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Desta vez, resolveu buscar no fundo do mar, a inspiração para criar O ESPANTA
TUBARÕES, que assim como a sequência de SHREK, conta com todo o poder de
produção do estudio.
trilha sonora é para todos matarem saudade dos anos 70 e 80. As músicas
escolhidas não poderiam ter sido melhores, uma vez que se adequam muito bem às
cenas, trazendo sempre um clima animado e agradavelmente retrô. É claro,
referências não faltam. Enfim, O Espanta Tubarões é um ótimo filme para os que
desejam dar boas risadas, sem assistir às mesmas piadas sem graça. E por mais
que o filme pareça familiar à primeira vista, você apenas assistiu a algo similar, mas
não tão original e divertido.
A HISTÓRIA
A recepcionista, a bela acará-bandeira Angie, está apaixonada por ele, mas Oscar
só tem olhos para o "andar de cima", o topo do Arrecife, onde mora a elite. Filho de
um funcionário exemplar do lava-rápido, Oscar é relapso, está sempre atrasado, e
tem uma dívida gorda com seu chefe, um baiacu mal-encarado que anda sempre
acompanhado por dois capangas rastafári, Ernie e Bernie, duas águas-vivas com
dreadlocks. O problema é que Oscar acredita que ter um trabalho humilde é ser um
joão-ninguém, e ele sonha o tempo inteiro em "ser alguém", ou seja, ser rico e
famoso.
CONSISTÊNCIA E TOLERÂNCIA
Em uma das cenas do filme, Angie tenta fazer Oscar entender que ele já "é alguém",
e não precisa de dinheiro ou fama para ser o que já é. Mas ele ignora o conselho e
se assume como um verdadeio alpinista social. Com a fama repentina de "espanta-
tubarões", Oscar vira garoto-propaganda de uma série de produtos, aparece na TV e
descola um apartamento bacanérrimo no "andar de cima", sempre lotado de puxa-
sacos. Aliás, os adultos vão se divertir à beça com a sátira aos milionários rappers
americanos e à alta roda da fama. Com a ajuda de Lenny, que está se escondendo
do pai para que ele não descubra seus pendores vegetarianos, Oscar chega a
simular uma briga com o tubarão na frente das câmeras de TV e de toda a cidade,
levando a melhor no final.
A primeira reflexão que o filme propõe às crianças é que a vida cor-de-rosa dos ricos
e famosos, alardeada no mundo ocidental em geral pelo culto às celebridades, é
uma quimera sem consistência. Ao perder o respeito de Angie, Oscar finalmente
percebe que basear a vida em fantasias de consumo, na mentira e na boa-fé alheia
não é a melhor maneira de subir na vida. Aqui, o próprio conceito de "subir na vida"
vai na contramão do sonho americano, consumista e predatório, e está ligado muito
mais à satisfação pessoal e felicidade afetiva que aos dígitos da conta bancária. A
pertinência da mensagem, apesar da simplicidade quase óbvia, reside no fato de
que esses valores distorcidos continuam aí, firmes e fortes, influenciando uma
geração de crianças e adolescentes que desejam ser "atores-e-modelos" quando
crescerem, sem entenderem o que isso significa além das supostas vantagens que a
mídia apregoa. E todo pensamento em contrário, por ingênuo que possa parecer, é
sempre bem-vindo.
Outra reflexão interessante para conversar com os filhos é o poder que a mídia tem
de amplificar uma mentira, como "portadora da verdade", e de supervalorizar os
"super-heróis" em detrimento dos "joão-ninguéns". O telejornalismo pretende ser
uma janela para a realidade, mas às vezes pode pisar na bola. E aí, será que
devemos confiar incondicionalmente no que o jornal da TV nos mostra? A expressão
"é verdade porque eu vi na TV" é muito mais comum do que parece. E será que
apenas as pessoas que realizam feitos extraordinários ou são famosas merecem
aparecer na TV? Todos os dias, milhões de formiguinhas humanas fazem o mundo
andar, e cada uma delas certamente tem uma boa história para contar. A TV não
seria mais divertida e rica se não mostrasse sempre as mesmas caras e bocas?