Você está na página 1de 18

JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA

CONCEITO DE JURISDIÇÃO: Atuação do poder judiciário – UNA, pois todo o


poder judiciário exerce a jurisdição.

CONCEITO DE COMPETÊNCIA (Atuação do Juiz) - Delimitação da jurisdição em


áreas específicas (um juiz não é capaz de julgar todos os ramos de direito).
Aperfeiçoamento e realização prática do princípio do juiz natural: consiste no direito
que cada cidadão possui de conhecer antecipadamente a autoridade jurisdicional que
irá processá-lo e julgá-lo, caso venha a praticar um fato delituoso.
Desse princípio, 3 regras podem ser extraídas.
1ª Regra – só podem exercer jurisdição, os órgãos instituídos pela CF
2ª Regra – ninguém pode ser julgado por órgão jurisdicional criado após o fato delituoso
3ª Regra – entre os juízes pré-constituídos, vigora uma ordem taxativa de competências
que impede qualquer discricionariedade

Art. 69. Determinará a competência jurisdicional:

I - o lugar da infração – Ratione Loci:

II - o domicílio ou residência do réu – Ratione Loci;

III - a natureza da infração – Ratione Materiae;

IV - a distribuição;

V - a conexão ou continência;

VI - a prevenção;

VII - a prerrogativa de função – Ratione personae/Ratione Funcionae.


Ratione personae – “Em razão da pessoa” Autoridade tem foro por prerrogativa de
função? - Trata-se de competência por prerrogativa de função.

Competência material e da prerrogativa de função - Absoluta (1º e 2ª pergunta)

Perguntas feita pela doutrina para se verificar qual a competência criminal:

Qual é a justiça e órgão competente?

Análise da natureza da infração penal, busca-se definir a Justiça competente para


processar e julgar o delito.

Especializada (penal militar federal, penal militar estadual, ou a justiça eleitoral)


Comum (federal ou estadual)

O agente tem prerrogativa de função? Se tiver, o tribunal a julgá-la será diferente de


acordo com sua função.

Se não tiver, é o juiz de 1º grau.

por vezes, a lei deixa de considerar principal o critério do lugar da infração ou do


domicílio do réu para eleger princípio diverso, que é o da natureza da infração penal. É
a competência em razão da matéria (ratione materiae)

III - a natureza da infração

trata-se de hipótese excepcional para a eleição do foro competente.

Assim, havendo a prática de um crime militar, por exemplo, elege-se o foro


independentemente de ferir, eventualmente, o local da infração, pois deve ele ser
julgado na Justiça Militar, nem sempre existente na Comarca onde se deu a infração. O
mesmo se diga do delito eleitoral, que pode ser julgado por um juízo diverso da sua
Comarca de origem, por critérios de organização da Justiça Eleitoral

IV - a distribuição;

Quando há mais de um juiz na Comarca, igualmente competente para julgar matéria


criminal, sem haver qualquer distinção em razão da natureza da infração, atinge-se o
critério da fixação da competência por distribuição. Assim, através de um processo
seletivo casual, determinado pela sorte, escolhe-se o magistrado competente.

Qual é o foro (local) competente?


Firmada a competência de Justiça, devemo-nos perquirir se o acusado é titular de
foro por prerrogativa de função. Depois, caso o acusado não faça jus ao julgamento
perante um órgão superior, observa-se a competência territorial (ou de foro).

Todo o capítulo 7 do CPP (art. 81 a 87), que trata sobre a prerrogativa de função, está
revogado tacitamente pela CF.

Ratione Loci – “Em razão do lugar” Qual lugar que vai processar? - Trata-se da
competência territorial, uma vez delimitada a competência de Justiça, importa
delimitarmos em qual comarca (no âmbito da Justiça Estadual) ou subseção Judiciária
(no âmbito da Justiça Federal) será processado e julgado o agente.

I - o lugar da infração:

utiliza o Código de Processo Penal o preceito de ser competente o foro do lugar onde se
consumar a infração penal. Quando se tratar de tentativa, verifica-se o foro competente
no local onde se deu o último ato executório

O lugar da infração é, como regra, o foro competente para ser julgada a causa, pois é o
local onde a infração penal ocorreu, atingido o resultado, perturbando a tranquilidade
social e abalando a paz e o sossego da comunidade (ratione loci).

