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A produção tem um “quê” muito especial, que é o uso do humor ácido. Muitos
conflitos mostrados na série carregam uma dose de comédia, fazendo quem
assiste ficar ou apreensivo, ou dando muitas risadas (às vezes, os dois). Como
é o caso dos episódios um (segunda temporada) e sete (primeira temporada).
No episódio um, o tio de Earn é confrontado pela polícia, após sua namorada
informar por telefone aos agentes que havia sido sequestrada pelo próprio
companheiro. Earn, tenta resolver a situação, pedindo ao tio que colabore com
a polícia, porém ele não sede. As falas de seu tio, são de extrema importância
para entendermos quantas vezes negros são colocados em situações
vexatórias ou até fora da lei, pela polícia, apenas por serem negros.
O tio de Earn, lhe entrega uma arma para ser utilizada como proteção e
segurança, e para enfrentar os policiais, ele surge com nada menos que um
jacaré enorme, um fator surpresa que impõe respeito.
No episódio sete, o rapper Paper Boi participa de um programa de televisão
onde se debate sobre preconceito, e têm como um dos entrevistados um
homem negro retinto que acredita ser branco e reclama do preconceito sofrido.
Ele se utiliza de roupas de grife, e uma peruca loira. A trama mostra um dilema
muito comum, que é o fato de alguns negros tentarem se passar por brancos,
para garantir melhores oportunidades e fugir do racismo e da necropolítica.
Nesta mesma linha, o episódio que mais é alvo de burburinho é também
considerado pela In Série como o de maior força, trata-se do episódio seis da
segunda temporada, que mostra Darius em busca de um piano vendido pela
internet por dois irmãos. Ao buscar o piano na casa dos personagens, Darius
se vê de encontro a um homem negro literalmente “pintado” de branco e
usando lentes de contato. O episódio faz referências a Michael Jakcson e os
Jackson 5 e a Sammy Sosa. A ambientação é claramente “de terror” contando
com uma atuação macabra que muitos sugerem ser feita pelo próprio Donald
Gloover. No Emmy, em 2018, Donald Gloover aparece ao lado de alguém
também vestido igual o personagem do episódio, talvez como uma crítica
social.
A trama também possui outros episódios que requerem mais atenção, que são
os episódios nove (primeira temporada), e dez (segunda temporada).
Além de uma narrativa muito rica, a série conta com uma trilha sonora
envolvente, com nomes como Young Thug, 21 Savage e Outkast, e um
aglomerado de atuações impecável. Por vezes parece não se tratar de
personagens e sim da vida e cotidiano dos próprios atores. O estilo cômico da
série, lembra narrativas como Todo Mundo Odeia o Chris (Everybody Hates
Chris), e Cara Gente Branca (Dear White People), ao tratar com humor de
temas sérios.
A produção também foi premiada como Melhor Série de Televisão Musical ou
Comédia, e Melhor Ator em série Musical ou Comédia, no Globo de Ouro em
2017.