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Processo penal militar Adota o Sistema Acusatório, caracterizado

pela presença de um Juiz, Ministério


Princípios: Público e a Defesa. De modo que as partes
Devido processo legal (MP e Defesa) sejam responsáveis pela a
Para privação de liberdade é necessário o produção de provas e cabendo ao
devido processo legal que é o poder magistrado a imparcialidade e a garantia
limitador do Estado abarca as garantias: da liberdade e dos direitos fundamentais.
1. Contraditório: característica - Existem ainda outros Sistemas que são o
participação dialética das partes, a Inquisitorial e o Misto.
fiscalização, a informação e a
contrariedade dos atos praticados no Aplicação da Lei Processual Penal
curso do processo. As partes (ambas as Militar: as Convenções e os Tratados, no
partes) devem ter ciência da demanda e qual o Brasil foi signatário, prevaleceram
dos argumentos da parte contraria. Parte em detrimento ao CPPM.
da Doutrina denomina o Contraditório
como Paridade (qualidade ou Suprimento dos casos omissos do
característica do que é par; igualdade) das código de processo penal militar: os
Armas. 2. Ampla defesa: somente ao réu casos omissos pelo CPPM serão suprimidos
ou acusado. AD é a condição de levar à pelas condicionantes: a) legislação de
baila todas as provas legais a esclarecer processo penal comum, quando aplicável
os fatos, omitir-se ou se prevalecer do ao caso concreto e sem prejuízo da índole
silêncio. 3. Duplo grau de jurisdição: do processo penal militar, como no caso
réu ou acusado tem o direito de recorrer da aplicação da Lei 9099/95, no qual seus
à instância hierarquicamente institutos não são aplicáveis na Justiça
superior, para fins de reexame da Militar, por força da vedação da Lei
decisão judicial. 4. Presunção da 9839/99; b) jurisprudência; c) usos e
inocência: o acusado ou o réu é culpado costumes militares; d) princípios
após o devido processo legal, onde ele gerais de Direito; e) analogia.
tenha utilizado todos os meios de prova
para a sua defesa e ainda desconstruir a Territorialidade e extra
tese acusatória. 5. Publicidade: acesso a territorialidade: todo e qualquer
todos aos atos praticados no curso do processo penal militar que teve origem no
processo eleva a credibilidade, a território nacional deve ser equacionado a
transparência e a fiscalização dos atos dos luz do Código de Processo Penal Militar,
juízes e das partes. “todos os julgamentos salvo as convenções, tratados e regras de
dos órgãos do Poder Judiciário serão direito internacional, como por exemplo a
públicos. 6. Dignidade da pessoa Convenção de Viena sobre Relações
humana: sua aplicação no Direito Diplomáticas, aprovada pelo Decreto
Processual Penal Militar está relacionada Legislativo n° 103/64, e promulgada pelo
ao status libertatis do militar, optando Decreto n° 56.435/65. Com a exceção a
assim em medidas menos nocivas ao territorialidade, a extraterritorialidade
militar. André Nicolitt observar que, sobre a aplicação a lei processual penal
como dito, a dignidade é o fim do próprio militar fora do território brasileiro nos
Estado, dessa maneira, toda atividade crimes contra as instituições militares.
estatal deve estar sempre voltada à tutela,
à realização e ao respeito à dignidade Aplicação a Justiça Militar Estadual:
humana, o que não exclui a atividade os Estados poderão criar o Tribunal de
persecutória do Estado, seja através da Justiça Militar Estadual o Estado do Rio de
investigação criminal, seja no exercício da Janeiro não possui o Tribunal de Justiça
ação penal, seja no curso do processo. Militar, Vara Especializada, Auditoria de
Justiça Militar/AJMERJ.
SISTEMA DO PROCESSO PENAL
MILITAR A justiça militar na CF: o foro
militar é especial, salvo os crimes dolosos
contra a vida praticados contra civil (Lei constituída para cada processo, e
9299/96). Pessoas que estarão sujeitas a dissolvido após conclusão dos seus
jurisdição militar: militares em situação de trabalhos. Tem competência para
atividade, militares da reserva convocados processar e julgar os Oficiais das Forças
ao serviço ativo, reservistas e os Oficiais e Armadas, exceto Oficiais Generais, que
Praças das Policiais Militares e Corpos de cabe ao STM.
