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The Boys se prova mais ácido, político e violento

A série de maior sucesso do momento do Prime Video, The Boys, chegou ao final do seu
terceiro ano e já tem a confirmação do seu quarto ano.
Por Ernandes Silva

A terceira temporada de The Boys começa meses depois de todo o


escândalo do final da última temporada envolvendo a Tempesta (Aya Cash), uma
super nazista. Desde então, a Vought, uma grande corporação que gerencia todos
os ditos super-heróis, vem tentando melhorar a imagem pública do seu produto mais
rentável, o Capitão Pátria (Antony Starr). Que por sua vez, está ficando cada vez
mais de colapsar e revelar para o mundo sua verdadeira face, um maníaco homicida
e egocêntrico.
E é aqui que o Antony Starr se destaca como a melhor atuação da série e
como a melhor do personagem. A sua postura, entonação de voz, feições impõem
um ar de temor não só para os personagens, mas também para o espectador.
Quando, por exemplo, ele faz um discurso televisivo afirmando que é o ser mais
poderoso do planeta e que ninguém pode lhe conter ou se comparar a sua
grandeza. A atuação do Antony Starr também se mostra ótima uns episódios
adiante, quando seu personagem está se sentindo ameaçado e mais uma vez
temos a linguagem corporal dele no máximo. Inclusive, na cena em questão, ele
está conversando consigo mesmo por meio do reflexo. Enquanto está com medo,
seu reflexo se mostra imponente e impetuoso.
O motivo para o homem mais poderoso do mundo estar se sentindo
ameaçado é o ressurgimento de um dos maiores e mais populares supers da
Vought, o Soldier Boy que é interpretado por Jensen Ackles (Supernatural). Ele foi
o primeiro super gerenciado pela empresa e também o ícone do patriotismo antes
do Capitão Pátria, e que por passar por experimentos russos desenvolveu uma
habilidade de neutralizar os poderes de outros supers. Por causa disso, os caras
vão em busca do Soldier Boy para matar o homem mais poderoso do mundo.
Dentro dos oito episódios que compõem a temporada tem outros arcos de
personagens que acompanhamos anteriormente se intensificando e ganhando
novas camadas. Como é o caso do Trem Bala e seu problema cardíaco que o
impede de correr e ele tenta reinventar sua marca para vender como
empoderamento de pessoas negras. E também na questão da polarização política
que se tornou muito mais forte e presente ao longo dos novos episódios. Mas não é
algo que estão fazendo somente agora para “lacrar” como pode ter alguns que
assim pensam. O texto de The Boys sempre foi muito ciente em tecer críticas e
comentários sutis e nada sutis em relação a sociedade contemporânea
estadunidense. Ao analisar o personagem de Starr vê-se que é não só uma versão
cínica do Superman, mas também uma personificação de membros da extrema
direita do país como o ex-presidente Donald Trump. Isso ficou mais explícito quando
foi mostrado um homem vestido como um dos apoiadores do Trump que invadiu o
Capitólio, em janeiro de 2021, num comício de apoio ao Capitão Pátria.
Essa acidez, violência gráfica da série do Prime Video vem dos quadrinhos
homônimos de Garth Ennis e Darick Robertson. O que Erik Kripke fez como
desenvolvedor do programa foi adaptar os elementos fictícios da obra original e
atualizar outros para o cenário atual. Tal como o sexto episódio da temporada
intitulado Herogasm ou como foi traduzido, Supersuruba. Ele é uma adaptação de
um arco de mesmo nome, onde vários heróis da Vought se reúnem para uma
semana de orgias e drogas enquanto o restante do mundo acredita que estão em
alguma missão no espaço. Esse evento é uma sátira cínica dos grandes crossovers
da Marvel e DC.
Apesar do contexto da adaptação ser diferente e acontecimentos dentro dele
também, esse se tornou o episódio de The Boys melhor avaliado no IMDb. A forma
como foi utilizada a reunião de supers dentro da trama sem que se tornasse uma
exposição de nudez totalmente gratuita e levou a narrativa do terceiro ano ao seu
ápice foi brilhante. Por outro lado, o final da temporada é morno e até decepcionante
ao notar que praticamente voltou ao status quo do começo da temporada. Porém, o
final da temporada possui bons ganchos para o desenrolar das tramas e que
mantenha o público investido na narrativa repleta de violência, críticas pertinentes e
elementos bizarros, que são característicos do sucesso do Prime Video.
Aquele em que o Ghostface ataca em Nova Iorque
Pânico VI chega aos cinema pouco mais de um ano depois do seu antecessor e com novo
filme confirmado para o ano que vem
Por Ernandes Silva

O sexto capítulo da franquia slasher de Wes Craven e Kevin Williamson se


passa um ano depois dos acontecimentos do filme anterior. Os sobreviventes do
terceiro massacre de Woodsboro: Sam (Melissa Barrera), Tara (Jenna Ortega),
Mindy (Jasmin Savoy Brown) e Chad (Mason Gooding) moram agora em Nova
Iorque. É época de Halloween quando mortes envolvendo a máscara do Ghostface
surgem, e o quarteto terá que sobreviver mais uma vez à lâmina do assassino com
cara de fantasma.
Pânico VI segue sendo brutal e com um bom tom cômico, marca registrada
da franquia. O seu ritmo narrativo está mais fluido e que é um ponto muito positivo,
uma vez que esse é o filme de maior duração dentre os seis. Outro ponto positivo
são as três cenas de suspense e tensão, meu destaque vai para a sequência do
metrô lotado de pessoas fantasiadas. Muito disso se dá ao retorno da dupla de
diretores envolvida em Pânico 5 (2022), Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett, que
antes de assumir Pânico fizeram o slasher Casamento Sangrento (2019).
Assim como Pânico 5, o novo longa-metragem do Ghostface aborda a
revisitação. Ele traz elementos e referências ao passado, tal qual o santuário do
Ghostface visto nos materiais de divulgação. Também traz personagens antigos,
como Gale (Courteney Cox) e Kirby (Hayden Panettiere). As quais, no final das
contas, só servem para provocar temor e nostalgia. Nenhuma relevância concreta
dentro da história.
Mas esse não é o único problema no roteiro da dupla Guy Busick e James
Vanderbilt, que foram responsáveis pelo o roteiro do quinto filme. A conveniência de
roteiro de como o assassino sempre sabe onde o pessoal está, mesmo sendo uma
cidade enorme como Nova Iorque. E nem ao menos uma tentativa de justificar esse
ponto, afetou minha suspensão de descrença.
Há também repetições de situações vistas anteriormente, umas à exaustão e
outras nem tanto. Tal qual, o excesso de facadas em determinado personagem e
que deveria matar, porém continua vivo O que pode também ser visto como um
sinal de cansaço da franquia. Uma vez que a sensação que fiquei, ao término do
novo longa-metragem, foi de que estão de certa forma refazendo os filmes
anteriores de forma disfarçada. A ânsia de sempre querer subverter as expectativas
acaba por se tornar um clichê. Um clichê em uma franquia metalinguística que
desde sua origem, na década de 90, satirizou as convenções de filmes de terror.

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