Para crimes permanentes/plurilocais ou continuados, o princípio da territorialidade não


dará a competência, mas sim o critério da prevenção.

A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a


infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de
execução. Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora
dele, a competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil,
o último ato de execução.

EXCEÇÃO: Sendo a ação de iniciativa privada, poderá oferecer a queixa no local de


domicílio ou residência do réu.

Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se


consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o
último ato de execução.

§1º Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele,
a competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil,
o último ato de execução.

§2º Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será
competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou
devia produzir seu resultado.

§3º Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta
a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais
jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.
§4º Nos crimes previstos no art. 171 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de
1940 (Código Penal), quando praticados mediante depósito, mediante emissão de
cheques sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado ou com o
pagamento frustrado ou mediante transferência de valores, a competência será
definida pelo local do domicílio da vítima, e, em caso de pluralidade de vítimas, a
competência firmar-se-á pela prevenção.

II - o domicílio ou residência do réu

estabelecido como regra geral o foro do lugar da infração, cuida este capítulo do
denominado foro supletivo ou subsidiário, utilizado na falta de conhecimento do local
onde se consumou o delito

Se tem mais de um domicílio, datar-se-á pela prevenção.

OBSERVAÇÕES:

Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro de


domicílio ou da residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração.

No caso dos crimes permanentes praticados em territórios de duas ou mais jurisdições, a


competência será determinada pela prevenção.

PRERROGATIVA DE FUNÇÃO: STF, STJ, TJs e TRFs:


STF
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da
Constituição, cabendo-lhe:

b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os


membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da
República;

c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de


Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o
disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas
da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente.

-Crimes dolosos contra a vida – julgados pelo STF, desde que o crime seja
praticado durante o exercício de sua função.

STJ
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e
nos de responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do
Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal,
os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho,
os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério
Público da União que oficiem perante tribunais;
-Crimes comuns, militares e eleitorais - mesmo que a natureza da infração seja de
natureza especial, as pessoas mencionadas no art. 105, “a”, deverão ser julgadas
pelo STJ.
-Crimes dolosos contra a vida – Julgados pelo STJ, desde que o crime seja
praticado durante o exercício de sua função.

TJs
Art. 96. Compete privativamente:
III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes estaduais e do Distrito Federal e
Territórios, bem como os membros do Ministério Público, nos crimes comuns e de
responsabilidade, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral.
-Juízes de direito e membros do ministério público, por crimes comuns e de
responsabilidade.
-Para crimes eleitoras, a competência será da Justiça Eleitoral, em seu 2º grau,
qual seja, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
-Jurisprudência pacificada: Para crimes federais, a competência ainda será do
Tribunal Estadual (TJ).
-Julga também os crimes dolosos contra a vida, mas não se aplica a regra do
exercício de sua função, portanto, dará importância maior a prerrogativa de
função - Entendimento STF.

TRFs
Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais:
a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da
Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do
Ministério Público da União, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral;
-Juízes fenderias e juízes do trabalho, membro do ministério público federal, por
crimes comuns e de responsabilidade.
-Para crimes eleitoras, a competência será da Justiça Eleitoral, em seu 2º grau,
qual seja, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
-Julga também os crimes dolosos contra a vida, mas não se aplica a regra do
exercício de sua função, portanto, dará importância maior a prerrogativa de
função - Entendimento STF.
Deputado estadual: julgado pelo órgão mais graduado do seu Estado.
Pode ser TRE, TRF e TJ.
Prefeito: julgado pelo órgão mais graduado do seu Estado - julgado pelo órgão de 2º
grau a depender da natureza da infração.
Nos termos da Súmula 702 do Supremo Tribunal Federal, 'a competência do
Tribunal de Justiça para julgar prefeitos restringe-se aos crimes de competência da
justiça comum estadual; nos demais casos, a competência originária caberá ao
respectivo tribunal de segundo grau'.
Sempre será o órgão de 2º grau que irá julgar o prefeito e deputado estadual -
leva-se em consideração a natureza da infração, identificando a justiça de 2º grau.
Se crime da justiça estadual -TJ
Se crime da justiça federal – TRF
Se crime da justiça eleitoral – TRE
Não tem competência específica na legislação, jurisprudência e doutrina apontam que
serão julgados e processados dentro da justiça mais graduada.