Bombeiros. A competência Criminal para a
Justiça Militar da União (art.124 CRFB/88) Em caso de concurso de agentes
e dos Estados/Distrito Federal (art. 125, § envolvendo oficiais e praças, a
4° CRFB/88), para tanto, a presente competência para processar e julgar o
competência é julgar e processar os feito será do Conselho Especial de
crimes militares. Justiça.

Justiça militar da União: pertence ao


poder judiciário. os Órgãos da Justiça 2. Segunda Instância da Justiça
Militar serão compostos pelo Superior Militar da União
Tribunal Militar/STM e os Tribunais e Superior Tribunal Militar/STM, com sede
Juízes Militares (art. 122 CRFB/88). Possui no DF e jurisdição em todo território
competência para processar e julgar os nacional.
crimes militares definidos em leis, agentes STM composição:
os Militares das Forças Armadas e Civis, 04 Oficiais Generais do Exército
salvos os crimes dolosos contra a vida 03 Oficiais Generais da Marinha,
praticados contra civil (lei 9299/96), de 03 Oficiais Generais da Aeronáutica, todos
competência do Tribunal do Júri. Quanto à da ativa e do posto mais elevado 03
organização da Justiça da Justiça Militar da advogados,
União, a Lei 8457/92 estabeleceu a 01 Juiz Auditor
regulamentação e o seu funcionamento. 01 Membro do MP Militar,
15 Ministros.

1. Primeira Instância da Justiça A Justiça Militar dos Estados e DF


Militar da União
São órgão das 12 Circunscrições Pertence ao Poder Judiciário (art. 125
Judiciárias Militares, espalhas no território CRFB/88), estabelecendo, a critério do TJ,
nacional, onde cada Circunscrição possui a Justiça Militar Estadual, construída, em
pelo menos 01(uma) Auditoria. As primeiro grau, pelos Juízes de Direito e
auditorias são divididas em Órgãos pelos Conselhos de Justiça, e de
Julgadores (Conselhos de Justiça): segundo grau os Tribunais Militares ou
- Conselho Permanente de Justiça: pelos TJ, em que o efetivo militar > 20 mil
Juiz Auditor (Juiz de Direito), 01 Oficial integrantes. RJ não possui TJM, e sim
Superior (Presidente) e 03 Oficiais de AJMERJ e Conselho de Justiça (CJ), julga e
posto até capitão-tenente ou capitão, processa crimes praticados pelos militares
(Juízes Militares). A composição do ESTADUAIS, salvo os crimes dolosos
Conselho funcionará durante 03(três) contra a vida praticados contra civil (lei
meses consecutivos, ou podendo ser 9299/96), de competência do Tribunal do
prorrogado. Tem competência para Júri.
processar e julgar Praças e Civis
- Conselho Especial de Justiça: Juiz Estados de SP, MG e RS possuem TJM (2
Auditor (Juiz de Direito) e 04 Juízes instância) e Auditoria Militar (1 instância)
Militares (do mesmo posto, desde que +
antigo, ou superior) ao do acusado, sob a
presidência, 01 destes sendo Oficial 3. Competência singular do Juiz de
General ou Oficial Superior, de posto mais Direito do Juízo Militar em processar
elevado que o dos demais juízes. A e julgar os crimes militares contra
composição do Conselho Especial é civis e as ações contra atos
disciplinares trabalhos.
Quanto às ações judiciais contra atos Processar e julgar os Oficiais.
disciplinares militares, mesmo por força
do art. 125 § 4° e 5° CRFB/88, com 5. Segunda Instância da Justiça
redação da EC n° 45/04, que determina a Militar Estadual/AJMERJ
competência da Justiça Militar, na pessoa
do Juiz de Direito do Juízo Militar; no É o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de
Estado do Rio de Janeiro esta realidade é Janeiro (TJRJ), conforme preceitua o art.
bem diferente, visto a Súmula n° 131 TJRJ 125 § 3° CRFB/88 combinado com o art.
combinado com o art. 97 § 9° Código de 153 CODJERJ. Cabendo a este decidir
Organização e Divisão Judiciária do Estado sobre a perda do posto e da patente
do Rio de Janeiro (CODJERJ), transferiu dos oficiais e da graduação das praças.
esta atribuição para as Varas de Fazenda
Pública. O art. 125 § 5° CRFB/88 A POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR
estabeleceu a competência singular do Poder de Polícia do Estado se divide em
Juiz de Direito do Juízo Militar, em duas funções:
processar e julgar os crimes militares Polícia Administrativa – função
cometido contra civis, e os demais crimes preventiva
militares cabendo os Conselhos de Justiça.
