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Curso/Disciplina: DIREITO PROCESSUAL PENAL

Aula: COMPETENCIA POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO – PARTE 2 – Aula 30


Professor(a): MARCELO MACHADO
Monitor(a): PAULA CAROLINE N. OLIVEIRA

Aula nº. 30

COMPETÊNCIA POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO

(Continuação)

Agora vamos trabalhar com situações concretas.

Art. 96. Compete privativamente:

III - aos Tribunais de Justiça julgar os Juizes estaduais e do Distrito Federal e


Territórios, bem como os membros do Ministério Público, nos Crimes comuns e de
responsabilidade, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral.

Pergunta-se: Se um Juiz Estadual comete Crime Eleitoral, a quem compete o julgamento? A Justiça
Eleitoral. Como Magistrado só pode ser julgado por Tribunal, então, será competente o Tribunal Eleitoral.

E se esse Juiz pratica uma infração penal de menor potencial ofensivo, será julgado no Tribunal de
Justiça ou Juizado Especial? Evidentemente, será o Tribunal de Justiça. Aplicar-se-á a lei dos Juizados, porém,
será processado no Tribunal, cabendo a este aplicar as medidas despenalizadoras.

E se um Juiz pratica Crime Doloso Contra a Vida? Será processado perante o Tribunal de Justiça.
Apesar da competência do Júri também estar presente na Constituição Federal, existe um conflito aparente
de normas constitucionais, que se resolve pelo Principio da Especialidade. A norma da Constituição que da
competência ao Tribunal de Justiça para processar e julgar os Magistrados é Especial em relação a norma
Constitucional que dá Competência ao Júri, que é regra geral.

EXEMPLO 1: Juiz do Estado do RJ pratica Homicídio Doloso no estado de São Paulo. A competência
será do Tribunal de Justiça do RJ, pois o Magistrado responde perante o Tribunal de Justiça onde é
vinculado, até porque a competência territorial vem definida no CPP, enquanto que a prerrogativa vem
aduzida na Constituição. Não importa o lugar da infração, pois o Juiz será julgado no Tribunal de Justiça em
que é vinculado.

Art. 77. A competência será determinada pela continência quando:


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I - duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração;

Continência por Cumulação Subjetiva é o fenômeno que ocorre quando duas ou mais pessoas forem
acusadas pela mesma infração que importa em unidade de processo e julgamento.

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EXEMPLO 2: Então vamos imaginar que um Juiz e um Advogado pratiquem um Crime Doloso Contra a
Vida. Neste caso, teremos unidade ou separação dos processos?

 Corrente Minoritária – Neste caso, Juiz e advogado seriam julgados e processados perante o
Tribunal de Justiça, incidindo a regra do art. 78, inciso III do CPP.
 O entendimento Majoritário é que a hipótese será de separação de processos, o Juiz perante
o Tribunal de Justiça e o Advogado, perante o Tribunal do Júri, pois, neste caso, ambas
competências são constitucionais, sendo que a prerrogativa do Tribunal de Justiça é Especial.

E, se por exemplo, o Crime for de Estelionato? É clara hipótese de Continência por Cumulação
Subjetiva.

A princípio, apesar da divergência dentro do próprio STF, ambos serão julgados pelo TRIBUNAL DE
JUSTIÇA. Aplica-se ao caso a literalidade do art. 78, inciso III do CPP.

Atenção, no exemplo anterior o Crime era Doloso Contra a Vida e ambas as competências estão na
Constituição. Aqui, estamos falando de Crimes diferente, cujo julgamento caberia a Justiça Comum, e, sendo
o Juiz julgado pelo Tribunal de Justiça, as competências são diferentes, razão pela qual prevalece a de maior
graduação.

Uma situação pouco comum, mas já enfrentada pelo STF, era um caso envolvendo Desembargador e
Promotor. De acordo com a Constituição, o Desembargador é julgado pelo STF e Promotor pelo Tribunal de
Justiça.

O posicionamento particular do professor Marcelo, e de uma primeira corrente, nesse caso, seria pela
separação dos processos, pois, não se pode utilizar uma regra processual de via atrativa, em detrimento de
regra constitucional.

Contudo, a segunda corrente defende que ambas devem ser julgadas pelo STF, pois, prevalece a regra
de âmbito constitucional mais graduada, ademais, não haverá prejuízo ao Membro do MP pois estará
respeitado o Princípio do Julgamento Colegiado.
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