Vereadores: Não tem prerrogativa de função – sempre será julgado pelo 1º grau.

Decisão STF – Ação penal 937 – 03/05/2018


-Alteração de alguns pontos em virtude da prerrogativa de função
1º - Prerrogativa de função somente se aplica aos crimes exercidos mediante a função
desses agentes
2º - Início da prerrogativa de função se dá a partir da diplomação no cargo.
3º - Uma vez iniciada a instrução processual, há a perpetuação da jurisdição. Mesmo
se o agente público deixar o cargo, não será redistribuído para a justiça comum, ainda
será a mesma justiça que se deu início até o fim do processo.
4º - Esse entendimento (1º 2º e 3º) aplicou-se imediatamente a todos os processos em
trâmite
5º - Esse entendimento se aplica à prerrogativa das pessoas que tem cargos que levam o
processo ao STF e STJ. Os deputados estaduais também.

Qual é a vara ou juízo?


Por fim, chegamos à competência de juízo, determinando-se a vara, câmara ou turma
competente.
Critério, ou da prevenção (vara que tomar conhecimento primeiro do crime) ou da
distribuição (aleatoriamente).

IV - a distribuição;

Denota que não foram suficientes os critérios anteriores, isto é, o lugar da infração, o
domicílio do réu ou a natureza da infração, pois ainda existem magistrados em
igualdade de condições para julgar o caso. Portanto, a escolha do juiz natural faz-se
fortuitamente, por distribuição.

V - a conexão ou continência

Conexão: motivos que favorecem a colheita da prova, evitando decisões contraditórias

Continência: No contexto processual penal, significa a hipótese de um fato criminoso


conter outros, tornando todos uma unidade indivisível.

VI - a prevenção

isto é, quando, por situação pretérita, algum juiz já tomou conhecimento de matéria
relevante do processo

Art. 83. Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que, concorrendo dois ou
mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles tiver
antecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou de medida a este relativa,
ainda que anterior ao oferecimento da denúncia ou da queixa

Dessa forma, quando a infração espalhar-se por mais de um local, não se encontrando o
domicílio do réu, inexistindo o critério da natureza do delito, ou condições de se
distribuir o feito, visto que os magistrados estão em Comarcas diversas, além de não
estar presente regra alguma de conexão ou continência, deve-se valer da regra
residual: quem primeiro conhecer do feito, é competente para julgá-lo.
Entretanto, convém mencionar a lição de Frederico Marques, diferenciando o critério da
prevenção sob duas óticas:
a) quando não se souber onde se deu a consumação do delito, bem como quando não se
tiver ciência do local de domicílio ou residência do réu, a prevenção funciona como foro
subsidiário (art. 72, § 2.º, CPP);
b) quando houver incerteza entre os limites territoriais de duas ou mais Comarcas, bem
como quando não se souber onde foi cometido exatamente o delito e, ainda, quando se
tratar de infração continuada ou permanente, a prevenção serve como regra de fixação
da competência
TIPOS DE COMPETÊNCIA:
Competência Funcional (Menos importante): Atribuição dada ao juiz de acordo com a
função que ele exerce no processo.
a) Fases do processo – De acordo com a fase do processo, vai atuar juízes diferentes
b) Objeto do Juízo – Causa do processo, motivação do processo – Ex: Tribunal do Juri:
Objeto do Juri é os crimes dolosos contra a vida

FASES DO PROCESSO E OBJETO DO PROCESSO SÃO CHAMADAS DE


COMPETENCIAS HORIZONTAIS
c) Grau de jurisdição – 3 níveis de jurisdição
1º Instancia – Juízes das varas criminais
2º Instancia – Turmas de órgãos colegiados – Tribunais de justiça em âmbito comum
(regionais - TJ) e federal (TRF)
3º Instancia “superior” – STF (Atuará somente perante controle de
constitucionalidade)

GRAU DE JURISDIÇÃO É CHAMADO DE COMPETENCIA VERTICAL


2. Competência Material (Dominar as três subdivisões)
Critérios:
Ratione Materie – “Em razão da matéria” – competência estabelecida em razão da
natureza da infração penal. Qual a justiça responsável por processar e julgar?
Qual é a justiça criminal responsável por processar e julgar o feito?