Polícia Judiciária – função apuração dos
4. Primeira Instância da Justiça fatos que já ocorreram.
Militar Estadual/AJMERJ.
As Forças Armadas possuem funções e
Julga e processa os crimes militares Policia Administrativa no que se refere
praticados por integrantes da PMERJ e do ao art. 142 CRFB/88(Defesa da Pátria e
CBMERJ. AJMERJ através dos Conselhos garantia dos Poderes Constitucionais)
de Justiça, conforme preceitua o art. 152 combinado com a Lei Complementar
CODJERJ. 97/99, regulamentado pelo Dec. 3897/01,
AJMERJ é constituída pelos: Conselhos que instituiu a aplicação das Forças
Permanentes e Especiais de Justiça, e Armadas na Garantia da Lei e da Ordem
seus funcionamentos são regulados Lei (GLO).
8457/92. PM e CB, segundo o art. 144, §5°
- Conselho Permanente de Justiça: CRFB/88, função predominante de
Constituído: polícia administrativa
Juiz de Direito do Juízo Militar (Presidente Policia Militar consiste no policiamento
do Conselho) ostensivo e a preservação da ordem
01 Oficial Superior e pública
03 Oficiais de posto até capitão, esses Corpo de Bombeiros a defesa civil.
Juízes Militares. Mas Tb exercem atividade de Polícia
A composição do presente Conselho Judiciária Militar, no plano Federal
funcionará durante 03 meses (Marinha, Exército e Aeronáutica) e no
consecutivos, ou podendo ser plano Estadual/Distrital (Policiais
prorrogado. Militares e Corpos de Bombeiros Militares),
Processa e julga Praças. no quando ocorre crime militar, conforme
o CPPM no Título II - Capítulo Único da
- Conselho Especial de Justiça: Polícia Judiciária Militar, nos artigos 7° e
Juiz de Direito do Juízo Militar (Presidente 8.
do Conselho) e ATENTE: existe uma vedação expressa
04 oficiais. no texto constitucional no que se refere à
Os Juízes Militares serão de posto IGUAL apuração dos crimes militares pela
(+ ANTIGO) ou superior ao do acusado. Policia Civil, no art. 144, § 4° CRFB/88.
A composição do Conselho Especial é
constituída para cada processo, e André Nicolitt a função de polícia
dissolvido após conclusão dos seus judiciária, muito embora não figure
expressamente no capítulo das funções 8. Pelos comandantes de forças,
essenciais à justiça (arts. 127 a 135, unidades ou navios.
CF/1988), implicitamente trata-se de
função essencial à justiça em razão de Em relação às APJM das Policias
fortalecimento do sistema acusatório na Militares e os Corpos de Bombeiros
medida em que o juiz está despido da Militares, segundo Cícero Robson
função de investigar o que está entregue Coimbra Neves, esse paralelismo também
ao órgão próprio para tanto. deve ser procurado, sendo autoridades
originariamente competentes para medida
Exercício da Polícia Judiciária Militar de polícia judiciária militar, in exemplis,
(art. 7° CPPM). o Comandante-Geral, o
Subcomandante da PM e os
Autoridades de Polícia Judiciária Militar Comandantes de Unidade.
(APJM): Em suma, os Comandantes, Chefes e
Diretores de Organizações Policiais
1. Pelos ministros da Marinha, do Militares (OPM), serão a APJM no âmbito
Exército e da Aeronáutica, em todo o da PMERJ.
território nacional e fora dele, em relação
às forças e órgãos que constituem seus Delegação do exercício de Polícia
Ministérios, bem como a militares que, Judiciária Militar.
neste caráter, desempenhem missão Os parágrafos do art. 7° CPPM enumeram
oficial, permanente ou transitória, em país as possibilidades de delegação, por
estrangeiro; tempo limitado, das atividades de Polícia
Judiciária Militar aos Oficiais da ativa, no
2. Pelo chefe do Estado-Maior das
entanto tais circunstâncias deverão
Forças Armadas, em relação a entidades obedecer aos seguintes requisitos:
que, por disposição legal, estejam sob sua 1. Em se tratando de delegação para
jurisdição; instauração de inquérito policial
3. Pelos chefes de Estado-Maior e pelo militar, deverá aquela recair em oficial
secretário-geral da Marinha, nos de posto superior ao do indiciado, seja
órgãos, forças e unidades que lhes são este oficial da ativa,reserva
subordinados; remunerada ou não, ou reformado.

