 'Luca'
Primeiro longa da chinesa Domee Shi traz adolescente que, em vez de menstruar, se
transforma num panda vermelho

9.mar.2022 às 10h00

Pedro Strazza (https://www1.folha.uol.com.br/autores/pedro-strazza.shtml)

RED: CRESCER É UMA FERA


Quando Disponível no Disney+ na sexta (11) Classificação Livre
Elenco Rosalie Chiang, Sandra Oh, Ava Morse Produção EUA, 2022 Direção Domee Shi

Já faz quatro anos que John Lasseter deixou de vez o comando da Pixar sob acusações
de assédio (https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2017/11/1937147-diretor-da-pixar-tira-sabatico-em-meio-a-acusacoes-de-
assedio-sexual.shtml). Mas, contra as expectativas, o estúdio passa hoje por uma nova fase de

bonança.

Sob o comando de Pete Docter, mostra estar num processo de reinvenção interna que
se reflete nos filmes, mais libertos das amarras de continuações e comandados por
novos talentos cujas inspirações escapam do "clube" que fundou a reputação da
empresa. Mesmo todos em tese sendo aprovados por Lasseter, a leva recente de
longas parece sobretudo diversificar os limites da tal "fórmula" da Pixar.
Cena da animação 'Red: Crescer É uma Fera', da Pixar - Divulgação

Isso vale tanto para "Soul" (https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2020/12/animacao-soul-ganha-lugar-na-historia-com-


protagonista-negro-e-muita-musica.shtml) como para "Dois Irmãos"

(https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2020/03/falta-magia-em-dois-irmaos-filme-da-pixar-que-mesmo-assim-leva-as-lagrimas.shtml)

e "Luca" (https://guia.folha.uol.com.br/streaming/2021/06/luca-novo-filme-da-pixar-e-mais-uma-aposta-maritima-da-disney-
relembre-outras-animacoes.shtml). Se o primeiro, dirigido por Docter, servia como carta de

inspirações sentimental sobre a criação para público e equipe, os dois últimos são
projetos "menores" que mergulham o estilo de animação tradicional do estúdio em
referências diferenciadas —do porte do RPG e do filme de verão europeu— para
conceber dramas muito particulares dos realizadores.

Nesse sentido, "Red: Crescer É Uma Fera" é não só outro passo nessa direção como
uma ótima evolução de tal modo de operação. Com estreia no Disney+ nesta sexta-
feira, o filme de Domee Shi deixa claro, do começo, o maior arrojamento em relação a
outros trabalhos do estúdio, da animação com influências sutis de anime
(https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2021/11/entenda-por-que-animes-antes-pirateados-em-massa-agora-lotam-os-streamings.shtml)

—a expressividade dos olhos é demarcada durante toda a narrativa— às interações


agressivas que a jovem protagonista Meilin nutre com a câmera, buscando apresentar
o ambiente da narrativa.
O mais interessante a ser observado aqui, porém, são os caminhos tomados pela
história, sobretudo na particularidade. Passado na Toronto do começo dos anos 2000,
o filme acompanha Meilin em seus 13 anos, uma época marcada pela puberdade e
pelo início da transição à vida adulta.

Em vez de rituais como o crescimento do corpo ou a primeira menstruação


(https://www1.folha.uol.com.br/fsp/folhatee/fm2112200906.htm), no entanto, ela da noite para o dia passa a
se transformar num enorme –e adorável– panda vermelho. Tudo isso ativado pela
mãe, que, irritada pela descoberta de desenhos românticos da filha com o atendente
charmoso do mercadinho, a envergonha na frente de todos os colegas de classe.

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Dessa premissa se desenrola então não o "coming of age" típico do cinemão


americano, mas um bom drama de mãe e filha no contexto social muito específico da
migração asiática à América do Norte.

Enquanto Meilin descobre que sua condição é parte de um encanto antigo da família e
que tudo pode ser controlado pelo estado dos ânimos, o espectador também é
situado nos diferentes contextos históricos que marcam a protagonista e sua mãe.

A primeira está na segunda ou terceira geração de imigrantes chineses no Canadá,


mas a última é do grupo geracional que foi o primeiro a ter todo o crescimento no
país —e portanto serve de "ponte" à manutenção das tradições e o estabelecimento
de raízes.

O desentendimento constante das duas é nutrido a partir dessas diferenças, na busca


por um reconhecimento simultâneo dos mundos, e nisso "Red" ganha corpo muito
distinto de outros dramas familiares que permeiam os últimos anos da animação
americana, de "A Caminho da Lua" (https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2020/10/a-caminho-da-lua-e-arma-da-
netflix-para-desbancar-imperio-animado-da-disney.shtml) a "A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas".

"Red" lembra mais "Livrando a Cara", comédia dramática de Alice Wu lançada


coincidentemente no início dos anos 2000, e que tinha como centro um puxa e
repuxa de mãe e filha capaz de iluminar o cosmo das relações deste gap geracional.

É um tipo de história que inclusive parece muito familiar à própria diretora. Estreante
em longas, Shi venceu o Oscar de curta de animação há quatro anos com "Bao", filme
que ilustrava o desentendimento de mãe e filho de ascendência chinesa a partir de
um baozi, o típico pãozinho recheado chinês, que ganhava vida.

Entre "Bao" e "Red", o diferencial é a escala do absurdo empregado para dar vida à
narrativa, com o último brincando com o imaginário de boy
(https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq1307200109.htm)bands

(https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq1307200109.htm) e filmes de monstro para fazer valer o


emocional da reconciliação. É como se "Livrando a Cara" ganhasse uma roupagem
adolescente com pitadas da dita "magia da Pixar" –e os resultados são efetivos, do
humor às lágrimas.

ENDEREÇO DA PÁGINA

https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2022/03/red-crescer-e-uma-fera-desenvolve-
nova-magia-da-pixar-como-luca.shtml

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