JUSTIÇA COMUM ESTADUAL

É residual, portanto, julga tudo que não é competência da justiça federal ou das outras
justiças especializadas.
Conflito de competência – súmula 122, STJ
Súmula 122 do STJ: “Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos
crimes conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do Art. 78,
II, "a", do Código de Processo Penal.”
Obs.: A Súmula 122 do STJ somente se aplica a crimes conexos. Se eventualmente
houver conexão com uma contravenção, esta não será atraída para a justiça federal.

Tribunal do Juri – art. 5º, XXXVIII, CF


Competência constitucional para julgar os crimes dolosos contra a vida
Se houver crime conexo ao crime de homicídio (ocultação de cadáver) é atraído para o
júri, em razão de sua competência constitucional, atrai os crimes conexos aos dolosos
contra a vida.
Exceção: Justiça Militar Federal e Justiça Militar Estadual contra militar

JECrim: Lei 9.099/95


Contravenções penais e crimes de menor potencial ofensivo (pena máxima não superior
a 2 anos)

JUSTIÇA COMUM FEDERAL

É a mais especializada das comuns - Art. 108/109, CF


Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
IV - Os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens,
serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas,
excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça
Eleitoral;
Crimes que atingem o BIS da União tem competência federal.
Bens
Interesses
Serviços
A regra é que os crimes ambientais são de competência estadual, mas se atingirem o
“BIS” da União, será de competência federal.

Sendo aplicados em empresas públicas federais e autarquias federais – LEI!!!


A JURISPRUDENCIA e DOUTRINA afirmam que as Fundações Públicas federais
serão julgadas e processadas pela Justiça Federal

Incisos do art. 109:


VI - Crimes contra a organização do trabalho (CP)
Lavagem de dinheiro só será de competência federal se o crime anterior a lavagem for
federal.
Crimes contra a ordem tributária só será da competência federal se os tributos
tiverem origem federal.
Tráfico de drogas - quando a execução começa fora do brasil e os resultados são dentro
do território nacional e vice-versa, será competência da justiça federal
VII - HABEAS CORPUS que venha de investigação ou processos da justiça federal
VIII - Mandado de segurança e Habeas Data contra ato de autoridade federal
IX - Crimes cometidos a bordo de aviões ou navios, se não forem de competência da
justiça militar.
X- Crimes de ingresso ou permanência irregular (ilegal no Brasil) de estrangeiro, a
execução de carta rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a
homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à
naturalização
XI - a disputa sobre direitos indígenas

Não basta o crime ser praticado no estrangeiro para ser competência da JF, tem
que estar enquadrando em um dos incisos do art. 109.

As Sociedades de Economia Mista (Sumula 42 do STJ) – Competência para


processar e julgar é da Justiça Estadual

SÚMULA 147 - COMPETE A JUSTIÇA FEDERAL PROCESSAR E JULGAR OS


CRIMES PRATICADOS CONTRA FUNCIONARIO PUBLICO FEDERAL,
QUANDO RELACIONADOS COM O EXERCICIO DA FUNÇÃO.

Caso PETROBRAS (S.E.M, porque foi julgada pela JF¿)


RESPOSTA -> Em crimes que tenham repercussão interestadual ou internacional
que exijam repressão uniforme, nestes casos, somente, quem vai processar e julgar
é a Justiça Federal.

V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo


OBS: Federalização da competência dos crimes relacionados aos direitos humanos
Procurador Geral da República tem o poder de incidente privativo – Só o PG pode pedir
a federalização de competência – sendo endereçado ao STJ, devendo decidir sobre o
feito.
Decisão – Somente haverá federalização de competência se (1) os órgãos de
investigação e o MPE se mostrarem ineficazes na apuração do feito, (2) não pode
gerar prejuízo para a apuração dos fatos.