4. Pelos comandantes de Exército e 2. Não sendo possível a designação de


pelo comandante-chefe da Esquadra, oficial de posto superior ao do
nos órgãos, forças e unidades indiciado, poderá ser feita pelo + antigo.
compreendidos no âmbito da respectiva
ação de comando; 3. Se o indiciado é oficial da reserva ou
reformado, não prevalece, para a
5. Pelos comandantes de Região delegação, a antiguidade de posto.
Militar, Distrito Naval ou Zona Aérea,
nos órgãos e unidades dos respectivos 4. Se o posto e a antiguidade de oficial
territórios; da ativa excluírem, de modo absoluto,
a existência de outro oficial da ativa
6. Pelo secretário do Ministério do nas condições do § 3º, caberá ao
Exército e pelo chefe de Gabinete do ministro competente a designação de
Ministério da Aeronáutica, nos órgãos e oficial da reserva de posto mais
serviços que lhes são subordinados. elevado para a instauração do inquérito
policial militar; e, se este estiver iniciado,
7. Pelos diretores e chefes de órgãos, avocá-lo, para tomar essa providência.
repartições, estabelecimentos ou
serviços previstos nas leis de Competência da Polícia Judiciária
organização básica da Marinha, do Militar (art. 8° CPPM).
Exército e da Aeronáutica; As competências estabelecidas no rol do
art. 8° CPPM é meramente
exemplificativa. Cícero Robson poderá ser decretada pelo Juiz de
Coimbra Neves quando diz: Direito do Juízo Militar ou pelo
“que o rol que deve ser considerado Conselho de Justiça (Especial ou
exemplificativo, e não taxativo, ao Permanente), OU a requerimento do MP
contrário do que entendem alguns ou mediante representação do
autores. ” Essa conclusão note-se, decorre Encarregado do IPM. Para tanto, a
da amplitude inerente à apuração de um Prisão Preventiva poderá ser
fato e da conclusão de que a conjunção decretada em qualquer fase, tanto no
de provas pela polícia judiciária IPM ou Processo Criminal. No que
militar é precária, ou seja, será refeito
sempre que possível, no curso do processo concerne aos requisitos: prova do fato
delituoso (prova/certeza da existência do
penal militar constitucional, após o
crime militar) e indícios suficientes de
recebimento da denúncia, sob o crivo do
contraditório e da ampla defesa. Em autoria (não se exige aqui a certeza, mas
sim a probabilidade de autoria).
decorrência do art. 8° CPPM, passamos
agora a analisar as competências da
Polícia Judiciária Militar, a saber: Fundamentos da Prisão Preventiva
1. Apurar os crimes militares, bem (art. 255 CPPM):
garantia da ordem pública (risco do
como os que, por lei especial, estão
sujeitos à jurisdição militar, e sua agente solto praticar reiteradamente
crimes militares), conveniência da
autoria: Inicialmente, deverá ficar
instrução criminal (quando o agente
demonstrado a existência de indícios
de uma infração penal militar, tais solto poderá prejudicar a colheita de
elementos de informação ou provas),
delitos militares deverão estar
periculosidade do indiciado ou
consignados no Código Penal Militar (Dec.
Lei 1.001/69). No que se refere à Lei acusado (atos que poderiam ameaças a
coletividade e a paz social), segurança
Especial, não, mas se
da aplicação da lei penal militar
incoorpora com os dispositivos
constitucionais, na medida em que o (perigo iminente de fuga do agente) e
exigências da manutenção das
art.30 da Lei 7.170/83 (Lei de Segurança
normas ou princípios de hierarquia e
Nacional) não recepcionado pela CRFB/88.
disciplina militares (na medida em que
2. Prestar informações do Poder atos desafiadores e desrespeitosos são
Judiciário e ao MP: São informações e perpetrados pelo agente em desfavor de
diligências requisitadas pelo Juiz ou pelo seus superiores hierárquicos). A
Ministério Público, na fase inquisitorial ou insanidade mental do indiciado (art.
