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A ERA DA INDIFERENÇA

Terminei a terceira temporada de THE BOYS, disponível no Amazon Prime Vídeo. Como não li
os quadrinhos, não sei se a versão televisiva é ou não fiel ao roteiro de seu criador, o roteirista
norte-irlandês Garth Ennis. Uma análise apressada da série dirá que se trata de uma quebra do
padrão tradicional de super-heróis e super vilões da Marvel e da DC, mas esta é uma leitura
extremamente superficial e rasa do roteiro de Ennis. The Boys apresenta uma visão total e
completamente cínica e desesperançada da vida, onde não há valores, nem princípios, nem
honra, nem justiça, nem moral, nem bondade, nem verdade e nem beleza. Por isso, a estética
é completamente “gore”, com muitas cenas de pessoas (e, pelo menos na primeira
temporada, animais também) despedaçadas com suas vísceras espalhadas pra todo lado. Em
The Boys a vida, a morte, o bem, o mal, o sexo, tudo, literalmente tudo é banalizado. Mas não
pretendo me alongar em uma análise da série. Para quem quiser, indico um pequenino texto
que escrevi a respeito, publicado no portal Ultimato Online, e também os artigos do meu
amigo Diego Klautau, nos quais ele apresenta com a erudição e a agudeza que lhe são
peculiares sua visão a respeito da série. Todavia, só quero destacar dois pontos que me
chamaram muito a atenção nesta terceira temporada: em um deles o Capitão Pátria –
Homelander no original, em uma interpretação magnífica do ator neozelandês Antony Starr –
uma paródia do Superman da DC, assume em um programa televisivo toda sua arrogância e
soberba e, para surpresa de todos, seus índices de popularidade crescem. Homelander é
podre, repugnante e repelente moralmente, não tem escrúpulo nenhum, tem todos os
defeitos que alguém pode ter, mas mesmo assim, é idolatrado por muitos. E em uma das
últimas cenas do último episódio da terceira temporada, Homelander mata a sangue frio um
homem em uma multidão, na presença de câmeras televisivas e de pessoas filmando com seus
celulares, apenas porque o pobre coitado o chamou de “fascista”. Mas a multidão

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