SÚMULA 38 DO STJ - Contravenções serão julgadas na Justiça Estadual


Juizado Especial Criminal Estadual – Só julga e processa todas as contravenções e
crimes de pena máxima de 2 anos no âmbito estadual.
Juizado Especial Criminal Federal (Lei 10.259/2001 + 9.099/95) -Só processa e julga
crimes com penas de até 2 anos dentro do art. 109 da CF.

SÚMULA 702 DO STF – Os tribunais de Justiça somente julgarão os prefeitos que


praticarem crimes estaduais. Se os prefeitos cometerem um crime federal, a
competência será do Tribunal Regional Federal

Justiça Especializada:
1.Justiça Militar (CUIDADO) – Critério usado é o ratione legis e o ratione personae
Ratione Legis – Julgam os crimes militares - art. 9º e 10º, CPM
Ratione Personae – Só julgam crimes militares praticados por militares

JUSTIÇA MILITAR ESTADUAL

Julgam e processam Bombeiros, Policiais Rodoviários Estaduais e Policiais Militares -


NUNCA JULGA CIVIL!! SÓ MILITARES!!
Art. 125, §4º, CF – Militares estaduais são os únicos que podem ser processados
perante a justiça estadual
Não tem competência para julgar civil
Só julga crimes militares, assim sendo, se houver conexão/continência com crime
comum, haverá cisão de processos.
Exemplo: um soldado da PM paulista chama um civil para roubar um revólver da PM
de SP. Neste caso, o civil não pode ser julgado na JME. Neste caso, haverá uma
separação obrigatória dos processos: o PM será julgado pela JME e o civil será julgado
pela justiça comum.
§4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos
crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares,
ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal
competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das
praças.
Crimes militares: Art. 9º, inc. II.
Exceção: art. 9º, §1º, CPM

SÚMULA 53 - STJ. Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar civil


acusado de prática de crime contra instituições militares estaduais
1º Grau: Juízes de direito militar (para crimes contra civis) e Conselho de justiça (para
os outros crimes de militar contra militar)
2º Grau: TJM -> excepcionalmente, cabe recurso extraordinário para o STF, se tratar de
assunto de matéria constitucional.
Quanto à sua estrutura, em primeiro grau os crimes serão julgados pelos juízes de
direito do juízo militar, desde que praticados contra civis. Quando for crime militar
praticado contra militar, caberá a competência ao Conselho de Justiça, presidido
pelo juiz de direito (militar). Em segundo grau, o julgamento caberá aos Tribunais de
Justiça Militar ou, na sua falta, aos Tribunais de Justiça dos estados.

No caso da Justiça Militar dos estados, apenas três estados têm TJM, sendo Minas
Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul. Os demais estados têm, como juízo “ad
quem”, os próprios TJs.
O juiz de direito tem competência singular – pode julgar sozinho os crimes militares
cometidos contra civis e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, cabendo
ao conselho os demais crimes militares - divisão de competência entre conselhos e juiz
singular.

JUSTIÇA MILITAR FEDERAL

Julgam e Processam membros das forças armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica)


Exceção: Somente julga civil quando houver intenção de lesar bem jurídico sob a
tutela militar. Caráter excepcional.
Pode julgar civil e militar.
Competência fixada pelo “ratione materiae”
Art. 124, CF: À Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos
em lei (CPM).

Parágrafo único. A lei (CPM) disporá sobre a organização, o funcionamento e a


competência da Justiça Militar.

Depois da Lei 13.491/2017, são considerados crimes militares não apenas os previstos
no Código Penal Militar, como também os previstos na legislação penal (CP e leis
extravagantes)

Conselho permanente ou especial.

Permanente: julgar crimes militares cometidos por civis e por praças (todo militar que
não é oficial; cabo, soldado, sargento, subtenente) – julgamento por um conselho
permanente.

Especial: formado para julgar oficiais. Crime militar cometido por oficial (tenente,
capitão, major) - julgamento por um conselho especial.