na fase processual. A fim de exemplificar, 156 § 2° c/c art. 160, parágrafo único,
podemos citar: oitiva de testemunhas, ambos, CPPM), poderá ser ordenada pelo
juntada de documentos, reprodução Juiz de Direito do Juízo Militar (ofício), a
simulada e entre outras. requerimento do MP, defensor, curador,
conjugue, ascendente, descendente ou
3. Cumprir mandados de prisão irmão do indiciado e ainda pelo
expedidos pela Justiça Militar: poderá encarregado do IPM.
ser estendida às Autoridades Judiciárias
da Justiça Comum. 5. Cumprir as determinações da
4. Representar pela decretação da Justiça Militar relativas aos presos sob
prisão preventiva e pelo a sua guarda e responsabilidade, bem
reconhecimento de insanidade mental como as demais prescrições deste Código:
do indiciado: Inicialmente, há a No caso em comendo, podemos fazer uma
necessidade de esclarecer o instituto da referência à Unidade Prisional da PMERJ-
Prisão Preventiva no CPPM. Como se UP/PMERJ, onde seu Diretor ficará
percebe, o art. 254 CPPM retrata a sujeito aos ditames da Justiça Militar
competência e os requisitos desta medida (AJMERJ), bem como as referências da Lei
cautelar, nesse compasso tal medida de Execução Penal (Lei 7210/84).
6. Solicitar das autoridades civis as
informações e medidas que julgar O IPM é um procedimento administrativo
úteis à elucidação das infrações de característica inquisitorial, cujo
penais, que esteja a seu cargo: O encarregado exerce as funções de
encarregado buscará em órgãos externos Autoridade de Polícia Judiciária Militar, no
elementos de informação (documentos, qual desenvolve diligências objetivando a
certidões, filmagens) para elucidar a coleta de elementos de informação,
infração penal militar. indicando o autor (se possível) e
possibilitando o oferecimento da peça
7. Requisitar da Policia Civil e das acusatória por parte do Ministério Público.
repartições técnicas civis as Por ser procedimento administrativo o
pesquisas e exames necessários: A IPM não contempla a ampla defesa e o
PMERJ possui o Centro de Criminalística,
contraditório. Por não ser um Processo
que muito embora seja referência nacional Judicial ou Administrativo. uma mera peça
em perícia criminal, infelizmente alguns informativa (elementos de informação), e
exames não são realizados por esta que eventuais irregularidades no curso
Unidade, como é o caso dos exames de deste procedimento não tem o condão de
corpo e delito e necropsia. Nesse contaminar o processo penal militar, mas
sentido, será requisitado aos órgãos da
sim a retirada dessa prova dos autos do
Policia Civil o devido exame pericial, e que processo. Finalidade: à apuração
na inobservância desta requisição poderá sumária de fato, que configure crime
o perito responder administrativamente e militar e sua autoria. Possui caráter de
criminalmente. instrução provisória, cuja finalidade é
ministra elementos necessários para à
8. Atender pedidos de apresentação
propositura da ação penal.
de militares à autoridade civil: Nesse
dispositivo, a Autoridade de Polícia Características do Inquérito Policial
Judiciária Militar deverá apresentar os Militar
Policiais Militares, a seu comando, às 1. Procedimento escrito - De acordo
autoridades civis, sob pena de (TA com o art. 21 CPPM, todas as peças serão,
FALTANDO NO TEXTO)
por ordem cronológicas, reunidas num só
Uma das competências da Polícia processado e datilografado, com folhas
Judiciária Militar é a apuração das numeradas e rubricadas pelo escrivão.
infrações penais militares (art. 8°,
alínea “a” CPPM), que se materializa 2. Procedimento inquisitorial - O
através de um procedimento entendimento da doutrina e jurisprudência
administrativo chamado Inquérito
é que o Inquérito Policial Militar possui
Policial Militar. caráter inquisitorial, não abarcando os
Nesse sentido, assinala Paulo Rangel: “O princípios do contraditório e da ampla
inquérito policial, portanto, é o
defesa. Essa natureza inquisitorial, está
instrumento de que se vale o Estado, ligada a não comunicação dos atos
através da polícia, órgão integrante da
investigatórios ao indiciado, fazendo com
função executiva, para iniciar a
que, esse procedimento seja eficiente e
persecução penal com controle das eficaz, no que concerne a identificação do
investigações realizadas do Ministério autor do crime militar. Convém destacar,
Público (CF, art.129, VII, da CRFB). ” que embora o IPM seja inquisitorial, tal
Nesse sentido, a doutrina afirma que o característica não afasta a possibilidade de
Inquérito Policial Militar é um mecanismo o indiciado propor a formulação de
que deve evitar abusos por parte do
quesitos nas pericias e exames, conforme
Estado, evitando assim que um cidadão preceitua o art. 316 CPPM.