Questão: O civil pode ser julgado pela JME ou pela JMU? Exemplo 1: um soldado do
exército chama um civil para roubar fuzil no quartel do exército. O civil também será
julgado na JMU. Exemplo 2: um soldado da PM paulista chama um civil para roubar
um revólver da PM de SP. Neste caso, o civil não pode ser julgado na JME. Neste
caso, haverá uma separação obrigatória dos processos: o PM será julgado pela JME e
o civil será julgado pela justiça comum.

Apontamentos: Se for praticado por militar, um crime doloso contra a vida:


a) De civil (Tentado ou Consumado): Quem julga e processa depende do militar ser
federal ou estadual. Se o militar for estadual, vai para o Juri. Se o militar for
federal, vai para justiça militar, se praticado em contexto militar. (Lei
13491/2017 – art. 9º, §1º e §2º)
Militar (ligado a União) das forças armadas, exército, marinha e aeronáutica que
cometem crime em contexto militar, quem julga é a justiça militar federal

b) De militar – Justiça Militar, somente.


No que tange aos crimes dolosos contra a vida, atinge apenas os militares do
exército, marinha e aeronáutica como explicamos no tópico anterior, sendo apenas
os militares das forças armadas julgados na justiça militar da União e não no
tribunal do júri. E se, em uma operação conjunta, um policial militar estadual e um
membro das forças armadas cometerem um crime doloso contra a vida de um civil em
uma abordagem, como ficará o processo e julgamento? Haverá cisão, pois o militar
estadual será julgado na justiça comum estadual, no tribunal do júri; e o militar das
forças armadas, será julgado na justiça militar federal.
Em relação à Justiça Militar Estadual, a CF/1988 ressalva a competência do Tribunal
do Júri quando a vítima for civil. Exemplo: se um policial militar, durante o trabalho,
matar um civil, a competência será do Tribunal do Júri da justiça comum estadual.
Em relação à Justiça Militar da União, não há semelhante ressalva. Assim sendo, pelo
menos em tese, se um militar do exército (em serviço) matar um civil pode ser
julgado pela JMU

Se o militar praticar um crime comum (Abuso de autoridade, tortura) quem vai


processar e julgar é a justiça militar, tanto membros das forças armadas quanto militares
comuns, em contexto militar sempre

2º Grau = STM (Superior Tribunal Militar)

JUSTIÇA ELEITORAL

Julga e Processa crimes previstos no código eleitoral. Mas não apenas os crimes
eleitorais!! Também é possível julgar os crimes comuns conexos com o crime
eleitoral.
Competência: Art. 121, CF + Código Eleitoral (Lei 4737/1965)
Art. 78, CPP: Regra de conexão
IV - No concurso entre a jurisdição comum e a especial, prevalecerá esta.
Assim, sempre que tivermos um crime eleitoral conexo com um crime comum, previsto
no Código Penal, a competência para julgamento de ambos (reunião por força da
conexão) será da Justiça Eleitoral (art. 78, IV).
Sempre que tivermos um crime eleitoral conexo com um crime comum, a competência
para julgamento de ambos (reunião por força da conexão) será da Justiça Eleitoral.
Crimes comuns conexos serão de competência da Justiça Eleitoral.
OBS: Exceção a regra de conexão!!: Se o crime comum (não previsto no CE)
praticado for um crime doloso contra a vida (JURI) – De maneira pacífica, terá
cisão de processos – o crime doloso contra a vida vai para júri e o crime eleitoral
vai para a justiça eleitoral
1º Grau: juízes eleitorais (juízes estaduais que assumem a competência eleitoral
temporariamente – nunca mais de 2 anos, Art. 121, §2º, CF
2º Grau: TRE - recursos cabíveis para o TSE - Art. 121, §4º, CF
Graus recursais (excepcionais) - TSE -> STF – Art. 121, §3º, CF
DA COMPETENCIA POR CONEXÃO E CONTINÊNCIA

Art. 76. A competência será determinada pela conexão:

I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo,
por várias pessoas reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora diverso o
tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas contra as outras – Conexão intersubjetiva
(liame entre as pessoas que cometeram as infrações, ocorrendo em 3 situações
diferentes descritas no inciso I):

(1) quando forem praticadas no mesmo tempo, por várias pessoas reunidas – Não é
coautoria.

(2) por várias pessoas em concurso, não exige que sejam praticados no mesmo
lugar e tempo

(3) a despeito as infrações praticadas por mesmas pessoas umas contra as outras –
Ex: briga de torcida organizada

II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as
outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas;
Conexão objetiva – conexão entre infrações, não por sujeitos.

Conexão entre fatos, não sujeitos. Ex: ocultação de cadáver é praticado em conexão
com o crime de homicídio, em razão do inciso II. Ex: lavagem de dinheiro, conexo ao
crime anterior, sendo julgado no mesmo processo da infração precedente.

III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares


influir na prova de outra infração – Conexão probatória

Resumo de conexão duas ou mais infrações por diferentes pessoas

Art. 77. A competência será determinada pela continência quando:

I - duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração;

Uma única infração que as pessoas sejam julgadas juntas.

II - no caso de infração cometida nas condições previstas nos arts. 51, § 1o, 53, segunda
parte, e 54 do Código Penal - pela reforma de 2008 no CP, os artigos agora são: 70, 73
e 74. (concurso formal)
Resumo de continência: reunião de várias pessoas no mesmo processo que
praticam a mesma infração, em razão da coerência processual.

Art. 78. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão observadas


as seguintes regras:

I - no concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da jurisdição comum,


prevalecerá a competência do júri. Ex: ocultação de cadáver

Il - no concurso de jurisdições da mesma categoria:

a) preponderará a do lugar da infração, à qual for cominada a pena mais


grave;

b) prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o maior número de infrações, se as


respectivas penas forem de igual gravidade;

c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos outros casos;

III - no concurso de jurisdições de diversas categorias, predominará a de maior


graduação; (Deve haver cisão dos processos de quem tem prerrogativa de função)

IV - no concurso entre a jurisdição comum e a especial, prevalecerá esta. “É da


competência da Justiça Militar ou Eleitoral?”

Macete: ler do inciso IV para baixo.

Art. 79 – cisão obrigatória, enquanto o art. 80 trata-se da cisão facultativa.

Art. 79. A conexão e a continência importarão unidade de processo e julgamento,


salvo:
I - no concurso entre a jurisdição comum e a militar – OBS: não existe sempre cisão
obrigatória entre a JM e a comum, em razão da competência ampliada em virtude da
JME e JMF. A Lei também permite que civis são julgados pela JMF.

II - no concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de menores.

§1o Cessará, em qualquer caso, a unidade do processo, se, em relação a algum co-réu,
sobrevier o caso previsto no art. 152.

§ 2o A unidade do processo não importará a do julgamento, se houver co-réu foragido


que não possa ser julgado à revelia, ou ocorrer a hipótese do art. 461.

Art. 80. Será facultativa a separação dos processos quando as infrações tiverem sido
praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, quando pelo excessivo
número de acusados e para não Ihes prolongar a prisão provisória, ou por outro motivo
relevante, o juiz reputar conveniente a separação.

COMPETÊNCIA ABSOLUTA E RELATIVA

ABSOLUTA: “chama-se absoluta a hipótese de fixação de competência que não admite


prorrogação, isto é, deve o processo ser remetido ao juiz natural determinado por
normas constitucionais ou processuais penais, sob pena de nulidade do feito”
Encaixam-se nesse perfil a competência em razão da matéria (ex.: federal ou estadual;
cível ou criminal; matéria criminal geral ou especializada, como o júri etc.) e a
competência em razão da prerrogativa de função (ex.: julgamento de juiz de direito deve
ser feito pelo Tribunal de Justiça; julgamento de Governador deve ser feito pelo
Superior Tribunal de Justiça etc.

RELATIVA: Chama-se relativa a hipótese de fixação de competência que admite


prorrogação, ou seja, não invocada a tempo a incompetência do foro, reputa-se
competente o juízo que conduz o feito, não se admitindo qualquer alegação posterior de
nulidade.
É o caso da competência territorial, tanto pelo lugar da infração quanto pelo
domicílio/residência do réu. A divisão entre competência absoluta e relativa – a
primeira improrrogável, enquanto a segunda admitindo prorrogação

Você também pode gostar