responda a um processo criminal, sem que
antes se apure as informações que lhe são
imputadas, resguardando os direitos e 3. Procedimento sigiloso - O sigilo do
garantias fundamentais do cidadão. IPM está consagrado no art. 16 CPPM,
momento em que o encarregado pode Polícia Judiciária Militar não poderá
permitir o acesso dos autos do IPM ao arquivar esse procedimento, visto que
advogado do indiciado. Esta “faculdade” compete ao titular da ação penal propor
do encarregado, não encontra respaldo
legal na nova ordem jurídica, na medida ao Juiz de Direito o arquivamento do feito.
em que a Lei 8.906/94 (Estatuto da OAB)
Fiquem atentos as Formas de
no seu art. 7°, inciso XIV, atribui o direito
ao advogado de ter acesso os autos do instauração do IPM...
A instauração do IPM é mediante Portaria,
flagrante e dos inquéritos, combinado com
lavrada pela Autoridade de Polícia
a SV n° 14. No que tange as demais
pessoas, se faz necessário o sigilo, pelo Judiciária Militar, conforme preceitua o
art. 10 CPPM.
simples motivo de que o IPM visa
1. Instauração de Ofício – art. 10,
investigar as infrações penais militares,
buscando assim os elementos de alínea (a) CPPM - É quando a Autoridade
de Polícia Judiciária Militar conhece
informação para a identificação da a
diretamente os fatos que noticiam a
autoria e a materialidade. Por certo a
divulgação da investigação poderá infração penal militar.
interferir na efetividade das ações de
2. Instauração por determinação ou
polícia judiciária militar.
delegação - art. 10, alínea (b) CPPM -
A Autoridade de Polícia Judiciária Militar
4. Procedimento dispensável - Sendo o
Superior irá determinar ou delegar para
Ministério Público o titular da ação penal,
poderá ele, dispor do IPM quando obtiver outra Autoridade, de condição inferior
(subordinada) a instauração de IPM.
informações mínimas para o oferecimento
da denúncia. Essas informações constam
nos seguintes artigos do CPPM, a saber: 3. Instauração por requisição do
Ministério Público - art. 10, alínea (c)
- art. 27 CPPM: Quando o Auto de Prisão
CPPM - O Ministério Público irá requisitar
em Flagrante for suficiente para a
elucidação do fato e sua autoria; diretamente a Autoridade de Polícia
Judiciária Militar a instauração do IPM.
- art. 28 CPPM: No momento em que o
Cabe ainda consignar, que a própria
fato e autoria já estiverem esclarecidos
por documentos ou outras provas Constituição da República
de 1988 atribui essa competência ao
matérias, nos crimes contra a honra
Parquet, conforme art. 129, VIII CRFB/88.
(escritos ou publicados e seu autor
identificado) e nos crimes do art. 341
4. Instauração por decisão do
(desacato) e art. 349 (desobediência de
Superior Tribunal Militar - art. 10,
decisão judicial), ambos do Código Penal
Militar alínea (d) CPPM - Aplicando a simetria
aos Estados, no caso em comendo o
Estado do Rio de Janeiro, onde o Órgão de
5. Procedimento Oficial - Incumbe a
Autoridade de Polícia Judiciária Militar Segunda Instância da AJMERJ é o Tribunal
de Justiça, este, poderá decidir em
(Marinha, Exército, Aeronáutica, Policia
remeter os autos ao Ministério Público
Militar e Corpo de Bombeiros Militares) a
presidência do IPM. para fins de instauração do Inquérito
Policial Militar.
6. Procedimento oficioso - A Autoridade
de Polícia Judiciária Militar que tomar 5. Instauração por requerimento do
ofendido, do seu repres
conhecimento de uma notícia crime, ela é
obrigada a agir de oficio, independente de
provocação da vítima ou de qualquer outra militar - art. 10, alínea (e) CPPM - Os
fatos que constituem indícios de infrações
parte.
penais militar, que são narrados pelo
7. Procedimento indisponível - Uma ofendido, seu representante legal ou
qualquer cidadão, deve a Autoridade de
vez instaurado o IPM, a Autoridade de
Polícia Judiciária Militar apurar os fatos seu, deverá delegar suas atribuições a
através do IPM. outro oficial de posto superior ou mais
antigo do que o indiciado.
6. Instauração através de Sindicância
- art. 10, alínea (f) CPPM - Este meio OBSERVE AS ESPECIFICIDADES DE
investigatório pode ser interpretado de UM IPM E SEUS ENVOLVIDOS
forma extensiva, na medida em que Encarregado do IPM – art. 15 CPPM
outros meios como, por exemplo, a O encarregado do IPM será, sempre que
averiguação, irá ensejar em elementos possível (grifo nosso), oficial de posto
indiciários para a instauração do IPM. não inferior ao de capitão. No entanto a
Superior ou igualdade Quando o infrator referida locução grifada, não impede que
for superior ou de igual posto da um oficial subalterno (segundo ou
Autoridade de Polícia Judiciária Militar, em primeiro tenente) exerça as atividades de
cujo local tenha ocorrido à infração penal polícia judiciária militar, por tratar-se de
militar, deverá este, comunicar o fato ao uma clausula discricionária da Autoridade
seu superior para fins de delegação. de Polícia Judiciária Militar.
LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL Suspeição do encarregado do IPM –
MILITAR – CEFC 2019 entante legal ou art 142 CPPM
por uma pessoa que tenha Não se admite a suspeição do encarregado
conhecimento de uma infração pen al por parte do indiciado ou pelo seu
Providências antes do IPM - art. 10, § advogado, cabendo tão somente ao
2° CPPM c/c art. 12 CPPM encarregado do IPM declarar-se suspeito
A Autoridade de Polícia Judiciária Militar ou quando ocorrer motivos que impliquem
qualquer outro militar que tenha em sua imparcialidade na condução das
conhecimento de uma infração penal investigações.
militar, adotará as seguintes providências, Atribuições do encarregado do IPM –
a saber: art. 13 CPPM
1. Dirigir-se ao local, providenciando para Além das medidas do art. 12 CPPM (item
que se não alterem o estado e a situação 10.7) o encarregado deverá também
das coisas, enquanto necessário; adotas as seguintes atribuições, a saber:
1. Ouvir o ofendido;
2. Apreender os instrumentos e todos os
objetos que tenham relação com o fato; 2. Ouvir o indiciado;
3. Efetuar a prisão do infrator, observado
3. Ouvir testemunhas;
o disposto no art. 244 CPPM;
4. Proceder a reconhecimento de pessoas
4. Colher todas as provas que sirvam para
e coisas, e acareações;
o esclarecimento do fato e suas
circunstâncias. 5. Determinar, se fôr o caso, que se
proceda a exame de corpo de delito e a
Infração de natureza não militar - art. quaisquer outros exames e perícias;
10, § 3° CPPM
Se a infração penal não constituir natureza 6. Determinar a avaliação e identificação
militar, deverá ser comunicado os fatos a da coisa subtraída, desviada, destruída ou
Autoridade de Polícia Judiciária e se for o danificada, ou da qual houve indébita
caso apresentar o infrator. apropriação;
Indícios contra |Oficial de posto 7. Proceder a buscas e apreensões e
superior ou mais antigo no curso do
IPM - art. 10, § 3° CPPM de posto do 8. Tomar as medidas necessárias
infrator - art. 10, § 1° CPPM destinadas à proteção de testemunhas,
Se no curso do IPM, o encarregado peritos ou do ofendido, quando coactos ou
verificar a existência de indícios de ameaçados de coação que lhes tolha a
infração penal militar, em desfavor de liberdade de depor, ou a independência
oficial de posto superior ou mais antigo ao para a realização de perícias ou exames.
feito por mais 20 (vinte) dias.
Escrivão – art. 11 CPPM Prazo para terminação do IPM – art.
A designação do escrivão será de 20 CPPM
competência do encarregado do IPM, caso 1. Indiciado preso: 20 (vinte) dias,
não tenha sido feita pela autoridade que contado a partir do dia em que se executar
delegou o feito. Nos casos em que o a ordem de prisão.
indiciado seja oficial, recairá sob segundo
ou primeiro tenente, e nos demais casos o 2. Indiciado solto: 40 (quarenta) dias,
escrivão será sargento ou subtenente. contados a partir da data em que se
1. Compromisso legal – art. 11, instaurar o inquérito, podendo ser
parágrafo único CPPM prorrogado por mais 20 (vinte) dias pela
autoridade militar superior. A presente
O escrivão deverá prestar o compromisso prorrogação visa complementar a
de manter o sigilo do IPM e de cumprir as investigação no que concerne
determinações do CPPM. aos exames, pericias e diligência não
2. Atribuições do escrivão – art. 21 concluída. O pedido de prorrogação deve
CPPM ser feito em tempo oportuno.

1. Datilografar (digitar) as peças do IPM; O IPM pode ser devolvido pelo Ministério
Público e pelo Juiz de Direito, para fins de
2. Numerar e rubricar as folhas; requisição de diligências e preenchimento
3. Alocar as peças em ordem cronológica; de formalidades, conforme art. 26 CPPM,
e o prazo será fixado por essas
4. Lavrar juntada de documentos e autoridades.
5. Lavar o recebimento, certidão e 3. Dedução em favor dos prazos - art.
conclusão. 20, § 3° CPPM - São deduzidos dos
Incomunicabilidade do indiciado – prazos, quando ocorre no curso do IPM,
art. 17 CPPM que o indiciado é superior ou mais antigo
De acordo com a doutrina e do que o encarregado.
jurisprudência, o artigo em análise não foi
recepcionado, na medida em que a própria Relatório – art. 22 CPPM
Constituição assegura que toda a prisão O IPM será encerrado por um relatório
deverá ser comunicada imediatamente ao minucioso, confeccionado pelo
juiz competente (art. 5°, LXII CRFB/88) e encarregado, que irá concluir se há
o preso terá o direito à assistência familiar transgressão da disciplina ou indícios de
bem como de constituir um advogado (art. crime, que neste último, representar pela
5°, LXIII CRFB/88). Se no Estado de conveniência da prisão preventiva.
Defesa (art. 136, § 3°, inciso IV CRFB/88), Solução – art. 22, § 1° CPPM
onde se verifica diversas restrições no que No caso de delegação, o encarregado
tange aos direitos fundamentais, a enviará o IPM à autoridade delegante para
Constituição vedou a incomunicabilidade fins de homologação ou não, aplicando,
do preso, conclui-se então, que esse quando necessário, penalidade disciplinar
instituto no Estado Democrático de Direito ou determinando novas diligências.
não deve prosperar, visto que se Remessa – art. 23 CPPM
prevalece às garantias e os direitos Por força do Sistema Acusatório adotado
fundamentais do indivíduo. pela CRFB/88, o referido artigo não foi
Detenção do indiciado – art. 18 CPPM recepcionado pela nova ordem
Poderá o encarregado, independente de constitucional, visto que o Ministério
flagrante delito, deter o indiciado por até Público (art. 129, inciso I CFRB/88) é
30 (trinta) dias, devendo comunicar a considerado o verdadeiro destinatário do
presente prisão ao Juiz de Direito. IPM.
Havendo a necessidade, devidamente Arquivamento
fundamentada e a pedido do encarregado, Requisitos
poderá o Comandante de Área prorrogar o Art. 383 CPPM. Para que o indício constitua
prova, é necessário: O IPM arquivado poderá ensejar em
a) que a circunstância ou fato indicante investigações, se novas provas
tenha relação de causalidade, próxima ou aparecerem em relação ao fato, ao
remota, com a circunstância ou o fato indiciado ou a terceira pessoa, ressalvados
indicado; o caso julgado e os casos de extinção da
b) que a circunstância ou fato coincida punibilidade.
com a prova resultante de outro ou outros SÚMULA 524 STF
indícios, ou com as provas diretas colhidas Arquivado o inquérito policial, por
no processo. despacho do Juiz, a requerimento do
Instauração de novo IPM – art. 25 promotor de justiça, não pode a ação
CPPM penal ser iniciada, sem novas provas.
A autoridade de polícia judiciária militar
não poderá mandar arquivar o IPM (art. 24
CPPM), todavia o feito poderá ser proposto
pelo Ministério Público e endereçado ao
Juiz de Direito que poderá concordar ou
não.
INDICIOS
Definição
Art 382 CPPM. Indício é a circunstância ou
fato conhecido e provado, de que se induz
a existência de outra circunstância ou fato,
de que não se tem prova

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